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A SÃ DOUTRINA E AS IDEOLOGIAS DO MUNDO

“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos,


apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a
doutrinas de demônios,”
1Timóteo 4:1

“Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo


comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas
próprias concupiscências;”
2Timóteo 4:3

INTRODUÇÃO

DOUTRINA (gr. didache, hb. leqach) um termo lato, amplo, pode definido como um conjunto
de princípios que servem de base a um sistema, que pode ser filosófico, político ou
religioso. Dessa forma, pode ser entendida como uma reunião de ideias (que podem ter
como fonte o Céu, o Inferno, ou mesmo o raciocínio decaído do homem) que expressam
uma visão da realidade, ou visão de mundo, ou cosmovisão, ou ideologia, a qual, bem
articulada e sistematizada, passa a influenciar o comportamento de determinados grupos.

Dessa forma, embora os tradutores da Bíblia não tenham usado a palavra ideologia, ou
cosmovisão, encontramos no AT e NT, frequentemente, o enfrentamento de ideologias,
vocábulo cujo radical é a palavra “ideia”. Então, a partir de uma ideia (repita-se: que pode
ser de inspiração divina, diabólica ou humana) surge um conglomerado de teses, ou
conceitos, pelos quais as pessoas nortearão ou não suas vidas.

Pergunta: Como saber se uma doutrina, ou ideologia, é de Deus, do diabo ou


meramente humana?

1 - UM CONFLITO HISTÓRICO: A DOUTRINA DE DEUS E AS IDEOLOGIAS DO MUNDO

1.1 - A primeira sociedade

Logo na primeira sociedade humana, o conflito de ideologias se instaurou. A descendência


de Sete começou a servir a Deus (Gn 4.25,26) e a de Caim passou a seguir o caminho das
trevas (Gn 4.17-24), que redundou em seres humanos tão maus (eles viviam centenas de
anos e, assim, “quase se transformaram” – força de expressão — em uma “raça de
demônios” — a malignidade foi infundida nesses homens com muita força e caracterização)
que Deus os destruiu nas águas do dilúvio (Gn 6.3-7).

1.2 - Um mundo que jaz no maligno

Após minguarem as águas do dilúvio, os filhos de Noé emigraram para povoar a Terra (Gn
10.1-32) e, com o passar dos séculos, nos mais distintos lugares, os seus descendentes,
em sua maioria, continuaram a seguir ideologias humanistas ou diabólicas.

Milênios após, o Espírito Santo nos informou contundentemente: — O mundo que jaz no
maligno (1 Jo 5.19). Assim, percebe-se o grande desafio da igreja de comunicar aos
perdidos as verdades eternas, a doutrina, ou cosmovisão do evangelho, — uma ideia de
Deus, para a salvação de todo aquele que nEle crê (Mc 16.15,16).
1.3 - Guerra ideológica: um problema tanto antigo, quanto dramático.

O povo de Israel, desde muito cedo, foi instado por Deus a não seguir a ideologia dos povos
pagãos. Moisés, Josué, os grandes líderes responsáveis pela criação da nação israelita,
bradavam que estava posto diante dos descendentes de Abraão a vida e a morte, a bênção
e a maldição (Dt 30.19), servir a Deus com sua casa ou aos deuses pagãos…(Js 24.15).

A consequência de escolhas erradas foi sintetizada por Jesus, no âmbito da religiosidade


judaica, de forma contundente:

“Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mateus
15:9). Ou seja, os judeus somente criam em Javé, o único Deus verdadeiro, acreditavam
na inspiração da Torá e dos profetas, e até procuravam guardar os mandamentos, mas o
Senhor explicou que como as ideologias absorvidas pelos religiosos judeus eram humanas,
a adoração deles não era recebida pelo Céu. Que grande e trágico drama!

1.4. Todo “humanismo” é diabólico.

O humanismo é a ideologia que coloca o homem como o centro de todas as coisas, com o
objetivo de usurpar o primeiro lugar de Deus. Assim, todo e qualquer raciocínio que exalte,
prestigie, defenda, o direito da criatura em detrimento da vontade do Criador, apresenta-se
diabólico.

Jesus enfrentou o humanismo de Pedro, expulsando Satanás para desfazer a “confusão


conceitual” que o líder dos discípulos absorvera:

“E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem


compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse
a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não
compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (Mateus
16:22, 23).

Assim, infelizmente, nos dias atuais, muitos líderes cristãos, imbuídos de um sentimento
humano, estão entregando seus rebanhos — inocentemente, talvez — de “mão beijada”
para lobos devoradores. O bom Pastor, porém, leva Seu rebanho a lugares seguros (Sl
23.2). O Senhor não tosqueneja (Sl 121.4).

