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A emoção de comprar um filhote é indescritível. As crianças se sentem


Amais adultas por causa da responsabilidade de ter um cachorro, e os
adultos se sentem mais crianças por causa das lembranças boas que o
filhote geralmente nos traz. Sem dizer que um filhote é um filhote, pow!
Não tem durão que resista!

Tive muitos cães na minha vida, de várias raças diferentes. E a todos sou
grato pelos momentos e pelas histórias que compartilhamos. Vira-la-
tas, Doberman, Labrador, Pug, Dálmata, Pastor Alemão, Pinscher, Bo-
xer, mais Vira-Latas, Pastor Maremano e, finalmente, a raça que mais
me marcou e me ensinou, e continua ensinando: o Border Collie. Quem
tem um Border Collie, nunca mais será o mesmo, kkkkkkkk. Para o bem
ou para o mal, nunca mais será o mesmo.
Cabeça vazia (e músculos descansados) é oficina do diabo: este é um
ditado que se encaixa perfeitamente ao Border Collie!

O Border Collie vive, em média, 14 anos e é muito rústico e saudável.


Os cães pastores existem desde que o homem começou a lidar com re-
banhos. Claro que precisamos ter em mente que esses cães eram usa-
dos de uma forma muito menos precisa ou técnica, se comparados ao
que vemos hoje. Mas isso não anula o fato de que homem e cachorro
trabalham juntos nos rebanhos há centenas de anos.

O Border Collie nasceu dessa parceria, desse desejo do ser humano em


ter um companheiro e excelente pastor para os campos desafiadores
na fronteira da Inglaterra com a Escócia.

A raça se organizou nessa região, mas relatos históricos que datam mais
de 400 anos, falam de um trabalho de pastoreio bem parecido com o
que vemos nos Border Collie modernos. O livro do Dr. John Caius, tra-
tado sobre Englishe doges, escrito em 1570, é uma referência para essa
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afirmação.

Se houve no começo de tudo uma seleção natural ou direcionada pelo


homem, é difícil afirmarmos. Mas o Border Collie vem se formando há
muitos e muitos séculos.

Cães que vieram com os Romanos no primeiro século e eram utilizados


para mover o gado e depois cães que vieram com os Vikings, quando es-
ses invadiram a Inglaterra e acabaram cruzando com os cães Romanos,
provavelmente fazem parte da base genética daquilo que conhecemos
hoje como Border Collie.

A maioria dos criadores concorda que o pai da raça, como hoje é um ca-
chorro tricolor, com poucos pelos brancos, filho de uma cadela chama-
da Meg com um cão pastor tricolor chamado Roy, Old Hemp.

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OLD HEMP

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Old Hemp, um cão tricolor, nasceu na Nortúmbria, em setembro de
1893. Morreu em maio de 1901.

Old Hemp era um cão de pastoreio fantástico e muito eficiente. Não


latia no rebanho; sabia se posicionar e usava o poder do olhar e, desse
posicionamento, para mover o rebanho.

Old Hemp não era exatamente um galã de Hollywood. Não era um ca-
chorro que estamparia os sacos de ração de hoje em dia, rsrs, mas seu
instinto e suas habilidades de pastoreio são a base dessa raça maravi-
lhosa que amamos e nos inspira cada dia mais.

Adam Telfer, o proprietário do Old Hemp,


tinha experiência com cães pastores,
mas nunca tinha visto uma habilidade e
uma força no rebanho como viu em Old
Hemp.

Old Hemp foi usado como padreador


por muitos fazendeiros na região e é re-
conhecido como pai da raça.

Não existem registros de que Old Hemp


participou de alguma prova de pasto-
reio, mas sabemos que entre 1906 e 1951,
cada um dos 29 cães que conquistaram o campeonato internacional de
fazendeiros eram descendentes diretos de Old Hemp. Genética é algo
que precisamos valorizar! Old Hemp transmitia suas características de
pastoreio.

A ISDS (International Sheep Dog Society) foi fundada em 1906 na Escó-


cia e Old Hemp faz parte do livro genealógico da raça.

As provas de pastoreio começam em 1873 no país de Gales. A ISDS nasce


em 1906 e a raça conhecida como Collie passa a ser chamada de Border
Collie, em 1918. E, em 1976, o Border Collie é reconhecido como raça no
Reino Unido, e apenas em 1995 ela é totalmente reconhecida no AKC
como raça pelos EUA.

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Não vou aqui falar das várias associações que existem. Reconheço sua
importância, mas também reconheço que em algumas raças e por cau-
sa de critérios apenas estéticos, acabam destruindo e desfazendo óti-
mas características que as fizeram serem o que são. Cuidado! Não valo-
rize aspectos físicos apenas.
Isso deixa claro uma coisa e não podemos nunca nos esquecer disso:
Border Collie nasceu primeiro na vida prática! Ele é um trabalhador! Um
workaholic, um p.... trabalhador!! Antes de regrinhas e joguinhos políti-
cos das associações, ele já existia e estava todo sujo, molhado, cansado,
correndo, pastoreando ovelhas teimosas e enfrentando os terrenos difí-
ceis da fronteira da Inglaterra e da Escócia.

