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FACULDADE DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA
MESTRADO EM ZOOLOGIA
Porto Alegre
2011
LAUTARO MAXIMILIAN HILBERT
Porto Alegre
2011
LAUTARO MAXIMILIAN HILBERT
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________
Prof. Dr. Arno Alvarez Kern – PUCRS
_________________________________________
Prof. Dr. Levy Figuti – USP
_________________________________________
Profa. Dra. Adriana Schmidt Dias – UFRGS
Dedico este trabalho
à memória de minha avó, Eva Hilbert e aos meus amigos.
AGRADECIMENTOS
Ernest Hemingway The Old Man and the Sea, 1952, p.75.
Resumo
*
Por convenção o ano de 1950 é usado como referência para as datas antes do presente.
Abstract
The present dissertation intends to analyze fish remains found in the archeological
sites of: Sambaqui do Recreio (LII-18), Sambaqui de Itapeva (RS-LN-201) and Sambaqui da
Dorva (LII-43). The first two situated in the município of Torres, and the third in the
município of Três Cachoeiras, northern littoral of Rio Grande do Sul. The Recreio shell
mound has a carbon-14 date of aproximetly 3.540 ± 50 B.P.*, the Itapeva shell mound has
3.130 ± 40 B.P. and 1.110 ± 40 B.P. for the Dorva site. The species found will be identified
using a specialized bibliography of the respective area and a bone reference collection.
This project is characterized by its broad, interdisciplinary characteristic. This is
necessary due to the complexity of multiple factors, as much as cultural as natural that
contributed to the formation of the shell mounds. The diversity between the application of
many biological, historical and geographical concepts and methods may formulate a possible
understanding, by means of the fish remains excavated in this shell mound, to the cultural,
social and ambiental ways that contribute to the formation of this kind of category of
archeological site.
Through the identification of habit and habitat of each species, it will be possible to
correlate them to the different fishing artifacts, this way, we can comprehend the possible
techniques employed by the people who once occupied the shell mounds. Ultimately, we will
compare the results of each site to each other, so that way we can achieve a greater
understanding of the shell mound culture in their fishing activities.
*
By convention, the date 1950 is used as reference to before present.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
Robert A. Heinlein
ICTIOARQUEOLOGIA
DOS PESCADORES-COLETORES DOS SAMBAQUIS
Wilson Mizner
Restos [ósseos] de peixes podem nos dizer algo sobre a antiga distribuição
de uma espécie, a época de sua introdução e/ou a extinção da espécie,
[dados] paleoclimáticos em geral, e especialmente algo sobre as preferências
alimentícias de habitantes pré-históricos e de antigos povoamentos, [parte]
do meio ambiente em que viviam, seus métodos de pesca, a estação em que
o peixe foi pescado, e a domesticação de certas espécies (CLASON, 1986,
p.1) (tradução nossa).
Foi contudo, nos anos de 1960-70 que Johannes Lepiksaar motivou um importante
ímpeto no estudo de sub-fósseis de vestígios de peixes (CLASON, 1986). Zoólogo envolvido
com pesquisas relacionadas a vestígios faunísticos encontrados em sítios arqueológicos,
possuía um amplo conhecimento sobre anatomia de peixes (OLSON, 2008). Também foi um
especialista na história dos vertebrados do Holoceno do norte da Europa e em processos
tafonômicos de vestígios animais (e.g. LEPIKSAAR, 1967, 1974, 1986 e 1989). Heirich e
Lepiksaar (1977) analisaram juntos os restos faunísticos de peixes no sitio arqueológico de
Haithabu, na Alemanha. A publicação dos resultados do sítio arqueológico citado acima é
considerado um marco para trabalhos de Ictioarqueologia.
Para Clason (1986) se Rütimeyer foi o pai da Zooarqueologia, Lepiskaar foi o pai da
Ictioarqueologia.
Nos trabalhos brasileiros sobre Zooarquologia envolvendo sambaquis podemos
destacar os de Garcia (1970) Jacobus e Gil (1987) Figuti (1988, 1989, 1999) Rosa (1995,
1998, 2006, 2008), Brentano; Rosa; Schmitz (2006), Teixeira (2006) e Pacheco (2008) entre
outros.
Na área da Ictioarqueologia, no Brasil, destacam-se os trabalhos de Ricken (2002) e
Gonzalez (2005). No entanto são raros os trabalhos publicados neste gênero, com ênfase nos
sambaquis. Nesse sentido, o presente trabalho busca ampliar o enfoque para a ciência
ictioarqueológica.
Estudos sobre a formação dos sambaquis* vêm sendo desenvolvidos desde o final do
século XIX. Estes montes resultantes do acúmulo progressivo e intencional de conchas em
tempos pré-históricos despertou o interesse de pesquisadores (GASPAR, 2000; LIMA, 2000).
Entendemos por sambaquis todos aqueles sítios arqueológicos costeiros que contém
conjuntos específicos de artefatos líticos, ósseos ou conchíferos associados a uma matriz
composta basicamente por carapaças de moluscos e ossos de peixes onde, por vezes, ocorrem
sepultamentos. Essa medida é apenas uma forma geral de definir ocupações que ocorrem ao
*
Palavra originada da língua tupi, tamba’ki onde tamba significa conchas e ki, amontoado (GASPAR, 2000,
p.9).
18
longo de toda a costa Sul e Sudeste brasileira nas quais especificidades regionais são comuns,
tanto na cultura material, quanto na estrutura interna dos sítios (WAGNER, 2009).
Os concheiros podem ser vistos em quase toda costa litorânea do mundo (NOLL,
2002). Leonardos em 1938, se referindo a um concheiro na Dinamarca, utilizou o termo
kjøkkenmøddinger, que significa “restos de cozinha” em dinamarquês (LEONARDOS, 1938,
p.2). São encontrados na costa atlântica e do Pacífico dos Estados Unidos (chamados de
shellmounds), nas Guianas, na costa do Peru, no Chile, na Argentina (chamados de
conchales), Portugal, Espanha, Alemanha, Malásia, Japão e Austrália (LEONARDOS, 1938;
LIMA, 2000). Foram construídos sobre embasamentos rochosos, em planícies, encostas ou
diretamente na areia. No Brasil ocorrem desde o Rio Grande do Sul até a Baía de Todos os
Santos basicamente no interior dos ambientes lagunares e estuários, uma vez que esses
favorecem o desenvolvimento de moluscos (NEVES, 1988).
Nas primeiras décadas e ao longo da primeira metade do século XX ainda perdurava
a discussão sobre a origem natural ou artificial dos sambaquis. Aqueles que acreditavam na
origem dos sambaquis como formações provenientes de ações naturais (naturalistas)
argumentam que, pela conseqüência das correntes marinhas, valvas de conchas mortas se
aglomeravam no fundo do mar, e com as regressões marinhas, ficaram na posição nas quais se
encontram atualmente. Ihering observando sambaquis de Guaratiba (RJ) concluía que as bases
rochosas teriam sido propícias para a instalação de colônias de moluscos que teriam formado
os concheiros (LEONARDOS, 1938).
