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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA
MESTRADO EM ZOOLOGIA

LAUTARO MAXIMILIAN HILBERT

ANÁLISE ICTIOARQUEOLÓGICA DOS SÍTIOS:


SAMBAQUI DO RECREIO, ITAPEVA E DORVA,
MUNICÍPIOS DE TORRES E TRÊS CACHOEIRAS,
RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Dr. Carlos Alberto Santos de Lucena


Orientador

Porto Alegre
2011
LAUTARO MAXIMILIAN HILBERT

ANÁLISE ICTIOARQUEOLÓGICA DOS SÍTIOS:


SAMBAQUI DO RECREIO, ITAPEVA E DORVA,
MUNICÍPIOS DE TORRES E TRÊS CACHOEIRAS,
RIO GRANDE DO SUL BRASIL

Dissertação apresentada como requisito parcial


para obtenção do título de Mestre em Zoologia,
Programa de Pós-Graduação em Zoologia,
Faculdade de Biociências da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Orientador: Dr. Carlos Alberto Santos de


Lucena

Porto Alegre
2011
LAUTARO MAXIMILIAN HILBERT

ANÁLISE ICTIOARQUEOLÓGICA DOS SÍTIOS:


SAMBAQUI DO RECREIO, ITAPEVA E DORVA,
MUNICÍPIOS DE TORRES E TRÊS CACHOEIRAS,
RIO GRANDE DO SUL BRASIL

Dissertação apresentada como requisito parcial


para obtenção do título de Mestre em Zoologia,
Programa de Pós-Graduação em Zoologia,
Faculdade de Biociências da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Aprovada em _____ de _____________________ de _______.

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________
Prof. Dr. Arno Alvarez Kern – PUCRS

_________________________________________
Prof. Dr. Levy Figuti – USP

_________________________________________
Profa. Dra. Adriana Schmidt Dias – UFRGS
Dedico este trabalho
à memória de minha avó, Eva Hilbert e aos meus amigos.
AGRADECIMENTOS

Desejo manifestar especiais agradecimentos ao meu Orientador, Dr. Carlos Alberto S.


de Lucena, que tornou possível a oportunidade de trilhar este tema tão diferente dos objetivos
de suas pesquisas e também pelo apoio incondicional e confiança nesta dissertação. Levarei
comigo a amizade e o exemplo de seus critérios minuciosos.
Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pelo apoio financeiro proporcionado através da bolsa de estudos.
Ao meu pai, Klaus Hilbert, pelo apoio, correções, sugestões e amizade. De todos,
meu primeiro amigo.
Ao Gustavo Peretti Wagner, pelas intermináveis indicações bibliográficas, correções
e sugestões para desenvolver este trabalho. E também, é claro, pelo almoço no prédio 40 da
PUCRS.
À Luisa Goellner, pelo auxílio incontestável durante a triagem dos ossos de peixes,
sem a sua ajuda jamais teria terminado as análises em tempo de entrega.
Agradeço a Lucas da Silva, pela ajuda com os desenhos dos perfis estratigráficos.
Aos meus colegas do setor de Ictiologia do Museu de Ciências e Tecnologia (MCT)
da PUCRS. Agradeço ao Fernando Jerep pelas fotos tiradas para esta dissertação e pelas
indicações bibliográficas. À Vivianne Bernardo de Sant’Anna pelo auxilio prestado na
identificação dos dentes de arraia e tubarão, e também, pelas indicações bibliográficas,
mosquetão (chaveiro) e amizade. À Bárbara Calegari, Maria Angeles Arce Hernandez, e
Christian Cremer pelo incentivo e amizade. À Maria Laura Delapieve, pelo tsuru que
decorou o cemitério de peixes que eu chamava de mesa de trabalho. Ao Hector Samuel Vera
Alcaraz, pelos incontáveis cafés que tomei. E agradeço, também, aos muitos outros amigos
que fiz durante o período que trabalhei nesse setor (me desculpem, não me lembro do nome
de todos).
Aos colegas do setor de Paleontologia do MCT da PUCRS, pelo empréstimo da
coleção óssea de peixes.
Ao Dr. Chao, pela ajuda prestada na identificação dos otólitos de sciaenideos.
Ao Dr. Dieter Wittmann, pela ajuda prestada em relação aos métodos utilizados nesta
dissertação.
Aos alunos de iniciação cientifica do Centro de Estudo e pesquisas Arqueológicas
(CEPA) da PUCRS, Marcus Wittmann (vencedor do sambaquionato), Filipi Pompeu, Diego
(criador do sambaquionato) e a todos que me ajudaram na triagem do material dos
sambaquis.
À Gislene Monticelli, pelas correções clinicas que somente ela sabe fazer. Sem a sua
ajuda não consigo imaginar essa dissertação sendo concluída.
Agradeço a Márcia Lara da Costa, Renata Rauber, Viviane Vidal e Marcélia Marques
(minha primeira aluna de violão), pela amizade.
Ao Dr. Arno Kern pelas indicações bibliográficas.
Ao Dr. Ulisses Leite Gomes (UERJ) pelo auxilio prestado na identificação dos dentes
de tubarão.
Ao Dr. Levy Figuti pelo auxilio na identificação de um vestígio ósseo de peixe.
Ao Dr. Taran Grant pela ajuda prestada na identificação de um dente.
Ao Marcio do setor de Ornitologia pelo auxilio na identificação de um osso de ave.
À Dra. Adriana Schmidt Dias por me auxiliar a compreender arqueologia.
Agradeço sinceramente a Thais Cheiran pelo apoio, amizade e incentivo nos
momentos em que não encontrei motivo em continuar o trabalho e, é claro, as cervejas e aos
cortes de cabelo.
Ao Gustavo Afonso Guglielmin Souza (espero ter acertado o nome dessa vez!) pela
amizade, incentivo, cervejadas memoráveis e uma feijoada a aproximadamente 11.000 km de
casa.
Aos meus amigos biólogos do tempo da graduação, Marta, Rita, Guilherme, Vinicius
e tantos outros que me acompanharam, muito obrigado.
À Aline Abreu, pelo incentivo, amizade e incontáveis almoços no Restaurante
Universitário (RU) da PUCRS.
Ao meu irmão Yamandú Hilbert, pelo incentivo, amizade, exemplo, e épicas
cervejadas em um castelo medieval.
À minha mãe, Liliana Maria Mendiburu Artigas, pelos incentivos, almoços e por me
aguentar durante todos esses anos.
Ao Vitor Saldanha e Leonardo C. de Moura, pela amizade. Escutei a muitos anos
atrás, que de todos amigos que se faz durante nossa infância somente poucos ficam conosco.
Tenho orgulho de ter esses dois a meu lado.
Agradeço a minha avó, Eva Hilbert (Omi), pela paciência que ela teve comigo
durante a minha estadia na Alemanha.
E a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram com a sua colaboração e
incentivo deixo meus sinceros agradecimentos.
It is good that we do not have to try to kill the sun or the moon or the stars.
It is enough to live on the sea and kill our true brothers.

Ernest Hemingway The Old Man and the Sea, 1952, p.75.
Resumo

O presente trabalho pretende analisar os vestígios ósseos de peixes encontrados em


escavações nos sítios arqueológicos: Sambaqui do Recreio (LII-18), Sambaqui de Itapeva
(RS-LN-201) e Sambaqui da Dorva (LII-43). Os dois primeiros estão situados no município
de Torres e o último no município de Três Cachoeiras, litoral Norte do Rio Grande do Sul. O
Sambaqui do Recreio possui datação radiocarbônica aproximada de 3.350 ± 50 A.P.* e 3.540
±50 A.P., o Sambaqui de Itapeva foi datado em 3.130 ± 40 A.P., e o sítio arqueológico da
Dorva têm a data de 1.110 ± 40 A.P. As espécies foram identificadas tendo como base a
bibliografia especializada na temática e a utilização de uma coleção óssea de referência.
A abordagem interdisciplinar realizada aqui se faz necessária devido à complexidade
de múltiplos fatores, tanto culturais quanto naturais, que contribuíram para a formação dos
sambaquis. O encontro entre as Ciências Biológicas, História e Geografia possibilitará
entender, através dos restos de peixes escavados nestes sambaquis, os modos culturais, sociais
e os ambientais que garantiram a formação-criação desta categoria de sítio arqueológico.
Através da identificação dos habitats de cada espécie, será possível relacionar estes
aos diferentes artefatos de pesca, possibilitando também a compreensão das técnicas
empregadas pelos antigos ocupantes dos sambaquis. Por fim, iremos comparar os resultados
de cada sítio entre si, para que, desta maneira, possamos alcançar uma compreensão maior da
cultura sambaquiana em suas atividades pesqueiras.

Palavras chave: Ossos de peixe. Sambaqui. Ictioarqueologia. Zooarqueologia.

*
Por convenção o ano de 1950 é usado como referência para as datas antes do presente.
Abstract

The present dissertation intends to analyze fish remains found in the archeological
sites of: Sambaqui do Recreio (LII-18), Sambaqui de Itapeva (RS-LN-201) and Sambaqui da
Dorva (LII-43). The first two situated in the município of Torres, and the third in the
município of Três Cachoeiras, northern littoral of Rio Grande do Sul. The Recreio shell
mound has a carbon-14 date of aproximetly 3.540 ± 50 B.P.*, the Itapeva shell mound has
3.130 ± 40 B.P. and 1.110 ± 40 B.P. for the Dorva site. The species found will be identified
using a specialized bibliography of the respective area and a bone reference collection.
This project is characterized by its broad, interdisciplinary characteristic. This is
necessary due to the complexity of multiple factors, as much as cultural as natural that
contributed to the formation of the shell mounds. The diversity between the application of
many biological, historical and geographical concepts and methods may formulate a possible
understanding, by means of the fish remains excavated in this shell mound, to the cultural,
social and ambiental ways that contribute to the formation of this kind of category of
archeological site.
Through the identification of habit and habitat of each species, it will be possible to
correlate them to the different fishing artifacts, this way, we can comprehend the possible
techniques employed by the people who once occupied the shell mounds. Ultimately, we will
compare the results of each site to each other, so that way we can achieve a greater
understanding of the shell mound culture in their fishing activities.

Key Words: Fish bones. Shell mound. Ictioarcheology. Zooarcheology.

*
By convention, the date 1950 is used as reference to before present.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 13

CAPÍTULO 1

ICTIOARQUEOLOGIA DOS PESCADORES-COLETORES DOS SAMBAQUIS ........... 15

1.1 ICTIOARQUELOGIA: UM REFERENCIAL HISTÓRICO .................................................. 15

1.2 SAMBAQUI: RESUMO ARQUELÓGICO ............................................................................ 17

1.2.1 Condições Paleoclimáticas do Holoceno Médio no Rio Grande do Sul.......................... 21

CAPÍTULO 2

MATERIAIS E MÉTODOS:ESCAVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO ...................................... 23

2.1 SAMBAQUI DE ITAPEVA .................................................................................................... 24

2.1.1 Descrição estratigráfica ...................................................................................................... 24

2.2 SAMBAQUI DO RECREIO.................................................................................................... 26

2.2.1 Descrição estratigráfica ...................................................................................................... 26

2.3 SAMBAQUI DA DORVA....................................................................................................... 28

2.3.1 Descrição estratigráfica ...................................................................................................... 29

2.4 A ESCAVAÇÃO E OS PROCEDIMENTOS DE LABORATÓRIO ..................................... 30

2.5 IDENTIFICAÇÃO DOS VESTÍGIOS DA ICTIOFAUNA .................................................... 32

2.5.1 NISP & MNI ........................................................................................................................ 33

2.5.2 Dominância .......................................................................................................................... 34

CAPÍTULO 3

RESULTADOS: ANÁLISES ICTIOARQUELÓGICAS......................................................... 35

3.1 SAMBAQUI DE ITAPEVA .................................................................................................... 35

3.1.1 Peso dos níveis escavados.................................................................................................... 35

3.1.2 Quantificação dos Vestígios................................................................................................ 41




3.1.3 Análise dos níveis, camadas e abundância ........................................................................ 55

3.2 SAMBAQUI DO RECREIO.................................................................................................... 65

3.2.1 Peso dos níveis escavados.................................................................................................... 65

3.2.2 Quantificação dos Ossos ..................................................................................................... 68

3.2.3 Análise dos níveis, camadas e abundância ........................................................................ 74

3.3 SAMBAQUI DA DORVA....................................................................................................... 81

3.3.1 Peso dos níveis escavados.................................................................................................... 81

3.3.2 Quantificação dos Ossos ..................................................................................................... 84

3.3.3 Análise dos níveis, camadas e abundância ........................................................................ 87

3.4 HABITAT DOS PEIXES IDENTIFICADOS ......................................................................... 92

3.5 OSSOS, OTÓLITOS E ARTEFATOS .................................................................................... 96

CAPÍTULO 4

DISCUSSÃO: CORRELACIONANDO A ICTIOFAUNA.................................................... 101

4.1 TÉCNICAS DE PESCA......................................................................................................... 101

4.1.1 Pesca com linha.................................................................................................................. 101

4.1.2 Pesca com rede................................................................................................................... 102

4.1.3 Pesca com arco e flecha..................................................................................................... 103

4.1.4 Técnicas de Pesca de tubarões.......................................................................................... 104

4.2 CORRELAÇÃO DA ICTIOFAUNA..................................................................................... 104

4.2.1 Peso dos sambaqui analisados .......................................................................................... 112

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 114

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 117

ANEXOS ..................................................................................................................................... 127




ANEXO 01: TABELAS DE PESO ........................................................................................... 128

ANEXO 02: TABELAS DE PORCENTAGEM ...................................................................... 132

ANEXO 03:TABELAS DE DOMINÂNCIA........................................................................... 138


INTRODUÇÃO

I never learned from a man who agreed with me.

Robert A. Heinlein

A presente dissertação tem como enfoque a análise de vestígios de peixes escavados


em três sítios arqueológicos, Sambaqui de Itapeva (RS-LN-201), Recreio (LII-18), e Dorva
(LII-43). Com o intuito de auxiliar a compreender nosso material de estudo, no Capítulo 1,
temos como objetivo apresentar um resumo histórico e, também, quais os trabalhos existentes
da subdisciplina da Ictioarqueologia. Descrevemos ainda, brevemente, os marcos históricos
na pesquisa dos sambaquis sul-rio-grandenses e por fim, delineamos o ambiente no qual os
concheiros analisados foram construídos.
A escolha dos sambaquis (Itapeva, Recreio e Dorva) vem da necessidade de
estudarmos sítios que já foram datados anteriormente, para assim chegarmos a um dos
objetivos deste trabalho, que é analisar os ossos de peixes de concheiros com diferenças
cronológicas. Além deste, temos como objetivo avaliar quais foram os peixes preferenciais na
dieta, e assim relacionar os dados alimentícios ao contexto cultural indígena pré-histórico de
cada um dos sambaquis propostos.
Nas prospecções realizadas no ano de 2009 (em janeiro escavamos o Sambaqui de
Itapeva e Recreio e em junho, o Sambaqui da Dorva) retiramos amostras de 50cm2 estas,
foram peneiradas com malhas 2mm. O material resultante da peneiração foi levado ao Centro
de Estudo e Pesquisas Arqueológicas (CEPA) do Departamento de História da Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas – FFCH, localizado no Museu de Ciências e Tecnologia (MCT)
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde foi realizada sua
triagem. Nesta, separamos os ossos de peixes das valvas de conchas e ossos de mamíferos,
aves e répteis. Para a identificação dos vestígios ictiológicos usamos, além de bibliografias
especializadas, uma coleção óssea de referência do Setor de Paleontologia (MCT-PUCRS). Os
14

detalhes em relação as técnicas de análise, identificação e os desenhos estratigráficos estão no


capítulo 2.
O capítulo 3 abordará os resultados obtidos da identificação dos ossos, escamas e
otólitos de peixes. Ao todo foram 6.466 vestígios. Será descrito também, neste capítulo, quais
foram as espécies mais pescadas para cada nível de cada sítio, o peso total de cada vestígio das
amostras escavadas, o hábitat das espécies identificadas e, por fim, imagens de alguns ossos e
otólitos característicos. Pela grande quantidade de material encontrado nos sambaquis
estudados, nos deparamos tanto com variáveis metodológicas (e.g. as vértebras, e alguns tipos
de escamas tiveram que ser desprezadas devido ao erro que poderia ser gerado na
amostragem), quanto teóricos (e.g. nomenclatura de alguns ossos). Apesar das dificuldades,
com os vestígios que identificamos, alcançamos as conclusões esperadas para os objetivos
propostos.
No capítulo 4 comparamos os dados obtidos das análises dos três sítios arqueológicos e
também descrevemos possíveis técnicas de pesca. Concluímos que os sambaquis litorâneos
(Itapeva e Recreio) apresentam similaridades as quais não são as mesmas do sambaqui lacustre
(Dorva), contudo este apresenta uma relação com os dois anteriores.
Tendo em vista o pouco aprofundamento teórico e as lacunas quando da descrição dos
processos de formação dos sítios denominados sambaquis, visamos com nossos resultados,
contribuir, de algum modo, com esta temática.
CAPÍTULO 1

ICTIOARQUEOLOGIA
DOS PESCADORES-COLETORES DOS SAMBAQUIS

If you steal from one author it's plagiarism;


if you steal from many it's research.

Wilson Mizner

No capítulo que se inicia apresentaremos ao leitor um resumo do histórico sobre os


diferentes trabalhos dedicados a Ictioarqueologia e sobre os sambaquis sul-rio-grandenses e
do Brasil. Descreveremos, também, um resumo das características do Holoceno médio no Rio
Grande do Sul, com o intuito de situar o leitor no panorama paleo-ambiental e no processo de
povoamento desenvolvido pelos pescadores-coletores neste Estado.

1.1 ICTIOARQUELOGIA: UM REFERENCIAL HISTÓRICO

A Zooarqueologia diz respeito aos restos faunísticos provenientes de sítios


arqueológicos. Um dos principais objetivos da Zooarqueologia é obter conhecimento mais
abrangente sobre a relação do homem com o meio ambiente, principalmente entre humanos e
outras populações animais (BUTZER, 1994; REITZ e WING, 1999). Os princípios básicos da
Biologia, como a distribuição, extinção, Ecologia, morfologia, Biogeografia, entre outros, são
necessários na compreensão zooarqueológica. A Zooarqueologia, por ser uma disciplina de
estudo abrangente apresenta subdisciplinas, uma delas, a Ictioarqueologia, se compromete a
analisar unicamente os vestígios de peixe encontrados em sítios arqueológicos.
A Ictioarqueologia torna-se uma ciência indispensável ao estudo de sítios litorâneos
pois possibilita a interpretação de diversos contextos, tais como tecnologia de pesca,
sazonalidade da exploração dos recursos ictiológicos e condições paleoambientais
(RENFREW e BAHN, 2000). Sua abordagem interdisciplinar entre a Arqueologia, a
Antropologia e a Ecologia, especialmente, fornece ao pesquisador inúmeras ferramentas
teóricas e práticas que auxiliam na compreensão, dentre outros sítios arqueológicos, dos
sambaquis, os quais possuem uma grande diversidade de peixes que provém de uma inter-
relação entre o indivíduo e o meio (GONZALEZ, 2005).
16

Deve-se enfatizar que para análises ictioarqueológicas os restos de peixes encontrados


em sítios arqueológicos são “artefatos” que passaram por um “filtro cultural” (DALY, 1969;
REED, 1963). A maioria dos restos de animais é resultado de uma complexa interação
humana com o ambiente, e seu repertório tecnológico para explorá-lo. Associar os restos de
animais encontrados em sítios arqueológicos com a dieta do homem é uma das principais
finalidades da Zooaqueologia e, consequentemente, também da Ictioarqueologia (REITZ e
WING, 1999).
Mesmo com as ferramentas que a Zooarqueologia nos proporciona, podem surgir, em
uma análise da arqueofauna, problemas metodológicos. Até mesmo devido às condições de
preservação do material podem ocorrer insuficiência de dados para análises mais precisas.
Além destas barreiras de cunho científico e/ou natural, ainda pode haver barreiras na
especificidade que a Zoologia impõe à classificação taxonômica da arqueofauna
(GONZALEZ, 2005).
Em uma análise final, este processo se torna essencial, pois somente com um
conhecimento minucioso da anatomia, evolução e distribuição natural dos filos é possível se
ter um resultado mais preciso na compreensão de sítios arqueológicos. Na introdução de seu
artigo “Fish and archeology”, Clason (1986, p.1) afirma que:

Restos [ósseos] de peixes podem nos dizer algo sobre a antiga distribuição
de uma espécie, a época de sua introdução e/ou a extinção da espécie,
[dados] paleoclimáticos em geral, e especialmente algo sobre as preferências
alimentícias de habitantes pré-históricos e de antigos povoamentos, [parte]
do meio ambiente em que viviam, seus métodos de pesca, a estação em que
o peixe foi pescado, e a domesticação de certas espécies (CLASON, 1986,
p.1) (tradução nossa).

