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ISSN: 2527-1288

Recebido em: 12/07/2020 Aceito em: 12/01/2021


Como citar: Souza, D. C. de, Honorato, E. J. S., Beiras, A. (2021). Discriminação contra homossexuais no mercado de
trabalho: revisão da literatura. PSI UNISC, 5(1), 127-143. doi: 10.17058/psiunisc.v5i1.15452

Discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho: revisão da


literatura
Discriminación contra homosexuales en el mercado laboral: revisión de la literatura

Discrimination against homosexuals in the labor market: literature review

Daniel Cerdeira de Souza


Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis - SC/Brasil
ORCID: 0000-0002-2446-8244
E-mail: dancerdeira01@gmail.com

Eduardo Jorge Sant'Ana Honorato


Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Boca do Acre - AM/Brasil
ORCID: 0000-0003-4706-0185
E-mail: eduhonorato@hotmail.com

Adriano Beiras
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis - SC/Brasil
ORCID: 0000-0002-1388-9326
E-mail: adrianobe@gmail.com

Resumo
O trabalho é central na organização da vida em sociedade, mas o acesso ao mercado e a permanência no emprego possuem
atravessamentos que vão além de questões econômicas. Nesse sentido, o objetivo deste foi analisar a literatura sobre a
discriminação vivenciada por homossexuais no mercado de trabalho. Metodologicamente, foram analisados 12 artigos
colhidos do Portal Periódicos CAPES, publicados entre 2014 e 2019, que foram analisados em dois momentos:
primeiramente de forma descritiva através da elaboração de um instrumento de pesquisa e após, a partir da Análise de
Conteúdo. Os resultados foram compilados em 6 categorias, sendo: 1) Formas de Discriminação; 2) Discriminações
interseccionadas; 3) A identidade homossexual; 4) Remuneração; 5) Profissões específicas para gays e lésbicas; 6) Inclusão
e políticas de gestão da diversidade, que discutiram que homossexuais são expostos a diversas formas de discriminação no
mercado de trabalho, o que piora quando o homossexual não performatiza o gênero tido como natural para o seu sexo. As
políticas de gestão da diversidade funcionam muito mais como uma forma de melhorar a imagem da empresa na sociedade
do que uma forma de criar um ambiente de igualdade de oportunidades.

Palavras-chaves: Homossexualidade; Mercado de trabalho; Gênero; Discriminação; Emprego.

Resumen La identidad homosexual; 4) Remuneración; 5)


El trabajo es fundamental para la organización de la vida Profesiones específicas para gays y lesbianas; 6)
en sociedad, pero el acceso al mercado y la permanencia Inclusión y políticas de gestión de la diversidad, que
en el empleo tiene intersecciones que van más allá de las discutieron que los homosexuales están expuestos a
cuestiones económicas. En este sentido, el objetivo de diversas formas de discriminación en el mercado laboral,
este estudio fue analizar la literatura sobre lo que empeora cuando el homosexual no realiza el
discriminación experimentada por los homosexuales en género considerado natural para su sexo. Las políticas de
el mercado laboral. Metodológicamente, fueron gestión de la diversidad funcionan mucho más como una
estudiados 12 artículos recopilados del Portal Periódicos forma de mejorar la imagen de la empresa en la sociedad
CAPES, publicados entre 2014 y 2019, analizados en dos de que crear un entorno de igualdad de oportunidades.
momentos: primero de manera descriptiva por medio de
la elaboración de un instrumento de investigación y Palabras clave: Homosexualidad; Mercado de trabajo;
luego, desde el Análisis de Contenido. Los resultados se Género; Discriminación; Trabajo.
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compilaron en 6 categorías: 1) Formas de


discriminación; 2) discriminaciones interseccionadas; 3)

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Discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho: revisão da literatura

Abstract intersected discriminations; 3) The homosexual identity;


The profession/occupation is central to the organization 4) Compensation/payment; 5) Professions specific to
of life in society, but access to the market and gays and lesbians? 6) Inclusion and diversity
permanence in employment have junctions that go management policies discussed that homosexuals are
beyond economic issues. This study's objective was to exposed to various forms of discrimination in the labor
analyze the literature on discrimination experienced by market, which worsens when they do not perform the
homosexuals in the labor market. Methodologically, 12 gender considered natural for their biological sex.
articles collected from the Portal Periódicos CAPES Diversity management policies work much more to
were published between 2014 and 2019, which we improve the company's image in society and do not
analyzed in two moments: first in a descriptive way create an environment of equal opportunities.
through the elaboration of a research instrument and
then, using the Content Analysis. The results were Keywords: Homosexuality; Labour market; Genre;
compiled in 6 categories: 1) Forms of Discrimination; 2) Discrimination; Job.

_________________________________________________________________________________________________

Introdução pessoal (Silva & Tolfo, 2012), quanto pode


também ser fonte de adoecimento (Martins &
De maneira geral, o trabalho1 possui um Pinheiro, 2006).
aspecto central na organização da vida do
sujeito. Por meio dele obtém-se oportunidades Entendendo a dimensão e importância
de construir sua identidade, ter suporte social, do trabalho no contexto social, com um olhar
encontrar um propósito ao qual valha a pena se mais atento, podemos observar que o acesso e
dedicar, despender tempo de modo relevante, permanência no mercado de trabalho pode não
encontrar desafios, adquirir status, obter renda, ser dado em condições de equidade a todas as
etc (Zanelli, Calzaretta, García, Lipp, & pessoas. Há determinados grupos sociais que
Chambel, 2010), mas também envolve questões têm o acesso dificultado ao mercado de
para além da subsistência material, pois mesmo trabalho e quando o conseguem, as
se fosse obtido recurso para viver experiências vivenciadas nesse contexto podem
confortavelmente pelo resto da vida, muitos não ser das mais agradáveis, dentre esses
ainda continuariam trabalhando, ainda que sob grupos, destacamos as pessoas homossexuais.
aspectos e condições diferentes, por motivos Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi
como: sentir-se útil, evitar o vazio existencial e analisar a literatura publicada no formato de
ter um objetivo ou causa considerada válida na artigos científicos sobre a discriminação contra
vida (Silva & Tolfo, 2012). homossexuais no mercado de trabalho.
O trabalho possui, então, extrema Rubin (2003) discute que o sistema
relevância para motivação e satisfação das sexo/gênero serve como um dispositivo para
pessoas, constituindo-se em atividade controlar e disciplinar a organização social.
exclusivamente humana direcionada para uma Com isso, o mesmo pode funcionar como uma
finalidade. Um conjunto de ações com um tecnologia que auxilia a subordinação de
significado próprio de transformação do homossexuais aos heterossexuais a partir da
homem e da natureza, dependendo de questões heteronormatividade, que é definida por uma
pessoais e sociais (Pereira, Del Prette & Del norma compulsória à heterossexualidade,
Prette 2008), podendo ser fonte de felicidade, estando apoiada na ligação linear entre sexo,
saúde e auto-realização humana, implicando gênero e expressão da sexualidade (Louro,
em encontrar propósitos válidos que confiram 2000). Nessa perspectiva, a partir dos sexos
sentido à existência humana nos planos de vida biológicos (macho/fêmea) se convencionaram

1
Neste estudo, tratamos especificamente do trabalho
remunerado, caracterizado pela venda da mão de obra
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regulamentada por políticas de Estado que norteiam as


relações trabalhistas (Zanelli, Borges-Andrade & Bastos,
2014).