Entretanto, estudiosos que acreditavam na formação natural destes concheiros,
enfrentaram um dilema em como explicar a presença de ossos humanos e dos artefatos ali
encontrados. Formaram então, uma terceira corrente conhecida como mista. Gliesch (1925,
p.28) em um relato que faz sobre os sambaquis argumenta que:
Após ter encontrado ossos humanos, artefatos líticos e utensílios cerâmicos, Gaspar da
Madre Deus (século XVIII), convencido de que os sambaquis eram de origem antrópica e que
serviam como um cemitério, menciona:
1962), Luis de Castro Faria (1952, 1955, 1959), João Alfredo Rohr (1961, 1962, 1966, 1974,
1983), André Prous (1972, 1990, 1995), entre outros (FARIAS, 2000).
A corrente naturalista sofre desdobramentos que contribuem para o entendimento da
origem e formação dos sambaquis. A desacreditada idéia que os sambaquis eram formações
naturais é substituída pelo conceito de que os sítios delimitam processos naturais (GASPAR,
2000). Nessa perspectiva, Gaspar (idem, p.15) cita a pesquisa onde Krone (1914) observa que
alguns concheiros estavam mais afastados que outros da linha costeira. Acreditava então, que
para explicar esse enigma deveria haver, ao longo dos anos, diferenças no nível do mar, ou
seja, a linha da costa litorânea atual, não seria a mesma de séculos anteriores. Dessa forma, os
sambaquis mais recentes deveriam estar próximos do mar, enquanto que os distantes seriam
mais antigos. Assim, Backheuser (1946) e Abreu (1947), especialmente, admitiam os
sambaquis como referência para demonstrar o recuo no nível do mar na costa meridional do
Brasil. Abreu (idem, p.388) afirmava que: “o homem do sambaqui acompanhou o secular
movimento do oceano”.
Fernão Cardim menciona a exploração dos casqueiros pelos portugueses que “destas
cascas fazem cal e de hum só monte se fez parte dos colégios da Bahia, os paços do
governador, e outros muitos edifícios...” (CARDIM, 1583[1939], apud FARIAS, 2000, p.15).
Lima (2000, p.286), sobre a exploração dos sambaquis discorre que:
Entre 10.000 e 8.000 A.P., a corrente fria das Malvinas provavelmente recuou, sendo
substituída por uma corrente de águas mais quentes (Corrente do Brasil) e, por consequência,
trouxe consigo maior umidade e assim, mais chuvas para o território gaúcho (AB’SÁBER,
1977; KERN, 1982).
No período que se prolongou entre 8.000 e 6.000 A.P., as temperaturas foram
lentamente se elevando. Assim sendo, os registros paleoecológicos sugerem que o
aquecimento climático do Holoceno inicia-se entre 8.000 e 6.000 A.P., quando condições
ambientais parecem ter sido mais quentes e secas do que as atuais (CLAPPERTON, 1993).
O clima mais úmido e a maior frequência de precipitações no início do Holoceno
sugerem que as espécies florestais pioneiras, provavelmente de locais vizinhos mais
interiorizados, se expandiram, ocasionando o aumento da vegetação arbórea (WERNECK e
LORSCHEITTER, 2001). Deste modo, Wagner (2009, p.7) ressalta que:
MATERIAIS E MÉTODOS:
ESCAVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO
O capítulo que se inicia tem por objetivo apresentar a localização e descrição dos
sítios arqueológicos propostos para este trabalho (Sambaqui de Itapeva, Sambaqui do Recreio
e Sambaqui da Dorva), assim como apresentar sua estratigrafia, os métodos e processos de
identificação dos vestígios de peixes.
Na Fig.01, delimitado pelo circulo vermelho, temos a área onde se encontra o
Sambaqui do Recreio (LII-18), Sambaqui de Itapeva (RS-LN-201) e Sambaqui da Dorva (LII-
43). Os dois primeiros estão situados no município de Torres e o último no município de Três
Cachoeiras, litoral Norte do Rio Grande do Sul.
conchas que se estende até o inicio da camada IV. Em torno de 35cm de profundidade (início
da camada IV) nota-se uma concentração de carvão e areia húmica, após essa observamos,
novamente, uma grande quantidade de valvas de conchas que se prolonga até o início da
ocupação do sítio arqueológico.
Figura 04. Vista parcial do Sambaqui do Recreio (Foto retirada de Wagner, 2009).
O Sambaqui do Recreio foi escavado pela primeira vez por Wagner em 2007. A
datação radiocarbônica foi feita pelo laboratório Beta Analytic Inc., sob o registro Beta-
232731, indicando a ocupação para 3.350 ± 50 A.P. (3700 a 3460 cal. - probabilidade 95%).
serão vistas no Capítulo 3. O corte realizado mede 50cm2 de largura por 250cm de
profundidade. O Sambaqui do Recreio se encontra sob aproximadamente 10 cm de areia.
O terceiro sítio aqui discutido e apresentado é o Sambaqui da Dorva (LII-43) (Fig. 06),
encontrado nas coordenadas geográficas: 29°25'29.68"S 49°52'44.90"O (localização obtida
utilizando-se o programa computacional Google Earth), encontra-se no Município de Três
Cachoeiras litoral norte rio-grandense, situa-se nos domínios da Floresta Ombrófila Densa, na
margem oeste da Lagoa dos Quadros. Assim como o Sambaqui do Recreio, o Sambaqui da
Dorva também foi inicialmente escavado por Wagner em 2008. A datação solicitada foi
realizada pelo laboratório Beta Analytic Inc. sob o registro Beta-244550, indicando a
ocupação para 1.110 ± 40 A.P. (1.080 a 940 cal.-probabilidade 95%) (WAGNER, 2009).
29
Figura 06. Sambaqui da Dorva, foto tirada durante sua sondagem em julho de 2009
(foto do autor).
Todos os sedimentos retirados das amostras dos sítios foram peneirados, em malha de
2mm, com água. Optou-se por peneirar o sedimento com água, pois isso garante uma melhor
amostragem, uma melhor visualização e também por danificar menos o material osteológico
(CLASON, 1986 e SCHEEL-YBERT, 2006). O peneiramento com água foi feito lavando-se
o sedimento da peneira com uma mangueira (Fig. 09). Após a secagem do material, que foi
feita naturalmente, ao ar livre, o material resultante foi acondicionado em sacos plásticos com
suas respectivas identificações.
foi embalado de acordo com sua camada e respectivo sítio de origem. As conchas, caracóis,
carvão e material lítico foram acondicionados separadamente em caixas identificadas
devidamente.
foram adicionados às tabelas estatísticas (NISP e MNI do Capítulo 3). Em algumas análises
de MNI não conseguimos chegar a conclusões satisfatórias em relação a quantidade de
indivíduos do grupo considerado “peixes”, assim sendo (já que esses ossos não modificarão
os valores das tabelas estatísticas) consideramos eles como sendo “?”, o que significa que
foram identificados mas sua abundancia não foi determinada.
