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Guia de

Manejo
do Milho
Guia de Manejo do Milho

SOBRE O EBOOK
Esse Ebook é feito para ajudar produtores rurais Clique em um tópico do índice que lhe interessa
no manejo de milho. mais e vá diretamente para esse assunto.

Portanto, os produtores já estão familiarizados com Fique à vontade também para dar zoom e poder
os temas da agricultura. visualizar melhor as informações.

Aqui explicamos e ensinamos com maior aprofunda- Boa leitura!


mento nos assuntos. Devido a tudo isso, este Ebook
é considerado de nível intermediário.

O Guia de Manejo do Milho é totalmente interativo!

Você vai encontrar links para outros sites, textos ou


materiais para saber ainda mais sobre um assunto
específico. Os link aparecerão desse jeito aqui.
Guia de Manejo do Milho

SOBRE OS AUTORES
Ana Lígia Henrique Fabrício Placido Luis Gustavo Mendes
Engenheira Agrônoma pela Ufscar. Cursando MBA em
Engenheiro Agrônomo pela UFPR, mestre pela Esalq- Engenheiro Agrônomo e licenciado em ciências
Agronegócios e doutoranda no Programa Fitotecnia-
USP e especialista em gestão de projetos. Doutorando agrárias pela Esalq-USP. Mestre em engenharia de
Plantas Daninhas na Esalq-USP.
pela UEM na linha de pesquisa de plantas daninhas. sistemas agrícolas na mesma instituição.

André Felipe Moreira Silva Jackellyne Bruna Rayssa Fernanda


Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual Engenheira Agrônoma e mestra pela Universidade Engenheira Agrônoma pela UFPR, mestra em
de Maringá - Campus Umuarama/PR. Mestre e Federal de Goiás. Com MBA em marketing e Fitotecnia pela Esalq-USP, doutoranda pela UEM, com
doutorando em Fitotecnia, na área de plantas daninhas doutoranda pela Esalq-USP na linha de pesquisa ênfase em produção vegetal e MBA em Marketing
pelas Esalq-USP. de produção vegetal. (Pecege/ Esalq-USP).

Gressa Chinelato Lucas Nogueira Thaís Fagundes Matioli


Engenheira Agrônoma e mestra pela Esalq-USP. Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal
Cursando MBA em Agronegócios e doutoranda no pela Esalq-USP, com pesquisas sobre plantio direto de Lavras - UFLA, mestra em Ciências/Entomologia
Programa de Fitopatologia pela mesma instituição. e consórcio de culturas graníferas com forrageiras e doutoranda no Departamento de Entomologia da
tropicais. Esalq-USP.
Giuliana Rayane Barbosa Duarte
Engenheira Agrônoma e mestranda em Fitotecnia Maiara Maria Franzoni, editora
pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Engenheira Agrônoma e mestra pela Esalq-USP.

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Guia de Manejo do Milho

SUMÁRIO
Introdução___________________________________________ pág. 05
Plantio do Milho_______________________________________ pág. 06
Adubação de milho safra e safrinha________________________ pág. 13
Manejo de plantas daninhas no milho_______________________ pág. 23
Manejo de pragas do milho_______________________________ pág. 29
Cálculo da produtividade do milho_________________________ pág. 41
Colheita de milho______________________________________ pág. 47
Cálculo dos custos da cultura do milho______________________ pág. 52
Conclusão___________________________________________ pág. 54

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Guia de Manejo do Milho

INTRODUÇÃO
Criamos esse Ebook para te ajudar a melhorar o Com essas estratégias, esperamos que você tenha
manejo do milho como um todo, desde o plantio ainda mais eficiência em seus manejos e, conse-
até a colheita. quentemente, maior rentabilidade!

Aqui você verá como escolher os melhores híbridos


de milho dentro da realidade de sua fazenda, como
realizar o manejo de plantas daninhas e quais os
produtos mais indicados para isso, além de como
fazer o manejo de pragas, inclusive o MIP (Manejo
Integrado de Pragas) para a cultura.

Você também vai encontrar informações sobre a


gestão da sua lavoura, especialmente o cálculo de
produtividade antes mesmo da colheita e o cálculo
de custos do grão.

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Guia de Manejo do Milho

Plantio do milho
Guia de Manejo do Milho

PLANTIO DO MILHO
Realizar o planejamento antecipado da próxima safra Caso você possua uma média ou grande proprie- Você já sabe, mas vale a pena lembrar: fique atento
é essencial para o sucesso da produção. E o primeiro dade, a dica é utilizar cultivares de milho com ciclos ao clima. Semeie apenas quando as condições climá-
ponto a se pensar é a semeadura. diferenciados. Isso pode minimizar os riscos de per- ticas forem favoráveis para a emergência no campo.
das na produção pelo clima.
Para isso, é preciso pesquisar e escolher sementes A correria de querer semear logo não compensam
de milho de qualidade, que possuam as caracterís- Normalmente, a época de plantio da safra normal as perdas de produtividade se isso ocorrer em con-
ticas desejadas. ocorre entre os meses de setembro e dezembro, dições climáticas desfavoráveis.
variando de região para região.
Você precisa verificar se o híbrido escolhido é reco-
Espaçamentos para plantio de
mendado para sua região e para a época de seme- Planeje o momento de sua semeadura, ela é funda-
milho
adura pretendida (safra ou safrinha). mental para estabelecimento do estande adequado.
Para isso, faça um cronograma e coloque os respon- Outro ponto muito importante para a cultura do milho
Escolha híbridos resistentes às doenças comuns na sáveis por cada atividade. é a escolha da densidade de plantio e do espaça-
sua região. Assim, você economiza com fungicidas! mento. Eles refletem diretamente na produtividade
de milho.

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Guia de Manejo do Milho

O espaçamento utilizado tradicionalmente pelos • Redução de custos Como escolher a semente


produtores era o de 80 cm a 90 cm entre linhas. • Mesmo espaçamento da soja para o plantio de milho
O mercado de sementes oferece um grande número
Contudo, desde a última década, vem sendo cada Mas também há desvantagens. As principais são:
de opções. Para fazer a melhor escolha, você deve
vez mais adotado o espaçamento reduzido. Isso é, • Dificuldades em alguns manejos responder essas 4 perguntas:
plantio deve ser feito com 45 cm a 50 cm entre linhas.
• Menor aeração no interior da cultura:
microclima favorável a doenças
O espaçamento reduzido pode proporcionar melho- 1. Qual é o objetivo da minha produção?
res condições de desenvolvimento para a cultura e Antes de decidir qual espaçamento utilizar em sua Se a resposta for produção de silagem, se atente às
trazer efeitos positivos na produtividade. área, o ideal é realizar o diagnóstico da fazenda. características que lhe interessam, como por exem-
plo a alta produção de massa verde.
Veja as principais vantagens do espaçamento Verifique as condições da área, qual a recomenda-
reduzido: ção para o milho híbrido escolhido e espaçamento Você também pode ter o objetivo de produzir milho
• Cobertura rápida do solo que melhor se adequa à propriedade. verde, sendo que o ideal é que busque os híbridos

• Melhor aproveitamento da radiação solar melhores para isso, como a BRS 3046.

• Redução da utilização de herbicidas (menor


Já se o seu objetivo é produção de grãos, invista
ocorrência de plantas daninhas)
em sementes que apresentem elevado rendimento.

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Guia de Manejo do Milho

2. Qual a localização da minha propriedade? 4. É planta refúgio? dinheiro para desenvolvimento de novas variedades.
Frente a isso, novas variedades estão aparecendo
Aqui você deve ficar de olho no zoneamento agrí- Se sim, você pode optar por uma cultivar/híbridos
no mercado, o que facilita o plantio em certas regi-
cola e quais cultivares/híbridos apresentam melhor de milho com a tecnologia Bt, por exemplo.
adaptabilidade e estabilidade.
Respondidas essas perguntas, você consegue sele-
cionar algumas opções de sementes que são mais
3. Realizo o planejamento da minha safra? viáveis para sua fazenda. Hoje, o produtor deve
escolher entre 298 opções disponíveis no mercado.
O planejamento é essencial no momento da escolha
do ciclo da cultivar/híbridos. Você não deve esco-
lher uma cultivar com ciclo precoce apenas porque Plantio de Milho Safrinha
seu vizinho usa.
Sem irrigação, ao contrário do que muitos pensam,
Fique atento, pois cada cultivar possui uma neces- o milho da 2ª safra não pode ser cultivado em todo
sidade específica! o Brasil.

