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Título da Palestra: "A Carta de São Paulo aos Romanos e a Doutrina Espírita Kardecista: Uma

conexão profunda"

Introdução:

Boa noite a todos! É uma honra estar aqui hoje para falar sobre um tema tão significativo: a
conexão entre a Carta de São Paulo aos Romanos e a Doutrina Espírita Kardecista. Nesta
palestra, vamos explorar os elementos fundamentais dessas duas obras, buscando pontos de
convergência e entendendo como se complementam. Ao longo da exposição, farei
referências, menções e citações de trechos da Carta aos Romanos, das Obras da Codificação de
Allan Kardec e de outras obras espíritas, a fim de fortalecer e sustentar nosso tema. Vamos
começar!

Desenvolvimento:

1. Paulo, Os Romanos e a Doutrina Espírita:


Paulo de Tarso, foi um dos mais proeminentes apóstolos do Cristianismo e exerceu um
papel fundamental na disseminação da mensagem de Jesus Cristo. Paulo inicialmente
perseguia os seguidores de Jesus, mas teve uma experiência transformadora no caminho para
Damasco, a partir desse momento, Paulo se tornou um ardoroso defensor e propagador da fé
cristã, realizando viagens missionárias por diversas regiões do Império Romano, estabelecendo
comunidades e escrevendo cartas para orientar e encorajar os primeiros cristãos.

Uma das cartas mais significativas escritas por Paulo é a Carta aos Romanos. Ela foi
escrita por volta do ano 57 d.C., endereçada à comunidade cristã em Roma. A carta tem
grande relevância e é considerada uma das mais importantes obras do Novo Testamento.

Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita (SECÚLO XIX), afirmou que ela se baseia
nas leis naturais, na razão e na observação. Ele fez um trabalho minucioso ao investigar as
comunicações dos Espíritos por meio da mediunidade, a fim de estabelecer uma base sólida
para a doutrina. A partir desse ponto, podemos observar como a Carta de São Paulo aos
Romanos e a Doutrina Espírita se entrelaçam.

2. O Conceito de Justiça Divina:


Na Carta aos Romanos, São Paulo afirma: "Digo, pois: Deus abandonou-os às paixões
infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E,
semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram
em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e
recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro" (Romanos 1:26-27).

Na Carta aos Romanos, São Paulo aborda as consequências naturais das ações
humanas, relacionando-as à Justiça Divina. Um trecho relevante é encontrado em Romanos
2:6-7, que diz: "Ele recompensará cada um conforme o seu procedimento. Ele dará vida
eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade."

Essa passagem reforça a ideia de que as ações humanas serão recompensadas ou


corrigidas pela Justiça Divina, baseada no princípio de causa e efeito. Esse conceito está
alinhado com a Doutrina Espírita e suas leis naturais, especialmente a Lei de Ação e Reação ou
Lei do Carma.

Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", explora amplamente o tema da Justiça
Divina. No Livro Segundo, Capítulo IX, encontramos a questão 872, em que é perguntado aos
espíritos: "A felicidade é proporcional ao mérito?" A resposta apresentada é clara e direta:
"Sim, mas Deus é justo e bom. Ninguém é privado da felicidade que lhe seria útil, nem além
do necessário à sua própria prova".

Essa resposta nos mostra que a Justiça Divina se baseia na justa distribuição das provas
e expiações necessárias ao desenvolvimento e evolução dos espíritos. Cada indivíduo colherá
os frutos de suas ações, em conformidade com a lei de causa e efeito, visando ao seu
aprimoramento moral e espiritual.

Em "O Evangelho segundo o Espiritismo", Kardec explora o tema da Justiça Divina no


Capítulo III, item 10, onde menciona: "A cada um será dado segundo as suas obras". Essa
passagem ressalta a ideia de que a Justiça Divina age em conformidade com as ações e
intenções de cada ser humano, promovendo seu progresso e seu resgate diante das leis
imutáveis do universo.

Portanto, a relação entre a Carta aos Romanos e a Doutrina Espírita Kardecista se


evidencia na abordagem comum sobre o conceito da Justiça Divina. Ambas as obras enfatizam
que as ações humanas têm consequências naturais, sendo recompensadas ou corrigidas de
acordo com a lei de causa e efeito. A compreensão desse conceito nos convida a refletir sobre
nossas escolhas e a buscar a evolução moral e espiritual, reconhecendo a ação da Justiça
Divina em nossas vidas.

3. A Necessidade da Transformação Interior:


Na Carta aos Romanos, São Paulo nos convida a buscar a transformação interior,
abandonando os padrões do mundo material e conectando-nos com uma vontade maior. Um
trecho relevante é encontrado em Romanos 12:2, que diz: "E não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus."

Essa passagem ressalta a necessidade de abandonar as influências negativas do mundo


material e buscar uma renovação interior. Esse apelo à transformação está em consonância
com a Doutrina Espírita e sua ênfase no aprimoramento moral e intelectual como caminho
para a evolução espiritual.

Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", explora amplamente o tema da


transformação interior. No Livro Segundo, Capítulo V, encontramos a questão 919, em que é
perguntado aos espíritos: "A melhoria moral acompanha sempre o progresso intelectual?" A
resposta apresentada é clara: "Necessariamente, porque o homem deve aprender a dominar
as suas más inclinações, a fim de progredir."

