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Relatório Quinzenal (28/12/2020 a 11/01/2021)

Nesta quinzena, comecei o trabalho de análise do artigo Marcas de dentes


de carnívoros/carniceiros em mamíferos pleistocênicos do nordeste do Brasil. Assim,
me serviu como fonte o texto da Revista Brasil Paleontol, de setembro a novembro
de 2011. As marcas de dentes de carnívoros/carniceiros em fósseis de mamíferos
pleistocênicos foram coletadas no Nordeste do Brasil, e foram procedentes do
Tanque Jirau, que fica localizado em Itapipoca, Estado do Ceará. Fotos do Tanque
do Jirau estarão anexadas a este relatório. Ademais, esta foi uma quinzena de
conhecimento para mim, pois foi nela que comecei a frequentar o Laboratório de
Arqueologia e Paleontologia da UEPB – LABAP-UEPB.

O artigo tem por objetivo descrever as marcas de carnívoros/carniceiros que


foram encontradas no Tanque do Jirau. Até o presente momento, marcas como
essas não estão presentes no conjunto de assinaturas tafonômicas elencado para
os depósitos de vertebrados pleistocênicos do Nordeste do Brasil. O principal
objetivo do projeto era o de tentar associar as marcas a algum dos táxons de
carnívoros conhecidos para as acumulações fossilíferas do Pleistoceno tardio
brasileiro.

Em relação ao material e aos métodos utilizados, os fósseis foram coletados


no Sítio Paleontológico do Jirau, como vemos na figura 1, em uma espécie de
depósito do tipo tanque, como vemos na figura 2. A localização fica a 35 km a
noroeste da sede do Município de Itapipoca, estado do Ceará. Os fósseis
procedentes do Tanque do Jirau são atribuídos ao Pleistoceno tardio pela presença
das espécies Notiomastodon e Xenorhinotherium bahiense. Para identificação,
elas foram comparadas com fotografias de espécimes portando feições semelhantes
pertencentes à coleção paleontológica da University of Nevada, nos Estados Unidos
da América.
O Artigo ainda cita os resultados e discussões acerca desta
descoberta. Foram identificadas marcas de dentes de carnívoros/carniceiros em 26
dos 4.149 elementos esqueletais coletados no Tanque do Jirau. Os elementos
esqueletais que apresentam marcas de dentes são listados na Tabela 1.

Figura 1 Figura 2

Tabela 1

Também excluiu-se a possibilidade dessas feições terem sido produzidas


durante a coleta ou preparação dos fósseis, pois neste caso a depressão resultante
das ferramentas de preparação ou coleta apresentaria cor diferente da superfície
óssea não afetada. Além disso, os elementos esqueletais apresentam marcas de
dessecação possivelmente resultante da exposição tanatocenose ao intemperismo e
ranhuras provavelmente geradas por pisoteio antes do soterramento. Ainda, sobre o
pisoteio, foi excluída a hipótese das feições terem sido produzidas por eles, pois em
fósseis com esse tipo de marca os arranhões não apresentam um padrão de
orientação definido.

As marcas de dentes encontradas, segundo Haynes (1983), são do tipo


“scratches”, e são geradas principalmente por canídeos de grande porte. Estes
geralmente possuíam o hábito de mordiscar ossos, assim arrastando os seus dentes
sobre a superfície e formando marcas lineares semelhantes a arranhões, que são
usualmente perdendiculares em relação ao eixo maior do osso, como podemos ver
na figura 3. “Scratches” posicionados dessa forma são característicos de carcaças
em estágio final de utilização por carniceiros, segundo o próprio Haynes (1983).

Assim sendo, foi registrada pela primeira vez a ocorrência de marcas de


dentes de carnívoros/carniceiros em mamíferos pleistocênicos coletados no
Nordeste do Brasil.

Arthur Franklin Ferreira Lopes

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