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expressões de gênero (masculina/feminina), vivenciarem discriminações por romperem


das quais derivariam orientações sexuais com o modelo heterossexual, por terem sua
(hétero/homossexual). Ou seja, há a imposição sexualidade reprimida ao longo da história,
de uma linearidade/congruência entre sexo passam por um tipo de invisibilidade sócio-
biológico, gênero e expressão da sexualidade, sexual, tendo sua lesbianeidade fetichizada
que deve ser necessariamente heterossexual, para atender aos desejos masculinos, além de
sendo que essas categorias mantêm uma terem que lidar com as desigualdades baseadas
relação de complementaridade umas com as em gênero. Ademais, a base das discriminações
outras (Costa & Nardi, 2015). contra esses sujeitos encontra respaldo nos
signos judaico-cristãos dispostos na sociedade
Historicamente, essa norma se ocidental (Louro, 2000).
estabeleceu para controlar as condutas ditas
“normais”, baseada em relações de poder, em O termo homofobia é utilizado para a
que a referência está pautada no homem conceitualização da violência e discriminação
heterossexual, branco, cristão, urbano e de contra indivíduos homossexuais. O conceito foi
classe média. Todos aqueles que não se inicialmente trabalhado por George Weinberg
encaixam neste padrão são denominados na década de 1970 e foi definido como o pavor
“outros” e que serão definidos em contraponto de estar próximo a homossexuais e no caso dos
ao modelo. Por subverterem a linearidade próprios homossexuais, a auto aversão. O
sexo/gênero/expressão da sexualidade conceito objetivava situar a discriminação
heterossexual, homossexuais muitas vezes são contra homossexuais no campo médico da
tidos como pessoas a margem da sociedade, patologia, a partir da ideia de fobia. Mas neste
passíveis de correções (tratamentos médicos, estudo, fugindo dos reducionismos
psicológicos e afins) que os trariam de volta à essencialistas, o conceito será utilizado como
heteronorma ou mesmo discriminações que os força política para designar o preconceito e
tornariam corpos matáveis (Butler, 2003). discriminação contra pessoas não-
heterossexuais e a tudo que faz alusão a não-
Mott (2001) afirma que homossexuais heterossexualidade (Costa & Nardi, 2015).
são uma das minorias mais passíveis de
discriminação devido ao caráter revolucionário Entre os tipos de homofobia, pode-se
e desestabilizador da harmonia heterossexual apontar a institucional, ou seja, formas pelas
na sociedade que os mesmos causam, pois ao quais instituições discriminam pessoas em
contrário dos negros, mulheres, pessoas com função de sua orientação sexual ou identidade
deficiência e outras minorias, que são de gênero presumida. E também os crimes de
discriminados e estigmatizados pelas suas ódio de caráter homofóbico, ou seja, violências,
características físicas e mentais, homossexuais tipificadas pelo código penal brasileiro,
o são pela percepção social de um desvio de cometidas em função da orientação sexual ou
conduta moral, que comprometeria seus identidade de gênero presumida da vítima. A
desempenhos em diversos contextos. homofobia presente na estrutura da sociedade
brasileira vitimiza não apenas a população
Mas a discriminação não atinge aos LGBT*2, cujas oportunidades são limitadas
gays e lésbicas da mesma forma. Homens gays pelo preconceito, mas qualquer indivíduo em
passam por discriminação, dentre outros que a identidade de gênero seja percebida como
motivos, devido ao rompimento com o projeto diferente da heterossexual, pois ao longo dos
de masculinidade tradicional disposto na
sociedade, enquanto mulheres lésbicas, além de

2
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais,
sigla padronizada na 1º Conferência Nacional LGBT no
ano de 2008 em Brasília. O símbolo “*” tem por objetivo
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deixar a sigla aberta, para abranger demais identidades


possivelmente não contempladas.

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anos a homofobia tem se institucionalizado na importante ressaltar que todas as formas de


