Você está na página 1de 49

PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL

Professores:
Adriano de Paula e Silva
Cristiane Machado Parisi Jonov
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
„ Engenharia de avaliações no Brasil
Cronologia de alguns fatos importantes

! 1918 – 1919
Primeiros trabalhos de engenharia de avaliações são publicados em revistas
técnicas de engenharia

! 1941
Luiz Carlos Berrini publica em são Paulo o primeiro livro sobre o assunto no
Brasil – Avaliação de Terrenos

! 1953
Criado o Instituto de Engenharia Legal no Rio de Janeiro

! 1957
Surge a primeira norma brasileira de engenharia de avaliações que recebeu a
nomenclatura de P-NB-74 R da ABNT

! 1980
O Professor Hélio de Caires (USP) realiza o primeiro curso de engenharia de
avaliações numa universidade brasileira
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
1.Introdução

- Não é uma ciência exata

- Arte de estimar valores, onde o conhecimento profissional de engenharia e


o bom senso são condições essenciais

- O profissional não fixa valores, apenas interpreta o mercado

2.Engenharia de Avaliações

O que significa
É uma especialidade da engenharia cujo objetivo principal é determinar
tecnicamente o valor de um bem

Para que serve


Para subsidiar tomadas de decisões à respeito de valores, custos e
alternativas de investimento, envolvendo bens de qualquer natureza
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
A quem interessa
Para os diversos agentes de mercado e outras entidades tais como
imobiliárias, bancos, seguradoras, Poder Judiciário, Prefeituras, etc

Por quem pode ser praticada


Por engenheiros, arquitetos e agrônomos de acordo com sua habilitação
profissional (leis do sistema CONFEA/CREAS), que detenham os
conhecimentos necessários para a realização do trabalho avaliatório a ser
executado

Como deve ser realizada


Através de aplicação de metodologia apropriada, com base em normas
técnicas da ABNT, sendo a mais importante a NBR 14.653 – Norma
Brasileira para Avaliação de Bens

Quanto tempo de dedicação


É necessário um aprendizado constante em cursos, publicações,
congressos, contato com colegas e principalmente com o mercado
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
Tipo de operações realizadas
Operações de garantias
Transações de compra, venda e locação
Avaliações judiciais
Elaboração de plantas genéricas de valores
Decisões sobre investimentos
Balanços patrimoniais e avaliação de empresas
Operações de seguros, fusões e separações de empresas
Desapropriações amigáveis ou judiciais

Honorários
São cobrados em função do nível de detalhamento exigido pelo contratante,
da quantidade de horas dedicadas ao trabalho e à sua complexidade
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
3.Conceito de valor

Antiga NBR 5676


(extinta em 30.06.2004)
Corrente univalente – valor de mercado

Nova NBR 14.653


(em vigor a partir de 30.06.2004)
Corrente plurivalente – admite outras modalidades de valor

Valor de mercado
Quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e
conscientemente um bem, numa data de referência, dentro das condições
de mercado vigentes

Valor em risco
Valor representativo da parcela do bem que se deseja segurar
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
Valor patrimonial
Valor correspondente à totalidade dos bens de pessoa física ou jurídica

Valor residual
Quantia representativa do valor do bem ao final de sua vida útil

4.Classificação dos bens

Bens Tangíveis
(quando podem ser tocados)

- Imóveis em geral;
- Máquinas e equipamentos;
- Obras civis em geral (edificações, infra-estrutura, etc.)
- Instalações em geral (elétrica, mecânica, etc.)
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
Bens Intangíveis
(quando não podem ser tocados)

- Frutos e direitos;
- Marcas e patentes;
- Empresas, softwares;
- Empreendimentos – shopping centers, cinemas, etc.

