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João Pessoa
Departamento de Sistemática e Ecologia
Fevereiro 2005
ii
Banca examinadora:
João Pessoa - PB
Fevereiro/ 2005
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
“Não há cuidados
Quando não há amor
Que nasce do conviver e conhecer”
Roberto Linsker
v
Tabela 1: Protocolo empregado nas amostragens para a caracterização do uso de habitat por D. americana no
Arquipélago de Fernando de Noronha.................................................................................................................... 24
Tabela 2: Número total de mergulhos, número de mergulhos com avistagem e número de avistagens por local
de amostragem e por excursão................................................................................................................................. 26
Tabela 3: Tempo de Fundo, número de censos visuais, mergulhos livre e autônomos por excursão. ............... 26
Tabela 4: Freqüência relativa e porcentagem de indivíduos avistados por sexo e excursão .............................. 28
Tabela 5: Número de fêmeas e machos, razão sexual, valor do X2 e de “p” por excursão e durante todo o
período de amostragem. ........................................................................................................................................... 29
Tabela 6: Número e soma do rank de fêmeas, machos e indivíduos de sexo não identificado e valor de “p” por
excursão e durante todo o período de amostragem................................................................................................ 29
Tabela 7: Número total de mergulhos, número de mergulhos com avistagem e número de avistagens por local
de mergulho e por mês de amostragem................................................................................................................... 33
Tabela 8: Densidade média de indivíduos (n/2000m2) por local amostrado, excursão e durante o período total
de amostragem. ......................................................................................................................................................... 33
Tabela 9: Número de avistagens, tempo total de fundo, número total de unidades de esforço (tempo total/ 10
min) e número de avistagens por unidade de esforço (APUE) por local de mergulho e excursão. .................... 34
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha e delimitações das Unidades de Conservação (APA
– Área de Preservação Ambiental; PARNAMAR – Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha),
modificado de Garla (2003). ....................................................................................................................................... 8
Figura 2: Mapa batimétrico do Arquipélago de Fernando de Noronha. Fonte: Teixeira et al.., 2003. ............... 9
Figura 3: Perfil esquemático do Edifício Vulcânico do Arquipélago de Fernando de Noronha. Fonte: Teixeira
et al.., 2003.................................................................................................................................................................... 9
Figura 4: Foto do método de observação direta (Foto: Zaira Matheus). ............................................................. 12
Figuras 5 e 6: Fotos da metodologia da estimativa do comprimento do disco dos indivíduos de Dasyatis
americana (Fotos: Aline Aguiar).............................................................................................................................. 13
Figura 7: Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha indicando os locais de mergulho livre, modificado
de http://www.geocities.com/Baja/Dunes/1821/noronha/ilha.html. ...................................................................... 21
Figura 8: Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha indicando os locais de mergulho autônomo,
modificado de http://www.atlantisnoronha.com.br. .............................................................................................. 21
Figura 9: Histograma de abundância de indivíduos avistados pelo comprimento de disco (cm) por excursão.
.................................................................................................................................................................................... 27
Figura 10: Histograma de abundância de indivíduos avistados pelo comprimento de disco (cm) durante todo
o período de amostragem. ........................................................................................................................................ 27
Figura 11: Distribuição da freqüência relativa de indivíduos avistados por sexo durante todo o período de
amostragem. .............................................................................................................................................................. 28
Figura 12: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por sexo para o mês de Maio.
.................................................................................................................................................................................... 30
Figura 13: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por sexo para o mês de Julho.
.................................................................................................................................................................................... 30
xi
Figura 14: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por sexo para o mês de
Setembro. ................................................................................................................................................................... 31
Figura 15: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por sexo para todo o período
de amostragem. ......................................................................................................................................................... 31
Figura 16: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por mês de amostragem....... 32
Figura 17: Padrão de distribuição e correlação dos indivíduos de D. americana de diferentes CD e das
características do habitat nos Eixos Fatoriais I e II. .............................................................................................. 36
Figura 18: Distribuição da freqüência relativa (em porcentagem) dos tipos de interações observadas entre
indivíduos de D. americana durante todo o período de amostragem.................................................................... 39
Figura 19: Interação entre indivíduo jovem de D. americana e um jovem de C. latus (Foto: Aline Aguiar). ... 39
Figura 20: Interação entre indivíduo de D. americana e C. bartholomaei (Foto: Aline Aguiar) ........................ 40
Figura 21: Interação entre indivíduo de D. americana e C. crysos (Foto: Aline Aguiar) .................................... 40
Figura 22: Interação entre indivíduo de D. americana e L. jocu (Foto: Aline Aguiar). ...................................... 41
Figura 23: Interação entre indivíduo de D. americana e H. radiatus (Foto: Aline Aguiar). ............................... 41
Figura 24: Interação entre indivíduo de D. americana e C. bartholomaei e M. plumieri (Foto: Aline Aguiar). 42
Figura 25: Coloração bege de indivíduos de D. americana com 15 cm de comprimento de disco (Foto: Aline
Aguiar). ...................................................................................................................................................................... 43
Figura 26: Padrão de coloração cinza claro de jovens de D. americana (Foto: Aline Aguiar). .......................... 43
Figura 27: Padrão de coloração cinza claro em um indivíduo de D. americana com 50 cm de comprimento de
disco (Foto: Aline Aguiar). ....................................................................................................................................... 44
Figura 28: Padrão de coloração cinza esverdeado com detalhe de manchas em forma de ocelo em adultos de
D. americana (Foto: Aline Aguiar)........................................................................................................................... 44
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1: Valores de “Q” resultantes das comparações 2 x 2 provenientes do Teste Q de Dunn, para amostras
com ranks iguais, realizado a partir das coordenadas dos indivíduos no Eixo I da segunda AFC.................... 73
Anexo 2: Indivíduo de D. americana apresentando cicatriz em forma de meia lua na margem anterior do
disco (Foto: Aline Aguiar) ........................................................................................................................................ 74
Anexo 3: Indivíduo de D. americana em repouso próximo a G. cirratum (ao fundo) (Foto: Aline Aguiar) ...... 74
xii
RESUMO
Elasmobranchs are among the apex predators in marine environments. In spite of their
important role in aquatic ecosystems, population dynamics, demography, basic biology and
ecology of the most species are poorly documented. Sharks and rays appear to be particularly
vulnerable to over-exploitation because of their K-selected life-history strategy. Dasyatis
americana is known as one of the top predators at the Fernando de Noronha Archipelago,
therefore the knowledge of its ecological aspects is important to understand the function and the
trophic dynamics of this marine ecosystem. This species has benthic habits and is found mostly
at shallow coastal waters. It is often observed at Fernando de Noronha Archipelago. The present
work aims to determine the population structure and density and also describe the relation of
different size classes of D. americana between distinct habitats. Field works were realized during
May, July and September of 2004. Direct observation of individuals of D. americana were
conducted during a total of 190 dives. The visual census method utilized to determine the
population density was a modification of the Strip Transect Technique. For the others
approaches the rays were sampled through intensive search method. The individuals were
quantified and described accord a protocol that includes habitat and individual characteristics.
