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Sines Óbito Iniciativa

Misericórdia Faleceram dois “ViVer o Património” vai mostrar


comemorou provedores espólio das instituições com o
495 anos em Fevereiro apoio de voluntários seniores
Em Acção Pág. 8 Em Acção Pág. 9 Património Pág. 20

VOZDAS União das Misericórdias


Portuguesas

MISERICÓRDIAS
director: Paulo Moreira | ano: XXVII | fevereiro 2011 | publicação mensal

‘Ajudar é um direito e temos


Idosos
Bem-estar
emocional
todos o dever de o exercer’ é essencial
Com a saúde debilitada e longe da
casa e da família, o apoio psicológico
é essencial para o bem-estar emocio-
nal do idoso. No lar da Misericór-
dia de Angra do Heroísmo, dos 155
utentes, 30 são acompanhados pelo
Serviço de Psicologia. Deixar para
trás uma casa e uma família sem
capacidade para se assumir como
cuidadora é um processo emocional
complicado. Por isso, o trabalho da
psicóloga é inverter ideias precon-
cebidas: “Queremos que esta seja
uma casa de vida e não de morte”.
Terceira idade, 14 e 15

Reportagem
Apaixonados
e felizes
aos 80 anos
Fevereiro é o mês do amor e o
VM descobriu casais que fazem
qualquer adolescente ficar com
inveja, tais são as demonstra-
ções constantes de carinho. O
cupido, quando atira a seta,
não tem alvo, acerta em quem
acertar e pode atingir qualquer
um. O amor não escolhe idade,
condição social, cor ou religião.
Nas Santas Casas de Valpaços e
Caminha encontramos histórias
Na Santa Casa de Oeiras, o projecto “Mãos dadas para a vida” Misericórdias Portuguesas para o voluntariado, Infância Pamplo- que derretem qualquer coração.
já apoiou quase 400 pessoas através do trabalho de 35 voluntários. na, afirmou que “ajudar é um direito cívico e todos temos o dever 12 e 13
Sobre a importância destas iniciativas, a responsável da União das de o exercer”. Destaque, 3 e 4
2 vm fevereiro 2011 www.ump.pt

panorama

A FOTOGRAFIA
espaço sénior

Saber
viver
Num clima de grande descontracção A subir
conversa-se sobre esses temas e ouvem-se UP é a melhor
opiniões. Assim se pode aprender em investigação
algo mais do que até agora sabíamos,
apesar das nossas idades e de, por vezes, A Universidade do
pensarmos que já é tarde para tal Porto foi a mais bem
colocada em termos de

H
qualidade da produção
á, na nossa Academia, uma científica sobre cancro
do estômago e infecção
disciplina “extra curricular”
pelo Helicobacter
que funciona como Aula Aberta Pylori, tendo superado
(não necessita de inscrição), que instituições como
Harvard, Oxford ou
acontece de quinze em quinze
Cambridge.
dias, onde qualquer de nós pode participar
apresentando temas, assuntos, experiências
ou até notícias da Comunicação Social.
Num clima de grande descontracção
conversa-se sobre esses temas e ouvem-se
opiniões diversas. Assim se pode aprender Parceria UMP e PT Negócios assinam protocolo
algo mais do que até agora sabíamos, A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) assinou recentemente um protocolo que renova a parceria
apesar das nossas idades e de, por vezes, já existente há alguns anos com a PT Negócios. O documento contempla vantagens em comunicações
pensarmos que já é tarde para tal. electrónicas, das tecnologias de informação, dos sistemas de informação, de “business process outsourcing” e
SABER VIVER é um projecto de Carlota ainda no âmbito do cumprimento de normas relacionadas com a higiene, segurança e saúde no trabalho.
Moniz Pereira, Manuela Bonifácio e Manuel Para beneficiar das condições contempladas nesta nova parceria, as Santas Casas deverão aderir ao protocolo
Antunes, nossos dedicados professores, através do preenchimento de um comprovativo. Para mais informações contactar a secretaria-geral da UMP.
que já conta com 10 anos de existência e
que tem por finalidade despertar quem se
sente limitado para ter uma vida activa e
O Número
dinâmica, participando na sociedade a nível

14,55
familiar e também na comunidade.
Os três grandes temas que iniciaram A Descer litros de álcool
Desemprego
esta actividade foram: Caminhar durante Portugal continua nos lugares cimeiros entre aqueles que mais álcool
a aumentar
a vida, Comunicação entre gerações e consomem. Ocupa o 14º lugar, mas a situação tem-se mantido estável
Os afectos e os interesses. Nestes temas O desemprego voltou nos últimos anos. São 14,55 litros de álcool per capita por ano.
a bater o máximo
há uma enormidade de situações e
histórico em Portugal.
experiências donde se pode partir para A taxa de desemprego
um sem número de conversas. atingiu os 11,1% nos
O Caso
últimos três meses de
O título destes encontros pode causar
2010, o que significa
alguma estranheza. A vida começa na que 619 mil portugueses
gestação e termina na morte. E nós estavam sem trabalho
Sociedade ferrugentas na fechadura. sempre, às compras e ao médico”.
cá vamos vivendo...Mas sabemos nós No chão da cozinha do apar- E conta que a última vez que a viu
aproveitar este “intervalo”? Nem sempre,
Morta há tamento, encontraram o corpo em foi antes de uma viagem até à Beira
A Frase nove anos
até porque depende de causas genéticas, avançado estado de decomposição Alta onde tem uma casa. “Quando
culturais e sociais. Portanto, não é um em casa de Augusta Duarte Martinho que, voltei fui lá a casa, fartei-me de
processo fácil! Nestes encontros, os em 2011, completaria 96 anos. Os tocar mas ela não abriu, nunca
dinamizadores pretendem ajudar-nos a Não fossem as Finanças e prova- seus animais de estimação, um cão mais respondeu”.
enfrentar e compreender as preocupações, velmente ainda não se saberia que e dois pássaros estavam também Resolveu então participar o
problemas e situações que se nos o cadáver de Augusta Duarte Mar- mortos na varanda.  caso à PSP. Mas era preciso ordem
deparam, as mais diversas, nossas ou tinho jazia há nove anos no chão De concreto, sabe-se apenas do tribunal para abrir a porta do
não, mas pelo diálogo, pela troca de da cozinha do apartamento em que há muitos anos que Augusta apartamento, explicaram-lhe. Por
Helena André
impressões, pela ajuda que podemos dar Ministra do
que vivia, na Rinchoa, em Rio de Martinho deixou de ser vista e que isso, ele resolveu dar notícia do
uns aos outros. Afinal a COOPERAÇÂO Trabalho e da Mouro. Mas havia uma dívida por a última vez que pagou o condo- desaparecimento ao tribunal de
está inserida no espírito da Academia. Solidariedade liquidar e a ordem de execução de mínio foi em Agosto de 2002, há Sintra, conta. “Fui lá 13 vezes, ain-
Todos participam, todos colaboram, Social uma penhora.  nove anos. Apenas uma vizinha, da a semana passada por lá passei.
participantes e dinamizadores, pois somos Eram quase 17 horas do dia Aida Martins, sentiu a sua falta e Nunca consegui autorização para
“Ainda não
todos aprendizes, como gostam de dizer fomos capazes 8 de Fevereiro quando a PSP foi decidiu, por isso, participar o seu arrombar a porta”, afirma. 
estes fantásticos professores. de inverter a chamada para auxiliar à penhora desaparecimento à GNR. “Disse- Passaram nove anos. No chão
Trata-se portanto de um espaço tendência do de um apartamento na Praceta das ram-me que não podiam chegar da cozinha. Ninguém se interes-
simultaneamente lúdico e desemprego” Amoreiras. A casa já tinha sido e abrir a porta”, diz Aida Martins. sou. Ninguém investigou.
cultural, extremamente vendida em leilão. No local estava, Que ela saiba, “nada foi feito” para Os restos do seu corpo foram
útil e interessante de que além da polícia, um funcionário investigar o paradeiro de Augusta transportados para o Instituto de
podemos usufruir e que é, das Finanças, a nova proprietária Martinho. Medicina Legal para que seja de-
seguramente, uma mais-valia do apartamento que o ia visitar “Dei um exemplo de cidada- terminada a causa da morte. 
da Academia. pela primeira vez e um serralheiro nia, fiz o que estava ao meu alcan-
com a incumbência de arrombar ce, aqui ninguém se interessou”.
a porta e colocar uma nova fecha- Aida Martins resolveu então
dura, procedimento banal neste procurar alguém da família da vi-
tipo de situações. Mas ao contrário zinha. E conseguiu encontrar cinco
Isabel Rodeia
Academia de Cultura do esperado, a porta não abriu to- sobrinhos que não se davam com
e Cooperação da UMP talmente. Havia uma corrente de a tia e um primo, Armando Gas-
academiadecultura@ump.pt
segurança que o impedia. E chaves par de 84 anos. “Acompanhava-a
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 3

RADAR
ON-LINE
Opinião
Encontro
Vimieiro na defesa
Ser voluntário da tradição popular

Luis Filipe Santos / Agência Ecclesia


A Misericórdia de Vimieiro, no
Alentejo, promoveu mais um encontro
para valorizar a tradição da matança do
Aconselho vivamente que se faça
porco. A iniciativa, como tem sido há-
voluntariado, especialmente junto
da terceira idade. É desta forma que bito nos últimos anos, reuniu utentes da
contribuímos para uma sociedade mais instituição, mas também defensores da-
rica, mais estável e sempre atenta quela tradição popular e provedores de
aos problemas sociais Santas Casas de localidades próximas.
Depois de um colóquio sobre o tema, os Igreja

E
ntre os meses de Abril e Dezembro de 2009 fui participantes reuniram-se para saborear Cardeal patriarca
voluntária no Centro de Solidariedade Humana Prof. um repasto tipicamente alentejano. Foi renuncia ao cargo
Emídio Guerreiro, lar de idosos que pertence à Santa a 12 de Fevereiro.
Casa da Misericórdia de Guimarães. O cardeal-patriarca de Lisboa já es-
Devo dizer que ao início, e por ser uma nova creveu ao Papa Bento XVI a carta de
experiência, tanto pelo trabalho em si, como pelo contacto renúncia ao cargo, um passo obrigató-
com um lar e seus utentes, me comportei como uma atenta rio segundo o direito canónico para os
observadora. Ao longo do tempo e com o desenvolvimento bispos que atinjam os 75 anos, idade
das actividades e da confiança cada vez maior com os utentes, que D. José Policarpo atinge no dia 26
comecei a perceber que não era apenas eu, como voluntária, de Fevereiro. Bento XVI poderá aceitar
que proporcionava bons momentos aos nossos idosos. Eles, de imediatamente ou prolongar por algum
certa forma, também contribuíam positivamente para a minha tempo a manutenção no cargo. “A partir
vida, através da troca de experiências, dos conselhos sempre de hoje, eu próprio fico à espera da res-
presentes e do sorriso que esboçavam todos os dias quando eu posta e da orientação do Santo Padre”,
chegava. afirmou
O meu trabalho de voluntariado baseou-se, especialmente,
na área da animação sociocultural. É necessário fazer um Guimarães Ericeira
bom planeamento semanal das actividades para que estas Faleceu antigo Parque de saúde
sejam diversificadas e abranjam diversas áreas importantes provedor em construção
da animação. As actividades ocupacionais desenvolvidas
com os utentes foram bastante ricas em bons momentos, O antigo provedor da Santa Casa Foram reiniciados, no dia 7 de Fe-
em aprendizagens mútuas e em criatividade. Para além das da Misericórdia de Guimarães, Delfim vereiro, os trabalhos de construção do
manualidades em que se utilizavam diversas técnicas, também Amadeu da Silva Pereira Guimarães, Parque Saúde da Santa Casa da Miseri-
se organizavam jogos lúdicos, como o jogo do bingo, jogos com tinha 73 anos, e faleceu recentemente córdia da Vila da Ericeira. Segundo o pro-
imagens ou jogos de cartas. Ginástica ou caminhadas faziam no Hospital de Guimarães, vítima de vedor daquela instituição, Vítor Ágoas,
sempre parte do programa de actividades. doença. Delfim Guimarães foi provedor a obra, a cargo da empresa construtora
Fico bastante feliz sempre que os encontro e me falam num entre os anos de 2000 e 2004, tendo no NOVOPCA, deverá estar concluída den-
passeio que eu lhes organizei ao Mosteiro de Singeverga seu mandato sido inaugurada a Unidade tro do prazo previsto de doze meses. O
(Roriz). de Hemodiálise no antigo hospital. As parque de saúde vai ser construído no
Pela experiência que foi para mim, pelo marcante que para cerimónias fúnebres tiveram lugar a 16 espaço ocupado pelo antigo Hospital da
todos foi, pela vontade de ajudar voluntariamente que fomentou de Fevereiro, na Igreja dos Santos Passos. Misericórdia da Ericeira.
em mim, tentarei reproduzir alguns dos momentos vividos.
Começou por ser uma visita guiada pelo mosteiro com o D.
Abade Luís Aranha, coordenador daquela Instituição, de SLIDESHOW
seguida fomos à parte feminina do convento, onde as freiras
produzem bolachas e outros produtos típicos conventuais, com
os quais os utentes se deliciaram. Para terminar este passeio,
fizemos um lanche em espécie de piquenique com direito a
bolo, fruta, sandes, sumos e muita boa disposição. É esta parte
do passeio que os utentes sempre recordam, porque será? Hoje
reconheço que contribuí para que esse dia fosse mais feliz e
inesquecível tanto para os utentes como para mim.
Por tudo isto, aconselho vivamente que se faça voluntariado,
especialmente junto da terceira idade. É desta forma que
contribuímos para uma sociedade mais rica, mais estável e
sempre atenta aos problemas sociais.
Devo ainda referir que, ao desempenhar acções de voluntariado
senti que cresci enquanto ser humano. Ser voluntário é uma
escolha individual, e, sabendo que podia contribuir para a
construção de um futuro melhor decidi fazer voluntariado numa
Instituição de Solidariedade Social.
Hoje, mais que nunca, o espírito solidário deve
estar sempre activo, uma vez que nos encontramos
no Ano Europeu de Voluntariado. A missão
de solidariedade é como terra que é lavrada
cuidadosamente com a atitude de todos os dias. AEV 2011 Grupo Alius Vetus representa UMP
Arrancou o Ano Europeu do Voluntariado (AEV 2011). A cerimónia de inauguração
teve lugar, em Lisboa a 3 de Fevereiro, e contou com a presença de dirigentes,
colaboradores e voluntários da União das Misericórdias Portuguesas. Aquela
iniciativa de promoção do AEV 2011 decorreu até 9 de Fevereiro e no dia 8 o
Fabiana Fonseca grupo coral Alius Vetus, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Alhos
Voluntária da Santa Casa
da Misericórdia de Guimarães
Vedros,  brindou os presentes com uma actuação, reforçando a presença da União
no evento. Sobre o voluntariado, ver texto ao lado e também páginas 4 e 5.
4 vm fevereiro 2011 www.ump.pt

