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O que é o Inferno?

Diác. Dr. António Pedro Lourenço


(antoniopedro.lourenco@gmail.com)

O Inferno é, no Catolicismo, o estado de todas as pessoas – angélicas e


humanas – , que escolheram, livre e irreversivelmente, separar-se moral e
eternamente de Deus e das outras pessoas através da prática do pecado
mortal.

O que é o pecado mortal? O pecado mortal, como o próprio nome indica, é mortal, ou
seja, é letal, porque faz morrer em nós a graça santificante1, qual linfa sobrenatural que nos
mantém unidos a Deus e por meio da qual somos Seus amigos e fiéis servos.
Para se cometer o pecado mortal requer-se, em simultâneo, três condições essenciais:
matéria grave, plena consciência e pleno consentimento2. Se faltar uma ou duas destas três
condições não há pecado mortal, mas apenas venial3.
Pecados mortais são, por exemplo, o ateísmo formal, a falta de oração e a ausência de
fuga (ao menos, mental) nas ocasiões de pecado grave, a blasfémia, a bruxaria, o espiritismo,
a necromancia, a veneração e a adoração dos demónios (satanismo), a heresia, a apostasia, o
cisma, o ódio às pessoas, a masturbação, os ósculos lascivos, o escândalo, a fornicação, o
onanismo (ou coito interrompido), o adultério, a pedofilia, o aborto intencional, a
contraceção em qualquer uma das suas formas (preservativos, DIU, pílulas, etc.), a
fertilização artificial, a homossexualidade, a bestialidade (ou zooerastia), a necrofilia, a
irrumação, a ausência física dos católicos na celebração da Santa Missa aos domingos e dias
santificados sem causa grave, a receção de algum sacramento em estado de pecado mortal, o
tráfico de drogas, de órgãos humanos ou de pessoas, a toxicodependência, a calúnia, o
perjúrio, o ato de votar em pessoas ou em partidos políticos que se opõem formalmente à
doutrina e à prática da Igreja Católica, o peculato, o terrorismo, o suicídio, o recurso das

1
Cfr. 1 Jo 5, 16: http://www.paroquias.org/biblia/index.php?c=1+Jo+5#16; S. TOMÁS DE AQUINO,
Suma de Teologia, parte 1-2, q. 88, art. 1, respondeo: http://hjg.com.ar/sumat/b/c88.html#a1 ou
http://www.corpusthomisticum.org/sth2085.html#37327; S. PEDRO CANÍSIO, Catecismo Católico Trilingue,
cap. 5: https://www.amazon.es/Catecismo-Cat%C3%B3lico-Triling%C3%BCe-Pere-Canisio/dp/1273743369/ ou
http://www.documentacatholicaomnia.eu/20_50_1521-1597-_Canisius,_Petrus,_Sanctus.html; S. AFONSO MARIA
DE LIGÓRIO, Teologia Moral, liv. 2, n. 51: “Mortale est quod ob sui gravitatem, gratiam et amicitiam cum Deo
solvit pœnamque æternam meretur. Dicitur «mortale» quia spiritualis vitæ principium gratiam, scilicet habitualem,
tollit et mortem animæ affert”: http://www.documentacatholicaomnia.eu/20_50_1696-1787-
_De_Ligorio_Alphonsus.html.
2
Cfr. Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1857: “Para que um pecado seja mortal, requerem-se,
em simultâneo, três condições: é pecado mortal o que tem por objeto uma matéria grave, e é cometido com plena
consciência e de propósito deliberado”: http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s1cap1_1699-
1876_po.html.
3
Cfr. GARCÍA DE HARO, R.; COLOM, Enrique, Pecado IV. Teología Moral, em AA.VV., Gran
Enciclopedia Rialp (GER), vol. 18, ed. Rialp, Madrid 1987, pg. 127.
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‘barrigas de aluguer’ (ou maternidade por substituição)4, a aceitação da ideologia de género5,
a eutanásia, o ‘poliamor’, etc., etc.