Muito antes das associações falarem “sim” para ele, ele já dominava os
rebanhos e mostrava a beleza e eficácia de um trabalho de pastoreio
como deve ser! Dá-lhe, Border Collie!!!

O nome da raça vem de seu provável local de origem, ao longo da fron-


teira anglo-escocesa. A menção ao tipo “collie” ou “colley” apareceu pela
primeira vez no final do século 19, embora a palavra “collie” seja mais
antiga do que isso e tenha sua origem na língua escocesa. Também se
pensa que a palavra ‘collie’ venha da antiga palavra celta para útil.

Outra possibilidade é que ovelhas Colley, das terras altas da Escócia,


tenham emprestado seu nome, pois são pretas com algumas marcas
brancas. É uma possibilidade plausível, mas dificilmente teremos uma
resposta definitiva para essa questão.

Em 1915, James Reid, Secretário da International Sheep Dog Society


(ISDS), no Reino Unido, usou pela primeira vez o termo “border collie”
para distinguir os cães registrados pelo ISDS do Kennel Club ‘s collie (ou
Scotch Collie, incluindo o collie áspero e collie liso), que originalmente
vieram do mesmo estoque de trabalho, mas desenvolveram uma apa-
rência diferente e padronizada após a introdução no ringue, em 1860 e
mistura com raças diferentes.

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WISTON CAP

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Wiston Cap (nascido em 28 de setembro de 1963) é o cão que o em-
blema da International Sheep Dog Society (ISDS) retrata a pose carac-
terística de pastoreio de border collie. Ele foi um padreador popular na
história da raça e sua linhagem pode ser vista na maioria das linhagens
dos Collies modernos. Criado por WS Hetherington e treinado e ma-
nipulado por John Richardson, Cap era um cão obediente e bem-hu-
morado. Todas as suas linhagens remontam aos primeiros cães regis-
trados do Studbook e ao Cap de JM Wilson, cujo nome ocorre 16 vezes,
em sete gerações em seu pedigree. Wiston Cap gerou três Campeões
Supremos e é avô de três outros, um dos quais foi EW Edwards ‘Bill,
que ganhou o campeonato duas vezes.

Wiston Cap de JM Wilson nasceu em 1963,


um cão tricolor que se tornaria o cão mais
utilizado na história do Border Collie. Wiston
Cap (ISDS 31154) venceu o Internacional em
1965. Até sua morte, em 1979, ele foi pai de
inúmeros filhotes. Muitos dos campeões dos
anos setenta e oitenta eram filhos de Wiston
Cap.

Como Wiston Cap era um padreador extra-


ordinário, a maioria dos Border Collies atu-
ais são, de alguma forma, seus descenden-
tes. Por causa dessa concentração de genes,
muitas características recessivas surgiram.
Entre eles, alguns procurados, como fato-
res de cor, mas também indesejados, como
mau caráter e doenças como epilepsia, CEA.
Além disso, Wiston Cap contribuiu para o
grande número de Border Collies com ore-
lhas em pé.

Nascido em 1963, Wiston Cap foi apontado como o cão que mais in-
fluencia os Border Collies que vemos hoje.
Animal primoroso, o Wiston Cap é o cão que define os padrões da raça
designada pela International Sheep Dog Society.

Todos os Border Collies, desde então, foram medidos e avaliados de


acordo com os padrões estabelecidos pela Wiston Cap.
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TEMPERAMENTO

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Pensa num cachorro disposto, alegre, atlético, carinhoso, ágil, boa pin-
ta, inteligente e incansável. Pensou? Pois bem, esse é quase um Border
Collie. Coloque mais um “tiquin” de cada uma dessas características e
terá um Border Collie.

Não é por acaso que ele se destaca como cão pastor, cão de agylit, cão
de companhia, cão de trabalho na polícia e como amigo, simplesmente!
Se você não gosta, não pode ou não tem tempo de ser participante da
vida de seu cachorro, por favor, não tenha um Border Collie! Na verdade,
não tenha um cachorro! Compre um bicho de pelúcia; vai te atender
melhor!! Os Border Collies amam trabalhar sim, mas amam mais ain-
da sua amizade, sua parceria. E o grande reforço positivo pra esses cães
incríveis quase sempre é um carinho na bochecha e um “Good Boy”,
“Good Girl”.

Geralmente são ótimos com crianças e um cão de companhia incrível.


Quando filhotes, alguns podem ser mais tímidos do que o normal, mas
com a seleção genética e com uma boa recria, essa característica está
cada vez menos frequente.

Se o seu Border Collie for um perseguidor de roçadeira de jardim, skate,


filhos e sobrinhos correndo, não se preocupe, é o Border Collie sendo
Border Collie.

Eu me lembro: há mais de 10 anos, quando meus filhos e sobrinhas eram


pequenos, eu os reunia e os fazia correr de forma agrupada, só pra ver
meu filhote de Border “arrebanhando”, kkkkkk. Algumas vezes, alguma
ovelha, digo filho, desgarrada recebia uma mordiscada no calcanhar pra
voltar pro grupo, kkkk.