All data were analyzed using Statistica 6.0 program. A total of 356 rays were observed ranging
15 to 120 cm of disc length (DL) and representing juvenile, subadult and adult classes. Rays of
25 cm DL had the major abundance. Female relative frequency was higher than in males and the
sexual ratio of 4,14:1 is significantly different from 1:1. However, the major part of the
individuals did not have its sex identified. The statistic tests showed that the mean DL was not
significantly different between sexes although females reached a larger maximum size than
males. Sancho beach has the major density of D. americana (2,27 rays/2000m2). The Factorial
Correspondence Analysis showed that the first axis is responsible for 68,76% of the data’s
variance. Individuals ranging 15 to 35 cm DL form a distinct group on the negative side of this
axis while the others DLs are observed as a group on the positive side of it. This axis represents
the environmental characteristics of the study sites. The variables positioned at the negative side
are found mostly during the skin diving at the beaches while the positive variables are strongly
related to the scuba diving at reef environments. This distribution reflects a tendency of the
younger rays to occupy the shallow beach areas while larger individuals move to deeper waters
with reef characteristics during the ontogeny.
1
1- INTRODUÇÃO
Objetivos Específicos:
1- Conhecer a estrutura da população de Dasyatis americana no Arquipélago de
Fernando de Noronha;
2- Estimar a densidade populacional de Dasyatis americana no Arquipélago de
Fernando de Noronha;
3- Analisar a distribuição de indivíduos de Dasyatis americana de diferentes tamanhos
por habitats distintos no Arquipélago de Fernando de Noronha.
3- ÁREA DE ESTUDO
Figura 1: Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha e delimitações das Unidades de Conservação (APA
– Área de Preservação Ambiental; PARNAMAR – Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha),
modificado de Garla (2003).
No entorno do Arquipélago ocorre a Corrente Sul Equatorial, com águas quentes (26o -
27o) e salinas (36). A área é influenciada também pela Sub-Corrente Equatorial Atlântica (Eston
et al., 1986). Os ventos predominantes que atingem a região são os ventos alísios. Ambos,
corrente e ventos, têm ações diretas no lado meridional do Arquipélago voltado para o continente
africano, que é chamado de “mar de fora” e, devido a isso, possui águas revoltas durante o ano
todo. O lado setentrional da Ilha voltado para o Atlântico norte, mais protegido dos ventos e
correntes, é chamado de “mar de dentro” e apresenta boas condições para mergulho durante a
maior parte do ano (de março a novembro) (Teixeira et al., 2003).
9
Figura 2: Mapa batimétrico do Arquipélago de Fernando de Noronha. Fonte: Teixeira et al.., 2003.
Corais e esponjas também são observados, mas não cobrindo grandes extensões da costa
(Eston et al., 1986). Montastrea cavernosa é a única espécie de coral com colônias de tamanhos
grandes. As espécies de Mussismilia, Millepora e Siderastrea, são comparativamente pouco
desenvolvidas (Eston et al., 1986).
Outros grupos também são pouco representados ou até inexistentes no arquipélago, tais
como: cirripédios, asteróides, holotúrias, crinóideos, ascidiáceas solitárias, entre outros (Eston et
al., 1986). Eston et al. (1986) retrataram a escassez de ouriços para o arquipélago, porém
atualmente se observa grande quantidade de ouriços brancos na região da praia do Porto e Sueste
(obs pess).
A identificação individual dos exemplares foi feita com base no tamanho estimado, sexo
e marcas naturais como pigmentação, sinais, cicatrizes e escoriações (Castro, 2000). A
identificação dos indivíduos foi realizada no intuito de evitar pseudo-replicação.
O tamanho dos indivíduos é indicado pelo comprimento do disco (CD), estimado como a
distância entre a margem anterior do focinho e a margem posterior da nadadeira peitoral, com
uma régua (50 cm de comprimento e graduação de 5 em 5 cm) presa a um bastão (Figura 5 e 6).
13
Dados de profundidade, temperatura da água, tipo de substrato, ambiente ocupado (praia
ou recifal), hidrodinamismo (presença de ondas e correnteza), visibilidade horizontal, maré, e
dados biológicos, tais como a atividade dos indivíduos e ocorrência de interações intra e
interespecíficas foram anotados em pranchetas de PVC durante os mergulhos.
Localizado voltado para o “mar de dentro”, é uma baía de águas tranqüilas, com fundo de
areia e costões rochosos cobertos por corais, hidrocorais e esponjas (observação pessoal; Eston et
al., 1986; Garla, 2003; Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br;
www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-fn.com.br).
As amostragens se entendiam da baía protegida até a base do Morro Dois Irmãos. A
profundidade máxima amostrada foi de 12 metros.
14
4.1.2- Boldró:
Local amostrado através de mergulho livre. Dividido em dois ambientes: ambiente de
praia arenosa com fundo de areia e um ambiente recifal caracterizado por uma plataforma recifal
formada principalmente por gastrópodes da família Vermetidae, algas coralináceas da sub-
família Melobesioidae e outros organismos incrustantes e conhecido como “Laje do Boldró”
(observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla, 2003; Teixeira et al., 2003;
www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-fn.com.br).
As amostragens foram realizadas em ambos ambientes, sendo os censos visuais restritos
ao ambiente de praia. A profundidade máxima amostrada foi de 12 metros.
É uma enseada com águas abrigadas e de fundo arenoso com algas principalmente da
ordem Dictyotales (provavelmente Dictyopteris sp.) e Sargassum sp. O costão rochoso da ilha é
composto por grande rochas cobertas por corais e esponjas(observação pessoal; Eston et al.,
1986; Garla, 2003; Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br;
www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-fn.com.br).
A amostragem foi feita seguindo os percursos em direção Norte (Buraco do Inferno/
Cordilheiras) e Sul (Cordilheiras/ Buraco do Inferno). A profundidade máxima amostrada foi de
15 metros.
15
4.1.5- Buraco da Raquel:
Local amostrado através de mergulho livre, considerado como ambiente recifal.
Localizado voltado para o “mar de fora”. É formado por uma laguna, também chamada
de “Alagado”. É protegida durante as marés baixas e delimitada por uma barreira recifal.
Apresenta fundo arenoso, porções de recife, rochas isoladas e trechos cobertos por algas
(principalmente Sargassum sp.) (observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla, 2003; Teixeira et
al., 2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-fn.com.br).
As amostragens foram sempre realizadas durante as marés baixas e na região alagada. A
profundidade máxima amostrada foi de 2,0 metros.
Localizado voltado para o “mar de dentro”. São duas praias (Praia do Cachorro e do
Meio) separadas e delimitadas por costões rochosos e com fundo arenoso (observação pessoal;
Eston et al., 1986; Garla, 2003; Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br;
www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-fn.com.br).
