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RESUMO
Contribution to the study of the Petalodont Itapyrodus punctatus Silva Santos, 1990
ABSTRACT
This paper deals with early Permian Petalodontiformes Chondrichthyes from Brazilian Paraná
Basin. Silva Santos (1990) described the species Itapyrodus punctatus, from the early Permian
Pedra do Fogo Formation, northeastern Brazialian Parnaíba Basin, reporting also its presence in the
southeastern Brazilian Paraná Basin. He pointed out its heterodont system with symphisian and
posterior-lateral teeth for crushing. One conglomeratic sandstone outcrop from the municipality of
Rio Claro, east-center State of São Paulo, Brazil is noteworthy for the large array of teeth of this
species. This outcrop is located at the base of the Taquaral Member, Irati Formation, Early Permian
of the Paraná Basin. It was possible, then, to recognize symphisian and posterior-lateral teeth as
well as intermediate and frontal teeth not before observed by previous researchers. The justaposition
of the teeth allows an interpretation of their position in the jaw forming a dental plate.
Figura 1 - Mapa do Estado de São Paulo, destacando a faixa de ocorrência da Formação Irati. Abaixo mapa local
destacando as principais rodovias de acesso ao Sítio Santa Maria.
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3 PALEONTOLOGIA SISTEMÁTICA ocupava na boca do animal. O ângulo formado
entre as faces é um dos principais critérios para
Classe CHONDRICHTHYES distinguir dentes sinfisianos, pois é sempre um
Subclasse HOLOCEPHALI ângulo agudo.
Ordem PETALODONTIFORMES Uma extremidade lateral da coroa é
Família PETALODONTIDAE arredondada, por vezes pontiaguda, voltada para
Itapyrodus punctatus Silva Santos 1990 baixo e outra angulosa, cuja superfície pode
Figs. 2 - 3 apresentar uma pequena concavidade ou ser
plana. A face labial normalmente é convexa,
Espécie tipo - Itapyrodus punctatus Silva enquanto a lingual apresenta certa concavidade.
Santos 1990. Porém, em raros casos, ambas podem ser
Distribuições Geográficas e côncavas ou convexas.
Estratigráficas – Permiano da Formação Pedra A base é bilobada, com a mesma largura
do Fogo do Maranhão e base da Formação Irati da coroa com uma concavidade central na face
do Estado de São Paulo. inferior. Em poucos exemplares o caráter
Diagnose genérica (Silva Santos, 1990) - côncavo e bilobado está ausente e a base é
Elasmobranchii conhecido somente pelos plana.
dentes. Dentição com heterodontia, Características gerais dos dentes póstero
distinguindo-se dentes sinfisianos e dentes - laterais - Os dentes póstero - laterais são
póstero-laterais para trituração. Dentes em identificáveis pela coroa baixa e larga, com uma
séries, justapostos entre si, não formando placas superfície convexa ou aplainada na face labial e
dentárias. Todos os dentes com a coroa lisa. ligeiramente côncava na lingual. A face lingual
Dentes sinfisianos com a coroa alta, alongada e nesses dentes sempre é muito menor que a labial
comprimida no sentido transversal, e levemente (metade do tamanho). O ângulo formado entre
inclinada para a face interna (lingual). Margem as faces labial e lingual é, em geral, obtuso,
superior da coroa com os extremos bem porém exemplares com estas faces em ângulo
distintos: o do lado próximo da sínfise com o reto não são incomuns.
contorno arredondado e o oposto pontiagudo e A margem superior da coroa exibe
algo inclinado para baixo. Dentes para trituração pequena curvatura, porém não forma uma crista
com a coroa baixa, moderadamente convexa ou longitudinal. As extremidades laterais da coroa
quase plana. Base de fixação (raiz) baixa, de são diferenciadas: em um lado arredondado e
superfície lisa e côncava. Bordas laterais da outro, anguloso ou reto, sem inclinação.
base de fixação com fortes sulcos e saliências.
Coroa formada de uma dentina tubular, sem Descrição dos principais exemplares
esmalte e ausência de tecido trabecular Dentes sinfisianos
diferenciado na base de fixação.
Diagnose específica- gênero Material -GP/2E-5926. GP/2E-3756.
monoespecífico. GP/2E-5927. Dentes completos.