DESTAQUE

Mãos dadas
Bethania Pagin técnica responsável pelos centros,
Teresa Alves, há duas pessoas que,
No concelho de Oeiras, quase toda neste momento, não têm sequer
gente sabe onde fica a Avenida dos alojamento: um passa as noites em
Combatentes em Algés, conhecida prédios devolutos da zona e o outro
pelo comércio variado. Mas lá ao habita uma barraca que em tempos

para a vida
cimo, onde a via termina numa prace- serviu de galinheiro.
ta, há um espaço dedicado àqueles a Os centros do projecto “Mãos
quem tantas lojas nada representam, dadas para a vida” servem três re-
a não ser as recordações de uma vida feições diárias: pequeno-almoço, al-
que, por diversas razões, deixou de moço e lanche. O almoço é servido
existir e hoje a preocupação é apenas entre o meio-dia e meia e as duas
uma: sobreviver. Aquele espaço é um horas e as refeições são trazidas por
dos dois centros de acolhimento da uma das carrinhas da Misericórdia
Santa Casa da Misericórdia de Oeiras. de Oeiras que, quando lá chega, já
“Mãos dadas para a vida” é o nome encontra algum movimento de pes-
deste projecto que já existe há dez soas a porta do Salão Paroquial, que
anos naquele concelho. Por lá já pas- abriga o projecto em Algés. Em Paço
saram quase 400 pessoas sem-abrigo d´Arcos, o centro também funciona
ou sem qualquer tipo de retaguarda num espaço cedido pela paróquia.
familiar, mas que ali encontraram o A União Desportiva e Recreativa de
apoio de 35 voluntários, que assegu- Algés e Junta de Freguesia de Paço
ram o funcionamento dos centros. de Arcos cedem os balneários.
Muitos serviços são prestados Além da alimentação, higiene
naqueles centros, com capacidade pessoal, lavagem e manutenção de
para 24 pessoas cada um, mas o mais roupas são outros dos serviços daque-
urgente é o apoio alimentar. A maior les centros cujo principal objectivo é
Projecto da Misericórdia de Oeiras já apoiou cerca de 400 parte das pessoas conta apenas com estabelecer uma ponte entre aquelas

pessoas e conta essencialmente com voluntários para manter o Rendimento Social de Inserção,
cerca de 189 euros por mês que são
pessoas, em situação de exclusão e
fragilidade, e a comunidade em geral
abertas as portas dos equipamentos que representam a gastos, quando suficientes, para pa-
gar um quarto que sirva de abrigo,
que, muitas vezes, desabafa Teresa
Alves, é demasiado preconceituosa.
sobrevivência de muitas pessoas naquele concelho quando há. Segundo a directora “Não queremos andar com eles ao
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 5

Impacto da crise
De acordo a Kantar Worldpanel, especializada em estudos de


mercado, 73% das famílias portuguesas já sente o impacto da crise
(desemprego, aumento de impostos e de preços e corte de salários).

consome, por causa da renda, os 400 Entrevista Infância Pamplona


euros da pensão. Não sobra para

‘Ajudar é um
absolutamente mais nada.
Os jovens, continua Teresa Alves,
são mais fáceis de integrar, o merca-
Mãos dadas para a
vida” é o projecto que
já existe há dez anos.
do de trabalho rapidamente os acei-
ta. Mais complicados são os casos
de pessoas que perderam o emprego
direito e temos
Por lá já passaram
quase 400 pessoas
com cerca de 50 anos. António Coe-
lho é um desses casos. Com 53 anos
e desempregado há sete, frequenta o
o dever de
sem-abrigo ou sem
retaguarda familiar
centro de acolhimento de Algés há
sete meses. Actualmente sobrevive
com os 189 euros do Rendimento
o exercer’
Social de Inserção, dos quais 180
Muitos contam pagam a renda. Divorciado, tem dois
apenas com o filhos em idade escolar e por isso
Rendimento Social não pode contar com eles. De pou-
de Inserção, cerca cas palavras – Teresa Alves explica
que é mesmo assim, as pessoas não
de 189 euros por mês gostam de expor as suas fragilidades
que são gastos, -, António contou apenas que, além
quando suficientes, do apoio alimentar, usufrui de outras
para pagar um quarto actividades, como as aulas de inglês
uma vez por semana.
Nem todos ali são portugueses. Reforçar o movimento
Há duas pessoas sem Rashid, por exemplo, é iraniano e de cidadania
alojamento: um passa tem 66 anos. Há 19 anos em Portu- participativa em 2011
as noites em prédios gal, mas apenas há dois no centro da
Misericórdia de Oeiras. Nos primeiros
devolutos da zona tempos, uma empresa de venda de Infância Pamplona, membro do Se- O que se pretende com o refor-
e o outro habita tapetes persas foi sustento da família cretariado Nacional da União das ço da actividade voluntária?
uma barraca que – “vivi como deve ser”, destacou - , Misericórdias Portuguesas respon- Temos de ser capazes de, através de
em tempos serviu mas os tempos mudaram e a família sável pela área do voluntariado. redes de vizinhança, acabar com a
também, está agora em Inglaterra. solidão e o isolamento que atiram
de galinheiro Por questões diplomáticas, Rashid O Ano Europeu do Voluntariado para o abismo muitas pessoas que
não consegue visto para se juntar teve o seu arranque oficial re- precisam de ser ajudadas. Não pode-
Para a voluntária aos seus. A solução: naturalizar-se centemente em Lisboa. Em que mos ficar indiferentes. Ajudar é um
A maior parte dos
menores em risco afirma
Ivone Cepeda, português. E, por isso, neste caso, consistiu a participação da UMP direito cívico e todos temos o dever
o plano individual passa por aulas nesta iniciativa? de o exercer. Se cada um de nós as-
preferir ficar em casa “há várias maneiras de português, para conseguir a cida- A UMP foi convidada a integrar a sumir um compromisso, essa atitu-
de dar, mas dania, entre os outros apoios como Comissão Nacional de Acompanha- de fará uma enorme diferença na
especialmente alimentação e acompanhamento ao mento do Ano Europeu do Volunta- vida de muitas pessoas. Queremos
há uma diferença Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. riado - AEV 2011, cujo objectivo é reforçar o movimento de cidadania
A colaborar nos dois centros, preparar actividades, entre as quais, participativa e activa de voluntários
colo, mas sentimos que muitas vezes
entre dar e dar-se” além da directora técnica, duas au- a Volta do Voluntariado, que marcou que, nos seus tempos livres, actuem
somos nós a ter de dar a cara para re- xiliares asseguram a organização o arranque do AEV 2011 em Lisboa. A junto das pessoas mais vulneráveis.
solver determinado tipo de assuntos”, Principal objectivo do espaço durante a semana. Mas UMP, para além de se ter feito repre- É esse o desafio que pretendemos
especialmente burocracias. Aos se- é estabelecer uma ao fim de semana são os voluntá- sentar por dirigentes e colaboradores agarrar ao longo de 2011. Não pode-
nhorios também costuma “dar jeito” rios a manter abertas as portas dos na sessão inaugural, contou com a mos continuar a arranjar desculpas
uma visita. O tal preconceito assusta
ponte entre pessoas centros. Neste momento, são 35 disponibilidade de voluntários para para a nossa indiferença, mas temos
as pessoas e a responsável pelo pro- em situação de pessoas. Uma delas, Ivone Cepeda, acompanhamento dos visitantes, a noção de que sensibilizar para o
jecto faz questão de “dar a cara” pelos exclusão e já disponibiliza parte do seu tempo divulgação do trabalho voluntário trabalho voluntário, enquanto com-
utentes dos centros. fragilidade e a àquele projecto há quase dez anos. das Misericórdias e ainda deu o seu promisso sério, é um desafio que
Além disso, Teresa Alves costu- “Há várias maneiras de dar, mas es- contributo na área do lazer, com um requer tempo, perseverança e mu-
ma fazer visitas domiciliárias aos
comunidade em geral pecialmente há uma diferença entre momento musical do grupo “Alius dança de atitudes sociais.
utentes, algumas vezes acompanha- que, muitas vezes, dar e dar-se”, conta Ivone ao Voz Vetus”, com o apoio da Misericórdia
da pela psicóloga que, uma vez por é demasiado das Misericórdias. E entre as lições de Alhos Vedros. Como surgiu a iniciativa de pro-
semana, acompanha quem solicita preconceituosa aprendidas ao longo de tantos anos moção do artesanato nas Santas
este tipo de apoio. As visitas repre- como voluntária, destaca o facto de As Santas Casas têm tradição Casas?
sentam uma das faces de um modo que qualquer um pode um dia ficar de voluntários nos seus corpos O Serviço de Voluntariado da UMP,
A colaborar nos dois
de trabalho que para aquela respon-
sável é o único a fazer sentido. “Para
cada um é traçado um plano indivi-
dual de trabalho”, referiu a respon-
sável, lembrando que para o sucesso
desses planos, os voluntários são
fundamentais. “São eles os meus
olhos e a minha voz quando não
estou cá”, disse.

centros, além da
directora técnica
e duas auxiliares,
há 35 voluntários
a trabalhar, alguns
já há dez anos
numa situação de maior fragilidade.
“Temos aqui pessoas de muito valor
que tiveram azares na vida. Não são
coitadinhos e merecem ser tratados
com dignidade”.
Além do voluntariado compro-
metido de 35 pessoas, os centros do
projecto “Mãos dadas para a vida”
contam ainda com o apoio de al-
dirigentes, mas alguns referem
que é preciso dinamizar ainda
mais o voluntariado junto das
pessoas. Concorda?
Claro que sim. Só nos corpos diri-
gentes sabemos que são cerca de
10 mil os voluntários, mas sabemos
que há grupos de voluntários que,
de forma pouco organizada, actu-
sabendo da satisfação com que mui-
tos utentes das Santas Casas se de-
dicam à recuperação de tradições
regionais através dos trabalhos que
realizam com os voluntários, e como
se aproximava o Natal, decidiu dar
visibilidade a esse trabalho, como
forma de incentivar e valorizar as
pessoas que, de forma anónima,
Por ali, já passaram pessoas de gumas empresas, como a Ericsson am junto das comunidades. Como colaboram para que os utentes se
todas as idades. O utente mais jovem e o Barclays. O ginásio Viva Fit de a prática do voluntariado, enquanto sintam estimulados e, ao mesmo
tinha 18 anos e a mais velha 84. “O Algés também promove campanhas uma actividade formal, obedece a tempo, ajudar as Misericórdias a es-
projecto individual da senhora passa para angariação de produtos para os procedimentos de actuação que lhe coar esses produtos genuinamente
por integração em lar, a idade não centros. são próprias, estamos conscientes regionais. Na página Web da UMP,
permite outra coisa e ela não está Recorde-se que 2011 é o Ano Eu- que com um acompanhamento pru- os artigos são divulgados, comercia-
a aceitar muito bem, não quer sair ropeu do Voluntariado (ver entrevis- dente, os resultados a atingir serão lizados e adquiridos directamente às
de casa”. Exacto. Há uma casa, que ta ao lado). conseguidos. Misericórdias.
6 vm fevereiro 2011 www.ump.pt

em acção
Mais de 700 pessoas nas
sessões de esclarecimento
União das Misericórdias reuniu dirigentes e técnicos em três encontros sobre as novas regras
de comparticipação no âmbito da cooperação com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
participação familiar nos lares de
idosos, mantendo-se o equilíbrio e
reforçando o acesso dos mais caren-
ciados a estes equipamentos, num
quadro de sustentabilidade das ins-
tituições”.
Também o valor de referência
para lar de idosos foi alvo de alte-
ração, tendo passado de xxxxx para
869,91 euros. Contudo, continua
aquele responsável, “num ano, o so-
matório das comparticipações fami-
liares com as da segurança social e as
dos descendentes de primeiro grau
de linha recta, ou de outros herdeiros
legítimos, não pode exceder, para o
mesmo período, o valor resultante
do produto do valor de referência
pelo número de utentes abrangidos
por acordo de cooperação, acrescido