O primeiro zoólogo a estudar ossos de peixes resgatados em sítios arqueológicos foi


provavelmente Schlegel (na Holanda), em torno da primeira metade do século XIX. Schlegel
foi convidado por Janssen, designado do Museu de Antiguidades (de Leyden), para analisar
restos faunísticos coletados durante a escavação de uma antiga cidade medieval em Dorestad
(PRUMMEL, 1983 apud CLASON, 1986). Clason (1986, p.4) cita Rütimeyer (1861) como
sendo um dos principais zoólogos que trabalharam com Arqueologia, afirmando que ele
descreveu ossos de peixes em sítios arqueológicos da Suíça. Na Dinamarca Steenstrup em
1851 e Winge em 1888 identificaram vestígios de peixes em sítios arqueológicos chamados
de shellmounds da cultura mesolítica Ertebølle (CLASON, 1986). Sauvage em 1875
trabalhou com vestígios de peixes na França e Kishinouye em 1911 em sambaquis do Japão
(CASTEEL, 1976).
17

Foi contudo, nos anos de 1960-70 que Johannes Lepiksaar motivou um importante
ímpeto no estudo de sub-fósseis de vestígios de peixes (CLASON, 1986). Zoólogo envolvido
com pesquisas relacionadas a vestígios faunísticos encontrados em sítios arqueológicos,
possuía um amplo conhecimento sobre anatomia de peixes (OLSON, 2008). Também foi um
especialista na história dos vertebrados do Holoceno do norte da Europa e em processos
tafonômicos de vestígios animais (e.g. LEPIKSAAR, 1967, 1974, 1986 e 1989). Heirich e
Lepiksaar (1977) analisaram juntos os restos faunísticos de peixes no sitio arqueológico de
Haithabu, na Alemanha. A publicação dos resultados do sítio arqueológico citado acima é
considerado um marco para trabalhos de Ictioarqueologia.
Para Clason (1986) se Rütimeyer foi o pai da Zooarqueologia, Lepiskaar foi o pai da
Ictioarqueologia.
Nos trabalhos brasileiros sobre Zooarquologia envolvendo sambaquis podemos
destacar os de Garcia (1970) Jacobus e Gil (1987) Figuti (1988, 1989, 1999) Rosa (1995,
1998, 2006, 2008), Brentano; Rosa; Schmitz (2006), Teixeira (2006) e Pacheco (2008) entre
outros.
Na área da Ictioarqueologia, no Brasil, destacam-se os trabalhos de Ricken (2002) e
Gonzalez (2005). No entanto são raros os trabalhos publicados neste gênero, com ênfase nos
sambaquis. Nesse sentido, o presente trabalho busca ampliar o enfoque para a ciência
ictioarqueológica.

1.2 SAMBAQUI: RESUMO ARQUELÓGICO

Estudos sobre a formação dos sambaquis* vêm sendo desenvolvidos desde o final do
século XIX. Estes montes resultantes do acúmulo progressivo e intencional de conchas em
tempos pré-históricos despertou o interesse de pesquisadores (GASPAR, 2000; LIMA, 2000).
Entendemos por sambaquis todos aqueles sítios arqueológicos costeiros que contém
conjuntos específicos de artefatos líticos, ósseos ou conchíferos associados a uma matriz
composta basicamente por carapaças de moluscos e ossos de peixes onde, por vezes, ocorrem
sepultamentos. Essa medida é apenas uma forma geral de definir ocupações que ocorrem ao

*
Palavra originada da língua tupi, tamba’ki onde tamba significa conchas e ki, amontoado (GASPAR, 2000,
p.9).
18

longo de toda a costa Sul e Sudeste brasileira nas quais especificidades regionais são comuns,
tanto na cultura material, quanto na estrutura interna dos sítios (WAGNER, 2009).
Os concheiros podem ser vistos em quase toda costa litorânea do mundo (NOLL,
2002). Leonardos em 1938, se referindo a um concheiro na Dinamarca, utilizou o termo
kjøkkenmøddinger, que significa “restos de cozinha” em dinamarquês (LEONARDOS, 1938,
p.2). São encontrados na costa atlântica e do Pacífico dos Estados Unidos (chamados de
shellmounds), nas Guianas, na costa do Peru, no Chile, na Argentina (chamados de
conchales), Portugal, Espanha, Alemanha, Malásia, Japão e Austrália (LEONARDOS, 1938;
LIMA, 2000). Foram construídos sobre embasamentos rochosos, em planícies, encostas ou
diretamente na areia. No Brasil ocorrem desde o Rio Grande do Sul até a Baía de Todos os
Santos basicamente no interior dos ambientes lagunares e estuários, uma vez que esses
favorecem o desenvolvimento de moluscos (NEVES, 1988).
Nas primeiras décadas e ao longo da primeira metade do século XX ainda perdurava
a discussão sobre a origem natural ou artificial dos sambaquis. Aqueles que acreditavam na
origem dos sambaquis como formações provenientes de ações naturais (naturalistas)
argumentam que, pela conseqüência das correntes marinhas, valvas de conchas mortas se
aglomeravam no fundo do mar, e com as regressões marinhas, ficaram na posição nas quais se
encontram atualmente. Ihering observando sambaquis de Guaratiba (RJ) concluía que as bases
rochosas teriam sido propícias para a instalação de colônias de moluscos que teriam formado
os concheiros (LEONARDOS, 1938).
Entretanto, estudiosos que acreditavam na formação natural destes concheiros,
enfrentaram um dilema em como explicar a presença de ossos humanos e dos artefatos ali
encontrados. Formaram então, uma terceira corrente conhecida como mista. Gliesch (1925,
p.28) em um relato que faz sobre os sambaquis argumenta que:

Os sambaquis já formados eram habitados por bugres que se alimentavam


de peixes, mariscos e também de caracóis terrestres que trouxeram dos
mattos próximos, atirando o resto da comida ao redor de suas habitações,
enterrando também seus mortos ai (GLIESCH, 1925, p.28).

Da corrente contrária à naturalista, a linha de pesquisa artificialista afirmava que os


sambaquis foram feitos por mãos humanas. Antigos habitantes do litoral, que viviam da caça,
pesca e coleta da fauna e flora litorânea, por alguma razão cultural, continuamente
aglomeravam o que restava da sua alimentação em um mesmo local. Aparentemente, os
concheiros podem parecer somente amontoados de conchas, porém, em uma análise mais
19

meticulosa podemos identificar, além de restos faunísticos, artefatos de pedra, ossos e


conchas para a caça e pesca, e também, esqueletos desses habitantes. Frei Gaspar da Madre de
Deus (Gaspar de Teixeira Azevedo) (1920) descrevia os sambaquis como resultado da ação
dos índios brasileiros, e estabelecia as montanhas de cascas como se fossem os restos dos
alimentos utilizados para a sobrevivência daqueles grupos (AZEVEDO, 1920 apud COSTA,
1934, p.76):

É indivisível a imensidade que colhiam de ostras, berbigões, amejoas,


sururús de várias castas e outros mariscos; mas a pesca principal era de
ostras e berbigões, ou porque gostassem mais deles ou porque os
encontrassem em maior cópia e colhessem com facilidade. De tudo isso
havia e ainda há hoje muita abundancia nos mangais da Capitania de São
Paulo. Com tais mariscos se sustentava enquanto durava a pescaria, o resto
secavam e assim beneficiado conduziam para as suas aldeias, onde lhes
servia de alimentos por algum tempo. As conchas lançavam a uma parte do
lugar onde estavam congregados, e com elas formavam montões tão grande,
que parecem outeiros a quem agora as vê soterrados (AZEVEDO, 1920
apud COSTA, 1934, p.76).

Após ter encontrado ossos humanos, artefatos líticos e utensílios cerâmicos, Gaspar da
Madre Deus (século XVIII), convencido de que os sambaquis eram de origem antrópica e que
serviam como um cemitério, menciona:

(...) n’algumas acham-se machados, (...) pedaços de panelas quebradas e


ossos de defuntos; pois que se algum índio morria ao tempo da pescaria;
servia de cemitério a Ostreira, na qual depositavam o cadáver e depois
cobriam de conchas (AZEVEDO, 1920, p.122).

Em 1938, Leonardos publicou sua obra: Concheiros Naturais e Sambaquis e, com


ela tentou esclarecer a polêmica sobre a formação dos sambaquis, definindo-os como sendo:

Montes circulares ou alongados que se elevam sobre a planície onde


ordinariamente se acham, até a altura de 15 a 20 metros; são constituídos
exclusivamente de conchas de moluscos comestíveis, amontoados sem
estratificação regular, deixando vazios entre as conchas; e encerram ossadas
humanas, armas e utensílios indígenas, restos de fogueiras, esqueletos de
aves e de caça de pêlo, espinhas e escamas de peixe, etc. (LEONARDOS,
1938, p.4).

Devido ao crescente desenvolvimento das pesquisas realizadas a partir da década de


1950, a corrente naturalista começou a perder seus argumentos, e por fim a questão é
considera como superada e assim torna-se evidente a formação antrópica dos “casqueiros”
(LIMA, 2000). Destacam-se, as pesquisas de Antônio Teixeira Guerra (1950, 1951, 1955,
20

1962), Luis de Castro Faria (1952, 1955, 1959), João Alfredo Rohr (1961, 1962, 1966, 1974,
1983), André Prous (1972, 1990, 1995), entre outros (FARIAS, 2000).
A corrente naturalista sofre desdobramentos que contribuem para o entendimento da
origem e formação dos sambaquis. A desacreditada idéia que os sambaquis eram formações
naturais é substituída pelo conceito de que os sítios delimitam processos naturais (GASPAR,
2000). Nessa perspectiva, Gaspar (idem, p.15) cita a pesquisa onde Krone (1914) observa que
alguns concheiros estavam mais afastados que outros da linha costeira. Acreditava então, que
para explicar esse enigma deveria haver, ao longo dos anos, diferenças no nível do mar, ou
seja, a linha da costa litorânea atual, não seria a mesma de séculos anteriores. Dessa forma, os
sambaquis mais recentes deveriam estar próximos do mar, enquanto que os distantes seriam
mais antigos. Assim, Backheuser (1946) e Abreu (1947), especialmente, admitiam os
sambaquis como referência para demonstrar o recuo no nível do mar na costa meridional do
Brasil. Abreu (idem, p.388) afirmava que: “o homem do sambaqui acompanhou o secular
movimento do oceano”.
Fernão Cardim menciona a exploração dos casqueiros pelos portugueses que “destas
cascas fazem cal e de hum só monte se fez parte dos colégios da Bahia, os paços do
governador, e outros muitos edifícios...” (CARDIM, 1583[1939], apud FARIAS, 2000, p.15).
Lima (2000, p.286), sobre a exploração dos sambaquis discorre que:

Sendo os sambaquis a única fonte conhecida de calcário no litoral, as


caieiras – fornos rudimentares para a calcinação das rochas – torna-se a
principal causa da sua destruição maciça. Seu valor econômico determinou
essa exploração implacável para fins industriais até que dispositivos legais
de proteção viessem a ser criados na segunda metade do século XX (LIMA,
2000, p.286).

Mesmo após os dispositivos de proteção serem criados, os sambaquis provavelmente


ainda são explorados na pavimentação de estradas ou em fertilizantes, especialmente (ROHR,
1959; LIMA, 2000).
O sambaqui é um fenômeno global que se repete através dos tempos em diferentes
culturas e momentos do Pleistoceno e Holoceno entre grupos que viviam da pesca e da coleta
de moluscos (KNEIP, 2004). A preponderância das atividades de pesca, expressa na
arqueofauna existente nos sambaquis levou Arno Kern (1994, p.52) a propor a denominação
pescadores-coletores dos sambaquis como forma de designar estas populações. Produzidos
por sistemas socioculturais característicos, regidos por lógica própria e com sua própria
21

dinâmica interna, os sambaquis precisam ser analisados sob a ótica da diversidade,


respeitando-se suas particularidades (LIMA, 2000).

1.2.1 Condições Paleoclimáticas do Holoceno Médio no Rio Grande do Sul


No Rio Grande do Sul, há cerca de 18.000 anos A.P., por consequência de um período
glacial, a quantidade de água líquida disponível no oceano e na atmosfera diminui, o que leva
as ondas do mar sul-rio-grandense a baterem aproximadamente 120 metros abaixo do nível
atual, formando uma ampla planície aluvial (VILLWOCK e TOMAZELLI, 1998). Ao final
da última glaciação, as geleiras lentamente se desfazem e o mar começa a avançar sobre a
planície costeira arenosa dando início a transição do Pleistoceno ao Holoceno.

Entre 10.000 e 8.000 A.P., a corrente fria das Malvinas provavelmente recuou, sendo
substituída por uma corrente de águas mais quentes (Corrente do Brasil) e, por consequência,
trouxe consigo maior umidade e assim, mais chuvas para o território gaúcho (AB’SÁBER,
1977; KERN, 1982).
No período que se prolongou entre 8.000 e 6.000 A.P., as temperaturas foram
lentamente se elevando. Assim sendo, os registros paleoecológicos sugerem que o
aquecimento climático do Holoceno inicia-se entre 8.000 e 6.000 A.P., quando condições
ambientais parecem ter sido mais quentes e secas do que as atuais (CLAPPERTON, 1993).
O clima mais úmido e a maior frequência de precipitações no início do Holoceno
sugerem que as espécies florestais pioneiras, provavelmente de locais vizinhos mais
interiorizados, se expandiram, ocasionando o aumento da vegetação arbórea (WERNECK e
LORSCHEITTER, 2001). Deste modo, Wagner (2009, p.7) ressalta que:

Com a entrada do ótimo climático as florestas ombrófilas densas que


provavelmente recobriam as encostas escarpadas do planalto constituíam
excelentes refúgios para os grupos de caçadores e coletores pré-históricos,
nas quais puderam estabelecer seu modo de vida baseado na exploração do
ambiente circundante (WAGNER, 2009, p.7).

Em relação as modificações climáticas do Holoceno Médio, Kern (1982, p.176)


afirma que a:
topografia e a hidrografia do Rio Grande do Sul não sofreram
transformações maiores durante o Holoceno, permanecendo muito
semelhantes à situação em que se apresentam atualmente, com exceção é
claro da planície litorânea, onde as regressões e transgressões marinhas
foram importantes (KERN, 1982, p.176).
22

Contudo, o máximo transgressivo impediu a expansão da vegetação sobre os pântanos.


Apesar do aumento da temperatura e umidade a partir de 6.000 A.P., a influência marinha e a
salinização de diversas áreas passaram a ser fatores limitantes ao desenvolvimento das matas
Por conseguinte, a dessalinização dos terrenos em torno de 4.900 A.P. possibilitou a re-
ocupação dos pântanos, banhados e lagoas colmatadas que forneceram as condições básicas
para a expansão das matas paludosas (LORSCHEITTER, 2003 apud WAGNER, 2009).
As condições climáticas favoráveis a partir do ótimo climático contribuíram
significativamente para a expansão de espécies tropicais oriundas da região sudeste. Esse
trajeto de migração dos vegetais é conhecido como Rota Migratória da Costa Atlântica
Brasileira (MENEGAT et al., 1998).
A diminuição da diversidade de pólens arbóreos é interpretado como uma redução da
influência climática marinha, condicionanda a climas mais secos do que os anteriores
(MARQUES-TOIGO, 2002 apud WAGNER, 2009).
Pesquisas relacionadas ao avanço das matas de Araucária na encosta e topo do
planalto gaúcho detectaram evidências do aumento da umidade na região leste do estado a
partir de 1.500 A.P., quando o clima já estaria muito próximo ao que conhecemos atualmente
(BEHLING, 2001).
CAPÍTULO 2

MATERIAIS E MÉTODOS:
ESCAVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO

Read the directions and directly you will be directed


in the right direction.

Lewis Carroll, Alice's Adventures in Wonderland. 1865.

O capítulo que se inicia tem por objetivo apresentar a localização e descrição dos
sítios arqueológicos propostos para este trabalho (Sambaqui de Itapeva, Sambaqui do Recreio
e Sambaqui da Dorva), assim como apresentar sua estratigrafia, os métodos e processos de
identificação dos vestígios de peixes.
Na Fig.01, delimitado pelo circulo vermelho, temos a área onde se encontra o
Sambaqui do Recreio (LII-18), Sambaqui de Itapeva (RS-LN-201) e Sambaqui da Dorva (LII-
43). Os dois primeiros estão situados no município de Torres e o último no município de Três
Cachoeiras, litoral Norte do Rio Grande do Sul.

Figura 01. Mapa do Estado do Rio Grande do Sul. O circulo em destaque


delimita a are de estudo deste trabalho.
24

2.1 SAMBAQUI DE ITAPEVA

O Sambaqui de Itapeva (RS-LN-201) (Fig.02), localizado nas coordenadas


geográficas: 29°23’03.13”S 49°45’32.82”O (obtidos utilizando-se o programa computacional
Google Earth), se encontra a 22m de altura na encosta leste da pedra de Itapeva (WAGNER,
2009; KERN, LA SALVIA e NAUE, 1985) a aproximadamente três quilômetros ao sul das
falésias que envolvem a Praia da Guarita.

Figura 02. Vista parcial do Sambaqui de Itapeva (foto do autor).

O primeiro pesquisador a escavar o sambaqui de Itapeva foi Kern no ano de 1970,


voltando a explorá-lo em 1982. Este sambaqui também foi estudado, por Tocchetto em 1987,
Jacobus e Gil em 1987, Gazzaneo, Jacobus e Momberger no ano de 1989 e em 1996 por Rosa
(WAGNER, 2009).
Wagner, com o intuito de coletar amostras para datação por C14 escavou o Sambaqui
de Itapeva em 2008. O carvão coletado por ele corresponde principalmente à camada que
representa o início da ocupação deste sambaqui (profundidade de 90 cm). O material coletado
foi enviado ao laboratório Beta Analytic Inc. sob o registro Beta-248226, indicando a
ocupação para 3.130 ± 40 A.P. (3.300 a 3.260 cal. - probabilidade 95%, AMS) (WAGNER,
2009).

2.1.1 Descrição estratigráfica


A sondagem realizada mede 50cm2 de largura por 130cm de profundidade (Fig. 03).
O sambaqui de Itapeva se encontra aproximadamente sob 35cm de sedimento arenoso sem
vestígios arqueológicos. Identificamos pequenas quantidades de carvão nos níveis iniciais (5
cm, camada I), a partir de 15cm (camada III) observamos uma grande quantidade de valvas de
25

conchas que se estende até o inicio da camada IV. Em torno de 35cm de profundidade (início
da camada IV) nota-se uma concentração de carvão e areia húmica, após essa observamos,
novamente, uma grande quantidade de valvas de conchas que se prolonga até o início da
ocupação do sítio arqueológico.

Figura 03. Perfil estratigráfico realizado no Sambaqui de Itapeva (RS-LN-201).

Para facilitar na compreensão dos resultados do capítulo 3, dividimos esse sambaqui


em três porções: final da ocupação, camadas I, II e III (níveis 0-5cm à 25-30cm), nível
intermediário da ocupação, camada IV (níveis 30-35cm à 55-60cm) e início da ocupação,
camada V (níveis 60-65cm à 90-95cm).
26

2.2 SAMBAQUI DO RECREIO

O segundo sítio arqueológico é o Sambaqui do Recreio (Fig. 04) (LII-18), localizado


nas coordenadas geográficas: 29°24’42.41”S 29°47’11.75”O (obtidos utilizando-se o
programa computacional Google Earth), localizado no município de Torres, litoral norte do
Rio Grande do Sul. O sambaqui se situa a cerca de 650 metros da atual linha de praia. A oeste
do sítio, de acordo com Wagner (2009, p.48), “há uma pequena lagoa, denominada pelos
moradores por Lagoa dos Quatis. Este corpo aquoso encontra-se em processo de colmatação
(...) e dista cerca de 150m do sambaqui”. O sítio arqueológico mede 142 metros de
comprimento no sentido oeste-leste. Possui dois domos com cerca de um metro de altura,
onde as valvas de moluscos encontram-se bastante concentradas e compactadas (WAGNER,
2009).

Figura 04. Vista parcial do Sambaqui do Recreio (Foto retirada de Wagner, 2009).

O Sambaqui do Recreio foi escavado pela primeira vez por Wagner em 2007. A
datação radiocarbônica foi feita pelo laboratório Beta Analytic Inc., sob o registro Beta-
232731, indicando a ocupação para 3.350 ± 50 A.P. (3700 a 3460 cal. - probabilidade 95%).

2.2.1 Descrição estratigráfica


Durante a escavação do Sambaqui do Recreio ocorreu um colapso do perfi, o que nos
levou a deslocar a sondagem a aproximadamente 10 cm da prospecção inicial. Desta maneira, o
perfil estratigráfico apresentado na Fig. 05, não correlaciona inteiramente com as camadas que
27

serão vistas no Capítulo 3. O corte realizado mede 50cm2 de largura por 250cm de
profundidade. O Sambaqui do Recreio se encontra sob aproximadamente 10 cm de areia.

Figura 05. Perfil estratigráfico realizado no Sambaqui do Recreio (LII-18).


28

Foram identificadas pequenas quantidades de carvão a 10 cm (nível do qual Wagner


retirou amostras para a datação radiocarbônica) de profundidade seguidas de valvas de conchas
a aproximadamente 15cm (camada I). Após a camada estéril (20 a 40cm; em nossa amostra, a
camada se estende de 35 a 50cm) se inicia a camada II. Nela identificamos uma grande
quantidade de carvão e abaixo dele, valvas de conchas. Observamos, novamente, uma camada
estéril de 60 a 70cm. A camada III apresenta uma grande quantidade de valvas de conchas
mescladas com areia húmica (75-90cm). A aproximadamente 95cm de profundidade
identificamos mais uma camada estéril. Nela vemos pequenas concentrações de carvão e valvas
de conchas (110-115cm). Estas não apresentam qualquer vestígio de peixes. Essa camada
estéril se estende até onde identificamos o inicio da ocupação indígena no sambaqui.
A datação radiocarbônica da camada IV, nível 165-170, neste sítio realizada pelo
laboratório Beta Analytic Inc., sob registro Beta-283771, indicou a ocupação para 3.540 ±50
A.P. (3.970 a 3.690 cal.-probabilidade 95%).

2.3 SAMBAQUI DA DORVA

O terceiro sítio aqui discutido e apresentado é o Sambaqui da Dorva (LII-43) (Fig. 06),
encontrado nas coordenadas geográficas: 29°25'29.68"S 49°52'44.90"O (localização obtida
utilizando-se o programa computacional Google Earth), encontra-se no Município de Três
Cachoeiras litoral norte rio-grandense, situa-se nos domínios da Floresta Ombrófila Densa, na
margem oeste da Lagoa dos Quadros. Assim como o Sambaqui do Recreio, o Sambaqui da
Dorva também foi inicialmente escavado por Wagner em 2008. A datação solicitada foi
realizada pelo laboratório Beta Analytic Inc. sob o registro Beta-244550, indicando a
ocupação para 1.110 ± 40 A.P. (1.080 a 940 cal.-probabilidade 95%) (WAGNER, 2009).
29

Figura 06. Sambaqui da Dorva, foto tirada durante sua sondagem em julho de 2009
(foto do autor).