2. - DISTINGUINDO AS IDEOLOGIAS

2.1 - Uma escolha fácil. A “pedra de toque”: as palavras de Jesus.

No mundo há muitas ideologias que se engalfinham, em busca da verdade, fim maior,


sempre inatingido pelos filósofos. A Bíblia cita, no tempo de Paulo, os estoicos e epicureus,
com quem o apóstolo dos gentios debatia (At 17.18). Os argumentos postos, e sobrepostos,
por um e outro, sempre são intermináveis, variando de acordo com preconceitos
concebidos, “verdades relativizadas” e suposições, situações que preenchiam os dias no
areópago.

Nós, cristãos, porém, temos uma “pedra de toque” para compreender se uma ideologia é
de Deus, do diabo ou humanista (que também é diabólica): as palavras de Jesus.
“Se alguém ensina alguma outra doutrina e se não conforma com as sãs palavras
de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade, é
soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das
quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens
corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade seja
causa de ganho. Aparta-te dos tais” (1Timóteo 6:3-5).

Assim, por mais que seja “agradável à vista” a ideologia oferecida, necessário fazer uma
analisar se “se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo”.

2.2 - A CONSEQUÊNCIA DAS IDEOLOGIAS DIABÓLICAS

O diabo é expert na arte da ilusão. Enganar é com ele mesmo. Ele foi exitoso em muitos
episódios narrados nas Escrituras. Desde Caim até sua empreitada às nações, após o
milênio, o diabo colecionou, inegavelmente, muitas conquistas de mentes e almas dos
homens. A consequência, entretanto, sempre, foi a morte dos que aderiram à sua sedução.

A doutrina de Deus, porém, ensinada e vivida pela igreja, é o antídoto para todo o mal
inserido pelas ideologias perniciosas, conforme está escrito: “A doutrina do sábio é uma
fonte de vida para desviar dos laços da morte” (Provérbios 13:14)

No que tange, entrementes, à igreja de Cristo, as portas do inferno não prevalecerão contra
nossa marcha triunfal (Mt 16.18). De qualquer forma, enquanto estivermos neste
tabernáculo terreno, precisamos ter cuidado, pois há caminhos que “parecem bons”, mas o
final deles é a morte (Pv 14.12).

2.3- UMA PALAVRA AOS PASTORES. UMA MISSÃO: CONVENCER OS


CONTRADIZENTES.

Deus estabeleceu, na igreja, cada pessoa com um tá,então distinto, de acordo com nossas
capacidades. Aos líderes, pastores, a Bíblia diz como devem agir:

“Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de


Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem
cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado,
justo, santo, temperante, retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para
que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer
os contradizentes.” (Tito 1:7-9).

Assim, ter uma palavra branda, amável, mas firme e eficaz, para “convencer os
contradizentes”, ressai como uma verdadeira missão, afinal, como se sabe, um pouco de
fermento leveda toda a massa (Gl 5.9).

2.4 - DESMASCARANDO AS IDEOLOGIAS DIABÓLICAS

2.4.1 - HEDONISMO

O hedonismo pode ser definido, de maneira direta, como a "doutrina filosófica, da época
pós-socrática, segundo a qual o prazer individual e imediato é o supremo bem da vida".1

1ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. 6ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p. 172.
Destarte, diante desse grau exacerbadamente egoísta, que coloca o bem-estar pessoal
como a coisa mais importante da existência, o hedonismo se constitui numa das
cosmovisões mais perniciosas deste mundo, pois contamina o jeito das pessoas pensarem,
trazendo justificativas, por exemplo, às condutas que ferem a integridade e os
compromissos morais, desde que sejam prazerosas pessoalmente, e pode até autorizar o
estabelecimento de políticas públicas extremante cruéis com o próprio ser humano, como
o aborto, descriminalização do uso de drogas, a ideologia de gênero, dentre outras, tudo
em homenagem à satisfação pessoal, no mais elevado patamar.

2.4.2 - ABORTO

Os que defendem o aborto dizem que o corpo feminino pertence às mulheres e, por
isso, elas podem dispor dele como quiserem. Falam assim porque acreditam serem as
gestantes as proprietárias da vida gerada ("— o feto é um apêndice do corpo feminino") e,
por tal motivo, arrazoam que podem interromper a gravidez, impedindo o feto de nascer
com vida. Ledo engano.