2.5.2 Dominância
Para compreendermos quais foram as espécies mais abundantes, obtivemos a soma
total (NISP) dos vestígios identificados de cada um dos grupos taxonômicos para cada nível
do sambaqui e após convertermos esse valor em porcentagem, comparamos estes entre eles. A
espécie com maior freqüência percentual no nível em questão foi denominado de dominante
(e.g. uma espécie que foi a mais abundante em quatro níveis do sambaqui obteve o valor de
dominância 4). As tabelas de dominância encontram-se no Anexo 03.
CAPÍTULO 3
RESULTADOS:
ANÁLISES ICTIOARQUELÓGICAS
A A’
B B’
C C’
Figura 11. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B e C com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma subdivisão
dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
37
A A’
B B’
C C’
D D’
Figura 12. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B, C e D com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’,C’ e D’ apresenta uma
subdivisão dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
38
A A’
B B’
C C’
D D’
Figura 13. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B e C com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma subdivisão
dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
39
A A’
B B’
C C’
D D’
Figura 14. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B e C com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma subdivisão
dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
40
A A’
B B’
C C’
D D’
Figura 15. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B, C e D com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’, C’ e D apresenta uma
subdivisão dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
41
O total do peso dos 50 cm2 retirados do sambaqui é de 251,95 kg. Como se torna claro
a medida que vemos os gráficos do peso, notamos que o sambaqui é composto basicamente de
areia e valvas de conchas. Os vestígios de peixes representam, em média, 1,3% do peso total de
cada nível escavado e destes, aproximadamente, 17% foram utilizados para as análises do
Sambaqui de Itapeva.
Micropogonias
20-25 cm III Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 5 5
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 1 1
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 2 2
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 1 1
20-25 cm III Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1
20-25 cm III Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 1 1
20-25 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Scapulocoracóide 1 1
20-25 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
20-25 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 4 1
20-25 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 2 2
20-25 cm III Siluriformes Cleitro 1 1
20-25 cm III Siluriformes Espinho dorsal 2 2
Myliobatis
20-25 cm III Rajiformes Myliobatidae freminvillii Dentes 1 1
20-25 cm III “Peixes” Vértebra terminal 1 1
20-25 cm III “Peixes” Faringo-branquial 16 ?
20-25 cm III “Peixes” Quadrado 1 1
20-25 cm III “Peixes” Pterigióforo 4 ?
20-25 cm III “Peixes” Dente faringo-branquial 7 ?
20-25 cm III “Peixes” Escama 20 ?
20-25 cm III “Peixes” Raio 20 ?
20-25 cm III “Peixes” Dente unicúspide 1 1
25-30 cm III Perciformes Sciaenidae Basioccipital 1 1
25-30 cm III Perciformes Sciaenidae Escápula 1 1
25-30 cm III Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 1 1
25-30 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
25-30 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 1 1
25-30 cm III Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
25-30 cm III Perciformes Cichlidae Otólitos 1 1
25-30 cm III Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 1 1
25-30 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
25-30 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 7 2
25-30 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Pós-temporal 2 2
25-30 cm III Siluriformes Espinho dorsal 1 1
25-30 cm III “Peixes” Faringo-branquial 10 ?
25-30 cm III “Peixes” Dente faringo-branquial 8 ?
25-30 cm III “Peixes” Raio 18 ?
25-30 cm III “Peixes” Escama 9 ?
Micropogonias
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 8 7
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 7 5
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Escápula 3 2
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Hiomandibular 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 11 6
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 1 1
45
B B’
Figura 16. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada I. B-B’ camada II.
*
Não foi possível formatar, em itálico, os nomes das espécies nas tabelas de abundancia.
56
B B’
C C’
Figura 17. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada II. B-B’ e C-C’ camada III.
57
A A’
B B’
Figura 18. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada III. B-B’ camada IV.
58
A A’
B B’
Figura 19. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ camada IV.
59
Ainda observa-se, na Fig. 20 A-A’, a preferência por tainha, bagre e corvina. Troca-se,
a corvina pelo papa-terra em B-B’.
A A’
B B’
C C’
Figura 20. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada IV.
60
Percebe-se, agora, que nos níveis da Fig. 21 (A-A’, B-B’ e C-C’) uma maior pesca de
Hoplias sp. (traíra) e ciclídeos (cará) em ambas as análises em relação aos níveis anteriores.
Continuamos a ver a dominância de bagre e tainha na dieta.
A A’
B B’
C C’
Figura 21. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada V.
61
A A’
B B’
Figura 22. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ camada V.
O aumento da pesca da traíra atinge seu máximo nos níveis 85-90cm apresentado na
Fig. 23 A-A’ onde esta se torna a espécie mais abundante na alimentação. Deve-se salientar,
no entanto, que o bagre e a tainha sempre tiveram grande importância na dieta ao longo da
ocupação do sítio.
Vemos que no primeiro nível de ocupação, Fig. 23 B-B’, a tendência de pesca não
difere muito das camadas finais (e.g. camadas da Fig. 17 ), onde temos o bagre, a corvina e a
tainha como espécies dominantes.
62
A A’
B B’
Figura 23. Gráficos das variações da abundância relativa das espécies identificadas
para o sambaqui de Itapeva de acordo com o seu nível de profundidade. Frequências
expressas em log(x+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ nível V.
*
Será considerado início da ocupação os níveis 60-65cm a 90-95 cm.
**
IV será considerado como nível intermediário da ocupação as profundidades de 30-35 cm a 55-60 cm.
***
Será considerado como final da ocupação as camadas I, II e III (níveis 0-5 cm a 25-30).
63
NISP
Figura 24. Número de espécimes ósseos identificado por táxon (NISP) do sambaqui de
Itapeva das espécies com maior frequência de dominância (tabelas no Anexo 03). Frequências
expressas em log(X+1) no eixo y e níveis de profundidade do eixo x.
MNI
Figura 25. Número mínimo de indivíduos (MNI) do sambaqui de Itapeva das espécies
com maior frequência de dominância (tabelas no Anexo 03). Frequências expressas em
log(X+1) no eixo y.
percebe-se que a tainha é mais comum nas camadas iniciais e intermediárias. As duas análises
apontam que a tainha é a mais frequente nos níveis intermediários e que o bagre é o mais
dominante somente nos níveis finais. Já para o início da ocupação, MNI indica a tainha como
a mais frequente e para NISP é o bagre.
65
B B’
C C’
A A’
B B’
C C’
D’
A A’
B B’
C C’
Cerato-hial anterior e
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. posterior 1 1
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 4 3
90-95 cm III Siluriformes Dentário 1 1
90-95 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 1 1
90-95 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
90-95 cm III Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 1 1
90-95 cm III Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 1 1
90-95 cm III “Peixes” Maxilar 1 1
90-95 cm III “Peixes” Raios 53 ?