Exemplo: Fundo de Comércio

Fundo de comércio de uma empresa é, basicamente, o valor de seu ponto


comercial, da clientela e do volume de seu faturamento

É também aquele valor, acima do valor do patrimônio líquido, que a


empresa exibe, pela sua capacidade de gerar lucros

O valor de uma empresa é obtido somando-se o valor atual de seu


patrimônio líquido, com o valor atual de seu fundo de comércio
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
O cálculo do fundo de comércio pode ser feito através da fórmula de
PELLEGRINO:

fc = L / (1+i)n

onde,
Fc – fundo de comércio da empresa avaliando
L – lucro líquido total no ciclo de três anos, imediatamente anteriores
I – taxa trimestral de juros (1,5% a.t.)
n – número de trimestres no ciclo de 03 anos (12)

No cálculo de L, os balanços devem estar atualizados para a data em que se faz


avaliação
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
6.Normatização Técnica

A referência é a NBR 14.653 – Norma Brasileira de Avaliação de Bens:

- Parte 1: Procedimentos gerais;

- Parte 2: Imóveis urbanos;

- Parte 3: Imóveis rurais;

- Parte 4: Empreendimentos;

- Parte 5: Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral;

- Parte 6: Recursos naturais e ambientais;

- Parte 7: Patrimônios históricos.

Parte 1 a 4: Em vigor
Parte 5 a 7: Em discussão nas comissões da ABNT
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
7.Aspectos Legais

- A realização dos laudos de avaliação é atribuição dos profissionais


registrados nos CREAS

- Os corretores de imóveis opinam em transações mobiliárias

- As avaliações são trabalhos de natureza técnica, com diversos livros e


publicações disponíveis (por exemplo, anais de congressos do IBAPE -
Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias)
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
8.Amparo Legal

Lei 5194/1966
Regula o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro
agrônomo, prevê como atribuições desses profissionais a realização de
avaliações, vistorias, perícias e pareceres

Resolução 218/1973 do CONFEA


Especifica como atividades de engenheiros, arquitetos e agrônomos a
realização de vistorias, perícias, avaliações, arbitramento, laudo e parecer
técnico

Artigo 145 do Código de Processo Civil (CPC)


Estabelece que os peritos serão escolhidos entre os profissionais de nível
universitário devidamente inscritos no órgão de classe competente
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
9.Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)

- A ART é a maneira pela qual são registrados os contratos, escritos e verbais,


bem como os desempenhos de cargos e funções técnicas

- Criada pela Lei 6496/1977 e regulamentada pela Lei 307 do CONFEA

- Preenchimento de um formulário padrão fornecido pelo CREA, onde o


profissional declara os dados principais do serviço a ser executado e do
contrato firmado entre o profissional e o cliente

- A obra ou serviço passa a fazer parte do Registro de Acervo Técnico (RAT),


estando o CREA apto a expedir, quando requerida, a Certidão de Acervo
Técnico (CAT)

- O registros das ART’s junto ao CREA é feito mediante o pagamento de uma


taxa
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
10. Método comparativo do custo de reedição de benfeitorias

- Apropria o valor da benfeitoria através da reprodução dos custos de seus


componentes

- A composição dos custos é feita com base em orçamento detalhado ou


sumário, em função do rigor do trabalho avaliatório

- Devem ser justificados e quantificados os efeitos do desgaste físico e/ou


obsoletismo das benfeitorias

R$ ?

Avaliando Hipotético
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
11. Níveis de Rigor (antiga NBR 5676)

Avaliação expedita

- Prepondera a subjetividade, não sendo utilizado qualquer instrumento


matemático de suporte à convicção de valor expressa pelo avaliador

- É tolerada em circunstâncias onde se necessita de procedimento rápido que


possibilite a apreciação do valor de um bem

- Nestes casos, geralmente, as condições não permitem a elaboração de um


trabalho de nível mais alto, admitindo-se a apresentação sucinta da opinião
de valor (deve-se comprovar os elementos que tenham levado à sua
convicção)
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
Avaliação normal

- O tratamento dispensado aos elementos formadores de valor é estatístico –


estatística descritiva, procedendo-se à homogeneização quando os elementos
não forem perfeitamente comparáveis

- A qualidade da amostra deve ser assegurada quanto aos seguintes pontos:

idoneidade e atualidade das fontes de informação;


semelhança com o imóvel objeto da avaliação;
número de elementos utilizados maior ou igual a cinco

Avaliação rigorosa

- O tratamento para alcançar a convicção de valor deve ser baseado em


processos de inferência estatística, que permitam calcular estimativas não
tendenciosas de valor
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
1.Introdução

- Entende-se como benfeitoria qualquer melhoramento, incorporado


permanentemente ao solo pelo homem, que não pode ser retirado sem
destruição, fratura ou dano. Como exemplo, tem-se edificações em geral e
obras de infra-estrutura