O aborto, aos olhos de Deus, é uma obra da carne chamada homicídio (Gl 5.21). Não
há meias palavras. No Salmo 139, Davi, sob inspiração divina, mencionou como o Senhor
se relaciona proativamente com a vida que ainda não tem contornos humanos. Mesmo
sendo uma pequena "semente" no ventre materno, Deus já a trata com o cuidado de um
filho ou filha. Há, nesse sentido, abundantes e irrefutáveis estudos médicos, e bioéticos,
que demonstram que a vida começa com a fecundação.

A partir daí, qualquer agressão que se desenvolve contra a vida gerada, atentará
contra o mandamento de Deus (Ex 20.13), violará a cláusula pétrea (que não pode ser
mudada) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que diz ser inviolável o direito à vida
(art. 5º, caput), e transgredirá o art. 2º do Código Civil Brasileiro, que anui que a lei "...põe
a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro."

A obrigação do cristão - independentemente da lei do País - deve ser proteger e até


dar a vida pelos irmãos (Gn 4.9; 1 Jo 3.16) e não tolher precocemente o direito de nascer.
Essa é a missão primacial de todo que tem sua existência transformada por Cristo, — um
pequeno vislumbre dessa maravilhosa cosmovisão transformadora chamada Cristianismo.

2.4.3 - DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS

A chancela estatal do uso de drogas que alteram a capacidade de raciocinar não pode,
nem poderia, dar certo. Nos países em que isso aconteceu (Holanda, Uruguai, por
exemplo), há estudos que demonstram não ter sido uma boa política pública, pois as
pessoas que usam “drogas recreativamente” sempre buscarão novas sensações e,
seguidamente, experimentarão ainda outra substância psicotrópica que lhes for
apresentada, num círculo vicioso interminável. Essa estrada só possui um destino: a morte
precoce.

O uso de substância psicotrópica tira o homem do senso comum, confere-lhe um


novo "status" e provoca novas sensações prazerosas… Na verdade isso é um abismo, que
chama outro abismo…. Este é o processo das drogas ilícitas modernas: maconha, crack,
cocaína, LSD, êxtase etc. Descriminalizar o uso de drogas, portanto, é uma obra da carne,
de inspiração diabólica, que deve ser combatido.
2.4.4 - IDEOLOGIA DE GÊNERO

A Bíblia diz que haverá juízo para quem chamar o mal de bem e o bem de mal (Is
5.20), assim como para aqueles que fazem leis injustas (Is 10.1). A ideologia de gênero é
uma dessas inversões de valores, pois viola imutáveis leis da natureza. Se um bebê nasce
com identificação genética masculina (XY) não poderá, por inclinação sexual, ser
considerado um indivíduo com outra configuração cromossômica (XX), ou vice-versa. O
que se vislumbra é que essas reivindicações pós-modernas chancelam algumas obras da
carne, tais como, neste caso, "prostituição, impureza e lascívia..." (Gl 5.19). O fundamento
de tudo isso, portanto, são paixões sensuais que atentam contra a própria existência da
humanidade, e agridem a santidade de Deus (Rm 1.26-28).

Há alguns anos, uma famosa atriz brasileira, Regina Duarte, informou em entrevista
que "até os 14 anos, queria ser homem".2 Isso chocou muitas pessoas, as quais nunca
suspeitaram que ela enfrentara tal questionamento íntimo. Se, na época de sua
adolescência, a ideologia de gênero estivesse em alta, talvez a talentosa atriz tivesse
seguido outro caminho na vida. Isso demonstra que crises existenciais, inclusive sobre
identidade sexual, não são para sempre e não significam que a pessoa deva assumir outra
personalidade. A busca desenfreada pela satisfação sensorial não deve ser mais forte que
as definições estabelecidas geneticamente por Deus, na distinção dos gêneros.

2.4.5. MATERIALISMO

O materialismo é uma filosofia da matéria, que não admite a existência do


sobrenatural, nem de verdades absolutas, mas acredita que todos os fenômenos do
Universo são explicados exclusivamente pelas condições concretas materiais. Essa
cosmovisão defende que o átomo e seus movimentos explicam tudo, inclusive a existência
do pensamento humano! Dessa forma, para um materialista não há que se falar em Deus,
diabo, céu, alma, anjos, pois tudo isso não passaria de imaginação.

Os materialistas afirmam que a matéria e o espaço simplesmente existem e sempre


existiram, mas como eles não sabem como tudo isso aconteceu, apenas defendem que a
matéria surgiu de um acidente físico-químico, há bilhões de anos, o qual produziu tudo que
se vê.