Atualmente, com o avanço da importância da safri-


nha na economia brasileira, novos centros de pesqui-
sas e empresas privadas estão investindo tempo e (Fonte: Conab)

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Guia de Manejo do Milho

ões do Brasil que ainda não aparecem no mapa de Note que as cultivares de milho tendem a prolon- Por isso, nos casos em que a safra de verão teve
zoneamento. gar seu ciclo quanto mais tarde é o semeio, mesmo sua colheita atrasada, é interessante a utilização de
levando em consideração sua precocidade. milho 2ª safra mais precoce.
O período da safrinha é de menos luminosidade,
menos chuvas e temperaturas mais baixas em rela- Assim, a planta sairá do campo antes e sofrerá menos
ção à primeira safra. CULTIVAR os déficit ambientais (água, luz e temperatura).
Época de semeadura Normal Precoce Superprecoce
E a redução na quantidade de luz influencia signifi- Quando falamos sobre ciclo, isso está completa-
05 de fevereiro 124 117 108
camente o desenvolvimento do milho, fazendo com mente associado à fenologia da planta.
05 de março 134 129 127
que seu ciclo seja estendido.
06 de abril 145 140 138 Fenologia é o estudo dos estágios de desenvolvi-
Portanto, ao atrasarmos em uma semana a seme- 05 de maio 139 138 137 mento da planta, relacionando ainda às condições
adura, o ciclo do milho safrinha pode se prolongar 08 de junho 138 133 131 ambientais.
em até 20 dias! 09 de julho 146 134 125
12 de agosto 124 119 118 E porque é importante conhecer os estágios de
Lembrando que, quanto mais próximo do inverno, 08 de setembro 125 125 115 desenvolvimento? Porque é através deste conheci-
mais condições adversas para completar o final do 07 de outubro 115 118 106 mento que vamos agir de forma certeira no manejo
ciclo, o que afeta os valores produzidos. Veja, ao 08 de novembro 116 112 107 da cultura do milho.
lado, a diferença dos ciclos de acordo com a época 09 de dezembro 115 115 112
de plantio. (Fonte: Cruz et al. A Cultura do Milho, 2008)

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Guia de Manejo do Milho

Escolha do híbrido para a safrinha Mas, quando a colheita da safra não pode ser ante- ras, com ciclo precoce e normal e que apresentam
cipada, eles podem ser uma estratégia. maior potencial produtivo.
O híbrido utilizado na safrinha deve ser um milho
que apresente rusticidade e consistência na produ-
Antigamente era comum híbridos superprecoces, Além disso, com o aperfeiçoamento do sistema
ção, mesmo existindo diversidade das condições
evitando épocas de maior risco para a cultura. Você soja-milho, é possível antecipar a colheita da soja.
climáticas.
ainda pode utilizar essa tática hoje.
Para isso, opte por variedades mais precoces de
Outros aspectos que devem ser priorizados na esco-
Se você estiver em região com risco de geada no plantas de soja, ou fazendo a semeadura assim que
lha são: híbridos produtivos, resistentes às principais
final do ciclo da cultura recomendamos que use acabar o período de vazio sanitário dessa cultura
doenças do milho e pragas.
híbridos superprecoces. na sua região.
Também devem ter uma boa formação de palha e
tolerância ao acamamento e à quebra. Mas tenha em mente (e no seu planejamento) que, Assim, você fará a semeadura do milho safrinha
em geral, a produção não será muito boa. mais cedo, permitindo aproveitamento de todo
A escolha do híbrido dependerá da época da colheita o seu potencial produtivo, e resultando em boas
da safra. E é de extrema importância que o produ- Não há tempo, e consequentemente recursos, sufi- produtividades.
tor esteja ciente da precocidade do material. Isso cientes para a planta apresentar altas produtivida-
porque híbridos mais precoces tendem a ser menos des. Se você não está nessa área de risco, há novos Lembre-se que sempre é interessante possuir cul-
produtivos devido ao curto período no campo. híbridos mais tolerantes à seca e baixas temperatu- tivares com diferentes ciclos, isso diminui os riscos

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das condições climáticas e desafoga o maquinário


e as operações agrícolas.

Outro fator importante é escolher híbridos de milho


resistentes às doenças da sua região. O enchimento,
e consequentemente, peso dos grãos dependem de
folhas verdes até o final do ciclo, e muitas doenças
prejudicam isso.

Sem a resistência genética, você vai precisar aplicar


fungicidas, o que na maioria das vezes não compen-
sam seus custos.

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Adubação de milho
safra e safrinha
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ADUBAÇÃO DE MILHO SAFRA E SAFRINHA


Nitrogênio A ureia, por exemplo, após ser aplicada no solo prende à famosa CTC do solo. Isso faz com que o
úmido, será quebrada em amônio. nutriente possa ser levado pela água até zonas mais
O nitrogênio é o nutriente de maior demanda nas profundas e fora do alcance do sistema radicular de
plantas. Especialmente no milho e em outras gramí- A quebra da ureia eleva o pH em uma mínima região algumas culturas.
neas, ele apresenta as maiores respostas à produ- em torno do grânulo de adubo, fazendo com que
tividade tanto de biomassa quanto de grãos. boa parte do nutriente aplicado seja perdido por
Qual a quantidade de nitrogênio que devo aplicar
volatilização.
na lavoura?
Está diretamente relacionado com a fixação de car-
bono pela planta e com a síntese de aminoácidos. Outros adubos nitrogenados com base no amônio, Tenha em mente dois conceitos:
E, carbono e aminoácidos são iguais à biomassa como o sulfato de amônio e o nitrato de amônio, • Saber quanto de nitrogênio estamos retirando
e proteínas. Mas, como isso impacta o manejo da também podem sofrer com a volatilização em menor na silagem ou nos grãos de milho para que
adubação nitrogenada? grau, principalmente se forem aplicados sobre res- possamos repor via adubação;
tos vegetais. • Considerar que, do nitrogênio absorvido pela
Bom, dependendo da fonte de adubo nitrogenado planta, apenas de 30% a 50% (no máximo) são
oriundos diretamente do adubo.
que utilizarmos, ela tende a ter diferentes compor- Já os fertilizantes à base de nitratos podem sofrer
tamentos no solo. com outro problema: a lixiviação. O nitrato não se E de onde vem o resto? Do solo!

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(15 toneladas de matéria seca), seriam necessários


Dessa forma, é sempre importante mantermos uma vidade da área e com a quantidade de nitrogênio
150 kg de N/ha ou 330 kg de ureia/ha.
adubação nitrogenada condizente com a produti- exportada do sistema.

Observando a tabela ao lado, podemos ver que o Quando aplicar o nitrogênio no milho?
Nutrientes extraídos kg/ha
Produtividade
t/ha milho extrai em média 21 kg de nitrogênio por tone-
N P K Ca Mg Muito se fala sobre os possíveis benefícios de se
lada de grão. Se fossemos repor o nitrogênio extra-
TIPO DE EXPLORAÇÃO: GRÃOS parcelar a adubação nitrogenada ao longo do cres-
ído utilizando uma adubação de ureia (45% de N),
3,65 77 9 83 10 10 cimento da planta.
seriam usados em média 47 kg do adubo por tone-
5,80 100 19 95 17 17
lada produzida. Mas para compreender melhor isso, temos que enten-
7,87 167 33 113 27 25
9,17 187 34 143 30 28 der qual o período de maior exigência de nitrogênio
10,15 217 42 157 32 33
Um talhão com produtividade média de 9 toneladas pela planta de milho.
TIPO DE EXPLORAÇÃO: SILAGEM (MATÉRIA SECA) de grão/ha, por exemplo, exigiria uma reposição de
11,60 115 15 69 35 26 aproximadamente 420 kg de ureia/ha. No caso da A fase do pendoamento é onde ocorre o pico de
15,31 181 21 213 41 28 produção de silagem, a exportação de nitrogênio é absorção de nitrogênio na planta de milho. Dessa
17,13 230 23 271 52 31 de 10 kg por tonelada de matéria seca produzida. forma, devemos garantir que haja a quantidade
18,65 231 26 259 58 32 necessária desse nutriente no solo.
Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada Levando em conta uma produção de 50 toneladas
à produção de grãos e silagem em diferentes níveis de produtivi-
dade (Fonte: IPNI) de silagem, com um teor de matéria seca de 30%

