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LUIZ ALBERTO DE GÓES DUARTE

Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas


poças de maré na cidade de Salvador-BA

Salvador, Bahia
2008
LUIZ ALBERTO DE GÓES DUARTE

Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas


poças de maré na cidade de Salvador-BA

Monografia apresentada ao curso de


Ciências Biológicas da Faculdade de
Tecnologia e Ciências de Salvador como
pré-requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Ciências Biológicas
orientado pelo Prof. Dr. Cláudio Luis
Santos Sampaio.

Salvador, Bahia
2008
LUIZ ALBERTO DE GÓES DUARTE

Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas


poças de maré na cidade de Salvador-BA

Monografia apresentada à Comissão Examinadora designada pelo Curso de


Ciências Biológicas da Faculdade de Tecnologia e Ciências, como requisito para
obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas.

Salvador, 19 de junho de 2008

Banca Examinadora

____________________________________________________

Prof. Dr. Cláudio Luis Santos Sampaio - UFBA

_____________________________________________________

Prof. MSc. Virgínia Guimarães Almeida - FTC

______________________________________________________

Biólogo José de Anchieta C. C. Nunes


Dedico esse trabalho integralmente ao meu avô José Alípio de

Góes Neto por sua dedicação extraordinária ao meu

desenvolvimento pessoal e por sempre acreditar na minha

vitória, além de ser um exemplo de honestidade e respeito. Por

todo conhecimento empírico sobre a natureza que me foi

transmitido por ele desde a minha infância e que se tornou fator

crucial para a escolha da minha profissão e hoje faz parte da

minha bagagem de conhecimentos para a vida.


AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. Cláudio Luis Santos Sampaio (Buia) pela confiança “no escuro”

que me doou, pela paciência, empolgação e dedicação ao trabalho, além de todo o

conhecimento que me foi partilhado. Você tem uma alma iluminada. Apesar de todas as

limitações nós conseguimos. Muito obrigado!

Aos meus pais Luiz Alberto Duarte e Maria de Fátima Góes, e meus avós José Alípio (Seu

Góes) e Divonete Passos (D. Netinha). Esse é o fruto do melhor e maior presente que vocês

me deram: A EDUCAÇÃO!

À minha tia Celeste Carmen por possibilitar a realização do meu sonho de ser um Profissional

Biólogo. A Euvaldo Alves (Dinho), Maria Celeste (Mara) e Josiel Oliveira (Goy) por todo o

apoio prestado quando necessitei, sendo verdadeiros irmãos. Serei eternamente grato a vocês.

À minha madrinha Mônica Passos de Góes por todo o carinho e auxílio, principalmente nos

momentos mais difícieis.

Ao Prof. MSc. César Roberto Góes Carqueija pela excelência na transmissão dos

ensinamentos e por ser exemplo de caráter e profissional. Muito obrigado pelas oportunidades

e confiança.

À coordenação do curso de Ciências Biológicas da FTC e a coordenadora Virgínia Guimarães

Almeida por todo o trabalho prestado visando a excelência do curso.


À Faculdade de Tecnologia e Ciências e o técnico e amigo Alexandro Tosta pelo apoio com

os materiais necessários à realização do trabalho.

À Operadora de Mergulho Dive Bahia pelo apoio.

À minha companheira Sheyla Macedo pela injeção constante de responsabilidade e

motivação. Por não desacreditar em nenhum momento no meu potencial como profissional e

nem do alcance dos NOSSOS objetivos. Por sua dedicação não só ao meu trabalho (horas de

banhos de sol forçado na beira das poças) mas também para comigo, cuidando de cada detalhe

que poderia vir a me prejudicar. Obrigado por me oferecer algo tão valioso: O AMOR!

Ao amigo Tiago Melo pela companhia e ajuda nos mergulhos além da grande ajuda com os

materiais, as fotografias, as caronas e as risadas.

Aos amigos biólogos, ou não, que estiveram presentes na minha vida acadêmica e pessoal

servindo de inspiração e exemplo e que me acompanharam em momentos cruciais da minha

formação: Sidney Malandra, Joelson “Joca” Moreira, “Meu Compadre” Henrique Mendonça,

Helder Braga, Nilson Paraiso, Renildo Bispo, Leandro Vieira, Cássio Lopes, Fábio Caprino

Sivanildo Campos, Silvio Cruz, Antônio “Patico”, Anísio “Caviar” e Igor Monteiro.
"Transforme as pedras
que você tropeça nas
pedras de sua escada”.

Sócrates
RESUMO

Foram realizadas amostragens qualitativas diurnas através de censos visuais subaquáticos


totalizando 600 minutos de observações em duas poças de maré (Barra e Ondina) localizadas
na cidade de Salvador-BA, com o objetivo de avaliar a composição das assembléias de peixes
através da estimativa de riqueza, abundância relativa, freqüência de ocorrência e categorias
tróficas, além da mensuração dos parâmetros físico-químicos (temperatura e salinidade) e do
nível de proteção das poças à ação das ondas. Não houve diferenças significativas entre os
dois pontos amostrais em se tratando da composição das assembléias, e os fatores físico-
químicos e de proteção à ação das ondas não tiveram influência significativa sobre as
mesmas, sendo disponibilidade de micro-habitats o fator crucial para o aumento da riqueza e
abundância de espécies. Stegastes fuscus foi a espécie que obteve os maiores valores de
abundância relativa e freqüência de ocorrência, e isso se deve ao fato do seu comportamento
agressivo e territorialista. Em relação às categorias tróficas, “carnívoros diurnos” foram os
mais abundantes nas duas localidades, o que já era esperado, pois, só foram realizadas
amostragens diurnas e as espécies que formam a ictiofauna das poças de maré são em sua
maioria carnívoras, corroborando com as informações de estudos pretéritos. Com relação ao
grau de habitação, a categoria dos “oportunistas” foi a mais representativa nas poças
estudadas. A hipótese levantada para explicar esse ocorrido foi a de que a assembléia de
peixes das poças foi avaliada através do método de censo visual, método este, que tende a
subestimar os peixes tidos como crípticos e/ou cripto-bênticos. Os peixes considerados como
“residentes permanentes” são peixes de hábito críptico e de corpo relativamente pequeno e
comprimido e devido a metodologia abordada no presente estudo, tiveram sua abundância
subestimada. Compararam-se os resultados obtidos com os encontrados por Almeida (1972)
no mesmo ponto amostral e notou-se uma discrepância entre eles. A riqueza de espécies da
poça da Barra nos estudo de Almeida (1972) foi de 21 espécies, contrastando com as 41
espécies encontradas no presente estudo. O número de visitas a campo foi a provável causa
dessa diferença. A poça foi visitada sete vezes para obtenção dos dados do presente estudo,
sendo que Almeida (1972) a visitou entre duas a quatro vezes. Pôde se notar uma grande
diferença na composição das assembléias avaliadas com métodos destrutivos (ictiotóxicos) e
não-destrutivos (censos visuais), e tudo indica que a utilização dos dois métodos em conjunto
fornecerá uma avaliação mais completa e acurada da biodiversidade presente nas poças de
maré.

Palavras-chave: Poças de maré; censo visual; ictiofauna.


ABSTRACT

Samplings were carried out qualitative through visual underwater surveys totaling 600
minutes of observations into two tidepools (Barra and Ondina) located in the Salvador-BA
city, to evaluate the composition of the assemblages of fishes through the estimation of
richness, relative abundance, frequency of occurrence and trophic categories, in addition to
the measurement of physical-chemical parameters (temperature and salinity) and the level of
protection from tidepools to the action of the waves. There were no significant differences
between the two sampling points in the context of the composition of the assemblages, and
factors physical-chemical and protection to the action of waves did not have significant
influence on them, and availability of micro-habitats the crucial factor for the increase of
richness and abundance of species. Stegastes fuscus was the specie that obtained the highest
relative abundance and frequency of occurrence, and that is because of his aggressive
behavior and territorial. For trophic categories, "carnivorous diurnal" were the most abundant
in the two localities, which was already expected, therefore, only spot checks were carried out
day and the species that form the fish fauna of the tide pools are mostly carnivorous, with
corroborating last studies of the information. Regarding the level of housing, the category of
"opportunistic" was the most representative in pools studied. The hypothesis raised to explain
that occurred was that the assemblage of fish in tidepools was evaluated by the method of
visual census, this method, which tends to underestimate the fish taken as cryptics and / or
crypto-benthic. The fish regarded as "permanent residents" are cryptic habit of fish and
relatively small body and compressed and because the methodology discussed in this study,
had underestimated its abundance. Compared to the results with those found by Almeida
(1972) and sample at the same point it was noted a discrepancy between them. The richness of
species from tidepool of Barra, in the study of Almeida (1972) was 21 species in contrast to
the 41 species found in this study. The number of visits to the field was the likely cause of this
difference. The tidepools was visited seven times to obtain the data from this study, which
Almeida (1972) visited by between two to four times. Could you notice a big difference in the
composition of assemblages evaluated with destructive methods (ictiotoxic) and non-
destructive (visual census), and everything indicates that the use of two methods together
provide a more complete and accurate assessment of biodiversity present in tidal pools.