- Para uma avaliação bem feita, deve-se conhecer o tipo de edificação ou


obra existente, suas características arquitetônicas e de acabamento, bem
como sua destinação (comercial, residencial, etc)

- A avaliação de benfeitorias é feita através da estimativa do custo de


reedição (reprodução seguida de depreciação) dos componentes da
edificação ou obra

2.Método da Quantificação do custo

- Introduzido pela NBR 14.653 e utilizado para identificar o custo de


reedição das benfeitorias. Pode ser apropriado pelo Custo Unitário Básico
de Construção (CUB em R$/m2) ou por orçamento detalhado
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
3.Custo Unitário Básico (CUB)

- A estimativa do custo de reprodução das benfeitorias pode ser feita através


de custos unitários básicos de construção, publicados mensalmente por
revistas especializadas como A CONSTRUÇÃO ou no site do SINDUSCON
(www.sinduscon-mg.org.br)

4.Avaliação de benfeitorias através do CUB

- Para avaliação de benfeitorias através do CUB pode ser seguido o seguinte


procedimento:

(a) Vistoria

- Tem como objetivo examinar as especificações dos materiais aplicados,


estimativa do padrão construtivo, verificação do estado de conservação e
idade aparente do imóvel

- Os dados recolhidos devem ser confrontados com as informações


documentais contidas em plantas, escrituras, etc.
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
(b) Padrão construtivo

- A NBR 14.653 define padrão construtivo como a qualidade das benfeitorias


em função das especificações dos projetos, materiais, execução e mão de
obra efetivamente utilizados na construção

- Em função das características construtivas constatadas na vistoria,


comparam-se as especificações da benfeitoria avalianda com as
especificações padrão da NBR 12.721

- No relacionamento da benfeitoria avalianda com os projetos padrão, deve-


se procurar aquele projeto que mais se assemelha a ela, definindo-se o
padrão construtivo

(c) Estimativa do custo unitário básico

- De acordo com o tipo de imóvel e seu padrão construtivo, estima-se o custo


unitário básico da edificação

- A seguir é mostrada uma Tabela de caracterização dos padrões construtivos


em função dos materiais utilizados desenvolvida na Escola de Engenharia da
UFMG
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
CARACTERIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DE ACORDO COM OS MATERIAIS UTILIZADOS

PADRÃO

LOCAL ALTO NORMAL BAIXO PROLETÁRIO

Portas Maciça Almofadada Compensado encerado Compensado pintado Metálico

Janelas Madeira – Alumínio Madeira - Alumínio Esquadrias de aço Esquadria de aço

Banheiros Granito Mármore Cerâmica espelhada Esmalte sintético

Acessórios Metais de luxo Metais cromados Metais niquelados Torneiras PVC


Banheiro Cuba Inox luxo Bacias simples Bacias louça branca Bacias louça branca
Cozinha Bancada granito Bancada mármore Bancada ardósia Bancada cimneto
Cuba inox luxo Cuba inox simples Cuba inox simples
Revestimento parede Sistema tradicional Massa paulista Gesso Ausência
Salas e quartos
Revestimento Cerâmica Cerâmica comum Azulejo branco Esmalte sintético
Cozinha e banhos Fórmica
Revestimento Externo Granito Cerâmica comum- Tinta PVA (sem Ausência
Fachada Cerâmica de luxo pastilha-tinta acrílica emassamento)

Pintura Tinta Acrílica Tinta PVA (com Tinta PVA (sem Ausência
emassamento) emassamento)

Adriano de Paula e Silva


Cristiane Machado Parisi 20
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
(d) Cálculo da área construída

- A área construída, também conhecida como área equivalente, deve ser


calculada de acordo com a NBR 12.721 de acordo com a seguinte fórmula

S = Ap + Aq . p
onde,
S – área equivalente de construção
Ap – área construída padrão (privativa)
Aq – área construída de padrão diferente
p – percentual correspondente à razão entre o custo estimado da área de
padrão diferente e o custo estimado para a área padrão sendo que:

Áreas cobertas: p > 0,5

Áreas descobertas: p > 0,25


PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
(d) Fração ideal

- Numa incorporação em condomínio, a razão entre a área equivalente de


construção da unidade e a área equivalente total, fornece a fração ideal
correspondente à unidade. Essa fração ideal, multiplicada pela área do
terreno fornece a quota da parte de terreno pertencente à unidade

(e) Área privativa e Área útil

- É comum confundir-se área privativa com área útil. Entretanto, no cálculo


da área privativa estão incluídas as paredes internas e externas (exceto
50% das divisórias com outras unidades). Na área útil, não estão
consideradas as paredes, correspondendo basicamente à área de piso
(também chamada “área de vassoura”)
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
(g) Estimativa do custo unitário final

- Os custos publicados geralmente abrangem as despesas mais comuns da


edificação, não estando incluídas despesas com projetos, elevadores,
fundações especiais, instalações especiais (centrais de gás, antena coletiva,
etc) e outros

- Esses custos complementares são abrangidos através do seguinte modelo:

CF = CDI . BDI
onde,
CF – custo unitário de construção por m2 de área equivalente
CDI – custo direto
BDI – benefícios e despesas indiretas
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
Os valores de CDI e BDI são calculados através de:

CDI = {CUB + [OE + OI + (OFe – OFd)] / S}

BDI = (1 + A) . (1 + F) . (1 + L)
onde,
CUB – custo unitário básico
OE – orçamento de elevadores
OI – orçamento de instalações especiais
OFe – orçamento das fundações efetivamente utilizadas
OFd – orçamento de fundações diretas geralmente tomado como
0,03 . S . CUB
S – área equivalente global de construção
A – taxa de administração da construtora para a obra
F – custos financeiros durante o período de construção
L – taxa de lucro da construtora
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
5.Influência do Fator de comercialização

- Após o cálculo do custo de reedição das benfeitorias, deve-se considerar a


vantagem da coisa feita ou fator de comercialização

- A vantagem da coisa feita é o acréscimo de valor que tem um


determinado imóvel pela sua vantagem de estar construído e pronto para
ser utilizado, em relação à outro semelhante, mas ainda por construir

6.Aplicação do Método evolutivo

- A formulação do método evolutivo de acordo com a NBR 14.653 é:

VI = (VT + CB) . fc
onde,
VI – valor total do imóvel
VT – valor do terreno
CB – custo de reedição das benfeitorias
fc – fator de comercialização
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
7.Cálculo do Fator de comercialização

- Existem diversas maneiras de se estimar o fator de comercialização, entre


elas a metodologia financeira. Nesse caso, o fator de comercialização (fc) é
estimado através de cálculos de matemática financeira, baseados nos
rendimentos que seriam acumulados durante o período de construção pelos
capitais terreno e benfeitorias

fc = 1 + {(tr . Ca) / [1 – (tr . Ca)]}

com,

Ca = [(1 + i)n – 1] / [i . (1 + i)n]


PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
fc = 1 + {(tr . Ca) / [1 – (tr . Ca)]}

com,

Ca = [(1 + i)n – 1] / [i . (1 + i)n]

onde,
ca – coeficiente de atualização de uma série de pagamentos
tr – taxa de renda líquida mensal para o imóvel
i – taxa de juros mensal de mercado
n – prazo em meses de execução da obra para reprodução das benfeitorias
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
8.Método do Custo de reprodução simplificado

- Alguns avaliadores usam metodologias simplificadas não previstas nas


normas brasileiras. Nelas o avaliador utiliza o CUB, dando-lhe um acréscimo
arbitrário por estimativa dos custos não incidentes (alguns avaliadores dão
um acréscimo de 40 a 50% ao CUB, dependendo da situação)

9.Método do Custo de reprodução pelo orçamento detalhado

- É feito através do preenchimento de uma planilha de custos de acordo com


modelo da NBR 12.721
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

Exercício 1

Calcular o custo unitário final de área equivalente de construção (CF), o


custo direto (CDI) e os benefícios e custos indiretos (BDI) para um prédio
residencial de 10 pavimentos , apartamentos de 03 quartos, padrão normal,
com 6.500 m2 de área equivalente. Adotar o custo unitário básico publicado
pelo SINDUSCON – MG para o mês de fevereiro de 2006. São fornecidos
ainda os seguintes custos:

Elevadores: R$ 250.000,00
Fundações: R$ 270.000,00
Instalações Especiais: R$ 90.000,00
Juros: 18% aa
Prazo de empate de capital: 12 meses
Taxa de administração: 12%
Taxa de lucro da construtora: 15%
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
RESOLUÇÃO

Para um prédio de 10 pavimentos, 03 quartos, padrão NORMAL, o CUB


segundo o SINDUSCON-MG para o mês de fevereiro de 2006 é de R$ 707,06

OFd = 0,03 . S . CUB = 0,03 . 6.500 . 707,06 = 137.876,70


OFd = R$ 137.876,70

CDI = {CUB + [OE + OI + (OFe – OFd)] / S}


CDI = {707,06 + [250.000 + 90.000 + (270.000 – 137.876,70)] / 6.500}
CDI = R$ 779,69

BDI = (1 + A) . (1 + F) . (1 + L)
BDI = (1 + 0,18) . (1 + 0,12) . (1 + 0,15)
BDI = 1,52

CF = CDI . BDI = 779,69 . 1,52


CF = R$ 1.185,13
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
Exercício 2

Avaliar um apartamento com 100 m2 de área equivalente, sabendo-se que:

O valor do terreno (VT) onde se situa o apartamento é de R$ 10.000,00

A fração ideal de terreno pertencente à unidade (fi) é de 0,125

O custo da benfeitoria depreciada (CB) é de R$ 50.000,00

O fator de comercialização (fc) é de 1,10


PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
RESOLUÇÃO

VI = (VT + CB) . fc

VI = (10.000 . 0,125 + 50.000) . 1,10


VI = R$ 56.375,00
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
1.Conceitos

- A depreciação de uma benfeitoria pode ser entendida como a perda de sua


aptidão em atender o fim a que foi destinada. Pode-se também considerar a
depreciação como a perda de valor sofrida por uma benfeitoria

- A depreciação pode ser, principalmente, de ordem física ou funcional

- A depreciação física ocorre em função de causas intrínsecas ao imóvel, como o


desgaste físico de suas partes constituintes. Tal desgaste pode ser provocado
pelo uso constante durante os anos ou por causas acidentais

- A depreciação funcional pode ser provocada, no caso de imóveis, por:

Inadequação: uma casa em que se é obrigado a atravessar um dormitório


para se chegar a outro;

Superação: desenvolvimento de novas técnicas e materiais – cerâmica no


banheiro no lugar de tinta à óleo;
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
Anulação: inadaptabilidade para outros fins – armazém que por restrição do
zoneamento não pode mais funcionar e não é possível sua adaptação para
outro fim

2.Importância da depreciação

- O valor das benfeitorias calculado pelo método do custo de reprodução refere-


se à condição do imóvel novo

- A maioria das avaliações é feita para imóveis usados

- É necessário aplicar um fator de depreciação que reflita a perda de valor sofrida


pelo bem ao longo dos anos

3.Cálculo da depreciação

- Para avaliar a depreciação deve-se inicialmente analisar a idade aparente do


imóvel avaliando, sua vida útil e valor residual. Existem tabelas sugerindo
valores para essas grandezas
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
Tabela exemplo da literatura - Vida útil e valores residuais típicos
TIPO VIDA ÚTIL (ANOS) VALOR RESIDUAL

CASA 60 0,20

APARTAMENTO 50 0,10

SALA 50 0,10

LOJA 60 0,20

GALPÃO 60 0,20

- O valor residual de um bem é o valor de sucata ou de demolição, que resta


desse bem ao fim de sua vida útil

- Um edifício que cessa de prestar serviço, pode ser adquirido por um demolidor
que queira revender seus materiais reaproveitáveis, como portas, janelas,
telhas, aparelhos sanitários, etc

- O valor de demolição é obtido pela diferença da soma do preço de venda


desses materiais com o custo de demolição e limpeza do terreno
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
4.Métodos de cálculo

- Os principais métodos para o cálculo da depreciação são:

(a) Método da linha reta

- Nesse método, a depreciação é função da idade do bem, com variação uniforme


ao longo de sua vida útil

- O fator depreciação é calculado por:

d = 1 – [(1-r) (x/n)]
onde,
d – fator de depreciação
x – idade aparente (anos)
n – vida útil (anos)
r – valor residual
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Gráfico do Método da linha reta


PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Exemplo de aplicação

Um certo edifício, tendo uma vida útil provável de 50 anos, está atualmente
com 20 anos de uso após sua construção. O valor calculado pelo método do
custo de reprodução é de R$ 900,00/m2. Supondo que no final dos 50 anos
seu valor residual seja 20% do valor inicial, calcular o valor unitário atual do
imóvel.
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(b) Método da parábola de KUENTZLE

- Apresenta menores depreciações na fase inicial e maiores na fase final, o que é


compatível com o desgaste progressivo dos componentes de um edifício

- O fator depreciação é calculado por:

d = 1 – [(1-r) (x/n)2]

Exemplo de aplicação:

Calcular o valor unitário atual para o imóvel do exercício anterior.


PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(c) Método de ROSS

- É um método intermediário entre o método da linha reta e o método da


parábola (KUENTZLE)

- O fator depreciação é calculado por:

d = 1 – {(1-r) . (1/2) . [(x/n) + (x/n)2]}

Exemplo de aplicação:

Calcular o valor unitário atual para o imóvel do exercício anterior.


PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Gráfico comparativo dos três métodos


PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(d) Método de HEIDECKE

- O critério de HEIDECKE calcula a depreciação considerando exclusivamente a


conservação do imóvel

- Os valores de depreciação propostos por HEIDECKE são calculados pela tabela a


seguir
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Tabela de HEIDECKE
ESTADO DEPRECIAÇÃO
a) Novo 0,00
b) Entre novo e regular 0,32
c) Regular 2,52
d) Entre regular e reparos simples 8,09
e) Reparos simples 18,10
f) Entre reparos simples e importantes 33,20
g) Reparos importantes 58,60
h) Entre reparos importantes e sem valor 75,20
i) Sem valor 100,00

- O critério de HEIDECKE é incompleto, pois avalia a depreciação do imóvel


sem levar em conta sua obsolescência funcional

- Entretanto, a parte esquerda da tabela (estado de conservação) é utilizada


no critério misto de ROSS-HEIDECKE
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(e) Método de ROSS-HEIDECKE

- É um método misto, que combina o estado de conservação do imóvel com a


idade em percentual da vida útil provável. O critério de ROSS-HEIDECKE é o
mais utilizado na engenharia de avaliações

- O fator depreciação é calculado por:

d = {100 – [k . (1-r)]} / 100

com k obtido na tabela de ROSS-HEIDECKE


PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
Tabela ROSS-HEIDECKE

Idade em % Estado de conservação

da vida útil a b c d e f g h
2 1,02 1,05 3,51 9,03 18,9 33,9 53,1 75,4
4 2,08 2,11 4,55 10,0 19,8 34,6 56,6 75,7

6 3,18 3,21 5,62 11,0 20,7 35,3 54,1 76,0


8 4,32 4,35 6,73 12,1 21,6 36,1 54,6 76,3

10 5,50 5,53 7,88 13,2 22,6 36,9 55,2 76,6


12 6,72 6,75 9,07 14,3 23,6 37,7 55,8 76,9
14 7,98 8,01 10,3 15,4 24,6 38,5 56,4 77,2
16 9,28 9,31 11,6 16,6 25,7 39,4 57,0 77,5
18 10,6 10,6 12,9 17,8 26,8 40,3 57,6 77,8
20 12,0 12,0 14,2 19,1 27,9 42,2 58,3 78,2
22 13,4 13,4 15,6 20,4 29,1 42,2 59,0 78,5
24 14,9 14,9 17,0 21,8 30,3 43,1 59,6 78,9
26 16,4 16,4 18,5 23,1 31,5 44,1 60,4 79,3
28 17,9 17,9 20,0 24,6 32,8 45,2 61,1 79,6
30 19,5 19,5 21,5 26,0 34,1 46,2 61,8 80,0
32 21,1 21,1 23,1 27,5 35,4 74,3 62,6 80,4
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