Quem não fizer a vontade de Deus a seu respeito nesta vida terrena,
terá o Inferno na outra, porque o Inferno, que inicia já nesta vida, é a
continuação dessa vida sem Deus para toda a eternidade. É o fim sem fim. E
tudo isto se poderia ter evitado se se tivesse feito oração, se se tivesse sido
humilde, se se tivesse escapado de tal ocasião de pecado, se se tivesse feito
uma santa Confissão, se se tivesse feito boas leituras, se se tivesse feito as
pazes com fulano, sicrano e beltrano, etc., etc.
O Inferno não é, pois, uma criação ou uma obra de Deus. A existência
do Inferno reside essencialmente na vontade da pessoa que quer rejeitar total
e eternamente a Deus. Esta é a causa do Inferno: a vontade gravemente
desregrada da pessoa.
Por isso afirmava São Bernardo de Claraval, abade e Doutor da Igreja:
“Morra a vontade própria desordenada e acaba-se com o Inferno”6.

4
CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA, Comunicado final da Assembleia Plenária da CEP
(01-05-2014), n. 9: “Estando em apreciação na Assembleia da República uma proposta de alteração legislativa no
sentido da legalização, em determinadas condições, da maternidade de substituição (vulgarmente conhecida por
«barriga de aluguer»), os Bispos não podem deixar de manifestar o seu total desacordo a essa proposta. A
natural aspiração à maternidade e paternidade não pode traduzir-se num pretenso direito ao filho, como se este
pudesse ser reduzido a instrumento. A criança nascida de uma mãe contratualmente obrigada a abandoná-la não pode
deixar de sofrer com o trauma desse abandono, conhecidos que são, cada vez mais, os laços que se criam entre mãe e
filho durante a gestação. A mãe gestante não pode, também ela, ser instrumentalizada e reduzida a uma incubadora,
como se a gravidez não envolvesse profundamente todas as dimensões da sua pessoa e a obrigação de abandono do
seu filho não contrariasse o mais forte, natural e espontâneo dos deveres de cuidado. A experiência revela que só o
desespero de mulheres gravemente carenciadas as leva a aceitar tão traumatizante prática, sendo ilusório pensar
que o fazem de bom grado ou gratuitamente”: http://www.conferenciaepiscopal.pt/v1/comunicado-final-da-
assembleia-plenaria-da-cep-3/.
Infelizmente, em Portugal, a lei civil que regula o acesso à gestação de substituição foi aprovada a
10-08-2016 (cfr. REPÚBLICA PORTUGUESA, Diário da República, 1.ª série, n.º 160 (22-08-2016), Lei
n.º 25/2016 de 22 de agosto que regula o acesso à gestação de substituição, procedendo à terceira alteração à Lei
n.º 32/2006, de 26 de julho (procriação medicamente assistida):
http://cite.gov.pt/asstscite/downloads/legislacao/Lei_25_2016.pdf).
Cfr. ainda: CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA (PARA AS INSTITUIÇÕES DE
ESTUDOS), «Homem e mulher os criou». Para uma via de diálogo sobre a questão do gender na educação
(02-02-2019), n. 28:
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_20190202_maschio-
e-femmina_po.pdf.
5
Cfr. CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA (PARA AS INSTITUIÇÕES DE
ESTUDOS), «Homem e mulher os criou». Para uma via de diálogo sobre a questão do gender na educação
(02-02-2019), nn. 19, 22, 25, 30, 32 e 35:
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_20190202_maschio-
e-femmina_po.pdf.
6
S. BERNARDO DE CLARAVAL, Sermões na Ressurreição do Senhor, serm. 3, n. 3:
https://www.todostuslibros.com/libros/obras-completas-de-san-bernardo-iv-sermones-liturgicos-2-o_978-84-7914-
844-7: PL 183, 290: “Cesset voluntas própria et Infernus non erit”:
https://books.google.pt/books?id=uJDYAAAAMAAJ&redir_esc=y.
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Quando, nos exorcismos solenes (ou também chamados por “grandes
exorcismos”7), o sacerdote exorcista, ao falar com o ou os demónios,
presentes na pessoa possessa, alude o tema do Inferno, os demónios, pela
boca dos energúmenos, são unânimes em afirmar: “Não foi Ele (e apontam
para o alto, referindo-se a Deus, não conseguindo pronunciar o santíssimo
nome de Deus) Quem fez o Inferno. Não foi Ele! Não foi Ele! Fomos nós!
Fomos nós! Nós é que fizemos o Inferno! Ele nada teve a ver com isso! A
culpa é nossa! A culpa é nossa! Mas bendita e querida culpa, porque
opusemo-nos a Ele! Sim, sim! Tivemos a coragem de contrariar a vontade
d’Ele!”8.
Infelizes e néscias criaturas, pois não há pior mal senão o realizado
com intenções eviternas, pois é irreversível!
Na verdade, se se meditasse mais sobre o Inferno, as pessoas
cometeriam, com toda a certeza, menos pecados e andariam, no dia-a-dia,
mais vigilantes e cuidadosas para não perder o estado de graça santificante,
no qual se resume todo o Catolicismo: Deus, uno e trino, a habitar dentro do
nosso ser, pela via da graça santificante, como disse Jesus: “Se alguém Me
tem amor, há-de guardar a Minha palavra; e o Meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e
nele faremos morada”9.
De facto, pela graça santificante, somos filhos sobrenaturais de Deus,
irmãos dos Santos e herdeiros do Paraíso!
Por outro lado, é bom recordar que a meditação do Inferno tem
povoado o Céu de santos e até de grandes Santos, como São Jerónimo
(347-420), São Bruno de Colónia (ca. 1030-1101), Santo Francisco
Xavier (1506-1552), Santa Teresa d’Ávila (1515-1582), Santa Jacinta de
Jesus Marto (1910-1920), etc., etc.
Ouçamos o Magistério da Igreja Católica, que é a voz de Jesus na
Terra:

