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Universidade Federal do Rio Grande - FURG

17ª Mostra da Produção Universitária - MPU


Rio Grande/RS, Brasil, 01 a 03 de outubro de 2018
ISSN: 2317-4420

A COLEÇÃO DE ELASMOBRÂNQUIOS DO LABORATÓRIO DE


GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA DA FURG

MEDEIROS, Sheron; FRANCISCHINI, Heitor;


DENTZIEN-DIAS, Paula
sheron.medeiros@hotmail.com
Universidade Federal do Rio Grande

Palavras-chave: Quaternário; Fósseis; Selachimorpha; Bathoidea.

1 INTRODUÇÃO
A Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS) foi formada durante o
Quaternário por eventos transgressivos e regressivos do nível médio do mar,
tendo uma extensão de 620 km (Villwock & Tomazelli, 1995). Ao longo da
PCRS são encontrados diversos fósseis, entretanto, uma região localizada
mais ao sul é conhecida por haver frequentemente uma grande concentração
fossilífera de cascalhos biodetríticos na linha de praia atual, sendo conhecida
como Concheiros do Albardão. Nessa região comumente são encontrados
fósseis desarticulados de elasmobrânquios, como dentes, placas dentárias e,
raramente, vértebras (Richter, 1987), sendo essas as partes do corpo
resistentes aos processos diagenéticos, pois outras partes do corpo são
composto de tecidos cartilaginosos, que facilmente se degradam.
O objetivo deste trabalho tem como apresentar os resultados da análise
quantitativa dos materiais fósseis de elasmobrânquios presentes na coleção do
Laboratório de Geologia e Paleontologia da Universidade Federal do Rio
Grande (LGP – FURG).

2 METODOLOGIA
O Laboratório de Geologia e Paleontologia conta com cerca de 4104
fósseis de elasmobrânquios que foram coletados em saídas de campos
realizadas esporadicamente para região do Concheiros, com duração de
entorno de 2 a 3 dias. Após serem coletados, esses materiais foram
encaminhados para o laboratório, passando por um processo de separação e
identificação com base na comparação com materiais de elasmobrânquios
atuais e bibliografia. Posteriormente, os materiais receberam um número de
tombamento.

3 RESULTADOS e DISCUSSÃO
Dos 4104 materiais tombados na coleção do LGP, 2750 dentes, 21
centros vertebrais e oito cartilagens rostrais puderam ser atribuídos a
Selachimorpha (tubarões), e 1320 placas dentárias, três espinhos caudais e
dois ossículos dérmicos foram atribuídos a Bathoidea (raias) (fig. 1).
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17ª Mostra da Produção Universitária - MPU
Rio Grande/RS, Brasil, 01 a 03 de outubro de 2018
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Dentre os Selachimorpha foram identificadas 4 ordens e 18 espécies. A


Ordem Carcharhiniformes inclui Carcharhinus leucas (130 dentes),
Carcharhinus limbatus (um único dente), Carcharhinus isodon (dois dentes),
Carcharhinus obscurus (dois dentes), Carcharhinus signatus (um único dente),
Carcharhinus spp. (300 dentes), Galeocerdo cuvier (10 dentes), Galeorhinus
galeus (um único dente), Negaprion brevirostris (68 dentes), Prionace glauca
(nove dentes), Rhizoprionodon sp. (um único dente) e Sphyrna spp. (59
dentes). A Ordem Hexanchiformes é representada apenas pela espécie
Notorynchus cepedianus (quatro dentes). A Ordem Lamniformes está
representada pelas espécies Carcharias taurus (1595 dentes), Carcharodon
carcharias (228 dentes), Isurus oxirynchus (78 dentes) e Odontapsis noronhai
(24 dentes). A ordem Squatiniformes é a mais pobremente representada, com
um único dente atribuído ao gênero Squatina sp.. Até o momento, não foi
possível identificar 236 dentes, devido ao seu baixo grau de preservação.
Dentre os 21 centros vertebrais, foram possíveis identificar e separar
dois morfotipos, sendo ambos compostos por uma estrutura de cone duplo
unido em um ponto na região medial (centro anficélico) do centro vertebral. O
Morfotipo Lamnoide, composto por 13 centros vertebrais, é formado por um
cone duplo circundado por várias lamelas finas e radiais. Já o Morfotipo
Carcharhinoide inclui oito vertebras, tendo a porção interna dos cones duplos
circundada por uma bainha mineralizada. A partir das espécies presente na
coleção, pode se esperar que as vértebras do morfotipo tipo Lamnoide ocorra
nas espécies C. taurus, C. carcharias, I. oxirynchus e O. noronhai. Já no
morfotipo Carcharhinoide espera-se que ocorra nas espécies do gênero
Carcharhinus spp, G. cuvier, G. galeus, N. brevirostris, P. glauca,
Rhizoprionodon sp. e Sphyrna spp..
Na coleção encontra-se oito cartilagens rostrais, entretanto, devido o seu
grau de deformidade e falta de caracteres diagnósticos, não se foi possível
identificá-las a nível de espécies.
Os materiais fósseis atribuídos a Bathoidea, presentes na coleção, não
foram identificados em nível de espécie, até o momento, devido,
principalmente, ao estado de retrabalhamento e abrasão. De todas as 1320
placas dentárias, apenas 2 se encontram articuladas.

Figura 1 - A: Alguns exemplares de dentes de Selachimorpha, da esquerda


para direita: Carcharhinus spp., C. leucas, N. brevirostris, C. taurus, Sphyrna spp., G.
cuvier, C. carcharias, N. cepedianus, C. obscurus e G. galeus. B: Vertebras do
morfotipo Lamnoide. C: Vertebras do morfotipo Carcharhinoide. D: Dois exemplares de
cartilagens rostrais. E: Exemplares de placas dentarias articuladas e avulsas de
Bathoidea. F: Um exemplar de espinho caudais. G: Dois exemplares de ossículos
dérmicos. (Escala de 1cm)
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre os vertebrados marinhos encontrados na PCRS os
elasmobrânquios são os mais abundantes. A semelhança da fauna aquática
Quaternária com a atual leva a crer que estes fósseis foram preservados em
condições ambientais semelhantes às atuais. Entretanto, a grande quantidade
de dentes fósseis de Carcharodon carcharias (tubarão branco) indica que o
mesmo era mais abundante durante o Quaternário do que atualmente, visto
que sua ocorrência é rara (Gadig & Rosa, 1996). A análise das placas de raias
está em sua fase inicial, sendo que posteriormente estas serão comparadas
com as das atuais.

5 REFERÊNCIAS

GADIG, Otto; ROSA, Ricardo. 1996. Occurrence and distribution of the


white shark, Carcharodon carcharias, in Brazilian waters. In: Klimley, P. A.
& Ainley, D. G.. (Org.). Biology of White Shark. 1ed.San Diego: Academic
Press, p. 347-350.
RICHTER, Martha. 1987. Osteichthyes e Elasmobranchii Pisces da Bacia
de Pelotas Quaternário de Rio Grande do Sul Brasil. Revista Paula
Coutiana. Porto Alegre, p. 1 – 37.
VILLWOCK, Jorge Alberto.; TOMAZELLI, Luiz José. 1995. Geologia costeira
do Rio Grande do Sul. Notas Técnicas. CECO, Instituto de Geociências,
UFRGS, Porto Alegre, n.8, p. 45.

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