cultura e na política (Brasil, 2016). discriminação ou assédio, mesmo que não
expressas diretamente, estão contempladas na
A discriminação contra esse público Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), ou
pode ocorrer de diversas formas e em diversos seja, mesmo que não haja especificamente
locais. Uma pesquisa realizada pela pontos sobre homofobia apontados na CLT, é
Organização das Nações Unidas para a possível enquadrá-la pela tipologia do crime,
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no tal como assédio moral. O grande ponto aqui é
Brasil, revelou que 25% dos estudantes que as demandas que chegam à justiça do
pesquisados não gostariam de ter um colega de trabalho referentes a essa questão dependem do
classe homossexual (resposta majoritariamente bom senso e abertura subjetiva a diversidade
emitida por estudantes do sexo masculino) sexual do operador de direito responsável pelo
(Castro, Abramovay & Silva, 2004). caso. Tendo essas questões em vista, surgiram
as provocações que serviram de motivação para
De acordo com Souza, Coelho, Martins
conhecer as discriminações vividas por
e Honorato (2018), a partir de 2011, dados
homossexuais no mercado de trabalho.
violações de direitos contra LGBTs foram
registrados a partir do Disk Direitos Humanos Assim, questiona-se: Como a literatura
no Brasil (DISK 100), sendo que nesse mesmo publicada no formato de artigos científicos tem
ano houve 1159 denúncias, em 2012 foram discutido a discriminação vivenciada por
3031, em 2013 foram 1695, em 2014 as homossexuais no mercado de trabalho? O passo
denúncias somaram 1013, em 2015 foram a passo da revisão será descrito a seguir.
reportados 1983 denúncias, já em 2016 foram
1876 violações denunciadas e em 2017 a Metodologia
quantidade de denúncias foi de 1720. Os tipos
de violações perpassaram por violência física, Este estudo corresponde a uma revisão
psicológica, moral, patrimonial e sexual. Os bibliográfica integrativa de caráter qualitativo,
mesmos autores discorrem que o perfil da que consiste em uma ampla análise de
população LGBT mais vitimizada é de jovens literatura, trabalhando com dados teóricos e
pretos e pardos, do sexo biológico masculino, empíricos, que objetiva compreender um
gays e também pessoas travestis/transexuais. determinado fenômeno a partir de estudos
anteriores, a revisar teorias e evidências e a
Vale ainda destacar que o Supremo analisar problemas metodológicos, dentre
Tribunal Federal (STF) determinou no dia 13 outros, de um tópico particular. A metodologia
de junho de 2019, que a discriminação por seguirá o proposto por Whittemore & Knafl
orientação sexual e identidade de gênero passe (2005), uma vez que propõem a inclusão tanto
a ser considerada um crime no Brasil, de estudos experimentais como não
determinando que a conduta passe a ser punida experimentais, mais adequado ao objeto de
pela Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê estudo em questão. Segundo as autoras, a
crimes de discriminação ou preconceito por revisão integrativa deve seguir os seguintes
“raça, cor, etnia, religião e procedência passos:
nacional”3.
1) Identificação do problema: O
Ainda assim, com esse avanço no objetivo da pesquisa em uma revisão
combate a discriminação, de acordo com integrativa facilitará a capacidade de
Gonçalves (2014), não há legislação específica operacionalizar com precisão variáveis e assim
no Brasil para a discriminação no mercado de extrair dados apropriados de fontes primárias,
trabalho baseada em orientação sexual, mas é
130

3
Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2019-jun-
13/stf-reconhece-criminalizacao-homofobia-lei-racismo
. Acesso em 02 de jan. de 2020 >

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assim, o objetivo desta revisão é foi Dessa forma, no Portal Periódicos


compreender a discriminação vivida por CAPES foram coletados 285 resultados, sendo:
homossexuais no mercado de trabalho. a partir da aplicação dos descritores
“homofobia e mercado de trabalho” em língua
2) O segundo passo corresponde a portuguesa emergiram 87 resultados e 50 foram
coleta dos dados, onde toda literatura relevante coletados, seguindo o critério de relevância da
sobre o tema de análise será incluída. Dessa CAPES. Com os descritores em língua
forma, os passos da coleta neste estudo espanhola (La Homofobia y el Mercado
iniciaram-se na definição dos descritores de Laboral), emergiram 39 resultados e todos
busca, sendo “homofobia” e “homossexuais” e foram coletados por estarem dentro do critério
“mercado de trabalho” onde todos estes foram de relevância da base. Já com a aplicação dos
validados nos Descritores da Biblioteca Virtual descritores em língua inglesa (Homophobia
de Saúde (Dec’s BVS). Os descritores foram and The Labor Market), foram encontrados 845
combinados da seguinte forma: “homossexuais resultados, onde os 50 primeiros foram
AND mercado de trabalho” e “homofobia AND colhidos seguindo o critério de relevância da
mercado de trabalho”. A base de dados de CAPES.
coleta foi o Portal Periódicos CAPES, a mesma
foi escolhida pelo seu caráter integrador no Com a aplicação dos descritores
acesso a periódicos científicos no Brasil, sendo “Homossexuais e o Mercado de Trabalho” em
um dos principais buscadores de artigos no língua portuguesa, emergiram 146 resultados,
país, pois o portal engloba diversas bases de onde os 50 primeiros foram coletados. Com os
dados. A coleta foi realizada entre os dias 5 e 7 descritores em língua espanhola (La
de maio de 2020. homossexualidad y el Mercado Laboral),
emergiram 46 resultados, todos coletados. Já
Os critérios de inclusão adotados foram: com a aplicação dos descritores em língua
Artigos publicados em revistas indexadas sobre inglesa (Homosexuals and the Labor Market)
o tema da pesquisa, publicados nas línguas emergiram 645 resultados, onde os 50
portuguesa, inglesa e espanhola (os descritores primeiros foram coletados.
foram devidamente traduzidos para espanhol e
inglês no momento da coleta), entre janeiro de 3) O terceiro passo correspondeu a
2014 a dezembro de 2019, dentro do critério de avaliação dos dados coletados. Assim, os 285
relevância da base (os 50 primeiros resultados). resultados coletados foram descritos em uma
Utilizamos o critério de relevância da CAPES planilha do Microsoft Excel para serem
por conta da grande quantidade de manuscritos tratados e organizados inicialmente. Dessa
presentes no portal, sendo que, devido a maneira, nessa etapa, foram excluídos os
problemas de indexação, muitos manuscritos resultados que não estavam no formato de
podem não corresponder ao tema deste estudo. artigos científicos, mas que estavam indexados
Assim, o critério de relevância, ao trabalhar nas bases. Assim, foram excluídos aqui 27
com os 50 resultados mais relevantes (mais resultados (6 resenhas; 3 livros; 5 artigos de
citados), nos permitiu uma coleta com melhor jornal, 1 tese, 8 editoriais e 4 entrevistas). Após,
qualidade, otimizando o tempo dos autores. foram excluídos 52 artigos que estavam
repetidos na base. Dessa forma, restaram então
Como critérios de exclusão, removemos 206 artigos dos quais foram lidos os títulos e
outras formas de publicação (artigos de jornal, resumos para o terceiro recorte e exclusão
artigos de anais de eventos, artigos de jornais e daqueles que não apontavam para o objetivo
outros veículos midiáticos não científicos, deste trabalho. Nessa etapa, 189 artigos foram
livros, dissertações, tese, editoriais, resenhas e excluídos.
afins), artigos publicados fora da temporalidade
especificada e em línguas diferentes das já 4) A quarta etapa diz respeito à análise
citadas. e interpretação dos dados: Para essa, restaram
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17 artigos, os quais passaram por leitura

