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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

MÁRIO TAKANAGE JUNIOR – RA 15600174

Relação do Capítulo Oitavo sobre o Pecado no Livro Introdução à Ética Teológica


com o Caso Moral apresentado em Classe sobre o Aborto.

FEONOMENOLOGIA DA MORAL
Prof. Dr. José Antonio Trasferetti

CAMPINAS
2015
Relação do Capítulo Oitavo sobre o Pecado no Livro Introdução à Ética
Teológica com o Caso Moral apresentado em Classe sobre o Aborto.

A questão do aborto como caso moral não pode ser tratada com
indiferença e como uma realidade alheia à nossa de teólogos, já que esta diz
respeito à vida e aos direitos do ser humano. Tampouco é possível deixar de
observar tudo que se afirma ou se esconde sobre o pecado, buscando assim as
respostas que podemos e devemos dar desde o ponto de vista da moral teológica e
colaborando para que a polêmica tão atual sobre o tema seja tranqüilizada e
conscientizada pela sociedade.
Trabalhando então, dentro da obra Introdução à Ética Teológica, tendo
como ponto base o capítulo oitavo escrito pelo Dr. José Antonio Trasferetti, O
Pecado – A banalidade do mal como realidade inegável, e associando tanto o
Magistério da Igreja como alguns pensadores que já realizaram uma busca pelo
tema do aborto, podemos partir do princípio de que em momento algum a Igreja,
referência para grande parte da sociedade ainda nos dias de hoje, denominará o
aborto como realidade aceitável, com exceção do aborto nomeado espontâneo,
onde não há a intenção de provocá-lo, mas o condenará por meio da excomunhão
latae sententiae, não como uma restrição da misericórdia de Deus, mas
manifestando sim “a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado
ao inocente morto, a seus pais e a toda a sociedade” 1. E se faz necessário aqui,
perceber que o pecado não é algo que atinge apenas uma dimensão, senão que em
múltiplas dimensões, se mostra totalmente presente nesta citação do Catecismo da
Igreja Católica, são elas: o sentido da vida social, pessoal, estrutural e banal.
O pecado, neste sentido, precisa ser entendido dentro da concepção atual
de algo que não é particular e individual, mas que está presente na sociedade e, por
conseguinte, influencia no particular que é gestado por uma cultura, uma política,
uma economia, etc., e sem deixar-se influenciar também por uma atualidade que
afirma um mundo de opiniões e valores relativistas: “tudo é muito velado, é tudo
muito líquido, no sentido de que o certo não se impõe mais como certo, mesmo
porque tudo se relativiza com facilidade.” 2

1
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, ano 2000, p. 592, §2272.
Diante de tal relativização do pecado, onde se perde a consciência dos
valores morais, e neste caso cristãos, o aborto, no que se resume ao ato de
interromper a vida de um ser humano que já possui seu direito de vir à luz, pode
ser entendido muitas vezes também como um pecado social, já que tanto se fala
sobre o mesmo e onde os meios de comunicação em massa apresentam tantas
manifestações a favor do ato, manipulam a informação de abortos realizados
anualmente, dão a informação no que compete apenas às ciências biológicas sem
ter em conta o que declara a filosofia e a moral e apresentam discursos a favor do
direito da mulher e da exclusão do direito do feto. No entanto, se assim fosse, o
pecado social não significaria uma relativização do valor moral, senão que seria
sim justificado pelo entorno daquele que peca, mas que também deve ter assumidas
a responsabilidade e a culpabilidade. 3
Ceifar uma vida, não permitir que ela se cumpra em sua plenitude, é sem
dúvida um pecado devasto como afirma a Constituição Gaudium et Spes, do
Concílio Vaticano Segundo em seu parágrafo cinqüenta e um: “Com efeito, Deus,
senhor da vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem dum modo
digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve, pois,
ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da
concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis.”, e como pecado
“rompe o relacionamento com os irmãos e com Deus, e revela um ser humano
esvaziado de si mesmo, porque todo ser humano deveria ser dom e amor
oblativo” 4, portanto, trata-se de uma negação do amor e de uma exaltação de um
“eu individualizado que faz perder a força do eu na sua dimensão de alteridade, de
relacionamento, de compromisso com o outro.” 5
A partir desta reflexão é possível perceber que vivenciamos uma cultura
de morte, “fruto do pecado que destrói e mata, é gerada também por uma
mentalidade perniciosa: de que não existe mal, ou seja, de que tudo é banal.” 6, e a
nós, cabe-nos o esforço em construir uma consciência moral, capaz de dar os
elementos base para um discernimento, não só tendo em vista o pecado do aborto,

2
Trasferetti, Jose Antonio, INTRODUÇÃO A ETICA TEOLOGICA, 1ªedição, Paulus, São Paulo, Brasil, 2015,
p.164.
3
Trasferetti, op. Cit., p.155-156.
4
Trasferetti, op. Cit., p.153.
5
Trasferetti, op. Cit., p.164.
6
Trasferetti, op. Cit., p. 166
mas a realização da plenitude daquele ser que é gerado, bem como o da mulher que
é mãe e genitora, e a plenificação da família.

Referências Bibliográficas:
Trasferetti et al. INTRODUÇÃO A ETICA TEOLOGICA, 1ªedição, Paulus, São
Paulo, Brasil, 2015;

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, ano


2000

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