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Diversas teorias circundam o tema da formação da classe operária e da consciência dessa

classe, essas reflexões se darão a partir da reflexão do fenômeno da Revolução Industrial, na


qual estava contido o projeto de diminuição progressiva dos salários e da postura do Estado
em relação aos trabalhadores, que instaurou uma espécie de autoritarismo, representado que
serviam efetivamente contra as reinvindicações dos trabalhadores e consequentemente,
apresentava um disciplinamento destes.
Thompson, historiador inglês marxista, entende que a formação da classe operária se dá
através da compreensão de que há uma integração de interesses e experiências através das
lutas históricas, o que gera um sentimento de pertencimento, o início de uma consciência de
classe. Dessa forma, articulam os seus interesses entre si e formam um embate com os
homens que tem interesses distintos. Isso se dá, exemplificando, justamente com os
surgimentos das fábricas inglesas, pois surge uma classe operária nova, relações sociais
novas, novos hábitos e a identificação própria deles. Porém, o autor na verdade entende que
isso não é espontaneamente gerado pelo sistema fabril, mas ao mesmo tempo não entende
uma força exterior agindo na vida desses trabalhadores ingleses.
Como explicitado anteriormente, a consciência de classe surge quando há o entendimento
dessa exploração sofrida, passando a reconhecer-se como iguais e a reivindicar seus direitos e
por mais que diversas demandas desses trabalhadores não fossem atendidas, eles sofressem
repressões pelas autoridades, a experiência adquirida por eles faz com que haja um
amadurecimento da classe operária, um amadurecimento da consciência de classe.
Ele compreende que há também uma forte influência das técnicas de alfabetização, que ao
longo do tempo veio amadurecer essa consciência, de forma que se estabeleceu como um
forte movimento, de forma que as ideias, as articulações se faziam cada vez mais presentes
com a alfabetização das pessoas comuns, dando à classe operária um verdadeiro sentido
político. Ou seja, cada vez mais a classe operária está no seu fazer, principalmente quando a
consciência dessas identidades se exprime nos sindicatos, na organização desses interesses
para o cumprimento de suas demandas, ainda que houvessem outras classes que se opusessem
diretamente ao proletariado.
Hobsbawm, por outro lado entende que as classes operárias britânicas são fragmentárias,
vagas e problemáticas e que não é possível no final do século XVIII já observar a formação
dessa classe operária inglesa, enxergando como precoce o conceito de classe operária, pois ao
olhar o cenário como um todo, ele entende que muito dos elementos que estiveram compondo
o estilo de vida, a cultura e a articulação operária se consolidaram por volta de 1880.
Ele dialoga com Thompsom quando enxerga que muito importante para o delineamento da
classe operária britânica foi o cartismo com suas mobilizações de massa, bem como as ações
do Workers Party. As décadas intermediárias desses fatos, para Hobsbawm, são cruciais para
a formação da cultura da futura classe operária em três sentidos: elas ensinaram os
trabalhadores que o capital era nacional, nelas se definiram um padrão de uma Grã Bretanha
industrial da fábrica mecanizada, da mina, da fundição, do estaleiro e da ferrovia e, por fim,
ocorre o surgimento da estratificação, ou seja, um elemento característico da classe operária.
Eric Hobsbawm entende que a cultura da classe operária torna-se dominante na década de
1880 refletindo a nova economia industrial e ao aumento dos salários médios reais, se
contrapondo a ideia de que já havia em 1830 uma nítida consciência de classe. Ele entende
que isso se possibilitou dessa forma pois fatores afetaram as condições materiais da vida dos
trabalhadores após 1870, como por exemplo a queda do custo de vida durante a grande
depressão, fazendo com que houvesse um aperfeiçoamento do padrão de vida dos
trabalhadores e eles passassem a cada vez mais se segregar pelo estilo de vida. Começou a
existir na verdade um padrão das práticas e culturas desses trabalhadores que passaram a ir em
mesmos bares, utilizarem as mesmas roupas, consumirem os mesmos meios de mídia, ou seja,
tudo isso passou a ser uma percepção de uma classe operária e aí se deu a consciência de
classe.
Os dois teóricos levam a refletir sobre a consciência de classe na contemporaneidade, visto
que há uma sintomática consciência distorcida principalmente de uma classe média, que ao
ver a ascensão e inserção de pessoas anteriormente numa outra classe à classe média, se
contrapõe de forma veemente. A falta de consciência de classe, de identificação com os seus
pares provoca na verdade a dissolução das demandas mais importantes que precisam ser
cumpridas e abrem margem para a supressão até mesmo de direitos garantidos. Pois, um
membro da classe média, por exemplo, prefere não conquistar um bem do que ver o outro
com o poder de conquista-lo também e isso atrasa a conquista de direitos à massa como um
todo.
Dessa forma, se faz muito importante o resgate desses teóricos sobre a formação de uma
consciência de classe, tais quais nos mostram a necessidade sobre as relações e confrontos de
classe, de luta e da formação das classes sociais.

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