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DIREITO CIVIL - CONTRATOS – ROTEIRO DE AULA – PROFA.

RENATA SPADA
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA (Artigos 481-532 do Código Civil):

Direito Brasileiro/Apenas direitos pessoais ou de crédito/não possui eficácia


real.

Contrato bilateral/oneroso/consensual em regra e solene por exceção.

Relação de consumo – C.D.C.

Requisitos dos contratos em geral.

Elementos:
a) “consensus”,
b) “pretium”: preço
c) “res”: coisa

Efeitos jurídicos:

Promessa de Compra e Venda (Espécie de Contrato Preliminar).

Contrato Preliminar (Artigos 462-466 do CC):

Pactos adjetos à compra e venda:

Retrovenda (“pactum de retrovendendo”): “pactum de retroemendo”


pacto de resgate (resgate ou retrato):

Venda a contento:

Venda sujeita a prova:


Preempção ou preferência:
Venda com reserva de domínio (“pacto reservati dominii”)
Venda sobre documentos:

Venda a descendente:

A Lei Civil não proíbe a venda de ascendente a descendente, apenas impõe a


anuência dos demais descendentes e do cônjuge do vendedor, salvo se o
regime de bens for o da separação obrigatória.
A venda em descordo com o art. 496-C.C é anulável.

Prazo para ajuizamento da ação judicial, que é decadencial (2 anos – artigo


179 –CC).
A relação alcançada é a existente entre pai e filho, avô e neto, bisavô e bisneto e
gerações que se seguem, seja o parentesco biológico ou não.
Súmula 494 – STF.

Impedimentos:
O artigo 497 do Código Civil os tipos de vínculos que geram a falta de legitimação para o
ato negocial, ainda que realizados em hasta pública, visando impedir o oportunismo.

Venda entre cônjuges:Artigo 499 do Código Civil.


Legalidade: bens que não se encontrem em comunhão.
Não é permitido, um cônjuge, mediante contrato de compra e venda com o seu
consorte, transferir para o seu patrimônio particular o bem que se encontra em
comunhão.
Princípio da imutabilidade do regime de bens no casamento.
Ver: Artigo 1.639, parágrafo 2º).

Venda “ad corpus” e “ad mensuram”:


Artigos 500 e 501 do Código Civil

Na venda “ad corpus” as medidas são meramente enunciativas, uma vez que o objeto
é vendido como um todo.

Quando a venda for efetuada em função de suas dimensões, ter-se-á a venda “ad
mensuram”. Portanto, se as medidas reais forem inferiores às do contrato, o
comprador poderá exigir o complemento da área, se isto for inexeqüível, exigirá a
resolução do contrato ou abatimento proporcional do preço.
O prazo para postulação em juízo, tanto para o comprador quanto para o vendedor, é de
um ano e decadencial, contado a partir do registro do título de aquisição.

Débitos pertinentes à coisa vendida.


Salvo disposição em contrario, são da responsabilidade do vendedor todos os débitos,
anteriores à tradição.

Coisas vendidas conjuntamente – defeito oculto.


Art. 503 do Código Civil.

Venda por condômino de coisa indivisível.


Artigo 504 do Código Civil.

Preferência: outro condômino.

Ex. “A”, juntamente com “B”, é proprietário de um apartamento, não poderá


vender a sua cota para “C”, caso “B” se disponha a pagar o mesmo preço.
Procedida a venda a estranho, sem consulta ao condômino, este, no prazo
decadencial de 180 dias, poderá depositar a importância e haver para si a
coisa A contagem do prazo inicia-se com a tradição.
Não é nula, mas ineficaz.

CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA (Artigo 533 do Código Civil)

Artigo 533 do Código Civil.


No contrato em estudo as partes de obrigam a transferir, uma para outra, o domínio de
coisa móvel ou imóvel, com ou sem complemento em dinheiro.

O “pactum permutandi” é consensual.


Bilateral, oneroso, translativo de domínio e comutativo.
Deverá ser solene quando se tratar de permuta de imóveis com valor cada qual,
superior a trinta vezes o maior salário mínimo, conforme exigência do art. 108
do Código Civil.
Parcela substancial em dinheiro: O Código Civil não se posiciona a respeito, nem se
refere ao complemento em dinheiro.

Doutrina: teoria do valor ou princípio da absorção.


