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SEMANA

Logística da manutenção
e manutenção corretiva
Vilson Menegon Bristot
Este material foi organizado pelo professor Vilson Menegon Bristot. Todo o conteúdo nele inserido foi copilado de diversas fontes, dentre elas: artigos, apostilados, sites e outros. Ao final, apresentam-se as referências. Manutenção Industrial 41
TEMA

1 Logística da manutenção

Ferramentas usadas na manutenção

Cada setor de manutenção precisa ter a seu dispor as ferramentas necessárias para
a execução dos serviços. Antes de adquiri-las, deve ser feito um levantamento preli-
minar das necessidades.

A racionalização do ferramental é de grande importância para adquirir os itens


indispensáveis e zelar para que não haja despesas desnecessárias ou economia
prejudicial.

As ferramentas empregadas na prática da manutenção são bem diversificadas. Entre


as utilizadas na manutenção de máquinas, sistemas e instrumentos estão:

máquinas operatrizes;

instrumentos de medição e de calibração;

equipamento pneumático (como lixadeira e chicote), equipamento hidráulico (ma-


caco, guincho) e equipamentos de solda elétrica, de lubrificação, para elevação e
transporte e, também, para transferência térmica;

aparelhos de comunicação como bip, celular, etc.;

fornos de pequena têmpera;

bancada com morsa;

ferramentas manuais;

microcomputador;

instrumentos ópticos e eletrônicos;

dispositivos de montagem e desmontagem;

ferramentas elétricas;

solda oxiacetilênica.

Essas ferramentas estão incluídas no espaço físico destinado à manutenção. Diante


dessa relação é possível perceber a real importância da instalação do arranjo físico
da manutenção.

Contratação de serviços externos

Uma alternativa de organizar a manutenção é contratando serviços externos. O tra-


balho de manutenção é executado por pessoas que não pertencem ao quadro de
pessoal da empresa.

Esse tipo de organização é, geralmente, adotado por instalações industriais cujas

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máquinas e equipamentos exigem investimentos elevados para implantar um sistema
próprio de manutenção. A instalação industrial pode ser grande, mas o número de
horas ociosas de pessoal especializado e a aquisição de instrumentos especiais não
justificam manter o serviço internamente.

Existem empresas especializadas que prestam serviços às instalações industriais me-


diante contrato, como conservação de caldeiras e turbinas, manutenção de equipa-
mentos petroquímicos, ensaios não-destrutivos, etc.

Localização da oficina de manutenção

A localização e os arranjos físicos adequados à manutenção são importantes para a


sua eficiência e otimização do tempo.

As oficinas de manutenção e o almoxarifado de sobressalentes devem estar próximos


da área a ser atendida. No caso de grandes instalações industriais é aconselhável a
instituição de postos de almoxarifado avançados, com a finalidade de atender a maio-
ria das ocorrências de manutenção corretiva.

A implantação física da oficina deve favorecer os seguintes aspectos:

facilidade de acesso à ferramentas e materiais;

proximidade entre os setores da manutenção elétrica, mecânica, hidráulica, etc.,


para facilitar a troca de informações e serviços;

local de fácil visão destinado à chefia;

local fechado e com boa exaustão de gases para os trabalhos de soldagem;

local seguro para escadas e tubos, com facilidade para manuseio e conservação;

serra elétrica localizada em ponto propício ao corte de tubos e perfilados, de modo


a facilitar seu manuseio;

talha em local favorável à carga e descarga.

Percentual de funcionários
Os valores médios do percentual de funcionários para atuar em manutenção, numa
empresa de médio porte, é de 5% do total de funcionários. Nas empresas de grande
porte o percentual pode chegar a 7%. Em alguns casos, esses percentuais chegam
a dobrar.

Do total de funcionários da manutenção, em média, 5% são destinados ao planeja-


mento, 25% chefia e 70% execução. Destes 70%, 1/3 são eletricistas e eletrônicos e
2/3 são mecânicos de diversas especialidades.

Com esses percentuais é possível calcular a área útil da fábrica necessária aos man-
tenedores.