90-95 cm III “Peixes” Escápula 1 1
90-95 cm III “Peixes” Caudal 18 7
90-95 cm III “Peixes” Cerato-hial posterior 1 1
90-95 cm III “Peixes” Dente 3 2
Dente faringo-
90-95 cm III “Peixes” branquial 4 2
90-95 cm III “Peixes” Faringo-branquial 2 2
90-95 cm III “Peixes” Escamas 4 2
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 2
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 60 32
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Quadrado 1 1
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 1 1
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Dentário 5 4
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Articular 5 5
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 7 5
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 2 2
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 2 2
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 2 1
95-100 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
95-100 cm III Siluriformes Ápice do espinho 1 1
95-100 cm III Siluriformes Espinho peitoral 1 1
95-100 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 1 1
95-100 cm III Siluriformes Placas do neurocrânio 1 1
95-100 cm III “Peixes” Escápula 1 1
95-100 cm III “Peixes” Caudal 2 2
95-100 cm III “Peixes” Raios 33 ?
95-100 cm III “Peixes” Maxilar 2 2
95-100 cm III “Peixes” Escamas 10 2
95-100 cm III “Peixes” Faringo-branquial 4 2
Dente faringo-
95-100 cm III “Peixes” branquial 1 1
95-100 cm III “Peixes” Dente 1 1
Camada estéril
140-145 cm IV Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
140-145 cm IV Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 1 1
140-145 cm IV Perciformes Sciaenidae Dentário 1 1
140-145 cm IV Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
140-145 cm IV Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 6 3
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 3 2
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Articular 1 1
73
A A’
B B’
Figura 29. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
do Recreio de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ camada I.
75
A A’
B B’
Figura 30. Gráficos das variações da abundância relativa das espécies identificadas
para o sambaqui do Recreio de acordo com o seu nível de profundidade. Freqüências
expressas em log(X+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ I.
Na Fig. 31 A-A’ percebemos que a predominância na dieta varia de uma análise para a
outra. Na análise de NISP, o bagre e o jundiá (Rhandia sp.) são dominantes, já em MNI
vemos que são a tainha, a pescada (Cynoscion sp.) e a traíra (Hoplias sp.). Já em C-C’ surge
uma nova camada (II), na qual a tainha é a mais frequente, seguida do papa-terra
(Menticirrhus sp.).
76
A A’
B B’
C C’
Figura 31. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
do Recreio de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada II. B-B’ e C-C’ camada III
(camada IV) não é a mesma dos níveis iniciais, 0-5 cm e 5-10 cm (camada I), demonstrando
uma substituição completa da dieta.
A A’
B B’
C C’
Figura 32. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
do Recreio de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada II. B-B’ e C-C’ camada III.
Nas Figs. 33 e 34 temos as espécies mais abundantes para cada tipo de análise feita no
Sambaqui do Recreio.
Percebe-se que nas análises de NISP (Fig. 33) e de MNI (Fig. 34), as espécies que ao
longo da ocupação foram as mais consumidas, não continuaram a ser pescadas no nível final,
78
0-5 cm. Observamos que o bagre tem seus picos de abundância nos níveis finais do sambaqui
(0-5cm a 30-35cm) e que ao longo da formação deste sitio houve uma predominância de
tainha e papa-terra. Para o inicio da ocupação nota-se que a tainha foi fundamental para o
estabelecimento do grupo Sambaqui, no Recreio.
NISP
Figura 33. Número de espécimes ósseos identificados por táxon (NISP) do sambaqui
do recreio para as espécies com maior frequência de dominância. Freqüências expressas em
log(X+1) no eixo y.
Para as análises de MNI vemos poucas diferenças em relação a NISP. O bagre torna-
se mais abundante no final da ocupação (10-15cm a 30-35cm). Na camada II (nível 55-60 cm)
compreende-se que a tainha é a mais abundante. Na camada III (níveis 90-95 cm e 95-100
cm) nota-se a tendência alimentícia de tainha e papa-terra, e para o inicio da ocupação (nível
140-145 cm) percebemos que a tainha (assim como em NISP) foi fundamental para a
implantação deste sambaqui.
79
MNI
NISP
MNI
B B’
C C’
Figura 37. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui da Dorva. A, B e C com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma subdivisão
dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.
82
A A’
B B’
C C’
D D’
Figura 38. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui da Dorva. A, B, C e D com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’,C’ e D’ apresenta uma
subdivisão dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.
83
A A’
B B’
C C’
D D’
Figura 39. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui da Dorva. A, B, C e D com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’,C’ e D’ apresenta uma
subdivisão dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.
84
A A’
Figura 40. Gráfico do peso dos vestígios do Sambaqui da Dorva. “A” representa o total
de vestígios do concheiro. A’ apresenta uma subdivisão dos vestígios de peixes.
A A’
B B’
Figura 41. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
da Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(X+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ camada I.
88
A A’
B B’
C C’
Figura 42. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
da Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada I.
89
A A’
B B’
C C’
Figura 43. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
da Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(X+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada I.
90
A A’
B B’
C C’
Figura 44. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
da Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada I.
91
A A’
Figura 45. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
do Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(X+1) (eixo y). A-A’ camada I.
Superfície
Níveis estr
atigráficos Base da O
escavado cupação
s
Figura 46. Número de espécimes ósseos identificados por táxon (NISP) do Sambaqui
da Dorva para as espécies com maior frequência de dominância. Freqüências expressas em log
(x+1) no eixo y.
92
Com o intuito de contribuir na discussão deste trabalho, nesta secção iremos descrever
de forma breve o hábitat dos 17 diferentes grupos taxonômicos identificados nos sambaquis
analisados. Preferências do habitat e dados sobre a biologia das populações dos peixes
encontrados é fundamental para compreender as estratégias de pesca empregadas pelos
habitantes dos sambaquis (REITZ e WING, 1999).
Cichlidae (cará)
Os cichlideos são Perciformes de água doce com representantes na África, na América,
no Oriente Médio, Índia, Sri Lanka e Madagascar. Mesmo sendo uma família considerada
exclusiva de água doce, há casos registrados de ocorrências em águas salobras
(KULLANDER, 1983).
No litoral norte do estado ocorrem pelo menos duas espécies de ciclídeos:
Gymnogeophagus lacustris, espécie restrita às lagoas costeiras desta região (REIS, 1988) e
Geophagus brasiliensis de ampla distribuição nos rios costeiros do sudeste e sul do Brasil
(KULLANDER, 1983). Ambas muito semelhantes e conhecidas por cará ou cará-cartola. Pela
dificuldade em associar os ossos encontradas a uma dessas espécies, levou-me a manter a
identificação somente em nível de família.
Squatinidae (cação-anjo)
Família de peixes cartlaginosos que incluem os cações-anjo. Habitam águas
temperadas e tropicais marinhas (<100m) e oceânicos (>100m) (HAIMOVICI, 2006). De dia
vivem, geralmente, enterrados na areia. Na sua grande maioria são espécies de tamanho
moderado atingindo até 1,6 m (COMPAGNO, 1984).
