Nesta quinzena, comecei o trabalho de análise do artigo Marcas de dentes
de carnívoros/carniceiros em mamíferos pleistocênicos do nordeste do Brasil. Assim, me serviu como fonte o texto da Revista Brasil Paleontol, de setembro a novembro de 2011. As marcas de dentes de carnívoros/carniceiros em fósseis de mamíferos pleistocênicos foram coletadas no Nordeste do Brasil, e foram procedentes do Tanque Jirau, que fica localizado em Itapipoca, Estado do Ceará. Fotos do Tanque do Jirau estarão anexadas a este relatório. Ademais, esta foi uma quinzena de conhecimento para mim, pois foi nela que comecei a frequentar o Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB – LABAP-UEPB.
O artigo tem por objetivo descrever as marcas de carnívoros/carniceiros que
foram encontradas no Tanque do Jirau. Até o presente momento, marcas como essas não estão presentes no conjunto de assinaturas tafonômicas elencado para os depósitos de vertebrados pleistocênicos do Nordeste do Brasil. O principal objetivo do projeto era o de tentar associar as marcas a algum dos táxons de carnívoros conhecidos para as acumulações fossilíferas do Pleistoceno tardio brasileiro.
Em relação ao material e aos métodos utilizados, os fósseis foram coletados
no Sítio Paleontológico do Jirau, como vemos na figura 1, em uma espécie de depósito do tipo tanque, como vemos na figura 2. A localização fica a 35 km a noroeste da sede do Município de Itapipoca, estado do Ceará. Os fósseis procedentes do Tanque do Jirau são atribuídos ao Pleistoceno tardio pela presença das espécies Notiomastodon e Xenorhinotherium bahiense. Para identificação, elas foram comparadas com fotografias de espécimes portando feições semelhantes pertencentes à coleção paleontológica da University of Nevada, nos Estados Unidos da América. O Artigo ainda cita os resultados e discussões acerca desta descoberta. Foram identificadas marcas de dentes de carnívoros/carniceiros em 26 dos 4.149 elementos esqueletais coletados no Tanque do Jirau. Os elementos esqueletais que apresentam marcas de dentes são listados na Tabela 1.
Figura 1 Figura 2
Tabela 1
Também excluiu-se a possibilidade dessas feições terem sido produzidas
durante a coleta ou preparação dos fósseis, pois neste caso a depressão resultante das ferramentas de preparação ou coleta apresentaria cor diferente da superfície óssea não afetada. Além disso, os elementos esqueletais apresentam marcas de dessecação possivelmente resultante da exposição tanatocenose ao intemperismo e ranhuras provavelmente geradas por pisoteio antes do soterramento. Ainda, sobre o pisoteio, foi excluída a hipótese das feições terem sido produzidas por eles, pois em fósseis com esse tipo de marca os arranhões não apresentam um padrão de orientação definido.
As marcas de dentes encontradas, segundo Haynes (1983), são do tipo
“scratches”, e são geradas principalmente por canídeos de grande porte. Estes geralmente possuíam o hábito de mordiscar ossos, assim arrastando os seus dentes sobre a superfície e formando marcas lineares semelhantes a arranhões, que são usualmente perdendiculares em relação ao eixo maior do osso, como podemos ver na figura 3. “Scratches” posicionados dessa forma são característicos de carcaças em estágio final de utilização por carniceiros, segundo o próprio Haynes (1983).
Assim sendo, foi registrada pela primeira vez a ocorrência de marcas de
dentes de carnívoros/carniceiros em mamíferos pleistocênicos coletados no Nordeste do Brasil.