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MEDIUNIDADE &
ESPIRITUALIDADE
Maísa Intelisano
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016
Maísa Intelisano
Embora o fenômeno de comunicação com o mundo dos espíritos seja tão antigo e tão disseminado e diver-
sificado quanto a própria humanidade, a palavra ‘médium’, com o significado que lhe atribuímos hoje, só foi
cunhada por Allan Kardec em 1861, quando da publicação de O Livro dos Médiuns, em que, no capítulo XIV,
no item 159, ele afirma:
“Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade
é inerente ao homem. Por isso mesmo, não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo
menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns.”
Tirada do mesmo termo em latim, a palavra ‘médium’ significa intermediário, aquele que está entre, que serve
de conexão ou meio de contato. E, para Kardec, na doutrina que chamou de Espiritismo, o termo passou a de-
signar todo aquele que serve de ‘meio’ de comunicação entre o mundo dos espíritos (‘mortos’ ou desencarnados)
e o mundo dos homens (‘vivos’ ou encarnados).
No entanto, mais adiante, no mesmo item, Kardec define, de forma mais clara, a quem, de fato, se deve aplicar
o termo ‘médium’:
“Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem ca-
racterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais
ou menos sensitiva.”
De acordo com Kardec, portanto, devem ser chamadas de médiuns somente aquelas pessoas que, de forma
mais intensa, ostensiva e clara, apresentam fenômenos que permitem a comunicação direta entre o mundo dos
espíritos e o mundo dos homens.
“Deve-se notar ainda que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns têm, geral-
mente, aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas
são as espécies de manifestações.”
A partir desse ponto, Kardec faz, então, extensa classificação da mediunidade, de acordo com os fenômenos que
presenciou, os médiuns que encontrou e os efeitos que observou. Embora muito detalhada, essa classificação,
no entanto, teve de se limitar aos conhecimentos da época e ao que Kardec pôde observar e registrar em seus
apenas 15 anos de estudos, realizados no fim do século XIX.
Hoje, mais de 150 anos depois da publicação de O Livro dos Médiuns, já podemos afirmar que a classificação
de Kardec se tornou imprecisa ou incompleta em relação aos médiuns e fenômenos que encontramos e ob-
servamos na prática mediúnica atual, pois alguns dos fenômenos e tipos de médiuns ali descritos já quase não
são mais vistos, ou mudaram bastante na forma como se apresentam, e, em contrapartida, vários fenômenos e
médiuns, hoje bastante comuns e facilmente observados em muitos grupos, não encontram ali sua descrição,
deixando no vazio muitas pessoas que, objeto de fenômenos que não compreendem e para os quais não encon-
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Ao longo dos quase 40 anos de minha própria prática mediúnica e mais de dez anos ministrando cursos de
orientação e formação de médiuns, recebi relatos e observei fenômenos que ainda não encontram, na literatura
especializada, seu registro e descrição, mas que são cada vez mais comuns entre aqueles que podemos chamar
de médiuns ou sensitivos.
Abaixo, nomeio e descrevo os mais comuns, de acordo com minha experiência e observação.
Mediunidade Olfativa
Capacidade de captar odores astrais, do plano mais sutil, que só o médium percebe e que, em geral, estão rela-
cionados à qualidade da energia do ambiente ou dos espíritos presentes.
Embora existam alguns relatos dessa faculdade em alguns livros, eles estão sempre relacionados a espíritos de
luz, mentores e amigos espirituais mais elevados, que costumam exalar perfumes e odores agradáveis bem ca-
racterísticos de sua presença, sendo possível, inclusive, identificá-los por esse meio.
No entanto, ambientes e espíritos em desequilíbrio também apresentam odores característicos, sempre desa-
gradáveis, os quais também podem ser percebidos pelos médiuns e usados para identificar espíritos ou determi-
nar suas condições emocionais, espirituais ou energéticas, e também para perceber condições de contaminação
energética em ambientes.