Em um momento posterior, dizem os materialista, um corpo celeste teria se chocado


contra o sol, produzindo os planetas. Numa chance infinitesimal, substâncias químicas se
agruparam em determinado planeta e, tendo acontecido as condições adequadas de
temperatura, depois de uma grande desordem inicial, por acaso, a matéria inorgânica
ganhou vida própria. Em seguida, por uma série de coincidências estatisticamente
inacreditáveis, o ser vivo unicelular se desenvolveu e, no fim de uma longa evolução,
surgiram os seres inteligentes. Tudo isso por acaso! Como se percebe, o materialista
precisa ter uma fé incrivelmente grande, maior até que a dos crentes, para acreditar que a
origem do Universo e da vida pode ser assim explicada.

A visão de mundo materialista surgiu, pela primeira vez, no Século V a.C, com a teoria
atomista de Demócrito. No Século XIX, entretanto, foi elaborada a tese do materialismo
dialético, por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), o que motivou
inúmeras revoluções socialistas em vários lugares do mundo (Rússia, China, Cuba etc.),
onde milhões de pessoas foram mortas por motivação ideológica.

2http://www.otvfoco.com.br/ate-os-14-anos-eu-queria-ser-homem-dispara-regina-duarte/ - consulta dia 9-10-2016.


2.4.6 - SOCIALISMO E COMUNISMO

O socialismo é uma ideologia que procura alcançar a igualdade entre os membros


da sociedade. O comunismo, por seu turno, é o resultado da implantação das ideias
socialistas, propiciando total igualdade entre os membros da sociedade. Num olhar de
relance, alguém pode dizer: que coisa maravilhosa! Mas, a principal base dessa ideologia
está calcada nas ideias de um homem — Karl Marx (ao que tudo indica um satanista) que
afirmou (fazendo alusão à sua teoria): “Quero vingar-me daquele que vive no alto”. Para
ele, o capitalismo seria alcançado por uma bem-sucedida revolução do proletariado, que
imporia o socialismo e, após, conduziria a sociedade ao comunismo. Nessa toada, ele
ensinava que era preciso abolir a religião, que era considerada “o ópio dos povos”,
excluindo, por isso, Deus de todos os seus pressupostos.

O socialismo, assim, é uma ideologia que luta contra a religião, a família tradicional, a
propriedade privada, a liberdade de expressão e de culto, e busca implantar um estado
intervencionista que resolva todos os problemas da sociedade. Sabemos, porém, que “feliz
é a nação cujo Deus é o Senhor” (Sl 33.12). Somente Deus pode trazer solução a este
mundo perdido (Jo 15.3). Assim, no afã de conseguir os objetivos, — a implantação da
ditadura do proletariado, os socialistas/comunistas protagonizaram todo tipo de atrocidade,
assassinando milhões de pessoas onde o regime foi implantado (URSS, China, Cuba,
Coreia do Norte, Nicarágua…). Deus nos guarde de tão terrível ideologia!

3 - CONTRAPONDO AS IDEOLOGIAS DIABÓLICAS

3.1 - A mensagem do evangelho

No tempo da igreja primitiva, Paulo discutiu com filósofos epicureus, que valorizavam
o hedonismo, e com estóicos, os quais eram materialistas (At 17.18). Os ouvintes eram
homens cheios de conhecimento, mas os corações de muitos estavam sedentos de algo
que fizesse sentido na vida.

O apóstolo dos gentios estava anunciando que somente o evangelho fornecia


respostas às aspirações mais profundas da alma humana. O Senhor estava provendo, com
a Sua doutrina, não apenas um modo para se chegar ao Céu, mas também ferramentas
indispensáveis para se viver na Terra. Após o debate, sob as sombras do mármore branco
do areópago, em Atenas, aconteceram as conversões dos primeiros pensadores gregos
(At 17.34).

A partir da expansão do evangelho, na igreja primitiva, saindo de Jerusalém, o


cristianismo moldou decisivamente a antiguidade, passando pela idade média,
modernidade e ainda continua sendo extremamente importante neste período da pós-
modernidade. Roger Scruton fala sobre essa influência do Cristianismo ao dizer:

"Nossas sociedades foram erigidas sob o ideal judaico-cristão de amor ao


próximo, segundo o qual os forasteiros e os locais merecem igual atenção. Exige
de cada um o respeito pela liberdade e pela soberania de cada pessoa, e o
reconhecimento do limiar da privacidade além do qual constitui transgressão
ultrapassar, a menos que sejam autorizados. Nossas sociedades se fiam na
obediência à lei e nos contratos públicos, e reforçam esses elementos por tradições
educacionais que moldaram um currículo comum. Não se trata de um imperialismo
cultural arbitrário (...) mas um modo de vida legítimo".3

3SCRUTON, Roger. Como Deve Ser um Conservador. Rio de Janeiro: Editora Record, 2015, pp. 141,142.
Assim, a mensagem da Bíblia, pelos milênios, foi estabelecendo o padrão de viver
sobre a terra, ao mesmo tempo em que apontava, igualmente, o caminho para o Céu, por
ser a única cosmovisão completa, a qual oferece uma resposta eficaz aos anseios mais
profundos do homem e da sociedade, sejam eles políticos, econômicos, sociais, morais e
espirituais, sendo um contraponto em relação às ideologias diabólicas.