As amostragens foram realizadas tanto no sentido Cachorro/ Meio quanto Meio/
Cachorro. A profundidade máxima amostrada foi de 10 metros.
4.1.7- Cagarras:
Local amostrado através de mergulho autônomo, considerado como ambiente recifal.
Localizado na Ilha Rata e voltado para o “mar de dentro”. É dividido em dois mergulhos:
Cagarras rasas, caracterizada por uma região mais abrigada e rasa e composta por grandes rochas
cobertas por corais (principalmente Montastrea cavernosa), hidrocorais (principalmente
Millepora alcicornis), esponjas e algas e Cagarras Fundas, cuja profundidade máxima é de 32
metros e de fundo arenoso. Em direção a Cagarras Rasas, o local possui um fundo inclinado com
presença predominante de cascalho, nódulos de algas calcárias, algas da ordem Dictyotales
(provavelmente Dictyopteris sp.) e grandes esponjas tubulares (observação pessoal; Eston et al.,
1986; Garla, 2003; Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br;
www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-fn.com.br).
As amostragens foram realizadas seguindo os percursos Cagarras Rasas/ Fundas e
Cagarras Fundas/ Rasas. A profundidade máxima amostrada foi de 32 metros.
16
4.1.8- Caieiras:
Local amostrado através de mergulho autônomo, considerado como ambiente recifal.
Localizado no “mar de fora”, é composto por dois grandes “cabeços” rochosos cobertos
por corais, hidrocorais (principalmente M. alcicornis) e esponjas. O fundo é arenoso com
presença de nódulos de algas calcárias e algas principalmente da ordem Dictyotales
(provavelmente Dictyopteris sp.) (observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla, 2003; Teixeira
et al., 2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-
fn.com.br).
A profundidade máxima amostrada foi de 16 metros.
Região é caracterizada por um costão rochoso formado por grandes rochas sobrepostas e
recobertas por corais (principalmente M. cavernosa) e esponjas. O fundo é arenoso com presença
de blocos de rochas esparsos. Há a presença de uma grande caverna à 16 metros de profundidade
cujo fundo é de areia de granulação fina (observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla, 2003;
Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br;
www.aguasclaras-fn.com.br).
A profundidade máxima amostrada foi de 28 metros.
4.1.10- Conceição:
Local amostrado através de mergulho livre, considerado como ambiente de praia.
Localizado voltado para o “mar de dentro”, é uma praia extensa de fundo arenoso e
delimitada pelo Morro de Fora e um costão rochoso (observação pessoal; Eston et al., 1986;
Garla, 2003; Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br;
www.aguasclaras-fn.com.br).
A profundidade máxima amostrada foi de 12 metros.
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4.1.11- Ilha do Meio:
Local amostrado através de mergulho autônomo, considerado como ambiente recifal.
Localizado no “mar de dentro”, é caracterizado por uma grande laje de rochas sobre um
fundo arenoso com algas principalmente da ordem Dictyotales (provavelmente Dictyopteris sp.).
A formação rochosa é coberta predominantemente por corais de M. cavernosa e esponjas, e há a
presença também de grandes esponjas tubulares (observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla,
2003; Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br;
www.aguasclaras-fn.com.br).
Profundidade máxima amostrada foi de 24 metros.
Localizado no “mar de fora” e dividido em dois mergulhos: Pedras Secas I e Pedras Secas
II.
É caracterizado por uma formação única de rochas vulcânicas erodidas formando arcos,
“canyons”, pequenas cavernas e túneis e que afloram na superfície.
18
A superfície rochosa é coberta predominantemente por esponjas, corais e hidrocorais. O
fundo é arenoso com presença de cascalho, nódulos de algas calcárias, algas da espécie
Halimeda sp. e esponjas (observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla, 2003; Teixeira et al.,
2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-fn.com.br).
As amostragens foram realizadas tanto nas Pedras Secas I quanto em Pedras Secas II,
porém foram consideradas como sendo um único ponto. A profundidade máxima amostrada foi
de 16 metros.
4.1.14- Porto:
Local amostrado através de mergulho livre, considerado como ambiente de praia.
É uma região abrigada dentro da Baía de Santo Antônio e é caracterizada por uma
pequena praia arenosa e delimitada pelo mole de grandes pedras (“quebra-mar”) e um costão
rochoso (observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla, 2003; Teixeira et al., 2003;
www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-fn.com.br).
As amostragens foram realizadas tanto na área com fundo arenoso quanto próximo ao
costão rochoso com fundo formado por uma laje rochosa. A amostragem também se estendia até
o “naufrágio do Porto”. O naufrágio é uma embarcação grega naufragada sobre fundo rochoso a
aproximadamente 300 metros da praia.
4.1.15: Ressurreta:
Local amostrado através de mergulho autônomo, considerado como ambiente recifal.
É uma região de baía com águas tranqüilas. O costão rochoso da ilha apresenta
concavidades e cavernas recobertas por esponjas, ascídeas e corais dentre outros incrustantes. O
fundo é arenoso com presença de cascalho, nódulos de algas calcárias, algas principalmente da
ordem Dictyotales (provavelmente Dictyopteris sp.) (observação pessoal; Eston et al., 1986;
Garla, 2003; Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br;
www.aguasclaras-fn.com.br).
19
Os mergulhos quando realizados durante horários diurnos foram finalizados no “canal da
Rata” entre a Ilha Rata e a Ilha do Meio e é caracterizado por um fundo arenoso com presença de
cascalho, nódulos de algas calcárias, algas principalmente da ordem Dictyotales (provavelmente
Dictyopteris sp.) e normalmente apresenta forte correnteza.
4.1.16- Ruro:
Local amostrado através de mergulho livre, considerado como ambiente recifal.
É caracterizado por uma pequena praia de seixos rolados com fundo formado por uma
laje rochosa, com presença de grande abundância de ouriços-brancos (Tripneustes ventricosus),
além de algas da espécie Sargassum sp. e esponjas, corais (eg: Mussismilia sp., e Siderastrea
strelata)e hidrocorais esparsos (eg: M. alcicornis). Há também pequenas porções de fundo
arenoso em profundidades maiores (observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla, 2003; Teixeira
et al., 2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br; www.aguasclaras-
fn.com.br).
A profundidade máxima amostrada foi de 10 metros.
4.1.17- Sancho:
Local amostrado através de mergulho livre, considerado como ambiente de praia.
Localizado em uma enseada de águas calmas voltada para o “mar de dentro”. É uma
extensa praia delimitada por dois costões rochosos e de fundo arenoso.
Está localizado voltado para o “mar de fora” e dentro da baía mais protegida do
arquipélago, uma vez que as ilhas do Chapéu e Cabeluda protegem a entrada da mesma.