Key-words: Tidepool; visual census; ichthyofauna.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Poça de maré no período do estofo da baixa-mar. Pode-se observar a


quantidade de rochas que cercam a poça, dificultando a ação direta das
ondas sobre a mesma. Praia de Barra, Salvador-BA..................................... 16

Figura 02 - Poça de maré localizada na praia de Ondina no município de Salvador,


Bahia. Foto evidenciando a ação direta das ondas sobre a poça a partir dos
níveis médios da maré. (Fonte: Google™ Earth).......................................... 17

Figura 03 - Poça de maré no período da baixa-mar formando uma “piscina” no centro


do afloramento rochoso na praia de Ondina, Salvador-BA. (Fonte:
Cláudio Sampaio).......................................................................................... 17

Figura 04 - Mensuração dos parâmetros físico-químicos (temperatura e salinidade)


utilizando-se de um termômetro digital modelo Oxi 315i WTW e de um
refratômetro modelo RTS-101 ATC, respectivamente. (Fonte: Cláudio
Sampaio)........................................................................................................ 20

Figura 05 - Pescador artesanal com alguns peixes e um polvo (Octopus sp.)


capturados com arpão de mão e bicheiro, respectivamente. Poça de maré
da Barra, Salvador-BA.................................................................................. 21

Figura 06 - Utilização intensa da poça de maré como “piscina natural” por parte dos
banhistas. Praia da Ondina, Salvador-BA..................................................... 22

Figura 07 - Efluente escoando água pluvial localizado próximo à poça de maré na


praia de Ondina, Salvador-BA...................................................................... 23

Figura 08 - À esquerda: garrafa plástica boiando dentro da poça de maré. À direita:


lata de refrigerante oxidada e com algumas incrustações, o que permite
estimar que já esteja a um tempo elevado na poça. Poça de maré da
Ondina, Salvador-BA.................................................................................... 23

Figura 09 - Abundância relativa (%) das famílias mais representativas na poça de


maré da Barra, Salvador-BA......................................................................... 24
Figura 10 - Abundância relativa (%) das famílias mais representativas na poça de
maré da Ondina, Salvador-BA...................................................................... 25

Figura 11 - Abundância relativa das categorias de residência na poça de maré da


Barra (A) e Ondina (B), Salvador-BA.......................................................... 30

Figura 12 - Abundância relativa (%) das categorias tróficas dos peixes registrados na
poça de maré da Barra (A) e Ondina (B) na cidade de Salvador-BA........... 31

Figura 13 - Padrão de freqüência de ocorrência dos 41 taxa observados durante os


censos visuais realizados na poça de maré da Barra,Salvador-BA............... 33

Figura 14 - Padrão de freqüência de ocorrência dos 40 taxa observados durante os


censos visuais realizados na poça de maré da Ondina,Salvador-BA............ 34
LISTA DE TABELAS

Tabela I - Ranking de freqüência de ocorrência (f.o.) utilizado na classificação


das espécies incluídas nos censos visuais realizados nas poças de maré.
Fonte: Feitoza (2001)................................................................................ 19

Tabela II - Lista taxonômica da ictiofauna registrada nas poças de maré das praias
da Barra e Ondina, Salvador-BA, seguindo ordem filogenética de
famílias segundo Nelson (2006). * = espécies endêmicas do litoral
brasileiro.................................................................................................... 26

Tabela III - Poça de maré da praia da Barra, Salvador-BA. Riqueza (S), freqüência
de ocorrência (f.o.) e abundância relativa (a.r) por classes tróficas. A
abundância relativa de cada classe trófica é dada entre parênteses onde:
CD = carnívoros diurnos; CN = carnívoros noturnos; PL =planctívoros;
HT = herbívoros territoriais; HN = herbívoros não-territoriais; ON =
onívoros..................................................................................................... 28

Tabela IV - Poça de maré da praia da Ondina, Salvador-BA. Riqueza (S),


freqüência de ocorrência (f.o.) e abundância relativa (a.r) por classes
tróficas. A abundância relativa de cada classe trófica é dada entre
parênteses onde: CD = carnívoros diurnos; CN = carnívoros noturnos;
PL = planctívoros; HT = herbívoros territoriais; HN = herbívoros não-
territoriais; ON = onívoros........................................................................ 29

Tabela V - Publicações sobre ictiofauna das poças de maré realizados no Brasil em


diferentes locais, com diferentes métodos amostrais e seus respectivos
números de espécies encontradas.............................................................. 38
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 13

2. OBJETIVOS.............................................................................................................................. 15
2.1. Objetivo Geral...................................................................................................................... 15
2.2. Objetivos Específicos........................................................................................................... 15

3. METODOLOGIA...................................................................................................................... 16
3.1. Área de estudo...................................................................................................................... 16
3.2. Estudo piloto........................................................................................................................ 18
3.3. Amostragem não-destrutiva através do censo visual........................................................... 18
3.4. Caracterização do ambiente................................................................................................. 20

4. RESULTADOS.......................................................................................................................... 21
4.1. Características das poças...................................................................................................... 21
4.2. Composição da ictiofauna.................................................................................................... 24

5. DISCUSSÃO............................................................................................................................. 35
5.1. Características ambientais.................................................................................................... 35
5.2. Composição da ictiofauna.................................................................................................... 36

6. CONCLUSÃO........................................................................................................................... 41

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................... 42

8. APÊNDICE................................................................................................................................ 46
1. INTRODUÇÃO

A zona entre-marés é um ambiente alternadamente marinho e terrestre, possuindo a

menor área entre os ambientes marinhos. Seus habitantes estão sujeitos a bruscas variações de

temperatura, salinidade, dessecação e a condições de hipóxia (COX, 2007).

Os recifes costeiros no nordeste do Brasil freqüentemente tornam-se descobertos na

maré baixa, formando enumeras poças de maré, algumas delas inteiramente ou parcialmente

isoladas do mar adjacente, provendo importantes habitats, especialmente para espécimes

juvenis de peixes (CUNHA et al, 2007).

Por possuírem um amplo espelho d’água e um reduzido volume, as poças de maré

sofrem buscas mudanças nos seus fatores físico-químicos, sendo os três principais: (1)

temperatura, fator que oscila de forma discreta nos oceanos, contudo, durante a maré baixa,

quando a poça está totalmente isolada, pode sofrer variações drásticas, chegando a níveis

letais para a ictiofauna. Com a subida do nível da maré e conseqüente entrada de água

oceânica a temperatura cai abruptamente, exercendo, mais uma vez, estresse sobre as

populações desses ambientes; (2) salinidade, fator praticamente estável em águas oceânicas,

mas que pode se elevar rapidamente em poças de maré isoladas, expostas a radiação solar

intensa, com grande área e reduzida profundidade. Em contraponto, chuvas intensas e águas

do lençol freático podem diminuir a salinidade desses ambientes chegando ao limite de

tolerância ecológica da ictiofauna local; (3) concentração de oxigênio, que está intimamente

relacionada à temperatura, pois o aumento desta diminui a quantidade de oxigênio dissolvido

na água, numa relação inversamente proporcional (METAXAS & SCHEIBLING, 1993;

HALPIN, 2000; CUNHA et al, 2007; VALENTIM, 2008).

A temperatura associada a quantidade de organismos e de matéria orgânica (a

decomposição da matéria orgânica acarreta no aumento do consumo do oxigênio disponível

na poça) são fatores agravantes para a diminuição das taxas de oxigênio dissolvido
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
INTRODUÇÃO

(METAXAS & SCHEIBLING, 1993; HALPIN, 2000; CUNHA et al, 2007; VALENTIM,

2008).