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Um experimento antigo, de 1974, mostra o efeito A segunda é que as maiores produtividades foram Com a forte tendência de se adsorverem à camada
dos diferentes parcelamentos da adubação nitroge- com o nitrogênio fornecido todo aos 45 dias após sólida do solo, eles passam para a forma lábil. Ou
nada no milho. No experimento podemos ver duas o plantio, com 33% do N fornecido no plantio e o
coisas interessantes. A primeira é como o nitrogê- restante aos 45 dias após o plantio (cobertura).
nio é limitante na produção (diferenças entre 60 kg
e 120 kg de N aplicados).
Fósforo
Época de Aplicação - DAP¹ Produção de Espigas
O fósforo é essencial na recomendação de adubação
%N Aplicação kg/ha
Plantio 25 45 65 60 120
para milho. A maior parte das áreas agrícolas do Bra-
0 0 100 0 5.339 7.589 sil é deficiente em fósforo e seu manejo é um tanto
0 0 0 100 3.933 5.991 quanto complexo devido à sua interação com o solo.
33 0 67 0 5.941 7.797
0 50 50 0 6.150 7.000
Os adubos fosfatados aplicados no solo se dissol-
33 33 34 0 6.461 6.414 vem, passando para a solução do solo (local onde
25 25 25 25 5.325 6.772 fica disponível para absorção pelas plantas) e sua
Testemunha 3.318 tendência é de se adsorver aos sólidos do solo.
¹Dias após o plantio
Representação da relação entre o fósforo na solução do solo, na
Efeito do parcelamento de nitrogênio nas doses de 60 kg/ha e fase lábil e não lábil (Fonte: International Superphosphate Manu-
120 kg/ha na produção de milho (Fonte: Novais et al., 1974) facturers Association - ISMA, 1978)

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Guia de Manejo do Milho

seja, o fósforo aqui pode passar para a solução do reção. E, como os solos brasileiros apresentam alto pagamos ao solo. Desse modo, quanto menor o teor
solo e, consequentemente, para a planta. potencial de fixação de fósforo, essa adubação exige de fósforo do seu solo, maior a “quantia paga”.
altíssimas doses de fertilizante.
O problema é que, ao longo do tempo, o fósforo da De forma geral, podemos considerar que 20% a 30%
fase lábil se “prende” mais fortemente ao solo, pas- A segunda estratégia, a adubação de manutenção, é do fósforo aplicado é utilizado pela planta.
sando para não lábil. a mais utilizada por aqui. Mas, para se usar a segunda
estratégia temos que nos lembrar do “pedágio” que Então, de acordo com a tabela abaixo, o produtor
Nessa forma, o fósforo fica praticamente indisponí- deve observar qual o teor de fósforo do seu solo.
vel para as plantas e seu retorno para a forma lábil
é extremamente lenta. Com base na primeira tabela deste artigo, a planta de
Classe de teor de
Classe textural Extrator de fósforo no solo milho exporta aproximadamente 10 kg/ha de P2O5
do solo ¹ fósforo
Por isso, na hora da adubação temos duas estraté- Baixo Médio Alto (ou 4,2 kg de P) por tonelada de grão produzida.
gias que podem ser adotadas: Argilosa (36 a 60%) Mehlich 1 <5 6 a 10 >10
Média (15 a 35%) Mehlich 1 <10 11 a 20 >20 Então, para uma produção de 5 toneladas de grãos
• Corrigir os baixos níveis de fósforo no solo; em um solo com teor médio ou alto de fósforo (tex-
Arenosa (<15%) Mehlich 1 <20 21 a 30 >30
• Fornecer apenas a quantidade necessária do Resina <15 16 a 40 >40 tura média ou argilosa), precisaremos de 50 kg de
nutriente para a safra atual. P2O5.
¹Porcentagem de argila
A primeira estratégia se chama adubação de cor- Interpretação das classes de teores de fósforo no solo (Fonte: IPNI)

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Guia de Manejo do Milho

Considerando uma fonte de 50% de P2O5 (MAP E, em solos arenosos com baixos teores de fósforo, Observando a tabela ao lado, podemos tirar algu-
ou Super Triplo), precisaríamos de 100 kg de adubo a fixação (pedágio) que esse nutriente tem no solo mas conclusões sobre esses dois métodos de adu-
fosfatado/ha. pode ser maior ainda. Isso diminuiria ainda mais sua bação fosfatada.
eficiência.
Já em um solo com teores baixos de fósforo, a mesma Uma delas é que a fosfatagem a lanço concentra o
produtividade precisaria de cerca de 160 kg/ha de A ideia aqui é que quanto menor o teor do de P no fósforo nas camadas superficiais.
P2O5, ou 320 kg de MAP ou Super Triplo, conside- solo e mais arenosa sua textura, maior o pedágio
rando uma eficiência de 30%. pago ao solo (ou menor a eficiência da adubação Isso pode interferir no crescimento do sistema radi-
fosfatada). cular para camadas mais profundas e, em épocas
MANEJO de déficit hídrico, pode ser uma desvantagem.
Teor de P no Solo (ppm)
Profundidade (cm) Falando sobre eficiência da adubação fosfatada,
Lanço Sulco
alguns manejos podem ajudar a aumentar essa efi- Outra conclusão é que como a maior parte do ferti-
0a5 65 48 ciência. lizante fica na camada superficial, solos com pouca
5 a 10 6 25
ou nenhuma cobertura (palha) podem sofrer com a
10 to 20 2 19
A correção do pH do solo é uma forma simples de erosão, levando todo o fertilizante embora.
20 to 40 1 15
aumentar a eficiência de absorção do fósforo pelas
40 to 60 1 2
plantas. Outra discussão no meio agronômico é sobre A vantagem operacional do fertilizante aplicado a
¹Porcentagem
Teores de no
de fósforo argila
solo de acordo com diferentes métodos de
aplicação (Fonte: Prochnow et al., 2018) a aplicação de fósforo a lanço ou incorporado. lanço é clara para todos os produtores e pode ser

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Guia de Manejo do Milho

feita de maneira técnica. Mas, para isso, precisa- Potássio brio, passa para a água do solo, de onde a planta
mos conhecer em quais situações a incorporação pode absorvê-lo. Desse modo, uma simples análise
O potássio é o segundo nutriente em maior quan-
ou aplicação no sulco de plantio do fósforo é reco- de solo pode dizer com mais exatidão a quantidade
tidade nas plantas. Um dos mais requeridos na cul-
mendada. total de potássio que temos na área.
tura do milho e responsável pelo crescimento da
plantação, formação de frutos, além da resistência
Uma delas é em áreas novas de agricultura ou em O que irá nos guiar para o cálculo da quantidade
a doenças fúngicas.
áreas onde existam baixos teores de fósforo na sub- de potássio a ser adicionada na área será o teor do
superfície. nutriente na análise de solo (baixo, médio ou alto) e
Apesar de não ser um componente estrutural (não
a produtividade esperada.
está ligado à estrutura da planta), está presente em
Além disso, o fósforo incorporado se sai melhor em grande parte das reações, sendo o principal cátion
terrenos declivosos ou que não tenham palha sufi- Para um baixo teor de potássio, o correto, como no
nas plantas.
ciente ou ainda que passem por cultivo convencio- caso do fósforo, é corrigir esse teor ao longo do
nal (sem o sistema de plantio direto). tempo para que possamos diluir os custos da adu-
A dinâmica do potássio nos solos tropicais é muito
bação de correção.
mais simples em comparação ao nitrogênio e ao
Por isso, é sempre importante estar atento ao his- fósforo.
Com um teor médio ou adequado de potássio no
tórico das análises de solo da propriedade.
solo, sabemos que a exportação de potássio nos
Em solos muito intemperizados, como os do Brasil,
grãos de milho fica em torno de 15,5 kg K/ton ou 26
todo o potássio está na CTC do solo e, por equilí-

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Guia de Manejo do Milho

kg KCl/ton. Sabemos, com isso, que uma produtivi- Época de adubação do potássio Adubação para milho silagem
dade esperada de 5 toneladas de grãos irá precisar
Como regra geral, doses acima de 50 kg/ha de clo- Já vimos algumas dicas sobre o milho silagem, mas
de 130 kg de KCl/ha.
reto de potássio no plantio podem prejudicar as vale a pena reforçar aqui. Recomendações de adu-
sementes. Mas essa quantidade depende muito da bação são sempre feitas, tomando como referência
No caso da produção de silagem, o potássio é expor-
textura do solo e do teor de argila dele. os dados da análise de solo.
tado em 14 kg/ton de matéria seca. Em uma produti-
vidade de 50 t de silagem (30% matéria seca) esta- Com essas informações em mãos, devemos anali-
Solos arenosos (menos de 15% de argila) podem
remos exportando 210 kg de potássio/ha, ou 350 sar em qual classe se encontra o solo quanto a esse
facilmente apresentar problemas com altas doses
kg de KCl/ha. nutriente.
de KCl na semeadura.