Carchariniformes (cação)
Tubarões encontrados especialmente em águas costeiras tropicais e temperadas,
contudo existem espécies que migram para águas salobras (SPRINGER, 1989). De acordo
com Vooren (2005) existem 12 espécies de carchariniformes registrados nas águas costeiras da
Plataforma Sul.
96
Para auxiliar futuras pesquisas esta secção do capitulo tem como objetivo principal,
apresentar os vestígios característicos de alguns dos grupos taxonômicos identificados para
os três sítios arqueológicos escavados. Apresentamos, também, vestígios que tiveram
alguma intervenção antrópica (e.g. artefatos culturais ou de pesca).
A Fig. 48 apresenta os dentes de tubarões e raias identificados no Sambaqui de
Itapeva.
A A’
1 cm 1 cm
B B’
1 cm 1 cm
C C’
D D’
5 mm 5 mm 1 mm
1 mm
B B’
A A’
5 mm 5 mm 1 cm
1 cm
C C’ D D’
1 mm 1 mm 1 mm 1 mm
E E’ F F’
1 mm
1 mm 1 mm 1 mm
G G’
1 cm 1 cm
Figura 49. Otólitos. A-G) Faces internas. A’-G’) Faces externas. A-A’) Pogonias
cromis. B-B’) Micropogonias furnieri. C-C’) Menticirrhus sp. D-D’) Cynoscion virescens.
E-E’) Cynoscion sp. F-F) Mugil sp. G-G’) Genidens sp. (Fotos: Fernando Jerep).
98
A A’
1 cm 1 cm 1 cm
B’
a 1 cm a’ 1 cm 1 cm
C C’
D D’
5 mm 5 mm 1 cm 1 cm
E e
1 cm
1 cm
Figura 50. Ossos. A-A’) Detário de Hoplias sp., sambaqui da Dorva A) Vista externa
A’) Vista ventral. a-a’) Dentario de Hoplias sp. da coleção de referência (MCP-139-E). B-
B’) Pré-maxilar de Holpias sp., Sambaqui do Recreio B) Vista externa. B’) Vista Interna. C-
C’) Pré-maxilar de cichlideo Sambaqui de Itapeva . C) Vista inerna. C’) Vista externa. E)
Placa do neurocraneo Genidens sp. Sambaqui de Itapeva. e) Neurocrânio de Genidens sp. da
coleção de referência (MCP-34-E*) (Fotos: Fernando Jerep).
*
Número de tombamento.
99
Dispostos abaixo (Fig. 51) temos alguns vestígios ósseos do Sambaqui de Itapeva com
intervenções antrópicas. O dente de carcariniforme da Fig 51 A-A’ seria provavelmente um
pingente. Já o dente da Fig. 51 B aparenta pertencer a um objeto de caça. Podemos afirmar
isso pela constrição no centro do fragmento. As Fig. 51 C e D são anzóis compostos. A Fig. 51
E é um pterigióforo com marcas de corte, pertencente a uma espécie de sciaenideo
(provavelmente Micropogonias sp. ou Pogonias sp.).
A A’
1 cm 1 cm 1 cm
D
C
1 cm 1 cm
1 cm
Ossos como os da Fig. 52, onde os fragmentos ainda podem formar um “complexo
ósseo”, nos indicam que aparentemente não houve permutação significativa entre os níveis e
assim ao misturar os seus vestígios, tornar menos prováveis discussões relacionadas a
cronologia do sítio. Os ossos da Fig. 52 A-D são pertencentes a uma espécie de sciaenideo,
provavelmente Pogonias sp. (miraguaia) ou Micropogonias sp. (corvina).
100
A a
c
b 1 cm
1 cm
1 cm
1 cm
DISCUSSÃO:
CORRELACIONANDO A ICTIOFAUNA
Umberto Eco
(...) planta chamada de tucum* que apresenta o fio como o de cânhamo mas é muito mais
forte” (LÉRY, 1980 p.217).
Para evidenciar este tipo de pesca em nossos sambaquis, temos fragmentos de anzóis
compostos encontrados no Sambaqui de Itapeva e Sambaqui do Recreio. Estes são
elaborados por seccionamento e polimento do osso. Foram encontrados nos sambaquis sul
rio-grandenses, especialmente por Kern (1970), Thaddeu (1995) e Wagner (2009).
A Fig. 53 representa o possível processo de confecção de anzóis de osso feito por
índios da tradição Tupiguarani.
*
O tucum descrito por Léry no século XVI era de uma planta pertencente a família das palmáceas.
103
E de noite (...) as tomam os índios com umas redinhas de mão, que chamam
puçás, que vão atadas numa vara arcada; e ajuntam-se muitos índios, e tapam
a boca de um esteiro com varas e ramas, e como a maré está cheia tapam-lhe
a porta; e põem-lhe as redinhas ao longo da tapagem, quando a maré vaza, e
outros batem no cabo do esteiro, para que se venham todas abaixo a meter
nas redes; e desta maneira carregam uma canoa de tainhas, e de outro peixe
que entra no esteiro (SOUSA, 1938 [1587], p.285).
Para indicar a pesca com rede nos sambaquis temos os pesos de pedra (e.g. Kern, La
Salvia e Naue, 1985; encontra estes no Sambaqui de Itapeva), que faziam parte do conjunto
de artefatos que compõem o instrumental de pesca (THADDEU, 1995).
Figura 54. Ilustração de Hans Staden em relação ao cotidiano dos índios Tupinambá,
imagem apresenta a pesca com rede (STADEN, 1995 [1548]).
Figura 55. Ilustração de Hans Staden em relação ao cotidiano dos índios Tupinambá,
imagem demonstra a pesca com arco e flecha (STADEN, 1995 [1548]).
Costumavam estes bárbaros, por não terem outro remédio, andarem no mar
nadando, esperando os tubarões com um pau muito agudo na mão, e, em
remetendo o tubarão a eles, lhe davam com o pau, que lhe metiam pela
garganta com tanta força que o afogavam, e matavam, e o traziam à terra,
(...) para lhes tirar os dentes, para os engastarem nas pontas das flechas
(SOUSA, 1938 [1587], p.96).
O dente de tubarão da Fig. 51 B (p.100) poderia ser uma das pontas de flechas
mencionadas por Sousa (1938, [1587]). Gonzalez (2005) discute sobre a pesca de
elasmobrânquios concluindo que estes poderiam ser pescados por arpões, redes e anzóis
especialmente.
podemos observar ao longo do período a tendência de pesca do grupo indígena que ocupou o
Sambaqui de Itapeva.
Notamos que as espécies mais abundantes foram a tainha e o bagre e que estes
continuamente alteram entre sua dominância, fato este mais notável a partir do nível 55-60,
início da camada IV. Nota-se também, como a pesca de tubarões (cação, Notorrinchus e
cação-anjo) torna-se mais freqüente próximo do final da ocupação e a traíra apresenta-se com
maior índice no início da formação, ocorrendo somente de forma mais esporádica, no final da
formação do concheiro (nível 20-25 cm e 40-45 cm).