Os peixes que utilizam a zona entre-marés, incluindo as poças, o fazem por diferentes

períodos de tempo ou etapas da vida. Existem espécies que vivem nesses ambientes por todo

o seu ciclo de vida, podendo ser classificadas na categoria de residentes “típicas”

(ALMEIDA, 1972). Possuem importantes adaptações fisiológicas como: manutenção

osmótica interna, equilíbrio do pH e até mesmo a busca direta do ar para respiração, para

resistirem a essas bruscas variações ambientais (COX, 2007). Na segunda categoria estão os

habitantes temporários (“casuais” ou “acidentais”), que procuram as poças de maré em

determinada fase de desenvolvimento ou ficam presos, temporariamente, nas poças devido ao

isolamento na baixa-mar. Há indivíduos que entram esporadicamente nessas poças em busca

de alimento, como os membros da família Carangidae e Mugilidae (ALMEIDA, 1972;

SAMPAIO & DUARTE, dados não publicados).

Considerando que cada poça de maré possui características específicas (volume,

profundidade, nível de ligação direta com o mar, etc.) e por isso dificilmente existirão duas

semelhantes entre si, cada poça de maré se torna única e com grandes variações na estrutura

de suas comunidades, tornando a replicação de estudos em diferentes poças de maré um

trabalho complexo e que exige muita cautela (METAXAS & SCHEIBLING, 1993)

Mesmo sabendo da crucial importância desses ambientes para a ictiofauna costeira, no

Brasil ainda pouco se conhece sobre a sistemática e história natural da ictiofauna das poças de

maré (ALMEIDA, 1972; ZAMPROGNO, 1989; ROSA et al, 1997; BARREIROS et al, 2004;

ARAÚJO et al, 2005; CUNHA et al, 2007; MACIEIRA, 2008, VALENTIM, 2008), pois

servem como berçário para larvas e juvenis, além de prover refúgio para muitos organismos

vindos de áreas adjacentes e habitat específico para outros (ROSA et al, 1997; ARAÚJO et

al., 2005).

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral


Avaliar a composição e distribuição das assembléias de peixes em duas poças de maré

distintas e o seu nível de exposição a ação das ondas, comparando com o estudo pioneiro

realizado por Almeida (1972) na cidade de Salvador, Bahia.

2.2. Objetivos Específicos

♦ Estimar abundância relativa, riqueza, freqüência de ocorrência e categorias tróficas da


ictiofauna em duas poças de maré;

♦ Avaliar se há alguma diferença entre as assembléias de peixes presentes em duas poças


distintas com diferentes níveis de proteção à ação das ondas.

♦ Comparar os resultados do presente estudo com os encontrados por Almeida (1972),


para a poça de maré da Barra;

♦ Elaboração e atualização de listas sistemática dos peixes observados nas poças de maré
da Ondina e Barra, respectivamente.
3. METODOLOGIA

3.1. Área de Estudo

Para realização desse estudo foram selecionadas duas poças de maré, sendo uma

situada na Barra (13º00’25.24’’S – 38º32’00.37’’W) e outra em Ondina (13º00’44.16’’S –

38º30’39.’’W) no município de Salvador-BA. As poças de maré foram escolhidas através dos

seus gradientes de exposição à ação das ondas, áreas relativamente amplas, em se tratando de

poças de maré, e por não possuírem ligação direta com o mar no período de baixa-mar.

A poça de maré localizada na praia da Barra está inserida dentro da Baía de Todos os

Santos, o que influência, juntamente com a proteção das rochas, na redução da ação direta das

ondas (Figura 01).

Figura 01. Poça de maré no período do estofo da baixa-mar. Pode-se observar a quantidade de
rochas que cercam a poça, dificultando a ação direta das ondas sobre a mesma. Praia de Barra,
Salvador-BA.
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
METODOLOGIA

A poça de Ondina localiza-se numa área desabrigada, sob ação direta das ondas a

partir do nível médio das marés, separando-se completamente do mar aproximadamente duas

vezes ao dia no período de baixa-mar. (Figura 02). A poça encontra-se inserida no centro do

afloramento rochoso, associado a algas calcárias e esqueleto de corais, sendo possivelmente

formada a partir da ação erosiva (Figura 03).

Figura 02. Poça de maré localizada na praia de Ondina no município de Salvador, Bahia. Foto
evidenciando a ação direta das ondas sobre a poça a partir dos níveis médios da maré. (Fonte:
Google™ Earth).
.

Figura 03. Poça de maré no período da baixa-mar formando uma “piscina” no centro do
afloramento rochoso na praia de Ondina, Salvador-BA. (Fonte: Cláudio Sampaio).

17
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
METODOLOGIA

3.2. Estudo Piloto

Visando um reconhecimento prévio do local e da eficiência da metodologia adotada,

foram realizados estudos pilotos nas poças de maré escolhidas no período de 21 de março a 04

de abril de 2008, totalizando aproximadamente 200 minutos de observações subaquáticas.

Foram definidas as estações e o método de amostragem, além do registro de imagens que

auxiliaram na caracterização do ambiente e na identificação da ictiofauna encontrada. Serviu

também para treinar e acurar a visão do pesquisador em relação aos peixes de difícil

localização e/ou determinação, os chamados “crípticos” (ver RANGEL et al.,2005). A partir

do estudo piloto se definiu toda a metodologia adotada para realização do presente trabalho.

3.3. Amostragem não destrutiva através do censo visual

As amostragens da assembléia de peixes nas poças de maré foram realizadas sempre

no período diurno em marés de sizígia com altura mínima menor ou igual a 0,5 m,

determinadas através da “Tábua de Marés”, previsões para o Porto de Salvador, Bahia

(D.H.N., 2008). O método amostral utilizado é também conhecido como não-destrutivo, uma

vez que não causa modificações, nem na biomassa ou no ambiente. Sua escolha se deu por ser

simples, rápido e de baixo custo (CUNHA, 2005).

A metodologia empregada foi modificada do método “species/time random count”, ou

seja, contagem aleatória espécie/tempo, descrito por Thompson & Schmidt (1977). A técnica

utilizada consistiu em observações subaquáticas diurnas com duração de 10 minutos onde o

mergulhador realizou buscas intensivas, examinando todos os micro-habitats possíveis,

registrando todas as espécies de peixes que se encontraram dentro da poça (amostragem

qualitativa). O período de 10 minutos foi dividido em 5 períodos de 2 minutos, onde as

espécies que foram registradas nos primeiros 2 minutos do censo receberam um escore 5, não

18
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
METODOLOGIA

sendo mais registrada no decorrer do período, as observadas no segundo intervalo receberam

escore 4 e assim sucessivamente até as espécies que foram encontradas no quinto e último

intervalo receberam o escore 1.

O método espécie/tempo possui algumas limitações, pois impede comparações através

dos valores de abundância e índices de diversidade, possibilitando apenas comparar a riqueza

de espécies; sendo esse método, quando comparado com outras técnicas de censo, aquele que

registrou maior riqueza de espécies (CUNHA, 2005). Para uma melhor representatividade dos

dados e diluição de erros amostrais foram realizadas 30 réplicas, totalizando 300 minutos de

observações em cada poça.

A abundância relativa das espécies foi calculada a partir da soma dos escores de cada

táxon. Aquelas que possuíam os maiores valores foram consideradas como mais abundantes.

A riqueza (S) é o número total de espécies registradas durante os mergulhos e não apenas

aquelas observadas durante os censos. A freqüência de ocorrência (f.o.) indica a probabilidade

de se encontrar uma espécie, calculada pela porcentagem de ocorrência de cada táxon em

relação ao número total de censos realizados, classificando os táxons nas categorias

apresentadas na Tabela I (FEITOZA, 2001).

Tabela I. Ranking de freqüência de ocorrência (f.o.) utilizado na classificação das espécies


incluídas nos censos visuais realizados nas poças de maré. Fonte: Feitoza (2001).

