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Os fundamentos dos modelos na tradição

beckeriana
-Interesse no estudo do comportamento demográfico
-Utilização crescente de modelos econômicos para estudar fenômenos demográficos, relacionados
ás componentes da dinâmica demográfica(mortalidade, fecundidade, migração) ou à demografia
social(mercado de trabalho).
-Gary Becker
-Ponto de partida:
-Atores agem racionalmente para maximizar objetivos específicos, como vantagem ou
riqueza.
-Pressupostos da análise:
-Preocupação com o comportamento dos agentes
-Utilização de ferramentas e modelagem econômica:
-Restrições, custos de oportunidade, trocas, utilidade.
-Exemplo: Decisão de ter filhos = f(tempo, bens)
-Perguntas de pesquisa:
-O governo deveria se preocupar com as mudanças na família?
-Por que as pessoas hoje tem menos filhos que no passado?
-Por que mais pessoas estão tendo filhos fora do casamento?
-Quem você deveria chamar para sair, e por que deve dizer não quando alguém te convidar
para sair?
-Com o aumento do trabalho feminino fora do lar, o que acontece com a dinâmica de poder
dentro das famílias?
-Qual a razão de ocorrem mais divórcios hoje do que no passado?
-Crianças criadas por pais do mesmo sexo são diferentes das criadas por casais
heterossexuais?
-Texto Becker.
-Pressupostos:
-Indivíduos maximizam bem-estar como eles concebem (egoístas, altruístas,
leais, masoquistas, etc.)
-Comportamento foward-looking e consistente ao longo do tempo. Tentam
antecipar consequências incertas de seus atos. Comportamento, apesar de
voltado para o futuro, ancorado no passado (passado exerce influência sobre
atitudes e valores)
-Tópicos que veremos:
-Teoria Econômica da Fecundidade:
-A demanda por crianças
-Modelo de Quantidade-Qualidade
-Modelo Valor do Tempo
-Economia do Casamento e do Divórcio
-O que explica o casamento? Quem casa com quem?
-Quais fatores influenciam a decisão de casar e escolha do parceiro?
-Qual a razão do aumento do número de divórcios? Quais os impactos do divórcio na
vida das pessoas (adultos e crianças)?
-Economia das Famílias
-Qual a importância da família? Ela mudou no tempo?
-O que nos leva a residir com outras pessoas? Qual o número ideal de pessoas
residindo juntas? O que ganhamos/perdemos?
-Altruísmo e tomada de decisão intradomiciliar
-Qual a razão de ajudarmos nossos filhos e nossos pais? Somos altruístas ou
esperamos algo em troca?
-Quem “manda” no domicílio? O que afeta o poder de decisão no domicílio?
-O chefe afera a vida e o vem estar dos outros membros? É melhor um chefe ditador
ou uma chefia colegiada?
-Há diferenças entre chefes de sexo diferentes?
-Outros temas
-O que explica o investimento em capital humano?
-Arranjos domiciliares não-tradicionais e suas implicações
-Mudanças na Dinâmica Domiciliar
-Ter filho na adolescência pode atrapalhar? O que explica o aumento do número de
gravidez em idades jovens?
-Economia do crime

