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INTRODUÇÃO
DOUTRINA (gr. didache, hb. leqach) um termo lato, amplo, pode definido como um conjunto
de princípios que servem de base a um sistema, que pode ser filosófico, político ou
religioso. Dessa forma, pode ser entendida como uma reunião de ideias (que podem ter
como fonte o Céu, o Inferno, ou mesmo o raciocínio decaído do homem) que expressam
uma visão da realidade, ou visão de mundo, ou cosmovisão, ou ideologia, a qual, bem
articulada e sistematizada, passa a influenciar o comportamento de determinados grupos.
Dessa forma, embora os tradutores da Bíblia não tenham usado a palavra ideologia, ou
cosmovisão, encontramos no AT e NT, frequentemente, o enfrentamento de ideologias,
vocábulo cujo radical é a palavra “ideia”. Então, a partir de uma ideia (repita-se: que pode
ser de inspiração divina, diabólica ou humana) surge um conglomerado de teses, ou
conceitos, pelos quais as pessoas nortearão ou não suas vidas.
Após minguarem as águas do dilúvio, os filhos de Noé emigraram para povoar a Terra (Gn
10.1-32) e, com o passar dos séculos, nos mais distintos lugares, os seus descendentes,
em sua maioria, continuaram a seguir ideologias humanistas ou diabólicas.
Milênios após, o Espírito Santo nos informou contundentemente: — O mundo que jaz no
maligno (1 Jo 5.19). Assim, percebe-se o grande desafio da igreja de comunicar aos
perdidos as verdades eternas, a doutrina, ou cosmovisão do evangelho, — uma ideia de
Deus, para a salvação de todo aquele que nEle crê (Mc 16.15,16).
1.3 - Guerra ideológica: um problema tanto antigo, quanto dramático.
O povo de Israel, desde muito cedo, foi instado por Deus a não seguir a ideologia dos povos
pagãos. Moisés, Josué, os grandes líderes responsáveis pela criação da nação israelita,
bradavam que estava posto diante dos descendentes de Abraão a vida e a morte, a bênção
e a maldição (Dt 30.19), servir a Deus com sua casa ou aos deuses pagãos…(Js 24.15).
“Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mateus
15:9). Ou seja, os judeus somente criam em Javé, o único Deus verdadeiro, acreditavam
na inspiração da Torá e dos profetas, e até procuravam guardar os mandamentos, mas o
Senhor explicou que como as ideologias absorvidas pelos religiosos judeus eram humanas,
a adoração deles não era recebida pelo Céu. Que grande e trágico drama!
O humanismo é a ideologia que coloca o homem como o centro de todas as coisas, com o
objetivo de usurpar o primeiro lugar de Deus. Assim, todo e qualquer raciocínio que exalte,
prestigie, defenda, o direito da criatura em detrimento da vontade do Criador, apresenta-se
diabólico.
Assim, infelizmente, nos dias atuais, muitos líderes cristãos, imbuídos de um sentimento
humano, estão entregando seus rebanhos — inocentemente, talvez — de “mão beijada”
para lobos devoradores. O bom Pastor, porém, leva Seu rebanho a lugares seguros (Sl
23.2). O Senhor não tosqueneja (Sl 121.4).
2. - DISTINGUINDO AS IDEOLOGIAS
Nós, cristãos, porém, temos uma “pedra de toque” para compreender se uma ideologia é
de Deus, do diabo ou humanista (que também é diabólica): as palavras de Jesus.
“Se alguém ensina alguma outra doutrina e se não conforma com as sãs palavras
de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade, é
soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das
quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens
corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade seja
causa de ganho. Aparta-te dos tais” (1Timóteo 6:3-5).
Assim, por mais que seja “agradável à vista” a ideologia oferecida, necessário fazer uma
analisar se “se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo”.
O diabo é expert na arte da ilusão. Enganar é com ele mesmo. Ele foi exitoso em muitos
episódios narrados nas Escrituras. Desde Caim até sua empreitada às nações, após o
milênio, o diabo colecionou, inegavelmente, muitas conquistas de mentes e almas dos
homens. A consequência, entretanto, sempre, foi a morte dos que aderiram à sua sedução.
A doutrina de Deus, porém, ensinada e vivida pela igreja, é o antídoto para todo o mal
inserido pelas ideologias perniciosas, conforme está escrito: “A doutrina do sábio é uma
fonte de vida para desviar dos laços da morte” (Provérbios 13:14)
No que tange, entrementes, à igreja de Cristo, as portas do inferno não prevalecerão contra
nossa marcha triunfal (Mt 16.18). De qualquer forma, enquanto estivermos neste
tabernáculo terreno, precisamos ter cuidado, pois há caminhos que “parecem bons”, mas o
final deles é a morte (Pv 14.12).