7
Cfr. Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1673:
http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p2s2cap4_1667-1690_po.html; Compêndio do Catecismo
da Igreja Católica (28-06-2005), n. 352:
http://www.vatican.va/archive/compendium_ccc/documents/archive_2005_compendium-ccc_po.html.
8
Cfr. AMORTH, Gabriele; RODARI, Paolo, El signo del exorcista. Mis últimas batallas contra Satanás,
ed. Ediciones San Pablo, Madrid 2013, pgs. 42-43: https://www.todostuslibros.com/libros/el-signo-del-
exorcista_978-84-285-4328-6; AMORTH, Gabriele, Mi encuentro con el diablo. Entrevista ao P. Slawomir
Sznurkowski, SSP, al exorcista más conocido del mundo, ed. Editorial San Pablo, Madrid 2015, pg. 17:
https://www.todostuslibros.com/libros/mi-encuentro-con-el-diablo_978-84-285-4706-2; etc.
9
Jo 14, 23: http://www.paroquias.org/biblia/index.php?c=Jo+14#23.
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 CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II, Const. dogm. «Lumen
gentium» (21-11-1964), n. 48:
Esfo ça o-nos, por isso, por agradar a Deus em todas as coisas (cfr. 2 Cor 5,9) e
revestimo-nos da armadura de Deus, para podermos fazer frente às maquinações do diabo
e resistir no dia perverso (cfr. Ef 6, 11-13). Mas, como não sabemos o dia nem a hora, é
preciso que, segundo a recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que
no termo da nossa vida sobre a terra, que é só uma (cfr. Heb 9,27), mereçamos entrar com
Ele para o banquete de núpcias e ser contados entre os eleitos (cfr. Mt 25, 51-46), e não
sejamos lançados, como servos maus e preguiçosos (cfr. Mt 25,26), no fogo eterno
(cfr. Mt 25,41), nas trevas exteriores, onde «haverá choro e ranger de dentes» (Mt 22,13;
25,30). Com efeito, antes de reinarmos com Cristo glorioso, cada um de nós será
apresentado «perante o tribunal de Cristo, a fim de ser remunerado pelas obras que
realizou enquanto vivia no corpo, boas ou más» (2 Cor 5,10); e, no fim do mundo, «os que
tiverem feito boas obras, irão para a ressurreição da vida, os que tiverem praticado más
10
ações, para a ressurreição da condenação (Jo , 9;à f .àMtà , .