Podemos ver que a exportação de potássio na pro- Doses de K2O recomendadas


Classe de teor K no solo
No entanto, tenha em mente que praticamente todo Milho
dução de silagem é bem maior que na produção de do solo cmolc/dm3
Milho grão
o potássio necessário para a cultura é absorvido forragem
grãos - e isso tem grande importância no manejo.
antes do florescimento. Para isso, o recomendado é Muito baixa < 0,07 90 - 120 150 - 180

parcelar parte da adubação na semeadura e parte Baixa 0,08 - 0,15 60 - 90 120 - 150
Produções de silagem podem esgotar o estoque
Média 0,16 - 0,30 30 - 60 60 - 120
entre V4 e V6 no máximo.
de potássio do solo de modo bem mais rápido. Por
Alta >0,30 30 60
isso, esteja atento às análises de solo e à adubação
Outra opção é realizar a adubação antecipada a Recomendação de adubação potássica para a cultura do milho
de manutenção. com base em análise de solo (Fonte: CCPran)
lanço adotada em alguns locais.

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Guia de Manejo do Milho

Em seguida, deve-se ter em mente qual é a produti- Adubação no milho safrinha fertilizantes fosfatados. Já quando há níveis médios
vidade desejada desse milho silagem. As dosagens a altos, deve-se realizar toda a adubação de fósforo
Estudos realizados, mostram que o milho safrinha
recomendadas são sempre feitas baseadas na pro- no sulco do plantio.
cultivado em solos corrigidos, não apresenta grandes
dutividade esperada, como mostra a tabela a seguir.
respostas à adubação de macro e micronutrientes,
Quanto ao potássio, é preferencial que se evite o par-
com exceção do nitrogênio.
Em estudos, pôde-se notar aumento de produção de celamento. Isso porque a quantidade normalmente
até 100% em solos com teores considerados baixos é baixa e sua maior acumulação é nas fases iniciais.
O fósforo é um nutriente “divisor de águas”. Se esti-
apenas adicionando de 120 kg a 150 kg de K2O/ha.
ver muito baixo, o plantio do milho safrinha não é
Agora quando os micronutrientes estiverem baixos,
recomendado, pois haverá um gasto elevado com
recomendamos a aplicação via foliar e/ou solo.

Disponibilidade de P Disponibilidade de K Além disso, segundo estudos de Oliveira et al. (2008),


Produtividade de Dose de N no Dose de P2O5 (kg/ha) Dose de K2O (kg/ha) Dose de N em
matéria verde t/ha plantio kg/ha cobertura kg/ha no caso da soja como cultura anterior, calcula-se que
Baixa Média Adequada Baixa Média Adequada
a fixação biológica de N por essa cultura deixe um
30 - 40 10 -30 80 60 30 100 80 40 80
residual no solo de 35 a 45 kg de N por hectare.
40 - 50 10 - 30 100 80 50 140 120 80 130
>50 10 - 30 120 100 100 180 160 120 180 Então deve-se descontar esse valor da dose de adu-
Recomendação de adubação para milho destinado à produção de forragem, com bação de nitrogênio.
base em resultados de análise de solo e produtividade esperada. (Fonte: Embrapa)

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Guia de Manejo do Milho

Se você optar por aplicações de nitrogênio em cober-


tura, é melhor a aplicação ocorrer no início do ciclo,
em V2 ou V3.

Isso é devido às condições de menos chuvas e ins-


tabilidade climática nesse período.

Para solos corrigidos e na safrinha de milho, não é


preciso preocupar-se com adubação de Cálcio (Ca),
Magnésio (Mg) e Enxofre (S).

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Guia de Manejo do Milho

Manejo de plantas
daninhas no milho
Guia de Manejo do Milho

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NO MILHO


No controle de plantas daninhas, identificar quais E diante de tantos herbicidas, qual utilizar na sua
são as invasoras é muito importante. Assim você lavoura? O herbicida mais recomendado no cultivo
consegue escolher produtos que sejam mais efi- do milho safrinha é a atrazina, que controla princi-
cientes no controle. palmente plantas de folhas largas.

Recomendamos realizar o controle dessas plantas No caso de milho RR (resistente a roundup), também
até o estágio V4. Até essa fase, as daninhas podem ocorre uma grande utilização de herbicidas com o
competir com o milho safrinha tanto por água quanto glifosato.
por nutriente, causando danos.
Mas tenha cautela quanto à seleção de indivíduos
Outra estratégia com bastante efeito é a utilização que apresentem resistência. Conviver com essas
do plantio direto, que dificulta a dominância das plantas daninhas é muito difícil e pode ser um incon-
plantas daninhas sobre a lavoura. Essa ação tam- veniente nos próximos tratos culturais. Utilize pro-
bém permite reduzir o gasto com herbicidas e gas- dutos que sejam registrados para a cultura do milho
tos de aplicação. e na dosagem recomendada! Consulte sempre um
engenheiro(a) agrônomo(a).

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Guia de Manejo do Milho

Os herbicidas pré-emergentes são excelentes fer- pré-emergente para milho e a semeadura da


ramentas no combate à resistência. Mas, quando as cultura (se houver esta restrição).
recomendações técnicas não são seguidas, podem 4. Certifique-se que as culturas que serão
ocasionar grandes estragos na lavoura. plantadas em sucessão (rotação de culturas)
ou consórcio com o milho não serão afetadas
por estes herbicidas.
Porém, não se preocupe! Temos algumas dicas de
5. Se houver palha no solo, verifique se o
como evitar problemas de fitotoxidade em sua lavoura produto será efetivo mesmo nestas condições!
e garantir a eficiência no controle de plantas dani-
6. Veja se as condições climáticas posteriores à
nhas. Confira a seguir! aplicação (seca ou muita chuva) não podem
1. Use uma boa tecnologia de aplicação e tenha ampliar o efeito do produto ou prejudicá-lo.
seu pulverizador sempre revisado e calibrado. 7. Não aplique sobre grande quantidade de
2. Tenha certeza de que o produto que deseja matéria verde. As plantas podem reter estes
utilizar é recomendado para as características produtos e impedir sua chegada no solo, onde
do seu solo e qual é a dose recomendada realmente sãoefetivos.
nesta situação (por exemplo: matéria orgânica, 8. Algum manejo realizado antes ou depois da
teor de argila e pH). aplicação do herbicida pode modificar seu
3. Certifique-se que conseguirá respeitar o efeito, por exemplo calagem ou distribuição
Épocas de aplicação de herbicidas na cultura do milho, segundo o
período mínimo entre a aplicação do herbicida de ureia. Esteja atento! Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Fonte: Embrapa)

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Guia de Manejo do Milho

Herbicida pré-emergente da-de-viola, nabo, leiteira, poaia, carrapicho-rasteiro Aplicação em solo seco, período de seca após apli-
para milho: Produtos e papuã. Também é muito utilizada para controle de cação de até 6 dias ou presença de palha cobrindo
recomendados para aplicação soja tiguera no milho, em aplicação isolada ou asso- o solo podem diminuir a eficiência do produto.
em milho convencional ciada aos herbicidas mesotrione ou nicosulfuron!

Lembre-se: é muito importante que haja um manejo S-metolachlor


Atrazina
eficiente da soja tiguera para se respeitar o vazio
Quando aplicar: Aplicar na pré-emergência da cul-
Quando aplicar: Pode ser aplicado na pré-emergên- sanitário.
tura e das plantas infestantes.
cia da cultura imediatamente antes da semeadura,
simultaneamente ou logo após a semeadura. Em Dosagem recomendada: 3 a 5 L ha-1, dependendo
Espectro de controle: Ótimo controle de gramíneas
aplicações em pós-emergência da cultura e plantas das características do solo e plantas daninhas pre-
de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-
daninhas, deve-se acrescentar óleo vegetal. É um sentes.
-pé-de-galinha e papuã), e bom controle de algumas
herbicida que fornece bom controle quando aplicado
folhas largas de sementes pequenas (ex: caruru,
na pré-emergência ou pós-emergência precoce das Pode ser misturado com: Glifosato (se misturado em
erva-quente e beldroega)
plantas daninhas. pós-emergência - milho RR), mesotrione, nicosulfu-
ron, S-metolachlor.
Dosagem recomendada: 1,5 a 1,75 L ha-1, depen-
Espectro de controle: Controla plantas daninhas de
dendo da planta daninhas a ser controlada.
folha larga como picão-preto, guanxuma, caruru, cor- Cuidados: Recomenda-se aplicação em solo úmido.