Freqüência de Ocorrência
Muito comuns f.o. > 80%
Comuns f.o. = 51 – 80%
Ocasionais f.o. = 21 – 50%
Incomum f.o. = 5 - 20%
Raras f.o. < 5%

Em relação às categorias tróficas, as espécies foram classificadas em seis grupos,

seguindo Feitoza (2001): herbívoros territoriais; herbívoros não-territoriais; carnívoros

diurnos; carnívoros noturnos; planctívoros e onívoros.


19
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
METODOLOGIA

As espécies que habitam as poças de maré foram classificadas de acordo com o grau

de residência adotado por Griffiths (2003), onde os peixes foram agrupados em três

categorias: residentes permanentes, oportunistas e transitórias.

3.4. Caracterização do ambiente

As poças foram caracterizadas no estofo da baixa-mar através da mensuração dos

seguintes fatores físico-químicos in situ: temperatura (ºC), com o auxílio de um termômetro

digital do modelo Oxi 315i WTW e salinidade (‰), com o auxílio de um refratômetro do

modelo RTS-101 ATC (Figura 04). A análise desses parâmetros foi realizada com a água do

meio das poças onde sugerimos ser a mais homogênea em relação aos fatores mensurados do

que a água de superfície ou de fundo.

As poças de maré foram mensuradas utilizando uma trena graduada em centímetros,

obtendo os valores de comprimento máximo (C, paralelo à costa), largura máxima (L,

perpendicular à costa) e área superficial (A = C x L), sendo essa metodologia baseada naquela

utilizada por Valentim (2008).

Figura 04. Mensuração dos parâmetros físico-químicos (temperatura e salinidade) utilizando-


se de um termômetro digital modelo Oxi 315i WTW e de um refratômetro modelo RTS-101
ATC, respectivamente. (Fonte: Cláudio Sampaio).

20
4. RESULTADOS

4.1. Características das poças

A poça de maré da praia da Barra possui uma área superficial aproximada de 608m². A

temperatura do espelho d’água variou de 28,8ºC a 30,9ºC, sendo que a média da temperatura

foi de 29,8ºC. A salinidade variou de 36‰ a 40‰, tendo como media o valor de 38,8‰. Sua

cobertura viva era basicamente formada por pólipos de cnidários (Zoanthideos), esponjas,

equinodermos, algas do tipo “turf” e foliáceas, além de areia. Foi registrada a presença de

alguns pescadores artesanais que utilizavam a poça para capturar espécimes utilizando linha

de mão, pequenos arpões e bicheiros (Figura 05).

A presença de banhistas foi uma constante durante o período do estudo, onde alguns

levavam seus cães para tomar banho na poça estudada. O fluxo elevado de freqüentadores traz

alguns malefícios como pisoteio dos organismos bentônicos, estresse sobre a ictiofauna e

aumento do volume de lixo, que muitas vezes é deixado na poça por irresponsabilidade dos

freqüentadores.

Figura 05. Pescador artesanal com alguns peixes e um polvo (Octopus insularis) capturados
com arpão de mão e bicheiro, respectivamente. Poça de maré da Barra, Salvador-BA.
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

A poça de maré localizada na praia de Ondina possui uma área superficial aproximada

de 645m². A temperatura do espelho d’água variou de 28,8ºC a 31,4ºC, sendo que a média da

temperatura foi de 29,6ºC. A salinidade variou de 37‰ a 40‰, tendo como media o valor de

37,8‰. Sua cobertura viva era basicamente formada por cnidários, ascídias, equinodermos,

algas do tipo “turf”, foliáceas e calcárias. Há uma utilização intensa da poça por parte de

banhistas (foram registrados 21 banhistas simultaneamente na poça durante um determinado

dia de amostragem) que a aproveitam como “piscina natural” (Figuras 06) e de alguns

pescadores que capturam espécimes utilizando linha de mão. Um efluente encontra-se

próximo à poça (Figura 07) escoando a água pluvial para o mar e provavelmente esgoto dos

pontos comerciais mais próximos.

Figura 06. Utilização intensa da poça de maré como “piscina natural” por parte dos banhistas.
Praia da Ondina, Salvador-BA.

22
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

Figura 07. Efluente escoando água pluvial localizado próximo à poça de maré na praia de
Ondina, Salvador-BA.

Passado um pequeno intervalo (aproximadamente 30 minutos, dependendo da variação

da amplitude da maré) após o estofo da baixa-mar, as ondas voltam a exercer ação direta

sobre a poça de maré, carreando lixo para o seu interior, lixo este composto principalmente

por latas de alumínio, tampas, garrafas e embalagens plásticas. Pela conformação da poça

torna-se difícil a saída do lixo, transformando-se então em um verdadeiro “depósito” de todo

material que venha a adentrar-lhe (Figura 08).

Figura 08. À esquerda: garrafa plástica boiando dentro da poça de maré. À direita: lata de
refrigerante oxidada e com algumas incrustações, o que permite estimar que já esteja a um
tempo elevado na poça. Poça de maré da Ondina, Salvador-BA

23
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

4.2. Composição da ictiofauna

Foram realizados 30 censos subaquáticos entre os dias 05 de abril a 04 de maio de

2008 na poça da Barra, totalizando 300 minutos de observações onde se obteve como

resultado 41 taxa divididos em 24 famílias (Tabela II), ressaltando que uma espécie do gênero

Malacoctenus, Família Labrisomidae, é nova para a ciência e encontra-se em processo de

descrição (SAMPAIO, com.pess.).

As cinco famílias de maior representatividade na poça de maré da Barra em ordem

decrescente foram: Pomacentridae (a.r. = 19,81%), Gerreidae (a.r. = 11,95%), Acanthuridae

(a.r. = 11,7%), Haemulidae (a.r. = 9,85%) e Serranidae (a.r. = 6,07%) compondo 59,48% da

ictiofauna avistada na poça (Figura 09).

Pomacentridae
19,81
Gerreidae
40,62
11,95 Acanthuridae

Haemulidae
11,7
Serranidae
6,07 9,85
Outras

Figura 09. Abundância relativa (%) das famílias mais representativas na poça de maré da
Barra, Salvador-BA.

Em Ondina, os 30 censos subaquáticos foram realizados entre os dias 05 a 21 de maio

de 2008, onde se obteve como resultado 40 taxa divididos em 25 famílias (Tabela II). Os

indivíduos registrados do gênero Kyphosus, Família Kyphosidae, eram juvenis e como sua

determinação específica exige a avaliação em laboratório, optou-se pela sua identificação

genérica.

24
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

As cinco famílias mais abundantes na poça de maré da Ondina foram: Pomacentridae

(a.r. = 22,04%), Labrisomidae (a.r. = 9,58%), Haemulidae (a.r. = 7,69%), Acanthuridae (a.r.

= 5,9%) e Tetraodontidae (a.r. = 5,85%), compondo 51,06% da ictiofauna avistada na poça

(Figura 10).

Pomacentridae

22,04 Labrisomidae

48,94
Haemulidae
9,58
Achanturidae

7,69 Tetraodontidae
5,9
5,85 Outras

Figura 10. Abundância relativa (%) das famílias mais representativas na poça de maré da
Ondina, Salvador-BA.

As dez espécies observadas na poça de maré da Barra que obtiveram os maiores

valores de abundância relativa sendo, conseqüentemente, as mais representativas foram

respectivamente: Stegastes fuscus (8,17%), Haemulon parra (7,8%), Stegastes variabilis

(7,1%), Acanthurus bahianus (6,63%), Eucinostomus melanopterus (6,19%), Sparisoma

radians (5,88%), Chaetodon striatus (5,82%), Epinephelus adscensionis (5,08%), Acanthurus

coeruleus (4,95%) e Mugil curema (4,89%), que juntas representam 62,51% da ictiofauna

registrada (Tabela III), sendo em Ondina: Stegastes fuscus (a.r. = 7,53%), Abudefduf saxatilis

(a.r. = 7,3%), S. variabilis (a.r. = 7,2%), Haemulon parra (a.r. = 7,15%), Halichoeres poeyi

(a.r. = 5,79%), Sparisoma radians (a.r. = 5,58%), Acanthurus bahianus (a.r. = 4,76%),

Epinephelus adscensionis (a.r. = 4,33%), Sphoeroides greeleyi (a.r. = 4,22%) e

Ophioblennius trinitatis (a.r. = 3,84%), que juntas representam 51,06% da ictiofauna avistada

(Tabela IV).