O trabalho de negociação com


o Ministério do Trabalho e da
Solidariedade Social deve ser
encarado como um processo
“de continuidade”

de 15%.” Para Carlos Andrade, este


limite faz todo sentido face à nature-
Primeiro encontro teve za solidária das Misericórdias.
lugar em Lisboa Recorde-se que estas novas re-
gras valem apenas para novos uten-
tes. Para os já admitidos, ficou es-
tipulada uma progressão lenta, na
ordem dos cinco por cento ao ano,
presidente da UMP. Nesse sentido, até que seja alcançado o limite agora
Bethania Pagin
a União aceitou assinar o protoco- Protocolo MTSS 2010 definido.
“Os provedores de Portugal são ver- lo que estabelece as novas regras No que refere à terceira idade,
dadeiros heróis hoje em dia”. A afir- de parceria, mesmo tardiamente, às Inalterados os valores de 2009 requalificação e que legalmente não ne- outra novidade diz respeito à defini-
mação foi feita pelo presidente do vésperas do Natal. Segundo o res- Mantêm-se inalterados os valores da cessitem licença camarária, não é exigida ção de uma percentagem de vagas a
Secretariado Nacional da União das ponsável do Secretariado Nacional comparticipação financeira da seguran- a celebração de novos acordos, mas tão indicar pela Segurança Social. Ainda
Misericórdias Portuguesas (UMP), para a Acção Social, Carlos Andra- ça social, praticando-se os montantes só a actualização quanto à capacidade. segundo aquele responsável da UMP,
Manuel de Lemos, durante a pri- de, o trabalho de negociação com o acordados para 2009, sem prejuízo de “sendo claro que com excepção de
meira sessão de esclarecimento so- Ministério deve ser encarado como novos mecanismos e iniciativas previstos Sistemas de qualidade acordos novos, resultantes de novos
bre o protocolo com o Ministério do um processo “de continuidade”, ra- no presente protocolo. As instituições podem optar pela imple- equipamentos comparticipados pelo
Trabalho e da Solidariedade Social zão pela qual a UMP assinou aquele mentação de outros sistemas de qualida- Estado onde estas vagas são obri-
(MTSS), em Lisboa a26 de Janeiro, documento que traz algumas altera- Actualização extraordinária de 0,4% de (sem ser os Manuais de Qualidade do gatórias, em todas as outras situa-
no auditório do Infarmed. Além da- ções que favorecem o apoio aos mais O protocolo de cooperação contempla ISS), cuja certificação seja atribuída por ções, nomeadamente nos acordos de
quele encontro, o Gabinete de Acção carenciados, mas que, ao mesmo actualização extraordinária de 0,4% das uma entidade acreditada no âmbito do cooperação em funcionamento, só
Social da UMP também promoveu tempo, garantem a sustentabilidade comparticipações. Em causa está a entra- Sistema Português de Qualidade. haverá alteração se as Misericórdias
outros dois: em Vila do Conde e Beja, das instituições (ver caixa ao lado). da em vigor do novo Código Contributivo concordarem”.
a 27 de Janeiro e 3 de Fevereiro. Mais Uma das alterações é a comparti- e a medida visa compensar as instituições Sustentabilidade energética Além das sessões de esclareci-
de 700 pessoas marcaram presença cipação familiar. Segundo o respon- dos encargos decorrentes do aumento O Ministério da Economia, da Inovação e mento, recorde-se que o Gabinete de
nos três encontros. sável do Secretariado Nacional para gradual da taxa social única. do Desenvolvimento vai criar, num prazo Acção Social da União das Misericór-
“Os políticos portugueses sabem a Acção Social, Carlos Andrade, “a de nove meses, um plafond específico dias Portuguesas preparou ainda um
que as Misericórdias, contra ventos actual situação, muito exigente do Obras de requalificação de potência reservado a projectos apre- manual de aplicabilidade das novas
e marés, vão resolvendo os proble- ponto de vista social e consequen- Aos equipamentos sociais com acordos sentados por Instituições Particulares de regras de cooperação. O documento
mas e é para isso que estamos aqui: temente do esforço financeiro por de cooperação que sofram obras de Segurança Social. está disponível em www.ump.pt,
para ajudar a resolver os problemas parte das Misericórdias, levou a que embora com acesso reservado ape-
das famílias portuguesas”, disse o fossem revistos os limites de com- nas a utilizadores registados.
8 vm fevereiro 2011 www.ump.pt
em acção

Receitas nas misericórdias


Sines comemora 495 anos
rações, os familiares dos provedores
Misericórdia de Sines comemorou o 495º aniversário
Pataniscas de bacalhau


homenageados foram convidados a
a recordar antigos dirigentes. Foi a 22 de Fevereiro estar presentes na sessão solene. O

A Santa Casa da Misericórdia de Si-


objectivo era entregar-lhes medalhas
de mérito.
As comemorações contaram ain-
de Vila do Conde
nes comemorou o 495º aniversário a da com uma homenagem às colabo-
recordar antigos dirigentes. A Galeria radoras que trabalham na Misericór-
de Provedores foi inaugurada na pre- dia há mais de 25 anos.
sença do presidente do Secretariado Galeria visa homenagear Para encerrar as comemorações,
Nacional da União das Misericórdias os provedores que, ao longo utentes e colaboradores de todos os
Portuguesas, cujo nome, Manuel de dos anos, se empenharam equipamentos - lares, centro de dia,
Lemos, foi dado àquele novo espaço. e dedicaram parte das suas infantário “Capuchinho Vermelho”,
Foi a 22 de Fevereiro. vidas trabalhando em prol Lar de rapazes “A Âncora”, centros de
De acordo com o provedor da San- da população mais apoio “Porto d’Abrigo” e “Mãe Sol” – se
ta Casa de Sines, Luís Venturinha, a vulnerável e carenciada juntaram para uma grande festa com
nova galeria tem como “objectivo ho- actuações musicais, de dança, poesia,
menagear os provedores que, ao longo teatro e demonstrações de ginástica.
dos anos, se empenharam e dedicaram Ao todo, 206 funcionários estão
parte das suas vidas à Instituição, tra- ao serviço das várias respostas sociais
balhando em prol da população mais da Santa Casa da Misericórdia de Si-
vulnerável e carenciada”. nes, que apoia cerca de 250 idosos e
Por isso, no âmbito das comemo- 150 jovens e crianças.

Ingredientes (8 Pess0as) MODO DE PREPARAção:

Pataniscas Demolhar o bacalhau salgado seco;


500g de bacalhau salgado seco depois de demolhado desfiá-lo.
(lombo ou cabeça) Misturam-se todos os ingredientes
3 gemas, 2 ovos inteiros das pataniscas, tempera-se a gosto e
(de galinha – médio/crescido) deixa-se a massa a repousar durante
350g de farinha de trigo tipo 55 2h15.
500ml de leite Entretanto prepara-se o arroz. Coloca-
2 cebolas médias bem picadinhas -se a cebola a refogar no azeite, quan-
100g de salsa bem picadinha do estiver loura junta-se o bacon e
Sal, pimenta q.b., Azeite para fritar q.b. de seguida um pouco de água. Após
Arroz de feijão levantar fervura adiciona-se o pimento
1 cebola média,150g de feijão vermelho verde, o vermelho e o tomate, deixa-
1 pimento vermelho -se cozer.
1 pimento verde, 250g de arroz agulha De seguida rala-se tudo e acrescenta-
1 tomate maduro, 1 folha de louro -se o vinho verde, o louro e tempera-se
50g de bacon cortado aos bocadinhos a gosto.
(sem beiras), 1/4 dl de vinho verde branco Coloca-se o feijão vermelho demo-
Cominhos, piripiri, pimenta (a gosto) lhado (o feijão deve ficar de molho de
Salsa em folhas, Sal, azeite q.b. véspera).
Coloca-se o arroz, mede-se 4 medidas
informação nutricional: de água para 1 de arroz, coze 11 mi-
nutos e está pronto a servir ao mesmo
 36,70 Kcal
4 tempo que as pataniscas.
20,33 g Proteínas As pataniscas são fritas em azeite, es-
25,61 g Hidratos de carbono corridas em papel absorvente tendo o
27,17 g Gordura cuidado de ficarem ao alto para escor-
rer bem o azeite.
Preço: Devem ser regadas com vinho Vinhão
das regiões do Alto Minho ou de Ama-
€€€€€ rante e acompanhadas com azeitonas
pretas e pão de milho.
DIFICUDADE: Resta desejar bom apetite e bom pro-
veito.
,,,,,
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 9

Crianças com contribuinte


Todas as crianças terão de ter número de identificação fiscal para
que os pais possam deduzir as despesas dos filhos na declaração
do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS).

Misericórdias mais pobres


sembleia Constituinte e à Assem- dia de Viana do Castelo deve-lhe a ronel Guardado Moreira - Uma Vida
Faleceram em Fevereiro bleia da República, ministro do II dimensão que atingiu nos dias de Inteira de Serviço. Do Homem e da
os provedores das Santas Governo Constitucional, governador hoje. Perdeu um timoneiro, mas a Obra”, da autoria de António Pires
Casas de Viana do Castelo civil e provedor da Santa Casa da herança que deixou será continuada, Nunes, o provedor recebeu a me-
e Castelo Branco. As Misericórdia de Viana do Castelo. com fidelidade aos princípios que ele Alberto Oliveira e Silva dalha D. Afonso Henriques, Mérito
Misericórdias portuguesas Num testemunho enviado ao perfilhava e com a entrega desinte- e Guardado Moreira eram de 1.ª Classe, pelo Estado Maior do
estão mais pobres nosso jornal, o actual vice-provedor, ressada de todos os colaboradores da provedores das Santas Casas Exército e a autarquia inaugurou ain-
J. Vitorino Reis, lembrou que Alberto Misericórdia de Viana do Castelo”. de Viana do Castelo da uma rua com o seu nome. José
Oliveira e Silva “tinha uma visão Em Castelo Branco, Guardado e Castelo Branco e tinham, Guardado Moreira bateu-se nos úl-
As Misericórdias portuguesas fica- humanista, uma vocação solidária e Moreira havia sido atingido de do- respectivamente, 86 e 90 timos anos pela construção daquela
ram mais pobres em Fevereiro. No um sentido de justiça muito apurado ença súbita e já se encontrava in- anos de idade que chamava a Obra do Século, cujos
dia 10, faleceu o provedor da Santa conseguindo transmitir, a todos os ternado há vários dias no Hospital trabalhos começaram em Setembro
Casa de Viana do Castelo, Alberto que o rodeavam, um exemplo de ci- Amato Lusitano, naquela mesma de 2010. Nesta primeira fase está a
Oliveira e Silva, de 86 anos e vítima dadania, dedicação e amor ao país, à localidade, tendo vindo a falecer no ser construído o edifício para acolher
de doença prolongada. Mais tarde, região e à cidade que sempre serviu”. passado dia 19. os cuidados continuados integrados
no dia 19, foi Castelo Branco a se “Profundamente conhecedor Provedor da Santa Casa da Mi- de média e longa duração. O jornal
despedir daquele que durante 25 da língua e cultura do seu país, era sericórdia de Castelo Branco há 25 Voz das Misericórdias, em nome da
anos esteve à frente da instituição. um homem de consensos sabendo anos, Guardado Moreira foi home- União das Misericórdias Portugue-
Guardado Moreira tinha 90 anos. que era necessário alcançar acordos nageado no final do último mês de sas, apresenta os seus sentimentos
Alberto de Oliveira e Silva foi saídos de discussões sadias e fran- Novembro, por ocasião dos seus 90.º às famílias desses dois homens que
advogado de renome, fundador do cas. Era um humanista de elevada aniversário. muito fizeram pelas Santas Casas
Partido Socialista, deputado à As- estatura e autoridade. A Misericór- Além do livro “O Provedor Co- de Portugal.

VOLTAAPORTUGAL

Reguengos promove encontro regional


As instituições sociais do concelho de Reguengos de Monsaraz estão pre-
ocupadas com as novas regras de emissão de credenciais de transporte.
A preocupação foi expressa num documento enviado recentemente à
Administração Regional de Saúde do Alentejo. A iniciativa, que teve lugar
a 27 de Janeiro, surgiu no âmbito do primeiro Encontro de Instituições
Sociais do Concelho de Reguengos de Monsaraz, integrada nas comemo-
rações dos 150 anos da Santa Casa da Misericórdia daquela localidade.
Neste encontro estiveram presentes dezenas representantes, técnicos
e dirigentes.

2
Novos cursos em Março. A Escola Superior de Enfermagem S. Francis-
co das Misericórdias, da União das Misericórdias Portuguesas, vai iniciar
dois novos cursos de pós-graduação em Enfermagem Peri-Operatória
e Enfermagem em Neonatologia, pelo que o período de candidaturas


encontra-se a decorrer. Mais informações em www.enfermagem.edu.pt.

Barcelos promove
voluntariado
A Santa Casa da Misericórdia de
Barcelos vai arrancar, durante o
mês de Março, com o projecto de Queremos dar um
voluntariado “Elos”. O aumento particular ênfase ao
da esperança de vida, a pobreza voluntariado jovem.
e exclusão social e a vontade da Sentimos que há
Santa Casa levaram a instituição vontade dos jovens
a querer organizar um corpo de colaborar, queremos
estruturado de voluntariado. “O dar-lhes a possibilidade
nosso objectivo é dar algo mais de se realizarem na área
aos nossos idosos, que já têm as humana. Julgamos que
necessidades básicas preenchi- vai ser aqui importante
das: saúde, higiene e boa alimen- a ligação com as escolas
tação, mas que, quando sentem a
ruptura com a família, sentem o
complexo do “que é que me res-
ta na vida?”, explicou o provedor
António Pedras.
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 11

EM FOCO

NÚMEROS

15
Anos
O laboratório de análises clínicas existe há
cerca de 15 anos, desde 1995, quando
foi doado à União das Misericórdias Por-
tuguesas por António Pedro Franco.

47
Mil pessoas
Nos primeiros tempos, a média de aten-
dimentos por dia rondava as 20 pessoas.
Actualmente, o universo total de atendi-
mentos ronda as 47 mil pessoas.

26
Colaboradores
Nos seus primeiros tempos, o laboratório
da União das Misericórdias contava com
uma equipa de seis pessoas, hoje em dia
são 26 os colaboradores.

150
O lado humanizado Pessoas por dia
Por dia, o protocolo com o Instituto da
Droga e da Toxicodependência repre-

das análises clínicas


senta um volume de trabalho de cerca
de 150 pessoas por dia.