2.3.1 Descrição estratigráfica


A sondagem realizada possui 50cm2 de largura por 72cm de profundidade. O
sambaqui da Dorva se encontra aproximadamente sob 10cm de areia. A sondagem realizada
mede 50cm2 de largura por 60cm de profundidade. Os primeiros níveis (0-10 cm) da camada
arqueológica encontram-se parcialmente revolvidos por atividades de plantio. A camada
arqueológica (I) apresenta-se bastante uniforme com uma grande quantidade de carvão e
lítico. De 15cm até aproximadamente 40cm de profundidade, identificamos muitas conchas
compactadas, entremeadas por restos vegetais. Nota-se que este sambaqui encontra-se acima
de uma paleoduna a 60cm de profundidade abaixo do inicio da camada arqueológica.
30

Figura 07. Perfil estratigráfico realizado no Sambaqui da Dorva (LII-43).

2.4 A ESCAVAÇÃO E OS PROCEDIMENTOS DE LABORATÓRIO

As escavações estão fundamentadas em técnicas empregadas nos trabalhos de


Bitencourt (1992) e Scheel-Ybert (2006).
Os três sítios arqueológicos analisados neste trabalho foram escavados utilizando-se os
mesmos procedimentos metodológicos.
Inicialmente foi demarcada uma área 50cm2 (Fig. 08), de onde foi coletado todo o
sedimento em camadas artificiais de 5cm, as quais foram referenciadas e identificadas. Após a
retirada da amostra, o perfil estratigráfico foi desenhado e fotografado.
31

Figura 08. Foto do perfil do sitio sambaqui de Itapeva (foto do autor).

Todos os sedimentos retirados das amostras dos sítios foram peneirados, em malha de
2mm, com água. Optou-se por peneirar o sedimento com água, pois isso garante uma melhor
amostragem, uma melhor visualização e também por danificar menos o material osteológico
(CLASON, 1986 e SCHEEL-YBERT, 2006). O peneiramento com água foi feito lavando-se
o sedimento da peneira com uma mangueira (Fig. 09). Após a secagem do material, que foi
feita naturalmente, ao ar livre, o material resultante foi acondicionado em sacos plásticos com
suas respectivas identificações.

Figura 09. Material sendo peneirado com água (foto do autor).

O material de cada sítio, já peneirado e seco foi levado ao Centro de Estudo e


Pesquisas Arqueológicas (CEPA), do departamento de História da Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas – FFCH, localizado no Museu de Ciências e Tecnologia (MCT) da
PUCRS. O material foi separado manualmente de acordo com o seu tipo (vestígios ósseos,
carvão, materiais líticos, moluscos) (Fig. 10). O vestígio ósseo resultante de cada sítio e cada
camada artificial passou por uma nova triagem, na qual foram separados os ossos de peixes
dos ossos de outros grupos animais (mamíferos, aves e répteis). O resultante dessa separação
32

foi embalado de acordo com sua camada e respectivo sítio de origem. As conchas, caracóis,
carvão e material lítico foram acondicionados separadamente em caixas identificadas
devidamente.

Figura 10. triagem do material ósseo do Sambaqui de Itapeva (foto do autor).

2.5 IDENTIFICAÇÃO DOS VESTÍGIOS DA ICTIOFAUNA

A identificação é um processo de múltiplos passos que geralmente envolve decidir


qual fragmento está sendo representado e a qual grupo taxonômico ele pertence (DRIVER,
1992; LAWRENCE, 1973; PARMALEE, 1985; SHMID, 1972 apud REITZ e WING, 1999).
Na identificação dos vestígios ósseos foram utilizadas as seguintes bibliografias
especializadas em peixes: Nolf (1976), Compagno (1984), Olsen (1971), Andreata (1979,
1988) Gregory (2002), Jardim (1980), Chao (1978), Lucena (1988), Corrêa e Vianna (1992) e
Rojo (1976). Associada a estes, foi utilizado também uma coleção óssea de referência do
Setor de Paleontologia (MCT-PUCRS), na qual constam espécies da região norte litorânea do
Rio Grande do Sul. Foram adquiridas no Mercado Público ou em peixarias de super-mercados
espécies que não haviam na coleção de referencia e que poderiam ser encontradas no
sambaqui. Estes exemplares foram preparados em laboratório através da técnica de fervura e
limpeza, para assim visualizar seus ossos, otólitos ou escamas.
33

2.5.1 NISP & MNI


Para a estimativa de abundancia taxonômica foi empregado o número de espécimes
ósseos identificados por táxon (NISP, Do inglês, number of identified specimens) e o numero
mínimo de indivíduos (MIN, Do inglês, minimum number of individual). Estes parâmetros são
largamente utilizados e debatidos em trabalhos de Zooarqueologia (GRAYSON, 1984;
KLEIN e CRUZ-URIBE, 1984; DAVIS, 1987; LYMAN, 1994a, 1994b; REITZ e WING,
1999; O’CONNOR, 2000).
O termo espécime, utilizado na Zooarqueologia, é explicado por Lyman (1994b,
p.288) como sendo: “A specimen is an archaeologically discrete phenomenological unit such
as a complete humerus, a distal half of a tibia, or a mandible with teeth in it”. Em relação a
esta terminologia, Gonzalez (2005, p.54) comenta que:

Mesmo a zooarqueologia explicando a utilização do termo espécime


aplicado para o calculo de NISP, consideramos o emprego do termo
descabido devido a sua utilização durante séculos nos estudos das ciências
naturais. O termo mais indicado neste caso seria o NTF (Número Total de
Fragmentos) (GONZALEZ, 2005, p.54).

O objetivo de se utilizar estes parâmetros é o de avaliar a importância relativa de


animais na dieta obtidos pelas variadas técnicas de subsistência dos pescadores-coletores dos
sambaquis.
As análises de NISP (número de espécimes ósseos identificados por táxon)
representam o total de indivíduos identificados e também o total de ossos (KLEIN e CRUZ-
URIBE, 1984) de cada nível escavado de cada um dos seus respectivos sambaquis. Uma das
desvantagens deste método é sua utilização como indicador da abundância das espécies
(GONZALEZ, 2005) podendo superestimar uma espécie em relação a outra.
As análises de MNI (número mínimo de indivíduos) trata do menor número de
indivíduos necessários para a contagem dos vestígios identificados, baseado na simetria
bilateral, elementos axiais singulares e dimensões estimadas (REITZ e WING, 1999;
RICKEN 2002; ROSA, 2006) (e.g. dois otólitos da espécie x, um esquerdo e um direito de
aproximadamente mesmo tamanho pode ser considerado de um indivíduo para MNI; já na
análise de NISP estes otólitos serão computados como dois indivíduos diferentes). Klein e
Cruz-Uribe (1984) destacam os problemas relacionados com as análises de MNI (e.g. os
valores de MNI são afetados pelo tamanho e qualidade dos elementos faunísticos utilizados).
Os nomes dos ossos seguem Castro e Castro (1987). Nos casos em que conseguimos
identificar o osso, mas não o táxon, atribuímos a esses casos o nome de “peixes”. Estes não
34

foram adicionados às tabelas estatísticas (NISP e MNI do Capítulo 3). Em algumas análises
de MNI não conseguimos chegar a conclusões satisfatórias em relação a quantidade de
indivíduos do grupo considerado “peixes”, assim sendo (já que esses ossos não modificarão
os valores das tabelas estatísticas) consideramos eles como sendo “?”, o que significa que
foram identificados mas sua abundancia não foi determinada.

2.5.2 Dominância
Para compreendermos quais foram as espécies mais abundantes, obtivemos a soma
total (NISP) dos vestígios identificados de cada um dos grupos taxonômicos para cada nível
do sambaqui e após convertermos esse valor em porcentagem, comparamos estes entre eles. A
espécie com maior freqüência percentual no nível em questão foi denominado de dominante
(e.g. uma espécie que foi a mais abundante em quatro níveis do sambaqui obteve o valor de
dominância 4). As tabelas de dominância encontram-se no Anexo 03.
CAPÍTULO 3

RESULTADOS:
ANÁLISES ICTIOARQUELÓGICAS

Talking nonsense is the sole privilege mankind possesses over the


other organisms. It's by talking nonsense that one gets to the truth!
I talk nonsense, therefore I'm human.

Fyodor Dostoevsky. Crime and Punishment. 1956.

Neste capítulo iremos nos focar nas análises ictioarquelógicas, apresentando os


vestígios resultantes da triagem de 50 cm2 feita em cada sítio arqueológico escavado proposto
para este trabalho, suas frequências ao longo da formação do concheiro, peso total, hábitat das
espécies identificadas e, com o intuito de auxiliar futuras pesquisas, fotos de vestígios
característicos de alguns dos grupos taxonômicos encontrados.

3.1 SAMBAQUI DE ITAPEVA

3.1.1 Peso dos níveis escavados


Nas figuras 11-15 (A,B,C e D), a esquerda, são mostrados os valores de areia, valvas
de conchas, lítico, carvão, ossos de mamíferos/aves/répteis (“Vestígios não peixes”) e os
vestígios de peixes (“Vestígios peixes”). Nas mesmas figuras (A’, B’, C’ e D’), a direita, está
representada uma subdivisão dos “vestígios peixes”, onde apresentamos os vestígios
utilizados para nossa análise do sítio (porção em destaque), vértebras e os vestígios que pela
sua pobre condição não conseguimos atribuir a nenhuma parte anatômica e/ou grupo em
específico (“Restos”).
Todos os valores estão representados em porcentagens. As tabelas com os pesos em
gramas estão no Anexo 01.
36

A A’

B B’

C C’

Figura 11. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B e C com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma subdivisão
dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
37

A A’

B B’

C C’

D D’

Figura 12. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B, C e D com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’,C’ e D’ apresenta uma
subdivisão dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
38

A A’

B B’

C C’

D D’

Figura 13. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B e C com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma subdivisão
dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
39

A A’

B B’

C C’

D D’

Figura 14. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B e C com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma subdivisão
dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
40

A A’

B B’

C C’

D D’

Figura 15. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui de Itapeva. A, B, C e D com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’, C’ e D apresenta uma
subdivisão dos “vestígios peixes” para cada nível do sambaqui.
41

O total do peso dos 50 cm2 retirados do sambaqui é de 251,95 kg. Como se torna claro
a medida que vemos os gráficos do peso, notamos que o sambaqui é composto basicamente de
areia e valvas de conchas. Os vestígios de peixes representam, em média, 1,3% do peso total de
cada nível escavado e destes, aproximadamente, 17% foram utilizados para as análises do
Sambaqui de Itapeva.

3.1.2 Quantificação dos Vestígios


O Sambaqui de Itapeva, dentre os escavados para este trabalho, é o mais abundante em
relação aos vestígios de peixes identificados, com um total 5.116 ossos, escamas, dentes e
otólitos identificados e, também o mais diverso, tendo um total de 16 grupos taxonômicos.
Na Tabela 1 estão listados os grupos taxonômicos, seus vestígios e as análises de NISP
e MNI para o Sambaqui. Nota-se uma sequência continua de zero a 95cm de profundidade.

TABELA 1: Lista dos grupos taxonômicos, vestígios e as análises de NISP e MNI.


Nível Camada Ordem Família Espécie Vestígio NISP MNI
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Hiomandibular 1 1
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 7 5
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Escápula 2 2
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 5 4
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 7 4
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 6 5
Micropogonias
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 9 7
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 2 2
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Pterigióforo 1 1
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Raio 1 1
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Primeiro Raio 1 1
0-5 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 1 1
0-5 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 3 2
0-5 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
0-5 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 1 1
0-5 cm I Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
0-5 cm I Siluriformes Dentário 5 2
0-5 cm I Siluriformes Cleitro 1 1
0-5 cm I Siluriformes Espinho peitoral 21 16
0-5 cm I Siluriformes Ápice do espinho 5 3
0-5 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 5 3
0-5 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do Neurocrânio 34 11
0-5 cm I Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do Neurocrânio 12 4
0-5 cm I Siluriformes Articular 1 1
0-5 cm I Siluriformes Espinho dorsal 4 4
0-5 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
0-5 cm I “Peixes” Dente faringo-branquial 120 ?
0-5 cm I “Peixes” Dente unicúspide 7 ?
0-5 cm I “Peixes” Raio 60 ?
42

0-5 cm I “Peixes” Vértebra terminal 6 3


0-5 cm I “Peixes” Faringo-branquial 13 ?
0-5 cm I Carchariniformes Dentes 1 1
0-5 cm I Squatiniformes Squatinidae Dentes 13 1
5-10 cm II Siluriformes Espinho peitoral 20 13
5-10 cm II Siluriformes Espinho dorsal 4 4
5-10 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 22 13
5-10 cm II Siluriformes Cleitro 4 2
5-10 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 50 12
5-10 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 2 2
5-10 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
5-10 cm II Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 8 3
5-10 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Pós-temporal 2 2
5-10 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Quadrado 1 1
5-10 cm II Siluriformes Ápice do espinho 6 2
5-10 cm II Siluriformes Primeiro raio 2 2
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 16 11
Micropogonias
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 22 13
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Vértebra 1 1
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 6 4
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae Quadrado 1 1
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae Escápula 1 1
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 2
5-10 cm II Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 3 2
5-10 cm II Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1
5-10 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 12 8
5-10 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 1 1
5-10 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 2 2
5-10 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
5-10 cm II “Peixes” Dente faringo-branquial 80 ?
5-10 cm II “Peixes” Raio 102 ?
5-10 cm II Squatiniformes Squatinidae Dentes 8 1
5-10 cm II “Peixes” Otólitos 2 ?
5-10 cm II “Peixes” Faringo-branquial 35 ?
5-10 cm II “Peixes” Dente unicúspide 4 ?
5-10 cm II “Peixes” Vértebra terminal 9 3
5-10 cm II “Peixes” Escama 42 ?
5-10 cm II “Peixes” Quadrado 1 1
Micropogonias
10-15 cm II Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 15 10
10-15 cm II Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 8 5
10-15 cm II Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 4 3
10-15 cm II Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
10-15 cm II Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 1 1
10-15 cm II Perciformes Sciaenidae Pterigióforo 1 1
10-15 cm II Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 3 3
10-15 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 9 6
10-15 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 3 2
10-15 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
10-15 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 1 1
10-15 cm II Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
10-15 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 3 3
43

10-15 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 3 3


10-15 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 19 5
10-15 cm II Siluriformes Espinho peitoral 10 6
10-15 cm II Siluriformes Ápice do espinho 2 1
10-15 cm II Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 1 1
10-15 cm II Siluriformes Dentário 2 1
10-15 cm II Siluriformes Cleitro 1 1
Myliobatis
10-15 cm II Rajiformes Myliobatidae freminvillii Dentes 1 1
10-15 cm II “Peixes” Dente faringo-branquial 57 ?
10-15 cm II “Peixes” Faringo-branquial 32 ?
10-15 cm II “Peixes” Dente unicúspide 8 ?
10-15 cm II Carchariniformes Dentes 1 1
10-15 cm II Squatiniformes Squatinidae Dentes 3 1
10-15 cm II “Peixes” Raio 86 ?
10-15 cm II “Peixes” Escama 42 ?
10-15 cm II “Peixes” Vértebra terminal 6 3
10-15 cm II Perciformes Sciaenidae Hiomandibular 1 1
10-15 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 2 2
10-15 cm II “Peixes” Quadrado 1 1
10-15 cm II “Peixes” Escápula 1 1
10-15 cm II “Peixes” Articular 1 1
Micropogonias
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 15 12
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 2 2
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 2 2
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae Escápula 1 1
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae Hiomandibular 1 1
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 6 5
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 2
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
15-20 cm III Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
15-20 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 5 3
15-20 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
15-20 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Quadrado 1 1
15-20 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Pós-temporal 1 1
15-20 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 9 2
15-20 cm III Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 1 1
15-20 cm III Perciformes Sciaenidae Dentário 1 1
15-20 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 3 2
15-20 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
15-20 cm III Siluriformes Cleitro 1 1
15-20 cm III Siluriformes Espinho dorsal 1 1
15-20 cm III “Peixes” Escama 10 ?
15-20 cm III “Peixes” Faringo-branquial 32 ?
15-20 cm III “Peixes” Dentes 5 ?
15-20 cm III “Peixes” Dente faringo-branquial 23 ?
15-20 cm III “Peixes” Raio 70 ?
15-20 cm III “Peixes” Quadrado 5 3
15-20 cm III “Peixes” Maxilar 1 1
15-20 cm III “Peixes” Vértebra terminal 2 1
15-20 cm III “Peixes” Pterigióforo 5 ?
20-25 cm III Perciformes Sciaenidae Quadrado 2 2
20-25 cm III Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 1 1
44

Micropogonias
20-25 cm III Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 5 5
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 1 1
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 2 2
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
20-25 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 1 1
20-25 cm III Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1
20-25 cm III Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 1 1
20-25 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Scapulocoracóide 1 1
20-25 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
20-25 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 4 1
20-25 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 2 2
20-25 cm III Siluriformes Cleitro 1 1
20-25 cm III Siluriformes Espinho dorsal 2 2
Myliobatis
20-25 cm III Rajiformes Myliobatidae freminvillii Dentes 1 1
20-25 cm III “Peixes” Vértebra terminal 1 1
20-25 cm III “Peixes” Faringo-branquial 16 ?
20-25 cm III “Peixes” Quadrado 1 1
20-25 cm III “Peixes” Pterigióforo 4 ?
20-25 cm III “Peixes” Dente faringo-branquial 7 ?
20-25 cm III “Peixes” Escama 20 ?
20-25 cm III “Peixes” Raio 20 ?
20-25 cm III “Peixes” Dente unicúspide 1 1
25-30 cm III Perciformes Sciaenidae Basioccipital 1 1
25-30 cm III Perciformes Sciaenidae Escápula 1 1
25-30 cm III Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 1 1
25-30 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
25-30 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 1 1
25-30 cm III Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
25-30 cm III Perciformes Cichlidae Otólitos 1 1
25-30 cm III Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 1 1
25-30 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
25-30 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 7 2
25-30 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Pós-temporal 2 2
25-30 cm III Siluriformes Espinho dorsal 1 1
25-30 cm III “Peixes” Faringo-branquial 10 ?
25-30 cm III “Peixes” Dente faringo-branquial 8 ?
25-30 cm III “Peixes” Raio 18 ?
25-30 cm III “Peixes” Escama 9 ?
Micropogonias
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 8 7
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 7 5
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Escápula 3 2
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Hiomandibular 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 11 6
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 1 1
45

30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 2 1


30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
30-35 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 2 2
30-35 cm IV Perciformes Haemulidae Conodon sp. Otólitos 1 1
30-35 cm IV Perciformes Cichlidae Pré-maxilar 1 1
30-35 cm IV Perciformes Sciaenidae Dentário 1 1
30-35 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Pós-temporal 1 1
30-35 cm IV Siluriformes Otólitos 2 2
30-35 cm IV Siluriformes Cerato-hial posterior 1 1
30-35 cm IV Siluriformes Hiomandibular 1 1
30-35 cm IV Siluriformes Placas do neurocrânio 3 2
30-35 cm IV Siluriformes Quadrado 1 1
30-35 cm IV Siluriformes Espinho peitoral 2 2
30-35 cm IV Siluriformes Ápice do Espinho 2 1
30-35 cm IV Squatiniformes Squatinidae Dentes 1 1
30-35 cm IV Carchariniformes Dentes 1 1
30-35 cm IV “Peixes” Dentes 2 ?
30-35 cm IV “Peixes” Faringo-branquial 35 ?
Dente Faringo-
30-35 cm IV “Peixes” branquial 13 ?
30-35 cm IV “Peixes” Raio 46 ?
30-35 cm IV “Peixes” Escama 23 ?
30-35 cm IV “Peixes” Vértebra terminal 2 2
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 10 6
Micropogonias
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 9 8
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Escápula 8 4
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 2
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 1
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Maxilar 3 2
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 1 1
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 2 2
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 2 2
35-40 cm IV Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 8 4
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 4 2
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-maxilar 1 1
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 6 5
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 3 2
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 2 1
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 2 1
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 4 3
35-40 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 2 1
35-40 cm IV Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
35-40 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 13 2
35-40 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 5 3
35-40 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
35-40 cm IV Siluriformes Pós-temporal 1 1
35-40 cm IV Siluriformes Scapulocoracóide 1 1
35-40 cm IV Siluriformes Espinho peitoral 6 6
35-40 cm IV Siluriformes Ápice do espinho 6 1
35-40 cm IV Siluriformes Dentário 1 1
35-40 cm IV Squatiniformes Squatinidae Dentes 1 1
35-40 cm IV “Peixes” Escama 85 ?
46

35-40 cm IV “Peixes” Dentes 1 1


35-40 cm IV “Peixes” Raio 110 ?
35-40 cm IV “Peixes” Dente faringo-branquial 27 ?
35-40 cm IV “Peixes” Faringo-branquial 72 ?
35-40 cm IV “Peixes” Maxilar 2 2
35-40 cm IV “Peixes” Hiomandibular 1 1
35-40 cm IV “Peixes” Vértebra terminal 5 3
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 4 3
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Quadrado 2 2
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Hiomandibular 1 1
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 1 1
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 3 3
Micropogonias
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 13 8
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 3 3
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 3 2
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Dentário 2 2
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Escama 1 1
40-45 cm IV Perciformes Sciaenidae Escápula 3 3
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 5 3
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 6 3
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 2 2
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 8 4
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Osso pélvico 1 1
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 8 6
Cerato-hial anterior e
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. posterior 1 1
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 8 4
40-45 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 7 5
40-45 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 4 3
40-45 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 2 2
40-45 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 41 8
40-45 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Articular 1 1
40-45 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial posterior 1 1
40-45 cm IV Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 1 1
40-45 cm IV Siluriformes Cleitro 5 3
40-45 cm IV Siluriformes Hiomandibular 1 1
40-45 cm IV Siluriformes Espinho peitoral 2 2
40-45 cm IV Siluriformes Ápice do espinho 6 2
40-45 cm IV Siluriformes Dentário 1 1
40-45 cm IV Siluriformes Primeiro raio 1 1
40-45 cm IV Siluriformes Espinho dorsal 3 3
40-45 cm IV Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 1 1
40-45 cm IV “Peixes” Dentes 3 ?
40-45 cm IV “Peixes” Raio 107 ?
40-45 cm IV “Peixes” Escama 21 ?
40-45 cm IV “Peixes” Faringo-branquial 11 ?
40-45 cm IV “Peixes” Dente faringo-branquial 37 ?
40-45 cm IV “Peixes” Escápula 3 2
40-45 cm IV “Peixes” Basioccipital 1 1
40-45 cm IV “Peixes” Vértebra terminal 21 10
47