Economia da Família
-Há aumento de filhos em mulheres não-casadas (EUA).
-Taxas de novos casamentos vem caindo
-Aumento em casais do mesmo sexos criando crianças
-Pessoas estão se casando mais tarde e tendo filhos mais tarde.
-Aplicações:
-Decisão de consumo dos membros da família.
-Decisão de investimento e saúde dos filhos.
-Introdução:
-Quais as motivações para as transferências privadas?
-Por que os pais deixam heranças para os filhos? O que explica o cuidado dos filhos com os
pais?
-Nas relações de mercado o egoísmo é parte central. E nas famílias?
-O modelo de Becker para o Altruísmo (Cap 8 – A treatise on the family)
-Nas famílias, comportamento altruísta é parte central das relações.
-Ajudas às famílias a “segurar” os seus membros de desequilíbrios e outras
consequências da incerteza;
-Membros sempre pensam como seu comportamento vai afetar a situação dos
demais. (e.g. migração de famílias)
-Afeta o comportamento das famílias em relação à variação de renda
-Se o consumo de cada membro familiar é um bem-normal, então deve ocorrer que, levando
em consideração os presentes do chefe, uma criança egoísta pode maximizar seu próprio
consumo somente tomando ações que maximizem sua renda familiar total.
-Teorema da Criança Podre:
-Becker aplicou esse resultado em uma família de dois adultos, onde um adulto tem uma
renda muito maior que o outro
-O Teorema da “Criança Podre” nos diz que, se um chefe de família é suficientemente
rico e benevolente para com os demais membros da família, então ó do interesse
próprio dos membros da família maximizar a renda total da família, mesmo que isso
implique em um custo em sua renda privada. Ou seja, todos os membros familiares
agirão harmoniosamente em torno do interesse familiar (ao menos se eles sabem o que
é bom para eles).
-Considere que, no equilíbrio o chefe de família dá presentes a todas as crianças. Então, o
fasto com consumo de cada criança é, no final, decidido pelo pai. A distribuição do consumo
após o presente entre os membros da família maximizará a utilidade do chefe, sujeito à
restrição de que os gastos com a família não excedam a renda familiar.
-Evidências Empíricas:
-Bergstrom (1989): o teorema da criança podre falha se as crianças se importam com suas
atividades tanto como com seu consumo. Se o lazer é uma atividade complementar ao
consumo, uma criança consegue manipular as transferências dos pais ao seu favor tendo
muito lazer.
-Lundberg e Pollak (2003): teorema da criança podre não se aplica quando as famílias
devem escolher se mudam de casa ou se terão filhos

-Restrições de liquidez ou de crédito podem impedir pais de exercerem seu altruísmo,


deixando para as crianças “heranças negativas”
-Heranças são bens de luxo
-Pessoas que não deixam herança são mais comuns entre pessoas de baixa renda
-Pais altruístas devem transferir sua riqueza basicamente em forma de presente, quando seus
filhos, restritos em sua liquidez, precisam deles, em vez de muito tarde, através de heranças.
-Contudo, nos países desenvolvidos, transferências “entre vivos” não parecem ser mais
frequentes que as heranças
-Assim, outras extensões do modelo altruísta baseado no teorema da criança podre
consideram a possibilidade de crianças “preguiçosas”, bem como a incerteza sobre a renda
da criança no futuro
-Deste modo, os pais gostariam de ter a última palavra e a preferência por postergar as
transferências ao máximo, evitando que a criança consuma demais

Economia do casamento
-O que leva pessoas a se casarem?
-Poupar recursos
-Bens são públicos (não precisa de 2 geladeiras para 2 pessoas)
-Retornos de escala (cozinhar para 2 não é mais difícil do que cozinhar para 1
-Divisão do trabalho
-Pessoas podem se especializar nas atividades que são melhores
-Dividir os riscos
-Mercado de crédito familiar (investimento conjunto em capital humano, por exemplo)
-Para ter filhos
-Amor, companhia e sexo.
-Pressupostos fundamentais (Becker, 1960)
-Maximização do comportamento
-Equilíbrio de mercado
-Preferências estáveis
-Interpretação de comportamentos como cuidado dos filhos divórcio e casamento também
como escolhas ATIVAS dos indivíduos, em vez de respostas passivas às forças sociais e
culturais.
-Assortative Mating (Cap. 4 – A treatise on the Family)
-Em um mercado de casamento, a competição pelo cônjuge leva à classificação dos cônjuges
por características como riqueza, educação e outras características.
-Positive asssortative matching refere-se a uma correlação positiva na classificação
entre os valores das características de maridos e esposas (correspondência de gostos);
-Negative assortative matching refere-se a uma correlação negativa (correspondência
de dessemelhanças)
-Embora tenha sido há muito reconhecido que a classificação de maridos e esposas por
características ocorre em todas as culturas e sociedades, os economistas têm tentado
entender os padrões de classificação no mercado de casamento e outros mercados de
correspondência, concentrando-se na natureza do ganho da correspondência e o mecanismo
da força de competição do mercado.
-O assortative matching pode ser dificultada pela presença de fricções no mercado de
combinações.