Essa resposta destaca a importância da melhoria moral como parte integrante do


progresso espiritual. A transformação interior implica em dominar as más inclinações e cultivar
virtudes como amor, caridade, humildade e perdão.

Em "O Evangelho segundo o Espiritismo", Kardec reforça a necessidade da


transformação interior no Capítulo XVII, item 4, onde menciona: "A verdadeira
transformação moral do homem implica o abandono do egoísmo, do orgulho e de todas as
más paixões."
Nesse contexto, a transformação interior se apresenta como um processo contínuo de
autotranscedência, no qual o indivíduo busca superar suas imperfeições e cultivar virtudes,
alinhando-se aos princípios do amor e da sabedoria.

Portanto, a relação entre a Carta aos Romanos e a Doutrina Espírita Kardecista se


evidencia na abordagem comum sobre a necessidade da transformação interior. Ambas as
obras enfatizam a importância de abandonar as influências negativas do mundo material e
buscar uma renovação interior, a fim de progredir moral e espiritualmente.

A compreensão desse processo de transformação nos convida a refletir sobre nossas


atitudes e a buscar a melhoria contínua, desenvolvendo virtudes e cultivando o amor ao
próximo. Assim, estaremos mais próximos de experimentar a vontade de Deus em nossas
vidas.

4. A Caridade como Prática Fundamental:


Na Carta aos Romanos, São Paulo destaca a importância da prática da caridade como
um dos pilares da vida cristã. Um trecho relevante é encontrado em Romanos 12:10, que diz:
"Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns
aos outros."

Essa passagem ressalta a importância do amor fraterno e da caridade como forma de


se relacionar com o próximo. Esse apelo à caridade está em consonância com a Doutrina
Espírita e sua ênfase na prática do amor ao próximo como caminho para a evolução espiritual.

Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", explora amplamente o tema da caridade.
No Livro Terceiro, Capítulo XII, encontramos a questão 886, em que é perguntado aos
espíritos: "Que pensar daquele que sacrifica sua vida para salvar a de seu semelhante?" A
resposta apresentada é clara e impactante: "Esse ato é sublime e o sacrifício será levado em
conta no tocante àquele que o fez."

Essa resposta destaca a grandeza da caridade em sua forma mais elevada, que é o
sacrifício pelo próximo. O Espiritismo valoriza o serviço altruísta, a compaixão e a solidariedade
como expressões de amor ao próximo, reconhecendo a importância de se colocar o bem-estar
e as necessidades dos outros em primeiro lugar.

Em "O Evangelho segundo o Espiritismo", Kardec reforça a importância da caridade


no Capítulo XV, item 5, onde menciona: "Fora da caridade não há salvação." Essa célebre
frase ressalta que a prática da caridade é essencial para o nosso próprio progresso espiritual.

A caridade, segundo a Doutrina Espírita, vai além da simples assistência material.


Envolve a compreensão, a empatia, o perdão e a disposição para auxiliar o próximo em suas
necessidades espirituais e morais. É o amor em ação, promovendo a fraternidade e o bem-
estar coletivo.

Portanto, a relação entre a Carta aos Romanos e a Doutrina Espírita Kardecista se


evidencia na abordagem comum sobre a caridade como prática fundamental. Ambas as obras
enfatizam a importância do amor fraterno, da solidariedade e da assistência ao próximo como
expressões do amor divino.
A compreensão desse princípio nos convida a refletir sobre nossas atitudes e a buscar
constantemente a prática da caridade em todas as suas formas, promovendo o bem-estar e a
evolução não apenas individualmente, mas também da sociedade como um todo.

Conclusão:
À luz dos elementos fundamentais da Carta de São Paulo aos Romanos e da Doutrina
Espírita Kardecista, podemos perceber uma conexão profunda entre essas duas obras. Ambas
buscam despertar em nós a compreensão das leis divinas, a necessidade de transformação
interior, a prática da caridade e o entendimento de que colhemos as consequências de nossas
ações.

A Carta de São Paulo aos Romanos nos convida a refletir sobre a nossa conduta e nos
orienta em relação à Justiça Divina, enquanto a Doutrina Espírita Kardecista nos oferece um
arcabouço de conhecimentos sobre a vida além da morte, a reencarnação e a evolução
espiritual.

Que possamos buscar na união dessas duas obras uma compreensão mais ampla e
profunda da vida e do propósito espiritual. Que a luz da sabedoria e do amor fraterno nos guie
nessa jornada de autotransformação e crescimento espiritual. Muito obrigado!

Reforçando a grandeza do Projeto de Deus e que esta grandeza ultrapassa os limites


temporais humanos gostaria de encerrar citando um trecho de Emmanuel na obra
Vinha de Luz:
"Reconhecendo-se Jesus por Filho do Pai Eterno, a Humanidade, em geral, por Ele tem
aceitado o culto religioso do amor fraterno como sendo a sua mensagem final. A
doutrina que Ele entregou à Terra, contudo, vai além das páginas dos Evangelhos,
porque o mundo não se compõe somente das raças humanas que se aglomeram no
orbe terrestre. (...)

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