Deus estabeleceu, na igreja, cada pessoa com um tá,então distinto, de acordo com nossas
capacidades. Aos líderes, pastores, a Bíblia diz como devem agir:
Assim, ter uma palavra branda, amável, mas firme e eficaz, para “convencer os
contradizentes”, ressai como uma verdadeira missão, afinal, como se sabe, um pouco de
fermento leveda toda a massa (Gl 5.9).
2.4.1 - HEDONISMO
O hedonismo pode ser definido, de maneira direta, como a "doutrina filosófica, da época
pós-socrática, segundo a qual o prazer individual e imediato é o supremo bem da vida".1
1ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. 6ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p. 172.
Destarte, diante desse grau exacerbadamente egoísta, que coloca o bem-estar pessoal
como a coisa mais importante da existência, o hedonismo se constitui numa das
cosmovisões mais perniciosas deste mundo, pois contamina o jeito das pessoas pensarem,
trazendo justificativas, por exemplo, às condutas que ferem a integridade e os
compromissos morais, desde que sejam prazerosas pessoalmente, e pode até autorizar o
estabelecimento de políticas públicas extremante cruéis com o próprio ser humano, como
o aborto, descriminalização do uso de drogas, a ideologia de gênero, dentre outras, tudo
em homenagem à satisfação pessoal, no mais elevado patamar.
2.4.2 - ABORTO
Os que defendem o aborto dizem que o corpo feminino pertence às mulheres e, por
isso, elas podem dispor dele como quiserem. Falam assim porque acreditam serem as
gestantes as proprietárias da vida gerada ("— o feto é um apêndice do corpo feminino") e,
por tal motivo, arrazoam que podem interromper a gravidez, impedindo o feto de nascer
com vida. Ledo engano.
O aborto, aos olhos de Deus, é uma obra da carne chamada homicídio (Gl 5.21). Não
há meias palavras. No Salmo 139, Davi, sob inspiração divina, mencionou como o Senhor
se relaciona proativamente com a vida que ainda não tem contornos humanos. Mesmo
sendo uma pequena "semente" no ventre materno, Deus já a trata com o cuidado de um
filho ou filha. Há, nesse sentido, abundantes e irrefutáveis estudos médicos, e bioéticos,
que demonstram que a vida começa com a fecundação.
A partir daí, qualquer agressão que se desenvolve contra a vida gerada, atentará
contra o mandamento de Deus (Ex 20.13), violará a cláusula pétrea (que não pode ser
mudada) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que diz ser inviolável o direito à vida
(art. 5º, caput), e transgredirá o art. 2º do Código Civil Brasileiro, que anui que a lei "...põe
a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro."
A chancela estatal do uso de drogas que alteram a capacidade de raciocinar não pode,
nem poderia, dar certo. Nos países em que isso aconteceu (Holanda, Uruguai, por
exemplo), há estudos que demonstram não ter sido uma boa política pública, pois as
pessoas que usam “drogas recreativamente” sempre buscarão novas sensações e,
seguidamente, experimentarão ainda outra substância psicotrópica que lhes for
apresentada, num círculo vicioso interminável. Essa estrada só possui um destino: a morte
precoce.
A Bíblia diz que haverá juízo para quem chamar o mal de bem e o bem de mal (Is
5.20), assim como para aqueles que fazem leis injustas (Is 10.1). A ideologia de gênero é
uma dessas inversões de valores, pois viola imutáveis leis da natureza. Se um bebê nasce
com identificação genética masculina (XY) não poderá, por inclinação sexual, ser
considerado um indivíduo com outra configuração cromossômica (XX), ou vice-versa. O
que se vislumbra é que essas reivindicações pós-modernas chancelam algumas obras da
carne, tais como, neste caso, "prostituição, impureza e lascívia..." (Gl 5.19). O fundamento
de tudo isso, portanto, são paixões sensuais que atentam contra a própria existência da
humanidade, e agridem a santidade de Deus (Rm 1.26-28).
Há alguns anos, uma famosa atriz brasileira, Regina Duarte, informou em entrevista
que "até os 14 anos, queria ser homem".2 Isso chocou muitas pessoas, as quais nunca
suspeitaram que ela enfrentara tal questionamento íntimo. Se, na época de sua
adolescência, a ideologia de gênero estivesse em alta, talvez a talentosa atriz tivesse
seguido outro caminho na vida. Isso demonstra que crises existenciais, inclusive sobre
identidade sexual, não são para sempre e não significam que a pessoa deva assumir outra
personalidade. A busca desenfreada pela satisfação sensorial não deve ser mais forte que
as definições estabelecidas geneticamente por Deus, na distinção dos gêneros.