25
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

Tabela II. Lista taxonômica da ictiofauna registrada nas poças de maré das praias da Barra e Ondina,
Salvador-BA, seguindo ordem filogenética de famílias segundo Nelson (2006). * = espécies endêmicas
do litoral brasileiro.
Família e Taxa Residência BARRA ONDINA
Muraenidae
Enchelycore nigricans (Bonnaterre, 1788) Residente permanente X
Gymnothorax moringa (Cuvier, 1829) Residente permanente X
Gymnothorax funebris Ranzani, 1840 Residente permanente X
Ophichthidae
Myrichthys ocellatus (Lesueur, 1825) Oportunista X X
Engraulidae
Anchoa sp. Transitória X
Batrachoididae
Thalassophryne nattereri Steindachner, 1876 Oportunista X
Holocentridae
Holocentrus adscensionis (Osbeck, 1765) Oportunista X X
Fistulariidae
Fistularia tabacaria Linnaeus, 1758 Transitória X
Scorpaenidae
Scorpaena plumieri Bloch, 1789 Oportunista X
Serranidae
Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765) Oportunista X X
Cephalopholis fulva (Linnaeus, 1758) Oportunista X
Apogonidae
Apogon americanus Castelnau, 1855 * Residente permanente X X
Carangidae
Caranx bartholomaei (Cuvier, 1833) Transitória X
Caranx crysos (Mitchill, 1815) Transitória X X
Caranx latus Agassiz, 1831 Transitória X X
Lutjanidae
Lutjanus alexandrei Moura & Lindeman, 2007 * Oportunista X
Lutjanus synagris (Linnaeus, 1758) Oportunista X
Gerreidae
Eucinostomus argenteus Baird & Girard, 1855 Transitória X X
Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) Transitória X X
Diapterus rhombeus (Cuvier, 1829) Transitória X X
Eugerres brasilianus (Cuvier, 1830) Transitória X
Haemulidae
Haemulon parra (Desmarest, 1823) Oportunista X X
Haemulon squamipinna Rocha & Rosa, 1999 * Transitória X
Haemulon steindachneri (Jordan & Gilbert, 1882) Transitória X
Sciaenidae
Pareques acuminatus (Bloch & Schneider, 1801) Oportunista X X

26
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

Mullidae
Pseudupeneus maculatus (Bloch, 1793) Oportunista X X
Mulloidichthys martinicus (Cuvier, 1829) Transitória X
Chaetodontidae
Chaetodon striatus Linnaeus, 1758 Oportunista X X
Kyphosidae
Kyphosus sp. Oportunista X
Pomacanthidae
Pomacanthus paru (Bloch, 1787) Oportunista X
Pomacentridae
Abudefduf saxatilis (Linnaeus, 1758) Oportunista X X
Stegastes fuscus (Cuvier, 1830) * Residente permanente X X
Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) Oportunista X X
Mugilidae
Mugil curema Valenciennes, 1836 Transitória X X
Polynemidae
Polydactylus virginicus (Linnaeus, 1758) Transitória X
Labridae
Halichoeres brasiliensis (Bloch, 1791) * Oportunista X
Halichoeres peronsei Starks, 1913 * Oportunista X
Halichoeres poeyi (Steindachner, 1867) Oportunista X X
Scaridae
Sparisoma radians (Valenciennes, 1840) Oportunista X X
Labrisomidae
Labrisomus cricota Sazima, Gasparini & Moura, 2002 * Residente permanente X X
Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824) Residente permanente X X
Malacoctenus delalandii (Valenciennes, 1836) Residente permanente X X
Malacoctenus sp. * Residente permanente X X
Blenniidae
Ophioblennius trinitatis Miranda Ribeiro, 1919 * Residente permanente X X
Scartella cristata (Linnaeus, 1758) Residente permanente X
Gobiidae
Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837) Residente permanente X X
Coryphopterus glaucofraenum Gill, 1863 Residente permanente X
Achanturidae
Acanthurus bahianus Castelnau, 1855 Oportunista X X
Acanthurus chirurgus (Bloch, 1787) Oportunista X
Acanthurus coeruleus Bloch & Schneider, 1801 Oportunista X X
Tetraodontidae
Sphoeroides greeleyi (Gilbert, 1900) Transitória X X
Sphoeroides spengleri (Bloch, 1785) Transitória X X

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DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

Tabela III. Poça de maré da praia da Barra, Salvador-BA. Riqueza (S), freqüência de ocorrência
(f.o.) e abundância relativa (a.r) por classes tróficas. A abundância relativa de cada classe trófica é
dada entre parênteses onde: CD = carnívoros diurnos; CN = carnívoros noturnos; PL = planctívoros;
HT = herbívoros territoriais; HN = herbívoros não-territoriais; ON = onívoros

f.o. a.r. f.o. a.r.


Espécies Espécies
(%) (%) (%) (%)
Bathygobius soporator 55,6 2,48
Caranx crysus 7,4 0,37 Haemulon parra 96,3 7,8

CN (14,74 %)
Caranx latus 11,1 0,68 Haemulon squamipinna 29,6 2,04
Cephalopholis fulva 18,5 0,99 Holocentrus adscensionis 70,4 3,9
Chaetodon striatus 92,6 5,82 Lutjanus alexandrei 3,7 0,19
Diapterus rhombeus 25,9 1,42 Pareques acuminatus 3,7 0,25
Epinephelus adscensionis 81,5 5,08 Thalassophryne nattereri 11,1 0,56
Eucinostomus argenteus 63 4,33
CD (36,17%)

Eucinostomus melanopterus 85,2 6,19


HN (17,58 %)

Halichoeres brasiliensis 33,3 2,17 Acanthurus bahianus 92,6 6,63


Halichoeres peronsei 44,4 2,48 Acanthurus chirurgus 3,7 0,12
Halichoeres poeyi 14,8 0,87 Acanthurus coeruleus 81,5 4,95
Labrisomus cricota 25,9 1,3
Labrisomus nuchipinnis 11,1 0,19 Sparisoma radians 96,3 5,88
Malacoctenus delalandii 11,1 0,56
ON (9,72%) HT (16,26%)

Malacoctenus sp. 3,7 0,31 Ophioblennius trinitatis 14,8 0,99


Myrichthys ocellatus 3,7 0,31 Stegastes fuscus 100 8,17
Pseudupeneus maculatus 14,8 0,56
Polydactylus virginicus 3,7 0,06 Stegastes variabilis 100 7,1
PL (5,51%)

Abudefduf saxatilis 66,6 4,52 Mugil curema 70,4 4,89


Anchoa sp 3,7 0,12 Sphoeroides greeleyi 81,48 4,71
Apogon americanus 18,5 0,87 Sphoeroides spengleri 3,7 0,12
Escore total 1.615 Riqueza de espécies S = 41

28
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

Tabela IV. Poça de maré da praia da Ondina, Salvador-BA. Riqueza (S), freqüência de ocorrência
(f.o.) e abundância relativa (a.r) por classes tróficas. A abundância relativa de cada classe trófica é
dada entre parênteses onde: CD = carnívoros diurnos; CN = carnívoros noturnos; PL = planctívoros;
HT = herbívoros territoriais; HN = herbívoros não-territoriais; ON = onívoros.

f.o. a.r f.o. a.r


Espécies Espécies
(%) (%) (%) (%)
Bathygobius soporator 35,7 1,95 Gymnothorax funebris 3,6 0,22

CN (12,08%)
Caranx crysus 3,6 0,11 Haemulon parra 96,4 7,15
Caranx latus 35,7 1,89 Haemulon steindachneri 10,7 0,54
Chaetodon striatus 60,7 2,71 Holocentrus adscensionis 50 2,17
Coryphopterus glaucofraenum 50 1,62 Lutjanus synagris 14,3 0,38
Diapterus rhombeus 7,1 0,32 Pareques acuminatus 50 1,62
Epinephelus adscensionis 71,4 4,33

HN (14,67%)
CD (37,35%)

Eucinostomus argenteus 14,3 0,6 Acanthurus bahianus 89,3 4,76


Eucinostomus melanopterus 60,7 3,63 Acanthurus coeruleus 25 1,14
Fistularia tabacaria 3,6 0,05 Kyphosus sp. 67,9 3,19
Halichoeres poeyi 96,4 5,79 Sparisoma radians 92,9 5,58
Labrisomus cricota 46,4 2,44
HT (18,89%)