Área destinada ao mantenedor


A área útil destinada ao mantenedor, para se movimentar e realizar sua tarefa na ofi-

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cina de manutenção, é de 2,75m2 por pessoa. A área média destinada a armários,
bancada, ferramental, etc. para cada mantenedor é de 5,50m2.

A área total destinada a cada mantenedor é, portanto, de 8,25m2. Admite-se, em


espaços pequenos, uma área de até 6,20m2 por homem.

Esses valores apresentados não consideram a área destinada às máquinas.

TEMA

2 Manutenção corretiva

A manutenção corretiva é aquela de atendimento imediato à produção, realizada


em equipamento, máquina, dispositivo, ferramenta, peça ou componente após apre-
sentarem falha ou defeito, restituindo o funcionamento do item.

Não existe filosofia, teoria ou fórmula para dimensionar uma equipe de manutenção
corretiva, pois nunca se sabe quando alguém será solicitado para atender aos even-
tos que requerem a presença dos mantenedores. Por esse motivo, as empresas que
não têm uma manutenção programada incorrem em dois problemas: ou não possuem
pessoal de manutenção suficiente para atender às solicitações; ou, quando contam
com pessoal de manutenção em quantidade suficiente, não sabem o que fazer com
os mantenedores em épocas em que tudo caminha tranquilamente.

Como as ocorrências de emergência são inevitáveis, sempre há necessidade de uma


equipe preparada para esses atendimentos, mesmo naquelas empresas que adotam
métodos de manutenção planejada.

Dependendo do equipamento é mais conveniente, por motivos econômicos, deixá-lo


parar e resolver o problema por atendimento de emergência. Nesse caso, não signifi-
ca que a empresa adota a manutenção corretiva como procedimento único, mas sim
como recurso emergencial.

Mesmo em empresas que não podem ter emergências, às vezes, elas ocorrem com
resultados, geralmente, catastróficos. É o que ocorre, por exemplo, com as empresas
aéreas.

Nas empresas que convivem com emergências que podem redundar em desastres,
deve haver equipe muito especial de manutenção, cuja função é eliminar ou minimizar
essas emergências.

As emergências não ocorrem, elas são causadas. Eliminando a causa, não há emer-
gência.

Atendimento imediato

A manutenção corretiva presta atendimento imediato à produção, a sua equipe deve


estar sempre em um local específico para ser encontrada facilmente e atender, o mais
rápido possível, à produção.

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Como a equipe não sabe o local onde vai atuar, o usuário, com problema, deve soli-
citar o atendimento por algum meio rápido e eficiente, como, por exemplo, o telefone.
Porém, para efeitos de registro e estatística, o solicitante deve emitir um documento
contendo as seguintes informações:

o nome do equipamento;

a área onde está localizado o equipamento;

o horário em que o equipamento parou;

a data em que ocorreu o problema.

Um analista da equipe de manutenção corretiva atende a solicitação, verifica o que


deve ser feito e emite uma ficha de execução, conforme imagem 1, para sanar o pro-
blema.

Imagem 1 – Ficha de Execução

Fonte: ENEGEP (2018)

A parte da frente da ficha de execução contém vários campos para serem preenchi-
dos:

unidade ou área – indicar o local onde o equipamento está localizado;

data – indicar a data da ocorrência do problema;

equipamento – indicar o nome do equipamento;

conjunto e subconjunto – especificar o conjunto e o subconjunto do equipamento


que apresenta problema;

trabalho a realizar - especificar exatamente o que e onde fazer;

trabalho realizado - especificar o que e onde foi feito;

parada da produção – colocar o código 00 quando for emergência (serviço não-


programado) e o código 11 quando for preventiva (serviço programado);

natureza da avaria e causas da avaria – colocar os códigos correspondentes, de


acordo com as tabelas Natureza da avaria e Causas da avaria apresentadas a seguir.