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Guia de Manejo do Milho

Pode ser misturado com: Atrazina e glifosato. nas primeiras chuvas é ativado, o que irá coincidir Espectro de controle: Bom controle de gramíneas
com a emergência de várias plantas daninhas. de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-
Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido. -pé-de-galinha e papuã).
Dosagem recomendada: 100 a 200 mL ha-1, depen-
dendo das características do solo e plantas daninhas Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0 L ha-1, depen-
Isoxaflutole
presentes (somente para solos com textura média dendo da planta daninha a ser controlada e nível
É muito importante consultar e seguir as recomen- e pesada). de cobertura do solo.
dações da empresa para evitar toxicidade no cultivo.
Pode ser misturado com: Atrazina. Pode ser misturado com: Atrazina e glifosato.
Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergên-
cia do milho e das plantas daninhas. Cuidados: Não é recomendado para solo arenoso Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido e livre de
e com baixo teor de matéria orgânica. torrões. Solo coberto com resíduos vegetais (palha)
Espectro de controle: Exerce bom controle em gra- ou com alta infestação de plantas daninhas diminuem
míneas anuais e algumas folhas largas como caruru a eficiência do produto. Formulações antigas devem
e guanxuma. O grande diferencial deste herbicida Trifluralina ser incorporadas, pois são degradadas pelo sol.
é que, em condições de seca, pode permanecer no Quando aplicar: Aplicar no sistema de plante-apli-
solo por um período razoável (> 80 dias), até que que ou até 2 dias após da semeadura do milho.

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Guia de Manejo do Milho

Atrazina+Simazina Herbicida pré-emergente para valo de segurança para o plantio de milho deverá
milho Clearfield ser de 300 dias.
Quando aplicar: Aplicar na pré-emergência total da
cultura e das plantas daninhas logo após o plantio. Atenção! As sugestões feitas neste ebook são para
Imazapir+imazapic
híbridos de milho para produção de grãos. Outras
Espectro de controle: Folhas largas como picão preto, Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergên- cultivares como milho pipoca, milho doce ou milho
carrapicho de carneiro, corda de viola e leiteiro. Algu- cia do milho e das plantas daninhas. em consórcio com forrageiras possuem outras indi-
mas gramíneas (capim-marmelada e capim-colchão). cações de manejo.
Espectro de controle: Plantas daninhas de folhas
Dosagem recomendada: 3,0 a 6,0 L ha-1, depen- larga (leiteiro, trapoeraba, picão-preto e corda de É importante que a recomendação de produtos fitos-
dendo da planta daninha a ser controlada. viola), algumas gramíneas (capim-colchão e capim- sanitários seja feita por um agrônomo. Mas o produ-
-carrapicho) e tiririca. tor deve estar sempre atento a novas informações
Cuidados: Deve se aplicado em solo úmido. para auxiliar em sua recomendação.
Qual a dosagem recomendada: 100 g ha-1.

Cuidados: Utilizar exclusivamente na pré-emergência


de milho clearfield. Para milho convencional, o inter-

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Guia de Manejo do Milho

Manejo de pragas
no milho
Guia de Manejo do Milho

MANEJO DE PRAGAS NO MILHO


As pragas do milho, tanto na primeira como na Corós
segunda safra (ou safrinha), podem ser identifica-
Existe um grande número de espécies de corós, mas
das de acordo com o estágio fenológico da cultura.
os pertencentes à família Melolonthidae merecem
São divididas em pragas iniciais subterrâneas, ini- maior atenção.
ciais de superfície, pragas da parte aérea e pragas
da espiga. Vamos explicar melhor cada uma delas. As larvas, que podem chegar a até 4 cm de compri-
mento, se alimentam das raízes e são capazes de
levar a planta a morte. Estão presentes nas lavou-
Pragas iniciais subterrâneas ras de milho e de sorgo, com maior ocorrência nos
Já aconteceu com você de, na sua plantação de milho, meses de outubro, novembro e dezembro.
haver falhas na germinação nas linhas de plantio?
Acredito que, muito provavelmente, a causa tenha Os corós também atacam a soja. Por isso, preste
sido o ataque de pragas subterrâneas. Elas atacam bastante atenção caso tenha plantado milho logo
principalmente sementes e raízes, dando um enorme após a soja!
trabalho ao produtor! Veja as principais delas. A foto de cima mostra o Coró, e a de baixo o dano causado em
plantas de milho. (Fonte: 3rlab)

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Guia de Manejo do Milho

O principal manejo é com inseticidas, mas você pode Seu controle pode ser feito pelo tratamento com A rotação de culturas também é eficaz para redu-
realizar outras técnicas que colaboram para o manejo. inseticidas fosforados sistêmicos, registrados para ção dos níveis populacionais.
as culturas. Mas também, pode ser feito através de
E as principais técnicas que auxiliam na redução dos uma boa drenagem da camada agricultável do solo,
Larva alfinete (Diabrotica speciosa)
níveis populacionais dos corós são: pois força a larva a aprofundar-se, reduzindo o dano
• preparo antecipado da área; no sistema radicular. A larva-alfinete (Diabrotica speciosa), vaquinha ou
brasileirinho, tem grande importância na cultura do
• eliminação de hospedeiros alternativos e
plantas voluntárias (como plantas daninhas); milho, estando presente também na cultura do sorgo.

• destruição dos restos de cultura após a


colheita. Esse inseto ataca o sistema radicular, o que deixa a
planta mais suscetível ao acamamento, o que provoca
o sintoma conhecido por “pescoço de ganso”. Na fase
Larva-arame (Conoderus scalaris)
adulta, o inseto alimenta-se de muitas culturas como
Esta praga agrícola, também conhecida como vaga- por exemplo o feijão e a soja, mas para colocar seus
-lume (Conoderus spp., Melanotus spp.), ataca semen- ovos preferem gramíneas como o milho e o sorgo.
tes, o sistema radicular e os tubérculos. Também
pode ser encontrada na cultura do sorgo. As principais medidas de controle para larva-alfinete
Larva-arame
(Fonte: Sistemas de Produção Embrapa) são: eliminação de restos culturais; uso de inseticidas

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Guia de Manejo do Milho

granulados ou em pulverização no sulco de plantio. assemelham até mesmo na aparência.


O controle biológico é uma ótima alternativa e pode
ser utilizado em conjunto com o método químico. A fase jovem desta espécie é que danifica semen-
tes e raízes, causando ataques em reboleiras.

Larva-angorá (Astylus variegatus)

Outra espécie de vaquinha, a larva-angorá tem hábi-


Pragas iniciais de superfície
tos muito semelhantes aos da larva-alfinete. Elas se As pragas iniciais de superfície atacam o milho desde Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)
a germinação até a fase de plântula (cerca de 30 (Fonte: Agrolink)

dias após a germinação).

Veja as principais a seguir.

Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

As lagartas reduzem o número de plantas por metro


linear, uma vez que cortam as plantas rentes ao solo.
Adulto de Astylus variegatus Inseto adulto de lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)
(Foto: Ivan Cruz/Embrapa em Defesa Vegetal) ( Fonte: UNESP)

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Guia de Manejo do Milho

Mais uma dica aqui: essa praga também é encon- Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)
trada na cultura do feijão!
Essa praga causa prejuízos entre os estádios V1 e É uma espécie sugadora e, embora tenha tama-
Para o controle dessa praga é importante fazer o V8, aproximadamente. nho diminuto, causa enfraquecimento das plântulas.
tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos. Pelo fato de sugar, ela excreta um líquido conhecido
A lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) também como “honeydew”, que provoca a fumagina e reduz
Também é fundamental a eliminação antecipada de está presente nas culturas do sorgo e do feijão. a capacidade fotossintética da planta.
plantas invasoras, já que as mariposas preferem ovi-
positar em plantas ou restos culturais ainda verdes. A ocorrência dessa praga está associada à períodos
de estiagem no início da cultura.

Além disso, fique mais atento a áreas de solo are-


nosos e com palha, que podem favorecer a praga.

Cigarrinha-do-milho se alimentando de folhas


(Fonte: Pioneer) (Fonte: Embrapa)

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Guia de Manejo do Milho

Mas dê bastante atenção a um outro fato: ela é vetor porque ataca as plântulas e pode gerar um enorme Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
de doenças como enfezamento pálido e vermelho. prejuízo ao final da safra.
A incidência das doenças ocorre, principalmente, se A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma
a semeadura for realizada tardiamente. As principais espécies são Dichelops furcatus e das principais pragas do milho, causando grandes
Dichelops melacanthus. perdas, e também encontradas na cultura do sorgo.
A lagarta-do-cartucho penetra no colmo, criando
Percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.)
Pragas da parte aérea galerias, o que provoca um sintoma conhecido por
O percevejo-barriga-verde tem sido uma grande “coração morto”, que ocorre por causo do dano no
preocupação, principalmente no milho safrinha em As pragas da parte aérea são bem agressivas. Ima- ponto de crescimento da planta.
sucessão à cultura da soja. Ele se torna um problema gine que, nesta etapa, as plantas já estão mais lig-
nificadas ou “mais fortes”. Essa lagarta pode causar redução de rendimento
de 17 a 55,6%. A principal forma de controle da
Então, essas pragas têm uma voracidade alta por lagarta-do-cartucho é através da aplicação de inse-
conseguirem reduzir a produtividade da sua lavoura ticidas. Mas existe também um importante inimigo
nesta fase. A seguir, veja as que você deve ficar mais natural dessa praga, a “tesourinha” (Doru luteipes),
atento. que preda ovos e lagartas pequenas.