1400
Pessoas por mês
Outra parte representativa do trabalho
tem a ver com a hemodiálise, que repre-
senta para aquele laboratório análises de
Apesar do aumento significativo de clientes ao longo de 15 anos, o laboratório 1400 pessoas por mês.

da União das Misericórdias não descura o lado humano do atendimento


Misericórdias Portuguesas por An- to pessoal como profissionalmen- garantem o funcionamento desta
Bethania Pagin
tónio Pedro Franco. Naquela altura, Parcerias que te para os técnicos”. Por dia, este anexa da União.
Em Outubro de 2010, iniciamos um a média de atendimentos por dia podem crescer protocolo com o IDT representa um Contudo, o laboratório da União
trabalho de divulgação das diver- rondava as 20 pessoas. Actualmente, volume de trabalho de cerca de 150 faz questão em manter um aten-
sas instituições da União das Mi- conta a directora daquele serviço, o O laboratório de análises clínicas da pessoas. dimento o mais familiar possível.
sericórdias Portuguesas (UMP). A universo total de atendimentos ron- União das Misericórdias Portuguesas Outra parte representativa do “Apesar dos esforços em responder
Academia de Cultura e Cooperação da as 47 mil pessoas. (UMP) também está a trabalhar em trabalho tem a ver com uma par- rapidamente aos nossos clientes,
inaugurou este espaço, mas também Ainda de acordo com Ana Cas- parceria com algumas Santas Casas, ceria com uma empresa privada na gostamos de conhecer as pessoas,
já fomos conhecer mais de perto o telão, há dois protocolos que repre- assim como com o Lar Virgílio Lopes, área da hemodiálise. Em vigor des- sempre que possível, e tentar apoiá-
Centro João Paulo II, a Escola de sentam o maior volume de trabalho. também da UMP. Neste momento, re- de 2006, esta cooperação representa -las”, contou Ana Castelão, enquan-
Enfermagem S. Francisco das Mi- Um deles, já com muitos anos, é com feriu a directora técnica, Ana Castelão, o análises de 1400 pessoas por mês. to recordava casos em que alguns
sericórdias e o lar de idosos Virgílio o Instituto da Droga e da Toxicode- laboratório tem postos de colheitas em “Estamos a trabalhar com 11 clínicas indicadores nas análises motivaram
Lopes. Agora é a vez do laboratório pendência (IDT). Neste momento, a algumas Misericórdias da grande Lis- em Lisboa”, referiu Ana Castelão, telefonemas que “salvaram vidas”.
de análises clínicas. Apesar do au- equipa do laboratório da UMP faz a boa: Almada, Amadora e Barreiro, onde lembrando que, por causa das ne- “Sabemos que o mercado da saúde
mento significativo de clientes ao colheita e a análise dos utentes de também assegura os exames relaciona- cessidades dos doentes renais, o la- está cada vez mais afastado dos do-
longo dos seus 15 anos de existên- seis centros de apoio do IDT na gran- dos com medicina do trabalho. Em re- boratório só fecha as portas em dois entes, mas aqui gostamos de traba-
cia, aquele laboratório não descura de Lisboa: Xabregas, Taipas, Loures, lação ao equipamento residencial para feriados: Natal e ano novo. lhar o lado humano mais possível”.
o lado humano do atendimento que Torres Vedras, Póvoa de Santo Adrião idosos da UMP, também o laboratório é Este volume de trabalho obri- Mas a qualidade não se fica por
faz. Conhecer as pessoas, para aque- e Amadora (neste caso numa unida- responsável pelas colheitas frequentes gou a um grande investimento. aqui e neste momento está a decor-
la equipa, é tão importante como de móvel). às utentes. A directora técnica, contudo, Além da mudança de instalações, rer um processo de certificação do
cumprir todas as normas e procedi- Trata-se de uma população mui- não hesitou em afirmar que gostaria de foram adquiridas novas máquinas laboratório de análises clínicas da
mentos necessários para assegurar a to complicada, desabafa a directora trabalhar com ainda mais Santas Casas, que asseguram a uniformidade dos UMP.
excelência do trabalho. Ana Castelão, destacando também assim como com as outras anexas da resultados. Se nos seus primeiros Nas próximas edições, falaremos
O laboratório de análises clínicas que a dificuldade é encarada com UMP. tempos, o laboratório contava com sobre as anexas da UMP em falta:
existe há cerca de 15 anos, desde espírito de missão e representa ainda uma equipa de seis pessoas, hoje o Centro Santo Estevão e o Grupo
1995, quando foi doado à União das uma “experiência muito rica tan- em dia são 26 os colaboradores que Misericórdias Saúde.
12 vm fevereiro 2011 www.ump.pt

reportagem

Apaixonados aos 80
Fevereiro é o mês do amor e o Voz das Misericórdias foi atrás de histórias que comprovam que o amor não
Susana Ramos Martins eram conhecidos dos dois quando

F
mergulharam nesta “aventura”. Vi-
evereiro é o mês do úvos e sem filhos, ambos casaram
amor e o Voz das com outras pessoas na juventude.
Misericórdias desco- Clarice, natural de Vila Praia de
briu um casal que faz Âncora, casou aos 25 anos com um
qualquer adolescente jovem do Vale do Âncora – já não
ficar com inveja, tais se recorda nem do nome, nem da
são as demonstrações constantes freguesia dele – que não a largava.
de carinho. Clarice e Agostinho “Andava só atrás de mim”, con-
vivem no lar de idosos da Miseri- fessa algo vaidosa. “O casamento
córdia de Caminha. Conheceram-se durou ainda uns aninhos – mais de
por acaso, foi amor à primeira vista 25 -, mas depois ele faleceu”. Foi
e aos 80 e muitos dizem continuar quando começou a passar longas
apaixonados e felizes. temporadas na casa de uma irmã e
O cupido, quando atira a seta, de uma sobrinha, em Lisboa.
não tem um alvo e acerta em quem Pela grande zona urbana da
acertar. E a verdade é que pode capital andava também Agostinho.
atingir qualquer um. O amor não Casou também jovem com uma
escolhe idade, condição social, rapariga da sua terra, mas foi na
cor ou religião. Prova disso é o CUF do Barreiro onde arranjou em-
casal formado por Clarice Pereira prego. Durante 35 anos dedicou-se
e Agostinho Aparício. Ela com 81, a um trabalho duro, que lhe deixou
ele com 86 anos. A troca de olhares marcas na voz. Também ele enviu-
enternecidos e de gestos de ternura vou e passou a frequentar a casa de
é uma constante entre os dois. familiares em Lisboa.
Foi amor à primeira vista!
Conheceram-se há mais de 20 anos O amor paira no ar
- já os dois eram viúvos e tinham “Ele é muito bom, é muito meu
ultrapassado a barreira dos 60 - amigo, olha por mim e também
numa estação de comboios de Lis- é um borrachinho”: Não! As
boa. Quando, num dia feliz, Clarice palavras não saem da boca de uma
esperava pelo transporte na estação adolescente. É mesmo Clarice Pe-
de Paço de Arcos, o seu olhar reira quem as profere ao descrever
cruzou-se com o de Agostinho. as qualidades do seu companheiro.
Ambos sorriram. Ele foi o mais Agostinho retribui: “é muito boa
atrevido e, encantado com aquela
“jovem”, decidiu meter conversa:
“tu és um borrachinho que não és
Testemunhos


de perder”. Ela não se fez rogada e
respondeu-lhe à letra: “tu também
és jeitoso e bonitinho”.
“Foi um encontro bonito, gra-
ças a Deus”, dizem em uníssono. A
sintonia, que se mantém até hoje,
foi imediata. Conversaram muito
e nunca mais se largaram. De tal
forma que, decididos a viver plena- “Ele é muito bom, é
mente aquele amor, ao fim de três muito meu amigo, olha
meses de namoro fizeram como os por mim e também é um
mais novos e foram viver juntos. borrachinho”
Apenas não casaram por questões
financeiras. “Ela perderia a reforma Clarice Pereira
81 anos
do marido”, explica Agostinho.
“Temos tido uma boa vida. Ele
tem correspondido às minhas
“É muito boa raparigui-
expectativas”, admite a “jovem”
nha, é séria e bonita”. Clarice e Agostinho
apaixonada. vivem no lar de Santa
Agostinho Aparício Casa de Caminha
Vidas passadas 86 anos
Os segredos de uma relação já
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 13

anos
tem idade
rapariguinha, é séria e bonita”.
Estas são as qualidades que
os mantêm juntos ao fim de 20 e
muitos anos, porque “a velhice
acompanhada é muito melhor”.
O amor, explicam, é como uma
frágil flor: é preciso cuidá-la todos
os dias. Talvez seja esse o suces-
so desta relação. Este e outros,
como desvenda o casal: “antes de
casarem ou de se juntarem, devem
pensar primeiro no que vão fazer”.
“O amor é importante, mas não faz Filipe e Emília são os
a relação durar. É preciso sabermos apaixonados de Valpaços
viver com uma pessoa e respeitá-la
para sermos respeitados”.

Uma espécie
O ninho de amor
Clarice e Agostinho vivem
há três anos no Lar Santa Rita de
Cássia, da Santa Casa da Miseri-

de amor companheiro
córdia de Caminha, e não poupam
elogios à instituição. Instalados
num quarto que não deixa atrás
qualquer habitação de um hotel,
revelam que há muito que sonha-
vam ali viver. As comodidades, Guimarães. Depois, telefonava- Agosto 2002. “Fomos casar a Verin mos só nós e os padrinhos. Depois,
explicam, são muitas: têm médico Depois dos 80, o amor é -me todos os dias e com aquela (Espanha), porque meteu-se-nos almoçámos em Chaves e cada um
e enfermeiro sempre prontos para um antídoto infalível para a conversinha do telefone…”, sorri. em cabeça que cá era mais alarido foi à sua vida.”
os atenderem, aulas de ginásticas, solidão, como testemunham Durante esse mês, foram falando e falatório. Combinámos tudo e fo- Apesar de ter sido tudo “muito
passeios - “e que belos passeios te- Filipe e Emília, um casal que de si, dos filhos e “das coisas do fácil e depressa”, não consegui-
mos dados”, sublinha Agostinho -, o destino cruzou no lar da dia-a-dia”. ram “fugir ao paleio”. “Na minha
casa aquecida e comida que, como Santa Casa de Valpaços Quando Emília regressou a aldeia, falaram muito contra
Testemunhos


enfatiza Clarice, “nunca falta”. Valpaços, Filipe não perdeu tempo. mim”, diz Emília, que também não
Para trás ficou a vida em Patrícia Posse “Perguntou-me se gostava dele granjeou a simpatia dos filhos do

C
apartamentos com escadas que já e disse que gostava de mim, que marido. Ele consente: “alguns não
custavam subir e com uma alimen- onheceram-se à gostava de casar comigo. Eu não gostariam muito do casamento,
tação que já era feita com dificulda- hora do almoço, no estava assim muito a crer, mas as mas não quiseram manifestar”.
des, pois custava-lhes transportar refeitório da Santa pessoas começaram a dizer-me Antes, os dois octogenários viúvos
as coisas para casa. Casa da Misericórdia que ele era muito boa pessoa e que tinham casado pelo registo civil em
Há três anos, mudaram-se defi- de Valpaços. Depois fazia bem. Depois, também pensei território nacional. “O meu filho é
nitivamente para o lar e dizem que da primeira troca de que ele estava só e eu também, Como ele ainda conduzia, que ficou um bocadinho sentido,
foi a melhor decisão que tomaram. palavras, seguiram-se meses de então, o melhor era juntarmos os levou-me à minha aldeia porque queria vir ao casamento e
Compartilham quarto com casa- conquista que findaram no altar. trapinhos.” e dali fui com outras não dissemos nada”, confidencia
-de-banho privativa, têm sempre Esta é a história de Emília Cordei- Ainda assim, a missão de pessoas para Guimarães. Emília. Quando se evoca a lua-de-
alguém que os ajuda a tomar ba- ro, 84 anos, e Filipe Barreira, 85, Filipe não foi fácil e socorreu-se de Depois, telefonava-me to- -mel, o casal ri e, sem se alongar,
nho e até para lhes faz companhia juntos há quase uma década. terceiros para chegar ao coração dos os dias e com aquela revela que foi “em casa”.
quando precisam sair. Situado em “Ele foi à mesa onde eu estava da amada. “É como as novas, é a conversinha do telefone… No lar da Santa Casa, a novida-
Vila Praia de Âncora, o lar de ido- e perguntou-me de onde era, quem mesma coisa. Fui falar com uma de “caiu bem a toda a gente”. “Vê-
sos de Santa Rita tem capacidade era a minha mãe, o meu pai. Foi senhora da terra dela e só lhe disse: Emília Cordeiro -se muita infelicidade nas pessoas
84 anos
para 35 utentes, estando equipado metendo conversa”, lembra ela. «bote lá uma mãozinha».” Mas é sozinhas. Entre nós, se um diz ‘ai’,
com 21 quartos. Possui ainda uma Apesar de as aldeias de origem pela voz de Emília que se conhece o outro já está a ver o que é que se
sala de convívio, uma sala de estar, não distarem sequer meia dúzia de como Filipe reagiu quando ouviu passa”, frisa Filipe. No quarto 10,
Vê-se muita infelicidade
um refeitório para os utentes e uma quilómetros, nunca se tinham co- o “sim”. “Ai meu Deus, saltou fora a vivência a dois traduz-se num
nas pessoas sozinhas. En-
capela no rés-do-chão. nhecido até esse Outono de 2001. do carro e começou aos saltos na companheirismo inquestionável.
tre nós, se um diz ‘ai’, o
E não falta comida, como dizia Ao contacto inicial sucedeu- estrada da Senhora da Saúde.” “Não damos um passo sem o ou-
outro já está a ver o que é
Clarice, que lembra agora que -se uma separação, porque Emília tro. Se ela vai sozinha a qualquer
que se passa
são horas do lanche e, por isso, foi passar uma temporada a casa Enlace do outro lado, o público mais conhecido
despede-se com um beijinho. É que de um familiar. “Como ele ainda lado da fronteira Filipe Barreira já está a perguntar onde está o
o amor é muito bonito, mas outras conduzia, levou-me à minha aldeia A data do matrimónio está bem 85 anos patrão.” “É o Rock e a amiga”,
prioridades se impõem. e dali fui com outras pessoas para fresca na memória de Filipe: 10 de brinca ela.
14 vm fevereiro 2011 www.ump.pt

terceira idade
Assegurar
o bem-estar
emocional
Com a saúde debilitada e longe da
família, o apoio psicológico é essencial
para o bem-estar emocional de 30
dos 155 utentes do lar de idosos da
Misericórdia de Angra do Heroísmo
Ana Brasil são utentes do Serviço de Psicologia.
“O agravamento do estado de saúde é
Dar entrada num lar de idosos é uma o principal motivo para que venham
grande mudança para pessoas que para cá. Muitos perdem a mobilidade,
estão numa idade em que sentem outros por motivos de demências”,
como difícil qualquer pequena alte- explica Sabina Romão. Para os que
ração na sua rotina. “Ninguém vem conservam a lucidez, o dia-a-dia é uma
para um lar de idosos de ânimo luta com a saudade e a solidão.
leve”, resume Sabina Romão, a res- “Nós julgamos que eles se tor-
ponsável pelo Serviço de Psicologia nam pessoas mais tolerantes, mas
do Lar de Idosos da Santa Casa da não é bem assim. Aquele espírito de
Misericórdia de Angra do Heroísmo, solidariedade que cremos ser carac- Serviço de psicologia
na ilha Terceira. Contudo, se deixar terístico destas idades não existe”, apoia cerca de 30 idosos
para trás uma casa e uma família afirma a psicóloga. “Os idosos falam
sem capacidade para se assumir pouco uns com os outros. Se não
como cuidadora é um processo emo- houver uma monitora a puxar por
cional complicado de gerir. Por isso, eles, fecham-se em copas”.
o trabalho diário da psicóloga passa Os monitores de cada piso e ou-
por inverter as ideias preconcebidas tros funcionários da casa representam
a respeito deste tipo de instituições: uma peça importante no caminho até os próprios idosos que pedem ajuda. sabafa José Macedo. Com 79 anos, da com a acção da Dra. Sabina. Foi ela
“Queremos que esta seja uma casa ao apoio psicológico. No contacto diá- “Vou lá buscar aquilo que me este utente acredita que os pequenos que me chamou à sociabilização, que
de vida e não de morte”. rio com os utentes do lar, percebem os falta. Vivo cá num apartamento e gestos são a chave para o bem-estar: me mostrou o quão importante é estar
Os números mais recentes reve- silêncios e outros sinais de mal-estar vivo só. A Dra. Sabina tem sido uma “A diferença que faz um sorriso ou com outras pessoas e não refugiar-me
lam que em 2009 o lar de idosos da que os assombram e dão o sinal de bengala para suportar a separação um toque de alguém. Num aperto de na minha solidão”.
Misericórdia constituiu uma resposta alerta encaminhando-os até à psicó- de uma casa onde vivi 55 anos com mão dá-se um sentimento fantástico”. A receita de sorrisos e calor hu-
para 155 clientes cuja idade média, loga. Apesar de muitos deles nunca a minha mulher. Tenho vivido numa Se hoje o seu sorriso é contagiante, a mano é aplicada a todos com quem
tanto nos homens como nas mulheres, antes terem tido acompanhamento solidão que não imagina. E tirar uma responsável é a psicóloga, acusa José se cruza, mas nem sempre com re-
estava nos 82 anos. Destes, cerca de 30 psicológico, na maioria das vezes são pessoa da solidão não é fácil”, de- Macedo: “A minha força foi redobra- sultados positivos. Por mais que José