A região possui normalmente águas bem turvas e pode ser dividida em 2 ambientes. Na
região central há uma praia formada por um fundo arenoso que foi considerada como ambiente
de praia. Nas regiões laterais da baía, as praias são formadas por paredões rochosos e/ou seixos
rolados e o fundo é composto por um fundo calcário com abundância da alga Halimeda sp.,
Caulerpa sp. e Sargassum sp., além da presença de diversas espécies de esponjas e corais (ex:
Mussismillia sp. e S. strelata). Há também grandes rochas esparsas. Essas regiões laterais foram
consideradas como ambiente recifal (observação pessoal; Eston et al., 1986; Garla, 2003;
Teixeira et al., 2003; www.noronhadivers.com.br; www.atlantisdivers.com.br;
www.aguasclaras-fn.com.br).
As amostragens foram realizadas ao longo de toda a baía e a profundidade máxima
amostrada foi de 5 metros.
21
Figura 7: Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha indicando os locais de mergulho livre, modificado
de http://www.geocities.com/Baja/Dunes/1821/noronha/ilha.html.
Quando a densidade dos peixes é estimada e uma série de variáveis do meio são medidas,
em localidades predeterminadas, a correlação entre abundância e o nível de cada variável pode
ser examinada (Kramer et al., 1997).
No presente trabalho, para a abordagem sobre o uso do habitat de D. americana no
Arquipélago de Fernando de Noronha foi realizado um total de 190 mergulhos (113 horas e 18
min de fundo) em 18 diferentes localidades durante horários do dia e da noite. Durante os
mergulhos um mergulhador, através de busca intensiva, seguiu um trajeto aleatório em
velocidade constante registrando os indivíduos avistados e descrevendo-os de acordo com um
protocolo que inclui características relacionadas ao habitat e ao animal observado (Tabela 1).
24
Em um estudo piloto, realizado em maio de 2003, verificou-se que as características do
habitat em escala micro provavelmente não exercem grande influência sobre a distribuição dos
indivíduos, haja vista que a espécie estudada é de um tamanho considerável (podendo atingir 180
cm de largura de disco). Sendo assim, o protocolo adotado pelo presente estudo leva em
consideração apenas características relacionadas ao macro-habitat.
Tabela 1: Protocolo empregado nas amostragens para a caracterização do uso de habitat por D. americana no
Arquipélago de Fernando de Noronha.
Características do mergulho
Data: Local: Tempo de fundo: Horário:
Características do Indivíduo
no identificação Sexo Comprimento do Disco no da foto marcas naturais
Variáveis do Uso do Habitat
Características
Temperatura
Profundidade (m) 1-5 5 – 10 10 - 20 > 20
Restrição Vertical Exposta Protegida
Restrição Horizontal Exposta Protegida para Protegida para Protegida para
1 lado 2 lados 3 lados
Alga Calcária Presente Ausente
Alga não calcária Presente Ausente
Esponjas Presente Ausente
Corais Presente Ausente
Areia Presente Ausente
Cascalho Presente Ausente
Pedras e Rochas Presente Ausente
Correnteza Presente Ausente
Ondas Presente Ausente
Fundo Consolidado Ecotone Inconsolidado
Visibilidade (m) 0-5 5 – 10 > 10
Ambiente Praia Recifal
Maré Baixamar Subindo Preamar Descendo
Interações Interespecífica Intraespecífica Ausente
Atividade Deitado Enterrado Nadando
Tabela 2: Número total de mergulhos, número de mergulhos com avistagem e número de avistagens por local
de amostragem e por excursão.
Número total de Número de mergulhos
mergulhos com avistagem Número de avistagens
Local Maio Julho Setembro Maio Julho Setembro Maio Julho Setembro
Sueste 4 4 4 2 3 2 2 3 2
Porto 7 7 7 4 7 7 18 38 28
Ruro 5 5 5 1 0 0 1 0 0
Sancho 5 5 5 4 5 5 14 33 36
Baía dos Porcos 5 5 5 4 5 4 7 15 18
Boldró 4 4 3 2 2 3 3 2 3
Conceição 4 4 4 0 1 1 0 1 1
Cachorro/ Meio 4 4 3 3 1 2 4 1 4
Buraco da Raquel 1 1 1 0 0 0 0 0 0
Ressurreta / Canal 5 5 7 5 5 6 10 9 10
Cagarras 3 3 2 2 2 0 6 8 0
Caverna da Sapata 2 2 2 1 1 0 2 1 0
Laje Dois Irmãos 2 2 2 0 1 1 0 1 1
Pedras Secas 2 2 - 0 1 - 0 1 -
Caieiras 1 1 - 0 1 - 0 2 -
Buraco das Cabras 2 2 - 2 2 - 2 4 -
Buraco do Inferno 3 2 4 2 2 3 4 6 6
Ilha do Meio/ Canal 4 4 3 4 4 3 10 10 8
Ressurreta
(noturno) 4 - 1 4 - 1 12 - 6
Caverna da Sapata
(noturno) - 1 1 - 1 1 - 6 3
Laje do Sancho
(noturno) - 1 - - 0 - - 0 -
TOTAL 67 64 59 40 44 39 95 141 126
A tabela 3 apresenta os dados sobre tempo total de fundo durante os mergulhos, número
de censos visuais, mergulhos livres e autônomos realizados por excursão.
Tabela 3: Tempo de fundo total, tempo de fundo mergulhos diurnos, tempo de fundo mergulhos noturnos,
número de censos visuais, mergulhos livre e autônomos por excursão.
Tempo de Tempo de
Fundo Fundo
mergulhos mergulhos
Tempo de Fundo diurnos noturnos No censos No Mergulhos No Mergulhos
Mês Total (horas) (horas) (horas) visuais Livres Autônomos
Maio 44,47 41,50 2,97 24 39 28
Julho 41,02 39,70 1,32 24 39 25
Setembro 38,23 36,70 1,53 21 37 22
Total 123,72 117,90 5,82 69 115 75
27
5.1- ESTRUTURA POPULACIONAL
45
40
35
30
Abundância
25
20
15
10
0
Maio
T15 T20 T25 T30 T35 T40 T45 T50 T55 T60 T65 T70 T75 T80 T85 T90 T100T120
Julho
Comprimento do Disco (cm)
Setembro
Figura 9: Histograma de abundância de indivíduos avistados pelo comprimento de disco (cm) por excursão.
100
90
80
70
Abundância
60
50
40
30
20
10
0
T15 T20 T25 T30 T35 T40 T45 T50 T55 T60 T65 T70 T75 T80 T85 T90T100T120
Com prim ento do disco (cm )
Figura 10: Histograma de abundância de indivíduos avistados pelo comprimento de disco (cm) durante todo
o período de amostragem.
28
Para uma substancial parte dos exemplares observados não foi possível identificar o sexo,
principalmente devido ao pequeno tamanho destes. A presença do clásper (órgão intromitente
masculino) só pôde ser detectada visualmente em indivíduos maiores que 40cm de CD e,
portanto, somente os indivíduos a partir deste tamanho puderam ser identificados quanto ao sexo.