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completa. Para apoio na leitura, foi elaborado artigos, por não contemplarem o tema deste
um instrumento, chamado “protocolo de RI”, estudo.
que nos auxiliou na análise descritiva inicial
dos artigos. Este protocolo baseia-se no estudo A amostra final desta revisão foi
de Evans e Pearson (2001) e conteve: a composta então, por 12 artigos e para analisar
pergunta da revisão, os critérios de inclusão e os dados extraídos destes, foi utilizada a técnica
as estratégias de busca, assim descritos: i) a de Análise de Conteúdo. Esse procedimento
identificação (título do artigo, título da revista organiza-se em três fases, segundo Bardin
em que foi publicado o artigo, área do (2011): I) Pré-Análise: É a organização de
periódico, base de dados, ano e autores e país todos os materiais utilizados na coleta dos
da publicação); ii) metodologia do estudo; iii) dados (correspondente a organização e leitura
as principais considerações/resultados e dos artigos no protocolo). II) Exploração do
pergunta da pesquisa e iv) um campo para que Material: que consiste nas operações de
se justifique caso o estudo seja excluído da codificação em função das regras que já foram
amostra final. Após a análise, o revisor deu seu previamente formuladas (após a leitura no
parecer de “selecionado” ou “não selecionado” protocolo, criou-se as categorias). III)
para cada artigo, seguindo o critério de Tratamento dos resultados: É a fase de análise
relevância do estudo para a amostra e se o propriamente dita, onde os resultados brutos
mesmo contemplava a temática proposta de serão tratados de maneira a serem significativos
forma integral. Nessa etapa foram excluídos 5 (discussão dos dados). A representação da
coleta pode ser vista no fluxograma 1, a seguir:
Fluxograma 1
Coleta de artigos da revisão.

Fase 1: Identificação do Compreender a discriminação vivida por homossexuais no mercado


problema de trabalho.

Descritores: homofobia/homossexuais/mercado de trabalho


Base de Busca: Portal Periódicos CAPES

Critérios de Inclusão: Artigos Critérios de exclusão, outras


publicados em revistas formas de publicação (artigos de
Fase 2: Coleta de dados indexadas, publicados nas jornal, artigos de anais de
línguas portuguesa, inglesa e eventos, artigos de jornais e
espanhola, entre janeiro de 2014 outros veículos midiáticos não
a dezembro de 2019, dentro do científicos, e afins), artigos fora
critério de relevância da base (os da temporalidade especificada e
50 primeiros resultados). em outras línguas.

100 artigos 85 artigos 100 artigos


coletados em coletados em coletados em
português espanhol inglês

189 5 exclusões:
Fase 3: Avaliação inicial 52 exclusões:
27 exclusões: exclusões: leitura
dos dados repetidos na
fora do formato leitura dos completa dos
base
resumos artigos

Fase 4: análise integral 12 artigos submetidos a Análise de Consteúdo (Bardin, 2011)


dos artigos

Nota. Revisão da literatura


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Visão crítica da história da loucura na formação em Psicologia

Resultados e discussões Canadá com 2 publicações e após, Portugal e


EUA seguiram com uma publicação cada.
Como resultados, descrevemos a seguir Quanto aos anos das publicações, 2 artigos
as características de cada artigo selecionado na foram publicados em 2014, 4 em 2015, 2 em
amostra desta revisão. Quanto ao idioma no 2016, 3 em 2017, 1 em 2019 e não emergiram
qual os artigos foram publicados, 9 foram em publicações dentro das delimitações do estudo
língua portuguesa, 3 em língua inglesa e não foi no ano de 2018. As áreas dos periódicos foram:
encontrado nenhum artigo em língua Ciências Sociais Aplicadas, Psicologia,
espanhola. Quanto aos países das publicações, Administração, Sociologia e a área
o Brasil emergiu com 8 publicações, seguido do Interdisciplinar. O quadro 1, a seguir mostra os
artigos analisados:
Quadro 1
Artigos analisados
Artigo Revista/Ano/Pais Método Autores
Revista Borges: Ciências
Homofobia nas organizações e a Revisão Fabian Artur da Silva e
Sociais Aplicada/
legislação aplicada Narrativa Adriana Bainha
2016/Brasil
Mercado colorido: percepções de gays Revista Gestão & Breno Ferreira; Ana
sobre o mercado de trabalho de Teresina- Saúde/2015/Brasil Qualitativo Beatriz Laurindo Souza;
PI. Liliane Leite Moreira
Orientação sexual e inclusão: um estudo Revista de Elaine Bastos; Marcelo
de caso em organização varejista de Psicologia/2016/Brasil Qualitativo Pinheiro; Tereza Cristina
Fortaleza. Batista de Lima
Homofobia, discriminação e produção de Revista Ricardo Henry Dias
subjetividades: um estudo com pessoas Periódicus/2015/Brasil Qualitativo Rohm; Samira Loreto
homossexuais em empresas do RJ Edilberto Pompeu
Trabalho, Violência e Sexualidade:
Revista de Administração Alexandre de Pádua
Estudo de Lésbicas, Travestis e
Contemporânea/2014/ Qualitativo Carrieri; Eloisio de Souza;
Transexuais
Brasil Ana Camillo Aguiar
A vida sexual sob prova: impactos da
Sociologia: Problemas e
vida profissional na construção da Qualitativo Verónica Policarpo
Práticas/2019/ Portugal
experiência sexual
Sexualidade e trabalho: discriminação e Weverton Silva da Costa;
Qualia: a ciência em Revisão
o preconceito sofrido pelos José Calixto de Souza
movimento/2015/ Brasil Narrativa
homossexuais no ambiente de trabalho Pires
Henrique Luiz Caproni
Discutindo homofobia nas organizações Revista Espaço Revisão
Neto; Luciene Aparecida
e no trabalho Acadêmico/2014/ Brasil Narrativa
Fonseca
As Crenças sobre a Homossexualidade e
Temas em Annelyse dos Santos Lira
o Preconceito contra Homossexuais no Qualitativo
Psicologia/2017/ Brasil Soares Pereira et al
Ambiente de Trabalho
Autores: Mats
Sexual Prejudice and Labor Market Feminist Economics/2015/
Hammarstedt; Ali M.
Outcomes for Gays and Lesbians: EUA Quantitativo
Ahmedb; Lina
Evidence from Sweden
Anderssonc
Relations industrielles
Sexual Orientation Wage Gaps across
Industrial Relations/ 2017/ Nicole Denier; Sean
Local Labour Market Contexts: Evidence Quantitativo
Canadá Waite
from Canadá
Journal of Labor
Sexual Orientation, Labour Earnings,
Research/2017/Canadá Quantitativo Maryam Dilmaghani
and Household Income in Canada
Notas. Quadro elaborado pelos autores
133

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Visão crítica da história da loucura na formação em Psicologia