#&$$"$(!% ''$'!$*$+$$'!*)$
No Sambaqui do Recreio podemos, de acordo com os dados, notar uma pesca menos
direcionada do que no Sambaqui de Itapeva, no sentido de que há uma maior variabilidade na
abundância de espécies. No Sambaqui do Recreio identificamos, a pescada, o papa-terra, a
corvina, a tainha, o bagre e o cará (análise de MNI) como mais abundantes. Identificamos 11
espécies neste sambaqui sendo que seis foram dominantes em, no mínimo, um dos dez níveis
escavados.
Já para o Sambaqui de Itapeva temos a tainha, o bagre, a traíra e a corvina (análise de
MNI) como mais abundantes. Identificamos 16 espécies nesse sambaqui sendo que somente
quatro espécies apresentam-se dominantes, distribuídas nos 19 níveis da amostragem
escavada.
Mesmo sendo ambos sambaquis litorâneos, no Sambaqui de Itapeva os seus
ocupantes apresentavam a sua dieta de forma mais uniforme, onde temos uma maior
variabilidade de espécies mas a dominância entre elas se restringe a apenas algumas. Já no
109
Sambaqui do Recreio temos uma menor quantidade de espécies, porém um maior número
delas é dominante. A maior freqüência da tainha (Mugil sp.) é uma das semelhanças que
podemos notar entre o Sambaqui de Itapeva e Recreio. Em relação a sua pesca, Sousa em
1587, observando índios na região litorânea da Bahia comenta:
A rede como forma de pesca da tainha poderia ter sido explorada pelos grupos que
habitavam o sambaqui de Itapeva e Recreio. Hans Staden (1995 [1548]) também comenta
sobre a exploração desta:
Nesse tempo (agosto) procuram uma espécie de peixes que emigram do mar
para as correntes de água doce, para aí desovar. Esses peixes se chamam em
sua língua piratís e em espanhol “lisas” (tainhas). Pescam grande número de
peixes com pequenas redes. O fio com que as emalham, obtem-no de folhas
longas e pontudas, quem chamam tucum. Quando querem pescar com estas
redes, juntam-se alguns deles e colocam-se em círculo na água rasa, de
modo que a cada um cabe um determinado pedaço da rede. Vão então uns
poucos no centro da roda e batem na água. Se algum peixe quer fugir para o
fundo, fica preso à rede. Aquele que apanha muito peixe reparte com os
outros que pescam pouco. Também os atiram com flechas (STADEN, 1995
[1548], p.155).
segundo e terceiro é o bagre. Identificamos apenas uma tainha (nível 30-35cm) em todo
sambaqui.
Sousa (op. cit), neste relato, além de nos proporcionar uma noção da possível forma
de pesca do bagre ainda indica a sazonalidade de sua pesca. A Combinação das principais
espécies pescadas (tainha, bagre, papa-terra e corvina) sugere fortemente que a técnica de
pesca foi a rede. Esta, nos sambaquis de Itapeva e Recreio foi provavelmente posta na
entrada de estuários.
Wagner (2009) discorre sobre a ocupação dos sambaquis da barreira da Itapeva, onde
estes:
(...) estão intimamente relacionados a ocupações situadas sobre os
alinhamentos dos cordões arenosos, entremeados por áreas alagadiças na
forma de pequenas lagoas, canais ou banhados, caracterizando um contexto
ambiental específico priorizado pelas populações pescadoras-coletoras que
aqui se estabeleceram a aproximadamente 3.500 anos atrás (WAGNER,
2009, p. 185).
Os vestígios de peixes nos sambaquis estudados, indicaram tanto pesca marinha como
lacustre, deste modo a hipótese proposta por Wagner, em relação a ocupação sambaqui nos
cordões litorâneos entremeados por lagoas e o mar, corrobora com as espécies identificadas
neste trabalho.
serem muito menos volumosos do que os que resultam da coleta de molusco” (GASPAR,
2000, p.30). É notável ver que uma porcentagem do peso aparentemente tão pequena do sítio
(em média, 2,3% para o Sambaqui de Itapeva, 0,4% para o Sambaqui do Recreio e 0,2% para
o Sambaqui da Dorva são de amostras faunísticas de peixes) possa conter tanta informação
em relação ao meio de subsistência destes povos, o que nos leva a indagar o quanto de
informação ainda pode ser retirada destes sítios.
Não encontramos relação entre a quantidade de sedimento e os vestígios de peixes.
Nota-se, contudo, na primeira camada de ocupação (nível 140-145 camada IV) do Sambaqui
do Recreio, a quantidade de sedimento é o maior entre os níveis deste sambaqui e também
entre os outros dois estudados (Itapeva e Dorva), atingindo cerca de 98% do peso total do
concheiro. Fato este, juntamente com a pouca quantidade de vestígios faunísticos encontrados
e a camada estéril que se segue, pode indicar um curto período de ocupação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Douglas Adams
do sambaqui, ainda existem limitações em relação as influências sobre o sítio pós o seu
abandono (tafonomia) e também, é claro, restrições método-analíticas.
Com base nas análises efetuadas nesta dissertação, podemos contribuir com algumas
sugestões para futuras pesquisas na área da Zooarqueologia (com enfoque nos sítios
arqueológicos considerados sambaqui). Trabalhos relacionados a sazonalidade da pesca,
podem ampliar no conhecimento da permanência destes grupos nos concheiros (nômades ou
sedentários?). Prospecções maiores (acima de 50cm2) e/ou em diferentes partes do sítio
arqueológico, podem incluir dados, tanto de NISP como de MNI, mais precisos. Análises de
micromoluscos no sedimento do sambaqui podem elucidar duvidas em relação a construção
destes. E por fim, observações dos anéis de crescimento dos otólitos, podem atender a
duvidas em relação a pressão de pesca de determinada espécie comparando se esta com a
pesca atual.
Ainda existem consideráveis lacunas teórico-metodológicas nos estudos dos
sambaquis no Rio Grande do Sul. Neste estado de conhecimento, as escassas pesquisas sobre
ossos de peixes se tornam mais notórias. Esses vestígios arqueológicos assumem relevância
na reconstituição dos contextos culturais-ambientais, na medida em que se constituíram tanto
em fonte de alimento, quanto em matéria-prima quando da criação de artefatos. Desta maneira
são necessários trabalhos cada vez mais específicos e detalhados para que se possa buscar as
respostas necessárias e preencher estas lacunas, de modo a ampliar o campo de conhecimento
dentro da Arqueologia.
117
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RENEFREW, C.; BAHN, P. Archaeology: Theories, Methods, and Practice. New York:
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Zoologia) – Faculdade de Biociências. UFRGS, Porto Alegre, [2002].
SOUSA, G. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. São Paulo: Ed. nacional, 1938, 369p.