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–Tabela 1 - Natureza da avaria

Natureza da avaria Código

Deslocamento do equipamento 00

Ruptura 01

Cisalhamento 02

Trinca 03

Esmagamento 04

Entalhe 05

Perfuração 06

Corrosão 07

Erosão 08

Oxidação 09

Engripamento 10

Estrangulamento 11

Entupimento 12

Descarrilhamento 13

Aquecimento 14

Desregulagem 15

Desaperto 16

Curto-circuito 30

Colamento 31

Perda de propriedades físicas 32

Perda de propriedades químicas 33

Perda de propriedades térmicas 34

Perda de propriedades elétricas 35

Fonte: ABRAMAN (2019)

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–Tabela 2 - Causas da avaria

Causas da avaria Código

Introdução de líquidos gordurosos exteriores ao equipamento 11

Introdução de líquidos não-gordurosos exteriores ao equipamento 12

Introdução de pó químico na máquina 15

Incrustação 16

Introdução de corpo sólido exterior à máquina 17

Falta de filtragem 18

Introdução de ar no sistema 19

Introdução de líquidos gordurosos procedentes da máquina 21

Introdução de líquidos não-gordurosos procedentes da máquina 22

Introdução de pó procedente da máquina 25

Introdução de corpo sólido 27

Influência da umidade 31

Influência da temperatura baixa 32

Influência de temperatura elevada 33

Atmosfera corrosiva 35

Desgaste excessivo 41

Falta de isolamento térmico 42

Abaixamento do solo 43

Modificações geométricas dos suportes 44

Ligação errada 49

Defeito de material 50

Erro de fabricação 51

Peça de reposição não-adequada 52

Erro de concepção 53

Defeito de montagem 54

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Má ajustagem 55

Manobra errada da operação 56

Falta de limpeza 60

Excesso de carga 61

Desaperto 62

Falta de lubrificação 72

Choques 73

Vibração anormal 74

Atrito 75

Fonte: ABRAMAN (2019)

As relações de natureza e causas das avarias das duas tabelas não são definitivas.
Elas podem e devem ser ampliadas. Salientemos que para colocar o código de na-
tureza e causas das avarias é necessário analisar profundamente o problema, pois
existe sempre uma causa fundamental. Às vezes, uma natureza de avaria pode vir a
ser causa para outro tipo de natureza de avaria.

Reflita

Por exemplo, o desgaste de um eixo.


Temos como natureza o desgaste do eixo e como causa do desgaste a falta de lubrificação,
porém, o que causou a falta de lubrificação?

Observe, a seguir, o verso da ficha de execução.

Imagem 2 – Ficha de Execução

Ficha de Execução
Chapa Data Início Término Duração

Fonte: ENEGEP (2018)

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O verso da ficha de execução contém os seguintes campos para serem preenchidos:

chapa – de identificação do funcionário;

data – da ocorrência do trabalho;

início, término e duração - da ocorrência do trabalho.

Os campos “data”, “início”, “término” e “duração” do trabalho na primeira linha do


verso apresentarão apenas eventos previstos. Somente a partir da segunda linha é
que apresentarão eventos realizados, de acordo com o desenvolvimento do trabalho.

Após a execução do trabalho, somam-se os valores da coluna duração e transfere-se


o resultado obtido, das horas e dos dias, para o campo “trabalho realizado”, existente
na frente da ficha. Feito isso, a chefia coloca o visto, no respectivo campo da ficha,
para liberação do equipamento.

A equipe de manutenção, evidentemente, deve eliminar as emergências; porém, sem-


pre se preocupando em deixar o equipamento trabalhando dentro de suas caracterís-
ticas originais, de acordo com seu projeto de fabricação.

Relatório de avaria

Após o conserto e a liberação do equipamento para a produção, o analista da manu-


tenção corretiva é obrigado a enviar para o setor de Engenharia da Manutenção um
relatório de avaria. Nesse relatório o analista pode e deve sugerir alguma providência
ou modificação no projeto da máquina para que o tipo de avaria ocorrida e, no mo-
mento, solucionada, não venha a se repetir.

Abaixo apresentamos um modelo de relatório de avaria.