45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 4 3


Micropogonias
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 13 9
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 1 1
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Dentário 4 4
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Quadrado 5 3
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 5 2
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Escápula 3 2
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 4 3
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 2 2
45-50 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 16 9
45-50 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 5 3
45-50 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 4 3
45-50 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 3 2
45-50 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 4 2
45-50 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 7 4
45-50 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 7 4
45-50 cm IV Perciformes Cichlidae Hiomandibular 2 2
45-50 cm IV Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
45-50 cm IV Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
45-50 cm IV Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
45-50 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 2 2
45-50 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 12 2
45-50 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 2 2
45-50 cm IV Siluriformes Espinho dorsal 1 1
45-50 cm IV Siluriformes Dentário 1 1
45-50 cm IV Siluriformes Ápice do espinho 2 1
45-50 cm IV “Peixes” Faringo-branquial 12 ?
45-50 cm IV “Peixes” Raio 51 ?
45-50 cm IV “Peixes” Escama 8 ?
45-50 cm IV “Peixes” Quadrado 4 2
45-50 cm IV “Peixes” Vértebra terminal 18 6
45-50 cm IV “Peixes” Dente faringo-branquial 17 ?
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Quadrado 1 1
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 2 2
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 1 1
Micropogonias
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 3 3
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 2 2
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 16 10
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 4 4
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Dentário 1 1
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Maxilar 3 2
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Otólitos 1 1
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Hiomandibular 3 2
50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 1 1
50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 3 2
50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 2 1
50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 2 2
50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 34 20
50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 9 5
50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 1 1
50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 2 1
48

50-55 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Osso pélvico 2 2


50-55 cm IV Perciformes Cichlidae Pré-maxilar 2 2
50-55 cm IV Perciformes Cichlidae Maxilar 2 2
50-55 cm IV Carchariniformes Dentes 1 1
50-55 cm IV Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
50-55 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 10 2
50-55 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial posterior 1 1
50-55 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial anterior 1 1
50-55 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 2 2
50-55 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 2 2
50-55 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Quadrado 1 1
50-55 cm IV Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 1 1
50-55 cm IV Siluriformes Espinho dorsal 1 1
50-55 cm IV Siluriformes Ápice do espinho 2 2
50-55 cm IV Siluriformes Espinho peitoral 4 2
50-55 cm IV Siluriformes Cleitro 1 1
50-55 cm IV “Peixes” Faringo-branquial 13 ?
50-55 cm IV “Peixes” Caudal 18 9
50-55 cm IV “Peixes” Dentes 10 ?
50-55 cm IV “Peixes” Escama 10 ?
Dente Faringo-
50-55 cm IV “Peixes” branquial 33 ?
50-55 cm IV “Peixes” Raio 109 ?
55-60 cm IV Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 2 2
55-60 cm IV Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 2 2
55-60 cm IV Perciformes Sciaenidae Quadrado 3 3
55-60 cm IV Perciformes Sciaenidae Articular 2 1
55-60 cm IV Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
55-60 cm IV Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 3 3
55-60 cm IV Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 11 8
Micropogonias
55-60 cm IV Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 9 8
55-60 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 1 1
55-60 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
55-60 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
55-60 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 1 1
55-60 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 3
55-60 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 2 2
55-60 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 18 12
55-60 cm IV Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1
55-60 cm IV Perciformes Cichlidae Pré-maxilar 1 1
55-60 cm IV Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
55-60 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 2 2
55-60 cm IV Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 1 1
55-60 cm IV Siluriformes Ápice do Espinho 2 1
55-60 cm IV Siluriformes Espinho peitoral 1 1
55-60 cm IV Siluriformes Espinho dorsal 1 1
55-60 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
55-60 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial posterior 2 2
55-60 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial anterior 1 1
55-60 cm IV Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 9 2
55-60 cm IV “Peixes” Faringo-branquial 14 ?
55-60 cm IV “Peixes” Raio 46 ?
55-60 cm IV “Peixes” Dente faringo-branquial 24 ?
49

55-60 cm IV “Peixes” Dentes 10 ?


55-60 cm IV “Peixes” Quadrado 3 2
55-60 cm IV “Peixes” Hiomandibular 2 1
55-60 cm IV “Peixes” Caudal 5 2
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Escápula 2 2
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 2 1
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 4 3
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 13 9
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 1 1
Micropogonias
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 5 4
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Dentário 1 1
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Quadrado 2 2
60-65 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 1 1
60-65 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
60-65 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 4 2
60-65 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 1 1
60-65 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 24 14
60-65 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
60-65 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 6 4
60-65 cm V Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
60-65 cm V Perciformes Cichlidae Escápula 2 2
60-65 cm V Perciformes Cichlidae Dentário 2 2
60-65 cm V Perciformes Cichlidae Maxilar 4 3
60-65 cm V Perciformes Cichlidae Pré-maxilar 2 1
60-65 cm V Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1
60-65 cm V Perciformes Cichlidae Hiomandibular 4 4
60-65 cm V Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 7 4
60-65 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Quadrado 1 1
60-65 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial posterior 1 1
60-65 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial anterior 1 1
60-65 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 32 4
60-65 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 8 6
60-65 cm V Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 2 1
60-65 cm V Siluriformes Dentário 4 2
60-65 cm V Siluriformes Cleitro 1 1
60-65 cm V Siluriformes Espinho dorsal 1 1
60-65 cm V Siluriformes Ápice do espinho 6 2
60-65 cm V Siluriformes Espinho peitoral 9 8
60-65 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 6 4
60-65 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Dentário 4 2
60-65 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-mmaxilar 1 1
60-65 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 2 2
60-65 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 1 1
60-65 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 1 1
60-65 cm V “Peixes” Faringo-branquial 34 ?
60-65 cm V “Peixes” Escama 4 ?
60-65 cm V “Peixes” Dente faringo-branquial 22 ?
60-65 cm V “Peixes” Raio 68 ?
60-65 cm V “Peixes” Dentes 57 ?
60-65 cm V Carchariniformes Dentes 1 1
50

60-65 cm V “Peixes” Caudal 15 8


65-70 cm V Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 1 1
65-70 cm V Perciformes Sciaenidae Escápula 2 2
65-70 cm V Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 3 3
65-70 cm V Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
Micropogonias
65-70 cm V Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 1 1
65-70 cm V Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 8 6
65-70 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 3 2
65-70 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 2 2
65-70 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
65-70 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 3 2
65-70 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 1 1
65-70 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 17 10
65-70 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 2 2
65-70 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 2 2
65-70 cm V Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 6 3
65-70 cm V Perciformes Cichlidae Articular 1 1
65-70 cm V Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
65-70 cm V Perciformes Cichlidae Pré-maxilar 1 1
65-70 cm V Perciformes Cichlidae Maxilar 2 2
65-70 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Quadrado 1 1
65-70 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Hiomandibular 1 1
65-70 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
65-70 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
65-70 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 5 4
65-70 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 17 3
65-70 cm V Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Quadrado 1 1
65-70 cm V Siluriformes Ápice do espinho 7 2
65-70 cm V Siluriformes Dentário 2 2
65-70 cm V Siluriformes Espinho peitoral 12 8
65-70 cm V Siluriformes Espinho dorsal 1 1
65-70 cm V Siluriformes Cleitro 2 2
65-70 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 2 1
65-70 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 1 1
65-70 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 3 3
65-70 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Dentário 2 1
65-70 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 2 2
65-70 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 2 2
65-70 cm V Carchariniformes Dentes 1 1
65-70 cm V “Peixes” Escama 8 ?
65-70 cm V “Peixes” Faringo-branquial 27 ?
65-70 cm V “Peixes” Dente faringo-branquial 28 ?
65-70 cm V “Peixes” Raio 61 ?
65-70 cm V “Peixes” Dentes 52 ?
65-70 cm V “Peixes” Caudal 9 4
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 5 4
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Quadrado 1 1
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 2 1
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Pterigióforo 1 1
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Maxilar 2 1
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 3 3
Micropogonias
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 3 3
51

70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Articular 4 3


70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Lacrimal 1 1
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 2 2
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae Umbrina sp. Otólitos 1 1
Cynoscion
70-75 cm V Perciformes Sciaenidae virescens Otólitos 2 2
70-75 cm V Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
70-75 cm V Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 5 3
70-75 cm V Perciformes Cichlidae Otólitos 1 1
70-75 cm V Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
70-75 cm V Perciformes Cichlidae Articular 2 2
70-75 cm V Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1
70-75 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 1 1
70-75 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 1 1
70-75 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 1 1
70-75 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 6 3
70-75 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 6 5
70-75 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 2 2
70-75 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 7 5
70-75 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 5 4
70-75 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Dentário 2 2
70-75 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Mesetimóide 1 1
70-75 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
70-75 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
70-75 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 18 4
70-75 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
70-75 cm V Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 5 1
70-75 cm V Siluriformes Espinho dorsal 2 2
70-75 cm V Siluriformes Ápice do espinho 6 4
70-75 cm V Siluriformes Espinho peitoral 2 2
70-75 cm V Siluriformes Dentário 3 3
70-75 cm V Siluriformes Cleitro 2 2
70-75 cm V “Peixes” Escamas 10 ?
70-75 cm V “Peixes” Faringo-branquial 26 ?
“Peixes” Dente Faringo-
70-75 cm V branquial 26 ?
70-75 cm V “Peixes” Raio 42 ?
70-75 cm V “Peixes” Dentes 33 ?
70-75 cm V “Peixes” Caudal 4 3
70-75 cm V “Peixes” Maxilar 1 1
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 1 1
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae Quadrado 2 1
Micropogonias
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 7 5
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 4 3
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 1 1
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
75-80 cm V Perciformes Sciaenidae Escápula 1 1
75-80 cm V Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 9 6
75-80 cm V Perciformes Cichlidae Otólitos 1 1
75-80 cm V Perciformes Cichlidae Pré-maxilar 2 2
75-80 cm V Perciformes Cichlidae Dentário 1 1
52

75-80 cm V Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1


75-80 cm V Perciformes Cichlidae Osso pélvico 1 1
75-80 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 2 1
75-80 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 3 2
75-80 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 3 2
75-80 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 9 6
75-80 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 1 1
75-80 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 1 1
75-80 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
75-80 cm V Perciformes Cichlidae Articular 1 1
75-80 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 4 4
75-80 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Mesetimóide 1 1
75-80 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 3 3
75-80 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 4 3
75-80 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Cerato-hial anterior 1 1
75-80 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 2 2
75-80 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 2 1
75-80 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Dentário 4 2
75-80 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Quadrado 1 1
75-80 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Hiomandibular 1 1
75-80 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial posterior 1 1
75-80 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 2 2
75-80 cm V Siluriformes Espinho peitoral 8 5
75-80 cm V Siluriformes Cleitro 2 2
75-80 cm V Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 1 1
75-80 cm V Siluriformes Ápice do espinho 9 4
75-80 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 19 5
75-80 cm V “Peixes” Maxilar 2 1
75-80 cm V “Peixes” Faringo-branquial 13 ?
75-80 cm V “Peixes” Dentes 24 ?
75-80 cm V “Peixes” Raio 48 ?
75-80 cm V “Peixes” Dente faringo-branquial 15 ?
75-80 cm V Carchariniformes Dentes 1 1
75-80 cm V “Peixes” Escápula 2 2
75-80 cm V “Peixes” Escama 6 ?
75-80 cm V “Peixes” Caudal 1 1
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 5 3
Micropogonias
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 5 5
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 1 1
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 3 3
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 2 1
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae Umbrina sp. Otólitos 2 2
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 1 1
80-85 cm V Perciformes Cichlidae Articular 1 1
80-85 cm V Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1
80-85 cm V Perciformes Cichlidae Maxilar 2 1
80-85 cm V Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 8 5
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Otólitos 1 1
Cynoscion
80-85 cm V Perciformes Sciaenidae virescens Otólitos 1 1
80-85 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 15 10
80-85 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 3 2
80-85 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
53

80-85 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 1 1


80-85 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Mesetimóide 1 1
80-85 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 2 2
80-85 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 1 1
80-85 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 1 1
80-85 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Dentário 3 3
80-85 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 2 1
80-85 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Cerato-hial anterior 1 1
80-85 cm V Siluriformes Placa pré-dorsal 1 1
80-85 cm V Siluriformes Espinho peitoral 3 3
80-85 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 2 1
80-85 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
80-85 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
80-85 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 7 6
80-85 cm V Siluriformes Cleitro 1 1
80-85 cm V Siluriformes Dentário 2 2
80-85 cm V Siluriformes Ápice do espinho 2 1
80-85 cm V Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Quadrado 1 1
80-85 cm V “Peixes” Maxilar 1 1
80-85 cm V “Peixes” Raio 46 ?
80-85 cm V “Peixes” Faringo-branquial 23 ?
80-85 cm V “Peixes” Dentes 28 ?
80-85 cm V “Peixes” Escama 2 ?
80-85 cm V “Peixes” Dente faringo-branquial 104 ?
80-85 cm V “Peixes” Caudal 3 2
80-85 cm V “Peixes” Hiomandibular 2 1
85-90 cm V Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 1 1
85-90 cm V Perciformes Sciaenidae Quadrado 2 2
85-90 cm V Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
Micropogonias
85-90 cm V Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 2 2
85-90 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 3 3
85-90 cm V Perciformes Cichlidae Articular 1 1
85-90 cm V Perciformes Cichlidae Pré-maxilar 1 1
85-90 cm V Perciformes Cichlidae Dentário 1 1
85-90 cm V Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 2 2
85-90 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 3 3
85-90 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 4 4
85-90 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 1 1
85-90 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Dentário 4 3
85-90 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 2 2
85-90 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 4 2
85-90 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
85-90 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 2 2
85-90 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 4 2
85-90 cm V Siluriformes Ápice do Espinho 1 1
85-90 cm V Siluriformes Espinho peitoral 5 3
85-90 cm V Siluriformes Cleitro 1 1
85-90 cm V Siluriformes Articular 1 1
85-90 cm V “Peixes” Dente faringo-branquial 122 ?
85-90 cm V “Peixes” Dentes 20 ?
85-90 cm V “Peixes” Raio 22 ?
85-90 cm V “Peixes” Faringo-branquial 13 ?
85-90 cm V “Peixes” Caudal 2 2
54

85-90 cm V “Peixes” Maxilar 1 1


Micropogonias
90-95 cm V Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 8 6
90-95 cm V Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 5 4
90-95 cm V Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
90-95 cm V Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
90-95 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 14 10
90-95 cm V Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 1 1
90-95 cm V Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
90-95 cm V Perciformes Cichlidae Dentário 1 1
90-95 cm V Perciformes Cichlidae Articular 1 1
90-95 cm V Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
90-95 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 1 1
90-95 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 1 1
90-95 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Mesetimóide 3 3
90-95 cm V Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 1 1
90-95 cm V Siluriformes Cleitro 7 4
90-95 cm V Siluriformes Basioccipital 1 1
90-95 cm V Siluriformes Ápice do espinho 9 4
90-95 cm V Siluriformes Dentário 1 1
90-95 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 2 2
90-95 cm V Siluriformes Espinho Dorsal 2 2
90-95 cm V Siluriformes Espinho peitoral 28 16
90-95 cm V Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 16 5
90-95 cm V “Peixes” Dentes 19 ?
90-95 cm V “Peixes” Raio 47 ?
90-95 cm V “Peixes” Dente faringo-branquial 21 ?
90-95 cm V “Peixes” Faringo-branquial 9 ?
90-95 cm V “Peixes” Escama 2 ?
90-95 cm V “Peixes” Pterigióforo 1 1
90-95 cm V “Peixes” Caudal 6 3
90-95 cm V “Peixes” Escápula 1 1
Notorynchus
90-95 cm V Hesanchiformes Notorynchidae cepedianus Dentes 1 1
90-95 cm V Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Otólitos 1 1
Total 5116 1385
55

3.1.3 Análise dos níveis, camadas e abundância


Nesta secção apresentaremos* os resultados analisados de NISP e MNI de cada
camada com a ocorrência das espécies identificadas do Sambaqui de Itapeva. Os resultados
estão dispostos em níveis de ocupação mais recente (0-5 cm) ao mais antigo (90-95 cm) (Figs.
16-22).
A partir destes resultados podemos observar as tendências de pesca do grupo indígena
do Sambaqui de Itapeva.
Ao final da ocupação indígena (Fig.16 A-A’e B-B’), vemos que a espécie mais
frequente nessas camadas é o bagre (Genidens sp.) para ambas as análises. Para NISP (A-A’)
o jundiá (Rhamdia sp.) e o cação-anjo (Squatinidae) seguem o bagre em abundância. Já para
MNI os sciaenideos (Menticirrhus sp., Pogonias cromis, Micropogonias furnieri) e a tainha
(Mugil sp.) são os mais abundantes depois do bagre.
A A’

B B’

Figura 16. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada I. B-B’ camada II.

*
Não foi possível formatar, em itálico, os nomes das espécies nas tabelas de abundancia.
56

Na Fig. 17 observa-se uma tendência na pesca do bagre,da tainha e da corvina


(Micropogonias furnieri). Em ambas as análises efetuadas (MNI e NISP) vemos estas
espécies como as mais comuns, com baixas variações na sua frequência entre os níveis.
A A’

B B’

C C’

Figura 17. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada II. B-B’ e C-C’ camada III.
57

Analisando os níveis dispostos na Fig.18 percebemos um evento interessante, onde em


A e A’ notamos um acréscimo na pesca de ciclídeos (cará) e Genidens sp. (bagre), uma
ausência da corvina e um decréscimo da tainha (Mugil sp.) em relação ao nível 20-25, na
alimentação. Por outro lado, no nível 30-35 cm (Fig. 18 B-B’) observamos, de certa maneira,
o oposto, onde visivelmente o cará e bagre tem um decréscimo na pesca, a corvina retorna na
dieta e a tainha volta a ser a espécie dominante na alimentação. Nota-se também o
aparecimento de mais um Perciforme marinho na dieta, o Conodon sp. (roncador).

A A’

B B’

Figura 18. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada III. B-B’ camada IV.
58

A tendência da pesca da corvina, tainha e do bagre observada nos níveis da Fig. 17


volta em A-A’ da Fig. 19, entretanto, em A’ temos o papa-terra (Menticirrhus sp.) com uma
frequência um pouco maior que a corvina na análise de NISP. Na Fig.19 B-B’ continuamos a
observar a inclinação na tendência da pesca de tainha (Mugil sp.), bagre (Genidens sp.) e
corvina (Micropogonias furnieri).

A A’

B B’

Figura 19. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ camada IV.
59

Ainda observa-se, na Fig. 20 A-A’, a preferência por tainha, bagre e corvina. Troca-se,
a corvina pelo papa-terra em B-B’.

A A’

B B’

C C’

Figura 20. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada IV.
60

Percebe-se, agora, que nos níveis da Fig. 21 (A-A’, B-B’ e C-C’) uma maior pesca de
Hoplias sp. (traíra) e ciclídeos (cará) em ambas as análises em relação aos níveis anteriores.
Continuamos a ver a dominância de bagre e tainha na dieta.

A A’

B B’

C C’

Figura 21. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada V.
61

Na Fig. 22 (A-A’), os ciclideos (cará), mostram-se menos significativos; porém, maior


no nível 80-85 cm (B-B’). Nota-se que nestas camadas o acréscimo na preferência de espécies
lacustres não é devido a uma baixa diversidade marinha, pois no nível 80-85 cm vemos a
maior diversidade dos Perciformes marinhos no Sambaqui de Itapeva.

A A’

B B’

Figura 22. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
de Itapeva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ camada V.

O aumento da pesca da traíra atinge seu máximo nos níveis 85-90cm apresentado na
Fig. 23 A-A’ onde esta se torna a espécie mais abundante na alimentação. Deve-se salientar,
no entanto, que o bagre e a tainha sempre tiveram grande importância na dieta ao longo da
ocupação do sítio.
Vemos que no primeiro nível de ocupação, Fig. 23 B-B’, a tendência de pesca não
difere muito das camadas finais (e.g. camadas da Fig. 17 ), onde temos o bagre, a corvina e a
tainha como espécies dominantes.
62

A A’

B B’

Figura 23. Gráficos das variações da abundância relativa das espécies identificadas
para o sambaqui de Itapeva de acordo com o seu nível de profundidade. Frequências
expressas em log(x+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ nível V.

Podemos perceber uma preferência na captura do bagre (Genidens sp.) e da tainha


(Mugil sp.) ao longo de toda ocupação do sítio. Observa-se, no entanto, que no inicio* da
ocupação pelo grupo sambaqui, temos uma propensão na preferência por espécies lacustres
(Hoplias sp. e ciclídeos). Por outro lado, em camadas intermediarias** a preferência é a tainha,
e por fim, na ocupação mais recente*** (Fig.16 e 17 A-A’) vemos o surgimento dos
Squatinidae (cação-anjo), Scianideos (e.g. corvina e papa-terra) e Genidens sp. (bagre) na
dieta.
Na Figura 24 apresentamos para cada análise feita no sambaqui, as duas espécies mais
abundantes: bagre (Genidens sp.) e a tainha (Mugil sp.), com a finalidade de estudarmos as
variações de dominância destas duas espécies através do método de NISP.

*
Será considerado início da ocupação os níveis 60-65cm a 90-95 cm.
**
IV será considerado como nível intermediário da ocupação as profundidades de 30-35 cm a 55-60 cm.
***
Será considerado como final da ocupação as camadas I, II e III (níveis 0-5 cm a 25-30).
63

NISP

Figura 24. Número de espécimes ósseos identificado por táxon (NISP) do sambaqui de
Itapeva das espécies com maior frequência de dominância (tabelas no Anexo 03). Frequências
expressas em log(X+1) no eixo y e níveis de profundidade do eixo x.

MNI

Figura 25. Número mínimo de indivíduos (MNI) do sambaqui de Itapeva das espécies
com maior frequência de dominância (tabelas no Anexo 03). Frequências expressas em
log(X+1) no eixo y.

