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Ana Karina Medeiros Brito

O Olho e o espiríto- Merleau Ponty

Trabalho apresentado à Disciplina Pintura II


OPN - 5º Período - Escola Guignard -
Universidade do Estado de Minas Gerais
UEMG.

Professor Marco Paulo

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS-UEMG – ESCOLA GUIGNARD

Belo Horizonte

2020
O Olho e o espírito- Merleau Ponty, ​Prefácio

Logo no prefácio (escrito por Claude Lefort) um fator importante que


chama bastante atenção é o caminho percorrido pelo autor ao escrever
o tema : mesmo sendo uma área de pesquisa realizada há anos ele
decide "resetar" o conteúdo em sua mente recomeçado do zero .

Observamos sua visão do artista e sua relação com o mundo além disso
contamos com a principal fonte de conhecimento do autor do livro :
Husserl , quando a convicção de que os conceitos filosóficos devem ser
reformulados ,dito assim é isso que se passa no livro , uma crítica
moderna atrelada a meditação sobre a pintura .

Claude destaca a seguinte frase "[...]essa filosofia por fazer é a que


anima o pintor ,não quando exprime opiniões sobre o mundo , mas o
instante em que sua visão se faz gesto ,quando ,dirá Cézanne , ele
'pensa por meio da pintura' " , no entanto diante desta afirmação,
contudo o que ressalto é a primeira vez que vejo alguém citar o fazer
por fazer e naturalizar isso ,pois muitas vezes é visto como 'errado" .
quando se fala em arte e em construir uma narrativa artística a principal
questão é o tal "proposito de arte " ou uma "causa específica" ,o
engajamento social enquanto artista

Capítulo I

Merlau inicia uma reflexão a respeito da ciência e de como ela faz parte
da vida ‘’como se tudo o que existiu ou existe jamais tivesse existido
senão para entrar no laboratório’’ elaborando uma teia de raciocínio
entre o ser humano e a ciência em meio a diversidade : ela traz uma
limitação robótica , diante da interpretação deste capítulo percebo que a
interpretação do autor sob a ciência apesar de ter seu lado positivo
(como por exemplo exercer o pensar ) ela por si só acaba de encaixotar
o ser humano .

Na parte II ele começa a desenvolver ideia de corpo , olho e pintor , por


isso no início vemos o termo ciência ser explorado , já aqui começamos
a ver uma relação entre corpo , e o homem , mas principalmente
chegando ao foco principal ao olho e o espírito.

Ponty introduz a ideia de corpo na pintura no sentido de mobilidade ,


movimento diante os gestos realizados ‘’Todos os meus deslocamentos
figuram num canto de minha paisagem, estão reportados ao mapa
visível’’ .

Passamos então aos olhos para ele o importante é ato de olhar mas não
somente o olho no sentido biológico , algo mais além , o olhar no
sentido afetivo quando acrescido do toque , do corpo , da conexão ‘’
uma espécie de recruzamento , quando se acende a faísca do senciente
-sensível,quando se inflama que não cessará de queimar ‘’

Nessas primeiras impressões do livro acarreta uma narrativa complexa


e muito poética considero até mesmo enigmática , parece que o
processo entre ler interpretar é mais lento devido ao ‘’decifrar’’ que
acontece durante a leitura e isso fica evidente ao debater entre olho e
pintura : ‘’ o olho é aquilo que foi sensibilizado por um certo impacto do
mundo e o restitui ao visível pelos traços da mão ‘’ .

Sobretudo na parte III ( a mais longa de todo o capítulo) explora o ato da


visão e a relação dela com a pintura ‘A visão não é a metamorfose das
coisas mesmas em sua visão’ , ‘É um pensamento que decifra
estritamente os signos dado no corpo’ , interpreto que a visão é o fator
dominante da pintura , e que o pintor ao realizar a sua obra traduz um
sonho para a realidade pois afinal , luz , sombra , contraste , são
manifestações que a olho nu são integradas e não percebemos
diretamente , por isso o sonho , o imaginário , ao materializar precisa-se
de algo consistente e prático : ‘teoria da pintura é metafísica’ .

‘ O quadro é uma coisa plana que nos oferece artificiosamente o que


veríamos em presença de coisas ‘ diversamente reveladas’ , o
desdobramento da parte III se dá pela exploração do conceito de
verdade e ilusão entre ‘enxergar a realidade e traduzi-la’ além de outras
questões como perspectiva , profundidade ,ângulo e o vital :pensamento
e visão .
Já na parte IV , a protagonista é a profundidade cria-se uma relação
com a história da arte : Klee , Robert Delaunay,Da vinci, Cézanne
(frequentemente) são nomes citados ,essa relação com a história da
arte retrata o que os pintores veem sempre buscando em sua obra e
que ,acaba por ser uma busca interminável e aperfeiçoada ao longo do
tempo. A um dado momento entramos no assunto cor , estando como
antagonista neste momento .

Finalizando na parte V , ainda no mesmo formato da IV , explorando


nomes artísticas ele ainda entra numa indagação da evolução enquanto
pintura : evoluir ao longo do tempo , talvez não , pois dados momentos
cada criação retrata uma nova significância enquanto sua existência.

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