Labrisomus nuchipinnis 28,6 1,57 Ophioblennius trinitatis 89,3 3,84


Malacoctenus delalandii 39,3 1,89 Scartella cristata 7,14 0,32
Malacoctenus sp. 71,4 3,68 Stegastes fuscus 100 7,53
Myrichthys ocellatus 7,1 0,38 Stegastes variabilis 96,4 7,2
Pseudopeneus maculatus 39,3 2,17
ON (7,79%)

Scorpaena plumieri 42,9 2,22 Mugil curema 7,14 0,38


PL (9,19%)

Pomacanthus paru 35,7 1,57


Abudefduf saxatilis 100 7,3 Sphoeroides greeleyi 71,4 4,22
Apogon americanus 46,4 1,89 Sphoeroides spengleri 28,6 1,62
Escore total 1847 Riqueza de espécies S = 40

Com relação às categorias de residência, na Barra oito espécies de peixes foram

consideradas como residentes permanentes devido a sua pouca mobilidade relativa, reduzido

tamanho e por habitarem, quase que exclusivamente, a zona entre-marés. Outras 19 espécies

foram consideradas como oportunistas pelo fato de possuírem uma maior mobilidade e

utilizarem a zona entre-marés regularmente, bem como estarem, também, bem distribuídas no

infralitoral adjacente; 11 espécies foram consideradas transitórias, ou seja, são visitantes

ocasionais da zona entre-marés. Na poça de maré da Ondina, 11 espécies de peixes foram


29
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

consideradas como residentes permanentes, 17 espécies foram consideradas como oportunistas

e 10 espécies foram consideradas transitórias (Tabela II).

As espécies classificadas como oportunistas representaram 60,18% do total de peixes

observados na poça de maré da Barra, onde Haemulon parra (a.r. = 7,8%) foi a espécie mais

abundante dessa categoria, seguida de Stegastes variabilis (a.r. = 7,1%) e Acanthurus

bahianus (a.r. = 6,63%). As espécies transitórias e residentes permanentes representaram

24,93% e 14,87%, respectivamente, e tiveram como principais representantes Eucinostomus

melanopterus (a.r. = 6,19%) para transitórias e Stegastes fuscus (a.r. = 8.17%) para os

residentes permanentes. Na Ondina as espécies classificadas como oportunistas representaram

59,66% do total de peixes observados, onde Abudefduf saxatilis (a.r. = 7,3%) foi a espécie

mais representativa, seguida de Stegastes variabilis (a.r. = 7,2%) e Haemulon parra (a.r. =

7,15%). As espécies classificadas como residentes permanentes e transitórias representaram

26,95% e 13,36% respectivamente e tiveram como principais representantes Stegastes fuscus

(a.r. = 7.53%) para residentes permanentes e Eucinostomus melanopterus (a.r. = 3,63%) para

as transitórias (Figura 11).

A B

Figura 11. Abundância relativa das categorias de residência na poça de maré da Barra (A) e
Ondina (B), Salvador-BA

30
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

A categoria trófica dominante na poça de maré da Barra foi a de carnívoros diurnos,

com abundância relativa igual a 36,01%, sendo composta principalmente por peixes das

Famílias Gerreidae (Eucinostomus melanopterus, a.r. = 6,19%; E. argenteus, a.r. = 4,33% e

Diapterus rhombeus, a.r. = 1,42%), Serranidae (Epinephelus adscensionis, a.r. = 5,08%; e

Cephalopholis fulva, a.r. = 0,99%) e Chaetodontidae (Chaetodon striatus, a.r. = 5,82%),

seguida pelas categorias de herbívoros não-territoriais (a.r. = 17,58%), herbívoros territoriais

(a.r. = 16,26%), carnívoros noturnos (a.r. = 14,74%), onívoros (a.r. = 9,72%) e planctívoros

(a.r. = 5,51%).

Na poça de maré da Ondina foi também a categoria de carnívoros diurnos, com

abundância relativa igual a 37,35%, a mais representativa, sendo composta principalmente por

peixes das Famílias Labrisomidae (Malacoctenus sp., a.r. = 3,68%; Labrisomus cricota, a.r. =

2,44%; Malacoctenus delalandii, a.r. = 1,89% e Labrisomus nuchipinnis, a.r. = 1,57%),

Labridae (Halichoeres poeyi, a.r. = 5,79%) e Serranidae (Epinephelus adscensionis, a.r. =

4,33), seguida pelas categorias herbívoros territoriais (a.r. = 18,89%), herbívoros não-

territoriais (a.r. = 14,67%), carnívoros noturnos (a.r. = 12,08%), planctívoros (a.r. = 9,19%) e

onívoros (a.r. = 7,79%) (Figura 12).

A Carnivoros diurnos
B Carnivoros diurnos
Carnivoros
noturnos 7,79 Carnivoros noturnos
9,72 14,67 37,35
36,01 Planctívoros
17,58 Planctívoros

Herbivoros Herbivoros terrioriais


terrioriais
18,89
16,26 Herbivoros não- 9,19 12,08 Herbivoros não-
14,74 territoriais territoriais
5,51
Onívoros Onívoros

Figura 12. Abundância relativa (%) das categorias tróficas dos peixes registrados na poça de maré da
Barra (A) e Ondina (B) na cidade de Salvador-BA.

31
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

As dez espécies mais comuns da poça de maré da Barra foram avistadas em mais de

80% dos censos, sendo classificadas como “muito comuns” no ranking de freqüência de

ocorrência: Stegastes fuscus e S. variabilis (f.o. = 100%), Haemulon parra (f.o. = 96,3%),

Sparisoma radians (f.o. = 96,3%), Acanthurus bahianus (f.o. = 92,6%) Chaetodon striatus (f.o.

= 92,6%), Eucinostomus melanopterus (f.o. = 85,2%), Acanthurus coeruleus (f.o. = 81,5%),

Epinephelus adscensionis (f.o. = 81,5%) e Sphoeroides greeleyi (f.o. = 81,48%). A ordenação

de acordo com a freqüência de ocorrência mostrou um suave declínio na transição entre as

espécies comuns e raras, sendo que aquelas consideradas raras possuem uma quantidade

razoável de representantes (Figura 13).

As oito espécies mais comuns da poça de maré da Ondina foram avistadas em mais de

80% dos censos, sendo classificadas como muito comuns no ranking de freqüência de

ocorrência: Abudefduf saxatilis e Stegastes fuscus (f.o. = 100%), Haemulon parra, Halichoeres

poeyi e S. variabilis (f.o. = 96,4%), Sparisoma radians (f.o. = 92,9%), Acanthurus bahianus e

Ophioblennius trinitatis (f.o. = 89,3%). A ordenação de acordo com a freqüência de ocorrência

mostrou um discreto declínio, quase linear, evidenciando equilíbrio entre as categorias (Figura

14).

32
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

Figura 13. Padrão de freqüência de ocorrência dos 41 taxa observados durante os censos visuais realizados na poça de maré da Barra, Salvador-BA.

33
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de Salvador-BA
RESULTADOS

Figura 14. Padrão de freqüência de ocorrência dos 40 taxa observados durante os censos visuais realizados na poça de maré da Ondina, Salvador-BA.

34
5. DISCUSSÃO

5.1. Características ambientais

As poças estudadas possuem áreas relativamente amplas (acima de 600m²) e a

profundidade variando entre 0,3 a 1,0 m. Como não apresentam conexão direta com o mar, e

por possuírem grande área superficial e pequeno volume, as poças sofrem variações nos

fatores físico-químicos (temperatura e salinidade) a partir da incidência da radiação solar. Por

apresentar uma área grande (espelho d’água) e volume pequeno (reduzida profundidade), suas

águas são rapidamente aquecidas e evaporadas. Notou-se uma discreta diferença em relação à

média da salinidade, que variou em 1,0‰ entre a poça da Barra e Ondina. Esse fato se deve,

provavelmente, a uma maior influência do lençol freático na poça da Ondina, onde

observamos, também, um lançamento de água doce (pluvial e provavelmente esgotos

clandestinos), promovendo a redução da salinidade nesse ponto (observação pessoal, Figura

05).

Os peixes registrados nas poças de maré possuem adaptações fisiológicas e

comportamentais para suportarem tais variações de salinidade e temperatura (COX, 2007).