Analisando-se os gráficos compreendemos que em NISP (Fig. 24) a espécie mais


abundante é o bagre, sendo mais dominante nos níveis finais e iniciais. Já em MNI (Fig. 25)
64

percebe-se que a tainha é mais comum nas camadas iniciais e intermediárias. As duas análises
apontam que a tainha é a mais frequente nos níveis intermediários e que o bagre é o mais
dominante somente nos níveis finais. Já para o início da ocupação, MNI indica a tainha como
a mais frequente e para NISP é o bagre.
65

3.2 SAMBAQUI DO RECREIO

3.2.1 Peso dos níveis escavados


Nas figuras 26-28 (A,B,C e D), a esquerda, são mostrados os valores de areia, valvas
de conchas, lítico, carvão, ossos de mamíferos/aves/répteis (“Vestígios não peixes”) e os
vestígios de peixes (“Vestígios peixes”). Nas mesmas figuras (A’, B’, C’ e D’), a direita, está
representado uma subdivisão dos “vestígios peixes”, onde apresentamos os vestígios
utilizados para nossa análise do sítio (porção em destaque), vértebras e os vestígios que pela
sua pobre condição não conseguimos atribuir a nenhuma parte anatômica e/ou grupo em
específico (“Restos”). Não serão apresentados os valores do peso das camadas estéreis (e.g.
níveis 35-40 à 45-50 cm).
A A’

B B’

C C’

Figura 26. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui do Recreio. A, B e C


apresenta todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma
subdivisão dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.
66

A A’

B B’

C C’

D’

Figura 27. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui do Recreio. A, B, C e D


apresenta todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’, C’ e D’ apresenta
uma subdivisão dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.
67

A A’

B B’

C C’

Figura 28. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui do Recreio. A, B, C e D


apresenta todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’, C’ D’ apresenta uma
subdivisão dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.

O total em kg da sondagem dos 50 cm2 retirados do sambaqui é de 173,13 kg. Para o


Sambaqui do Recreio cerca de 0,5% do peso de cada nível são de vestígios de peixes. E
destes, em media, 17,5% foram identificados e classificados para este trabalho. Deve ser
resaltado que na primeira camada de ocupação (nível 140-145 camada IV), a quantidade de
sedimento é o maior entre os níveis deste sambaqui e também entre os outros dois estudados
(Itapeva e Dorva) atingindo cerca de 98% do peso total do concheiro. Fato este, juntamente
com a pouca quantidade de vestígios faunísticos, pode indicar um curto período de ocupação.
68

3.2.2 Quantificação dos Ossos


No Sambaqui do Recreio identificamos um total 1.128 vestígios e 11 grupos de peixes.
Na Tabela 2 estão listados os grupos taxonômicos, seus vestígios e as análises de NISP e MNI
para o Sambaqui. Nota-se que este sítio apresenta camadas estéreis.

TABELA 2: Lista dos grupos taxonômicos, vestígios e as análises de NISP e MNI.


Nível Camada Ordem Família Gênero Vestígio NISP MNI
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
Micropogonias
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 3 3
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Dentário 2 1
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Cerato-hial aosterior 1 1
0-5 cm I Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Articular 1 1
0-5 cm I Siluriformes Ápice do espinho 1 1
0-5 cm I Siluriformes Espinho peitoral 1 1
0-5 cm I “Peixes” Hiomandibular 1 1
Dente faringo-
0-5 cm I “Peixes” branquial 3 1
0-5 cm I “Peixes” Faringo-branquial 2 2
0-5 cm I “Peixes” Quadrado 1 1
0-5 cm I “Peixes” Pterigióforo + Raio 1 1
0-5 cm I “Peixes” Dente 1 1
0-5 cm I “Peixes” Raios 11 ?
Micropogonias
5-10 cm I Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 3 2
5-10 cm I Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
Cerato-hial anterior e
5-10 cm I Perciformes Sciaenidae posterior 1 1
5-10 cm I Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
5-10 cm I Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 3 2
5-10 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 2 2
5-10 cm I “Peixes” Escamas 2 1
5-10 cm I “Peixes” Raios 19 ?
Dente faringo-
5-10 cm I “Peixes” branquial 2 1
5-10 cm I “Peixes” Caudal 1 1
5-10 cm I “Peixes” Escápula 3 2
5-10 cm I “Peixes” Dentário 1 1
10-15 cm I Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 1 1
Micropogonias
10-15 cm I Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 1 1
10-15 cm I Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
10-15 cm I Perciformes Sciaenidae Quadrado 2 2
10-15 cm I Perciformes Sciaenidae Articular 2 2
10-15 cm I Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 2 1
10-15 cm I Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 2
10-15 cm I Perciformes Cichlidae Articular 1 1
10-15 cm I Perciformes Cichlidae Hiomandibular 3 2
10-15 cm I Perciformes Cichlidae Pré-maxilar 1 1
10-15 cm I Perciformes Cichlidae Dentário 1 1
10-15 cm I Perciformes Cichlidae Quadrado 2 1
69

10-15 cm I Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1


10-15 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 12 3
10-15 cm I Siluriformes Ápice do espinho 4 3
10-15 cm I Siluriformes Espinho peitoral 1 1
10-15 cm I Atheriniformes Atherinopsidae Odontesthes sp. Dentário 1 1
10-15 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 1 1
10-15 cm I “Peixes” Raios 12 ?
10-15 cm I “Peixes” Caudal 3 2
10-15 cm I “Peixes” Escamas 4 3
10-15 cm I “Peixes” Maxilar 2 2
10-15 cm I “Peixes” Faringo-branquial 6 5
10-15 cm I “Peixes” Escápula 2 2
10-15 cm I “Peixes” Dente 5 1
15-20 cm I Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
15-20 cm I Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
15-20 cm I Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 1 1
15-20 cm I Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 4 3
15-20 cm I Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
15-20 cm I Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Dentário 1 1
15-20 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 4 3
15-20 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 2 1
15-20 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 3 2
15-20 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 2 2
15-20 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 1 1
15-20 cm I Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
15-20 cm I Perciformes Cichlidae Otólitos 1 1
15-20 cm I Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
15-20 cm I Siluriformes Cleitro 6 4
15-20 cm I Siluriformes Espinho peitoral 10 8
15-20 cm I Siluriformes Ápice do espinho 1 1
15-20 cm I Atheriniformes Atherinopsidae Odontesthes sp. Dentário 1 1
15-20 cm I Atheriniformes Atherinopsidae Odontesthes sp. Articular 1 1
15-20 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 1 1
15-20 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Mesetmóide 1 1
15-20 cm I “Peixes” Faringo-branquial 28 15
15-20 cm I “Peixes” Caudal 1 1
15-20 cm I “Peixes” Maxilar 1 1
15-20 cm I “Peixes” Raios 41 ?
15-20 cm I “Peixes” Dente 12 9
Dente faringo-
15-20 cm I “Peixes” branquial 5 3
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Dentário 2 2
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 1 1
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Maxilar 1 1
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Dentário 2 2
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Quadrado 2 2
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Pterigióforo 1 1
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Otólitos 2 2
Micropogonias
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 1 1
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 1 1
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Articular 3 3
20-25 cm I Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 1 1
70

20-25 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1


20-25 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 4 3
20-25 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
20-25 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
20-25 cm I Siluriformes Ápice do espinho 13 8
20-25 cm I Siluriformes Cleitro 10 6
20-25 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cleitro 1 1
20-25 cm I Siluriformes Espinho dorsal 1 1
20-25 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
20-25 cm I Siluriformes Espinho peitoral 21 13
20-25 cm I Siluriformes Pterigióforo 1 1
20-25 cm I Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 6 3
20-25 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 8 4
20-25 cm I Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Mesetmóide 1 1
20-25 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Dentário 1 1
20-25 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 2 2
20-25 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 1 1
20-25 cm I “Peixes” Maxilar 2 1
20-25 cm I “Peixes” Dente 13 3
Dente faringo-
20-25 cm I “Peixes” branquial 4 2
20-25 cm I “Peixes” Faringo-branquial 6 5
20-25 cm I “Peixes” Basioccipital 1 1
20-25 cm I “Peixes” Raios 40 ?
20-25 cm I “Peixes” Caudal 4 3
20-25 cm I “Peixes” Articular 1 1
20-25 cm I “Peixes” Quadrado 2 1
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Quadrado 8 7
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Articular 3 3
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Cerato-hial posterior 1 1
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Cerato-hial anterior 1 1
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 1
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Pré-maxilar 6 5
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Dentário 3 3
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Pterigióforo 1 1
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 6 4
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Otólitos 2 2
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Cynoscion virescens Otólitos 1 1
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Dentário 6 4
Micropogonias
25-30 cm I Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 1 1
25-30 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 3 2
25-30 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 1 1
25-30 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 2 1
25-30 cm I Siluriformes Ápice do espinho 23 11
25-30 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Cerato-hial anterior 2 2
25-30 cm I Siluriformes Cerato-hial posterior 1 1
25-30 cm I Siluriformes Cleitro 30 17
25-30 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
25-30 cm I Siluriformes Dentário 2 2
25-30 cm I Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. Placas do neurocrânio 8 2
25-30 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 5 2
25-30 cm I Siluriformes Pós-temporal 1 1
25-30 cm I Siluriformes Pré-opérculo 3 2
71

25-30 cm I Siluriformes Espinho peitoral 32 18


25-30 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 1 1
25-30 cm I “Peixes” Dente 8 1
25-30 cm I “Peixes” Concreção de cálcio 3 2
25-30 cm I “Peixes” Escápula 4 3
25-30 cm I “Peixes” Raios 48 ?
25-30 cm I “Peixes” Faringo-branquial 7 6
Camada estéril
Micropogonias
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae furnieri Otólitos 1 1
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Dentário 1 1
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae Cynoscion virescens Otólitos 2 1
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 6 4
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae Maxilar 2 2
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae Dentário 2 2
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae Quadrado 1 1
55-60 cm II Perciformes Sciaenidae Articular 2 2
55-60 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 4 2
55-60 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Articular 1 1
55-60 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 4 3
55-60 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 4 3
55-60 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 4 3
55-60 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 2 2
55-60 cm II Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 2 1
55-60 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 2 1
55-60 cm II Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
55-60 cm II Siluriformes Cleitro 1 1
55-60 cm II Siluriformes Espinho peitoral 1 1
55-60 cm II Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Maxilar 1 1
55-60 cm II Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 1 1
55-60 cm II “Peixes” Caudal 6 3
55-60 cm II “Peixes” Hiomandibular 1 1
55-60 cm II “Peixes” Raios 24 ?
Dente faringo-
55-60 cm II “Peixes” branquial 10 2
55-60 cm II “Peixes” Dente 1 1
55-60 cm II “Peixes” Escápula 3 2
55-60 cm II “Peixes” Escamas 2 2
Camada estéril
90-95 cm III Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 28 17
90-95 cm III Perciformes Sciaenidae Cynoscion sp. Dentário 1 1
90-95 cm III Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 2
90-95 cm III Perciformes Sciaenidae Quadrado 3 2
90-95 cm III Perciformes Sciaenidae Articular 4 3
90-95 cm III Perciformes Sciaenidae Dentário 6 4
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 22 11
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Articular 2 2
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 4 3
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 3 2
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 2 1
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial anterior 5 3
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 3 2
72

Cerato-hial anterior e
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. posterior 1 1
90-95 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 4 3
90-95 cm III Siluriformes Dentário 1 1
90-95 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 1 1
90-95 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Occipital 1 1
90-95 cm III Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Articular 1 1
90-95 cm III Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 1 1
90-95 cm III “Peixes” Maxilar 1 1
90-95 cm III “Peixes” Raios 53 ?
90-95 cm III “Peixes” Escápula 1 1
90-95 cm III “Peixes” Caudal 18 7
90-95 cm III “Peixes” Cerato-hial posterior 1 1
90-95 cm III “Peixes” Dente 3 2
Dente faringo-
90-95 cm III “Peixes” branquial 4 2
90-95 cm III “Peixes” Faringo-branquial 2 2
90-95 cm III “Peixes” Escamas 4 2
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Pré-maxilar 2 2
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Menticirrhus sp. Otólitos 60 32
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Quadrado 1 1
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Concreção de cálcio 1 1
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Dentário 5 4
95-100 cm III Perciformes Sciaenidae Articular 5 5
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Otólitos 7 5
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 2 2
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 1 1
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 2 2
95-100 cm III Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 2 1
95-100 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Basioccipital 1 1
95-100 cm III Siluriformes Ápice do espinho 1 1
95-100 cm III Siluriformes Espinho peitoral 1 1
95-100 cm III Siluriformes Ariidae Genidens sp. Placas do neurocrânio 1 1
95-100 cm III Siluriformes Placas do neurocrânio 1 1
95-100 cm III “Peixes” Escápula 1 1
95-100 cm III “Peixes” Caudal 2 2
95-100 cm III “Peixes” Raios 33 ?
95-100 cm III “Peixes” Maxilar 2 2
95-100 cm III “Peixes” Escamas 10 2
95-100 cm III “Peixes” Faringo-branquial 4 2
Dente faringo-
95-100 cm III “Peixes” branquial 1 1
95-100 cm III “Peixes” Dente 1 1
Camada estéril
140-145 cm IV Perciformes Sciaenidae Faringo-branquial 1 1
140-145 cm IV Perciformes Sciaenidae Pogonias cromis Otólitos 1 1
140-145 cm IV Perciformes Sciaenidae Dentário 1 1
140-145 cm IV Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
140-145 cm IV Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Lacrimal 6 3
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Escápula 3 2
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Cerato-hial posterior 1 1
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Pré-opérculo 1 1
140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Articular 1 1
73

140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Quadrado 2 2


140-145 cm IV Perciformes Mugilidae Mugil sp. Hiomandibular 3 2
140-145 cm IV Siluriformes Espinho peitoral 1 1
140-145 cm IV “Peixes” Osso pélvico 1 1
140-145 cm IV “Peixes” Caudal 5 3
140-145 cm IV “Peixes” Raios 8 ?
140-145 cm IV “Peixes” Faringo-branquial 1 1
140-145 cm IV “Peixes” Pré-opérculo 1 1
Total 1128 556
74

3.2.3 Análise dos níveis, camadas e abundância


Neste item apresentaremos os gráficos de cada nível escavado com a ocorrência de
espécies identificadas. Segue-se as tabelas de NISP e MNI para cada nível deste sítio. Os
resultados estão dispostos em níveis de ocupação mais recente (0-5 cm) ao mais antigo (140-
145 cm) (Figs. 29-32). Nota-se que neste sambaqui encontram-se níveis os quais não existe
qualquer tipo de indício de fauna (e.g. níveis 60-65 à 85-90 e 100-105 à 135-140) conhecidos
como camadas estéreis (WAGNER, 2009).
A partir destes resultados, apresentados na sequência, podemos observar as
tendências de pesca do grupo indígena do Sambaqui do Recreio.
Os níveis finais da ocupação apresentados na Fig. 29 A-A’ e B-B’ são caracterizados
pela baixa diversidade e pela predominância de corvina (Micropogonias furnieri) na
alimentação. Predominância esta, única em toda a ocupação.

A A’

B B’

Figura 29. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
do Recreio de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ camada I.
75

Percebe-se que a partir dos níveis 10-15cm apresentados na Fig. 30 a diversidade de


peixes aumenta significativamente em relação aos níveis da Fig. 29. A predominância na
pesca em A-A’ é de cará (ciclídeos) e do bagre (Genidens sp.). No nível seguinte, B-B’,
vemos a predominância da tainha (Mugil sp.) em ambas as análises.

A A’

B B’

Figura 30. Gráficos das variações da abundância relativa das espécies identificadas
para o sambaqui do Recreio de acordo com o seu nível de profundidade. Freqüências
expressas em log(X+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ I.

Na Fig. 31 A-A’ percebemos que a predominância na dieta varia de uma análise para a
outra. Na análise de NISP, o bagre e o jundiá (Rhandia sp.) são dominantes, já em MNI
vemos que são a tainha, a pescada (Cynoscion sp.) e a traíra (Hoplias sp.). Já em C-C’ surge
uma nova camada (II), na qual a tainha é a mais frequente, seguida do papa-terra
(Menticirrhus sp.).
76

A A’

B B’

C C’

Figura 31. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
do Recreio de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada II. B-B’ e C-C’ camada III

Na Fig. 32 A-A’, camada III, compreende-se que a tainha e o papa-terra são as


espécies com maior frequência de pesca. Padrão que continua em B-B’. Em C-C’ apresenta-se
o início da ocupação no sambaqui do Recreio (camada IV). Esta ocupação caracteriza-se pela
dominância da tainha e também pela única presença da miraguaia (Pogonias cromis) no
sambaqui. É interessante salientar que a diversidade das espécies no nível final, 140-145 cm
77

(camada IV) não é a mesma dos níveis iniciais, 0-5 cm e 5-10 cm (camada I), demonstrando
uma substituição completa da dieta.
A A’

B B’

C C’

Figura 32. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
do Recreio de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’ camada II. B-B’ e C-C’ camada III.

Nas Figs. 33 e 34 temos as espécies mais abundantes para cada tipo de análise feita no
Sambaqui do Recreio.
Percebe-se que nas análises de NISP (Fig. 33) e de MNI (Fig. 34), as espécies que ao
longo da ocupação foram as mais consumidas, não continuaram a ser pescadas no nível final,
78

0-5 cm. Observamos que o bagre tem seus picos de abundância nos níveis finais do sambaqui
(0-5cm a 30-35cm) e que ao longo da formação deste sitio houve uma predominância de
tainha e papa-terra. Para o inicio da ocupação nota-se que a tainha foi fundamental para o
estabelecimento do grupo Sambaqui, no Recreio.

NISP

Figura 33. Número de espécimes ósseos identificados por táxon (NISP) do sambaqui
do recreio para as espécies com maior frequência de dominância. Freqüências expressas em
log(X+1) no eixo y.

Para as análises de MNI vemos poucas diferenças em relação a NISP. O bagre torna-
se mais abundante no final da ocupação (10-15cm a 30-35cm). Na camada II (nível 55-60 cm)
compreende-se que a tainha é a mais abundante. Na camada III (níveis 90-95 cm e 95-100
cm) nota-se a tendência alimentícia de tainha e papa-terra, e para o inicio da ocupação (nível
140-145 cm) percebemos que a tainha (assim como em NISP) foi fundamental para a
implantação deste sambaqui.
79

MNI

Figura 34. Número mínimoi dde iindivíduos


di d ((MNI)) ddo Sambaqui
b i do Recreio para as
espécies com maior freqüência de dominância. Freqüências expressas em log(x+1) no eixo y.

As Figs. 35 e 36 demonstram que nas camadas finais do sambaqui houve uma


substituição na dieta, com a tainha e o papa-terra gradualmente substituídos pela corvina e o
bagre. Observa-se que em ambas as análises a corvina é dominante no final da ocupação.

NISP

Figura 35. Número de espécimes ósseos identificados por táxon do Sambaqui do


Recreio para as espécies com maior frequência de dominância. Freqüências expressas em
log(x+1) no eixo y.
80

MNI

Figura 36. Número mínimo de indivíduos do Sambaqui do Recreio para as espécies


com maior freqüência de dominância. Freqüências expressas em log(x+1) no eixo y.
81

3.3 SAMBAQUI DA DORVA

3.3.1 Peso dos níveis escavados


As figuras de 37 a 40 representam os gráficos do peso, em porcentagem, dos vestígios
do Sambaqui da Dorva. A esquerda (Figs. A, B, C e D), os valores de areia, carapaças de
conchas, lítico, carvão, ossos de mamíferos/aves/répteis (vestígios não peixes) e os vestígios
de peixes. A direita (Figs. A’, B’, C’ e D’) está representada uma subdivisão dos vestígios de
peixes; em destaque a porcentagem identificada e empregada para esta dissertação. Os valores
em gramas estão no Anexo 1.
A A’

B B’

C C’

Figura 37. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui da Dorva. A, B e C com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’ e C’ apresenta uma subdivisão
dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.
82

A A’

B B’

C C’

D D’

Figura 38. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui da Dorva. A, B, C e D com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’,C’ e D’ apresenta uma
subdivisão dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.
83

A A’

B B’

C C’

D D’

Figura 39. Gráficos dos pesos dos vestígios do Sambaqui da Dorva. A, B, C e D com
todos os vestígios de cada um de seus respectivos níveis. A’, B’,C’ e D’ apresenta uma
subdivisão dos vestígios de peixes para cada nível do Sambaqui.
84

A A’

Figura 40. Gráfico do peso dos vestígios do Sambaqui da Dorva. “A” representa o total
de vestígios do concheiro. A’ apresenta uma subdivisão dos vestígios de peixes.

Uma das características em nossas amostras do Sambaqui da Dorva foi a pobre


quantidade de vestígios faunísticos tanto de peixes como o outros animais. E esta característica
se reflete, também, nas análises de peso. Para o concheiro da Dorva somente 0,07% da sua
densidade é de amostras ictiofaunisticas e destes, 28% foram identificados. O total do peso dos
50 cm2 retirados do sambaqui é de 132,8 kg.

3.3.2 Quantificação dos Ossos


No Sambaqui da Dorva identificamos um total 222 vestígios de peixes e seis grupos
taxonômicos. Na Tabela 3 estão as espécies e seus respectivos vestígios identificados. Este
concheiro, ao contrario dos anteriores apresenta somente uma camada estratigráfica. Nota-se
neste sambaqui uma baixa quantidade de ossos e uma baixa diversidade de grupos
taxonômicos.

TABELA 3: Lista dos grupos taxonômicos, vestígios e as análises de NISP e MNI.