 S. PAULO VI, Homilia e Solene Profissão de Fé na conclusão do


«Ano da Fé» proclamado por ocasião do XIX Centenário do martírio dos
Apóstolos Pedro e Paulo, no Vaticano, na Praça de São Pedro
(30-06-1968), n. 12:
[Jesus] Subiu ao céu, de onde há de vir novamente, mas então com glória, para
julgar os vivos e os mortos, a cada um segundo os seus méritos: os que corresponderam ao
Amor e à Misericórdia de Deus irão para a vida eterna; porém os que os tiverem recusado
11
até a morte serão destinados ao fogo que nunca cessará .

 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 633:


Jesusà ãoàdes euà àMa sãoàdosàMo tosà[isto é, o Limbo dos Patriarcas ou o Seio de
Abraão] para de lá libertar os condenados, nem para abolir o Inferno da condenação, mas
12
pa aàli e ta àosàjustosà ueàOàti ha àp e edido .

10
CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II, Const. dogm. «Lumen gentium» (21-11-1964), n. 48:
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-
gentium_po.html: AAS 57 (1965) 54: http://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-57-1965-ocr.pdf.
11
S. PAULO VI, Homilia e Solene Profissão de Fé na conclusão do «Ano da Fé» proclamado por ocasião
do XIX Centenário do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo, no Vaticano, na Praça de São Pedro (30-06-1968),
n. 12: http://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/homilies/1968/documents/hf_p-vi_hom_19680630.html:
AAS 60 (1968) 438: http://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-60-1968-ocr.pdf.
12
Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 633:
http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap2_422-682_po.html.
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 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1033:
Não podemos estar em união com Deus se não escolhermos livremente amá-Lo.
Mas não podemos amar a Deus, se pecarmos gravemente contra Ele, contra o nosso
próximo ou contra nós mesmos: «Quem não ama permanece na morte. Todo aquele que
odeia o seu irmão é um homicida: ora vós sabeis que nenhum homicida tem em si a vida
eterna» (1 Jo 3, 14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados d'Ele, se
descurarmos as necessidades graves dos pobres e dos pequeninos seus irmãos. Morrer em
pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de
Deus, significa permanecer separado d'Ele para sempre, por nossa própria e livre escolha. E
é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-
13
aventurados que se designa pela palavra «Inferno» .

 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1034:


Jesus fala muitas vezes da «gehena» do «fogo que não se apaga» reservada aos
que recusam, até ao fim da vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao
mesmo tempo, a alma e o corpo. Jesus anuncia, em termos muitos severos, que «enviará
os Seus anjos que tirarão do Seu Reino [...] todos os que praticaram a iniquidade, e hão-de
lançá-los na fornalha ardente» (Mt 13, 41-42), e sobre eles pronunciará a sentença:
14
«Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno»à Mtà ,à .

 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1035:


A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas
dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos
infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o fogo eterno». A principal pena do Inferno
consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a
15
felicidade paraà ueàfoià iadoàeàaà ueàaspi a .

 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1036:


As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do
Inferno são um apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua
liberdade, tendo em vista o destino eterno. Constituem, ao mesmo tempo, um apelo
urgente à conversão: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho
que levam à perdição e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta e
13
Ibidem, n. 1033: http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap3_683-1065_po.html.
14
Ibidem, n. 1034.
15
Ibidem, n. 1035.
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apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os encontram!»
(Mt 7, 13-14): «Como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a
recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que, no termo da nossa vida
terrena, que é só uma, mereçamos entrar com Ele para o banquete de núpcias e ser
contados entre os benditos, e não sejamos lançados, como servos maus e preguiçosos, no
16
fogo eterno, nas trevas exteriores, onde "haverá cho oàeà a ge àdeàde tes"» .