O nível de proteção à ação das ondas não teve, provavelmente, influência direta na

composição das assembléias de peixes das poças estudadas. O único fator passível de relação

com a ação das ondas é a influência sobre os organismos sésseis (MACIEIRA, 2008).

A poça da Ondina, em termos qualitativos, possui uma menor diversidade desses

organismos, principalmente esponjas e Zoanthíddeos que foram mais notados na poça da

Barra, protegida da ação direta das ondas. Esse fato pode ser explicado pela ação das ondas

sobre a poça, ocasionando um maior hidrodinamismo, sedimentação, turbidez e ação

mecânica do sedimento contra o substrato, não permitindo que os organismos se fixem

(MACIEIRA, 2008).
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
DISCUSSÃO

Outro fator relevante que limita a presença desses organismos é o grau de utilização

antrópica das poças, pois o pisoteio dos pólipos e das esponjas pelos banhistas, bem como o

uso de filtro solar que prejudica o desenvolvimento desses animais. O filtro solar é uma

substância lipofílica e pode bioacumular nos organismos aquáticos causando efeitos similares

aos reportados por outros xenobióticos, sendo o principal deles o branqueamento dos corais

(DANOVARO et al, 2008).

Nas poças localizadas em Itapoã, Almeida (1972) relata a forte ação das ondas neste

local, sendo esta a localidade amostrada com maior valor de riqueza de espécies.

Provavelmente a complexidade estrutural destas poças, aliado a um estado melhor de

conservação, tenham favorecido essa maior riqueza.

5.2. Composição da ictiofauna

No Brasil foram realizados poucos estudos sobre a ictiofauna que habita o ecossistema

de poças de maré, sendo que na Bahia só se tem registro dos trabalhos de Almeida (1972) e

Araújo et al, (2005), sendo que no último, os autores foram os únicos a utilizar método

amostral não-destrutivo (censo visual subaquático) corroborando com a viabilidade,

praticidade e com a eficiência do método, que tem como benefícios o reduzido impacto ao

ambiente e baixo custo de aplicação.

O elevado número de espécies encontradas nas poças da Barra e Ondina (Tabela II) se

deve, principalmente, pela alta complexidade estrutural e a conseqüente disponibilidade de

micro-hábitats desses ambientes, pois são poças de ampla área superficial, disponibilizando

assim uma grande quantidade e diversidade de abrigos para as mais diferentes espécies de

peixes. Trabalhos utilizando ictiotóxicos (ALMEIDA, 1972; ZAMPROGNO, 1989; ROSA et

al, 1997) ou anestésicos (BARREIROS et al, 2004; VALENTIM, 2008) estimaram a estrutura

da assembléia de peixes das poças com praticamente 100% de eficácia.


36
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
DISCUSSÃO

Ictiotóxicos, a base de rotenona, são amplamente utilizados em trabalhos científicos

por serem seletivos para os peixes, atingindo todos os estratos da assembléia, matando-os por

bloqueio da recepção celular de oxigênio devido a vaso-constrição. Com isso não são

subestimados os pequenos peixes de hábitos crípticos, que vivem escondidos em esponjas,

fendas, tocas, ou enterrados na areia (ROBERTSON, 2008).

Atualmente discute-se sobre a relação do custo - benefício ambiental quanto da

utilização desse tipo de técnica destrutiva, já que em muitos países o incremento das

proibições contra o uso de rotenona logo privará a pesquisa sobre biodiversidade de peixes

recifais utilizando este recurso (ROBERTSON & SMITH-VANIZ, 2008).

Certamente, grande parte dos peixes crípticos foi subestimada pela técnica amostral

empregada (censo visual). Ackerman & Bellwood (2000) notaram que peixes de pequeno

porte (menores que 5 cm comprimento total) são grosseiramente estimados pelos censos

visuais quando comparados à amostragem com ictiocidas. Em um estudo realizado em uma

localidade do Mar do Caribe, que comparou os chamados métodos "destrutivos" (estações de

rotenona) e não destrutivos (censo visual) para os peixes recifais, foi demonstrado que uma

proporção significativa da assembléia desses peixes (particularmente aqueles de hábitos

crípticos) foi mal representada ou perdida nos censos visuais. Somente 36% das 228 espécies

amostradas com ictiocida (rotenona) foram visualmente detectadas (SMITH-VANIZ et al.,

2006). Isso corrobora com a baixa abundância relativa da espécie Bathygobius soporator nas

duas poças estudadas, indo de encontro aos resultados encontrados por autores que

trabalharam com métodos destrutivos como Almeida (1972), Zamprogno (1989) e Rosa et al

(1997), que obtiveram B. sopotator como a espécie mais abundante. Moréias (Muraenidae) e

mutucas (Ophicthidae) foram registradas em raras oportunidades, corroborando nossas

suspeitas em relação a subestimação de peixes de hábitos crípticos, mesmo aqueles de grande

porte como esses últimos.

37
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
DISCUSSÃO

Os padrões de utilização das poças de marés pelos peixes são complexos e ainda

pouco conhecidos. Nossos dados são importantes, ao comparar a riqueza das espécies com

dados pretéritos, obtidos há mais de 36 anos (Tabela V).

Tabela V. Publicações sobre ictiofauna das poças de maré realizados no Brasil em diferentes locais,
com diferentes métodos amostrais e seus respectivos números de espécies encontradas.
Método
Referência Local Número de espécies (S)
amostral
Almeida, 1972 Salvador - BA* Ictiocida 73
Zamprogno, 1989 Manguinhos, Serra - ES Ictiocida 36
Rosa et al, 1997 Cabo Branco, João Pessoa - PB Ictiocida 44
Barreiros et al, 2004 S. Roque e Praia Vermelha - SC Anestésico 19
Araújo et al., 2005 Pituba, Salvador - BA Censo visual 50
Macieira, 2008 Castelhanos, Anchieta - ES Ictiocida 58
Valentim, 2008 Fernando de Noronha - PE Anestésico 21
Presente estudo Barra, Salvador - BA Censo visual 41
Presente estudo Ondina, Salvador - Ba Censo visual 40

* Almeida (1972) realizou amostragens em quatro poças da cidade de Salvador-BA (Mont-


Serrat, Barra, Rio Vermelho e Itapoã) e uma na região metropolitana (Arembepe, Camaçari).

Almeida (1972) realizou amostragens na Barra, na mesma poça de maré do presente

estudo (ALMEIDA, com. pess.). Mesmo trabalhando com ictiotóxico, essa autora encontrou

apenas 21 espécies, contrastando com as 41 espécies encontradas no presente estudo. A

provável causa para essa diferença foi o número de visitas ao ponto amostral. A poça da Barra

foi visitada seis vezes num intervalo de aproximadamente 30 dias, sendo que Almeida (1972)

visitou a poça, somente, entre duas a quatro vezes. Isso diminui a probabilidade de encontrar

espécies classificadas como transitórias e/ou oportunistas, como os membros das Famílias

Carangidae, Gerreidae e Haemulidae que não foram coletados por Almeida (1972), o que

reforça a hipótese do número de visitas e conseqüentemente o tempo destinado as observações

subaquáticas tenha influenciado os resultados.

38
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
DISCUSSÃO

Das 21 espécies coletadas por Almeida (1972) na poça de maré da Barra, sete não

foram observadas no presente estudo, sendo elas: Ahlia egmontis (Jordan, 1884); Apogon

pigmentarius (Poey, 1860); Pomacanthus paru (Bloch, 1787); Scarus coelestinus Valenciennes,

1840; Blennius cristatus (Linnaeus 1758); Entomacrodus vomerinus (Valenciennes, 1836) e

Cantherhines pullus (Ranzani, 1842). Algumas dessas espécies sofreram revisões

taxonômicas recentes como Blennius cristatus, que atualmente é denominada Scartella

cristata; Scarus coelestinus, que na verdade se trata de Scarus trispinosus, uma espécie

endêmica e recentemente validada (MOURA et al., 2001) e Apogon pigmentarius, que

atualmente é tratada como Phaeoptyx pigmentaria. As espécies Ahlia egmontis, Entomacrodus

vomerinus, Scartella cristata e Phaeoptyx pigmentaria são espécies de pequeno porte, com

comportamento criptico (A. egmontis vive enterrada no fundo arenoso, enquanto que E.

vomerinus, S. cristata e P. pigmentaria vivem associadas a pequenas tocas, sendo a última

uma espécie de hábitos noturnos) e essa é a provável causa da sua ausência nas observações

do presente estudo. As demais espécies, Scarus trispinosus, Pomacanthus paru e

Cantherhines pullus são alvo de pescarias submarinas; a primeira da pesca sub e as demais

para fins ornamentais, o que as vem tornando cada dia mais escassas e de difícil observação

(SAMPAIO, 2006).