Durante todo o período de amostragem os indivíduos cujo sexo não foi identificado
apresentaram maior freqüência relativa (Tabela 4 e Figura 11).
0,08
0,34 0,57
Não identificado
Fêmea
Macho
Figura 11: Distribuição da freqüência relativa de indivíduos avistados por sexo durante
todo o período de amostragem.
Tabela 5: Número de fêmeas e machos, razão sexual, valor do X2 e de “p” por excursão e durante
todo o período de amostragem.
Mês No Fêmea No Macho Razão Sexual X2 (0,05; 1) p
Maio 42 7 6,00 : 1 14,22 0,0002
Julho 44 14 3,14 : 1 8,31 0,0039
Setembro 35 8 4,38 : 1 9,32 0,0023
Geral 119 29 4,10 : 1 30,15 0,0001
Verificou-se, através do teste de Levene, que a variância dos CD entre os diferentes sexos
foi significativamente heterocedástica (p< 0,00001). Sendo assim, optou-se por utilizar o teste
não-paramétrico de Kruskal - Wallis para verificar a existência de uma diferença significativa
com relação aos CD entre indivíduos de diferentes sexos. Este último evidenciou uma diferença
significativa dos CD entre os sexos em cada mês de excursão e durante o período total de
amostragem (Tabela 6, Figura 12, 13, 14 e 15).
Tabela 6: Número e soma do rank de fêmeas, machos e indivíduos de sexo não identificado e valor de
“p” por excursão e durante todo o período de amostragem.
Soma Soma Rank
No No No Não Soma Rank Rank Não
Mês Fêmea Macho Identificado Fêmea Macho Identificado p
Maio 40 7 41 2653,5 401,5 861,0 0,00001
Julho 44 14 82 5121,5 1345,5 3403,0 0,00001
Setembro 35 8 79 3614,0 729,0 3160,0 0,00001
Geral 119 29 202 33856,0 7066,0 20503,0 0,00001
110
90
Comprimento do Disco (cm)
70
50
30
Min-Max
25%-75%
10
Não Identificado Fêmea Macho Mediana
Sexo
Figura 12: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por sexo para o mês
de Maio.
140
120
100
Comprimento do Disco (cm)
80
60
40
20
Min-Max
25%-75%
0
Não Identificado Fêmea Macho Mediana
Sexo
Figura 13: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por sexo para o mês de
Julho.
31
120
100
Comprimento do Disco (cm)
80
60
40
20
Min-Max
25%-75%
0
Não Identificado Fêmea Macho Mediana
Sexo
Figura 14: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por sexo para o mês de
Setembro.
140
120
100
Comprimento do Disco (cm)
80
60
40
20
Min-Max
25%-75%
0
Não Identificado Fêmea Macho Mediana
Sexo
Figura 15: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por sexo para todo o período
de amostragem.
32
Com relação à diferença da média dos CD dos indivíduos avistados entre os meses de
amostragem, o teste de Levene indicou homocedasticidade da variância (p = 0,087).
A análise de variância unifatorial (One Way ANOVA) demonstrou haver uma diferença
significativa da média dos CD dos indivíduos avistados entre os meses de amostragem (F (0,05 e 2)
= 3,60; p= 0,028) (Figura 16). O teste a posteriori de Tukey, para amostras com “n” diferentes,
apontou uma diferença significativa da média do CD dos indivíduos apenas entre os meses de
maio e setembro (p= 0,036), sendo a média de CD em maio maior que em setembro.
70
60
Comprimento do Disco (cm)
50
40
30
20
± Desvio Padrão
± Erro Padrão
10
Maio Julho Setembro Média
Mês
Figura 16: Distribuição do comprimento do disco (cm) de indivíduos avistados por mês de amostragem.
33
5.2- DENSIDADE POPULACIONAL
Os dados sobre o número total de censos visuais, o número de censos visuais com avistagem e o
número de indivíduos avistados por local por excursão são apresentados na tabela 7.
Tabela 7: Número total de mergulhos, número de mergulhos com avistagem e número de avistagens por local
de mergulho e por mês de amostragem.
No Mergulhos com
o
N Total Mergulhos Avistagem No avistagens
Local Maio Julho Setembro Maio Julho Setembro Maio Julho Setembro
Sancho 5 5 5 2 4 3 6 14 14
Cachorro/Meio 4 4 3 0 0 0 0 0 0
Conceição 4 4 4 0 1 2 0 2 2
Boldró 4 4 3 0 1 1 0 1 1
Ressurreta 4 4 4 2 3 3 4 7 5
B. Inferno 2 2 2 0 2 2 0 4 2
B. Cabras 1 1 - 0 0 - 0 0 -
Total 24 24 21 4 11 11 10 28 24
A praia do Sancho, seguida da praia do Porto, foram os locais de mergulho livre onde
mais ocorreram avistagens de indivíduos por unidade de esforço (APUE) em todos os meses de
amostragem (Tabela 9).
Os pontos de mergulho autônomo com maior APUE não se repetiram fielmente durante
as excursões. Porém, pode-se observar que os locais com maior APUE em cada excursão foram
sempre amostrados em períodos noturnos. Nota-se também que a maioria dos locais com maior
APUE está localizada ao redor da Ilha Rata, uma das ilhas secundárias do arquipélago (Tabela
9).
Tabela 9: Número de avistagens, tempo total de fundo, número total de unidades de esforço (tempo total/ 10
min) e número de avistagens por unidade de esforço (APUE) por local de mergulho e excursão.