 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1037:


Deus não predestina ninguém para o Inferno. Para ter semelhante destino, é
preciso haver uma aversão voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela até ao fim. Na
liturgia eucarística e nas orações quotidianas dos seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia
de Deus, «que não quer que ninguém pereça, mas que todos se convertam» (2 Pe 3, 9):
«Aceitai benignamente, Senhor, a oblação que nós, vossos servos, com toda a vossa família,
Vos apresentamos. Dai a paz aos nossos dias, livrai-nos da condenação eterna e contai-nos
17
e t eàosàvossosàeleitos» .

 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1056:


Seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja adverte os fiéis da «triste e lamentável
18
realidade da morte eterna», também chamada «Inferno» .

 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1057:


A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em
Quem o homem pode encontrar a vida e a felicidade para que foi criado e às quais
19
aspi a .

 Catecismo da Igreja Católica (11-10-1992), n. 1861:


O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o
próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça
santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e
pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno,
uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis.

16
Ibidem, n. 1036.
17
Ibidem, n. 1037.
18
Ibidem, n. 1056.
19
Ibidem, n. 1057.
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No entanto, embora nos seja possível julgar se um ato é, em si, uma falta grave, devemos
20
confiar o juízo sobre as pessoas à justiça e à miseri ó diaàdeàDeus .

 S. JOÃO PAULO II, Alocução na Audiência Geral de Quarta-


Feira (28-07-1999), nn. 1-2:
Deus é Pai infinitamente bom e misericordioso. Mas o homem, chamado a
responder-Lhe na liberdade, pode infelizmente optar por rejeitar de maneira definitiva o
Seu amor e o Seu perdão, subtraindo-se assim, para sempre, à alegre comunhão com Ele.
Precisamente esta trágica situação é apontada pela doutrina cristã, quando fala de
perdição ou Inferno. Não se trata de um castigo de Deus infligido a partir do exterior, mas
do desenvolvimento de premissas já postas pelo homem nesta vida. A própria dimensão
de infelicidade que esta obscura condição traz consigo, pode ser de algum modo intuída à
luz de algumas das nossas terríveis experiências, que tornam a vida, como se costuma
dizer, um «inferno». Em sentido teológico, contudo, o Inferno é outra coisa: é a última
consequência do próprio pecado, que se vira contra quem o cometeu. É a situação em
que definitivamente se coloca quem rejeita a misericórdia do Pai, também no último
instante da sua vida […].à O Inferno é o lugar de pena definitiva, sem possibilidade de
21
retorno ou de mitigação do sofrimento (cf. Lc 16, 19- .

 Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (28-06-2005), n. 74:


O que é a queda dos anjos? Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros
demónios de que falam a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja, de anjos criados bons por
Deus, se transformaram em maus, porque, mediante uma opção livre e irrevogável,
recusaram Deus e o Seu Reino, dando assim origem ao Inferno. Procuram associar o
homem à sua rebelião contra Deus; mas Deus afirma, em Cristo, a Sua vitória segura sobre
22
oàMalig o .

 Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (28-06-2005), n. 208:


O que é o Juízo Particular? É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a
partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras.

20
Ibidem, n. 1861: http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s1cap1_1699-
1876_po.html.
21
S. JOÃO PAULO II, Alocução na Audiência Geral de Quarta-Feira (28-07-1999), nn. 1-2:
http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/audiences/1999/documents/hf_jp-ii_aud_28071999.html.
22
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (28-06-2005), n. 74:
http://www.vatican.va/archive/compendium_ccc/documents/archive_2005_compendium-ccc_po.html.
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Tal retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do Céu, imediatamente ou depois de
23
uma adequada purificação, ou então à condenação eterna no Inferno .

 Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (28-06-2005), n. 212:


Em que consiste o Inferno? Consiste na condenação eterna daqueles que, por
escolha livre, morrem em pecado mortal. A pena principal do Inferno é a eterna separação
de Deus, o único em quem o homem encontra a vida e a felicidade para que foi criado e a
que aspira. Cristo exprime esta realidade com as palavras: «Afastai-vos de Mim, malditos,
24
pa aàoàfogoàete o»à Mtà ,à .

 Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (28-06-2005), n. 213:


Como conciliar o Inferno com a bondade infinita de Deus? Deus, apesar de querer
«que todos tenham modo de se arrepender» (2 Ped 3,9), tendo criado o homem livre e
responsável, respeita as suas decisões. Portanto, é o próprio homem que, em plena
autonomia, se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se, até ao momento da
25
própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor misericordioso de Deus .

 Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (28-06-2005), n. 395:


Quando se comete o pecado mortal? Comete-se pecado mortal quando, ao
mesmo tempo, há matéria grave, plena consciência e deliberado consentimento. Este
pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à morte eterna
do Inferno, se dele não nos arrependermos. É perdoado ordinariamente mediante os
26
sacramentos do Baptismo e daàPe it iaàouà‘e o iliação .

 Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (28-06-2005),


Apêndices finais: B) Fórmulas de Doutrina Católica:
27
Os quatro novíssimos: 1. Morte, 2. Juízo, 3. Inferno eà .àPa aíso .

 BENTO XVI, Alocução mariana do ‘Angelus’, em Castel Gandolfo


(12-08-2007):
Osàp i ei osà istãosàexp essava àaà a a te ísti aà aisài po ta teàdaàIg eja,à ueà à
precisamente a propensão para o Céu. A hodierna liturgia da Palavra deseja portanto
convidar-nos a pensar "na vida do mundo que há-de vir", como repetimos todas as vezes

23
Ibidem, n. 208.
24
Ibidem, n. 212.
25
Ibidem, n. 213.
26
Ibidem, n. 395.
27
Ibidem, Apêndices finais: B) Fórmulas de Doutrina Católica.
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que, com o Credo, fazemos a nossa profissão de fé. Um convite a usar a nossa existência de
modo sábio e previdente, a considerar atentamente o nosso destino, isto é, aquelas
realidades que chamamos últimas: a morte, o Juízo Final, a eternidade, o Inferno e o
28
Paraíso .

 Catecismo Jovem da Igreja Católica-YouCat (02-02-2011), n. 53:


O que é o Inferno? A nossa fé designa por "Inferno" o estado do definitivo
distanciamento de Deus. Opta por aquele estado quem, em presença de Deus, vê
claramente o amor e, apesar disso, não o aceita. Jesus, que conhece o Inferno, fala dele
como de «trevas exteriores» (Mt 8,12). Dito à nossa maneira, ele é mais frio que quente.
Suponhamos, com calafrios, que seja um estado de entorpecimento total e isolamento
29
desesperado de tudo o que traz ajuda, alívio, alegria e conforto .

 Catecismo Jovem da Igreja Católica-YouCat (02-02-2011), n. 157:


Seremos colocados, após a morte, perante algum julgamento? O chamado Juízo
Especial ou Pessoal sucede à morte do indivíduo. O Juízo Universal, também chamado
[Juízo] Último ou Final, sucede no último dia [do mundo], ou seja, no fim do mundo,
aquando do regresso do Senhor. Na morte, cada pessoa chega ao momento da Verdade.
Nessa altura, nada mais pode ser reprimido ou ocultado, nada mais pode ser alterado. Deus
vê- osàtalà o oàso os.àCo pa e e osàpe a teàoà“euàjulga e toà justifi ado ,àpo ueà aà
proximidade santa de Deusàso osàouà justos ,à o oàDeusà osà ue iaà ua doà os criou, ou
i justos .àTalvezàte ha osàdeàpassa àpo àu àp o essoàdeàpu ifi ação,àtalvezàpossa osà ai à
logo nos braços de Deus. Talvez, porém, estejamos tão cheios de maldade, de ódio, de um
otu doà ão àa tudo, que apartemos a nossa face do amor de Deus para sempre. Uma vida
30
sem amor é nada mais que o Inferno .