Houve também um baiacu registrado por Almeida (1972), como Sphoeroides

marmoratus, mas sabe-se que tal espécie só ocorre no Atlântico Leste, tendo sua distribuição

compreendida entre Portugal e Angola, incluindo as ilhas dos Açores, Canárias e Cabo Verde

(WIRTZ et al, 2007). Esse fato sugere um equivoco facilmente explicado: somente dois anos

depois do trabalho de Almeida (1972), Shipp (1974) publicou uma ampla revisão sistemática

dos baiacus do Atlântico, onde as questões de taxonomia e distribuição geográfica puderam

ser então esclarecidas. O baiacu capturado por Almeida (1972) se tratava de um Sphoeroides

greeleyi (Gilbert, 1900).

39
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
DISCUSSÃO

Com relação a composição das assembléias de acordo com o grau de residência, os

padrões do presente estudo foram discrepantes em relação a estudos anteriores utilizando

rotenona (ALMEIDA, 1972; ZAMPROGNO, 1989; ROSA et al, 1997), que obtiveram a

categoria de residentes permanentes como dominante, indo de encontro aos resultados

encontrados no presente estudo, que teve a categoria dos oportunistas dominante nos dois

pontos amostrais. Isso corrobora mais uma vez com o fato da subestimação dos indivíduos de

pequeno porte e de hábitos crípticos pelo método de censo visual, já que os peixes de

residência fixa nas poças de maré possuem essas características.

As principais categorias tróficas encontradas nas duas poças foram: carnívoros

diurnos, herbívoros territoriais e herbívoros não-territoriais. Devido às amostragens terem

sido realizadas durante o dia, os carnívoros noturnos foram pobremente registrados,

favorecendo as demais categorias. Herbívoros territoriais podem influenciar a distribuição e a

abundância de outros herbívoros como os Acanturídeos (FRENSEL et al, 2007).

A donzelinha, Stegastes fuscus, foi à espécie de maior abundância e apresentaram as

maiores freqüências de ocorrência, embora não possuam qualquer modificação morfológica

ou comportamental, entretanto, o fato da poça ficar submersa durante o período da preamar

favorece o estabelecimento dos territórios, particularmente em poças grandes, como as

estudadas (MACIEIRA, 2008). Por ser a espécie de peixe recifal mais abundante nos recifes

costeiros do Brasil (CARVALHO-FILHO, 1999), é esperado que possua elevadas densidades

em poças de maré. O peixe-donzela, S. fuscus, forrageia dentro de áreas relativamente restritas

e possuem uma evidente agressividade intra e interespecífica para com outros herbívoros

(peixes e invertebrados), sendo esse comportamento de defesa do território o principal

responsável por sua elevada taxa de abundância relativa e por ser a espécie mais freqüente dos

censos. (FRENSEL et al, 2007; SIQUEIRA & MASSOC, 2007).

40
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na
cidade de Salvador-BA
DISCUSSÃO

Nas poças, algumas espécies foram encontradas apenas na fase juvenil (Caranx spp,

Haemulon spp, Pareques acuminatus, Sparisoma radians, Kyphosus sp, Pomacanthus paru,

e Acanthurus coeruleus) corroborando a informação que as poças de maré são usadas como

berçário por várias espécies recifais e costeiras (ROSA et al., 1997; ARAÚJO et al., 2005).

41
6. CONCLUSÃO

• O nível de proteção às ondas não teve influência direta na composição das assembléias

de peixes das duas poças estudadas. A área superficial e o volume das poças sugerem uma

maior disponibilidade de micro-habitats, sendo esse, provavelmente, o fator predominante

para o aumento do número de espécies nesses ecossistemas.

• A comparação do presente estudo com o pretérito trabalho realizado por Almeida

(1972) nos mostra a diferença dos resultados encontrados a partir da utilização de

metodologias e esforços distintos. A combinação de métodos de censo visual e ictiotóxico

fornecem uma avaliação mais completa e acurada da biodiversidade dos peixes das poças de

maré, visto que os métodos são complementares.

• Mais estudos devem ser direcionados para o ecossistema de poças de maré para que se

possa elucidar as questões pendentes como grau de habitação e utilização, que ainda é pouco

entendido pela ciência


7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 171p.

45
8. APÊNDICE

Ilustrações das principais espécies encontradas nas poças de maré da


Barra e Ondina, Salvador-BA

As fotografias que compõe este apêndice possuem as seguintes autorias: Myrichthys ocellatus, Pareques acuminatus,
Pseudupeneus maculatus, Stegastes fuscus (jovem), S. variabilis, Labrisomus nuchipinnis e Coryphopterus
glaucofraenum por Luiz Duarte. Fistularia tabacaria por Joca Moreira. As demais por Cláudio Sampaio.
DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de
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2008

Família MURAENIDAE

Enchelycore nigricans (Bonnaterre, 1788) Gymnothorax funebris Ranzani, 1840

Família OPHICHTHIDAE

Gymnothorax moringa (Cuvier, 1829) Myrichthys ocellatus (Lesueur, 1825)

Família BATRACHOIDIDAE Família HOLOCENTRIDAE

Thalassophryne nattereri Steindachner, 1876 Holocentrus adscensionis (Osbeck, 1765)

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DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de
Salvador-BA
2008

Família FISTULARIIDAE Família SCORPAENIDAE

Fistularia tabacaria Linnaeus, 1758 Scorpaena plumieri Bloch, 1789

Família SERRANIDAE

Cephalopholis fulva (Linnaeus, 1758)

Família SERRANIDAE Família APOGONIDAE

Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765) Apogon americanus Castelnau, 1855

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DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de
Salvador-BA
2008

Família LUTJANIDAE

Lutjanus alexandrei Moura & Lindeman, 2007

Família GERREIDAE

Em primeiro plano, Diapterus rhombeus Eugerres brasilianus (Cuvier, 1830)


(Cuvier, 1829) e dois exemplares de
Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863)
logo atrás

Família HAEMULIDAE

Haemulon parra (Desmarest, 1823) Haemulon squamipinna Rocha & Rosa, 1999

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DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de
Salvador-BA
2008

Família SCIAENIDAE Família MULLIDAE

Pareques acuminatus (Bloch & Schneider, 1801) Pseudupeneus maculatus (Bloch, 1793)

Família MULLIDAE Família CHAETODONTIDAE

Mulloidichthys martinicus (Cuvier, 1829) Chaetodon striatus Linnaeus, 1758

Família KYPHOSIDAE

Kyphosus sp

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DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de
Salvador-BA
2008

Família POMACENTRIDAE

Stegastes fuscus (Cuvier, 1830). À esquerda um individuo adulto e a direita um juvenil

Família POMACENTRIDAE Família POLYNEMIDAE

Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) Polydactylus virginicus (Linnaeus, 1758)

Família LABRIDAE

Halichoeres brasiliensis (Bloch, 1791) Halichoeres peronsei Starks, 1913

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DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de
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2008

Família LABRIDAE Família SCARIDAE

Halichoeres poeyi (Steindachner, 1867) Sparisoma radians (Valenciennes, 1840)

Família LABRISOMIDAE

Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824)

Família LABRISOMIDAE

Labrisomus cricota Malacoctenus delalandii (Valenciennes, 1836)


Sazima, Gasparini & Moura, 2002

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DUARTE, Luiz Alberto de Goés. Avaliação da composição da assembléia de peixes em duas poças de maré na cidade de
Salvador-BA
2008

Família GOBIIDAE

Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837) Coryphopterus glaucofraenum Gill, 1863

Família ACANTHURIDAE

Acanthurus bahianus Castelnau, 1855 Acanthurus coeruleus Bloch & Schneider, 1801

Família TETRAODONTIDAE

Sphoeroides greeleyi (Gilbert, 1900) Sphoeroides spengleri (Bloch, 1785)


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