Nível Camada Ordem Família Espécie Vestígio NISP MNI
0-5 cm I Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1
0-5 cm I Perciformes Cichlidae Escama 1 1
0-5 cm I Perciformes Sciaenidae Articular 1 1
0-5 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 1 1
0-5 cm I Siluriformes Ápice do espinho 2 1
0-5 cm I Peixes Escama 9 2
0-5 cm I Peixes Raio 3 1
5-10 cm I Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1
5-10 cm I Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1
5-10 cm I Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
5-10 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 1 1
Placas do
5-10 cm I Siluriformes Heptapteridae Rhamdia sp. neurocrânio 1 1
5-10 cm I Siluriformes Dentário 1 1
5-10 cm I Peixes Hiomandibular 1 1
85

5-10 cm I Peixes Escama 1 1


10-15 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
Placas do
10-15 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. neurocrânio 5 2
10-15 cm I Siluriformes Ápice do espinho 1 1
10-15 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 2 2
10-15 cm I Peixes Pré-maxilar 1 1
10-15 cm I Peixes Vômer 1 1
10-15 cm I Peixes Raio 2 1
10-15 cm I Peixes Escama 2 1
15-20 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
15-20 cm I Peixes Raio 1 1
15-20 cm I Peixes Escama 3 1
20-25 cm I Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
20-25 cm I Perciformes Cichlidae Escama 1 1
20-25 cm I Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1
Placas do
20-25 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. neurocrânio 2 2
20-25 cm I Siluriformes Dentário 1 1
20-25 cm I Peixes Escama 7 2
20-25 cm I Peixes Raio 3 1
20-25 cm I Peixes Dente 2 1
25-30 cm I Perciformes Cichlidae Dentário 1 1
25-30 cm I Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
25-30 cm I Siluriformes Ápice do espinho 1 1
25-30 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Centro vertebral I 1 1
Concreção de
30-35 cm I Perciformes Sciaenidae cálcio 1 1
30-35 cm I Perciformes Cichlidae Faringo-branquial 1 1
30-35 cm I Perciformes Cichlidae Escama 1 1
30-35 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
Placas do
30-35 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. neurocrânio 1 1
30-35 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Dentário 1 1
30-35 cm I Peixes Raio 2 2
30-35 cm I Peixes Dente 3 1
30-35 cm I Peixes Escama 11 2
35-40 cm I Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
35-40 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. Otólitos 1 1
35-40 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Pré-maxilar 2 2
Cerato-hial
35-40 cm I Peixes posterior 1 1
35-40 cm I Peixes Escama 13 2
35-40 cm I Peixes Raio 1 1
Cerato-hial
40-45 cm I Perciformes Mugilidae Mugil sp. anterior 1 1
40-45 cm I Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
40-45 cm I Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1
40-45 cm I Siluriformes Ápice do espinho 1 1
Placas do
40-45 cm I Siluriformes Ariidae Genidens sp. neurocrânio 1 1
40-45 cm I Peixes Raio 2 1
40-45 cm I Peixes Dente 1 1
40-45 cm I Peixes Escama 26 3
45-50 cm I Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
86

45-50 cm I Perciformes Cichlidae Quadrado 1 1


45-50 cm I Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1
45-50 cm I Siluriformes Espinho peitoral 1 1
45-50 cm I Peixes Escama 12 2
45-50 cm I Peixes Raio 1 1
50-55 cm I Perciformes Cichlidae Escama 1 1
50-55 cm I Perciformes Cichlidae Osso pélvico 1 1
50-55 cm I Perciformes Cichlidae Maxilar 1 1
50-55 cm I Siluriformes Espinho dorsal 1 1
50-55 cm I Siluriformes Ápice do espinho 1 1
50-55 cm I Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. Quadrado 1 1
50-55 cm I Peixes Escama 27 3
50-55 cm I Peixes Raio 2 1
55-60 cm I Perciformes Cichlidae Escápula 1 1
55-60 cm I Perciformes Cichlidae Hiomandibular 1 1
55-60 cm I Perciformes Cichlidae Articular 1 1
55-60 cm I Perciformes Cichlidae Escama 1 1
Placas do
55-60 cm I Siluriformes neurocrânio 1 1
55-60 cm I Peixes Faringo-branquial 1 1
55-60 cm I Peixes Pré-maxilar 1 1
55-60 cm I Peixes Escama 17 1
55-60 cm I Peixes Raio 3 2
TOTAL 222 99
87

3.3.3 Análise dos níveis, camadas e abundância


Neste item apresentaremos os gráficos de cada nível com a ocorrência de espécies
identificadas para o Sambaqui da Dorva. Seguem-se as tabelas de NISP e MNI para cada
nível deste sítio. Os resultados estão dispostos em níveis de ocupação mais recente (0-5 cm)
ao mais antigo (55-60 cm). Este sambaqui diferentemente dos anteriores, apresenta somente
uma camada antrópica (camada I).
A partir destes resultados podemos investigar as tendências de pesca do grupo
indígena do Sambaqui da Dorva.
Nos níveis finais da ocupação do Sambaqui da Dorva notamos uma predominância na
pesca de cará (ciclídeos). Observa-se, também, no nível 5-10 cm (Fig. B-B’) o único registro
da presença de jundiá (Rhamdia sp.) neste sambaqui.

A A’

B B’

Figura 41. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
da Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(X+1) (eixo y). A-A’ e B-B’ camada I.
88

Na Fig. 42 observamos a tendência na pesca do bagre (Genidens sp.). Preferência essa


que representa toda a pesca no nível 15-20 cm (Fig. 42 B-B’). Em C-C’ notamos o retorno do
cará (ciclídeos) na dieta.

A A’

B B’

C C’

Figura 42. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
da Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada I.
89

Na Fig. 43 vemos a tendência na pesca do cará, da traíra (Hoplias sp.) e do bagre


(Genidens sp.). A pequena diferença entre as análises de NISP e MNI se deve a pouca
quantidade de vestígios ictiológicos nesse sambaqui. A dominância da traíra no nível 35-40
cm (Fig. C-C’) é a única ao longo do sítio.

A A’

B B’

C C’

Figura 43. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
da Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(X+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada I.
90

A dominância de cará é integral até o início da construção do Sambaqui da Dorva. Na


profundidade de 40-45 cm (Fig. 44 A-A’) notamos a única presença da tainha (Mugil sp.) na
ocupação.

A A’

B B’

C C’

Figura 44. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
da Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(x+1) (eixo y). A-A’, B-B’ e C-C’ camada I.
91

No nível 55-60 cm (Fig. 45), o primeiro nível de ocupação, a tendência na dieta é de


cará e bagre.

A A’

Figura 45. Variações da ocorrência relativa das espécies identificadas para o Sambaqui
do Dorva de acordo com os níveis estratigráficos escavados. Frequências expressas em
log(X+1) (eixo y). A-A’ camada I.

Concluímos que diferentemente dos sambaquis descritos anteriormente (Itapeva e


Dorva), o Sambaqui da Dorva não apresenta muitas variações na dieta ao longo da ocupação,
sendo ela predominantemente de cará e bagre. Na Fig. 46 (NISP) e 47 (MNI) apresentaremos a
dominância destas espécies ao longo dos níveis deste sambaqui. Nota-se que Genidens sp. é
dominante somente nos casos em que os ciclídeos não foram pescados ou não apareceram nas
amostras.







    
  


Superfície

Níveis estr
atigráficos Base da O
escavado cupação
s

Figura 46. Número de espécimes ósseos identificados por táxon (NISP) do Sambaqui
da Dorva para as espécies com maior frequência de dominância. Freqüências expressas em log
(x+1) no eixo y.
92

Figura 47. Número mínimo de indivíduos (MNI) do Sambaqui da Dorva para as


espécies com maior freqüência de dominância. Freqüências expressas em log (x+1) no eixo y.

3.4 HABITAT DOS PEIXES IDENTIFICADOS

Com o intuito de contribuir na discussão deste trabalho, nesta secção iremos descrever
de forma breve o hábitat dos 17 diferentes grupos taxonômicos identificados nos sambaquis
analisados. Preferências do habitat e dados sobre a biologia das populações dos peixes
encontrados é fundamental para compreender as estratégias de pesca empregadas pelos
habitantes dos sambaquis (REITZ e WING, 1999).

Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) (corvina)


Considerada uma espécie semi-catádroma, seus jovens utilizam o meio estuarino como
criatório e área de alimentação. Pode ser encontrada desde a península de Yucatán (México)
ao golfo de San Matias (Argentina). No Brasil a corvina é pescada, geralmente, em águas
costeiras próximas de estuários (REIS, 1994 apud VASCONCELLOS, 2006) com maior
abundância, nestes (por razões de desova), na primavera e verão (SILVA, 1982; HAIMOVICI,
2006).
93

Pogonias cromis (Linnaeus, 1766) (miraguaia)


Espécie estuarina com desova, na Laguna dos Patos, na primavera e verão. Sua pesca,
no mar, ocorre geralmente, a menos de 100 m do litoral. Pode chegar a até 140 cm de
comprimento (HAIMOVICI, 2006). Migra para águas mais quentes durante o inverno, época
da reprodução (OLIVEIRA, 2010).

Menticirrhus sp. (papa-terra)


Há duas espécies de papa-terra no litoral do estado, ambas com habitat demersal de
águas rasas. Encontradas em fundos lodosos e arenosos, muito comuns em zonas de
arrebentação e estuários. Indivíduos jovens ocorrem em águas de baixa salinidade
(SZPILMAN, 2000).

Cynoscion sp. (pescada)


Há oito espécies marinhas de pescada no Brasil (MENEZES, 2003) que podem ocorrer
em estuários. No estuário o período de desova ocorre entre o outono e a primavera
(HAIMOVICI, 2006).

Cynoscion virescens (Cuvier, 1830) (pescada-cambucu)


Espécie bentônica demersal costeira de águas rasas que, de acordo com Szpilman
(2000, p.205), “são mais freqüentes em águas mais afastadas, em profundidade entre 6 e 70
metros, porém sempre próximo das áreas de influência da desembocadura de rios”
(SZPILMAN, 2000, p.205). Espécimes juvenis podem entrar nos estuários durante o verão
(SZPILMAN, 2000).

Umbrina sp. (castanha)


Há duas espécies de Umbrina no Brasil (MENEZES, 2003), trata se de um sciaenideo
demersal que habita águas costeiras do Atlântico Sul. De acordo com Haimovici (1984, p.26)
“realiza deslocamentos estacionais, sendo encontrada em concentrações que permitem sua
exploração comercial (...) entre o outono e primavera”.

Conodon sp. (roncador)


Peixe costeiro de águas rasas. Espécie encontrada em fundos lodosos (COURTENAY,
1978) pescada mais frequentemente em redes de arrastos nos meses de março e abril
(GODEFROID, 2004).
94

Mugil sp. (tainha)


Espécies pelágicas costeiras de águas rasas, Szpilman (2000, p.223) afirma que eles
“nadam perto da superfície nas áreas de recifes, praias, estuários e lagoas salobras. Podem,
eventualmente, penetrar rios” (SZPILMAN, 2000, p.223). Sua época de desova é geralmente
no outono e inverno (HAIMOVICI, 2006).

Cichlidae (cará)
Os cichlideos são Perciformes de água doce com representantes na África, na América,
no Oriente Médio, Índia, Sri Lanka e Madagascar. Mesmo sendo uma família considerada
exclusiva de água doce, há casos registrados de ocorrências em águas salobras
(KULLANDER, 1983).
No litoral norte do estado ocorrem pelo menos duas espécies de ciclídeos:
Gymnogeophagus lacustris, espécie restrita às lagoas costeiras desta região (REIS, 1988) e
Geophagus brasiliensis de ampla distribuição nos rios costeiros do sudeste e sul do Brasil
(KULLANDER, 1983). Ambas muito semelhantes e conhecidas por cará ou cará-cartola. Pela
dificuldade em associar os ossos encontradas a uma dessas espécies, levou-me a manter a
identificação somente em nível de família.

Genidens sp. (bagre)


Bagre marinho considerado anádromo (passam a maior parte da sua vida no mar)
contudo, migram para águas estuarinas por necessidades reprodutivas (VILLAMIR, 1985).
Para o Rio Grande do Sul, Villamir (idem) aponta a existência de “grandes cardumes na Lagoa
de Tramandaí e Lagoa dos Patos (...) e Lagoa dos Quadros”. Para o Rio Grande do Sul, os
bagres migram no final do inverno (início da primavera) para os estuários (VILLAMIR, 1985;
HAIMOVICI, 2006).

Rhamdia sp. (jundiá)


Peixe encontrado em rios, lagoas e canais, podendo realizar pequenas migrações
(HAHN; FUGI e ANDRIAN, 2004 apud GRAÇA, 2007).

Odonthestes sp. (peixe-rei)


Peixe estuarino residente com distribuição costeira desde o sul do estado de São Paulo
até a Argentina. Animal com preferência estuarina junto a desembocadura de rios e lagunas
(BEMVENUTI, 1993).
95

Hoplias sp. (traíra)


Espécie típica de lagoas e canais. Possui hábitos sedentários e alimenta-se de pequenos
peixes (HAHN; FUGI; ANDRIAN, 2004 apud GRAÇA, 2007).

Squatinidae (cação-anjo)
Família de peixes cartlaginosos que incluem os cações-anjo. Habitam águas
temperadas e tropicais marinhas (<100m) e oceânicos (>100m) (HAIMOVICI, 2006). De dia
vivem, geralmente, enterrados na areia. Na sua grande maioria são espécies de tamanho
moderado atingindo até 1,6 m (COMPAGNO, 1984).

Notorynchus cepedianus (Péron, 1807)


Tubarão costeiro comumente encontrado próximo da margem em baias de águas rasas.
Entretanto indivíduos maiores podem ser encontrados em águas mais profundas
(COMPAGNO, 1984).

Myliobatis freminvilii (Lesueur, 1824) (raia)


Espécie de habitat pelágico costeiro de águas rasas (FIGUEIREDO, 1977;
SZPILMAN, 2000). Exemplares desta espécie podem ser encontrados em ambientes de águas
salobras, como estuários (SZPLIMAN, 2000).

Carchariniformes (cação)
Tubarões encontrados especialmente em águas costeiras tropicais e temperadas,
contudo existem espécies que migram para águas salobras (SPRINGER, 1989). De acordo
com Vooren (2005) existem 12 espécies de carchariniformes registrados nas águas costeiras da
Plataforma Sul.
96

3.5 OSSOS, OTÓLITOS E ARTEFATOS

Para auxiliar futuras pesquisas esta secção do capitulo tem como objetivo principal,
apresentar os vestígios característicos de alguns dos grupos taxonômicos identificados para
os três sítios arqueológicos escavados. Apresentamos, também, vestígios que tiveram
alguma intervenção antrópica (e.g. artefatos culturais ou de pesca).
A Fig. 48 apresenta os dentes de tubarões e raias identificados no Sambaqui de
Itapeva.

A A’

1 cm 1 cm

B B’

1 cm 1 cm

C C’
D D’

5 mm 5 mm 1 mm
1 mm

Figura 48. Vista anterior e posterior de dentes de chondrichthyes do Sambaqui de


Itapeva. A-A’) Dente de Myliobatis freminvillii. A) Vista anterior. A’) Vista superior. B-B’)
Dente de Notorynchus cepedianus. B) Face labial. B’) Face lingual. C-C’) Dente de
carchariniformes. C) Face lingual. C’) Face labial. D-D’) Dente de Squatinidae. D) Face
labial. D’) Face lingual (Fotos: Fernando Jerep).
97

Na Fig. 49 são ilustrados os otólitos de diferentes espécies identificadas. Os otólitos


são todos do sambaqui de Itapeva. O otólito de Cynoscion virescens (Fig.2 D-D’) encontra-se
fragmentado.

B B’
A A’

5 mm 5 mm 1 cm
1 cm

C C’ D D’

1 mm 1 mm 1 mm 1 mm

E E’ F F’

1 mm
1 mm 1 mm 1 mm

G G’

1 cm 1 cm

Figura 49. Otólitos. A-G) Faces internas. A’-G’) Faces externas. A-A’) Pogonias
cromis. B-B’) Micropogonias furnieri. C-C’) Menticirrhus sp. D-D’) Cynoscion virescens.
E-E’) Cynoscion sp. F-F) Mugil sp. G-G’) Genidens sp. (Fotos: Fernando Jerep).
98

Abaixo, na Fig.50, alguns ossos característicos de traíra (Hoplias sp.), cará


(ciclídeos), jundiá (Rhamdia sp.) e bagre (Genidens sp.), muito comuns e facilmente
identificáveis em nossos sambaquis.

A A’

1 cm 1 cm 1 cm

B’

a 1 cm a’ 1 cm 1 cm

C C’
D D’

5 mm 5 mm 1 cm 1 cm

E e

1 cm
1 cm

Figura 50. Ossos. A-A’) Detário de Hoplias sp., sambaqui da Dorva A) Vista externa
A’) Vista ventral. a-a’) Dentario de Hoplias sp. da coleção de referência (MCP-139-E). B-
B’) Pré-maxilar de Holpias sp., Sambaqui do Recreio B) Vista externa. B’) Vista Interna. C-
C’) Pré-maxilar de cichlideo Sambaqui de Itapeva . C) Vista inerna. C’) Vista externa. E)
Placa do neurocraneo Genidens sp. Sambaqui de Itapeva. e) Neurocrânio de Genidens sp. da
coleção de referência (MCP-34-E*) (Fotos: Fernando Jerep).

*
Número de tombamento.
99

Dispostos abaixo (Fig. 51) temos alguns vestígios ósseos do Sambaqui de Itapeva com
intervenções antrópicas. O dente de carcariniforme da Fig 51 A-A’ seria provavelmente um
pingente. Já o dente da Fig. 51 B aparenta pertencer a um objeto de caça. Podemos afirmar
isso pela constrição no centro do fragmento. As Fig. 51 C e D são anzóis compostos. A Fig. 51
E é um pterigióforo com marcas de corte, pertencente a uma espécie de sciaenideo
(provavelmente Micropogonias sp. ou Pogonias sp.).

A A’

1 cm 1 cm 1 cm

D
C

1 cm 1 cm

1 cm

Figura 51. Ações antropicas em vestígios ósseos. A-A’ e B) Dentes de


Carchariniformes. A) Pingente, face labial A’) Pingente face lingual. B) Artefato de caça. C-
D) Anzóis compostos. E) Pterígioforo de sciaenideo com marcas de corte. (Fotos: Fernando
Jerep, 2010).

Ossos como os da Fig. 52, onde os fragmentos ainda podem formar um “complexo
ósseo”, nos indicam que aparentemente não houve permutação significativa entre os níveis e
assim ao misturar os seus vestígios, tornar menos prováveis discussões relacionadas a
cronologia do sítio. Os ossos da Fig. 52 A-D são pertencentes a uma espécie de sciaenideo,
provavelmente Pogonias sp. (miraguaia) ou Micropogonias sp. (corvina).
100

A a
c

b 1 cm

1 cm

1 cm

1 cm

Figura 52. A-D) Nadadeira com espinhos de um exemplar de Sciaenidae. a) Segundo


espinho. b) Primeiro espinho c) Pterigióforo. A-B) Vista lateral. C-D) Vista superior (Fotos:
Fernando Jerep).
CAPÍTULO 4

DISCUSSÃO:
CORRELACIONANDO A ICTIOFAUNA

I have come to believe that the whole world is an enigma,


a harmless enigma that is made terrible by our own mad attempt
to interpret it as though it had an underlying truth

Umberto Eco

No capítulo que se segue correlacionaremos e processaremos os dados apresentados


anteriormente com as possíveis técnicas de pesca. Por fim evidenciaremos as tendências
pesqueiras dos três sítios arqueológicos e assim buscar complementar a compreensão da
formação dos assentamentos sambaquis.

4.1 TÉCNICAS DE PESCA

Fundamentado nos dados arqueológicos e etnohistóricos existentes em cronistas do


século XVI e também em materiais encontrados nos sítios analisados, podemos presumir as
possíveis técnicas de pesca dos povos indígenas que ocupavam os sambaquis.
Em relação a trabalhos com enfoque nas atividades de pesca indígena podemos
destacar Tiburtius (1953), que aponta para o aspecto das técnicas de criação de anzóis e Beck
(1973) que associa as evidências encontradas em sítios arqueológicos com as atividades de
pesca (FRANCO, 1998).

4.1.1 Pesca com linha


A técnica é mencionada por Sousa (1938 [1587]), e de acordo com ele não está
relacionada somente a grupos litorâneos, podendo ser empregada também por grupos
interiorizados. Léry no século XVI (1980) menciona a pesca dos índios Tupinambás: “(...)
que além das flechas usam também espinhas à feição de anzóis, presas a linhas feitas de uma
102

(...) planta chamada de tucum* que apresenta o fio como o de cânhamo mas é muito mais
forte” (LÉRY, 1980 p.217).
Para evidenciar este tipo de pesca em nossos sambaquis, temos fragmentos de anzóis
compostos encontrados no Sambaqui de Itapeva e Sambaqui do Recreio. Estes são
elaborados por seccionamento e polimento do osso. Foram encontrados nos sambaquis sul
rio-grandenses, especialmente por Kern (1970), Thaddeu (1995) e Wagner (2009).
A Fig. 53 representa o possível processo de confecção de anzóis de osso feito por
índios da tradição Tupiguarani.

Figura 53. Reconstituição do possível processo de confecção de anzóis de osso. A)


fragmento do qual será construído o anzol; B) fragmento inutilizado; I) Representa o
fragmento destacado “A”; II) neste fragmento raspava-se uma oval alongada; III)
aprofundava-se a oval até obter-se uma abertura oval; IV) destacava-se o fragmento de um
dos lados e afiava-se a ponta obtendo-se assim, a forma de anzol. Imagem retirada de
Tiburtius, Bigarella e Bigarella (1951, p.328).

4.1.2 Pesca com rede


A rede era confeccionada, provavelmente, de fibra vegetal retirada da folha de
palmáceas (THADDEU, 1995; FRANCO, 1998). Hans Staden (1995 [1548]) em meados do
século XVI se refere a utilização deste tipo de rede, onde os índios Tupinambá colocavam
estas na entrada de estuários (Fig. 54). Sousa (1938 [1587]) descreve a pesca da tainha com
redes (Mugil sp.) por grupos nativos brasileiros:

*
O tucum descrito por Léry no século XVI era de uma planta pertencente a família das palmáceas.
103

E de noite (...) as tomam os índios com umas redinhas de mão, que chamam
puçás, que vão atadas numa vara arcada; e ajuntam-se muitos índios, e tapam
a boca de um esteiro com varas e ramas, e como a maré está cheia tapam-lhe
a porta; e põem-lhe as redinhas ao longo da tapagem, quando a maré vaza, e
outros batem no cabo do esteiro, para que se venham todas abaixo a meter
nas redes; e desta maneira carregam uma canoa de tainhas, e de outro peixe
que entra no esteiro (SOUSA, 1938 [1587], p.285).

Para indicar a pesca com rede nos sambaquis temos os pesos de pedra (e.g. Kern, La
Salvia e Naue, 1985; encontra estes no Sambaqui de Itapeva), que faziam parte do conjunto
de artefatos que compõem o instrumental de pesca (THADDEU, 1995).

Figura 54. Ilustração de Hans Staden em relação ao cotidiano dos índios Tupinambá,
imagem apresenta a pesca com rede (STADEN, 1995 [1548]).