Adulto de percevejo-barriga-verde
(Fonte: Roundup Ready)

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Guia de Manejo do Milho

A lagarta-do-cartucho pode também atacar as espi- • Inseticidas; A broca-da-cana (Diatraea saccharalis) está pre-
gas causando grandes danos. Saiba passo a passo • Tecnologia Bt; sente na cultura do milho e sorgo, atacando desde
como fazer o monitoramento e controle da lagarta- • Utilizar inseticidas que não controlem as V6 até o final do ciclo.
-do-cartucho: tesourinhas Doru luteipes (como inseticidas
naturais), principal inimigo natural da lagarta Segundo a Embrapa, o controle pode ser feito do
1. Vistoriar semanalmente pelo menos 20
do cartucho. mesmo modo como é feito em cana-de-açúcar,
plantas em cinco locais diferentes em cada
talhão da lavoura; através da liberação do parasitoide de ovos Tricho-
2. Faça essas vistorias até 60 dias depois da Broca-da-cana (Diatraea saccharalis) gramma spp. ou através do parasitóide de larva, a
emergência do milho; vespa Cotesia flavipes.
3. Até 30 dias depois da emergência, essa
praga deve ser controlada quando 20% das Mais informações sobre a broca-da-cana podem ser
plantas estiverem infestadas;
verificadas nesse folder da Embrapa.
4. Dos 40 aos 60 dias, aplique inseticidas com
10% de plantas infestadas.
Pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis)
Principais formas de controle da lagarta-do-cartucho:
O pulgão-do-milho mede de 0,9 a 2,6mm de compri-
mento, possui antenas e pernas de coloração preta
Broca-da-cana danificando o colmo
(Fonte: Manual de Pragas do Milho - FMC) e o corpo com cores variando de verde-amarelada

35
Guia de Manejo do Milho

à azul-esverdeada. Possui grande importância nos 5. Aplique inseticidas quando pelo menos 50% mais eficientes, como a escolha de cultivares menos
campos de produção de sementes. das plantas estiverem com nota 2, e apenas suscetíveis ao ataque de pulgões e pulverizações
até a fase de pendoamento do milho.
de inseticidas de V4 a VT (pendoamento).
Como dano direto, suga a seiva e libera um líquido Embora seja recomendado em alguns casos o tra-
em que se desenvolve fumagina. A fumagina dimi- tamento de sementes, em geral, esse método de
Pragas da espiga do milho
nui a fotossíntese e reduz a liberação de pólen, o controle não é muito eficaz. Isso porque os maiores
que provoca falhas na polinização. danos são observados no período de pendoamento Nesta etapa, sua lavoura está produzindo espigas
da cultura.Algumas medidas de controle se mostram como você queria, mas daí vêm as pragas da espiga!
Monitoramento e controle do pulgão do milho: Por atacarem diretamente o produto final, são um

1. Fazer 5 amostragens de 20 plantas a cada sério problema. É muito provável que você já as
10 ha de lavoura; conheça, mas não custa relembrar. Vamos lá:
2. Avalie com nota zero (0) as plantas sem
pulgões; Lagarta-da-espiga do milho (Helicoverpa zea)
3. Avalie com nota 1 quando existirem até 100
pulgões por planta; A lagarta-da-espiga do milho (Helicoverpa zea) é
4. Avalie com nota 2 para aquelas plantas com outra importante praga do milho que também ataca
mais de 100 pulgões; o sorgo.
Pulgão-verde
(Fonte: Sistema de Produção Embrapa)

36
Guia de Manejo do Milho

O controle químico através de inseticidas para o A tesourinha deposita seus ovos nas camadas de
manejo de lagarta-da-espiga não é muito eficiente, palha da espiga e tanto a forma jovem quanto os
já que a larva está protegida na espiga. Uma das adultos se alimentam dos ovos e das pequenas lar-
alternativas para o manejo é o controle biológico, vas da praga. Uma tesourinha pode consumir apro-
com o uso de parasitoides e predadores, como a ximadamente 42 ovos por dia.
tesourinha (Doru luteipes).
Os ovos da lagarta-da-espiga também podem ser
parasitados por Trichogramma, sendo outra forma
eficiente de controle biológico.

Mosca-da-espiga (Euxesta spp.)

Esse pequeno inseto da ordem dos dípteras pode


causar danos expressivos nas espigas. E sabe como
elas conseguem penetrar a espiga? Pelos danos
deixados pela lagarta-da-espiga que eu mencionei
acima! As regiões atacadas ficam apodrecidas e
Adulto e larva da mosca-da-espiga
(Fonte: 3r Lab) impedem o consumo in natura do milho. (Fonte: Ivan Cruz/Embrapa em Panorama)

37
Guia de Manejo do Milho

Percevejo-do-milho (Leptoglossus zonatus) Uma característica importante é que eles têm uma Para as demais pragas, o controle cultural, com eli-
dilatação nas pernas em formato de folha. Veja na minação de possíveis plantas hospedeiras e imple-
Viu um percevejo diferente próximo às espigas? Esteja
imagem a seguir. mentação de armadilhas, contribui para reduzir as
atento! Tanto ninfas quanto adultos causam danos,
populações.
como murcha e podridão, com a sucção dos grãos.

Como controlar as pragas Já sobre o controle por meio de inseticidas você


da espiga pode ver detalhes nesta matéria.

Como sempre, o monitoramento é ideal para iniciar


Medidas gerais de controle
qualquer tipo de controle. Mas convenhamos, dá
de pragas
um certo medo quando há o ataque na espiga, não
é mesmo? É claro que as pragas tem suas particularidades, e
você já viu sobre elas ao decorrer do texto.
Para o controle da lagarta-da-espiga, muitos pro-
dutores têm feito liberações do parasitoide Tricho- Mas há medidas fundamentais para combatê-las:
gramma pretiosum. Atente-se que não é a mesma 1. histórico e monitoramento das pragas na
espécie para controle da broca-da-cana! área;
Adulto (direita) e ovos do percevejo-do-milho
(Foto: Ivan Cruz/Embrapa em Panorama)
2. rotação de culturas;

38
Guia de Manejo do Milho

3. dessecação antecipada; Se você ainda não se convenceu sobre a importân- • Nível de controle: é quando devemos fazer
cia do MIP, pense nele como um mecanismo para alguma medida de controle. É abaixo do nível
4. tratamento de sementes;
de dano econômico, pois demora algum tempo
5. escolha da tecnologia Bt (no Brasil possível evitar a seleção de insetos resistentes.
para as medidas de controle darem resultados.
para as culturas de milho, algodão e soja)
• Monitoramento: a partir do monitoramento
Muitas pragas atacam o milho e podem causar danos
você identifica as pragas presentes na lavoura,
Como fazer manejo integrado que podem devastar a lavoura, por isso a escolha e assim determina a necessidade ou não de se
de pragas (MIP) na cultura do integrada das ferramentas de controle são funda- fazer o controle. E ainda qual a ferramenta deve
ser utilizada.
milho mentais.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) surgiu na década Mais informações interessantes sobre MIP você vai
de 40 e voltou a tona com as infestações intensas encontrar nesse texto: Tudo o que você precisa saber
da lagarta Helicoverpa spp., justamente nas lavou- sobre Manejo Integrado de Pragas [Infográfico].
ras de milho.
Para fazer o MIP adequadamente entender alguns
Isso nos mostrou que uma única ferramenta de con- conceitos importantes:
trole não é sustentável ao longo do tempo e pode • Nível de dano econômico: acima desse nível de
até agravar a situação com o desenvolvimento de população da praga há danos econômicos para
resistência a inseticidas. o produtor;

