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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA / UNEB

CURSO DE BACHARELADO EM ARQUEOLOGIA


DISCIPLINA ZOOARQUEOLOGIA

Fichamento: As Marcas

Orientando: Vitor Batista dos Santos

Orientador: Prof. Me. João Cabral de Medeiros

Paulo Afonso, maio 2018.


UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA / UNEB
CURSO DE BACHARELADO EM ARQUEOLOGIA
DISCIPLINA ZOOARQUEOLOGIA

Fichamento: As Marcas

Orientando: Vitor Batista dos Santos

Disciplina apresentada ao Curso de Bacharelado em Arqueologia da Universidade do


Estado da Bahia como exigência parcial para obtenção da aprovação da Disciplina
Zooarqueologia.

Linha de Pesquisa Arqueologia, Antropologia e Zooarqueologia

Orientador: Prof. Me. João Cabral de Medeiros

Paulo Afonso, maio 2018.


FICHAMENTO DO CAPÍTULO 7: AS MARCAS

CHAIX, Louis y MÉNIEL, Patrice. As Marcas. In: Manual de Arqueozoología. Editorial Ariel,
S. A., 2005.

O texto fala das marcas observáveis nos ossos que são os testemunhos indiretos da história
do osso, desde a morte do animal de onde procedem até a chegada à mesa do arqueólogo,
ou mesmo além. Destinguem-se dois tipos principais de marcas: antrópica e os naturais.

7.1. AS MARCAS DE ORIGEM ANTRÓPICA

Existem dois grandes grupos. Por um lado, as marcas deixadas por armas e ferramentas
destinadas à morte e à exploração de animal; Por outro lado, as marcas tecnológicas
geradas pela preparação de matéria óssea para fazer armas, uteis, elementos de adorno,
objetos de arte.

7.1.2. MORTE E AÇOUGUEIRO

Ferimentos de caça correspondem principalmente a impactos de projéteis, letais ou não. O


objetivo é conseguir dois áreas essenciais. Por um lado, o crânio, principalmente à frente.
Por outro lado, o coração. Isto é protegido pela escápula esquerda, e será este osso que vai
mostrar o impacto (NoeNygaard, 1975; Rust, 1943). De uma forma muito mais casual você
pode verificar marcas de projétil no resto do esqueleto, [...] (Bichon bear, Morel, 1993;
Weljstrup, Aaris-Sorensen e Brinck-Petersen, 1986; Cão do Louvre, Meniel e Arbogast,
1989).

A MORTE

O sacrifício de animais domésticos às vezes deixa estigmas características. Para grandes


espécies, cavalo e boi, o golpe de maça ou tiro significa a perfuração da frente. O degolado
pratica sobre os pequenos ruminantes. Esta prática se manifesta por estrias transversais no
lado ventral do atlas e, por vezes, no processo odontóide (Chaix, 1985). A decapitada com
um machado deixa vestígios na face dorsal das vértebras cervical.
Há também maneiras de matar que não deixam rastros visíveis, como o sangramento
interno do porco que é realizado na Córsega por meio de uma faca especial, o «stoccu»
(Vigne e Marinval-Vigne,1991).

DEPILAÇÃO

O cabelo pode ser mantido com a pele, sendo usado desta maneira para abrigo, mas
geralmente é eliminado, queimando-o com um fogo rápido de mato. É provável que deixe
marcas, principalmente nos dentes (incisivos e caninos) que naturalmente, ou por retração
dos lábios, estão expostos ao exterior. Em alguns campos proto-histórico, as cúspides
desses tipos de dentes têm marcas de queimado, em todas as espécies consumidas. Esta
alteração particular pode ser agravado se cozinhar subsequentemente ocorrer direto do
animal sobre o fogo.

EVISCERAÇÃO

Esta operação visa extrair os principais vísceras da caixa torácica e abdômen. As marcas
correspondentes a este processo pode ser observado no lado interno das costelas, embora
às vezes também na parte inferior do corpo das vértebras.

O ESFOLADO

A extração da pele requer um corte circular ao redor do focinho ou no pescoço do animal. As


marcações são vistas nas nasais e a maxila, bem como nos ramos horizontais da
mandíbula. A separação da pele na área das extremidades pode deixar incisões circulares
na diáfise dos raios, nas tíbias, nos metapodes, ou ao nível dos segmentos de carpais e
tarso.