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Por força do artigo 533 do Código Civil, ao contrato de permuta aplicam-se as regras da
compra e venda, somente no que for adaptável.

Exercícios:

Questões Subjetivas:

1) A venda de ascendentes a descendentes, sem consentimento dos demais herdeiros, é


um ato jurídico nulo, prescrevendo o direito de ação em vinte anos, contados da
celebração do contrato? Justifique sua resposta.

2) O adquirente que tiver seu veículo apreendido por ser bem furtado não terá direito de
demandar pela garantia da evicção, porque a perda do veículo não decorreu de
sentença judicial? Justifique sua resposta.

Questões objetivas:

1) JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO 178º - TJSP – 2006. Indique a asserção


enganosa.
a) Se, na venda ad mensuram de um imóvel, se verificar que há excesso superior a um
vigésimo do total da área enunciada e se o vendedor comprovar que tinha motivos para
ignorar a medida exata da área vendida, pode o comprador completar o valor
correspondente ou simplesmente devolver o excesso.
b) No caso de separação de bens convencional, é lícita a compra e venda, entre
cônjuges, de bens excluídos da comunhão.
c) É nula a venda de ascendente a descendente quando nem os outros descendentes
nem o cônjuge do alienante deram expresso consentimento.
d) É nulo o contrato de compra e venda em que se deixa ao arbítrio exclusivo de uma
das partes a fixação do preço.

2) TABELIÃO - REGISTRO DE IMOVEIS - TJSP – 2008. No compromisso de compra


e venda, o inadimplemento parcial do contrato, por qualquer das partes, dá
ensejo à aplicação do princípio da:
a) onerosidade excessiva, constituindo causa de resolução da avença.
b) exceptio non adimpleti contractus, ficando assegurado à parte que não cumpriu a sua
obrigação o direito de exigir o implemento da obrigação quanto à outra parte.
c) onerosidade excessiva, constituindo causa de anulação da avença.
d) exceptio non adimpleti contractus, reservando-se àquele que sofreu o
inadimplemento suspender o cumprimento da sua parte na avença.

3) PROCURADOR DE ESTADO - TC/AL - 2008 - CARLOS CHAGAS. Pelo contrato


de compra e venda, um dos contratantes:
a) se obriga a transferir o domínio de certa coisa e o outro a recebê-lo, mediante o
pagamento emdinheiro ou em outros bens.
b) transfere o domínio de certa coisa, e o outro, se obriga a pagar-lhe certo preço em
dinheiro.
c) quando se tratar de venda sobre documento, transfere o domínio da coisa mediante a
tradição, obrigando-se a entregar os documentos exigidos pelo contrato, ou pelos usos
locais, em prazo fixado de comum acordo entre as partes.
d) se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em
dinheiro.
e) transfere a propriedade resolúvel de certa coisa, e o outro se obriga a pagar-lhe certo
preço em dinheiro, como condição para adquirir o domínio pleno.

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4) PROFISSIONAL JÚNIOR - ÁREA: DIREITO - PETROBRÁS – 2008. José Márcio
celebrou com TWL Construções Ltda. contrato preliminar de compra de venda
de imóvel pertencente a esta última, a título irretratável, no valor total de R$
500.000,00, ajustando que o pagamento deveria ser feito em moeda corrente,
da seguinte forma: R$ 50.000,00, a título de sinal, em 48 horas a contar da
assinatura do instrumento; R$ 200.000,00 contra a exibição da certidão de
ônus reais emitida pelo cartório de registro imobiliário, que deveria ser
providenciada pela promitente-vendedora em até dez dias; R$ 250.000,00 no
ato da celebração do contrato definitivo, a realizar-se em até trinta dias. Na
data agendada para a formalização do contrato de compra e venda, cumpridas
regularmente todas as obrigações vencidas até então, as certidões exibidas
pela promitente-vendedora demonstraram a existência de dívida fiscal de
valor superior ao do imóvel, bem como de ações e execuções cíveis em curso,
envolvendo valor global também superior ao do contrato.
Diante disso, José Márcio pode, licitamente, exigir da promitente-vendedora,
além do desfazimento do contrato preliminar a(o):
a) devolução do valor pago até aquela data.
b) dobro do valor total pago até aquela data.
c) dobro do valor total pago até aquela data e, ainda, indenização pelos prejuízos
sofridos em razão da dissolução do contrato que superarem o total dos pagamentos
realizados.
d) dobro do valor pago a título de sinal e a devolução da segunda parcela do preço.
e) dobro do valor pago a título de sinal, a devolução da segunda parcela do preço e,
ainda, indenização pelos prejuízos sofridos em razão da dissolução do contrato que
superarem o valor da primeira parcela do preço.

