Você está na página 1de 5

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

MÁRIO TAKANAGE JUNIOR

RUBENS ROMÃO CORREA JUNIOR

A VIRTUDE EM SÃO GREGÓRIO DE NISSA – NOS ESCRITOS


“De Instituto Christiano”

CAMPINAS
NOVEMBRO/ 2015
MÁRIO TAKANAGE JUNIOR – R.A. 15600174
RUBENS ROMÃO CORREA JUNIOR – R.A. 15600042

A VIRTUDE EM SÃO GREGÓRIO DE NISSA – NOS ESCRITOS


“De Instituto Christiano”

Trabalho apresentado à Professora Lúcia


Maria Q. D. Gomes, da disciplina
Teologia Moral Fundamental para o
cumprimento de atividades avaliativas,
do curso de Teologia

Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Campinas – 18/11/2015
Ao trabalhar, dentro do âmbito da moral cristã o aspecto das virtudes,
acorremos em primeiro lugar ao Catecismo da Igreja Católica que as define como “uma
disposição habitual e firme para fazer o bem”1. Diante desta realidade, analisaremos a
questão moral, especialmente sobre a virtude, em um fragmento do texto De Instituto
Christiano de São Gregório de Nissa, escrito por volta de 390, tratando sobre a ascese e
descrito por ele mesmo como: “um resumo de sua doutrina sobre o verdadeiro objeto
da vida contemplativa e os meios para conquistá-la, conselhos para os superiores sobre
o modo como devem guiar suas comunidades e finalmente, instruções sobre os
exercícios com que devem preparar sua alma para receber o Espírito” 2.
Trata-se de uma obra que renderia um verdadeiro tratado, por isso, vamos
deter-nos em dois subtítulos, a saber: “As virtudes estão relacionadas” e “O cume das
virtudes: a oração” respectivamente.
O primeiro deles, “As virtudes estão relacionadas”, apresentam as virtudes
como frutos de um trabalho sério e de uma decisão pessoal por conquistá-las. Como
sabemos, todos possuímos, por filiação, as chamadas virtudes teologais (fé, esperança e
caridade), também chamadas virtudes infusas, mas no que concernem as outras
virtudes, assim chamadas cardeais e humanas, onde esta última se divide em virtudes
intelectuais e virtudes morais, são fruto de um empenho por conquistá-las e de uma
decisão de possuí-las, para que assim orientem a vida pessoal e “aperfeiçoem o bom
agir do homem e sua faculdade apetitiva da alma com a capacidade de fazer escolhas
certas”3. Gregório apresenta como incapaz à intelecção humana definir qual a ordem das
virtudes, da maior à menor, da prioritária à menos necessária, e o diz desta forma, pois
em seu pensamento uma depende da outra e se relacionam entre si, gerando, a partir da
posse de uma delas e da decisão de conquistar sempre mais a vida virtuosa, sempre uma
nova virtude na vivência humana, até que chegue ao ápice, o que ele chama “coroação
daquele que as cultiva”4, e exemplifica esta relação: “a simplicidade conduz à
obediência e a obediência à fé; esta conduz à esperança que conduz à justiça; a justiça
conduz ao serviço caritativo e este serviço à humildade que provê a docilidade e leva a
alegria. A alegria, por sua vez, conduz à caridade que conduz à oração” 5. Diante desta
1
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, cân. 1803
2
Quasten, Johannes, Patrología II, La edad de oro de La literatura patrística griega, Ed. Biblioteca de
Autores Cristianos, Madrid, 1962, p. 288.
3
Q. D. Gomes, Lúcia Maria, Teologia Moral Fundamental, p. 30.
4
Nissa, S. Gregório de, De Instituto Christiano, http://multimedios.org/, p. 37.
5
Ibid. 38
afirmação é possível inferir que, para São Gregório de Nissa, o esforço será sempre
necessário e sempre deverá haver um empenho sério em conquistar as virtudes, no
entanto, basta com o primeiro passo de conquistar e/ou exercitar a primeira, para que a
partir dela, ainda assim empenhados, possamos ser conduzidos às outras que nos
conduzem ao “Sumo Bem”.
Logo em seguida então, no segundo texto, “O cume das virtudes: a oração”,
Gregório vem alertar para a importância da perseverança neste bem constitutivo de
todas as demais virtudes, já que por meio dela se conquistam as demais e as pedimos
[por meio dela] a Deus: a oração. “Aquele que persevera na oração comunga com
Deus: está unido a Ele por uma consagração mística, uma força espiritual, uma
disposição que não se pode expressar” 6 e que diante desta vivência profunda da oração
e do anelo autêntico na busca da virtude, não pode-se experienciar outra realidade que
não desejar conquistar sempre mais destas virtudes que nos impulsionam ao bem, à
“coroação daquele que as cultiva”, a agradar profundamente àquele com quem
comungamos, e nas palavras do Eclesiástico 24,20: “aqueles que me comem terão mais
fome, aqueles que me bebem terão mais sede”, num desejo de encontrar, como nas
palavras de Jesus: “O reino dos céus está dentro de vós” descrito pelo evangelista
Lucas 17, 21. Trata-se portanto, de assumir a busca da virtude, possuindo plena
consciência de que tais nos inquietam a buscar sempre mais uma vivência perfeita da
plenitude, “sinal da felicidade eterna de que gozam as almas do santos na eternidade”7.

Bibliografia:

6
Ibid. 38.
7
Ibid 38.
- CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo, SP: Vozes: Paulinas: Loyola: Ave-
Maria, 1993. 831 p.
- Quasten, Johannes, Patrología II, La edad de oro de La literatura patrística griega,
Ed. Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1962, 627p.

- Q. D. Gomes, Lúcia Maria, Teologia Moral Fundamental, 65p.

- Nissa, S. Gregório de, De Instituto Christiano, http://multimedios.org/, 46p.

Você também pode gostar