-Modelo Beckeriano do Casamento


-Ganhos do casamento(Cap 2 – A divisão do Trabalho nas Famílias e nos Domicílios – A
Treatise on the Family).
-O que ocorre quando homens e mulheres são igualmente produtivos no mercado?
-Dividem os ganhos igualmente
-Não há razão para a especialização
-Não há ganhos do casamento
-Quando o homem possuí nível de produtividade distintos (homem especializado no trabalgo
no mercado e mulher no trabalho doméstico)
-Nesse caso, há ganhos de uma função de produção conjunta, com ganhos de
especialização.
Economia da Fecundidade
-Modelos econômicos estáticos
-A ideia é aplicar modelos neoclássicos de demando do consumidor para explicar o
comportamento da fecundidade.
-Pressupostos:
-Termo estático: ignora-se a possibilidade de que os preços e a restrição orçamentária
dos pais mudem no tempo, a incerteza sobre essas restrições no tempo também é
fixa.
-Para além da restrição orçamentária, não há obstáculos para que as famílias
escolham o tamanho.
-Preferências são dadas → mudanças na renda (1) e no preço das crianças (2)
explicam queda na fecundidade.
-Modelo de quantidade-qualidade
-Becker foi o primeiro a dar uma explicação econômica formal da escolha da
fecundidade, introduzindo a hipótese quantidade-qualidade (1960) em que os pais
têm preferências pela quantidade e qualidade dos filhos e podem pagar para
aumentar qualquer um deles.
-Isso trata as crianças como análogas aos bens de consumo duráveis e imagina o
efeito da renda sobre a fecundidade como sujeito à teoria da escolha racional,
maximização da utilidade e uma solução ótima.
-A interação multiplicativa entre quantidade e qualidade é formulada explicitamente
por Becker e Lewis (1973), Willis (1973) e Becker (1993).
-Quantidade e qualidade estão ligadas por meio da restrição orçamentária: com um
aumento em um deles, o preço sombra do outro aumenta.
-Se a elasticidade renda da demanda por qualidade infantil for positiva e superior à
quantidade, então quando a renda familiar aumenta, os pais investem mais na
qualidade da criança do que na quantidade, como é o caso de outros bens de
consumo duráveis como carros ou casas, tonando negativa relação renda-fecundidade
possível.
-Existem numerosos estudos empíricos testando a hipótese de quantidade-qualidade,
principalmente usando análise econométrica de nível micro. A maioria, embora nem
todos, confirmaram as previsões da teoria observando uma correlação negativa entre
o tamanho da família e a qualidade da criança. A interação multiplicativa entre
quantidade e qualidade complica a inferência causal e, consequentemente, há um
debate em andamento sobre a existência do tradeoff e sua direção causal de uma
perspectiva micro (para uma revisão, consulte Schultz 2008 ou Clarke 2018).
-Muitos estudos microeconômicos observam como uma mudança exógena no
tamanho da família (por exemplo, nascimento de gêmeos após Rosenzweig e Wolpin
1980) afeta os investimentos dos pais, mas a causalidade reversa também foi testada
(por exemplo, Ben & Porath 1976). Como é difícil operacionalizar a quantidade da
criança, a maioria das análises quantifica a qualidade da criança com medidas
substitutas do resultado educacional, como realização educacional, anos de
escolaridade ou desempenho escolar (Leibowitz 1974; Hanushek 1992). Outras
variáveis de resultado, como desenvolvimento cognitivo, resultados de saúde e
medidas do corpo humano ou resultados relacionados ao sucesso no mercado de
trabalho também são usados como medidas de qualidade infantil.
-O lado dos insumos da qualidade da criança é quantificado com menos frequência,
mas gastos com educação (Lee 2008; Dang e Rogers 2016), investimentos em saúde
(Joshi e Schultz 2013) ou apoio financeiro governamental, como isenções de
impostos (Whittington 1992) estão entre os que são usados em estudos
microeconômicos.
-Medidas diretas de investimentos de tempo dos pais, como a frequência do
envolvimento em atividades de cuidado essenciais durante a primeira década de vida,
também são usadas como um proxy para a qualidade da criança, embora com muito
menos frequência (Lawson e Mace 2009; Lawson e Mulder 2016).

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