2.4.5. MATERIALISMO
A visão de mundo materialista surgiu, pela primeira vez, no Século V a.C, com a teoria
atomista de Demócrito. No Século XIX, entretanto, foi elaborada a tese do materialismo
dialético, por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), o que motivou
inúmeras revoluções socialistas em vários lugares do mundo (Rússia, China, Cuba etc.),
onde milhões de pessoas foram mortas por motivação ideológica.
O socialismo, assim, é uma ideologia que luta contra a religião, a família tradicional, a
propriedade privada, a liberdade de expressão e de culto, e busca implantar um estado
intervencionista que resolva todos os problemas da sociedade. Sabemos, porém, que “feliz
é a nação cujo Deus é o Senhor” (Sl 33.12). Somente Deus pode trazer solução a este
mundo perdido (Jo 15.3). Assim, no afã de conseguir os objetivos, — a implantação da
ditadura do proletariado, os socialistas/comunistas protagonizaram todo tipo de atrocidade,
assassinando milhões de pessoas onde o regime foi implantado (URSS, China, Cuba,
Coreia do Norte, Nicarágua…). Deus nos guarde de tão terrível ideologia!
No tempo da igreja primitiva, Paulo discutiu com filósofos epicureus, que valorizavam
o hedonismo, e com estóicos, os quais eram materialistas (At 17.18). Os ouvintes eram
homens cheios de conhecimento, mas os corações de muitos estavam sedentos de algo
que fizesse sentido na vida.
3SCRUTON, Roger. Como Deve Ser um Conservador. Rio de Janeiro: Editora Record, 2015, pp. 141,142.
Assim, a mensagem da Bíblia, pelos milênios, foi estabelecendo o padrão de viver
sobre a terra, ao mesmo tempo em que apontava, igualmente, o caminho para o Céu, por
ser a única cosmovisão completa, a qual oferece uma resposta eficaz aos anseios mais
profundos do homem e da sociedade, sejam eles políticos, econômicos, sociais, morais e
espirituais, sendo um contraponto em relação às ideologias diabólicas.
Colson está dizendo, em outras palavras, que a igreja está perdendo a batalha, em
alguns lugares, porque não reconhece os inimigos contra quem está combatendo. Nesse
caso, terá sido criada apenas uma subcultura, ou seja, as ideologias do mal continuarão
impondo o modelo principal e a igreja somente fará pequenas adequações, o que se
constitui em uma grande tragédia. As pessoas caminharão para o inferno, pensando
estarem na estrada do Céu. Nunca é demais lembrar que a porta do Céu é estreita e
apertado o caminho que conduz à vida.
Essa escravidão cultural apresenta-se muito comum nos dias atuais. Inúmeras
denominações evangélicas adotam práticas mundanas, com abrandamentos
comportamentais, para atrair novos membros, porém não se pode negociar as coisas de
Deus. O anátema continuará sendo anátema, seja qual for a roupagem. A Bíblia manda
que se fuja de toda a aparência do mal (1 Ts 5.22). Deus chamou a igreja para realizar um
movimento revolucionário, de luta contra o pecado, sabendo que "nossa luta não é contra
a carne e o sangue..." (Ef 6.12).
Quando Jesus mandou que a Igreja ensinasse às nações o evangelho, buscava que
o poder transformador de Deus (Rm 1.16) alcançasse o homem individualmente,
outorgando-lhe a redenção, e que, também, influenciasse a comunidade na qual ele está
inserido.
4COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. O Cristão na Cultura de Hoje. 2ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 10.
"Somos ordenados a pregar as boas novas e a trazer todas as coisas à submissão
da ordem de Deus, defendendo e vivendo a verdade de Deus nas condições
históricas e culturais únicas de nossa era".5
Assim, não podemos nos omitir de mostrar ao mundo as ideologias que arruinam o
homem, ao mesmo tempo em que “anunciamos as virtudes daquele que nos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz”. Paulo, por exemplo, após a conversão de muitas
pessoas em Éfeso, protagonizou um ato público de queimar, "na presença de todos",
inúmeros livros de magia (At 19.19). Por que ele fez aquilo? A igreja estava apontando a
necessidade da mudança dos paradigmas para a sociedade!
CONCLUSÃO
5COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E Agora, Como viveremos? 2ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p. 35.