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ANEXOS
128
ANEXO 01:
TABELAS DE PESO
129
Nível Vestígios Peixes (g) Conchas (g) Areia (g) Lítico (g) Não peixes (g) Carvão (g)
0-5 cm 232,4 4500 13249 98,2 19,9 0,2
5-10 cm 217,9 4500 9787,2 57,8 36,6 0,5
10-15 cm 147,6 6600 9340,6 195,9 14,8 1,1
15-20 cm 87,8 5900 12203,1 6,4 2,3 0,4
20-25 cm 37,3 7900 7956 2,3 3,2 1,2
25-30 cm 54,2 3600 9490,4 0,4 0 0,6
30-35 cm 86,8 2900 8205,2 12,8 1 4,4
35-40 cm 205,8 4100 7566,1 14,1 5,3 2,9
40-45 cm 426 2900 7734,2 93,7 15,9 4,2
45-50 cm 247,3 2000 8657,8 30,2 12,1 5,3
50-55 cm 264 2200 8049 15,3 7,7 0
55-60 cm 132,7 2200 9607,8 23,6 2 1,2
60-65 cm 277,5 3100 9918,8 8,7 13,8 3,7
65-70 cm 314,6 2900 10512 45,5 11 2,3
70-75 cm 93,9 2800 11154,7 0 10,3 0,6
75-80 cm 109,6 2500 10754,7 21,1 3,1 1,9
80-85 cm 106 2600 9058,6 219,2 8,7 1,5
85-90 cm 86,6 2900 7795,3 7,4 22,6 1,5
90-95 cm 100,1 3100 8816,5 79,6 3,7 0
Peso Peso
Nível Restos (g) vértebras (g) identificado (g)
0-5 cm 158,7 40,9 32,8
5-10 cm 132,5 49,4 36
10-15 cm 83,6 28,1 35,9
15-20 cm 45,5 18 24,3
20-25 cm 26 11,3 12,6
25-30 cm 33 14,8 6,4
30-35 cm 54,2 20,3 12,3
35-40 cm 144,9 29 31,9
40-45 cm 312,5 62,1 51,4
45-50 cm 191,2 28,3 27,8
50-55 cm 200,8 41,2 22
55-60 cm 102,1 14,4 16,2
60-65 cm 211,7 41,1 24,7
65-70 cm 250 42,8 21,8
70-75 cm 44,7 25,9 23,3
75-80 cm 45,8 38,6 25,2
80-85 cm 46,8 33,7 25,5
85-90 cm 47,5 18,8 20,3
90-95 cm 56,6 22 21,5
130
Vestígios
Nível Peixes (g) Conchas (g) Areia (g) Lítico (g) Não peixes (g) Carvão (g)
0-5 cm 20,4 3100 14658,5 18,1 2,6 0,4
5-10 cm 15,1 6700 8681,8 3,1 0 0
10-15 cm 52,2 5200 11744,8 2,8 0 0,2
15-20 cm 61,5 6400 9535,4 0,2 0 2,9
20-25 cm 107,8 3400 16277 2,7 8,3 4,3
25-30 cm 133 2200 12151 7,4 6 2,6
55-60 cm 52 2200 13750 0 0 0
90-95 cm 119,1 4600 12374 1,5 3,3 1,7
95-100 cm 53,7 6100 11830 9,7 3 3,9
140-145 cm 40,7 110 21200 0 0 1,3
Obs.: Os níveis entre 30cm a 55cm, 60cm a 90cm e 100cm a 140cm não foram
apresentados nas tabelas do Sambaqui do Recreio pois são camadas estéreis.
Vestígios
Nível Peixes (g) Conchas (g) Areia (g) Lítico (g) Não peixes (g)
0-5 cm 9,6 2400 9013 74,3 3,1
5-10 cm 5,1 1800 9851,1 343,6 0,2
10-15 cm 7,6 1700 8151,5 140,5 0,4
15-20 cm 4,5 1100 10187,7 6,3 1,5
20-25 cm 3,7 1300 9277,8 217,7 0,8
25-30 cm 9,9 2000 10181,4 4,1 4,6
30-35 cm 16,1 5800 5947,1 129,2 7,6
35-40 cm 11,5 3900 4454,3 1224,7 9,5
40-45 cm 13,8 2500 9133,2 43,7 9,3
45-50 cm 3,9 2200 8556,5 37,8 1,8
50-55 cm 11,1 2000 7774,2 112,9 1,8
55-60 cm 5,3 2100 8939,2 53,4 2,1
ANEXO 02:
TABELAS DE PORCENTAGEM
133
Itapeva
(NISP) Cynoscion virescens Mugil sp. Cichlidae Conodon sp. Hoplias sp. Genidens sp.
0-5 cm 0% 6,52% 1,08% 0% 0% 43,47%
5-10 cm 0% 9,39% 0,67% 0% 0% 51,67%
10-15 cm 0% 21,62% 1,35% 0% 0% 33,78%
15-20 cm 0% 14,28% 2,38% 0% 0% 35,71%
20-25 cm 0% 27,27% 4,54% 0% 4,54% 36,36%
25-30 cm 0% 11,76% 17,64% 0% 0% 58,82%
30-35 cm 0% 48,71% 2,56% 2,56% 0% 2,56%
35-40 cm 0% 43,24% 1,35% 0% 0% 25,67%
40-45 cm 0% 40,17% 0% 0% 0,85% 41,88%
45-50 cm 0% 57,14% 4,76% 0% 0% 16,66%
50-55 cm 0% 58,94% 4,21% 0% 0% 17,89%
55-60 cm 0% 42,02% 4,34% 0% 1,44% 18,84%
60-65 cm 0% 27,33% 15,82% 0% 10,07% 30,93%
65-70 cm 0% 34,44% 12,22% 0% 12,22% 28,88%
70-75 cm 2,50% 18,75% 13,75% 0% 21,25% 26,25%
75-80 cm 0% 25,31% 1,26% 0% 26,58% 30,37%
80-85 cm 1,44% 27,53% 17,39% 0% 17,39% 15,94%
85-90 cm 0% 8,57% 14,28% 0% 51,42% 20%
90-95 cm 0% 26,31% 5,26% 0% 10,52% 31,57%
134
Itapeva
(MNI) Menticirrhus sp. Pogonias cromis Micropogonias furnieri Umbrina sp. Cynoscion sp.
0-5 cm 9,30% 11,60% 16,30% 0% 0%
5-10 cm 14,30% 6,40% 16,90% 0% 0%
10-15 cm 11,10% 6,60% 22,20% 0% 0%
15-20 cm 7% 7% 41,40% 0% 0%
20-25 cm 5,20% 0% 26,30% 0% 0%
25-30 cm 9% 0% 0% 0% 0%
30-35 cm 16,60% 0% 23,30% 0% 0%
35-40 cm 13,60% 4,50% 18,10% 0% 0%
40-45 cm 5% 5% 13,10% 0% 0%
45-50 cm 2% 6% 18% 0% 0%
50-55 cm 15,40% 3% 4,60% 0% 0%
55-60 cm 15,40% 6% 15,40% 0% 0%
60-65 cm 11,10% 1,20% 5% 0% 0%
65-70 cm 10% 0% 1,60% 0% 0%
70-75 cm 7,70% 0% 5,70% 2% 0%
75-80 cm 5,70% 0% 9,60% 0% 0%
80-85 cm 5,60% 0% 9,40% 2% 2%
85-90 cm 0% 0% 6,60% 0% 0%
90-95 cm 10% 0% 15% 0% 2,50%
135
Itapeva
(MNI) Cynoscion virescens Mugil sp. Cichlidae Conodon sp. Hoplias sp. Genidens sp.