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Também já observei outros odores e até sabores astrais em manifestações mediúnicas, sempre relacionados a
situações muito específicas de alguns espíritos, como cheiro de comida, roupa passada, madeira natural, creoli-
na, produtos químicos (como num caso de resgate a espíritos que desencarnaram num acidente numa indústria
química), maconha ou cigarro. Essas percepções podem ser muito úteis num trabalho mediúnico e devem ser
sempre observadas e consideradas com atenção, para facilitar o atendimento e o encaminhamento de espíritos
em estado de perturbação.
Mediunidade Tátil
Capacidade de sentir e identificar, pelo tato físico, a presença de espíritos ou energias. As sensações podem ser
agradáveis ou desagradáveis, dependendo do grau de elevação ou perturbação em que estejam o espírito ou o
ambiente.
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2. Pressão externa na nuca, no peito, na testa, no alto da cabeça ou na região do estômago – ataque de espí-
rito desencarnado perturbado ou mal intencionado.
3. Suor frio – vampirismo energético, intencional ou não.
4. Dores de qualquer tipo – reflexo de dores sentidas por espíritos em sofrimento físico.
5. Pontadas – dolorosas ou não, relacionadas a ataques espirituais mal intencionados.
6. Calafrios – aproximação de entidade perturbada, em sofrimento ou mal intencionada.
Outras sensações mais específicas já foram observadas, positivas ou negativas, tais como tremores, enjoo, ton-
tura, arrepios, descargas pela coluna, choques na nuca, alterações no tato das mãos (pele aveludada, úmida ou
fria; formigamento). Essas sensações são neutras e devem ser analisadas em conjunto com outras percepções,
táteis ou não, para avaliar a qualidade das energias ou dos espíritos presentes.
Mediunidade de Empatia
Capacidade de captar aspectos emocionais, físicos e mentais, de pessoas, espíritos e ambientes, às vezes com
somatização. É uma variação mais ampla e completa da psicometria.
Nessa faculdade, o médium é capaz de perceber e interpretar sentimentos, emoções, sensações físicas e pen-
samentos de pessoas encarnadas e desencarnadas, de forma intensa e clara, como se fossem seus próprios. O
médium não incorpora, nem perde a consciência durante o fenômeno, e é capaz de expressar, demonstrar e
narrar, com precisão, o que está sentindo.
Pode vir acompanhada de imagens mentais, relativas ao espírito em atendimento, e modificações físicas e meta-
bólicas, como tremores, tonturas, taquicardia, enjoo, frio ou calor, espasmos, dores, falta de ar, tosse, contrações,
etc.
Na maioria das vezes, é usada para situações de assistência a encarnados e desencarnados, mas, eventualmente,
pode também se manifestar na percepção e identificação de entidades de luz.
Triangulação Mediúnica
Trata-se de a comunicação se dar, ao mesmo tempo, por dois médiuns diferentes, fenômeno muito útil em
grupos, tanto para a manifestação de espíritos de luz, como para o atendimento de espíritos em desequilíbrio.
Muitas vezes, a energia do espírito comunicante é muito elevada ou muito pesada para um médium só. Essa
energia é, então, ‘compartilhada’ por dois médiuns, para que a manifestação possa ocorrer de forma segura para
o médium por quem a entidade está se comunicando. Nesse caso, um dos médiuns transmite o conteúdo da
comunicação e o outro sente, manifesta e ‘drena’ os efeitos mentais, emocionais e energéticos da entidade, com-
plementando o quadro ou a mensagem.
Outras vezes, o conteúdo da manifestação não fica claro para o médium por quem está se dando a comunica-
ção e o segundo médium entra no circuito para ‘decodificar’ a mensagem, de forma que fique mais fácil de ser
transmitida pelo médium por quem está ocorrendo o fenômeno. Nesse caso, o segundo médium funciona como
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um ‘dicionário’ ou uma ‘biblioteca’, de onde saem informações adicionais que facilitam o entendimento para o
primeiro médium.
Em outras vezes ainda, o médium por quem a entidade deseja se comunicar não está em condições físicas,
emocionais ou energéticas de receber a comunicação. Nesse caso, é possível pedir a outro médium que ‘puxe’
a manifestação para si, com a ajuda do primeiro médium, evitando desgaste ou desequilíbrio desnecessários.