Unidade de Esforço
número de avistagens tempo total de fundo (tempo total/ 10 min) APUE
Local Maio Julho Setembro Maio Julho Setembro Maio Julho Setembro Maio Julho Setembro
Sueste 2 3 2 170 152 154 17,0 15,2 15,4 0,118 0,197 0,13
Porto 18 38 28 280 255 273 28,0 25,5 27,3 0,643 1,490 1,03
Ruro 1 0 0 155 170 154 15,5 17,0 15,4 0,065 0,000 0,00
Sancho 14 33 36 170 196 183 17,0 19,6 18,3 0,824 1,684 1,97
Baía dos Porcos 7 15 18 163 201 198 16,3 20,1 19,8 0,429 0,746 0,91
Boldró 3 2 3 135 138 106 13,5 13,8 10,6 0,222 0,145 0,28
Conceição 0 1 1 115 130 120 11,5 13,0 12,0 0,000 0,077 0,08
Cachorro/Meio 4 1 4 125 144 100 12,5 14,4 10,0 0,320 0,069 0,40
Buraco da
Raquel 0 0 0 30 20 28 3,0 2,0 2,8 0,000 0,000 0,00
Ressurreta /
Canal 10 9 10 183 127 232 18,3 12,7 23,2 0,546 0,709 0,43
Cagarras 6 8 0 133 102 55 13,3 10,2 5,5 0,451 0,784 0,00
Caverna da
Sapata 2 1 0 60 70 65 6,0 7,0 6,5 0,333 0,143 0,00
Laje Dois
Irmãos 0 1 1 67 79 80 6,7 7,9 8,0 0,000 0,127 0,13
Pedras Secas 0 1 - 105 79 - 10,5 7,9 - 0,000 0,127 -
Caieiras 0 2 - 45 45 - 4,5 4,5 - 0,000 0,444 -
Buraco das
Cabras 2 4 - 81 72 - 8,1 7,2 - 0,247 0,556 -
Buraco do
Inferno 4 6 6 89 54 130 8,9 5,4 13,0 0,449 1,111 0,46
Ilha do Meio/
Canal 10 10 8 164 130 132 16,4 13,0 13,2 0,610 0,769 0,61
Ressurreta
(noturno) 12 - 6 178 - 50 17,8 - 5,0 0,674 - 1,20
Caverna da
Sapata (noturno) - 6 3 - 39 42 - 3,9 4,2 - 1,538 0,71
Laje do Sancho
(noturno) - 0 - - 38 - - 3,8 - - 0,000 -
35
A análise de correspondência realizada com os dados obtidos durante o período total de
amostragem apresentou o primeiro eixo como sendo o responsável por 68,76 % da variância dos
dados. Nesse eixo podemos observar um claro agrupamento dos comprimentos de disco de 15,
20, 25, 30 e 35 cm no lado negativo do mesmo. Esse grupo é fortemente correlacionado com as
variáveis “interação ausente” (ITRA), “ondas presentes” (OP), “atividade enterrado” (ATE),
“profundidade de 0 - 5m” (P1), “ambiente de praia” (AMP), “alga calcária ausente” (ACA),
“alga não calcária ausente” (ANCA), “cascalho ausente” (CAA) e “preamar” (MA). Enquanto os
demais tamanhos encontram-se positivamente posicionadas no eixo. Os maiores CD estão mais
correlacionados com as variáveis “restrição horizontal protegida para 3 lados” (RHP3L),
“restrição vertical presente” (RVP), “restrição horizontal protegida para 1 lado” (RHP1L),
“esponjas presentes” (ESP), “profundidade maior que 20m” (P4), “ambiente recifal” (AMR),
“profundidade de 10 a 20m” (P3), “correnteza presente” (CORP) , “cascalho presente” (CAP),
“alga calcária presente” (ACP), “areia ausente” (ARA) e “coral presente” (COP). As variáveis
posicionadas nas extremidades desse eixo, anteriormente citadas, são as que mais exercem
influência na distribuição dos CD no mesmo plano. Esse eixo sintetiza as condições ambientais
encontradas durante os mergulhos livre e autônomos, sendo as variáveis posicionadas no lado
negativo do eixo, encontradas predominantemente nos mergulhos livres de praia, enquanto as
variáveis positivas estão relacionadas aos mergulhos autônomos em ambientes recifais (Figura
17).
O eixo 2 é responsável por 13,74% da variação dos dados. Apesar de não tão clara como
no primeiro eixo, pode-se observar uma separação entre os indivíduos de maior CD (70, 75, 80,
90, 100 e 120 cm) dos demais tamanhos. Os maiores CDs estão relacionados principalmente com
as variáveis “restrição horizontal protegida para 3 lados” (RHP3L), “restrição vertical presente”
(RVP), “restrição horizontal protegida para 1 lado” (RHP1L), “esponjas presentes” (ESP),
“profundidade maior que 20m” (P4), “fundo consolidado” (FC), “coral presente” (COP) e “areia
ausente” (ARA). Este eixo representa então os ambientes de maior profundidade e protegidos
(cavernas e cavidades) e ocupados por indivíduos de maior tamanho, separado dos demais
ambientes (Figura 17).
Variáveis Ambientais
02 RHP3L
Indivíduos
RVP
RHP1L
02
Eixo 2 (13,74% de Inercia)
T120
01 ESP
T75
T70
FC T100 P4
COP
01 MA T90 ARA
V1
CAA ATD
OP T80
P1
ITRA ATE ANCA PP IAUS
T25
FI MDCORA MS T60 ACP
00 AMP ACA T20 PA ANCP AMR
T15 T30 COA ARP OA
T85 CAP
T65 P3
ESA V2 ATN V3 FE T50
T35 T40 T45 T55 CORP
RVE E RHE MB
-01
P2 ITER
Figura 17: Padrão de distribuição e correlação dos indivíduos de D. americana de diferentes CD e das
características do habitat nos Eixos Fatoriais I e II. Para abreviaturas vide legenda na página viii.
37
5.4- PERÍODO DE ATIVIDADE
Durante horários com luz solar foram observados indivíduos machos, fêmeas e de sexo
não identificado, abrangendo os tamanhos de 15 a 120cm de comprimento de disco. Estes
demonstraram tanto atividades de natação quanto repouso. Quando observados nadando, os
animais encontravam-se se locomovendo livremente de uma região para outra tanto como
aparentemente se alimentando, sendo este último comportamento somente observado para
indivíduos a partir de 35 cm de CD.
5.5- INTERAÇÕES:
Foram observados indivíduos com ausência de interações e com interações inter- (entre
D. americana e peixes teleósteos) e intraespecíficas (entre indivíduos de D. americana).
0,79% 1,84%
3,68% 0,26%
1,32% 0,53%
2,11% aus ente
0,79% intraes pec ífic o
C. b artholomaei
11,84%
H. radiatus
C. fulva
M. plumieri
55,53% C. latus
L. joc u
21,32% C.c rys os
Sparis oma s p.
A. polygonius
Figura 18: Distribuição da freqüência relativa (em porcentagem) dos tipos de interações
observadas entre indivíduos de D. americana durante todo o período de amostragem.
Figura 22: Interação entre indivíduo de D. americana e L. jocu (Foto: Aline Aguiar).
5.6- COLORAÇÃO
Figura 28: Padrão de coloração cinza esverdeado com detalhe de manchas em forma de
ocelo em adultos de D. americana (Foto: Aline Aguiar).
45
6- DISCUSSÃO
O método de observação visual utilizado pelo presente estudo demonstrou ser bastante
eficaz na coleta de dados sobre a ecologia da espécie Dasyatis americana. Ele possui grande
vantagem sobre outras metodologias mais intrusivas pelo fato de ser não destrutivo e, portanto,
não envolve captura nem morte dos exemplares amostrados, além de ser de fácil implementação.
O método permitiu também a realização de réplicas das amostragens e minimizou o impacto no
ecossistema, além de ter possibilitado coletar dados de abundância, densidade e amostrar
somente a espécie desejada. Além disso, foi possível amostrar aspectos não detectáveis por
outros métodos, tais como, aspectos comportamentais, presença de interações e características do
habitat ocupado (Bellwood & Alcala, 1988; Bortone et al., 1989; Watson et al., 1995; Castro,
2000; Samoilys & Carlos, 2000; Schmitt et al., 2002).