 Catecismo Jovem da Igreja Católica-YouCat (02-02-2011), n. 161:


O que é o Inferno? O Inferno é o estado da eterna separação de Deus, a absoluta
ausência do amor. Quem morre em pecado grave, pleno de consciência e vontade, e sem
disso se arrepender, rejeitando o amor de Deus, que perdoa com misericórdia, exclui-se
para sempre da comunhão com Deus e com os santos. Não sabemos, é certo, se alguém,
oà o e toàdaà o te,à o te pla doàoàa o àa soluto,àlheàpodeà eal e teàdize à ão .à A

28
BENTO XVI, Alocução mariana do ‘Angelus’, em Castel Gandolfo (12-08-2007):
http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2007/documents/hf_ben-xvi_ang_20070812.html.
29
Catecismo Jovem da Igreja Católica-YouCat (02-02-2011), n. 53: https://www.wook.pt/livro/youcat-
christoph-schonborn/10892772 ou http://pedropoveda.es/YoucatBN.pdf.
30
Ibidem, n. 157.
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nossa liberdade, porém, possibilita tal decisão. Jesus adverte constantemente para o facto
deà osà pode osà sepa a à defi itiva e teà d Ele,à fe ha do-nos às carências dos nossos
irmãos e irmãs: «Afastai-vosàdeàMi ,à alditos!à[…].àQua tas vezes o deixastes de fazer a
um dos Meus irmãos mais pequeninos também a Mim o deixastes de fazer
31
Mtà ,à . .

 Catecismo Jovem da Igreja Católica-YouCat (02-02-2011), n. 162:


Mas se Deus é amor, como pode então haver Inferno? Não é Deus que condena o
ser humano. É o próprio ser humano que, por livre vontade, rejeita o amor
misericordioso de Deus e a vida eterna, excluindo-se da comunhão com Deus. Deus anseia
pela comunhão até com o último pecador; Ele quer que todos se convertam e sejam salvos.
Todavia, Deus criou o ser humano livre e respeita as suas opções. Nem o próprio Deus força
o amor. Se do a o , Ele é i pote te ua do algué , em vez do Céu, escolhe o
32
Inferno .

 FRANCISCO, Discurso no encontro com a associação «Libera»


que reúne familiares das vítimas da criminalidade organizada e voluntários,
na paróquia romana de São Gregório VII (21-03-2014):
“i toà ueà ãoà possoà te inar sem dizer uma palavra aos grandes ausentes hoje,
aos protagonistas ausentes: aos homens e às mulheres mafiosos. Por favor, mudai de vida,
convertei-vos, detende-vos e não pratiqueis mais o mal! E nós rezamos por vós. Convertei-
vos, peço-vos de joelhos, é para o vosso bem! Esta vida que levais agora não vos dará
prazer, nem alegria, nem felicidade! O poder, o dinheiro que agora recebeis de tantos
negócios sujos, de crimes mafiosos, é dinheiro ensanguentado, é poder ensanguentado, e
não conseguireis levá-lo para a outra vida. Convertei-vos, ainda tendes tempo para não
acabar no Inferno! É o que vos espera, se continuardes por este caminho. Vós tivestes um
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pai e uma mãe: pensai neles. Chorai um pouco e convertei-vos! .

 FRANCISCO, Alocução mariana do ‘Angelus’ (02-11-2014):