O RACHADO

É no sentido correto do corte. Isso também mostra grande variabilidade. Esta atividade
corresponde à desarticulação, cujas marcas se manifestam nas articulações dos ossos,
como por exemplo entre a parte distal do úmero e a parte proximal do rádio, ou entre a
cavidade acetabular da pelve e a cabeça do fêmur. Essas marcas correspondem ao
seccionamento dos tendões e dos ligamentos, e eles estão em pontos muito precisos.
USOS SUBSEQUENTES

Os ossos podem então ser usados para a realização de sopas e como fonte de suprimento
de medula. Em tais casos geralmente fratura, embora nas sociedades metalúrgicas eles
tendem a cortado em pedaços. As marcas resultantes são muito características. (Schmid,
1972).

7.1.2. A CONSERVAÇÃO E COZIMENTO DE CARNE

A carne pode ser comida crua, embora seja geralmente preparada, para retardar a sua
decomposição, ou para modificar a textura e sabor por cozimento. Há uma grande
quantidade de métodos de conservação e culinária, embora as marcas que podem deixar
nos ossos estão em sua grande maioria reconhecíveis.

Evidência de preservação de carne por salga ou defumada são evidentemente muito


escassos, além disso, não possuímos dados. Experiências sobre sua natureza e sobre a
eventual conservação depois de enterrar no sedimento por um longo período de tempo. No
momento, tenta demonstrar a conservação da carne repousam sobre outras indicações,
mais ou menos diretas, a importância da exploração e, sem qualquer dúvida, do comércio,
sal, gem e marinho em certos períodos cronológicos. Este também pode ser o caso da
descoberta de áreas de salga, que, em alguns casos, como em certos assentamentos
gálicos, continha até ossos de porco. Finalmente, acumulações de detritos mostram, na
ocasião, que após a morte do animal o consumo de certas partes poderiam ser diferidas,
enquanto outras consumido rapidamente. Uma última indicação está relacionada ao
consumo de peixe, cujo tempo de captura pode ser determinado por o exame dos anéis de
crescimento, claramente visível vértebras bem preservadas. O abandono simultâneo de
restos de peixes capturados em diferentes estações implicam necessariamente uso de
métodos de conservação de peixes, embora os restos. Ossos não nos informam sobre sua
natureza.

Entre os modos de cozinhar, podemos pensar que aquele que consiste na exposição da
carne ao fogo seria fácil de detectar, condição de que não tenha sido previamente
desossada. Porém, mesmo em períodos em que a descoberta de elementos materiais como
grelhas ou espetos, até mesmo referências escrito, mostram claramente que esta prática era
muito comum, traços que foram preservados são bastante escassos. Este fato pode
obviamente, ser o resultado da própria cozinha (carne grelhada sem osso, exposição curta
ou longe das chamas, proteção osso pela gordura derretida), a menos que os traços não
tenham sido preservados depois de enterrar no sedimento.
A análise dos vestígios de fogo deve, sem dúvida, ser realizada em estigmas muito mais
discretos do que aqueles que o olho segura à primeira vista, e isso parece ser, antes de
tudo, o resultado de uma exposição ao fogo de hostes abandonados, usado como
combustível. Esta é a conclusão que emerge da análise das ofertas porco da necrópole de
Lamadelaine, no Luxemburgo. As outras técnicas culinárias, que não expõem carne a
chamas, são obviamente ainda mais difíceis de documentar.

7.1.3. AS MARCAS TÉCNICAS

Estes são visíveis em vários materiais animais duros do que o homem poderia arranjar:
conchas, ossos, marfim e chifres, embora estes últimos raramente sejam conservados.
Parece que desde o Paleolítico Inferior, o homem usou os ossos para várias atividades.
Naquela época, era sobre objetos pouco transformados e cuja diferenciação em relação aos
fragmentos de osso natural é difícil de definir. Durante o Paleolítico maior testemunhamos
diversificação importante, assim como acabamentos em que os critérios estéticos têm um
peso específico. No artigo de H. Camps-Faber (1976), o leitor interessado encontrará um
bom resumo dessa evolução.

O conhecimento sobre ferramentas ósseas e de marfim progrediu muito obrigado, em parte,


pelas modernas técnicas de escavação, que permitem recuperar as ferramentas e seus
restos de fabricação, e, por outro lado, graças aos processos de experimentação, que
permitem conhecer melhor os gestos técnicos do homem pré-histórico.

Durante o Mousterian, outras técnicas como serragem, canais, perfuração e polimento.


Posteriormente, com o desenvolvimento da metalurgia, serrar terá um papel proeminente,
especialmente durante a era galo-romana com a fabricação de dobradiças de portas com
metáforas de bovinos, ou no trabalho da indústria de derivados do chifre. Este
desenvolvimento do ferramental permitirá um trabalho muito elaborado do marfim, como
mostram as peças de xadrez, em marfim de morsa, a Ilha de Lewis na Inglaterra (Mac
Gregor, 1985), ou em chifres de veado das escavações de Noyon (Oise).