Estratigrafia - Camada de arenito Descrição de GP/2E-5926 (Figs. 2A-F)
conglomerático da base do Membro Taquaral, O dente possui uma coroa comprimida voltada
Formação Irati. para face lingual e uma crista desgastada no
Características gerais dos dentes topo, disposta diagonalmente entre as laterais. A
sinfisianos - Os dentes sinfisianos possuem face labial é plana até próxima da base de
coroa alta, alongada longitudinalmente (sentido articulação, onde apresenta uma pequena
anterior - posterior, entre as laterais), mas convexidade. A face lingual é menor que a
comprimida transversalmente (sentido labial - labial e com uma concavidade na região central.
lingual), formando uma crista longitudinal Em vista transversal o dente tem o formato de
aguda com inclinação para a face lingual. A "A" irregular, estando encurvado em um dos
relação de largura das faces lingual - labial lados. A base articulatória é lisa e bilobada e
varia, sendo que a face lingual pode ser maior está disposta longitudinalmente. O lobo na face
ou menor, dependendo da região que o dente labial é aproximadamente 1,5 vezes maior que o
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da face lingual. O comprimento máximo é de 14,2mm, a região articulatória da base tem
6.3 mm; a altura medida na face labial é de 5,1 comprimento menor que a coroa, com 11,6mm,
mm, e na face lingual é menor, 4,2mm. A crista e a largura é de 7,1mm.
mede 5,9mm de comprimento, a região O aspecto pontuado ocorre em toda a
articulatória tem 4,6mm e a largura é de 3,6mm. superfície, revelando detalhes da dentina
Ainda nas faces labial e lingual, a porção tubular. Nas faces lingual e labial os pontos são
anterior exibe uma ponta arredondada e um circulares, ovais ou irregulares (em forma de
encurvamento para baixo, enquanto a posterior é oito), provável ramificação superficial da
reta e angulosa. dentina tubular. Em vista transversal é possível
A parte superior da coroa exibe duas constatar os tubos alongados de dentina tubular.
pequenas convexidades, a primeira alongada nas Descrição de GP/2E-5927 (Figs. 2L-Q)
regiões central e posterior, e a outra mais Este exemplar difere dos outros pelas faces
acentuada na face anterior do dente. Em ambas labial e lingual retas, sem curvaturas nem
as faces puderam ser observadas concavidades, concavidades centrais. A coroa é comprimida
abaixo da ponta arredondada na face anterior e em sentido lingual-labial e a crista na parte
na parte central superior da coroa na face superior está disposta quase longitudinalmente
posterior. no sentido anterior - posterior. Apresenta
O espécime está muito desgastado, também uma convexidade um pouco mais
deixando bem evidente o aspecto pontuado da acentuada na região posterior do dente.
superfície de todas as faces. Em vistas anterior e posterior o exemplar
Descrição de GP/2E-3756 (Figs. 2G-K) possui formato de triângulo isóscele. Na região
O exemplar é quase idêntico ao primeiro, porém de articulação, a base apresenta saliências,
muito mais desgastado, com acentuado sendo na face lingual mais proeminente, o que
arredondamento das laterais. A única diferença serviu para diferenciar as faces.
em relação ao primeiro está na crista que em O comprimento máximo é igual ao da
GP/2E-3756 é muito mais proeminente, com crista, 8,4mm e a altura é igual nas faces labial e
destacado caráter cortante não serrilhado. lingual, 6,4 mm. A região articulatória tem
O dente é o maior exemplar desta 7,0mm de comprimento e 5,1mm de largura.
espécie encontrado até agora no país, com Neste exemplar, como nos anteriores, o
comprimento máximo de 20,4mm, altura da desgaste revelou o aspecto pontuado da dentina
face labial de 16,5mm e altura da face lingual de tubular em todas as faces.
13,4mm. O comprimento da crista é de
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Figura 2 – Dentes sinfisianos de Itapyrodus punctatus. Espécime GP/2E-5926: A) Vista labial; B) Vista lingual; C)
Vista oclusal; D) e E) Vistas laterais; F) Vista inferior. Escala: 2mm. Espécime GP/2E-3756: G) Vista lingual; H) Vista
labial; I) Vista lateral; J) Vista oclusal; K) Vista inferior. Escala: 10mm. Sinfisiano espécime 3 (GP/2E-5927): L) Vista
lingual; M) Vista labial; N) Vista oclusal; O) e P) Vistas laterais; Q) Vista inferior. Escala 2mm. Póstero-lateral
(GP/2E-5928): R) Vista labial; S) Vista lingual; T) Vista lateral; U) Vista oclusal; V) Vista inferior. Escala 2mm.
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na posterior o prolongamento é menor. Em base é possível observar a presença de saliências
ambos os lados são observadas pequenas ósseas e crenulações.
concavidades centrais. O comprimento máximo do dente é de
A base de articulação é plana, com 13,7mm, a altura; 5 mm, e a largura; 12 mm. A
exceção próxima à parte lingual onde ocorre face labial tem 8 mm no sentido labial-lingual e
uma pequena concavidade. Na superfície da 12 mm de comprimento entre as laterais,
enquanto a lingual tem 12mm e 5mm de altura.
Figura 3 - Exemplar 2 de dente látero-posterior (GP/2E-6290). A) Vista labial - oclusal; B) Vista lingual; C) Vista
labial; D) Vista inferior. Escala 5mm. Exemplar 3 (GP/2E-6304) de dente látero posterior. E) Vista labial - oclusal; F)
Vista inferior; G) Vista lingual; H) Vista lateral. Escala 2mm. Dente incomum de Itapyrodus punctatus (GP/2E-6258).