4.1.3 Pesca com arco e flecha


Técnica mais difundida entre os índios Tamoio (SOUSA, 1938 [1587]) e Tupinambá
(SOUSA, 1938 [1587]; THEVET, 1978; LÉRY, 1980 STADEN, 1995 [1548] apud
FRANCO, 1998). Léry (1980) descreve esta técnica sendo usada pelos índios Tupinambá
para “caçar” peixes visíveis na água. Hans Staden (1995 [1548]), em meados do século XVI,
enquanto capturado pelos índios Tupinambá, demonstra nas suas ilustrações a pesca através
do uso de arco e flecha (Fig. 55).
104

Figura 55. Ilustração de Hans Staden em relação ao cotidiano dos índios Tupinambá,
imagem demonstra a pesca com arco e flecha (STADEN, 1995 [1548]).

4.1.4 Técnicas de Pesca de tubarões


Foram encontradas em nossas análises uma grande quantidade de dentes de tubarões
(e.g. de cação e cação-anjo). Apresentaremos aqui os registros de cronistas em relação a
pesca destes peixes. Sousa (1938 [1587]) descreve a prática de pesca de tubarões:

Costumavam estes bárbaros, por não terem outro remédio, andarem no mar
nadando, esperando os tubarões com um pau muito agudo na mão, e, em
remetendo o tubarão a eles, lhe davam com o pau, que lhe metiam pela
garganta com tanta força que o afogavam, e matavam, e o traziam à terra,
(...) para lhes tirar os dentes, para os engastarem nas pontas das flechas
(SOUSA, 1938 [1587], p.96).

O dente de tubarão da Fig. 51 B (p.100) poderia ser uma das pontas de flechas
mencionadas por Sousa (1938, [1587]). Gonzalez (2005) discute sobre a pesca de
elasmobrânquios concluindo que estes poderiam ser pescados por arpões, redes e anzóis
especialmente.

4.2 CORRELAÇÃO DA ICTIOFAUNA

Os dados faunísticos apresentados para o Sambaqui de Itapeva indicam que a


abundância (Anexo 3) da pesca ao longo da sua formação foi preferencialmente de tainha
(Mugil sp.) e bagre (Genidens sp.). Na Fig. 56 (análise de NISP) e Fig. 57 (análise de MNI)
105

podemos observar ao longo do período a tendência de pesca do grupo indígena que ocupou o
Sambaqui de Itapeva.
Notamos que as espécies mais abundantes foram a tainha e o bagre e que estes
continuamente alteram entre sua dominância, fato este mais notável a partir do nível 55-60,
início da camada IV. Nota-se também, como a pesca de tubarões (cação, Notorrinchus e
cação-anjo) torna-se mais freqüente próximo do final da ocupação e a traíra apresenta-se com
maior índice no início da formação, ocorrendo somente de forma mais esporádica, no final da
formação do concheiro (nível 20-25 cm e 40-45 cm).

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Figura 56. Análise de sequência seriada em porcentagem do NISP das espécies


identificadas para o Sambaqui de Itapeva. As barras horizontais representam o valor em
porcentagem dos vestígios de peixes identificados por nível neste sítio arqueológico. Os
valores numéricos estão no Anexo 02.
106

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Figura 57. Análise de sequência seriada em porcentagem do MNI das espécies


identificadas para o Sambaqui de Itapeva. As barras horizontais representam o valor em
porcentagem dos vestígios de peixes identificados por nível deste sitio arqueológico. Os
valores numéricos estão no Anexo 02.

Observa-se que o papa-terra (Menticirrhus sp.), a corvina (Micropogonias furnieri) e


o cará (ciclídeo) tem uma participação quase contínua na dieta. Não foram identificados
papa-terra no nível 85-90, corvina em 35-30cm e cará em 40-45cm. Vale mencionar que a
miraguaia (Pogonias cromis) é pescada, inicialmente, somente no final da camada V (60-
65cm), não sendo consumida durante quase toda a camada III (níveis 30-35cm a 15-20cm),
surgindo apenas no final desta, no nível 15-20, onde ela foi identificada em todos os níveis
subseqüentes da camada II e I.
Os dados faunísticos apresentados para o Sambaqui do Recreio nos indicam que a
abundância da pesca ao longo da sua formação foi da tainha (Mugil sp.), do bagre (Genidens
sp.), do papa-terra (Menticirrhus sp.) e da corvina (Micropogonias furnieri). Nas Figs. 58
(análise de NISP) e 59 (análise de MNI) podemos observar ao longo do período a tendência
de pesca do grupo indígena Sambaqui do Recreio.
107

Neste sambaqui ressaltamos, que a pesca da tainha é a mais abundante no início da


formação, sendo esta uma das possíveis razões para o início do assentamento deste povo
litorâneo no atual Município de Torres. Identificamos, em nossa amostra, vestígios de
miraguaia (Pogonias cromis) somente a 140-145cm (camada IV) de profundidade. No nível
95-100cm (camada III) identificamos ao todo 60 otólitos (32 indivíduos para nossa análise de
MNI) de papa-terra, conferindo a este sua maior frequência em relação as outras espécies
neste nível deste sambaqui. A dominância da tainha é vista novamente no nível 55-60
(camada II). Para o início da camada I (25-30cm), temos a pecada (Cynoscion sp.) como a
mais dominante, e logo acima, no nível 15-20cm, a tainha volta a ser dominante.
Curiosamente a tainha não foi identificada para os últimos níveis desse sambaqui (mais
superficiais, 0-15cm). A abundância na pesca no final da ocupação é conferida à corvina.
Observa-se que no nível final e inicial do concheiro em questão, temos uma baixa
variabilidade de espécies em comparação a níveis intermediários (e.g. 20-25cm).

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Figura 58. Análise de sequência seriada em porcentagem do NISP das espécies


identificadas para o Sambaqui do Recreio. As barras horizontais representam o valor em
porcentagem dos vestígios de peixes identificados por nível neste sítio arqueológico. Os
valores numéricos estão no Anexo 02.
108

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Figura 59. Análise de sequência seriada em porcentagem do MNI das espécies


identificadas para o Sambaqui do Recreio. As barras horizontais representam o valor em
porcentagem dos vestígios de peixes identificados por nível neste sitio arqueológico. Os
valores numéricos estão no Anexo 02.

No Sambaqui do Recreio podemos, de acordo com os dados, notar uma pesca menos
direcionada do que no Sambaqui de Itapeva, no sentido de que há uma maior variabilidade na
abundância de espécies. No Sambaqui do Recreio identificamos, a pescada, o papa-terra, a
corvina, a tainha, o bagre e o cará (análise de MNI) como mais abundantes. Identificamos 11
espécies neste sambaqui sendo que seis foram dominantes em, no mínimo, um dos dez níveis
escavados.
Já para o Sambaqui de Itapeva temos a tainha, o bagre, a traíra e a corvina (análise de
MNI) como mais abundantes. Identificamos 16 espécies nesse sambaqui sendo que somente
quatro espécies apresentam-se dominantes, distribuídas nos 19 níveis da amostragem
escavada.
Mesmo sendo ambos sambaquis litorâneos, no Sambaqui de Itapeva os seus
ocupantes apresentavam a sua dieta de forma mais uniforme, onde temos uma maior
variabilidade de espécies mas a dominância entre elas se restringe a apenas algumas. Já no
109

Sambaqui do Recreio temos uma menor quantidade de espécies, porém um maior número
delas é dominante. A maior freqüência da tainha (Mugil sp.) é uma das semelhanças que
podemos notar entre o Sambaqui de Itapeva e Recreio. Em relação a sua pesca, Sousa em
1587, observando índios na região litorânea da Bahia comenta:

E comecemos logo do principal, que são as tainhas, a que os índios chamam


paratis, do que há infinidade delas na Bahia; (…). Estas tainhas se tomam
em redes, porque andam sempre em cardumes; e andam na Bahia
ordinariamente a elas mais de cincoenta redes de pescar; e são estas tainhas,
nem mais nem menos como as da Espanha, mas muito mais gostosas e
gordas, das quais saem logo, num lanço, três quatro mil tainhas, que também
têm boas ovas (SOUSA, 1938 [1587], p.284).

A rede como forma de pesca da tainha poderia ter sido explorada pelos grupos que
habitavam o sambaqui de Itapeva e Recreio. Hans Staden (1995 [1548]) também comenta
sobre a exploração desta:

Nesse tempo (agosto) procuram uma espécie de peixes que emigram do mar
para as correntes de água doce, para aí desovar. Esses peixes se chamam em
sua língua piratís e em espanhol “lisas” (tainhas). Pescam grande número de
peixes com pequenas redes. O fio com que as emalham, obtem-no de folhas
longas e pontudas, quem chamam tucum. Quando querem pescar com estas
redes, juntam-se alguns deles e colocam-se em círculo na água rasa, de
modo que a cada um cabe um determinado pedaço da rede. Vão então uns
poucos no centro da roda e batem na água. Se algum peixe quer fugir para o
fundo, fica preso à rede. Aquele que apanha muito peixe reparte com os
outros que pescam pouco. Também os atiram com flechas (STADEN, 1995
[1548], p.155).

As observações sobre os índios tupinambá por Hans Staden em meados do século


XVI nos proporcionam um maior conhecimento em relação aos costumes de pesca, podendo
estes ser atribuídos aos índios dos sambaquis.
Nas Figs. 60 (análise de NISP) e Fig. 61 (análise de MNI) podemos observar ao longo
do período a tendência de pesca do grupo indígena que ocupou o Sambaqui da Dorva. Os
dados faunísticos apresentados para este sambaqui, nos indicam que a abundância da pesca
ao longo da sua formação foi de bagre (Genidens sp.) e de cará (Cichlidae).
Esse sambaqui situa-se na margem oeste da Lagoa de Itapeva. É um sambaqui
relativamente recente (1.110 ± 40 A.P.) em comparação com o de Itapeva (3.130 ± 40 A.P.) e
Recreio (3.540 ±50 A.P.). O início da ocupação do Sambaqui da Dorva e os níveis
subseqüentes são de dominância quase que exclusiva de cará (ciclídeo), com exceção dos
níveis 35-40cm, 15-20cm e 10-15cm. No primeiro o peixe mais frequente é a traíra, no
110

segundo e terceiro é o bagre. Identificamos apenas uma tainha (nível 30-35cm) em todo
sambaqui.



 


   


 
 


 


  



































 






                           
                            



Figura 60. Análise de sequência seriada em porcentagem do NISP das espécies


identificadas para o Sambaqui da Dorva. As barras horizontais representam o valor em
porcentagem dos vestígios de peixes identificados por nível neste sítio arqueológico. Os
valores numéricos estão no Anexo 02.
111



  
  
  

 
 


 


  



































 



                           
                            



Figura 61. Análise de sequência seriada em porcentagem do MNI das espécies


identificadas para o Sambaqui da Dorva. As barras horizontais representam o valor em
porcentagem dos vestígios de peixes identificados por nível neste sítio arqueológico. Os
valores numéricos estão no Anexo 02.

O escasso número de vestígios de peixes encontrados e identificados torna difícil uma


interpretação para o Sambaqui da Dorva. Contudo, podemos deduzir, em vista dos resultados
adquiridos, que o hábito da pesca são menores em relação aos sambaquis de Itapeva e
Recreio, e que a preferência pela pesca do cará é maior. Torna-se claro, também, pela grande
quantidade de carás e traíras na dieta (peixes de água doce) que os habitantes do concheiro da
Dorva restringem sua pesca principalmente em meio lacustre.
A tainha (Mugil sp.) e o bagre (Genidens sp.) foram, para o Sambaqui de Itapeva, as
mais pescadas. A primeira pela análise quantitativa de MNI e a segunda pela análise
quantitativa de NISP. Já para o Sambaqui do Recreio temos somente a tainha como a mais
dominante (análise de MNI e NISP). Já para a segunda mais frequente nesse sítio temos a
corvina (Micropogonias furnieri), o bagre e o papa-terra (Menticirrhus sp.). Já para o
Sambaqui da Dorva, para ambas as análises temos o cará (ciclídeos) e o bagre.
Na luz dos dados adquiridos, nota-se que a espécie que sempre compareceu nas
análises de dominância e freqüência de pesca, entre os três sambaquis estudados, foi o bagre
112

(Genidens sp.). Entretanto se levarmos em conta somente os sambaquis litorâneos, Itapeva e


Recreio, podemos afirmar que a tainha (Mugil sp.) foi a espécie mais pescada. Assim sendo o
bagre foi a constância na alimentação (ou pesca) de peixes entre os Sambaquis de Itapeva
(3.130 ± 40 A.P.), Recreio (3.540 ±50 A.P.) e Dorva (1.110 ± 40 A.P.). Em relação a
técnicas de pesca deste peixe Sousa (1938 [1587]) afirma que:

Há outro peixe, a que os índios chamam curis e os portugueses bagres; têm o


couro prateado, sem escama, tornam-se a linha, têm a cabeça como
enxarroco, mas muito dura; e tem o miolo dela duas pedrinhas brancas muito
lindas [otólitos]; este peixe se toma em todo o ano, e é muito leve e gostoso.
Há outra casta de bagres, que têm a mesma feição, mas têm o couro amarelo,
a que os índios chamam urutus, que também morrem em todo o ano a linha,
da boca dos rios para dentro até onde chega a maré, cujas peles se pegam
muito nos dedos; e não são tão saborosos como os bagres brancos (SOUSA,
1938 [1587], p.282).

Sousa (op. cit), neste relato, além de nos proporcionar uma noção da possível forma
de pesca do bagre ainda indica a sazonalidade de sua pesca. A Combinação das principais
espécies pescadas (tainha, bagre, papa-terra e corvina) sugere fortemente que a técnica de
pesca foi a rede. Esta, nos sambaquis de Itapeva e Recreio foi provavelmente posta na
entrada de estuários.
Wagner (2009) discorre sobre a ocupação dos sambaquis da barreira da Itapeva, onde
estes:
(...) estão intimamente relacionados a ocupações situadas sobre os
alinhamentos dos cordões arenosos, entremeados por áreas alagadiças na
forma de pequenas lagoas, canais ou banhados, caracterizando um contexto
ambiental específico priorizado pelas populações pescadoras-coletoras que
aqui se estabeleceram a aproximadamente 3.500 anos atrás (WAGNER,
2009, p. 185).

Os vestígios de peixes nos sambaquis estudados, indicaram tanto pesca marinha como
lacustre, deste modo a hipótese proposta por Wagner, em relação a ocupação sambaqui nos
cordões litorâneos entremeados por lagoas e o mar, corrobora com as espécies identificadas
neste trabalho.

4.2.1 Peso dos sambaqui analisados


A relação do peso das conchas entre os níveis dos sambaquis apresentados no
Capítulo 3 não indica, necessariamente, que este tenha maior importância na dieta que os
outros vestígios faunísticos. Sobre isso, Gaspar (2000, p.30) afirma que: “[...] a pesca sempre
foi uma atividade importante no sistema de subsistência, apesar de os restos deixados por ela
113

serem muito menos volumosos do que os que resultam da coleta de molusco” (GASPAR,
2000, p.30). É notável ver que uma porcentagem do peso aparentemente tão pequena do sítio
(em média, 2,3% para o Sambaqui de Itapeva, 0,4% para o Sambaqui do Recreio e 0,2% para
o Sambaqui da Dorva são de amostras faunísticas de peixes) possa conter tanta informação
em relação ao meio de subsistência destes povos, o que nos leva a indagar o quanto de
informação ainda pode ser retirada destes sítios.
Não encontramos relação entre a quantidade de sedimento e os vestígios de peixes.
Nota-se, contudo, na primeira camada de ocupação (nível 140-145 camada IV) do Sambaqui
do Recreio, a quantidade de sedimento é o maior entre os níveis deste sambaqui e também
entre os outros dois estudados (Itapeva e Dorva), atingindo cerca de 98% do peso total do
concheiro. Fato este, juntamente com a pouca quantidade de vestígios faunísticos encontrados
e a camada estéril que se segue, pode indicar um curto período de ocupação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

I may not have gone where I intended to go,


but I think I have ended up where I needed to be.

Douglas Adams

Neste trabalho, objetivamos analisar três sítios arqueológicos litorâneos, os


sambaquis de Itapeva (RS-LN-201) com 3.130 ± 40 A.P., Recreio (LII-18) com 3.540 ±50
A.P. e 3.350 ± 50 A.P. e Dorva (LII-43) com 1.110 ± 40 A.P. Destes retiramos, de cada um,
uma amostra de 50 cm2, e o material resultante da triagem dos restos faunísticos, os vestígios
de peixes, foram identificados e analisados em laboratório. Da necessidade de nos auxiliar
quais as prováveis espécies consumidas durante a formação dos sambaquis analisados,
devemos compreender as relações paleoclimáticas do Holoceno Médio sul-rio-grandense. E
deste modo, a secção final do capítulo 1 nos ajuda a presumir quais os possíveis grupos
taxonômicos comparáveis (coleção de referência) com os vestígios faunísticos encontrados.
A abordagem interdisciplinar realizada aqui envolve o encontro entre as Ciências da
Biologia, História e Geografia. Estas, possibilitaram entender através dos restos de peixes, os
modos culturais e sociais que garantiram a construção desta categoria de sítio arqueológico.
Entendemos por sambaquis todos aqueles sítios arqueológicos costeiros que contém conjuntos
específicos de artefatos líticos, ósseos ou conchíferos associados a uma matriz composta
basicamente por carapaças de moluscos e ossos de peixes onde, por vezes, ocorrem
sepultamentos.
Para a análise dos restos faunísticos de peixes, utilizamos as técnicas quantitativas de
NISP (número de espécimes ósseos identificados por táxon) e MNI (número mínimo de
indivíduos) (GRAYSON, 1984; LYMAN, 1994a, 1994b; REITZ e WING, 1999). O aporte
teórico para a compreensão dos dados apresentados no capitulo 3 está embasado na
Zooarqueologia, mais especificamente em sua subdisciplina, a Ictioarqueologia. Em relação
115

a esta subdisciplina, no Brasil, destacam-se os trabalhos de Ricken (2002) e Gonzalez (2005).


No entanto são raros os trabalhos publicados neste gênero, com ênfase nos sambaquis.
Ao longo dessa dissertação buscamos o entendimento da exploração dos recursos
ictiológicos por parte dos pescadores-coletores, relacionando distintos sítios arqueológicos
com a finalidade de ampliar os conhecimentos desta temática. A escolha de sítios com
cronologias diferentes objetiva compreender as continuidades e mudanças nos padrões de
exploração destes recursos.
Mostramos que os sambaquis litorâneos, Itapeva (3.130 ± 40 A.P.) e Recreio (3.540
±50 A.P.) apresentam uma maior quantidade de vestígios de peixes e também uma maior
diversidade de espécies, tanto de grupos marinhos como de lacustres em comparação ao
Sambaqui da Dorva. Já o sambaqui da Dorva é um sítio mais recente em comparação aos
anteriores (com 1.110 ± 40 A.P.) e encontra-se mais distante do litoral e mais próximo da
Lagoa dos Quadros. Este sambaqui apresenta o cará (ciclídeo) como sendo a espécie
dominante, o que mostra que a preferência foi na pesca lacustre.
As análises efetuadas no capítulo 3 nos indicam que os índios dos sambaquis
exploravam tanto regiões marinhas e lacustres, como estuarinas. Estes, são ambientes muito
produtivos, dado que a concentração de nutrientes causada pelo encontro de água doce e
salgada, aliada a alta pluviosidade da região, os torna locais privilegiados para o
desenvolvimento de espécies aquáticas (LIMA, 2000; OLIVEIRA 2010). As técnicas de
pesca descritas anteriormente neste capítulo sugerem que poderiam ser usadas em estuários
(e.g. pesca com rede ilustrada nos desenhos de Hans Staden, Fig. 52).
Da necessidade de explicar a correlação entre os sítios, litorâneos e lacustres,
buscamos em nossas análises uma constância na pesca e esta foi o bagre (Genidens sp.).
Porém se analisarmos somente os sambaquis litorâneos notamos que a tainha (Mugil sp.) foi
a mais frequente. Devemos levar em consideração, além do tamanho da amostragem
realizada, técnicas metodológicas e o estado de conservação do material selecionado, a
questão de que não necessariamente todos os vestígios encontrados no sambaqui podem
representar o total de alimento consumido.
A informação contida nos sambaquis envolve inúmeros obstáculos em relação a sua
análise, podendo ser uma, como os animais foram processados (e.g. peixes que foram, como
descrito por Staden, torrados e esmagados não serão encontrados nas escavações) e também,
não necessariamente todos os peixes capturados poderiam ser descartados no sambaqui,
podendo alguns, ser consumidos no momento da pesca. Além dessas barreiras na formação
116

do sambaqui, ainda existem limitações em relação as influências sobre o sítio pós o seu
abandono (tafonomia) e também, é claro, restrições método-analíticas.
Com base nas análises efetuadas nesta dissertação, podemos contribuir com algumas
sugestões para futuras pesquisas na área da Zooarqueologia (com enfoque nos sítios
arqueológicos considerados sambaqui). Trabalhos relacionados a sazonalidade da pesca,
podem ampliar no conhecimento da permanência destes grupos nos concheiros (nômades ou
sedentários?). Prospecções maiores (acima de 50cm2) e/ou em diferentes partes do sítio
arqueológico, podem incluir dados, tanto de NISP como de MNI, mais precisos. Análises de
micromoluscos no sedimento do sambaqui podem elucidar duvidas em relação a construção
destes. E por fim, observações dos anéis de crescimento dos otólitos, podem atender a
duvidas em relação a pressão de pesca de determinada espécie comparando se esta com a
pesca atual.
Ainda existem consideráveis lacunas teórico-metodológicas nos estudos dos
sambaquis no Rio Grande do Sul. Neste estado de conhecimento, as escassas pesquisas sobre
ossos de peixes se tornam mais notórias. Esses vestígios arqueológicos assumem relevância
na reconstituição dos contextos culturais-ambientais, na medida em que se constituíram tanto
em fonte de alimento, quanto em matéria-prima quando da criação de artefatos. Desta maneira
são necessários trabalhos cada vez mais específicos e detalhados para que se possa buscar as
respostas necessárias e preencher estas lacunas, de modo a ampliar o campo de conhecimento
dentro da Arqueologia.
117