Quanto ao método dos estudos, 6 artigos mais presente de acordo com Bastos, Pinheiro
usaram o método qualitativo, 3 utilizaram o & Lima (2016). Dessa forma, o próprio
método quantitativo e 3 estudos consistiam em processo de seleção de mão de obra passa pelo
estudos teóricos. Os estudos de cunho crivo da sexualidade, e quando pessoas são
quantitativo referiam-se a artigos publicados no percebidas como homossexuais, já nessa etapa
Canadá e EUA, onde estudos com esses elas podem ser segregadas e invisibilizadas
métodos são muito comuns. No Brasil, os (Ferreira, Souza & Moreira, 2015), visto que
estudos utilizavam predominantemente o muitos gestores não admitem a possibilidade de
método qualitativo, visto a aproximação desse certos cargos serem preenchidos por
método com as áreas das ciências sociais. homossexuais, ao considerarem que estes
Atenção especial a técnica de amostra poderiam causar “certas influências” nas
conhecida como “bola de neve”, que esteve pessoas, principalmente em crianças (Costa &
presente nos estudos qualitativos como forma Pires, 2015). A isso, alia-se a ideia de que os
de recrutar participantes nas pesquisas. Essa é homossexuais sejam promíscuos e portadores
uma técnica de amostragem não probabilística do vírus HIV (Rohm & Pompeu, 2015).
onde os indivíduos selecionados para a
pesquisa convidam novos participantes da sua Esses mesmos sujeitos, quando
rede social e a quantidade de participantes vai contratados, geralmente se encontram em
crescendo na medida em que os indivíduos posições fragilizadas nas organizações, sendo
selecionados convidam novos sujeitos, sendo alvo de várias formas de violências e
que o processo pode ser finalizado a partir do discriminações no contexto trabalhista como
atingimento dos objetivos da pesquisa agressões, perseguições, punições por chefes,
(saturação dos dados). Esta técnica é um sabotagem, assédio moral, piadas homofóbicas,
método útil para se estudar populações difíceis bem como pela dificuldade na ascensão
de serem acessadas ou que não há precisão profissional, culminando em perdas de
sobre sua quantidade (Vinuto, 2014). Dessa promoções, por exemplo, impactando seu
maneira, ela se mostra assertiva para alcançar a trabalho, sua vida pessoal e suas relações, com
população de homossexuais. destaque para as implicações a saúde (Bainha
& Silva, 2016).
A partir do exposto, nesse momento
apresentamos as categorias dos resultados da A homofobia encontra o meio de
revisão, a partir da técnica de Análise de expressão o humor (Rohm & Pompeu, 2015).
conteúdo (Bardin, 2011), devidamente Por meio de ironia, piadas e anedotas, a
problematizadas com literatura pertinente. discriminação é naturalizada e este instrumento
é usado como um sutil instrumento de controle
Formas de Discriminação da sexualidade (Pereira et al, 2017). A
homossexualidade é tema constante de piadas e
Em síntese, os resultados apresentados pelo uso de palavras que tenham conotação
sugerem que os estereótipos da desqualificadora no contexto organizacional
homossexualidade estão na base do preconceito onde, consequentemente, o homossexual
contra os homossexuais, sendo fatores assumido ou percebido como, é discriminado,
motivadores de processos discriminatórios no principalmente para ocupação hierárquica de
contexto laboral, assim, é sugerido que o cargos mais elevados (Bainha & Silva, 2016;
mercado de trabalho quase sempre é um lugar Carrieri, Souza, & Aguiar, 2014). Dessa forma,
hostil aos homossexuais (Pereira, Dia, Lima & ser identificado como homossexual no
Souza, 2017). ambiente de trabalho pode comprometer a
ascensão profissional de um indivíduo (Bastos,
Dos três espaços sociais onde as pessoas Pinheiro & Lima, 2016), principalmente no
desenvolvem sua vida: familiar, social e setor privado (Dilmaghani, 2018).
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profissional; é no profissional que a


discriminação contra homossexuais se torna

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Discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho: revisão da literatura

A depreciação de homossexuais no “natural” em relação a homossexuais (Rohm &


mercado laboral ocorre principalmente através Pompeu, 2015).
da violência simbólica (Bastos et al., 2016),
que, segundo Bourdieu (1989), está presente Discriminações interseccionadas
nos símbolos e signos culturais, especialmente
no reconhecimento tácito da autoridade As dificuldades em conseguir um
exercida por certas pessoas e grupos. Deste emprego ou firmar-se em uma profissão
modo, ela muitas vezes não é percebida como existem para as pessoas que se declaram
violência, mas sim como uma espécie de abertamente homossexuais, mas se
interdição desenvolvida com base em um intensificam para aquelas que além da
respeito que "naturalmente" se exerce de um sexualidade dissidente, rompem com os
para outro. estereótipos de gênero (Ferreira et al., 2015). A
partir disso, antes de entrarmos na discussão, é
Esse processo é evidenciado quando o importante lançar mão do conceito de gênero.
ponto de vista heteronormativo é o padrão
considerado dominante e natural de modo que Para Butler (2003), o gênero não deve
o preconceito para com a não- ser concebido unicamente como a inscrição
heterossexualidade atua desqualificando o cultural de significados em um sexo
profissional perante seus colegas, chefes e previamente dado, antes ele é um ato
subordinados, ocorrendo o preterimento performativo que produz os sexos. Dessa
profissional, a exclusão e a marginalização do forma, ele não é um fator identitário, mas um
homossexual no ambiente de trabalho (Neto & ato performativo, estando em mudança
Fonseca, 2014). constante dependendo da realidade que o cerca.
Assim, o papel do gênero seria de produzir a
Assim, não apenas o poder nas falsa noção de estabilidade do projeto
empresas é destinado aos heterossexuais, mas heterossexual e isso se dá a partir do conceito
quando se trata de um homossexual ou uma de performatividade, que consiste na imitação
pessoa homofóbica sendo cotados para ocupar quase que compulsória de gestos, atos e signos
um cargo de liderança, a homofobia torna-se que reforçam a produção dos corpos
subliminarmente um critério forte nas decisões masculinos e femininos como os vemos
(Rohm & Pompeu, 2015) já que as avaliações atualmente.
do desempenho são fortemente influenciadas,
quando a pessoa avaliada é homossexual, por A literatura sugere que há mais
estereótipos morais e preconceituosos (Pereira dificuldades de homens homossexuais com
et al, 2017). traços femininos se enquadrarem no mercado
de trabalho (Ferreira et al., 2015). A
É relatado na literatura a existência de discriminação com o gay que tem traços
uma barreira invisível em relação ao afeminados existe devido ao modelo de
crescimento na carreira quando se é masculinidade tradicional naturalizada pela
homossexual (Carrieri et al., 2014) e que a sociedade, que se baseou em modelos de
diferença de tratamento no âmbito laboral é virilidade que tinham como pressupostos a
observada à medida que não são concedidos força física, a potência sexual e o controle do
direitos e oportunidades compatíveis com homem sobre a mulher, evidenciados em
aqueles dados aos heterossexuais (Bastos et al., episódios de violência simbólica e não
2016; Costa & Pires, 2015). Assim, é requerido simbólica que garantiam o domínio masculino
que homossexuais façam um esforço extra para na sociedade (Machado, 2016).
o treinamento e desenvolvimento de
habilidades técnicas no trabalho, para assim O mesmo ocorre com mulheres lésbicas
terem algum tipo uma vantagem competitiva consideradas masculinizadas, com a
discriminação misógina (Rohm & Pompeu,
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perante seus pares heterossexuais que, aos