39
Guia de Manejo do Milho

Aqui disponibilizamos gratuitamente uma planilha 5. Faça o controle de plantas daninhas que frente, ainda nesse texto, o nível de controle
para você fazer seu MIP: Saiba qual o Nível de Con- também podem ser hospedeiras dessas das principais pragas de milho);
pragas, como ervas daninhas;
trole de cada praga e quando você deve aplicar, 12. Após aplicações de defensivos, os
mantendo tudo organizado. Baixe aqui! 6. Não faça duas safras de milho consecutivas monitoramentos devem continuar, verificando
na sua área; se houve controle das pragas.
1. Saiba os conceitos do MIP, especialmente de
7. Faça adubação verde, com diferentes
nível de dano econômico e nível de controle
espécies que não sejam atacadas pelas
(que você viu nesse texto, logo ali em cima);
principais pragas da área;
2. Conheça sua região: quais as pragas que
8. Escolha antecipadamente e com calma os
são favorecidas pelo clima, solo e relevo que
produtos que irá utilizar para o controle das
estou?
pragas. Para isso, faça seu planejamento
3. Conheça sua propriedade: mantenha um agrícola e planejamento financeiro;
histórico das principais pragas que atacaram
9. Dentre os produtos, verifique se algum deles
sua lavoura nas últimas safras;
pode ser substituído por produto biológico,
4. Escolha cultivares de milho que sejam menos diversificando os métodos de controle;
suscetíveis ao ataque dessas pragas da
10. Durante a safra, faça monitoramentos
região e que costumam te causar problema
frequentes e os guarde em local seguro;
na fazenda; Com o AEGRO seu monitoramento de pragas é georreferenciado
11. Apenas aplique inseticidas quando a praga e guardado com segurança, sem perda de dados ou confusão de
atingir o nível de controle (você verá mais a não saber ao certo qual talhão foi feito o monitoramento
(Fonte: Aegro)

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Guia de Manejo do Milho

Cálculo da
produtividade
do milho
Guia de Manejo do Milho

CÁLCULO DA PRODUTIVIDADE DO MILHO


Atualmente, e na maioria dos casos, estamos ansio- dutividade de milho. Por isso, a seleção dos locais Método 1: Estimativa da
sos em saber qual será a produtividade da cultura para a amostragem representativa é muito decisiva. produtividade de milho por
que está no campo bem antes do momento da hectare - simples e objetivo
colheita. Isso tudo é para se ter uma “ideia” do que Características individuais de um determinado híbrido
será o rendimento em nível de campo. Assim pode- de milho ou qualquer condição diferente do meio Para te ajudar, neste método fizemos uma planilha
mos nos organizar com investimentos futuros, trans- ambiente ou fatores de manejo podem afetar a pre- para automatizar a estimativa de produtividade de
porte, armazenagem e possíveis ações da colheita cisão das estimativas. Desse modo, escolha sempre milho. Você pode baixá-la gratuitamente aqui.
e pós-colheita. plantas que são o mais parecidas possível com o
restante da lavoura.
Apesar das limitações, as estimativas podem ser
valiosas, se não para a determinação exata da produ- Além disso, existem 3 diferentes métodos de estimar
ção, ao menos para se fazer comparações relativas. a produtividade média na cultura do milho. Alguns
mais simples e outros nem tanto.
E como são feitas as estimativas de produtividade de
milho por hectare? Nós sempre coletamos amostras A seguir, veremos os 3 métodos para você escolher
representativas da lavoura para a previsão da pro- qual se encaixa mais à sua realidade.

42
Guia de Manejo do Milho

Agora vamos entender o passo a passo desse método. Lembre-se que você pode pedir e explicar para sua • Divida esse número por 10 e você terá o
equipe coletar essas espigas ao realizar um monito- número de plantas por metro linear;
ramento de pragas, aplicação de defensivos, entre • Divida 10.000 (valor de m² correspondentes
1º passo: colete algumas espigas de sua lavoura
outros. a 1 hectare) pelo espaçamento da sua lavoura
(em metros);
Recomendamos pelo menos 1 planta a cada 2-6
hectares, sempre lembrando de manchas de solo. • O resultado dessa divisão deve ser
2º passo: calcule o peso médio de grãos de cada multiplicado pelo n° de plantas por metro
uma delas linear - e você terá a população de plantas
Se você possuir mapa de produtividade, melhor por hectare.
ainda. Aproveite as manchas desse mapa para dire- Retire os grãos de milho da espiga e saiba o peso
cionar sua coleta de plantas e estimar sua produtivi- por espiga. Anote os resultados. Ficou confuso? Vamos para um exemplo a fim de
dade nessas diferentes partes de sua propriedade. esclarecer:
Desse modo, a cada mancha de solo, de produti-
3º passo: saiba a população de plantas da área
vidade ou mesmo a cada talhão, você vai utilizar a
fórmula que apresentaremos a seguir. Se você não tem esse dado em seu planejamento
agrícola, também temos como descobrir: Número de plantas em 10 metros da minha
Por isso, é importante que você identifique as plan- lavoura foi de 50 plantas
• Conte quantas plantas existem em 10 metros
tas coletadas em cada uma dessas diferentes partes de linha da lavoura em uma parte homogênea 50/10 = 5 plantas por metro linear
da fazenda. da área;

43
Guia de Manejo do Milho

tradas no talhão. Exemplo: Método 2: Baseado na


Espaçamento da minha lavoura é de 90
centímetros (0,90 m) • Peso médio de grão das espigas regra de cálculo “Corn Yield
selecionadas: 180 gramas Calculator” da Universidade
10 000/0,9 = 11 111,11
• População da área: 70.000 plantas/ha de Illinois nos Estados Unidos
• Cálculo: 0,180 x 70.000 = 12.600 kg/ha
Multiplicando o n° de plantas por metro Passo 1: conte o número de espigas em 4 m²
Lembre-se que temos ainda o fator umidade, já que
linear (5) pelo resultado da divisão acima:
a comercialização é feita com grãos que estejam o Dependendo do espaçamento da sua lavoura, você
5 x 11 111,11 = 55 555,55
mais próximo de 13% de umidade. deve medir o comprimento para resultar em 4 m² e

Assim, a população da minha lavoura de milho é de Se a umidade estiver muito maior que isso, será Espaçamento entre Comprimento para
55 555,55 plantas por hectare. necessário descontar a umidade da produtividade. linhas (cm) se obter 4m²
50 8,0 m
60 6,6 m
4º passo: utilize a fórmula de estimativa da
70 5,7 m
produtividade de milho por hectare
Não erre mais: tudo o que você precisa 80 5,0 m

Após ter o peso médio de grãos de cada espiga, saber para a compra de sementes de milho. 90 4,4 m
100 4,0 m
basta multiplicar pelo número total de plantas encon-

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contar as espigas das plantas presentes em duas 3º passo: utilize a fórmula de produtividade de 4º passo: repita as etapas em vários pontos do
linhas. milho talhão

Para ter uma estimativa melhor da produtividade


Guarde esse dado de quantidade de espigas, pois Com todos esses dados em mãos, utilize a fórmula
de milho por hectare, o ideal é que se repita esses
usaremos mais tarde. para cada uma das 3 espigas:
passos em vários pontos.

2º passo: conte as fileiras das espigas Novamente, mapas de solo e de produtividade podem
(nº de espigas em 4m²) x (nº de fileiras de
grãos) x (nº de grãos por fileira) x 0,70* = te ajudar a direcionar esses pontos de coleta.
Escolha três espigas dessas que você coletou e que
considere representativas da área. Conte o número kg/ha com 15,5% de umidade
Calcule a média dos resultados para estimar a pro-
de fileiras de grãos e o número de grãos por fileira dutividade final da área.
*Fator de correção do método e transformação de bushels/acre
para cada uma dessas 3 espigas. para kg/ha.

Mas atenção! Desconsidere os grãos da extremidade Feito isso, calcule a média de produção estimada
que sejam menores que a metade do tamanho de das três espigas. Assim, você terá a estimativa da
um grão normal. produtividade para aquela região da propriedade
que você coletou as espigas.

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Guia de Manejo do Milho

Método 3: Recomendado pela 3º passo: utilize a fórmula É necessário ter um equilíbrio entre o que foi pro-
Emater duzido e o que foi gasto, resultando no lucro bruto
A produtividade de milho por hectare estimada é
da colheita.
obtida pela seguinte fórmula:
1º passo: conte o número de espigas em 10 m
Produtividade (toneladas/ha a 15,5% de umidade) =
Escolha um ponto representativo da área, faça a [(NE x P) / EM] / 1000
medição de 10 m de linha e conte as espigas. NE Número médio de espigas em 10m lineares
Peso médio de grãos por espiga corrigido para 15,5%
Guarde esse dado para utilizarmos posteriormente. P de umidade, obtida pela média do peso de grãos de
3 espigas coletadas (gramas)
EM 5,7 m
2º passo: tenha o peso de grãos de 3 espigas

Naqueles 10 m que você contou as espigas, esco- Para melhorar nossa estimativa, é interessante que
lhas 3 representativas da área e pese seus grãos. você faça repetições desses passos em vários pon-
tos da área.
Não esqueça de corrigir a umidade para 15,5%.