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127

ANEXOS
128

ANEXO 01:
TABELAS DE PESO
129

Peso em gramas dos vestígios do Sambaqui de Itapeva

Nível Vestígios Peixes (g) Conchas (g) Areia (g) Lítico (g) Não peixes (g) Carvão (g)
0-5 cm 232,4 4500 13249 98,2 19,9 0,2
5-10 cm 217,9 4500 9787,2 57,8 36,6 0,5
10-15 cm 147,6 6600 9340,6 195,9 14,8 1,1
15-20 cm 87,8 5900 12203,1 6,4 2,3 0,4
20-25 cm 37,3 7900 7956 2,3 3,2 1,2
25-30 cm 54,2 3600 9490,4 0,4 0 0,6
30-35 cm 86,8 2900 8205,2 12,8 1 4,4
35-40 cm 205,8 4100 7566,1 14,1 5,3 2,9
40-45 cm 426 2900 7734,2 93,7 15,9 4,2
45-50 cm 247,3 2000 8657,8 30,2 12,1 5,3
50-55 cm 264 2200 8049 15,3 7,7 0
55-60 cm 132,7 2200 9607,8 23,6 2 1,2
60-65 cm 277,5 3100 9918,8 8,7 13,8 3,7
65-70 cm 314,6 2900 10512 45,5 11 2,3
70-75 cm 93,9 2800 11154,7 0 10,3 0,6
75-80 cm 109,6 2500 10754,7 21,1 3,1 1,9
80-85 cm 106 2600 9058,6 219,2 8,7 1,5
85-90 cm 86,6 2900 7795,3 7,4 22,6 1,5
90-95 cm 100,1 3100 8816,5 79,6 3,7 0

Peso em gramas dos vestígios de peixes do Sambaqui de Itapeva

Peso Peso
Nível Restos (g) vértebras (g) identificado (g)
0-5 cm 158,7 40,9 32,8
5-10 cm 132,5 49,4 36
10-15 cm 83,6 28,1 35,9
15-20 cm 45,5 18 24,3
20-25 cm 26 11,3 12,6
25-30 cm 33 14,8 6,4
30-35 cm 54,2 20,3 12,3
35-40 cm 144,9 29 31,9
40-45 cm 312,5 62,1 51,4
45-50 cm 191,2 28,3 27,8
50-55 cm 200,8 41,2 22
55-60 cm 102,1 14,4 16,2
60-65 cm 211,7 41,1 24,7
65-70 cm 250 42,8 21,8
70-75 cm 44,7 25,9 23,3
75-80 cm 45,8 38,6 25,2
80-85 cm 46,8 33,7 25,5
85-90 cm 47,5 18,8 20,3
90-95 cm 56,6 22 21,5
130

Peso em gramas dos vestígios do Sambaqui do Recreio

Vestígios
Nível Peixes (g) Conchas (g) Areia (g) Lítico (g) Não peixes (g) Carvão (g)
0-5 cm 20,4 3100 14658,5 18,1 2,6 0,4
5-10 cm 15,1 6700 8681,8 3,1 0 0
10-15 cm 52,2 5200 11744,8 2,8 0 0,2
15-20 cm 61,5 6400 9535,4 0,2 0 2,9
20-25 cm 107,8 3400 16277 2,7 8,3 4,3
25-30 cm 133 2200 12151 7,4 6 2,6
55-60 cm 52 2200 13750 0 0 0
90-95 cm 119,1 4600 12374 1,5 3,3 1,7
95-100 cm 53,7 6100 11830 9,7 3 3,9
140-145 cm 40,7 110 21200 0 0 1,3
Obs.: Os níveis entre 30cm a 55cm, 60cm a 90cm e 100cm a 140cm não foram
apresentados nas tabelas do Sambaqui do Recreio pois são camadas estéreis.

Peso em gramas dos vestígios de peixes do Sambaqui do Recreio

Nível Restos (g) Peso vértebras (g) Peso identificado (g)


0-5 cm 12,6 4 3,8
5-10 cm 8,3 2,8 4
10-15 cm 33,6 8,8 9,8
15-20 cm 35,7 18,9 6,9
20-25 cm 56,8 27,8 23,2
25-30 cm 80 26,4 26,6
55-60 cm 30,5 12,1 9,4
90-95 cm 81,8 25,8 11,5
95-100 cm 36,3 7,3 10,1
140-145 cm 31,1 4,5 5,1
131

Peso em gramas dos vestígios do Sambaqui da Dorva

Vestígios
Nível Peixes (g) Conchas (g) Areia (g) Lítico (g) Não peixes (g)
0-5 cm 9,6 2400 9013 74,3 3,1
5-10 cm 5,1 1800 9851,1 343,6 0,2
10-15 cm 7,6 1700 8151,5 140,5 0,4
15-20 cm 4,5 1100 10187,7 6,3 1,5
20-25 cm 3,7 1300 9277,8 217,7 0,8
25-30 cm 9,9 2000 10181,4 4,1 4,6
30-35 cm 16,1 5800 5947,1 129,2 7,6
35-40 cm 11,5 3900 4454,3 1224,7 9,5
40-45 cm 13,8 2500 9133,2 43,7 9,3
45-50 cm 3,9 2200 8556,5 37,8 1,8
50-55 cm 11,1 2000 7774,2 112,9 1,8
55-60 cm 5,3 2100 8939,2 53,4 2,1

Peso em gramas dos vestígios de peixes do Sambaqui da Dorva

Nível Restos (g) Peso vértebras (g) Peso identificado (g)


0-5 cm 6,7 1,2 1,7
5-10 cm 3,3 0,5 1,3
10-15 cm 4 1 2,6
15-20 cm 3,1 0,4 1
20-25 cm 1,4 0,6 1,7
25-30 cm 3,5 1,9 0,8
30-35 cm 6,1 1,9 8,1
35-40 cm 7,5 2 2
40-45 cm 9,3 1,7 2,8
45-50 cm 1,6 0,9 1,4
50-55 cm 7,5 1,5 2,1
55-60 cm 2,9 0,5 1,9
132

ANEXO 02:
TABELAS DE PORCENTAGEM
133

SAMBAQUI DE ITAPEVA (NISP e MNI)

Porcentagem dos vestígios de peixes identificados para cada uma das


espécies na análise de NISP do Sambaqui de Itapeva.
Itapeva
(NISP) Menticirrhus sp. Pogonias cromis Micropogonias furnieri Umbrina sp. Cynoscion sp.
0-5 cm 7,60% 6,52% 6,52% 0% 0%
5-10 cm 10,73% 2,68% 14,09% 0% 0%
10-15 cm 10,81% 5,40% 20,27% 0% 0%
15-20 cm 4,76% 4,76% 35,71% 0% 0%
20-25 cm 4,54% 0% 22,72% 0% 0%
25-30 cm 5,88% 0% 0% 0% 0%
30-35 cm 17,94% 0% 20,51% 0% 0%
35-40 cm 13,51% 2,70% 12,16% 0% 0%
40-45 cm 2,56% 2,56% 11,11% 0% 0%
45-50 cm 1,19% 4,76% 15,47% 0% 0%
50-55 cm 11,57% 2,10% 3,15% 0% 0%
55-60 cm 15,94% 4,34% 13,04% 0% 0%
60-65 cm 9,35% 0,71% 3,59% 0% 0%
65-70 cm 8,88% 0% 1,11% 0% 0%
70-75 cm 6,25% 0% 3,75% 1,25% 0%
75-80 cm 5,06% 0% 8,86% 0% 0%
80-85 cm 7,24% 0% 7,24% 2,89% 1,44%
85-90 cm 0% 0% 5,71% 0% 0%
90-95 cm 8,77% 0% 14,03% 0% 1,75%

Itapeva
(NISP) Cynoscion virescens Mugil sp. Cichlidae Conodon sp. Hoplias sp. Genidens sp.
0-5 cm 0% 6,52% 1,08% 0% 0% 43,47%
5-10 cm 0% 9,39% 0,67% 0% 0% 51,67%
10-15 cm 0% 21,62% 1,35% 0% 0% 33,78%
15-20 cm 0% 14,28% 2,38% 0% 0% 35,71%
20-25 cm 0% 27,27% 4,54% 0% 4,54% 36,36%
25-30 cm 0% 11,76% 17,64% 0% 0% 58,82%
30-35 cm 0% 48,71% 2,56% 2,56% 0% 2,56%
35-40 cm 0% 43,24% 1,35% 0% 0% 25,67%
40-45 cm 0% 40,17% 0% 0% 0,85% 41,88%
45-50 cm 0% 57,14% 4,76% 0% 0% 16,66%
50-55 cm 0% 58,94% 4,21% 0% 0% 17,89%
55-60 cm 0% 42,02% 4,34% 0% 1,44% 18,84%
60-65 cm 0% 27,33% 15,82% 0% 10,07% 30,93%
65-70 cm 0% 34,44% 12,22% 0% 12,22% 28,88%
70-75 cm 2,50% 18,75% 13,75% 0% 21,25% 26,25%
75-80 cm 0% 25,31% 1,26% 0% 26,58% 30,37%
80-85 cm 1,44% 27,53% 17,39% 0% 17,39% 15,94%
85-90 cm 0% 8,57% 14,28% 0% 51,42% 20%
90-95 cm 0% 26,31% 5,26% 0% 10,52% 31,57%
134

Itapeva Notorynchus Myliobatis


(NISP) Rhamdia sp. Carchariniformes Squatinidae cepadianus freminvillii
0-5 cm 13,04% 1,08% 14,13% 0% 0
5-10 cm 5,36% 0% 5,36% 0% 0
10-15 cm 1,35% 1,35% 4,05% 0% 1,35
15-20 cm 2,38% 0% 0% 0% 0
20-25 cm 0% 0% 0% 0% 0
25-30 cm 5,88% 0% 0% 0% 5,88
30-35 cm 0% 2,56% 2,56% 0% 0
35-40 cm 0% 0% 1,35% 0% 0
40-45 cm 0,85% 0% 0% 0% 0
45-50 cm 0% 0% 0% 0% 0
50-55 cm 1,05% 1,05% 0% 0% 0
55-60 cm 0% 0% 0% 0% 0
60-65 cm 1,43% 0,71% 0% 0% 0
65-70 cm 1,11% 1,11% 0% 0% 0
70-75 cm 6,25% 0% 0% 0% 0
75-80 cm 1,26% 1,26% 0% 0% 0
80-85 cm 1,44% 0% 0% 0% 0
85-90 cm 0% 0% 0% 0% 0
90-95 cm 0% 0% 0% 1,75% 0

Porcentagem dos vestígios de peixes identificados para cada uma das


espécies na análise de MNI do Sambaqui de Itapeva

Itapeva
(MNI) Menticirrhus sp. Pogonias cromis Micropogonias furnieri Umbrina sp. Cynoscion sp.
0-5 cm 9,30% 11,60% 16,30% 0% 0%
5-10 cm 14,30% 6,40% 16,90% 0% 0%
10-15 cm 11,10% 6,60% 22,20% 0% 0%
15-20 cm 7% 7% 41,40% 0% 0%
20-25 cm 5,20% 0% 26,30% 0% 0%
25-30 cm 9% 0% 0% 0% 0%
30-35 cm 16,60% 0% 23,30% 0% 0%
35-40 cm 13,60% 4,50% 18,10% 0% 0%
40-45 cm 5% 5% 13,10% 0% 0%
45-50 cm 2% 6% 18% 0% 0%
50-55 cm 15,40% 3% 4,60% 0% 0%
55-60 cm 15,40% 6% 15,40% 0% 0%
60-65 cm 11,10% 1,20% 5% 0% 0%
65-70 cm 10% 0% 1,60% 0% 0%
70-75 cm 7,70% 0% 5,70% 2% 0%
75-80 cm 5,70% 0% 9,60% 0% 0%
80-85 cm 5,60% 0% 9,40% 2% 2%
85-90 cm 0% 0% 6,60% 0% 0%
90-95 cm 10% 0% 15% 0% 2,50%
135

Itapeva
(MNI) Cynoscion virescens Mugil sp. Cichlidae Conodon sp. Hoplias sp. Genidens sp.
0-5 cm 0 11,60% 2,30% 0% 0% 34,80%
5-10 cm 0 15,60% 1,30% 0% 0% 40,20%
10-15 cm 0 26,60% 2,20% 0% 0% 24,40%
15-20 cm 0 13,80% 2,40% 0% 0% 24,10%
20-25 cm 0 31,50% 5,20% 0% 5,20% 26,30%
25-30 cm 0 18,10% 18,10% 0% 0% 45,40%
30-35 cm 0 43,30% 3,30% 3,30% 0% 3,30%
35-40 cm 0 45,40% 2,20% 0% 0% 13,60%
40-45 cm 0 49,20% 0% 0% 1,60% 24,60%
45-50 cm 0 58% 8% 0% 0% 8%
50-55 cm 0 53,80% 6,10% 0% 0% 13,80%
55-60 cm 0 44,30% 6% 0% 2% 11,50%
60-65 cm 0 29,60% 21% 0% 13,60% 16%
65-70 cm 0 36,60% 13,30% 0% 16,60% 18,30%
70-75 cm 4% 21,10% 17,30% 0% 27% 13,40%
75-80 cm 0 27% 2% 0% 32,70% 19,30%
80-85 cm 2% 24,50% 15% 0% 20,70% 17%
85-90 cm 0 10% 16,60% 0% 50% 16,60%
90-95 cm 0 27,50% 10% 0% 15% 17,50%

Itapeva
(MNI) Rhamdia sp. Carchariniformes Squatinidae Notorynchus cepadianus Myliobatis freminvillii
0-5 cm 9,30% 2,30% 2,30% 0% 0%
5-10 cm 4% 0% 1,30% 0% 0%
10-15 cm 2,20% 2,20% 2,20% 0% 2,20%
15-20 cm 3,40% 0% 0% 0% 0%
20-25 cm 0% 0% 0% 0% 0%
25-30 cm 9% 0% 0% 0% 9%
30-35 cm 0% 3,30% 3,30% 0% 0%
35-40 cm 0% 0% 2,20% 0% 0%
40-45 cm 1,60% 0% 0% 0% 0%
45-50 cm 0% 0% 0% 0% 0%
50-55 cm 1,50% 1,50% 0% 0% 0%
55-60 cm 0% 0% 0% 0% 0%
60-65 cm 1,20% 1,20% 0% 0% 0%
65-70 cm 1,60% 1,60% 0% 0% 0%
70-75 cm 2% 0% 0% 0% 0%
75-80 cm 2% 2% 0% 0% 0%
80-85 cm 2% 0% 0% 0% 0%
85-90 cm 0% 0% 0% 0% 0%
90-95 cm 0% 0% 0% 2,50% 0%
136

SAMBAQUI DO RECREIO (NISP e MNI)

Porcentagem dos vestígios de peixes identificados para cada uma das


espécies na análise de NISP do Sambaqui do Recreio

Recreio
(NISP) Menticirrhus sp. Micopogonias furnieri Cynoscion sp. Cynoscion virescens Pogonias cromis
0-5 cm 0% 50% 33,33% 0% 0%
5-10 cm 0% 60% 0% 0% 0%
10-15 cm 4% 4% 0% 0% 0%
15-20 cm 16,66% 0% 4,16% 0% 0%
20-25 cm 3% 3% 11,76% 0% 0%
25-30 cm 15,55% 2,22% 28,88% 2,22% 0%
55-60 cm 16,66% 2,77% 2,77% 5,55% 0%
90-95 cm 35,44% 0% 2,53% 0% 0%
95-100 cm 76% 0% 0% 0% 0%
140-145 cm 0% 0% 0% 0% 5%

Recreio
(NISP) Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Odontesthes sp.
0-5 cm 0% 0% 0% 0% 16,66% 0%
5-10 cm 0% 0% 0% 40% 0% 0%
10-15 cm 0% 36% 4% 48% 0% 4%
15-20 cm 50% 12,50% 8,33% 0% 0% 8,33%
20-25 cm 17,64% 0% 11,76% 32,35% 20,60% 0%
25-30 cm 13,33% 0% 2,22% 17,77% 17,77% 0%
55-60 cm 58,38% 0% 5,55% 8,33% 0% 0%
90-95 cm 58,22% 0% 2,53% 2,53% 0% 0%
95-100 cm 18,42% 0% 0% 2,63% 0% 0%
140-145 cm 85% 10% 0% 0% 0% 0%
Obs.: Os níveis entre 30cm a 55cm, 60cm a 90cm e 100cm a 140cm não foram
apresentados nas tabelas do Sambaqui do Recreio pois são camadas estéreis.

Porcentagem dos vestígios de peixes identificados para cada uma das


espécies na análise de MNI do Sambaqui do Recreio

Recreio
(MNI) Menticirrhus sp. Micopogonias furnieri Cynoscion sp. Cynoscion virescens Pogonias cromis
0-5 cm 0% 60% 20% 0% 0%
5-10 cm 0% 50% 0% 0% 0%
10-15 cm 7,20% 7,20% 0% 0% 0%
15-20 cm 15% 0% 5% 0% 0%
20-25 cm 5,20% 5,20% 21% 0% 0%
25-30 cm 14% 3,40% 38% 3,40% 0%
55-60 cm 15,40% 4% 4% 4% 0%
90-95 cm 34% 0% 2% 0% 0%
95-100 cm 71,10% 0% 0% 0% 0%
140-145 cm 0% 0% 0% 0% 6,60%
137

Recreio
(MNI) Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Odontesthes sp.
0-5 cm 0% 0% 0% 0% 20% 0%
5-10 cm 0% 0% 0% 50% 0% 0%
10-15 cm 0% 50% 7,20% 21,40% 0% 7,20%
15-20 cm 45% 15% 10% 0% 0% 10%
20-25 cm 26,30% 0% 21% 15,70% 5,20% 0%
25-30 cm 14% 0% 3,40% 17,20% 7% 0%
55-60 cm 57,80% 0% 8% 8% 0% 0%
90-95 cm 56% 0% 4% 4% 0% 0%
95-100 cm 24,40% 0% 0% 4,40% 0% 0%
140-145 cm 80% 13,30% 0% 0% 0% 0%

SAMBAQUI DA DORVA (NISP e MNI)

Porcentagem dos vestígios de peixes identificados para cada uma das


espécies na análise de NISP do Sambaqui da Dorva
Dorva Hoplias
NISP Sciaenidae Mugil sp. Cichlidae sp. Genidens sp. Rhamdia sp.
0-5 cm 25% 0% 50% 25% 0% 0%
5-10 cm 0% 0% 60% 20% 0% 20%
10-15 cm 0% 0% 0% 25% 75% 0%
15-20 cm 0% 0% 0% 0% 100% 0%
20-25 cm 0% 0% 60% 0% 40% 0%
25-30 cm 0% 0% 66% 33% 0% 0%
30-35 cm 16% 0% 33% 16% 33% 0%
35-40 cm 0% 0% 25% 50% 25% 0%
40-45 cm 0% 25% 50% 0% 25% 0%
45-50 cm 0% 0% 75% 0% 25% 0%
50-55 cm 0% 0% 50% 16% 33% 0%
55-60 cm 0% 0% 80% 0% 20% 0%

Porcentagem dos vestígios de peixes identificados para cada uma das


espécies na análise de MNI do Sambaqui da Dorva
Dorva Mugil
MNI Sciaenidae sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp.
0-5 cm 25% 0% 50% 25% 0% 0%
5-10 cm 0% 0% 60% 20% 0% 20%
10-15 cm 0% 0% 0% 40% 60% 0%
15-20 cm 0% 0% 0% 0% 100% 0%
20-25 cm 0% 0% 60% 0% 40% 0%
25-30 cm 0% 0% 66% 33% 0% 0%
30-35 cm 16% 0% 33% 16% 33% 0%
35-40 cm 0% 0% 25% 50% 25% 0%
40-45 cm 0% 25% 50% 0% 25% 0%
45-50 cm 0% 0% 75% 0% 25% 0%
50-55 cm 0% 0% 60% 20% 20% 0%
55-60 cm 0% 0% 80% 0% 20% 0%
138

ANEXO 03:
TABELAS DE DOMINÂNCIA
139

SAMBAQUI DE ITAPEVA (NISP e MNI)

Dominância total das espécies identificadas para a análise de NISP

Itapeva Pogonias Micropogonias Umbrina Cynoscion Cynoscion


(NISP) Menticirrhus sp. cromis furnieri sp. sp. virescens Mugil sp. Cichlidae
0 0 1 0 0 0 7 0

Itapeva Conodon Hoplias Rhamdia Notorynchus Myliobatis


NISP sp. sp. Genidens sp. sp. Carchariniformes Squatinidae cepadianus freminvillii
0 1 11 0 0 0 0 0

Dominância total das espécies identificadas para a análise de MNI

Itapeva Micropogonias Cynoscion Cynoscion


(MNI) Menticirrhus sp. Pogonias cromis furnieri Umbrina sp. sp. virescens Mugil sp. Cichlidae
0 0 1 0 0 0 12 0

Itapeva Notorynchus Myliobatis


(MNI) Conodon sp. Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Carchariniformes Squatinidae cepadianus freminvillii
0 3 4 0 0 0 0 0

SAMBAQUI DO RECREIO (NISP e MNI)

Dominância total das espécies identificadas para a análise de NISP

Recreio
(NISP) Menticirrhus sp. Micopogonias furnieri Cynoscion sp. Cynoscion virescens Pogonias cromis
1 2 1 0 0

Recreio
(NISP) Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Odontesthes sp.
4 0 0 2 0 0
140

Dominância total das espécies identificadas para a análise de MNI

Recreio
(MNI) Menticirrhus sp. Micopogonias furnieri Cynoscion sp. Cynoscion virescens Pogonias cromis
1 2 1 0 0

Recreio
(MNI) Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp. Odontesthes sp.
5 1 0 1 0 0

SAMBAQUI DA DORVA (NISP e MNI)

Dominância total das espécies identificadas para a análise de NISP

Dorva
NISP Sciaenidae Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp.
0 0 8 2 3 0

Dominância total das espécies identificadas para a análise de MNI

Dorva
MNI Sciaenidae Mugil sp. Cichlidae Hoplias sp. Genidens sp. Rhamdia sp.
0 0 9 1 3 0

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