olhos da sociedade, estão em vantagem 2015) que tende a ser intensificada para com

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Discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho: revisão da literatura

aquelas que possuem menor poder aquisitivo, A literatura também sugeriu que
não possuem a pele de cor branca ou se homossexuais que performatizam os signos
distanciam de um ideal de estética socialmente dados como naturais ao seu gênero podem agir
valorizado (Neto & Fonseca, 2014). com discriminação contra homossexuais que
rompem os estereótipos de gênero (Bastos et
Nesse sentido, a vivência de mulheres al., 2016; Ferreira et al., 2015; Carrieri et al.,
lésbicas no contexto laboral pode ser 2014).
compreendida através da interseccionalidade.
O conceito foi criado por Kimberle Crenshaw Dessa forma, pode-se refletir que a
nos anos 1980 para denunciar que mulheres homofobia parte da sociedade em geral
afro-americanas eram atravessadas de um lado direcionada a homossexuais e também pode se
pela discriminação de gênero e ao mesmo manifestar no próprio indivíduo homossexual
tempo, por outro lado, pela discriminação em direção a si e a outros homossexuais (bem
racista, assim, a mesma propõe que a como a tudo o que fizer alusão à
interseccionalidade busca articular as homossexualidade ou tudo que é percebido
dinâmicas de interação entre dois ou mais eixos como subversivo a norma heterossexual).
de opressão (Crenshaw, 2002). Quando manifestada dessa última forma, ela
recebe o nome de homofobia internalizada, que
Dessa forma, a literatura sugere que a se conceitua como uma atitude negativa por
discriminação no mercado de trabalho parte dos indivíduos homossexuais acerca da
encontra-se interseccionada entre gênero (pela sua orientação sexual (Cerqueira-Santos, de Sá,
não performatividade da masculinidade Nunes & Silveira, 2017). Souza et al. (2018)
tradicional) e orientação sexual para homens discutem que homossexuais internalizam o
gays, mas para mulheres lésbicas, a estigma contra a homossexualidade desde tenra
discriminação nesse contexto se mostra na idade e isso os prejudica na formação de uma
intersecção entre misoginia, discriminação identidade saudável.
racial e a discriminação homofóbica e de
classe. A condição racial associada à A identidade homossexual
homossexualidade torna mais difícil ainda a
promoção no trabalho para mulheres A literatura relata que muitos
homossexuais (Carrieri et al., 2014). homossexuais apresentam a necessidade de
gerenciamento da sua identidade homossexual,
Ademais, perante situações de sendo que a principal tática nesse sentido é a
intolerância nas organizações, muitos ocultação, pois ser “discreto” em relação a essa
homossexuais são forçados a performatizar questão tem fator estratégico (Policarpo, 2019).
estereótipos de gênero o mais condizente o
possível com o esperado socialmente para o seu Os motivos para esconder sua
sexo para não perderem o emprego (Bainha & orientação sexual tem base na tentativa de
Silva, 2016; Carrieri et al., 2014). Dessa forma, evitar repressões e resistência por parte da
o conceito de homonormatividade pode auxiliar organização (Ferreira et al., 2015). A não
na compreensão desse movimento. De acordo revelação da identidade sexual geralmente se
com Oliveira (2013), o conceito diz respeito a dá pela percepção do sujeito de um ambiente
uma vivência de gênero performatizada de hostil a homossexualidade (Rohm & Pompeu,
forma que torne a homossexualidade 2015). Dessa forma, a ocultação da sua
“aceitável” aos olhos da norma, e isso se faz identidade sexual aliada a homonormatividade
através de uma progressiva aproximação com (quando essa identidade já é exposta) são
os valores e moralidades cultivados pela fatores de sobrevivência no mercado de
heteronorma. Assim, é sugerido que o gênero trabalho (Bastos et al., 2016), onde é possível
tem a capacidade de “esconder a orientação identificar homossexuais que evitam colaborar
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sexual”. com grupos de trabalho cujos membros são