E
m tempos em que todos de todos, culpa de ninguém. que despoletam o recurso à denominador comum em todas
se desculpam porque Recorre-se então ao apoio consulta de psicologia. Aqui, estas narrativas – sofrimento
não há tempo para formal que, muitas vezes, abre-se espaço à expressão emocional -, que necessita ser
Opinião nada nem ninguém, funciona como uma primeira de sentimentos e emoções, validado e reconhecido por
Sabina Romão haverá mil e uma resposta e não como um último escondidos ou expressos no alguém. Tal como a letra e
Responsável pelo Serviço de Psicolo- razões para não se conseguir recurso. Na verdade, em alguns rosto e no corpo de quem sofre música de Mafalda Veiga, em
gia da Mis. de Angra do Heroísmo
cuidar, amar, apoiar o nosso casos, é um mal necessário! estas vivências; abre espaço “Um pouco de céu” - Não quero
idoso que inicia o seu processo Este apoio que pretende ser ao conto de narrativas, todas levar o que dei/ Talvez nem
Um dia de senescência e senilidade. sinónimo de expectativa de elas diferentes, contadas e sequer o que é meu/É que hoje
Mas, afinal onde residem as vida, nem sempre é encarado vividas por pessoas diferentes, parece bastar/Um pouco de
alguém, hoje nossas prioridades? Aquele pelos seus protagonistas como reflectindo vidas repletas de céu/Um pouco de céu - talvez,
ninguém que cuidou de tudo e de todos,
necessita agora ser cuidado.
tal, motivado por dependências
crescentes, doenças crónicas,
histórias de amor, marcadas
por encontros, desencontros,
em consulta de psicologia,
através de um olhar atento e
Infelizmente, a sociedade e perdas (físicas, emocionais, experiências positivas e outras tranquilo do profissional, este
famílias da actualidade não têm …), solidão, inutilidade, vazio, negativas, todas elas com um um pouco de céu seja “tocado”
conseguido prestar um apoio despersonalização etc. Estes significado pessoal inigualável. pela pessoa idosa, através
tão premente como este – culpa serão alguns dos motivos Contudo, parece existir um da disponibilidade afectiva e
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 15
Porto quer combater isolamento
A Santa Casa da Misericórdia do Porto está a ultimar o programa
“Chave de Afectos” para combater a solidão dos idosos daquela cidade,
revelou á Agência Lusa o provedor da instituição, António Tavares.

VOLTAAPORTUGAL
Macedo abrace Vital Rico, que já co-
nhecia antes de ambos se reencontra-
rem no lar da Santa Casa de Angra do
Obras na Graciosa
Heroísmo, as lágrimas correm frase
sim, frase não. “Sabe qual é o pro-
blema dele, não sabe? Tem muitas Tentúgal promove
para melhorar serviços
saudades das filhas”, explica o amigo. gala solidária
Ao mesmo tempo que afirma A Santa Casa da Misericórdia de no âmbito da rede de equipamentos e voz, sistema solar térmico para
gostar de estar no lar, Vital Rico, de Tentúgal vai promover uma gala As Santas Casas de Vila e serviços sociais, e que tem como aquecimento de água e aquecimento
84 anos, confessa que está muito de solidariedade. O objectivo da de Santa Cruz e Vila da Praia objectivo proporcionar melhores central e construção de garagem e
nervoso. Com as duas filhas emigra- iniciativa, que decorre a 12 de da Graciosa, no arquipélago condições às pessoas idosas. acesso de modo a permitir a insta-
das e sem vontade de estar fora da Março na Quinta do Outeiro, é dos Açores, estão a As obras em causa visam a adap- lação de painéis termodinâmicos,
sua terra, Vital Rico, viúvo, estava reunir fundos para a construção melhorar os equipamentos tação das instalações sanitárias para em alternativa ao maciço em betão
sozinho em casa quando teve uma de um novo lar residencial para de apoio á terceira idade pessoas portadoras de deficiência, para respectiva fixação são outras
trombose. “Fiquei com a mão direita idosos, uma necessidade bastante eliminação de barreiras arquitectó- das intervenções previstas para em-
tão inchada que nem podia usar reló- sentida na localidade. Actualmente, nicas, colocação de nova pavimen- preitada da Misericórdia de Vila de
gio. Agora já a consigo mexer”, afir- a Santa Casa de Tentúgal apoia 25 A secretária Regional do Trabalho e tação, remodelação da cozinha, in- Santa Cruz.
ma enquanto abre e fecha a mão sem idosos em lar, 15 em centro de dia Solidariedade Social visitou recen- cluindo a implementação do HACCP, Face à empreitada em curso,
esforço, “faço fisioterapia duas vezes e outros dez em apoio domiciliário. temente as obras de remodelação e plano de emergência e detecção de destacou aquela governante, torna-
por semana”. O que o aflige agora, ampliação do lar de idosos da Santa incêndios e pintura de interior e ex- -se necessário a reprogramação da
mais do que tudo, são as saudades. Casa da Misericórdia da Vila de San- terior do edifício. abertura do concurso público para
“Custou-me muito apartar-me do Residências assistidas ta Cruz e as obras de remodelação e Remodelação das instalações as obras de construção de uma cre-
lugar onde nasci, para onde casei e aprovadas em Tomar adaptação de quatro moradias para eléctricas, instalações de dados che e de um centro de actividades
onde criei a minha família”, afirma. A Santa Casa da Misericórdia de idosos da Santa Casa da Misericórdia ocupacionais para deficientes. Em
Os problemas familiares, as di- Tomar vai brevemente começar da Vila da Praia da Graciosa. Foi a 8 causa estão as alterações ocorridas
ficuldades de aceitação da própria a construir residências assistidas de Fevereiro. no lar de idosos, nomeadamente a
dependência e as dificuldades de para idosos autónomos.Comparti- Ana Paula Marques, que se fez remodelação da cozinha, que vai


integração e institucionalização são cipado no âmbito do QREN, o pro- acompanhar pela directora Regional permitir que a mesma sirva todos os
as principais problemáticas que con- jecto contempla 33 quartos equi- da Solidariedade e Segurança Social, equipamentos desta instituição, não
duzem um idoso ao serviço de apoio pados, 18 simples e 15 duplos, e considerou que as empreitadas das sendo, por isso, necessário construir
psicológico, segundo o relatório da- vai custar cerca de dois milhões e duas Santas Casas estão a decorrer mais uma cozinha, evitando, assim,
quele Serviço de Psicologia, com da- duzentos mil euros, para os quais a a “bom ritmo”. o desperdício de recursos.
dos de 2009. Diante de Sabina Ro- instituição contará com uma com- Referindo-se à segunda fase das Já as obras de remodelação e
mão, a única psicóloga a assegurar o participação de um milhão e oito- obras de remodelação e reabilitação adaptação de quatro moradias, de
acompanhamento dos utentes, todas centos mil. do lar de idosos da Santa Casa da tipologia T1, para idosos da Santa
estas questões surgem entrelaçadas Misericórdia de Santa Cruz, orça- As duas Misericórdias Casa da Misericórdia da Vila da Praia

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nas histórias dos idosos, misturando da em 500 mil euros, a responsável da ilha da Graciosa, da Graciosa, que contam com um
os problemas do passado com os da salientou a importância deste inves- nos Açores, estão a investir investimento de cerca de 300 mil
nova rotina dentro do lar. “O conflito timento que se insere na estratégia na melhoria dos serviços euros, deverão estar concluídas até
entre eles é muito frequente. Surgem desenvolvida pelo governo regional prestados aos idosos ao último trimestre deste ano.
ciúmes e problemas no piso e isso
perturba-os muito”, afirma. Pombal vai ter UCC
Depois de 16 anos a viver sozi- Misericórdia de Pombal vai in-
nha, a privacidade era algo de que vestir na construção de uma
Dolores Alves não aceitava abrir unidade de continuados com
mão. Só quando a casa em que vivia capacidade para 40 pessoas.
num bairro problemático foi vandali-
zada é que a idosa de 85 anos cedeu:
“Estava tão aflita que aceitei dividir Mealhada preocupada
um quarto”. Resume os dois anos com centro de noite
em que teve uma companheira de A Santa Casa da Misericórdia da
quarto dizendo que “as coisas não Mealhada quer uma definição para
correram bem”. Hoje, com o seu pró- o seu centro de noite. A afirmação
prio espaço, a cama é uma tentação foi feita pelo provedor reeleito, João
maior: “Estive seis dias na cama a Peres, durante a tomada de posse.
pensar na minha vida e a chorar. Apesar do equipamento estar con-
Nessas alturas quem me vale é a Dra. cluído há dois anos, ainda não tem
Sabina”, conclui. utentes. Já há alternativas em cima
da mesa de negociação com as en-
tidades competentes, mas a institui-
ção ainda aguarda autorização por
temporal que lhe é concedida, parte da Segurança Social.
onde a pessoa vê reconhecida e
reforçada a sua identidade.
A consulta de psicologia Estombar promove
pretende orquestrar emoções envelhecimento activo
e sentimentos que necessitam A câmara municipal de Lagoa está
ser afinados, em ordem à Empenhada em promover envelhe-
manutenção do respeito e cimento activo através do Programa
da dignidade que qualquer Pró Bem. Em parceria com diversas
ser humano deve preservar, organizações locais – entre elas, a
seja qual for a circunstância, Santa Casa da Misericórdia de Es-
especialmente, na situação tombar -, este projecto visa reduzir
de pessoas idosas fragilizadas ou eliminar os estereótipos vigentes,
emocionalmente, para que nunca substituindo esta imagem por uma
se esqueçam da sua identidade e mais actual, voltada para os recur-
para que se reconheçam sempre sos, as capacidades e a disponibili-
como alguém! dades dos idosos.
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 17

saúde
Pequenos passos para
recuperar autonomia
65 anos, entretida a pintar: “estou a
fazer um guarda-chuva para a se-
nhora não se constipar”. Há três anos
veio para a unidade, onde, assegura,
se sente melhor. “Passo o tempo a
desenhar, a dormir e também gosto
de cantar coisinhas da escola para
animar a malta”, acrescenta entre
um sorriso e uma gargalhada.
O trabalho de Alexandra Azeve-
do acaba por ser gratificante, pois
“a cada dia, a gente dá um passo
a mais”. “Primeiro, tinha que me
esforçar para eles interagirem na
actividade, agora até são eles que
pedem”, destaca.
As paredes da sala de convívio
estão povoadas de registos: as datas
de aniversário apontadas num car-
taz, a roda dos alimentos feita pelos
utentes e um calendário com os dias
passados riscados para que não per-
cam a noção do tempo, entre outros.
Também o computador é usado para
pesquisar receitas ou provérbios.
Unidade da Santa Casa de À medida que o tempo passa,
Resende tem capacidade os utentes vão começando a ficar
para 10 pessoas saturados com o internamento.
“Enquanto estão a recuperar, estão
animados com a perspectiva de re-
gressar a casa e aceitam muito bem
os nossos cuidados. Depois, nota-se
mais a tendência para a depressão,
sobretudo naqueles que começam
a ver que a família não os visita e

Desde o instante na unidade de cuidados continuados


integrados de longa duração e manu- Unidade poderá
de todo o processo, sabem que os
utentes vão regressar a casa e “já
que não vêem a possibilidade de
regressar a casa”, esclarece Zita Ra-
em que o utente tenção da Misericórdia de Resende, ser ampliada começam a participar mais”. “Tenta- mos, que também trabalha como
assistente social.
toda a equipa começa a planear a mos implicá-los até na prestação de
dá entrada sua alta e a preparar o seu regresso A funcionar desde 2006, a unidade de cuidados”, frisa Zita Ramos. Quando os utentes chegam com

na unidade ao domicílio.
No entanto, alguns já ali estão
cuidados continuados integrados de
longa duração e manutenção da Mise-
Sequelas de acidentes cardiovas-
culares (AVC), úlceras de pressão,
um elevado grau de dependência, as
expectativas dos familiares “já não são
de cuidados “há imenso tempo”, pois “têm alta ricórdia de Resende presta cuidados de hipertensão e diabetes são as pato- muito grandes relativamente a uma
clínica, mas dar alta social é compli- saúde e de apoio social a uma dezena de logias mais recorrentes. Por isso, as possível recuperação”. Ainda assim
continuados da cado ”, explica a directora técnica da utentes. “Como já tínhamos a unidade intervenções visam a promoção da incentiva-se a família “a estar com o