5) ANALISTA - JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - STF - 2008 – CESPE. Poderá ser


objeto de alienação direito sucessório, ainda que esteja vivo o autor da
herança, desde que a alienação se faça por escritura pública e sob condição,
isto é, com cláusula que subordine os efeitos do negócio jurídico ao evento
morte do titular do direito alienado.
a) Verdadeiro/b) Falso

GABARITO:
1-C
2-D
3-D
4-E
5-F

CONTRATO ESTIMATÓRIO (Artigos 534 a 537 do Código Civil):

Tem-se o contrato estimatório, quando alguém (consignante) entrega coisas


móveis a outrem (consignatário), para a venda, o qual se obriga, em determinado
prazo, ao pagamento, sendo-lhe facultada a devolução total ou parcial da mercadoria.

Código Civil/1916 – ausência: contrato inominado.


Contrato sinalagmático, real, oneroso e comutativo.
Obs. Não é, necessariamente, translativo de domínio.
O contrato em questão é conhecido na prática comercial como venda em
consignação.

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Consignante ou “tradens”: proprietário da coisa, o qual entrega a coisa, mantendo a
conservando a propriedade.
Consignado, consignatário ou “accipiens”: quem recebe a coisa, adquirindo a
posse direta e a disponibilidade da coisa, que implica a alternativa de devolve-la ou não.

Uso da coisa: divergência doutrinária.

Imposto de circulação de mercadoria: impossibilidade, tendo em vista que o


referido contrato, não induz à circulação de domínio.

O consignatário e os riscos da coisa


Artigos 535 do Código Civil.

Impenhorabilidade da coisa.
Artigo 536 do Código Civil.

Impedimento de venda pelo consignante:


Artigo 537 do Código Civil.

CONTRATO DE DOAÇÃO (ARTIGOS 538 A 578 DO Código Civil):

Na espécie contratual estudada, alguém (doador ou benfeitor) se obriga a transferir


bens ou vantagens de seu patrimônio (donatário ou beneficiário), sendo um ato de
liberalidade.
Contrato unilateral, gratuito e consensual.
Formal: Escritura pública ou particular (regra geral) – Escritura pública (bem imóvel de
valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo do pais).
Ver: Artigo 541 do CC.

Elementos: a) Elemento subjetivo: “animus donandi” e aceitação pelo donatário


(ver: artigo 539-CC); b) Elemento objetivo: objeto da liberalidade; e, c) Capacidade
jurídica ou legitimidade para a prática do ato.

Promessa de doação: A doutrina não se apresenta uniforme quanto a possibilidade


acima citada.
Espécies:

Doação pura e simples.


Não impõe qualquer encargo ao donatário e nem subordina os efeitos do contrato a
acontecimento futuro e incerto.

Doação modal ou por encargo.


Ocorre quanto o doador impõe ao donatário a prática de um determinado fato.
A gratuidade é característica também desta espécie, pois o encargo não possui
conotação de reciprocidade.
Ver: Artigo 562 do CC.
O contrato deve conter cláusula indicativa do prazo de cumprimento, mas caso seja
omisso neste ponto, o doador notificará o donatário, concedendo-lhe tempo para a
execução do encargo, conforme prevê o artigo 562 do C.C.

Doação contemplativa e remuneratória.


Na doação contemplativa o doador indica razões que o levaram a fazer a doação. Em
geral, é espécie de doação pura.

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Equiparada a doação contemplativa, pelo texto codificado, está a doação
remuneratória, que é aquela feita com objetivo de beneficiar alguém pela prática de
atos de liberalidade, como serviços ou favores prestados ao doador.

Doação mista: preço irrisório em contrato intitulado de compra e venda.

Doação com cláusula de reversão.


A cláusula de reversão permite que os bens doados retornem ao patrimônio do doador
caso sobreviva ao beneficiado.

Doação condicional.
Na espécie em estudo a liberalidade fica subordinada a um acontecimento futuro e
incerto.