homossexuais assumidos por medo de serem

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vistos como tal e para evitar manifestar-se explicadas a partir das diferenças entre
contra opiniões homofóbicas de colegas homossexuais e heterossexuais nas
(Policarpo, 2019). preferências pelo trabalho doméstico versus
trabalho de mercado e na sua representação em
A literatura sugere que as situações de diferentes tipos de ocupações (Hammarstedt,
sofrimento se mostraram constantes, em uma Ahmed, & Andersson, 2015), ou seja, mulheres
espécie de “teatro do trabalho”. O teatro se lésbicas são sugeridas como mais orientadas e
refere aos personagens (considerando disponíveis ao mercado de trabalho, enquanto
trabalhadores que exerçam ou não cargo de mulheres heterossexuais sofrem exacerbada
chefia, por exemplo), cenário (ambiente interno pressão para cumprir o projeto heterossexual de
e externo do trabalho) e aos espectadores submissão e cuidados domésticos, familiares e
(amigos, concorrentes, família). Para maternos.
homossexuais, esse teatro se transforma em um
verdadeiro “drama”, por conta de uma Uma pesquisa no Canadá, apontou para
sociedade predominantemente heteronormativa uma hierarquia salarial não apenas por gênero,
(Ferreira et al., 2015). mas também por orientação sexual, com
homens heterossexuais ganhando mais que
Os homossexuais acabam levando uma homens gays, que ganham mais que mulheres
espécie de vida dupla, pois para tentar fugir da lésbicas, que são seguidas de mulheres
opressão da sociedade, acabam por se heterossexuais (Denier & Waite, 2017). Essa
homonormatizar principalmente em seu hierarquia é percebida principalmente no setor
ambiente de trabalho, abdicando de certa parte privado do país.
de suas vidas (Costa & Pires, 2015).
Profissões específicas para gays e lésbicas?
Remuneração
A literatura sugere que algumas
O homossexual, quando comparado ao profissões de certo modo, informais e por vezes
heterossexual com a mesma experiência, desvalorizadas socialmente em vários
educação, profissão, estado civil e região de contextos, seriam mais “adequadas” aos
residência, tem mais chances de receber homossexuais masculinos com traços
remuneração inferior (Pereira et al, 2017). femininos, como aquelas de cabeleireiro,
maquiador, esteticista e estilista, ou seja,
Em uma pesquisa específica sobre
profissões que estão relacionadas ao mundo
diferenças salariais baseadas em orientação
feminino. Quanto às lésbicas, principalmente
sexual, Hammarstedt, Ahmed, Andersson
quando apresentam um modo de ser associado
(2015) sugeriram que em certa medida, devido
com a masculinidade, é sugerido que são mais
a discriminação, homens gays ganhavam
propensas a trabalhar em ocupações orientadas
menos que homens heterossexuais, enquanto
para homens e ocupam posições mais altas que
lésbicas ganham aproximadamente o mesmo,
outras mulheres (Dilmaghani, 2018; Neto &
ou até mais que mulheres heterossexuais. Os
Fonseca, 2014). Aqui temos outro ponto que
homens gays também apresentaram taxas de
nos ajuda a entender a diferença salarial
emprego mais baixas do que os heterossexuais,
baseada em orientação sexual discutida
enquanto as lésbicas apareceram com taxas de
anteriormente.
emprego mais altas do que as mulheres
heterossexuais. É discutido que homossexuais podem
evitar profissões conservadoras e percebidas
O emprego e os ganhos relativos dos
como preconceituosas. Dessa forma, gays e
homens gays são afetados negativamente pelas
lésbicas podem fazer escolhas diferentes em
atitudes públicas negativas em relação aos
relação à localização de sua residência visto a
homossexuais. Quando se trata de lésbicas, as
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necessidade de empregabilidade, evitando


baixas diferenças salariais podem ser
áreas rurais e sendo mais propensos a se

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Discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho: revisão da literatura

deslocar para áreas metropolitanas pela educação plural e que não elimine ou
percepção de que esses espaços são mais invisibilize as diferenças, mas que as trate
abertos a diversidade (Hammarstedt et al., como necessárias ao processo de
2015; Denier & Waite, 2017). aprendizagem, que se organize para recebê-las
e as valorize.
Assim, homossexuais assumidos são
mais voltados para a carreira profissional que Dessa maneira, quando o mercado de
permita expressar a orientação sexual no trabalho segrega homossexuais em “profissões
trabalho, enquanto os homossexuais que não específicas”, como discutido anteriormente, ou
tem sua identidade sexual divulgadas podem os contrata sem um preparo específico do ponto
focar suas escolhas profissionais de vista organizacional, o que é feito é um
fundamentadas em valores de trabalho mais processo de integração desses corpos devido
tradicionais e relacionados a status, aos estereótipos da sexualidade, pois incluir, na
compromisso e estabilidade (Bastos et al., perspectiva de Mantoan (2003), significaria
2016). Dessa forma, não esconder sua mudar as estruturas e a cultura organizacional
sexualidade no ambiente de trabalho pode ser para valorização da diversidade. Diante disso, a
importante para que se construa uma base de literatura tem mostrado que a criação de um
confiança e se tenha uma rede social de apoio ambiente que valorize o/a trabalhador/a
no contexto organizacional. Assim evita-se o homossexual, no entanto, parece ter pouco
desgaste em tentar construir uma personalidade valor para as empresas, conforme Rohm &
contrária à sua sexualidade (Costa & Pires, Pompeu (2015).
2015).
Diante do contexto apresentado, é
Inclusão e políticas de gestão da diversidade sugerido que as políticas de diversidade
voltadas para o respeito à diferença sexual no
A literatura sugeriu contradições no que trabalho são escassas nas organizações e não
diz respeito a ações de inclusão, por parte das tem atingido seus objetivos sendo a
empresas, da diversidade no contexto incongruência entre o discurso e a prática um
organizacional. É relatado o discurso de dos aspectos mais enfatizados na literatura, pois
aceitação de homossexuais, mas com formas geralmente, o discurso de inclusão da
veladas de preconceito, onde a dificuldade de diversidade (e nesse caso, especificamente a
ascensão profissional é percebida (Bastos et al., diversidade sexual) é utilizado como forma da
2016). empresa obter legitimidade na sociedade e no
mercado, melhorando assim sua imagem, do
O conceito de inclusão é amplamente que de fato como preocupação social (Neto &
utilizado nos contextos da educação especial, Fonseca, 2014).
mas vale resgatá-lo e problematizá-lo nessa
discussão. De acordo com Mantoan (2003), é Por outro lado, organizações que
preciso ter cuidado para que a inclusão não se adotam medidas de integração voltadas ao
confunda com a “integração”. Para a autora, a público não heterossexual, a fim de eliminar a
integração escolar refere-se à inserção dos exposição de seus trabalhadores ao preconceito
alunos com deficiência na escola regular, mas e discriminação baseada em orientação sexual,
também se dá no agrupamento destes em são capazes de motivá-los a dar mais de si para
“escolas especiais” ou “classes especiais” e o trabalho, o que proporciona maior
parte justamente de uma perspectiva de identificação com a atividade que realizam e
normalização dos corpos, sendo uma inserção maior dedicação à organização, iniciando um
parcial por que o sistema prevê serviços círculo virtuoso (Bainha & Silva, 2016), pois
educacionais segregados. A inclusão questiona embora a existência de uma legislação que
a organização da educação especial e regular e proíba a discriminação sexual no trabalho seja
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também a integração, pois causa uma mudança importante na redução da discriminação, o fator
no paradigma educacional atual, propondo uma mais relevante para a diminuição da