A razão sexual obtida em todos os meses e durante o período total de amostragem foi
significativamente diferente de 1:1, sendo o número de fêmeas sempre superior ao de machos.
Esses resultados estão de acordo com Oliveira et al. (2004) para D. americana no Atol
das Rocas (Brasil) que encontraram 57 fêmeas para apenas 1 macho, com Snelson et al. (1989)
para D. sayi, e com Struhsaker (1969) para D. centroura capturadas na Flórida e Sul da Geórgia
(EUA). Esse último autor não detectou, porém, diferença significativa da razão sexual dessa
espécie na Carolina e Geórgia (EUA). A razão sexual de 1 : 1 é encontrada também para
algumas outras espécies de raias, inclusive para outros dasiatideos (Snelson et al., 1988; Araújo,
1998; Charvet-Almeida, 2001; Ismen, 2002; Almeida, 2003; Rodrigues, 2003; Rodrigues, 2004),
e para os fetos de D. sayi (Snelson et al.,1989) e D. sabina (Snelson et al. 1988). Um resultado
oposto foi encontrado por Thorson (1983) para a razão sexual de fetos de D. guttata com 13
machos para 5 fêmeas esse autor, porém, não testou estatisticamente essa diferença.
Henningsen (2000) indicou, de acordo com dados obtidos em cativeiro, uma razão sexual
de neonatos de D. americana não diferente significativamente de 1 : 1. No entanto, como
podemos observar no presente estudo, esta razão sexual não se mantém constante na população
adulta, assim como foi observado para D. sayi por Snelson et al. (1989). Este fato possivelmente
pode ser um resultado gerado por uma segregação sexual por habitat ou que indivíduos machos
sofram uma maior mortalidade natural ao longo da ontogenia (Snelson et al., 1989).
47
A segregação sexual por espaço é um evento comum entre elasmobrânquios (Thorson,
1983; Snelson et al., 1989; Hoening & Gruber, 1990). Sendo assim, a razão sexual encontrada
para D. americana pode ser proveniente de uma maior amostragem em ambiente ocupados
predominantemente por indivíduos do sexo feminino, haja vista que não foi possível amostrar
toda a extensão do arquipélago.
No entanto, a segregação sexual pode ser também um evento sazonal. Em épocas
específicas, como períodos reprodutivos, normalmente há uma tendência de agrupamento dos
indivíduos de diferentes sexos, resultando então em uma proporção sexual mais equivalente. Este
fato provavelmente está relacionado a uma estratégia reprodutiva, já que os elasmobrânquios
apresentam fecundação interna (Carrier et al., 1994; Economakis & Lobel, 1998).
Sabe-se que a espécie D. americana se reproduz no arquipélago (Mendes & Moura,
1999) e que esta provavelmente apresenta dois ciclos reprodutivos por ano (Henningsen, 2000).
Durante o período de amostragem foi possível observar um evento de corte no mês de julho e no
mês de setembro houve um relato de cópula (C. Borgoff, comunicação pessoal). No entanto, a
razão sexual permaneceu significativamente diferente de 1 : 1 durante todos os meses de
amostragem.
Portanto, é necessário que sejam realizadas outras amostragens sazonais e ao longo de
toda extensão do arquipélago para concluir se a razão sexual encontrada é proveniente de uma
segregação sexual espacial e/ou temporal.
Até o presente não se têm disponíveis na literatura dados sobre o período de atividade da
espécie D. americana. Apesar da metodologia aplicada pelo presente estudo não ser voltada para
elucidar os padrões de atividade da espécie, pôde-se fazer observações das atividades nos
diferentes horários do dia.
Os indivíduos foram avistados nadando, se alimentando, enterrados ou repousando sobre
o fundo. Notou-se, no entanto, que as raias de menores CD (15-35 cm) são extremamente ariscas
na presença de mergulhadores. Essa característica era evidenciada pelo aumento da velocidade
do nado ou início de movimentação, quando em repouso no substrato, à medida que os
mergulhadores de aproximavam.
53
As raias de maior CD aparentam não se incomodar com a presença dos mergulhadores,
uma vez que não modificavam sua atividade quando abordadas por estes. A exceção ocorreu
durante os mergulhos noturnos, nos quais, por vezes, as raias que se encontravam em repouso
iniciavam o nado, muito provavelmente ofuscadas pelas luzes das lanternas.
Em inúmeras oportunidades durante os mergulhos, os indivíduos eram avistados se
alimentado seguidamente, em diferentes horários do dia. No entanto, essa atividade foi
constatada somente para indivíduos maiores que 35 cm de CD e em mergulhos durante horários
diurnos. Durante períodos noturnos a maioria dos indivíduos encontrava-se em repouso. Não
foram avistados indivíduos de D. americana se alimentando durante a noite, o que contradiz com
o padrão descrito por Ackerman et al. (2000), segundo o qual a maioria dos elasmobrânquios
tem padrão de movimentação predominantemente circadiano, com maior intensidade durante a
noite. Essa maior atividade durante períodos noturnos foi constatada também para D. lata e foi
associada à estratégia de forrageamento ou anti-predação (Cartamil et al., 2003).
Segundo Gillivam & Sullivan (1993) D. americana é claramente capaz de se alimentar de
presas móveis. Mais de 50% da sua dieta alimentar é composta por espécies epibênticas vágeis
(ex: crustáceos e teleósteos). Os autores afirmam também que a espécie se alimenta de pequenos
itens alimentares ao longo do dia, ao invés de predar maiores presas infrequentemente.
Gillivam & Sullivan (1993) indicam que o padrão de movimentação e forrageamento de
D. americana é influenciado pela maré. Essa característica estaria relacionada a um aumento da
disponibilidade de habitats para a busca de presas bentônicas durante os períodos de maré alta. O
padrão de movimentação influenciado pela maré também é descrito para Aetobatus narinari
(Silliman & Gruber, 1999), D. sabina (Teaf, 1978 apud Ackerman et al., 2000) e Triakis
semifasciata (Ackerman et al., 2000).
54
6.5- INTERAÇÕES
Ressalta-se que a praia do “Sancho” requer atenção das autoridades locais, haja vista que
tal localidade apresenta uma alta densidade de indivíduos de D. americana além de receber
diariamente uma considerável quantidade de embarcações e banhistas. A atividade turística pode
alterar o uso desta área pelas raias, levando-as a se deslocarem para regiões menos suscetíveis a
tais distúrbios.