Imagem 3: Relatório de Avaria

Relatório de Avaria
Unidade____________________________________________________________________
Equipamento________________________________ Data_____________________________
Conjunto____________________________ Subconjunto_______________________________

Natureza da avaria_____________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Causa da avaria_______________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Sugestão____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

Fonte: ENEGEP (2018)

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O relatório de avaria contém os seguintes campos para serem preenchidos:

unidade - com o nome e código da área;

equipamento - com o nome e código;

conjunto - com o código;

subconjunto - com o código;

data - da ocorrência;

natureza da avaria - com código da tabela 1 e relato da ocorrência;

causa da avaria - com código da tabela 2 e relato da causa fundamental;

sugestão - indicação de alguma providência a ser tomada ou modificação no projeto.

É conveniente ressaltar que os modelos de ficha de execução e os modelos de rela-


tório de avaria mudam de empresa para empresa, bem como os códigos de natureza
da avaria e suas causas. Não há uma norma específica a respeito do assunto.

Resumo

A função logística da manutenção refere-se ao conjunto de


atividades que são executadas visando a manter o material na melhor
condição para emprego e,quando houver avarias, reconduzi-lo àquela
condição. Representa, ainda, um conjunto de ações sistemáticas
e procedimentos que visam a otimizar as condições originais dos
equipamentos, introduzindo melhorias para evitar a ocorrência ou
reincidência das falhas e reduzir os custos.

Na categoria de procedimentos de manutenção não-planejada,


comumente, inclui-se a manutenção corretiva. Essa manutenção
é a realizada em equipamento, máquina, dispositivo, ferramenta,
peça ou componente após apresentar falha ou defeito, restituindo o
funcionamento do item.

Como as ocorrências de emergência são inevitáveis, sempre há


necessidade de uma equipe preparada para a manutenção corretiva,
mesmo em empresas que adotam a manutenção preventiva.

A manutenção corretiva, mesmo prestando atendimento imediato,


deve gerar documentos de execução e relatório de serviços da
manutenção.

Este material foi confeccionado com base nas obras referenciadas abaixo.

ABRAMAN. A Situação da Manutenção no Brasil. Rio de Janeiro: Abraman, 2019.

CATTINI, Orlando. Derrubando os Mitos da Manutenção. São Paulo: STS, 1992.


MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Classificação Brasileira de Ocupações

50 Manutenção Industrial Este material foi organizado pelo professor Vilson Menegon Bristot. Todo o conteúdo nele inserido foi copilado de diversas fontes, dentre elas: artigos, apostilados, sites e outros. Ao final, apresentam-se as referências.
– CBO 2002. Disponível em: http://www.mtecbo.gov.br. Acesso em: 25 fev. 2019.

CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE MANUTENÇÃO, 4. A Manutenção


no Mundo Competitivo. Rio de Janeiro: IBP, 1987.

Encontro Nacional de Engenharia de Produção: ENEGEP/ ABEPRO, 2018. Disponível


em: http://www.abepro.org.br/ index.asp. Acesso em: 20 fev. 2019.

HIRANO, Hiroyuki. 5S na Prática. São Paulo: IMAN, 1994.

MIRSHAWKA, Victor, OLMEDO, Napoleão L. Manutenção – Combate aos custos


da não-eficácia – A vez do Brasil. São Paulo: Makron Books, 1993.

NEPOMUCENO, L. X. Técnicas de Manutenção Preditiva. São Paulo: Edgard Blü-


cher, 2002.

PINTO, Alan Kardec; XAVIER, Júlio Nassif. Manutenção: função estratégica. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 1998.

SENAI. Manutenção. In: TELECURSO 2000 – PROFISSIONALIZANTE – MECÂNICA.


São Paulo: Globo, 1995.

SENAI-SP. Administração da Manutenção. São Paulo: SENAI-SP, 2004.

TAKAHASHI, Yoshikazu, OSADA, Takashi. TPM/MPT: Manutenção Produtiva Total.


2 ed. São Paulo: IMAN, 2000.

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