34 22,8 22,8 24,7 29,0 36,8 48,4 63,4 80,8


36 24,5 24,5 26,4 30,5 38,1 49,5 64,2 81,3

38 26,2 26,2 28,1 32,2 39,6 50,7 65,0 81,7


40 28,8 28,8 29,9 33,8 41,0 51,9 65,9 82,1

42 29,9 29,8 31,6 35,5 42,5 53,1 66,7 82,6


44 31,7 31,7 33,4 37,2 44,0 54,4 67,6 83,1
46 33,6 33,6 35,2 38,9 45,6 55,6 68,5 83,5
48 35,5 35,5 37,1 40,7 47,2 56,9 69,4 84,0
50 37,5 37,5 39,1 42,6 48,8 58,2 70,4 84,5
52 39,5 39,5 41,9 44,0 50,5 59,6 71,3 85,0
54 41,6 41,6 43,0 46,3 52,1 61,0 72,3 85,5
56 43,7 43,7 45,1 48,2 53,9 62,4 63,3 86,0
58 45,8 45,8 47,2 50,2 55,6 63,8 74,3 86,6
60 48,8 48,8 49,3 52,2 57,4 65,3 75,3 87,1
62 50,2 50,2 51,5 54,2 59,2 66,7 75,4 87,7
64 52,5 52,5 53,7 56,3 61,1 61,3 77,5 88,2
66 54,8 54,8 55,9 58,4 69,0 69,8 78,6 88,8
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

68 57,1 57,1 58,2 60,6 64,9 71,4 79,7 89,4


70 59,5 59,5 60,5 62,8 66,8 72,9 80,8 90,9

72 62,2 61,9 62,9 85,0 68,8 74,6 81,9 90,6


74 64,4 64,4 65,3 67,3 70,8 76,2 83,1 91,2

76 66,9 66,9 67,7 69,6 72,9 77,9 84,3 91,8


78 69,4 69,4 72,2 71,9 74,9 89,6 85,5 92,4
80 72,0 72,0 72,7 74,3 77,1 81,3 86,7 93,1
82 74,6 74,6 75,3 76,7 79,2 83,0 88,0 93,7
84 77,3 77,3 77,8 79,1 81,4 84,8 89,2 94,4
86 80,0 80,0 80,5 81,6 83,6 86,6 90,5 95,0
88 82,7 82,7 83,2 84,1 85,8 88,5 91,8 95,7
90 85,5 85,5 85,9 86,7 88,1 90,3 93,1 96,4
92 88,3 83,3 88,6 89,3 90,4 92,2 94,5 97,1
94 91,2 91,2 91,4 91,9 92,8 94,1 95,8 97,8
96 94,1 94,1 94,2 94,6 95,1 96,0 97,2 98,5
98 97,0 97,0 97,1 97,3 97,6 98,0 98,0 99,8
100 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
EXERCÍCIOS SOBRE DEPRECIAÇÃO

Exercício 1

Sabendo-se que o valor de uma benfeitoria calculada como nova pelo


método do custo de reprodução é de R$ 100.000,00, calcular seu valor após
depreciação, pelo método de ROSS-HEIDECKE, considerando:

Idade aparente: 20 anos


Vida útil estimada: 40 anos
Estado de conservação: Reparos simples
Valor residual: 20% do valor novo
PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIAS AVALIATÓRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(1) Silva, A. P.; Jonov, C. M. P. – Apostilas do Curso de Especialização em Construção
Civil da EEUFMG, Belo Horizonte, 2009

(2) Norma Brasileira para Avaliação de Bens (NBR 14.653/2004)

(3) Maia Neto, Francisco - Roteiro Prático de Avaliações e Perícias Judiciais, Editora
Del Rey, Belo Horizonte, 2003

(4) IBAPE – MG - Instituto Mineiro de Avaliações e Perícias de Engenharia –


Fundamentos das Avaliações Patrimoniais em Engenharia - Autores diversos

(5) Dantas, Rubens Alves – Engenharia de Avaliações – Uma introdução à


metodologia científica, Editora Pini, São Paulo, 2003

(6) Moreira, Alberto Lélio - Princípio de Engenharia de Avaliações, Editora Pini, São
Paulo, 1994

(7) Abunahman, Sérgio Antônio – Engenharia Legal e de Avaliações, Editora Pini, São
Paulo, 1999

(8) Fiker, José - Avaliação de imóveis urbanos, Editora Pini, São Paulo, 1997

Você também pode gostar