7.2. VESTÍGIOS DE ORIGEM NATURAL

O osso, após seu abandono pelo homem, é encontrado expostos a várias agressões, cujo
resultado final, se o processo não for pára, leva ao seu desaparecimento total. Essas
agressões entram no quadro geral dos processos afonômicos, isto é, a passagem do osso,
ou o esqueleto, da biosfera para a litosfera; algumas dessas agressões ocorrem antes do
enterro, enquanto outros são subseqüentes a ele.

Diversas espécies animais de diferentes ordens atacam o osso. Certos moluscos carnívoros
zonitidos podem sair na superfície do osso apresenta traços, o que é devido na etapa da
sua radula; Estes traços devem ser observados em grandes aumentos, que, se não
corrermos o risco de confundi-los com outras marcas, por exemplo, aqueles deixados por
um arranhão.

Roedores também participam dessa degradação. As marcas paralelo que deixa seus
incisivos são muito características. Sua ação provoca uma rápida degradação do osso, ou
os chifres dos cervídeos, para aqueles que são particularmente afeiçoados.

Carnívoros deixam marcas nos ossos, que são reconhecidos devido à forma dos impactos
puntiformes, que correspondem à perfuração da superfície do osso, devido a cúspides
pontiagudas de caninos ou pré-molares. A mastigação do osso por molares deixa alguns
traços de interpretação mais difíceis. Vamos nos destacar que as hienas são um fator
importante de fragmentação de material devido à força do seu dispositivo de mastigação.

Além dos mencionados até agora, também devemos levar em conta outros tipos de agentes.
Devemos mencionar bactérias e fungos que podem agir alterando as propriedades físicas
do osso e sua composição química (Baud, 1987). Os ataques produzidos pela vegetação
são igualmente desastrosos.

A OBSERVAÇÃO DE MARCAS NOS OSSOS

Os ossos e, em menor grau, os dentes, podem apresentar estigmas que geralmente nos
fornecem várias informações. Como em qualquer tipo de exame, é conveniente que
tenhamos em conta as condições em que foi realizado, especialmente na limpeza dos
restos. Para o que se refere à iluminação, mais do que uma luz difusa (fluorescente) uma
fonte de luz mais concentrada, que permite observar melhor as marcas. A análise Também
depende da pessoa que está completando (visão, capacidade, atenção) e os meios ópticos
utilizados.

As marcas observadas podem ser classificadas de diferentes maneiras: antrópica ou


natural, predeposal ou subseqüente a ela, para nos fazer uma ligeira ideia, de uma realidade
muitas vezes complexa. Em efeito, o desempenho do homem pode deixar marcas em
animais vivos (desgaste devido ao lanche), ou mortos (sacrifício, corte); antes, durante ou
depois do enterro. Entre os agentes da ordem natural podemos citar para os carnívoros, os
roedores, gasteropods, fogo, exposição aos elementos; e no chão, a natureza do próprio
sedimento, a umidade, as raízes das plantas...

Os ossos também podem sofrer ataques físico-químicos, entre os quais podemos destacar a
ação do gelo (Guadelli e Ozouf, 1994), calor, umidade, secura, imersão (ambos na água
duques como salgados) (Arnaud et al., 1981) e geoquímica do solo.

Alternativas de gelo / degelo, umidade / secura uma degradação da parte externa do osso,
o periósteo, para alcançar depois o seu interior e a zona medular. Esses processos
degradação pode ser documentada com bastante precisão, estabelecendo uma escala de
degradação que vai desde a ligeira alteração à destruição avançada. Todos esses
fenômenos foram reagrupados sob o termo inglês «weathering» (Behrensmeyer, 1978), ou o
termo francês "intemperização" (Poplin, 1985). Dentro do campo dos processos de alteração
física devemos lembrar-se também das deformações, até mesmo as fraturas do material
ósseo, devido às pressões exercidas pelos sedimentos.

Portanto, as marcas encontradas nos ossos são testemunhas da vida pretérita, elas
revelam o modo de vida dos homens Pré-históricos, pois a partir delas, pode-se
identificar como ocorreu a caça, qual método utilizado para captura do animal, quais
materiais foram utilizados, se líticos ou armas brancas e como se deu a retirada de
pelos e peles. E até mesmo o tratamento pós-morte, como na fabricação de adornos
e adereços feito com ossos. Bem como é possível determinar sobre o tipo de
alimentação de alguns animais através das marcas encontradas nos dentes.

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