Border Collie cansado físico e mentalmente = Border Collie feliz.


Border Collie cansado físico e mentalmente = Border Collie educado.
Border Collie cansado físico e mentalmente = Border Collie com óti-
mo temperamento.

Border Collie ocioso = Border Collie triste.


Border Collie ocioso = Border Collie mal educado.
Border Collie ocioso = Border Collie líder dos Peaky Blinders.
Isso não quer dizer que você vai precisar correr uma maratona com
seu cachorro todos os dias; quase isso. Mas, relaxa, não é pra tanto.

Ele também tem seu momento de paz, kkkkk. Ele será um ótimo par-
ceiro pra maratonar séries e descansar do lado do seu sofá contigo. Só
não exagere na preguiça que ele pode achar algo mais legal pra fazer
(ouça isso como uma ameça)... kkkkk

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MADE IN ROÇA

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Multitarefas porque é made in roça ou made in roça porque é multi-
tarefas? Bom, como sou da roça, corro o risco de puxar a sardinha para
a minha brasa (pow, ditado de tiozão, né?!).

O Border Collie é made in roça SIM, mas conquistou espaço em todos


os cantos da sociedade. Mais uma vez, dá-lhe, Border Collie!
Não vou salientar todos os trabalhos e os esportes que o Border Collie
se destaca. Ele é fera!!

Todos sabemos que ele é multicampeão no agility, busca um frisbee


como ninguém, corre atrás de uma bolinha no parque tão rápido como
se não houvesse amanhã, rsrs. Também pode trabalhar na polícia fa-
zendo buscas em catástrofes e, até mesmo, com faro para detectar
drogas.

Ele faz tudo isso com maestria e com certa soberba, porque nasceu
para resolver problemas. Foi “criado” para ir a lugares que cavalos não
conseguiriam ir, lugares difíceis, alagados, montanhosos, vales, com
vegetação rasteira, com pouca visibilidade e com vento, chuva e sabe-
-se lá mais o que e, ainda por cima, tendo que pastorear e manipular
um rebanho.

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CORES

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Como historicamente ele nasceu para uma função, nasceu para rea-
lizar um trabalho, nunca ficaram estabelecidos padrões rígidos de co-
res para o Border Collie.

Todas as cores são aceitáveis no Border Collie. Devemos apenas tomar


cuidado com cães com predominância de branco, pois podem carre-
gar genes com algumas doenças, como a surdez, por exemplo.
Azul, preto, sable, chocolate, marrom (deve ser o mesmo que o choco-
late, rsrs), blue merle, red merle, seal, sabre, lilac, ardósia, tricolor.
Juro que fui saber o nome de algumas cores apenas agora, depois da
pesquisa feita para o ebook, kkkkkk.

No pastoreio, as cores que mais existem em cães são preto e branco,


tricolor, marrom e branco e alguns indivíduos Merles.

Os merles estão conquistando seu espaço na base da força e quebran-


do vários paradigmas. Ainda são poucos Merles, mas creio que a gené-
tica que carrega a cor merle está no mesmo nível que as outras cores.
São bem-vindos! Aliás, todas as cores dos Borders são bem-vindas.

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ALIMENTAÇÃO

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Não sou veterinário nem zootecnista, mas meus anos de experiência
me ensinaram algumas coisas.

Seu cachorro não precisa tomar café da manhã, almoço, café da tarde
e jantar. Na verdade, para os adultos, basta uma única refeição por dia
com uma ração de boa qualidade, água fresca, e já era! Para de inven-
tar moda!

A não ser, é claro, que seu veterinário passe alguma recomendação


específica!
Ômega 3, Melatonina, Azeite, Suplementos de todos os tipos, Sachês
de ração úmida, ração com cores bonitas e comidas que eu nunca
comi são absurdos dessa geração, mas vou me controlar pra não con-
tinuar nesse assunto, kkkk.

Quero deixar claro que não sou contra você cuidar com excelência de
seu cachorro; muito pelo contrário. Mas, precisamos redefinir o que é
excelência quando falamos de bem-estar animal.

Comer um muffin de chocolate pode ser excelente para você; mas,


acredite: para o seu cachorro, é veneno.

Não quero que se sinta envergonhado se você é daqueles que ento-


pem seu cachorro de suplementos, doces caninos, bolos, eteceteras.
Mas que você precisa rever isso, ahh precisa.

Cuidar bem e dar uma boa qualidade de vida não tem nada a ver com
isso!

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INTÉ

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Seja qual for o propósito pelo qual você escolheu essa raça maravilho-
sa, aproveite cada momento. E não se esqueça de onde eles vieram.
Quando sabemos a história e honramos a origem, temos mais chan-
ces de acertarmos na caminhada.

Enfim, cuide bem do seu amigo de 4 patas e dê a ele uma vida ativa e
feliz. Certamente, ele vai te devolver em dobro.

Espero que, de alguma forma, essa leitura tenha sido proveitosa e agra-
dável.
Nos vemos por aí!

Ronny Vitoreli

Produtor rural, Life coaching, criador, treinador e condutor de cães da


Raça Border Collie.

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