É a ‘incorporação’ fora do corpo físico, durante o desprendimento do sono, tanto de espíritos em desequilíbrio,
para assistência, como de espíritos elevados, para orientações, mensagens ou trabalhos.
Sabemos que nosso perispírito, embora muito mais sútil, é também composto de matéria. Sabemos também
que a densidade do perispírito depende do nível de consciência e maturidade espiritual do espírito, de forma
que há perispíritos mais e menos densos.
Sendo assim, da mesma forma que podemos ‘incorporar’ com nosso corpo de carne, podemos também ‘incor-
porar’, com o nosso corpo astral ou perispírito, espíritos que se encontram em padrões vibracionais diferentes
do nosso.
Muitos médiuns sonham que ‘incorporaram’ durante o sono. Mas não se trata de sonho e, sim, de atuação me-
diúnica legítima, vivida no plano espiritual. Espíritos perturbados são ‘incorporados’ para assistência. E espíri-
tos de luz são ‘incorporados’ para transmissão de mensagens e orientações. E, em ambos os casos, os médiuns
são auxiliados por mentores, que os orientam durante o fenômeno.
Acoplamento de formas-pensamento
Nesse caso, como não se trata de espírito, não há uma comunicação propriamente dita, não há diálogo ou inte-
ração, pois não há uma inteligência ou consciência se manifestando. O que se observa é que o médium assume
características corporais e energéticas da forma-pensamento, com se a ‘vestisse’, permitindo que seja gradativa-
mente desintegrada ou drenada para locais no astral onde a energia pode ser transformada.
‘Incorporação’ de espírito encarnado, em processo temporário de desprendimento do corpo físico, seja pelo
sono ou qualquer outro fator, inclusive coma ou outros problemas de saúde.
Quando uma pessoa sai do estado de vigília e o corpo perde a consciência, seu espírito se desprende e se
manifesta com o perispírito no plano astral, exatamente como qualquer espírito desencarnado, no fenômeno
conhecido como projeção astral, viagem astral ou projeção da consciência. A única diferença é que o espírito
encarnado mantém um vínculo energético com o corpo físico, conhecido nos meios espiritualistas como cordão
de prata, e os espíritos desencarnados ficam totalmente livres.
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Durante o desprendimento do corpo físico, é possível para o espírito encarnado ‘incorporar’ num médium tam-
bém encarnado durante um trabalho mediúnico, para atendimento e orientação. Como o afastamento do corpo
físico pode facilitar a compreensão e a percepção de determinados aspectos, bem como melhorar a absorção de
alguns tipos de energias, esse recurso pode ser usado para atendimentos a encarnados em estados de extremo
enfraquecimento físico ou perturbação.
Se pensarmos que o médium é uma ponte, uma conexão entre planos de padrões vibratórios diferentes, vere-
mos que é perfeitamente possível que o mesmo médium conecte dois espíritos que precisam se comunicar entre
si, mas se encontram muito distantes em termos de vibração.
Nesse caso, o médium funciona quase como um ‘telefone’, por onde ocorre o contato, o diálogo, a orientação.
Ele permanece consciente e acompanha toda a comunicação, colaborando com pensamentos e sentimentos
equilibrados, enquanto as duas entidades trocam impressões.
Em alguns casos, o médium pode manifestar o espírito em desequilíbrio, enquanto, ao mesmo tempo, fica
também sob a influência de um mentor ou espírito de luz, que orienta esse espírito.
Esse fenômeno é registrado também em rituais de Umbanda, onde médiuns podem receber o que é chamado
de entidades ‘cruzadas’. Nesse caso, a entidade que se manifesta é uma, mas o médium sente e trabalha também
sob a interferência de outra entidade ou energia. Isso acontece entre entidades de luz que precisam atuar em
conjunto num mesmo trabalho ou atendimento, para reforçar a energia ou somar qualidades que, às vezes, não
se encontram juntas numa única entidade.