0-5 cm 0 11,60% 2,30% 0% 0% 34,80%
5-10 cm 0 15,60% 1,30% 0% 0% 40,20%
10-15 cm 0 26,60% 2,20% 0% 0% 24,40%
15-20 cm 0 13,80% 2,40% 0% 0% 24,10%
20-25 cm 0 31,50% 5,20% 0% 5,20% 26,30%
25-30 cm 0 18,10% 18,10% 0% 0% 45,40%
30-35 cm 0 43,30% 3,30% 3,30% 0% 3,30%
35-40 cm 0 45,40% 2,20% 0% 0% 13,60%
40-45 cm 0 49,20% 0% 0% 1,60% 24,60%
45-50 cm 0 58% 8% 0% 0% 8%
50-55 cm 0 53,80% 6,10% 0% 0% 13,80%
55-60 cm 0 44,30% 6% 0% 2% 11,50%
60-65 cm 0 29,60% 21% 0% 13,60% 16%
65-70 cm 0 36,60% 13,30% 0% 16,60% 18,30%
70-75 cm 4% 21,10% 17,30% 0% 27% 13,40%
75-80 cm 0 27% 2% 0% 32,70% 19,30%
80-85 cm 2% 24,50% 15% 0% 20,70% 17%
85-90 cm 0 10% 16,60% 0% 50% 16,60%
90-95 cm 0 27,50% 10% 0% 15% 17,50%
Itapeva
(MNI) Rhamdia sp. Carchariniformes Squatinidae Notorynchus cepadianus Myliobatis freminvillii
0-5 cm 9,30% 2,30% 2,30% 0% 0%
5-10 cm 4% 0% 1,30% 0% 0%
10-15 cm 2,20% 2,20% 2,20% 0% 2,20%
15-20 cm 3,40% 0% 0% 0% 0%
20-25 cm 0% 0% 0% 0% 0%
25-30 cm 9% 0% 0% 0% 9%
30-35 cm 0% 3,30% 3,30% 0% 0%
35-40 cm 0% 0% 2,20% 0% 0%
40-45 cm 1,60% 0% 0% 0% 0%
45-50 cm 0% 0% 0% 0% 0%
50-55 cm 1,50% 1,50% 0% 0% 0%
55-60 cm 0% 0% 0% 0% 0%
60-65 cm 1,20% 1,20% 0% 0% 0%
65-70 cm 1,60% 1,60% 0% 0% 0%
70-75 cm 2% 0% 0% 0% 0%
75-80 cm 2% 2% 0% 0% 0%
80-85 cm 2% 0% 0% 0% 0%
85-90 cm 0% 0% 0% 0% 0%
90-95 cm 0% 0% 0% 2,50% 0%
136
Recreio
(NISP) Menticirrhus sp. Micopogonias furnieri Cynoscion sp. Cynoscion virescens Pogonias cromis
0-5 cm 0% 50% 33,33% 0% 0%
5-10 cm 0% 60% 0% 0% 0%
10-15 cm 4% 4% 0% 0% 0%
15-20 cm 16,66% 0% 4,16% 0% 0%
20-25 cm 3% 3% 11,76% 0% 0%
25-30 cm 15,55% 2,22% 28,88% 2,22% 0%
55-60 cm 16,66% 2,77% 2,77% 5,55% 0%
90-95 cm 35,44% 0% 2,53% 0% 0%
95-100 cm 76% 0% 0% 0% 0%
140-145 cm 0% 0% 0% 0% 5%
Recreio
(NISP) Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Odontesthes sp.
0-5 cm 0% 0% 0% 0% 16,66% 0%
5-10 cm 0% 0% 0% 40% 0% 0%
10-15 cm 0% 36% 4% 48% 0% 4%
15-20 cm 50% 12,50% 8,33% 0% 0% 8,33%
20-25 cm 17,64% 0% 11,76% 32,35% 20,60% 0%
25-30 cm 13,33% 0% 2,22% 17,77% 17,77% 0%
55-60 cm 58,38% 0% 5,55% 8,33% 0% 0%
90-95 cm 58,22% 0% 2,53% 2,53% 0% 0%
95-100 cm 18,42% 0% 0% 2,63% 0% 0%
140-145 cm 85% 10% 0% 0% 0% 0%
Obs.: Os níveis entre 30cm a 55cm, 60cm a 90cm e 100cm a 140cm não foram
apresentados nas tabelas do Sambaqui do Recreio pois são camadas estéreis.
Recreio
(MNI) Menticirrhus sp. Micopogonias furnieri Cynoscion sp. Cynoscion virescens Pogonias cromis
0-5 cm 0% 60% 20% 0% 0%
5-10 cm 0% 50% 0% 0% 0%
10-15 cm 7,20% 7,20% 0% 0% 0%
15-20 cm 15% 0% 5% 0% 0%
20-25 cm 5,20% 5,20% 21% 0% 0%
25-30 cm 14% 3,40% 38% 3,40% 0%
55-60 cm 15,40% 4% 4% 4% 0%
90-95 cm 34% 0% 2% 0% 0%
95-100 cm 71,10% 0% 0% 0% 0%
140-145 cm 0% 0% 0% 0% 6,60%
137
Recreio
(MNI) Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Odontesthes sp.
0-5 cm 0% 0% 0% 0% 20% 0%
5-10 cm 0% 0% 0% 50% 0% 0%
10-15 cm 0% 50% 7,20% 21,40% 0% 7,20%
15-20 cm 45% 15% 10% 0% 0% 10%
20-25 cm 26,30% 0% 21% 15,70% 5,20% 0%
25-30 cm 14% 0% 3,40% 17,20% 7% 0%
55-60 cm 57,80% 0% 8% 8% 0% 0%
90-95 cm 56% 0% 4% 4% 0% 0%
95-100 cm 24,40% 0% 0% 4,40% 0% 0%
140-145 cm 80% 13,30% 0% 0% 0% 0%
ANEXO 03:
TABELAS DE DOMINÂNCIA
139
Recreio
(NISP) Menticirrhus sp. Micopogonias furnieri Cynoscion sp. Cynoscion virescens Pogonias cromis
1 2 1 0 0
Recreio
(NISP) Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Odontesthes sp.
4 0 0 2 0 0
140
Recreio
(MNI) Menticirrhus sp. Micopogonias furnieri Cynoscion sp. Cynoscion virescens Pogonias cromis
1 2 1 0 0
Recreio
(MNI) Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Odontesthes sp.
5 1 0 1 0 0
Dorva
NISP Sciaenidae Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp.
0 0 8 2 3 0
Dorva
MNI Sciaenidae Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp.
0 0 9 1 3 0