Doação com cláusula de inalienabilidade vitalícia.


Quando no contrato contém uma cláusula que impeça o donatário de alienar a coisa
recebida. Tal cláusula possui caráter vitalício, mas se extingue com a morte do
donatário.

Doação com subvenção periódica: Artigo 545 do CC.


Trata-se da modalidade, onde o doador institui uma contribuição em favor do donatário,
a título gratuito, podendo ser uma determinada quantia ou outra modalidade, como
cesta básica ou bolsa de estudos. O referido contrato pode estabelecer a extensão
temporal do benefício, mas não deverá ultrapassar a vida do donatário, bem como,
caso, não se tenha estipulado ao contrário cessará com a morte do doador.

Doação conjuntiva: Artigo 551 do CC.


É aquela feita a mais de uma pessoa.

Doação de ascendentes a descendentes ou entre cônjuges.


Segundo a Lei Civil considera-se adiantamento de legítima a doação de ascendente a
descendentes, ou de um cônjuge a favor do outro.

Doação “propter nuptias”.


Artigo 546 do CC.

Juros moratórios, evicção e vícios redibitórios: Art. 552 do CC.

Nas doações puras, o doador não responde pelo pagamento de juros moratórios,
evicção e vícios redibitórios.
Ressalta-se que na doação com encargo, o doador não fica isento da responsabilidade.

Doação à entidade futura.


O doador pode contemplar pessoas físicas ou jurídicas já existentes, em formação ou de
criação futura.

Obs. O donatário poderá ser obrigado a prestar alimentos ao doador (artigo 557, IV, do
CC), salvo: doação remuneratória.

Limitações:

a) cônjuge adúltero ao seu cúmplice – contrato anulável;


b) um cônjuge ao outro, em caso e separação obrigatória;
c) o menor submetido à tutela ao seu tutor (artigo 1.749-CC).

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Doação inoficiosa: Artigo 549 do CC.

Ver: artigo 1.789 do CC e Capítulo IV - Da Colação (Artigos 2.002 – 2.012 do CC).

Extinção (Revogação – artigos 555 – 564 do CC).

Revogação da doação (inexecução do encargo e ingratidão do donatário).


A Lei Civil veda a renúncia antecipada do direito de revogação.
É exercida por meio de uma ação judicial (revocatória).
Parte legítima: doador.
Prazo: um ano (decadencial).
Efeitos: “ex nunc”.
Não havendo cumprimento do encargo, o doador poderá desfazer a liberalidade. No
entanto, se o beneficiário for a própria coletividade (ex. construção de um abrigo), o
Ministério Público poderá ingressar com a demanda (art. 553 do CC).
Ainda, o doador poderá revogar a doação por ingratidão do donatário.

Nem toda espécie de doação comporta a revogação por ingratidão, apenas as


chamadas doações puras. Ver: artigo 564 do CC.

Hipóteses de ingratidão – artigo 557 do CC.


Ver: 563 do CC.

Doação por procuração.


A doutrina e a jurisprudência têm admitido a doação por procuração, desde que o
doador cuide de especificar o objeto da doação e o beneficiário do ato (donatário).

Exercícios:

1) Fabrício entregou a seu sobrinho Carlos a chave de seu apartamento,


dizendo que lhe estava doando o imóvel. Nenhum instrumento, público ou
particular, foi elaborado. Pode-se afirmar que essa doação é:
a) totalmente válida, produzindo todos os efeitos civis;
b) nula de pleno direito;
c) anulável;
d) inexistente;
e) válida apenas entre Fabrício e Carlos, mas ineficaz perante terceiros.

2) Ainda sobre os contratos, assinale a opção correta.


a) A revogação da doação pura e simples por ingratidão não tem efeitos retroativos, por
isso, não atinge os direitos adquiridos por terceiros nem obriga o donatário a restituir os
frutos que percebeu antes da citação válida. Em caso de impossibilidade de restituição
do objeto doado, o donatário deverá indenizar o doador pelo meio termo do valor do
objeto.
b) No contrato de mútuo, o proprietário transmite a posse da coisa mutuada, obrigando-
se o mutuário a restituir a coisa emprestada quando vencido o prazo ajustado. Quando
se tratar de mútuo oneroso ou feneratício, o mutuante poderá resolver o contrato se o
mutuário deixar de pagar os juros estipulados.
c) No contrato de transporte de pessoas, o transportador responde pelos danos
causados às pessoas transportadas e a suas bagagens. A responsabilidade do
transportador é contratual e objetiva, prescindindo-se, portanto, de verificação de culpa.
O transportador será eximido do dever de indenizar quando o acidente ocorrer por
motivo de força maior, ou por culpa exclusiva da vítima ou de terceiro.
d) Se o condômino ceder ou alienar a sua fração ideal da coisa comum, seja ela divisível
ou indivisível ou que permaneça em estado de indivisão, ele deve, obrigatoriamente,
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notificar aos demais com proprietários para que o negócio tenha eficácia contra
terceiros e seja válido.