Misericórdia de unidade, Zita Ramos. A inexistência


de família ou o seu desinteresse, as-
de apoio integrado desde 1995, tran-
sitámos para os cuidados continuados.
autonomia do utente, capacitando-
-o para as suas actividades diárias.
utente, porque ele se sente feliz com
esses laços”. E há também casos de
Resende, toda a sim como a escassez de vagas em Pertencemos à experiência piloto a nível “Tentamos reabilitá-los para que sucesso: “tivemos aqui uma senhora
lares e outras respostas alternativas nacional e, a partir daí, fomos aperfeiço- tenham uma vida o mais parecida que acompanhava o marido desde as
equipa começa a justificam a sua continuidade. “Os ando a nossa actividade em velocidade possível com aquela que tinham an- 9h às 20h. A equipa de enfermagem

planear a alta dois últimos casos que admitimos são


mais difíceis. Uma delas está muito
de cruzeiro, sobretudo ao nível dos re-
cursos humanos qualificados”, lembra o
tes, algo que se consegue através do
treino das actividades de vida diária
ensinou-a a prestar os cuidados ne-
cessários e quando ele teve alta, nem
Patrícia Posse dependente e a filha disse-me logo provedor José Dias. como andar, vestir, lavar, pegar no necessitou de apoio domiciliário”.
que vivia longe e que não vinha cá Conhecidas as limitações físicas da in- garfo, no copo”, refere a enfermeira Zita Ramos reconhece que já
Os dias escrevem-se com pequenos visita-la e houve quem já me tenha fra-estrutura e perante a necessidade coordenadora, Clara Loureiro. se nota uma mudança de mentali-
ganhos: se os utentes conseguem dito para colocar o pai na rua”, revela. deste tipo de respostas sociais, a Santa A função de ocupar o dia com dades relativamente aos cuidados
pintar um desenho, levantar um Após a admissão, a equipa define Casa quer construir uma nova unidade, actividades lúdicas está delegada continuados integrados. “A nossa
copo ou dar um passo. Por “muito um plano de intervenção individual com capacidade para 28 camas. “Te- na Alexandra Azevedo, animadora maior dificuldade é com os casos
pouco” que se alcance, o essencial para cada utente, onde são fixados mos o projecto em apreciação e vamos sociocultural. “Fazemos trabalhos mais antigos, porque os actuais já
é acompanhar a pessoa em situa- objectivos que são periodicamente aguardar. Depois é tentar que a autar- manuais, lemos as notícias diaria- sabem que não é um internamento
ção de dependência, estimulando revistos ao longo do internamento. quia nos ajude, porque não temos ca- mente, jogamos cartas, dominó ou definitivo, nem um lar de idosos,
a autonomia e proporcionando-lhe Quando os objectivos são alcan- pacidade financeira”, refere. Se houver bola, cantamos músicas, eles contam mas um internamento temporário
qualidade de vida. Por isso, desde o çados, as famílias ou cuidadores, luz verde, esta infra-estrutura poderá histórias passadas e eu conto as mi- que a pessoa necessita para recupe-
instante em que o utente dá entrada que procuramos envolver ao longo entrar em funcionamento em 2015. nhas.” Junto dela está Maria Soares, rar autonomia.”
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EDUCAÇÃO
Encontro de Quando
“Amor é… tirar um anel e meter no
dedo um do outro o anel” ou ainda
“O amor é beijocar”.
Como esta, ao longo do ano, pouco
gerações no dia importa
são desenvolvidas várias activida-
des que visam promover a interge-

a idade
racionalidade. De acordo com Ana
Catarina Correia, uma das técnicas

de S. Valentim
responsáveis pela animação, é extre-
mamente positivo a adopção destas
acções. “Para além de promoverem Ramiro aproxima-se dos 80
o convívio entre as crianças e os anos, Maria Antónia caminha
mais idosos, estimulam o carinho para os 90. Mas para eles
e o respeito. Depois, notamos que a idade não importa. Em
algumas crianças se aproximavam Dezembro comemoram 59
com algum receio dos idosos. Agora, anos de casamento
estão mais colaborantes, partilham
tarefas e ajudam-se sempre que são
O dia 14 de Fevereiro foi mote para reunir corações de incentivados a isso”, explicou.
Os efeitos notam-se, de certo
Ele natural de Viseu. Ela de Olivei-
ra de Azeméis. Ramiro aproxima-se
várias gerações na Misericórdia de Oliveira de Azeméis modo, numa melhoria da saúde dos 80 anos. Maria Antónia cami-
mental do indivíduo idoso, possi- nha para os 90. “Quando se ama,
bilitando-lhe bem-estar psicológico. pouco importa a idade”, dizem de
Desta forma, ao ser promovido o imediato. A 27 de Dezembro come-
contacto com a criança, é permi- moram 59 anos de casamento. Mais
tido aos utentes com mais idade, de meio século assente no respeito,
aprender novas coisas, animá-lo, na dignidade e no comportamento
incentivá-lo. Fazê-lo sentir-se útil e exemplar. Deixaram Portugal para
não abandonado. acompanhar os pais. Em Angola se
Para juntar “amor” ao coração encontraram. Nesta terra que os uniu
gigante que enfeitou a entrada da juraram amor eterno.
Misericórdia de Oliveira de Azeméis, Ramiro, recorda, como se fosse
os mais pequenos trouxeram uma hoje, o primeiro olhar sobre aquela
surpresa. Deliciosas bolachas, em que seria sua esposa. “Vi-a na Biblio-
forma de coração, que entregaram teca. A subir as escadas. Fato azul.
Bonita. Nessa tarde encontrei-a no
Amor é … fazer juntos cinema, na matiné. À noite, num
Leonor 3 anos Baile da Gala da cidade. Convidei-a
Amor é … deixar para dançar. Uma. Duas. Três vezes.
uma comida para ele/ela À terceira perguntei: E se, no futuro,
Ana 5 anos só dançasse comigo e eu só consi-
Amor é … dar uma go?”. Quatro meses depois estavam
jarra de flores casados.
Miguel 5 anos Do casamento nasceu um filho,
actualmente com 56 anos, e a viver
a todos os utentes da instituição. no Brasil. Como há 58 anos, vivem
Na troca de carinhos foi notória a um amor ímpar. “Damos a vida
felicidade com que todos receberam um pelo outro”, confessa o esposo
o biscoito. enamorado. Na companhia um do
Já dormiam os pequenos, e de- outro, viveram uma vida feliz, com
pois de almoço tinha inicio nova acti- intensa actividade social e cultural,
vidade. Agora a missão era outra. En- participando em bailes e outros actos
cher de corações autocolantes todos sociais, entre Portugal e Angola.
quantos circulavam pela instituição. Um AVC, em 2006, limitou a
Utentes, visitas, funcionários. Todos Maria Antónia algumas faculdades.
sem excepção. Um coração colado Mesmo assim, mantém acesa a cha-
no peito, em troca de um beijo, um ma do amor que nunca os separou.
abraço ou um aperto de mão. Aqui, “Nunca viajei sem a minha mulher”.
novamente, se interligaram idades e Por amor, regressaram a Portu-
se partilharam carinhos. gal. De Nova Lisboa viajaram para
Dia dos namorados Além da intergeracionalidade, a cidade de Espinho. Junto ao mar,
serve mote para o dia dos namorados foi vivido na Maria Antónia gozou a reforma. Ra-
juntar gerações Misericórdia de Oliveira de Azeméis miro foi secretário-geral da Associa-
por um casal de utentes. Ramiro e ção Nacional de Empresas Textêis.
Maria Antónia estão há pouco mais Felizes a cada momento, partilha-
de um mês na unidade residencial ram sempre essa felicidade com um
da Santa Casa. De mãos dadas, os grupo de amigos que, ainda hoje,
dois idosos vivem cada dia como o mantém o contacto. Voluntariosos e
primeiro. Ver texto ao lado. amigos do próximo, Maria Antónia
Recorde-se que o tema do próxi- foi investida do título de sócio hono-
mo congresso nacional das Miseri- rário dos Bombeiros de Gondomar,
dos diversos equipamentos, uniram- No final, um enorme coração repleto córdias será “Intergeracionalidade: terra onde professou o ensino na
Vera Campos
-se para celebrar o dia dos namora- de frases e mensagens de todas as passado, presente e futuro”. O en- Escola Comercial.
O dia de S. Valentim, celebrado dos, ou da amizade, como ouvimos idades. contro vai ser em Coimbra, entre os
a 14 de Fevereiro, juntou, na Santa denominar. À p e rg u n t a “ o q u e é o dias 16 e 18 de Junho, com sessão de
Casa da Misericórdia de Oliveira de Pouco depois das nove da ma- Amor?”sucederam-se as mais in- encerramento em Arganil. O evento
Azeméis, corações de várias gera- nhã, começava a azáfama de encai- críveis respostas. “O amor são bei- está a ser organizado pela União das
ções. Crianças, idosos e funcionárias xar as peças de um puzzle gigante. jinhos. É dizer gosto muito de ti”; Misericórdias Portuguesas.
20 vm fevereiro 2011 www.ump.pt

património

Voluntários vão ARTE NAS MISERICÓRDIAS

mostrar património
Concurso de fotografia
é uma das iniciativas
previstas

Armário de Bandeira
SCMC 0187 M
Século XVIII SCM
Chamusca Armário louceiro
SCMPF 0165
Armário de bandeira em madeira en- Século XVII SCM
samblada, policromada e dourada, Penafiel
constituído por um corpo principal
onde encaixa a tela, posicionado sobre Armário louceiro. Móvel de formato
secção rectangular disposta na vertical paralelepipédico rectangular ao alto
para encaixe da vara de suporte. O constituído por três corpos sobrepos-
corpo superior, constituído por caixa tos, sendo o inferior e o superior da
paralelepipédica rectangular disposta mesma altura e o intermédio com cer-
ao alto, contém duas portas, cada uma ca de um terço da altura daqueles. Os
delas com três almofadas molduradas corpos inferior e superior comportam
e sobrepostas. No lado interno, a cada cada um duas meias-portas decoradas
sentido durante o Ano Europeu do Cultural pretende organizar um con- almofada exterior corresponde uma al- com painel rectangular ao alto, mol-
Projecto “ViVer o Voluntariado.” curso de fotografia e uma exposição, mofada reentrante ornamentada com durado, no qual se inscreve almofada
Património” visa mostrar Para esta iniciativa, o gabinete do sempre sob o mote da água, mas um vaso de flores pintado. No topo losangular de lados côncavos e faces
o espólio das instituições Património Cultural da UMP contará com a ligação à obra de misericórdia apresenta cimalha saliente e moldura- e frente escavadas, sendo os espaços
com o apoio de voluntários também com o apoio da Turicórdia “dar de beber a quem tem sede”. da, encimada por secção com recorte dos cantos do painel salientes. A fren-
seniores é o mote principal para a promoção e divulgação de “O concurso de fotografia deverá ondulado, decorada com volutas e mo- te do corpo intermédio consiste numa
desta iniciativa roteiros do património. ser reservado ao universo das Mise- tivos vegetalistas pintados. A secção in- porta de rebater decorada com dois
ricórdias (dirigentes, trabalhadores, ferior apresenta uma porta com almo- painéis idênticos aos das meias-portas
Bethania Pagin Mais projectos utentes e voluntários) e a proposta fada saliente disposta a toda a altura. O mas deitados. Os três corpos são en-
Em 2011, o tema para o Dia Inter- é que nos enviem fotografias de pa- móvel é todo ele revestido com pintura quadrados lateralmente por pilastras
O património vai marcar a agenda nacional dos Monumentos e Sítios, trimónio relacionado com fontes, acharoada a vermelho, verde, castanho decoradas por folhagem disposta em
das Santas Casas em 2011. Ao longo celebrado a 18 de Abril, será “Água: lavabos de sacristia, pias de água e ouro, e profusamente ornamentado feixe ondeado, e separados uns dos
de todo ano, diversas iniciativas vão cultura e património”. Por isso, e benta, jarros e bacias, objectos rela- com motivos florais e vegetalistas por outros por molduras folhosas. O mó-
mobilizar a União das Misericórdias para “prestigiar o património das cionados com o banho etc”. toda a peça. As dobradiças das portas vel é rematado superiormente por
Portuguesas (UMP), entre elas, o Misericórdias e valorizar o trabalho Por sua vez, a exposição será são em latão dourado e os fechos são cimalha antecedida por friso de olivas
projecto “ViVer o Património”. Mos- e esforço que a UMP tem feito nes- organizada a partir da investigação em ferro. O fundo do armário é reves- concavadas. Os espelhos de fechadura
trar o espólio das instituições com ta área”, o Gabinete do Património do inventário móvel feito às Santas tido com pano de damasco vermelho. e puxador são em ferro recortado. Os
o apoio de voluntários seniores é o Casas serão apresentadas imagens puxadores são em forma de pendente.
mote principal desta iniciativa. variadas (pintura, azulejaria, frescos,
Segundo informação do Gabine- escultura etc). A exposição estará
te do Património Cultural da UMP, o patente na sede da UMP e poderá
projecto “ViVer o Património” con- ser inaugurada com uma palestra
siste em mobilizar as Misericórdias sobre o tema.
para que reúnam condições de abrir Aquele gabinete está ainda a
as suas igrejas aos visitantes através organizar o Dia do Património das
do apoio de voluntários seniores, se Livro lançado Misericórdias, que deverá ter lugar
possível recrutados no universo de em Março em Guimarães, a 6 de Maio. O se-
pessoas institucionalizadas. cretário de Estado da Cultura, Elísio
A ideia, continuam aqueles res- “Uma brisa holandesa na foz do Lima”, Sumavielle, vai presidir à sessão.
ponsáveis, é investir na valorização de autoria de Pedro Raimundo, é uma Além disso, a União vai participar
do património, num envelhecimento publicação da União das Misericórdias no congresso “Alentejo: Património
activo de muitas pessoas ainda com Portuguesas (UMP) e a apresentação do Tempo”, em Portalegre nos dias
capacidades e por último promover pública da edição terá lugar na igreja da 15 e 16 Abril.
o turismo e a economia que lhe está Santa Casa da Misericórdia de Viana do Para o responsável do Secreta-
associada. Castelo, no próximo dia 4 de Março. O riado Nacional da UMP pelo patri-
“Esta ideia tem sido acolhida de novo livro é resultado de uma investiga- mónio, a promoção e divulgação do
braços abertos por todos - Ministério ção da equipa do Gabinete de Patrimó- espólio das Misericórdias é respon-
da Cultura, Ministério do Trabalho nio Cultural da UMP, durante o inventá- sável por uma cada vez maior visi-
e da Solidariedade Social, Direcções rio, centrada numa pintura seiscentista bilidade dessas instituições na socie-
Regionais de Cultura, etc. - pelo que que faz parte do espólio da Santa Casa dade. Bernardo Reis considera ainda
teremos de aproveitar rapidamente anfitriã. Este livro contou com o finan- que o património das Santas Casas
este impulso para colocar no ter- ciamento do programa regional O Novo deve ser encarado como uma mais- Apontamentos do inventário promovido pela UMP,
reno o projecto que faz ainda mais Norte, no âmbito do QREN. -valia para a história portuguesa. Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 21