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discriminação não é a lei, mas a existência de o advento do capitalismo industrial e as


uma cultura organizacional “amigável” em modificações sociais advindas dele, o autor
relação aos homossexuais (Pereira et al, 2017). enxerga a mudança no poder para um fazer
viver ou deixar morrer, onde esse fazer viver
Dessa forma, em um ambiente em que seriam políticas capazes de promover a vida
os membros de todos os grupos são tratados de pois a vida é necessária para manter o
forma justa e conseguem desenvolver um senso capitalismo funcionando ou deixar morrer
de pertencimento, têm igualdade de aquele tipo de vida que não interessa ao poder
oportunidades e são representados em todas as econômico ou político. Dessa forma, as
funções e níveis organizacionais, aí sim se organizações, como instituições com poder
estará trabalhando com a inclusão, de acordo político, quando adotam políticas de gestão da
com Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (2014) diversidade com base na justiça social,
e para isso, a literatura sugere a criação e auxiliam na promoção da vida desses sujeitos e
implementação de políticas de gestão da na inexistência dessas gestões, o mercado
diversidade. contribui para o deixar morrer desses sujeitos.
De acordo com Ferreira, Souza &
Moreira (2015), a gestão da diversidade Conclusões
consiste em administrar as relações de trabalho, Seguindo para as considerações finais
as práticas de emprego e a composição interna deste estudo, a revisão mostrou que a presença
da força de trabalho, com o objetivo de atrair e de discriminação contra homossexuais no local
reter os melhores talentos dentre os grupos de de trabalho colabora com a existência no
minoritários da sociedade. Ela amplia a ambiente laboral do que Meyer (2003)
variedade de habilidades, competências e de denominou de “estresse social minoritário.” De
ideias. A orientação sexual é um conceito com acordo como o autor, os membros de um grupo
múltiplas interpretações que devem ser estigmatizado experimentam estressores
absorvidas para uma melhor aceitação dessas comuns em maiores intensidades e estressores
diferenças. adicionais e únicos devido a sua condição de
Dessa forma, observa-se que a minoria sexual e envolve três aspectos: (a) a
diversidade pode ser tomada sob um olhar mais experiência direta de rejeição ou violência
pragmático, ou seja, poderia traduzir-se em como resultado da orientação sexual, observada
vantagem competitiva para as organizações que nas discriminações com base em humor, baixa
a adotassem (Bastos et al., 2016), mas, para que possibilidade de ascensão profissional e demais
ela funcione de maneira inclusiva, a condutas discriminatórias; (b) a construção da
diversidade precisa ser utilizada de maneira própria identidade a partir das atitudes
politizada para se promover justiça social e não negativas da sociedade em relação à
apenas ser encarada como aspecto de vantagem diversidade sexual, que pode fazer com que
competitiva e performance e lucro, pois homossexuais discriminem outros
somente assim essas políticas seriam efetivas homossexuais no contexto organizacional,
na redução de níveis de desigualdades e principalmente aqueles que rompem com as
promoveriam a inclusão (Carrieri et al., 2014). normas tradicionais de gênero; (c) a
antecipação do preconceito, que está associada,
Nesse viés, podemos compreender as por exemplo, a ocultação da orientação sexual
políticas de gestão da diversidade como uma no trabalho, tida no medo de ser discriminado e
forma de biopolítica, conforme discutido por na adoção de uma postura o mais “discreta” o
Foucault (1976/2018). O autor discute que até possível no que diz respeito a esse assunto.
o século XVIII, o poder, que era o poder
monárquico, ou seja, era o poder de fazer As discriminações acompanham a
trajetória do profissional homossexual desde o
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morrer ou deixar viver, onde o monarca podia


interferir diretamente na vida dos súditos. Com processo de seleção, na convivência com os
pares na empresa, nas avaliações de

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desempenho e na ascensão profissional e entrevista, com especial atenção a técnica de


remuneração, até empurrá-los a profissões “bola de neve”, que se mostrou assertiva para
estereotipadas de acordo com a não encontrar os sujeitos. A literatura internacional
performatividade de gênero. Enquanto isso, o se mostrou predominantemente quantitativa
discurso de inclusão da diversidade sexual nos utilizando dados indiretos (dados de dossiês e
contextos organizacionais mostra como o documentos oficiais dos países).
capitalismo pode se apropriar dos movimentos
sociais para ter lucro enquanto nada faz por Ademais, o estudo se limitou a estudos
eles. especificadamente sobre a experiência
homossexual no mercado de trabalho. Apesar
As discriminações foram relatadas na de alguns artigos trazerem certa experiência de
literatura de maneira interseccionadas, ou seja, pessoas transgêneras, este estudo não focou
a discriminação baseada em orientação sexual nesse público por entendermos que as
se alia a outras opressões sociais como o experiências de pessoas transgêneras merecem
racismo, a classe, o gênero e assim por diante. atenção específica, portanto, os dados
Foi apontado que devido a discriminação, observados sobre esse público devem ser feitos
pessoas homossexuais são empurradas para em um estudo à parte. Outro ponto importante
profissões informais e desvalorizadas é que por mais que tenhamos utilizado a
socialmente, principalmente os homens gays interseccionalidade como balizador de análises,
que rompem com as normas de gênero. entendemos que a experiência de raça, da
mesma forma que as transgeneridades, merece
Metodologicamente, a literatura atenção específica. Por fim, a partir dos
analisada foi em sua maioria publicada no achados, espera-se que este estudo sirva de base
Brasil (muito provavelmente por limitações do para outras pesquisas sobre a experiências de
portal onde os estudos foram colhidos), de pessoas não-heterossexuais no mercado de
cunho qualitativo que utilizavam a técnica de trabalho.

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PSI UNISC, 5(1), 127-143. Santa Cruz do Sul, RS, jan./jun. 2021.
Discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho: revisão da literatura

Dados sobre os autores:


- Daniel Cerdeira de Souza: Psicólogo, especialista em terapia cognitivo comportamental, pós-
graduando em psicologia social, mestre em psicologia e processos psicossociais (UFAM),
doutorando em psicologia social e cultura (UFSC).
- Eduardo Jorge Sant'Ana Honorato: Psicólogo, Doutor em Saúde Pública - Saúde da Criança e
da Mulher, com ênfase em Sexualidade, Reprodução, Gênero e Saúde, pela Fiocruz (IFF-RJ).
Professor Adjunto na Escola Superior de Ciências da Saúde - (ESA/UEA). Professor no
Programa de Mestrado Profissionalizante em Saúde da Família (Abrasco-Fiocruz).
- Adriano Beiras: É graduado e licenciado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). Mestre em Psicologia por esta mesma instituição (UFSC), Doutor Europeu
em Psicologia Social pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), Espanha (com
Menção Doutor Europeu), revalidado pela UFSC, no Brasil. Professor Adjunto do
Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor do
Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFSC, onde coordena a Área 2 - Psicologia
Social e Cultura.

Declaração de Direito Autoral


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