3) Assinale a alternativa CORRETA:


a) o contrato de mandato que contiver cláusula de irrevogabilidade não pode ser
revogado unilateralmente pelo mandante;
b) a posse de boa-fé não perde este caráter por presunção de que o possuidor tinha
ciência de que possuía indevidamente;
c) na doação com encargo, o contrato permanece gratuito e pode ser revogado por
ingratidão do donatário ou por inexecução do encargo;
d) não tem eficácia o estabelecimento de fiança contrario à vontade do devedor.

GABARITO:
1-D
2-A
3-C

LOCAÇÃO DE COISAS (Artigos 565-578 do Código Civil)

Documentos legais básicos: a) Código Civil (artigos 565 a 578); b) Lei do


Inquilinato – Lei 8.245/91, com alterações (Lei 12.112/09; c) Estatuto da terra –
Lei 4.504/64 – artigos 95 e 95 A).
Ainda, há regras especiais, como os artigos 86 a 98, do Decreto-Lei n. 9.760/46
(locação de imóveis urbanos da União).

Conceito: É o negócio jurídico por meio do qual uma das partes (locador) se
obriga a ceder à outra (locatário), por tempo determinado ou não, o uso e
gozo de coisa infungível mediante certa remuneração.

Contrato típico, nominado, oneroso e bilateral.


Pode ser pactuado, na forma paritária e por adesão.
Contrato consensual e não solene, podendo ser convencionado por escrito ou
verbalmente.
Não é personalíssimo, em virtude da previsão do artigo 577 do CC. No entanto, nada
impede que se estabeleça expressamente a impossibilidade de cessão e sublocação.

Elementos essenciais.
Tempo: O contrato de locação é essencialmente temporário.
Prazo: determinado ou indeterminado.
Ver: artigo 573 e 574 do CC.
Locação Imobiliária (art. 6º da Lei n. 8.245/91).
Caso o locatário não devolva o bem ao término do contrato, passa a ter posse injusta e
de má-fé, aplicando-se as regras dos arts. 1.216 a 1.220 do CC.
Ausência de oposição do locador: artigo 574 do CC.

Coisa (Objeto da locação)


Bem móvel ou imóvel.
Infungível, tendo em vista o retorno do bem ao locador.

Preço da locação:
A retribuição pela coisa locada é chamada de preço, aluguel ou renda, onde pode ser
estabelecida pelas partes, bem como, mediante arbitramento administrativo ou judicial,
ou ainda imposto por ato governamental, como no caso dos táxis.
Bens da União (parágrafo único do artigo 95 do Decreto-Lei n. 9.760/46.

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Ver: artigo 575 do CC.

Ainda, a Lei n. 8.245/91 c/ alterações trazidas pela 12.112/09, prevê a


possibilidade de qualquer das partes pedir a revisão judicial da importância do
aluguel.

Obrigações do locador: artigos 566 e 567 do CC.

Obrigações do locatário: artigos 569 e 570 CC.


O aluguel é a contraprestação devida pelo locatário, em regra, é mensal, mas nada
impede que se estipule de maneira diversa ou antecipadamente.
Ver: artigo 572 do CC.

Vencimento do prazo contratual: artigo 573 do CC.

Venda no curso no contrato:

Regra geral: a venda rompe a locação.


O adquirente não é obrigado a respeitar os termos do contrato vigente, salvo,
estipulação em contrário.
Ver: artigo 576 do CC.

Morte de uma das partes: artigo 577 do CC.

Indenização por benfeitorias na coisa locada.


Ver: artigo 578 do CC e artigos 35 e 36 da Lei 8.245/91.

Direito de retenção.