estante

Acervo histórico de Lista de livros

Óbidos em livro
O acervo documental
da Misericórdia de Óbidos
está disponível para consulta.
O Guia do Arquivo Construção Sustentável  Necessidades
Histórico foi apresentado Vários autores dos cuidados informais
a 5 de Fevereiro Tirone Nunes, 2010 Vários autores
Misericórdia de Lisboa, 2008
Bethania Pagin A terceira edição do livro Construção
Sustentável foi colocada no mercado A problemática do envelhecimento
O acervo documental da Santa Casa em Setembro de 2010.  Esta edição demográfico e dos “cuidados sociais”
da Misericórdia de Óbidos está in- do livro contou com mais uma ac- a pessoas idosas tem ganho visibilida-
ventariado e disponível para consul- tualização dos conteúdos e por este de crescente nas agendas políticas de
ta dos estudiosos. O Guia do Arquivo motivo também passou a ter o subtí- vários países, entre os quais Portugal.
Histórico foi apresentado no passado tulo “Soluções para uma Prosperidade O destaque à importância do apoio
dia 5 de Fevereiro, na Igreja da Mise- Renovável” em substituição do anterior informal é indiscutível, porém, as solu-
ricórdia, que alberga também, até 4 último a sua divulgação e estudo de de um guia exaustivo, com estudo subtítulo: “Soluções Eficientes Hoje, a ções sociais para organizar os cuidados
de Março, uma exposição documen- uma forma inovadora, formativa e do conteúdo dos documentos. “É nossa Riqueza de Amanhã”. ganham em eficácia e sustentabilidade
tal com parte do acervo da institui- pedagógica”. O provedor disse ainda um acervo riquíssimo”, disse, dando Entre finais de 2007 e meados de quando conseguem conciliar, numa
ção que este ano celebra 500 anos. estar convicto de que este trabalho nota do estímulo que foi para um 2010 houve uma grande evolução na lógica de complemento, as ajudas dos
“Um passo gigante de aproxima- de valorização do património servirá jovem arquivista poder ter contacto consciencialização das pessoas em re- familiares e outros próximos dos idosos,
ção do historiador ao documento”. de incentivo a outras misericórdias com documentos com cinco séculos. lação ao tema da qualidade da constru- com os apoios do sector público e das
Foi desta forma que, segundo a Ga- para procederem a trabalho similar. Na Igreja da Misericórdia de ção, sobretudo porque o desempenho instituições de solidariedade social.
zeta das Caldas, o provedor da Mise- O Guia do Arquivo Histórico é o Óbidos encontram-se expostos, até energético-ambiental dos edifícios pas- Foi precisamente com o objectivo
ricórdia de Óbidos, Carlos Orlando, resultado de um trabalho voluntário, dia 4 de Março, vários documentos sou a ser obrigatório e, por isso, muito de conhecer melhor a realidade dos
caracterizou a publicação. de cinco anos, do historiador Ricardo daquela instituição, que reflectem a falado em Portugal. cuidados que se realizou o “Estudo
O responsável adiantou que no Pereira, que explicou que se trata vida administrativa, patrimonial, hu- O sistema nacional de Certificação prospectivo sobre a adequação das
futuro esta instituição irá facultar ao mana e social da instituição, desde Energética e da Qualidade do Ar Inte- respostas da Misericórdia de Lisboa às
público os acervos históricos e docu- as primeiras décadas do século XVI rior dos Edifícios  foi uma das principais necessidades dos Cuidadores Informais
mentais, que “são valiosos e relevantes, até finais do século XIX. dinâmicas às quais a Iniciativa Constru- de idosos”, cujos resultados estão já
não apenas para a história da Miseri- Entre o espólio exposto, é possível ção Sustentável se associou estrate- publicados em livro. O projecto resulta
córdia de Óbidos, como também para observar dois que são particularmente gicamente, criando Parcerias Público de uma colaboração entre o ISCTE e
a memória da sociedade obidense”. relevantes para a Misericórdia, é o caso Privadas com a Agência para a Energia aquela Santa Casa.
Após este trabalho prévio da reco- dos dois alvarás régios, datados de (ADENE) a com a  Agência Portuguesa Para além de caracterizar o perfil dos
lha e do tratamento de todo o espólio 1544 e 1576, que significam, ambos, do Ambiente (APA), para fornecer a in- cuidadores informais e de atender às
documental, a Santa Casa irá proceder a “validação da Santa Casa da Miseri- formação relevante sobre as boas prá- dificuldades que enfrentam, o estudo
à sua introdução on-line, permitindo córdia da Vila de Óbidos, no concerto ticas na construção a um público muito também caracteriza o apoio que os
um acesso mais fácil à informação dos de outras Santas Casas no país”, é re- largo.  Com os seus 10.500 exempla- idosos. Efectivamente a promoção do
documentos, muitos deles seculares. ferido no catálogo da exposição. res, a edição tornou-se um relevante bem-estar dos cuidadores informais
Carlos Orlando destacou ainda No âmbito das comemorações dos “portador” da informação sobre como merece por parte das instituições de
que a Misericórdia obidense, além 500 anos da Misericórdia, a institui- melhorar o desempenho energético- apoio aos idosos uma atenção particular,
de se dedicar à vertente de assis- ção obidense vai fazer um convite às -ambiental dos edifícios. Escrito numa pois dessa rede de suporte depende em
tência social para que foi criada, Guia do Arquivo Histórico diversas congéneres no país para que linguagem acessível, o livro apresenta larga medida a possibilidade das institui-
preocupa-se também com o seu pa- da Misericórdia de Óbidos participem com os seus estandartes boas práticas, assentes em valores ções programarem as suas acções para
trimónio, “procurando conservá-lo Ricardo Santos Pereira e opas na Procissão dos Passos, em como a salubridade, o conforto e a uti- apoiar os idosos na comunidade em que
e valorizá-lo, tendo por objectivo Misericórdia de Óbidos, 2011 Óbidos, que se realiza a 17 de Abril. lização muito racional de recursos. estes vivem.das passagens.
22 vm fevereiro 2011 www.ump.pt

voz activa

Editorial VM Opinião
Voz das
Misericórdias
Numa sociedade onde se agudizam tidos em conta na elaboração das po-
Órgão noticioso fenómenos de exclusão e desempre- líticas, definir um enquadramento ju-
das Misericórdias
em Portugal go, as Misericórdias tentam encontrar rídico e esclarecer cabalmente que as
e no mundo respostas mas a operacionalização vantagens fiscais são justificadas pela
Propriedade: do apoio é de difícil concretização. importância do contributo colectivo
Paulo Moreira União das Misericórdias Carlos Andrade Acontece que as Organizações do Ter- que as OTS concedem à sociedade.
paulo.moreira@ump.pt Secretariado Nacional da UMP
Portuguesas ceiro Sector (OTS) não são uniformes, A economia social e solidária
Contribuinte: fazendo parte da mesma família alar- não deve ficar refém do Estado, mas
501 295 097
Uma cruel Redacção
e Administração:
Reconhecer gada: a da economia social e solidária
e falar de economia social e solidária
o Estado deve apoiá-la na procura de
novas respostas, competitivas com o
realidade Rua de Entrecampos, 9,
1000-151 Lisboa
o terceiro é trabalhar na unificação desses dois
conceitos e redes, conscientes das
sector privado através da inovação
social, do empreendedorismo social
Tels:
218 110 540
sector suas diferenças, mas relativamente e dos serviços de proximidade. As
Por causa de uma notícia que os media aos quais o quadro português se en- Misericórdias não pretendem fixar-
218 103 016
trataram até à exaustão, acordámos para Fax: contra relativamente “vazio”. -se somente no trabalho já produ-
uma cruel realidade. Muitos dos idosos 218 110 545 A Economia Solidária é uma for- zido ao longo de centenas de anos.
em Portugal vivem no mais completo e-mail: ma de produção, consumo e distribui- Pretendem antes avançar na incon-
esquecimento e definham num quotidiano jornal@ump.pt
de solidão e abandono ção de riqueza, centrada na valoriza- tornável adaptação à nova realidade
Tiragem
ção do ser humano e não do capital, social. Para a continuidade da con-
do n.º anterior:
tendo por base a produção, consumo cretização da missão é impossível a

D
13.550 ex.
e repente, por causa de uma Registo: e comercialização de bens e serviços. manutenção destas instituições sem
notícia que os media trataram 110636 Esta economia solidária é reforçada modelos de sustentabilidade apoia-
até à exaustão, acordámos Depósito legal n.º: pela incapacidade do Estado e pela dos nas teorias da Economia Social
55200/92
todos para uma cruel realidade. descrença, na resolução dos proble- e Solidária que ainda não encontram
Assinatura Anual:
Muitos dos idosos em Portugal Normal - €10 mas locais, catapultando para novas enquadramento legal em Portugal.
não têm qualquer tipo de apoio, vivem Benemérita – €20 respostas cívicas as novas preocupa- O facto é que se assiste há anos
no mais completo esquecimento e Fundador: ções sendo, a par da economia social, ao impedimento por parte do Estado
definham num quotidiano de solidão e Dr. Manuel Ferreira uma alternativa à intervenção do Es- ao desenvolvimento de actividades
da Silva
abandono. Depois de um primeiro caso, tado e reforçada em situações de crise, que, por mera tradição e ignorância,
Director:
assistimos a uma catadupa de histórias Paulo Moreira como a actual crise financeira e social. se afirma não se enquadrarem ao ní-
de morte tardiamente descobertas. Editor: As Misericórdias multiplicam vel deste sector. É o caso das Farmá-
Não tendo alguém que se preocupe Bethania Pagin iniciativas solidárias enquanto res- cias Sociais. Reconhecer o Terceiro
com eles, não sendo importantes para Design e Composição: posta à crise e é notória a vontade de Sector enquanto tal e atribuir-lhe
Mário Henriques
ninguém, e com as limitações inerentes responder aos problemas actuais, no um estatuto, um papel específico e
Publicidade:
à idade vão-se remetendo a uma zona Paulo Lemos entanto são necessárias mudanças um conjunto de responsabilidades
de penumbra, cada vez mais espessa, Colaboradores: urgentes, e é deste modo que a Eco- é urgente e imprescindível. O lugar
desumana e cruel. A morte, quando Ana Brasil nomia Social e Solidária apresenta do terceiro sector permanece mal
chega, é apenas o fim do sofrimento e Patrícia Posse A Economia Social um caminho alternativo e sustentá- definido na realidade portuguesa,
Susana Ramos Martins
da solidão, e serve, por momentos, de
Vera Campos
e Solidária apresenta vel, onde a pessoa não é um número. mas assume, no entanto, responsa-
matéria noticiosa, beliscando ao de leve Assinantes: um caminho Portugal precisa aderir a algumas bilidades que ultrapassam os seus
a nossa sensibilidade e consciência. Sofia Oliveira alternativo iniciativas de cariz nacional e local meios e competências e o seu papel é
Em breve um outro assunto assumirá Impressão: e sustentável, para um real desenvolvimento sus- catalisador das necessidades sociais
as primeiras páginas dos jornais e a Diário do Minho onde a pessoa não tentável: zelar para que os objectivos, mais diversas. E é exactamente isto
– Rua de Santa
abertura dos noticiários e de novo ficará
Margarida, 4 A
é um número valores e métodos de trabalho sejam que necessita mudar.
o problema relegado ao esquecimento 4710-306 Braga
a que tem sido votado. Mas durante Tel.: 253 609 460
o período de mediatismo noticioso,
assistimos a inúmeras declarações de
boas intenções, com os organismos
públicos a prometerem soluções e
Correio VM
respostas que nunca foram capazes
de pôr em prática até hoje, mesmo
que tenham sido desafiados para isso. Obrigada pela dedicação coisa de incorrecto? Nestes casos reagir com mais flexibilidade ao
Quando o silêncio e a poeira dos dias a informática não é utilizada? É que nos rodeia. Sendo o VM um
se abater de novo e rapidamente sobre Vivemos numa sociedade cada inacreditável que cada vez que órgão oficial das Misericórdias,
este assunto, já não será urgente nem vez mais globalizada, onde se diz se abre os jornais nas páginas de gostava que com o vosso profis-
importante e as medidas prometidas que a informática domina tudo classificados seja requerido pro- sionalismo conseguissem focar
ficarão a aguardar até que uma e que se pode obter informação, fissionais criativos, inovadores e estas problemáticas, assim como
nova notícia, brutal na sua crua do outro lado do mundo, quase com bastante experiência. Penso possíveis soluções que estão a ser
desumanidade, nos surpreenda por mais em tempo real. Com os meus que são requisitos básicos e es- tomadas pelas Santas Casas, que
um curto período de tempo. Estamos no quase 80 anos há coisas que não senciais, a qualquer cidadão, mas graças a Deus levam a um grande
Ano Europeu do Voluntariado e é uma consigo perceber. Se realmente é pela minha experiencia de vida número de pessoas carinho e
boa oportunidade para, de uma vez por uma era tão globalizada, cheia de são apreendidos e desenvolvidos apoio, que não as deixa morrer
todas, sem grande alarido e espectáculo, inovação e voltada para as novas ao longo da vida e não em cursos na solidão.
mas com determinação, consciência tecnologias, como é possível o intensivos de licenciados. Mas Um grande bem-haja pela vossa
cívica e responsabilidade social, nosso sistema de segurança social ao mesmo tempo, não seria cada dedicação.
pensarmos este problema, começando que supostamente deveria de vez mais importante, as institui- Madalena Ferreira
a construir respostas estruturadas, ser controlado por profissionais ções em Portugal apostarem em Bombarral
eficazes, duradouras e humanizadas, altamente qualificados, não se indivíduos altamente qualifica-
que possibilitem a muitos idosos deste aperceber que um utente não dos, mas sim, no campo do social Desabafo sobre a crise
País, envelhecer com a dignidade e a levanta as suas pensões durante e do humano? É cada vez mais
União das Misericórdias
qualidade que é essencial e fundamental Portuguesas largos meses? Não seria um sinal importante melhorar os processos Acredito que só com notável
para que a vida faça e tenha sentido. de que se estaria a passar alguma para agir, mas sobretudo actuar e transparência e humildade o ser
www.ump.pt fevereiro 2011 vm 23

reflexão

Chamaram-lhes seniores, idosos, essa era a ideia – por coisas destas aviltante? Não. Mas para isso era (e a preciosa colaboração do “Coração
pessoas da terceira idade. Usaram acontecerem paredes meias com é) imperativo priorizar esta questão, Amarelo” e da Cruz Vermelha. Foi
com eles um léxico variado, uma quem manda e dirige, com quem dar-lhe uma estratégia, dotá-la de re- assim, também, que fomos buscar
espécie de cobertura de açúcar que gere e distribui recursos, pessoas que cursos e prossegui-la sem hesitações. o Euro Milhões, um novo jogo social
foi ocultando uma dura e triste re- não usam fraldas, não as cortam em Foi assim que se fez o levantamento consignado ao envelhecimento e às
Maria José Nogueira Pinto alidade. Conheci-os, há muito, nas três, para quem andar nos meandros dos idosos no concelho de Lisboa, dependências e que hoje, constou-
Deputada
camas dos hospitais, nas camas dos dos bairros lisboetas não significa que se estudou a cobertura de apoio -me, foi parcialmente desviado para
lares, prisioneiros em suas casas, sós um esforço físico excessivo, pessoas domiciliário, o tipo de respostas no- manobras de diversão do mais puro