Agora que você já sabe como prever a sua produ-


tividade de milho por hectare, é preciso saber seus
custos por hectare.

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Colheita de milho
Guia de Manejo do Milho

COLHEITA DE MILHO
Épocas da colheita do milho Para início da colheita, é ideal que os grãos se encon- • Energia gasta no momento da secagem artificial
A colheita (manual ou mecanizada) do milho obe- trem na faixa de 15% a 18% de umidade. Alguns auto- • Preço pago pela saca de milho no momento da
dece ao ponto de maturidade fisiológica das plantas res apresentam valores de 18% a 25% para proprie- colheita
(enchimento de grãos). O ponto de maturidade fisio- dades que possuem estrutura de secagem destes
lógica do grão ocorre quando 50% das sementes grãos. Além disso, é importante regular os maquinários e
na espiga apresentam uma pequena mancha preta acompanhar as operações da colheita. É sobre isso
no ponto de inserção destas no sabugo. Como o milho é armazenado com teor de umidade que vamos falar agora!
de 13%, para colheitas realizadas com umidades
No caso da colheita do milho, as espigas formadas acima desta, é importante se atentar a alguns deta-
Regulagem correta dos
devem ser retiradas do campo o quanto antes. Isso lhes como:
equipamentos
minimiza riscos de ataques de pragas e umidade • Necessidade de secagem dos grãos
proveniente de uma chuva ocasional. Dependendo A regulagem correta das colhedoras é essencial para
• Disponibilidade de local para secagem dos
do destino final do grão, a colheita deve ser reali- grãos reduzir as perdas em campo. A área da colheita do
zada em determinado ponto de umidade. milho deve estar o mais uniforme possível em ques-
• Risco de deterioração do material
tões fisiológicas da cultura.
• Possíveis perdas por ataques de fungos e pragas

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A regulagem do espaçamento do cilindro e do côn- Quanto mais úmidos os grãos, maior a dificuldade Como medir o rendimento por
cavo, bem como a velocidade de rotação do cilindro, de debulha. À medida que os grãos vão perdendo a máquina
pode variar de acordo com a umidade presente nos umidade, eles se tornam mais fáceis de serem debu-
grãos. lhados, exigindo menores velocidades de rotação Existem softwares que auxiliam nas medições de
do cilindro batedor. rendimento por máquina.
Para a cultura do milho, o cilindro adequado é o de
barras. A distância entre este cilindro e o côncavo Para grãos colhidos com umidades de 12% a 14%, é O Aegro possui funcionalidades de visualização da
varia de lavoura para lavoura, com base no diâmetro ideal o trabalho da rotação do cilindro entre 400 a área colhida, produção e produtividade na tela de
das espigas. A distância entre eles deve ser calcu- 600 rpm em colhedoras automotriz. E entre 850 a colheita do software.
lada de modo que a espiga seja debulhada sem ser 980 rpm para colhedoras acopladas ao trator.
quebrada. O sabugo deve sair inteiro.
Para grãos de milho colhidos com umidades maio-
Quanto ao teor de umidade dos grãos, sua relação res (de 14% a 20%), o ideal seria rotações do cilindro
com a rotação do cilindro batedor é diretamente também maiores: cerca de 550 a 800 rpm.
proporcional. Ou seja, quanto mais umidade pre-
sente nos grãos, maior terá de ser a velocidade de De maneira geral, o nível de danos é menor quando
rotação do cilindro. os grãos são colhidos em rotações mais baixas e
com umidades inferiores a 16%.

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Os indicadores que podem ser visualizados são: Operações de colheita É sempre bom acompanhar esse trabalho no campo

• Área colhida - representa a porcentagem de de terceiros e realizar medições de perdas e regulagem das
quanto já foi colhido e quanto ainda falta a ser colhedoras destes terceiros.
colhido. O cálculo é feito através das realizações Se você terceiriza suas colheitas ou parte delas por
das atividades de colheita. falta de maquinário, deve ficar atento na condução Atualmente já existem prestadores de serviço de
• Produção - mostra o que já foi realizado (soma dessa operação em campo. colheita que até entregam o mapa de produtividade
das produções líquidas das cargas de colheita)
das lavouras. Às vezes, o preço cobrado pelo ser-
e a meta (leva em conta a produção esperada
das áreas) Preste atenção às perdas provenientes dessa colheita viço é um pouco mais elevado, mas vale a pena!
de terceiros. Muitas vezes, para aumentar os rendi-
• Produtividade - é dividido em dois indicadores:
o Realizado (barra verde): soma das produções mentos operacionais, são aplicadas maiores veloci- Caso você tenha possibilidade de escolha de colheita
líquidas das cargas de colheita dividido pela a dades de colheita. com o mapa de produtividade, leve esse quesito
área que foi colhida e a Meta (barra cinza): que em consideração no momento da contratação do
leva em conta a produtividade esperada das
Em velocidades maiores, geralmente temos maiores serviço.
áreas.
perdas e, consequentemente, menores quantidades
Você ainda pode visualizar esses três indicadores de sacas/ha tiradas do campo na nossa plantação. Os mapas de produtividade são excelentes ferra-
tanto para uma área em específico como para mais mentas para o entendimento espacial das lavouras.
de uma área da propriedade.

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Guia de Manejo do Milho

Além de auxiliar na reposição dos nutrientes que E isso pode ser prejudicial no momento da colheita
foram exportados, eles são o primeiro passo para a mecânica, pois essas plantas podem acarretar embu-
prática da agricultura de precisão nas propriedades. chamento das colhedoras e perdas em rendimentos
operacionais.

Cuidados na colheita
Outro fator de destaque é a velocidade de colheita.
Muitos agricultores gostam de deixar a cultura no
campo para que ocorra a secagem natural dos grãos. Existem diversos tipos de colhedoras de milho, mas
geralmente a velocidade é determinada em função
Essa prática é de fato muito interessante, pois reduz da produtividade dos talhões.
custos com secagem antes do armazenamento ou
venda final da cultura. Quanto maior a produtividade das lavouras, menor
seria a velocidade das colhedoras, pois toda a massa
Mas vale lembrar que às vezes, na medida em que colhida junto aos grãos tem de passar pelos siste-
temos o milho secando no campo, temos a incidên- mas de trilha, limpeza e separação.
cia de plantas daninhas crescendo entre a cultura.
Grande parte das máquinas opera em velocidades
de trabalho de 4 km/h a 6 km/h.

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Cálculo dos custos


da cultura do milho
Guia de Manejo do Milho

CÁLCULO DOS CUSTOS DA CULTURA DO MILHO


Segundo o Imea, no Mato Grosso, o custo total de Na safra 2015/16, por exemplo, muitos produtores
produção de milho é de R$ 2.789,65 por hectare na anteciparam a venda de até 70% da produção do
safra 2018/19. milho visando cobrir seus custo.

O ponto de equilíbrio necessário para cobrir o custo Mas as condições climáticas daquele ano não aju-
variável está em torno de R$ 20 por saca, conside- daram e a produção acabou não sendo aquela esti-
rando-se a produtividade do milho de alta tecnolo- mada.
gia de 121,49 sc/ha. Essa é uma média da região de
Mato Grosso. Assim, o preço aumentou e muitos produtores não
tinham milho para aproveitar esse momento.
O interessante é você saber na sua propriedade qual
é o custo da produtividade de milho por hectare. É para esses momentos que você precisa ter seus
custos de forma fácil e simples de serem visualizados.
Desse modo você vai saber por qual preço com-
pensa realmente vender sua produção, sempre se
mantendo atento aos preços de mercado.

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Guia de Manejo do Milho

CONCLUSÃO
Toda a produção de milho exige planejamento, acom- Com isso, esperamos que você obtenha um manejo
panhamento e avaliação de resultados. Ou seja, a muito mais consciente, com programação das apli-
gestão é necessário. Até porque, cada vez mais os cações e conhecimento o suficiente para conseguir
preços de insumos aumentam e a margem fica menor. contornar os desafios que temos no campo.

Aqui você pôde entender como fazer esse plane- Bom manejo e boa safra!
jamento, obtendo informações para a tomada de
decisão muito mais segura, desde a escolha da sua
semente, até o custo da sua produção.

Lembre-se que você pode consultar esse documento


sempre que houver qualquer dúvida, inclusive para
fazer seu planejamento agrícola mais assertivo.

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O Aegro fala
a língua do
produtor rural.
Obrigado!

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