áà o e o açãoà dosà Fi ados,à oà uidadoà pelosà sepul osà eà osà suf giosà sãoà
testemunho de esperança confiante, radicada na certeza de que a morte [corporal] não é a
última palavra sobre o destino humano, porque o homem está destinado a uma vida sem
limites, que encontra a sua raiz e o seu cumprimento em Deus. Dirijamos a Deus a seguinte
31
Ibidem, n. 161.
32
Ibidem, n. 162.
33
FRANCISCO, Discurso no encontro com a associação «Libera» que reúne familiares das vítimas da
criminalidade organizada e voluntários, na paróquia romana de São Gregório VII (21-03-2014):
http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2014/march/documents/papa-francesco_20140321_fondazione-
libera.html.
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prece: «Deus de misericórdia infinita, confiamos à Vossa bondade imensa quantos
deixaram este mundo para a eternidade, onde Vós esperais a humanidade inteira, redimida
pelo sangue precioso de Cristo, Vosso Filho, morto em resgate pelos nossos pecados.
Senhor, não olheis para as numerosas formas de pobreza, miséria e debilidade humanas,
quando nos apresentarmos diante do Vosso Tribunal, para sermos julgados para a
felicidade ou a condenação. Dirigi-nos o Vosso olhar piedoso, que nasce da ternura do
Vosso Coração, e ajudai-nos a caminhar pela senda de uma purificação completa. Que
nenhum dos Vossos filhos se perca no fogo eterno do Inferno, onde já não há lugar para o
arrependimento. Senhor, confiamos-Vos as almas dos nossos entes queridos, das pessoas
que morreram sem o alívio sacramental, ou que não tiveram a possibilidade de se
arrepender nem sequer no termo da própria vida. Que ninguém tenha medo de se
encontrar Convosco, depois da peregrinação terrena, na esperança de ser recebido nos
braços da Vossa misericórdia infinita. Que a irmã morte corporal nos encontre vigilantes na
oração e repletos de todo o bem praticado ao longo da nossa existência, breve ou longa
que tenha sido. Senhor, nada nos afaste de Vós nesta terra, mas tudo e todos nos
sustentem no desejo abrasador de descansar tranquila e eternamente em Vós. Assim seja!»
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Pe.àá to ioà‘u gi,àpassio ista,àO açãoàdosàfi ados .

 FRANCISCO, Homilia na Santa Missa com o rito da canonização


dos Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto, no adro do Santuário de
Fátima (13-05-2017):
áàVi ge àMãeà ãoàveioàa uià[a Fátima], para que A víssemos; para isso teremos a
eternidade inteira, naturalmente se formos para o Céu. Mas Ela, antevendo e advertindo-
nos para o risco do Inferno onde leva a vida – tantas vezes proposta e imposta – sem-Deus
e profanando Deus nas suas criaturas, veio lembrar-nos a Luz de Deus que nos habita e
cobre, pois, como ouvíamos na Primeira Leitura, «o filho foi levado para junto de Deus»
35
ápà ,à .

 FRANCISCO, Discurso-meditação no encontro com o clero de


Roma, na Basílica de São João de Latrão (07-03-2019):
Oà ueàse ti ía osà ósàseàoà“e ho à‘essus itado nos dissesse: continuai as vossas
atividades eclesiais e as vossas liturgias, mas eu não vou estar presente e a agir nos vossos

34
IDEM, Alocução mariana do ‘Angelus’ (02-11-2014):
http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2014/documents/papa-francesco_angelus_20141102.html.
35
IDEM, Homilia na Santa Missa com o rito da canonização dos Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto,
no adro do Santuário de Fátima (13-05-2017):
http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2017/documents/papa-francesco_20170513_omelia-
pellegrinaggio-fatima.html.
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sacramentos? Dado que, quando tomais as vossas decisões, vos baseais em critérios
mundanos e não evangélicos (tamquan Deus non esset) eu afasto-me totalmente... Tudo
se iaà vazio,à p ivadoà deà se tido,à aisà ãoà se iaà doà ueà pó .à áà a eaçaà deà Deusà a eà aà
passagem para a intuição do que seria a nossa vida sem Ele, se deveras Ele subtraísse para
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sempre a sua Face. É a morte, o desespero, o inferno:àse à i à adaàpode eisàfaze .

 Catecismo da Igreja Católica para filhos e pais - YouCat para


Crianças (05-04-2019), n. 56:
O que o pecado faz em nós? Cada pecado afasta-nos de Deus, uns dos outros e de
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nós mesmos. Alguns pecados separam- os es o ve dadei a e te d Ele .

Portugal, Braga, 03-01-2020

Laus Deo!

36
IDEM, Discurso-meditação no encontro com o clero de Roma, na Basílica de São João de Latrão
(07-03-2019): http://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2019/march/documents/papa-
francesco_20190307_liturgiapenitenziale-presbiteriroma.html.
37
Catecismo da Igreja Católica para filhos e pais - YouCat para Crianças (05-04-2019), n. 56:
https://www.wook.pt/livro/youcat-para-criancas-georg-fischer/23103395.
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