I) Vista lingual; J) Vista labial oclusal; K) Vista inferior; L) e M) Vistas laterais. Escala 10mm.
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sagital, como em outros gêneros de região posterior da mandíbula (Elliott, et. al.
Petalodontiformes, como Janassa. 2004; Lebedev, 2008).
Segundo Silva Santos (1990), a Moy-Thomas & Miles (1971), Zangerl
classificação de Itapyrodus punctatus dentro de (1981), Long (1995) e Janvier (1996) colocaram
Petalodontiformes é segura, pois os dentes se os petalodontes como animais típicos de
assemelham muito com os dentes de ambientes costeiros e de águas rasas do
Chomatodus, Climaxodus e algumas variedades Neopaleozóico. No Brasil os Petalodontiformes
dentro do gênero Petalodus, no que diz respeito, ocorrem associados não a fósseis marinhos, mas
principalmente, à forma, morfologia das faces sim, em algumas localidades, a animais
labial-lingual, a coroa alta nos dentes continentais (anfíbios), de águas doces e de
sinfisianos. baixa salinidade (xenacantídeos) (Ragonha,
Nos trabalho realizado na Formação 1978, Silva Santos, 1990, Santos, 1994; Toledo,
Pedra do Fogo Silva Santos (1990) a sequencia 2001; Chahud, 2007; Chahud & Fairchild, 2003;
completa dos dentes não foi verificada. No atual 2005). Talvez estes petalodontes representem
estudo foi considerada a existência de um dente uma linhagem que desenvolveu tolerância a
realmente frontal, GP/2E-5927, e de espécimes ambientes menos salinos nas bacias
que caracterizariam uma sequencia ininterrupta intracratônicas brasileiras durante o Permiano.
entre os sinfisianos e os póstero-laterais, dentes A área de abrangência geográfica do
intermediários GP/2E-5925 e GP/2E-6258, e Itapyrodus punctatus é uma das maiores entre
que a mudança na dentição foi gradual, como os vertebrados paleozóicos brasileiros, com
ocorre em Climaxodus (Woodward, 1919). exemplares encontrados no nordeste e sudeste.
Climaxodus e Chomatodus apesar de Sua origem é controversa podendo estar
terem sequencia dentária similar possuem relacionada a depósitos eopermianos de outras
formatos diferentes no comprimento e na bacias gondwânicas.
ornamentação da parte superior da coroa A Formação Copacabana da Bolívia, é
(Woodward, 1919; Zangerl, 1981). Climaxodus única outra localidade na America do Sul com
também não apresenta dentes exclusivos para fósseis de Petalodontiformes (Merino-Rodo &
trituração como em Itapyrodus e sim um dente Janvier, 1986; Janvier, 1996), porém o gênero
maior e mais alongado na parte lateral da observado lá é Megactenopetalus, uma forma
mandíbula. diferente das observadas nas Bacias do Parnaíba
Silva Santos (1990) apenas ilustrou um e Paraná, por isso ainda não se pode ter certeza
dente póstero-lateral, que seria um equivalente sobre sua origem.
do exemplar GP/2E-6290. A semelhança com os
exemplares GP/2E-5928 e GP/2E-6304 do
presente estudo revela que este tipo de dente REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
provavelmente deveria ter sido intermediário
entre ambos e que o exemplar GP/2E-6304 seria CHAHUD, A. Paleontologia de Vertebrados da
o ultimo dente da sequencia e o que apresentou Transição entre os grupos Tubarão e Passa
mais características de dentes destinado a Dois no Centro-Leste do Estado de São Paulo.
trituração e que GP/2E-5928 seria o primeiro Programa de Pós-graduação em Geologia
ainda com a coroa pouco mais alta. Sedimentar. IGc-USP. São Paulo. Dissertação
A comparação com Climaxodus é válida, de Mestrado. 2007.
pois a sequência de dentes na boca de
Itapyrodus punctatus deveria ser idêntica, CHAHUD, A. & FAIRCHILD, T. R.
principalmente com relação aos dentes postero- Paleoictiologia da transição das Formações
laterais e que como sugeriu Silva Santos (1990), Tatuí e Taquaral (Permiano), no Alto Estrutural
apenas teriam a fileira esquerda e direita. Um do Pitanga. In: XVIII CONGRESSO
ponto que reforçaria esta hipótese e a grande BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA.
face labial alongada. Essa característica também Brasília, Boletim de Resumos. 2003. p. 321.
é sugerida para outros Holocephali como
Lagarodus e Psammodus, com uma ou mais CHAHUD, A. & FAIRCHILD, T. R. Tubarões
placas destinadas a trituração, em cada lado da paleozóicos da transição entre os Grupos
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Tubarão e Passa Dois (Permiano), no Alto MOY-THOMAS, J. A. & MILES, R.
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LONG, J. A. The Rise of Fishes: 500 Million apto 14. Bairro Bom Retiro. São Paulo. SP - Brasil. CEP:
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