Com relação ao uso do habitat por D. americana, observa-se uma clara mudança na
ocupação do espaço durante a ontogenia dos indivíduos. As praias do Arquipélago são ocupadas
como áreas berçário por jovens, enquanto as regiões recifais são utilizadas como áreas de
alimentação de subadultos e adultos da espécie. Essa mudança no uso do espaço pode ser
acompanhada de uma alteração na dieta e comportamento alimentar dos indivíduos durante o seu
desenvolvimento. Faz-se notório que, tanto as regiões de praia como as recifais têm alto índice
de visitação por turistas, sejam estes banhistas ou mergulhadores, além da presença do tráfego de
60
embarcações. Salienta-se novamente que estas atividades podem ser uma fonte de impacto, uma
vez que estas eventualmente acarretam uma alteração no uso do espaço pela espécie em questão.
Com relação à coloração dos indivíduos nota-se uma clara tendência a um escurecimento
e aparecimento de novas pigmentações durante a ontogenia dos mesmos. Essa mudança é
possivelmente relacionada à alteração na dieta alimentar decorrente da mudança no uso do
habitat durante o desenvolvimento das raias. Considera-se ainda a hipótese de uma estratégia de
camuflagem dos indivíduos jovens em regiões de praia.
O Arquipélago de Fernando de Noronha está situado em uma região oceânica, com águas
circundantes profundas, e cuja “plataforma continental” tem diâmetro de aproximadamente 10
km e limite em torno de 100 m de profundidade (Teixeira et al., 2003). Ao levarmos em
consideração que a espécie D. americana é caracterizada por ocupar águas costeiras e rasas, e
que no Arquipélago ocorrem indivíduos de todas as classes etárias, os quais utilizam a região
para alimentação, reprodução e como áreas berçário, sugerimos que a população local seja
possivelmente fechada do ponto de vista ecológico e genético. Sendo assim, há a possibilidade
de que os indivíduos de D. americana permaneçam nas águas do Arquipélago ao longo de todo
seu ciclo de vida. Portanto, a região pode ser considerada como extremamente importante para a
espécie D. americana, uma vez que ela dependeria diretamente dos recursos locais para
completar seu ciclo biológico. Fica então evidente a necessidade de se manter estudos
permanentes que subsidiem ações eficazes para a conservação e manejo do Arquipélago de
Fernando de Noronha e da espécie D. americana.
ACKERMAN, J. T.; KONDRATIEFF, M. C.; MATERN, S. A. & CECH Jr, J. J. (2000). Tidal
influence on spatial dynamics of leopard sharks, Triakis semifasciata, in Tomales Bay,
California. Environmental biology of Fishes, 58: 33-43.
AGUIAR, A. A. (2002). Proposta de uma nova chave de identificação para os Myliobatiformes
(sensu Compagno, 1999) (Chondrichthyes: Elasmobranchii) do Brasil. Monografia,
Departamento de Biologia Marinha, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 74pp.
ALMEIDA, M. P. (2003). Pesca, policromatismo e aspectos sistemáticos de Potamotrygon
scobina Garman, 1913 (Chondrichthyes: Potamotrygonidae) da Região da Ilha de Colares
– Baía do Marajó – Pará. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Pará e Museu
Paraense Emílio Goeldi. 145pp.
ANAK, N. A. (2002). An Overview of Sharks in the World and Regional Trade. In: S. L.
Fowler; T. M. Reed and F. A. Dipper (eds). Elasmobranch Biodiversity, Conservation and
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9- ANEXOS
Anexo 1: Valores de “Q” resultantes das comparações 2 x 2 provenientes do Teste Q de Dunn, para amostras com ranks iguais, realizado a
partir das coordenadas dos indivíduos no Eixo I da segunda AFC.
CD T 15 T 20 T 25 T 30 T 35 T 40 T 85 T 45 T 50 T 65 T 55 T 100 T 90 T 60 T 80 T 75 T 70 T 120
T 15 - 0,33 0,48 0,82 1,18 2,31 1,42 2,45 2,72 2,35 2,77 2,823 2,8 3,1 3 2,42 3,23 2,291
T 20 0,33 - 0,66 1,73 1,92 6,43 1,49 6,25 7,43 3,49 6,64 5,689 5,02 7,23 5,88 3,04 6,6 2,549
T 25 0,48 0,66 - 1,31 1,66 6,42 1,38 6,17 7,46 3,32 6,56 5,539 4,85 7,17 5,74 2,91 6,48 2,448
T 30 0,82 1,73 1,31 - 0,9 4,54 1,13 4,57 5,57 2,76 5,11 4,511 4,04 5,76 4,75 2,53 5,4 2,187
T 35 1,18 1,92 1,66 0,9 - 2,02 0,77 2,23 2,77 1,86 2,79 2,75 2,63 3,35 3,02 1,92 3,43 1,786
T 40 2,31 6,43 6,42 4,54 2,02 - 0,05 0,42 1,14 0,66 1,26 1,362 1,33 2,05 1,73 1 2,22 1,098
T 85 1,42 1,49 1,38 1,13 0,77 0,05 - 0,07 0,25 0,27 0,33 0,429 0,48 0,58 0,58 0,56 0,73 0,756
T 45 2,45 6,25 6,17 4,57 2,23 0,42 0,07 - 0,66 0,43 0,82 0,998 1,01 1,59 1,36 0,83 1,82 0,978
T 50 2,72 7,43 7,46 5,57 2,77 1,14 0,25 0,66 - 0,08 0,24 0,513 0,59 1,05 0,9 0,58 1,36 0,795
T 65 2,35 3,49 3,32 2,76 1,86 0,66 0,27 0,43 0,08 - 0,06 0,251 0,33 0,53 0,51 0,44 0,78 0,687
T 55 2,77 6,64 6,56 5,11 2,79 1,26 0,33 0,82 0,24 0,06 - 0,287 0,39 0,75 0,66 0,47 1,07 0,713
T 100 2,82 5,69 5,54 4,51 2,75 1,36 0,43 1 0,51 0,25 0,29 - 0,12 0,37 0,35 0,3 0,7 0,59
T 90 2,8 5,02 4,85 4,04 2,63 1,33 0,48 1,01 0,59 0,33 0,39 0,121 - 0,2 0,2 0,22 0,52 0,523
T 60 3,1 7,23 7,17 5,76 3,35 2,05 0,58 1,59 1,05 0,53 0,75 0,368 0,2 - 0,02 0,11 0,4 0,454
T 80 3 5,88 5,74 4,75 3,02 1,73 0,58 1,36 0,9 0,51 0,66 0,346 0,2 0,02 - 0,1 0,34 0,436
T 75 2,42 3,04 2,91 2,53 1,92 1 0,56 0,83 0,58 0,44 0,47 0,304 0,22 0,11 0,1 - 0,1 0,313
T 70 3,23 6,6 6,48 5,4 3,43 2,22 0,73 1,82 1,36 0,78 1,07 0,702 0,52 0,4 0,34 0,1 - 0,291
T 120 2,29 2,55 2,45 2,19 1,79 1,1 0,76 0,98 0,79 0,69 0,71 0,59 0,52 0,45 0,44 0,31 0,29 -
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