Velhos como como cães em bancos de jardins e


soube que alguns eram encontrados
como eu que, no mínimo, têm que
levar murros no estômago quando
vas que seria preciso criar para fa-
zer face a problemas diferentes que
marketing político
Afinal parece que ninguém sabia
os trapos sem vida pelas ajudantes familiares,
depois de terem enfrentado a morte
coisas destas acontecem. Se alguma
dúvida me restasse ela dissipou-se
emergiam brutalmente após décadas
de uma política de apoios que se
que Portugal é um dos países mais
envelhecidos do mundo (o sétimo),
na mais completa solidão. nessa manhã bisonha: pode o en- revelavam manifestamente insufi- que os nossos velhos são os mais
Vieram ter comigo, uma manhã velhecimento ser, na maioria dos cientes e desadequados. Foi assim pobres da Europa, que na sua maio-
de Outono já arrepiada de frio, eram casos, um caminho para a pobreza, que nasceu, por exemplo, o “Mais ria são doentes crónicos, que muitos
cinco, três muito velhos e dois ape- a indignidade, a dependência mais Voluntariado Menos Solidão” com sofrem ou vão sofrer de demências
nas um pouco menos, a pé, ampa- e que para além de dependências
rando-se mutuamente através das crescentes se encontram sós, com
ruas íngremes do Bairro Alto, até pouca ou nenhuma família, sem re-
chegarem ao meu gabinete da Mise- des de vizinhança efectivas, optando
ricórdia de Lisboa para me exporem por comprar remédios ou comida. O
as suas vidas, carências e aflições. census de 2001 apontava já para 35
O assunto era tão melindroso que mil idosos isolados na cidade de Lis-
roçava a indignidade, uma nudez boa. Confinados ao casco histórico e
crua que submetiam aos meu olhar a outras zonas desertificadas viram
porque a vida a isso os obrigava: os seus descendentes serem expeli-
tinha (alguém, os Serviços, a Senho- dos para as periferias. Muitos destes
ra Técnica? Não sabiam ao certo) fogos de habitação nunca tiveram
sido dada uma ordem que cortava o obras, nas mansardas pombalinas os
número de fraldas a que tinham di- telhados em más condições deixam
reito mensalmente. “Ora as fraldas, a entrar a chuva, o frio e o calor tórrido
menina sabe, fazem-nos muita falta”. do verão.
“Então agora como é que têm feito? Apesar de tanto Ministério, Di-
Perguntei. Cortamos cada fralda em recção-Geral, Gabinete de Estudos,
três pedaços e assim rende mais. Observatórios, dados estatísticos
Mas é muito mau, disse outra, por- e milhões e milhões de Euros gas-
que esfarelam-se todas e não prote- tos sabe-se lá como, em Portugal é
Chamaram-lhes gem. Pois não, concluíram em coro. possível não conhecer a realidade e
seniores. Usaram um Mandei vir uma fralda e uma tesoura trazê-la para os jornais a propósito
léxico variado, uma e, mais por mim do que por eles, de um único caso concreto. Como
espécie de cobertura pedi-lhes que repetissem esse gesto se este enorme drama não valesse
de açúcar que foi que transformava em três pedaços por ser tão silencioso. E esta é, estou
ocultando uma triste esfarelados uma fralda de adulto. certa, a nossa maior falta e a nossa
realidade Fiquei envergonhada – julgo que pior vergonha.

Como Contactar-nos
Correio Rua de Entre campos, As cartas devem ser identificadas com morada e número
9, 1000-151 Lisboa de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito
Fax 218 110 545 de seleccionar as partes que considera mais importantes.
email jornal@ump.pt Os originais não solicitados não serão devolvidos

humano consegue alcançar os seus sistema económico é tão contradi- “dormência”. Informem-se, pois a última coisa córdias destinado às receitas, por-
objectivos, mas após as notícias tório, o que se reflecte na vida dos Algo nos prende aqui; algo chama- que aqueles que tentam perpetuar que com a agitação do dia-a-dia,
que se vão lendo nos meios de co- cidadãos. A nossa dívida total é do vida. Algo que nos une, a todos, este sistema obsoleto querem é quando se chega a casa após um
municação, que relatam a crise e o bastante maior que a quantidade não só a outros humanos, mas a uma população consciente, bem longo dia de trabalho muitas vezes
futuro negro do país a vontade que de dinheiro que o país possui para animais, vegetais e meio envol- informada. já não surgem ideias do que fazer.
tenho é de emigrar, mas analisando saldá-la, encontrando-se assim a na- vente. E, só quando o individuo se Exijam sempre mais, mesmo Mas se me permitem e penso que
com calma o cenário é geral pelos ção aprisionada a contas que é uma apercebe dessa ligação, da mesma quando já demos o nosso melhor, não sou a única pessoa a queixar-
quatro cantos do mundo. miragem conseguir liquidá-las. vontade profunda de ser feliz, é que existem sempre formas de conse- -me de falta de tempo. As receitas
O que está na moda é tratar as coi- Os noticiários aterrorizam-nos e começa a desprender-se do ego- guirmos mais e melhor. Com ima- que apresentam são receitas real-
sas por surtos e depois esquecê- parece não haver razões para per- centrismo que a sociedade contem- ginação e claro, com algum estudo mente muito apetitosas, mas por
-las. Esta é uma carta de desabafo, sistirmos em ser optimistas perante porânea tanto sobrevaloriza, para e preparação, é sempre possível ir outro lado também muito calóri-
mas por outro lado é também esta crise que nos amedronta. Mas alcançar e atingir algo superior. mais longe. Sejam a mudança que cas. Não seria possível pediram às
dirigida a todos os cidadãos que se mesmo assim, continuamos a sonhar Deste modo, em vez de dar algum desejam ver no mundo. Misericórdias receitas mais rápidas
encontram ainda numa situação com um mundo cada vez melhor, tipo de conselho, venho apelar Joaquim Costa e menos calóricas?
de cidadãos conscientes. onde se possa satisfazer os nossos através do VM a uma mudança de Vila Verde Muito grata pela informação e
É extremamente assustador, olhar mais sinceros desejos: paz, liberdade, atitude, de estilo de vida. ficaremos a aguardar essa publi-
para a nossa sociedade civil e desenvolvimento e cooperação. Não precisamos de ser líderes para Receitas cação, formulando votos de um
observá-la de fora, porque nada É pena que quando acordamos guiar as nossas vidas, só é real- das Santas Casas trabalho profícuo.
transmite a ideia que faz sentido, deparamo-nos com uma triste rea- mente importante sermos líderes Fernanda Pinto
principalmente quando nos depa- lidade, mas não podemos continu- de nós próprios, algo que ninguém Quero-vos felicitar pelo espaço Mértola
ramos e apercebemos que o nosso ar a colaborar com estes pactos de pode fazer por nós. que inseriram no Voz das Miseri-
Anexas Intergeracionalidade Protocolo 2010
Laboratório da UMP Corações de várias Mais de 700 pessoas
não descura gerações em Oliveira nas sessões
lado humano de Azeméis de esclarecimento
Em Foco Pág. 11 Educação Pág. 19 Em Acção Pág. 6

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02 11
EQUASS certifica qualidade no João Paulo II UMP
promove
O Centro João Paulo II Certificação
espectáculo
obteve a certificação de
qualidade pelo trabalho
realizado junto de 192
deveu-se ao
empenho
da equipa
solidário
pessoas portadoras de
deficiência profunda A União das Misericórdias
Portuguesas vai promover,
Bethania Pagin a 26 de Março, um
espectáculo de solidariedade
O Centro João Paulo II, da União das no âmbito do Ano Europeu
Misericórdias Portuguesas (UMP), do Voluntariado
obteve recentemente a certificação
de qualidade. Para o responsável por
aquele equipamento que apoia 192 A União das Misericórdias Portu-
pessoas portadoras de deficiência guesas vai promover, a 26 de Março,
profunda, Manuel Cálem, o processo um espectáculo de solidariedade no
de certificação de qualidade deve-se âmbito do Ano Europeu do Volunta-
especialmente ao empenho e dedica- riado (AEV 2011). A iniciativa vai ter
ção de toda a equipa do centro. lugar no Campo Pequeno, que cedeu
Em declarações ao Voz das Mi- gratuitamente o espaço. A Câmara
sericórdias, aquele responsável afir- las Misericórdias interessadas em a todos”, afirmou Manuel de Lemos, junto de pessoas portadoras de defi- Municipal de Lisboa e o Grupo Re-
mou ainda que a certificação garante avançar com processos de certifica- destacando ainda que “com certeza ciência profunda. O segundo foi de nascença são alguns dos parceiros.
aos utentes uma ainda maior segu- ção da qualidade dos seus equipa- que todos ficaram mais ricos com implementação de novos processos Os fundos arrecadados serão uti-
rança em termos de qualidade dos mentos. Sobre o Centro João Paulo II esta experiência e com mais vontade que assegurassem a obtenção da cer- lizados para equipar uma unidade
serviços prestados, visto ter sido feita afirmou: “Estamos muito honrados de alcançar outros importantes reco- tificação de qualidade. para doentes de Alzheimer.
segundo parâmetros internacionais porque é o reconhecimento público nhecimentos, até porque os utentes As certificações de qualidade Os artistas que se associaram
segundo a metodologia EQUASS. da nossa preocupação séria com a que acolhemos e cuidamos, bem o tem validade de dois anos e Engrá- a este evento são Katia Guerreiro,
Sobre esta metodologia, o res- qualidade das respostas dos nossos merecem.” cia Marques destacou, que quando Jorge Palma, Rita Guerra, Ensemble
ponsável pela acção social do Secre- equipamentos sociais”. Sobre o processo de implemen- chegar a altura da renovação, todos Escola de Jazz Luiz Villas-Boas/Hot
tariado Nacional da UMP, Carlos An- O presidente do Secretariado Na- tação, acompanhado pela empresa os esforços serão feitos no sentido Clube de Portugal, Quinta do Bill,
drade, destacou que se trata de um cional partilha a satisfação. “Agora SINASE, a directora técnica do Cen- de obter a certificação num pata- João Pedreira, Muxima e Miguel Ga-
instrumento de certificação adequa- já não somos só nós a dizer que tra- tro João Paulo II, Engrácia Marques, mar acima daquela agora obtida. A meiro e Miguel Ângelo.
do para a realidade das Santas Casas. balhamos bem, mas sim uma pres- explicou que durou cerca de dois directora técnica afirmou ainda toda O Instituto Português do Sangue
Por isso, continuou aquele dirigente, tigiada entidade internacional que o anos. O primeiro ano foi de forma- a equipa esteve empenhada neste e o Centro de Histocompatibilidade
está em fase de implementação um afirma. E isso tem um valor incalcu- ção, em gestão de recursos humanos reconhecimento do trabalho que ali do Sul também se associaram ao
modelo que poderá ser utilizado pe- lável desde logo porque nos dignifica e novas metodologias de intervenção se realiza. evento.

Descubra a Misericórdia na sua terra


Abrantes Águeda Aguiar da Beira Alandroal Albergaria-a-Velha Albufeira Alcácer do Sal Alcáçovas Alcafozes Alcanede Alcantarilha Alcobaça Alcochete Alcoutim Aldeia Galega da Merceana Alegrete Alenquer Alfaiates Alfândega da Fé Alfeizerão Algoso Alhandra
Alhos Vedros Alijó Aljezur Aljubarrota Aljustrel Almada Almeida Almeirim Almodovar Alpalhão Alpedrinha Altares Alter do Chão Alvaiázere Álvaro Alverca da Beira Alverca Alvito Alvor Alvorge Amadora Amarante Amares Amieira do Tejo Anadia Angra do Heroísmo
Ansião Arcos de Valdevez Arez Arganil Armação de Pera Armamar Arouca Arraiolos Arronches Arruda dos Vinhos Atouguia da Baleia Aveiro Avis Azambuja Azaruja Azeitão Azinhaga Azinhoso Azurara Baião Barcelos Barreiro Batalha Beja Belmonte Benavente Be-
nedita Boliqueime Bombarral Borba Boticas Braga Bragança Buarcos CabeçãoCabeço de Vide Cabrela Cadaval Caldas da Rainha Calheta/Açores Calheta/Madeira Caminha Campo Maior Canas de Senhorim Canha Cano Cantanhede Cardigos Carrazeda de Ansiães
Carregal do Sal Cartaxo Cascais Castanheira de Pera Castelo Branco Castelo de Paiva Castelo de Vide Castro Daire Castro Marim Celorico da Beira Cerva Chamusca Chaves Cinfães Coimbra Condeixa-a-Nova Constância Coruche Corvo Covilhã Crato Cuba Elvas
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Freixo de Espada à Cinta Fronteira Funchal Fundão Gáfete Galizes Gavião Góis Golegã Gondomar Gouveia Grândola Guarda Guimarães Horta Idanha-a-Nova Ílhavo Ladoeiro Lages das Flores Lages do Pico Lagoa Lagoa/Açores Lagos Lamego LavreLeiria Linhares
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Melo Mértola Mesão Frio Messejana Mexilhoeira Grande Miranda do Corvo Miranda do Douro Mirandela Mogadouro Moimenta da Beira Monção Moncarapacho Monchique Mondim de Basto Monforte
Monsanto Monsaraz Montalegre Montalvão Montargil Montemor-o-Novo Montemor-o-Velho Montijo Mora Mortágua Moscavide Moura Mourão Murça Murtosa Nazaré Nisa Nordeste Obra da Figueira
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Pedrogão Pequeno Penacova Penafiel Penalva do Castelo Penamacor Penela da Beira Penela Peniche Pernes Peso da Régua Pinhel Pombal Ponta Delgada Ponte da Barca Ponte de Lima Ponte de Sor
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