3.2 - A contracultura do Reino de Deus

As ideologias diabólicas produzem uma cultura perversa, estabelecendo padrões


comportamentais que atentam contra a santidade de Deus. É a porta larga e o caminho
espaçoso, como disse Jesus (Lc 7.13). Diante de tal fato, o Cristianismo deve demonstrar
sua força, estabelecendo um modo de viver que agrada ao Senhor. Isso é chamado
contracultura, nos moldes de Rm 12.2. Imperioso, porém, que haja na contracultura cristã
um jeito de viver que traduza "um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" através do
corpo. Todos devem entender o forte conflito cultural - uma verdadeira guerra espiritual -
no mundo.

Acerca disso, Charles Colson arremata:

"Uma fraqueza debilitadora no "evangelicalismo" é que temos lutado contra o


conflito cultural em todos os lados sem saber do que se trata a guerra em si. Não
identificamos as visões de mundo que residem na raiz do conflito cultural - e esta
ignorância condena nossos melhores esforços".4

Colson está dizendo, em outras palavras, que a igreja está perdendo a batalha, em
alguns lugares, porque não reconhece os inimigos contra quem está combatendo. Nesse
caso, terá sido criada apenas uma subcultura, ou seja, as ideologias do mal continuarão
impondo o modelo principal e a igreja somente fará pequenas adequações, o que se
constitui em uma grande tragédia. As pessoas caminharão para o inferno, pensando
estarem na estrada do Céu. Nunca é demais lembrar que a porta do Céu é estreita e
apertado o caminho que conduz à vida.

Essa escravidão cultural apresenta-se muito comum nos dias atuais. Inúmeras
denominações evangélicas adotam práticas mundanas, com abrandamentos
comportamentais, para atrair novos membros, porém não se pode negociar as coisas de
Deus. O anátema continuará sendo anátema, seja qual for a roupagem. A Bíblia manda
que se fuja de toda a aparência do mal (1 Ts 5.22). Deus chamou a igreja para realizar um
movimento revolucionário, de luta contra o pecado, sabendo que "nossa luta não é contra
a carne e o sangue..." (Ef 6.12).

3.3 - Pregar o evangelho a toda criatura

Quando Jesus mandou que a Igreja ensinasse às nações o evangelho, buscava que
o poder transformador de Deus (Rm 1.16) alcançasse o homem individualmente,
outorgando-lhe a redenção, e que, também, influenciasse a comunidade na qual ele está
inserido.

Charles Colson, abordando o tema, menciona:

4COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. O Cristão na Cultura de Hoje. 2ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 10.
"Somos ordenados a pregar as boas novas e a trazer todas as coisas à submissão
da ordem de Deus, defendendo e vivendo a verdade de Deus nas condições
históricas e culturais únicas de nossa era".5

Assim, não podemos nos omitir de mostrar ao mundo as ideologias que arruinam o
homem, ao mesmo tempo em que “anunciamos as virtudes daquele que nos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz”. Paulo, por exemplo, após a conversão de muitas
pessoas em Éfeso, protagonizou um ato público de queimar, "na presença de todos",
inúmeros livros de magia (At 19.19). Por que ele fez aquilo? A igreja estava apontando a
necessidade da mudança dos paradigmas para a sociedade!

CONCLUSÃO

Hoje, às vésperas das eleições presidenciais de 30 de outubro, precisamos,


igualmente, escolher o projeto político que mais se assemelhe ao padrões estabelecidos
por Deus. Por certo, nunca haverá uma organização humana perfeita, seja igreja, partido
político ou governo, haja vista todos nós somos falíveis, mas devemos buscar que nossa
nação seja construída com bases teóricas cristãs — a sã doutrina — legando para nossos
filhos e netos um país em que se pode servir a Deus com liberdade.

Natal, 10 de outubro de 2022.

PR. MARTIM ALVES DA SILVA

Presidente da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no RN - IEADERN

e da Convenção de Ministros do Estado - CEMADERN.

5COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E Agora, Como viveremos? 2ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p. 35.

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