LOCAÇÃO DE BENS IMÓVEIS URBANOS: Lei do Inquilinato: LEI 8.245/91 c/


alterações trazidas pela Lei 12.112/09)

EMPRÉSTIMO:

CONTRATO DE COMODATO (ARTIGOS 579-585 Código Civiol):

É o contrato pelo qual o comodante entrega um coisa imóvel ou móvel, infungível, ao


comodatário, gratuita e temporariamente, para finalidade de uso e gozo.
Não se opera a transmissão da propriedade, apenas a posse.
Características: real, unilateral, gratuito, informal e temporário.

Obs. Nada impede que o comodatário assuma pequenos encargos, relativos ao


recebimento da coisa, além de arcar com outras despesas, como a taxa de condomínio e
o imposto predial. Neste caso a doutrina denomina o contrato por comodato modal.
Ver: artigo 581 do CC.

Obrigações do comodatário: Responsabilidade por furto.


Não responde pelos riscos oriundos de caso fortuito ou força maior.
Ver: artigos 582 e 583 do CC.

Findo o prazo contratual o comodatário incidirá em mora.


Em mora, o comodatário responde pelos danos à coisa, advindos de caso fortuito ou
força maior, bem com, o pagamento de aluguel que o comodante estipular.

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As despesas ordinárias da coisa são de responsabilidade exclusiva do comodatário
(artigo 584 do CC).

Despesas extraordinárias (comodante).

Dois comodatários (artigo 585 do

Exercícios – Locação:

1) Quanto à locação não residencial, assinale a alternativa CORRETA.


a) Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o empresário ou a sociedade
empresária, na condição de locatária, tem direito a renovar o contrato escrito, cujo
prazo tenha-se indeterminado, desde que tenha permanecido no local por 05 (cinco)
anos ou mais.
b) As sociedades empresárias e as sociedades simples possuem o direito à renovação do
contrato de locação, desde que presentes os pressupostos previstos na Lei do
Inquilinato.
c) Para que se tenha o direito à renovação do contrato de locação, é essencial que o
locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de cinco anos.
d) Na ação renovatória o locatário não pode pleitear a alteração das condições da
locação.

2) Se o imóvel for alienado durante a locação predial urbana, o adquirente:


a) poderá denunciar o contrato, a qualquer tempo, mesmo que ainda esteja dentro do
prazo contratual.
b) não poderá em nenhuma hipótese denunciar o contrato, antes de seu termo final.
c) só poderá denunciar o contrato, se necessitar do imóvel para uso próprio, de
ascendente, dedescendente ou de seu cônjuge.
d) poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo
se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em
caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel, sendo que a denúncia
deverá ser exercida no prazo de noventa dias contados do registro de venda ou de
compromisso.
e) presume-se concorde na manutenção da locação, se não exercitar a denúncia do
contrato no prazo de trinta dias, contados do registro da venda ou do compromisso e,
por isto, deve respeitar o ajuste até o termo final de seu prazo.

3) O locador tem direito de exigir do locatário, na locação de prédio urbano, uma das
seguintes garantias:
a) caução em dinheiro, caução em bens móveis ou imóveis, garantia fidejussória, seguro de
fiançalocatícia e cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento.
b) seguro de fiança locatícia, cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento e caução
embens móveis ou imóveis.
c) cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento, fiança e caução em dinheiro.
d) caução em dinheiro, fiança e caução em bens móveis ou imóveis.
e) garantia fidejussória, penhor, hipoteca, caução em dinheiro e seguro de fiança locatícia.

4) Nos contratos de doação:


a) a cláusula de reversão é sempre implícita, uma vez que, o contrato, por liberalidade,
não supõe a contraprestação onerosa por parte do donatário;
b) é anulável a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficientes para
a subsistência do doador;

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c) nula é a doação, em relação à parte que exceder à de que o doador podia dispor em
testamento;
d) nula é a doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice, mesmo mediante interposta
pessoa.

5) Assinale a alternativa correta em relação à Lei n.º 8.245/91, que regula as


locações.
a) Na hipótese de o imóvel ser alienado durante a locação, o adquirente poderá
denunciar o contrato, com prazo de 90 (noventa) dias para a desocupação, salvo se a
locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso
de alienação, não sendo obrigatória a averbação do contrato junto à matrícula do
imóvel.
b) Na hipótese de extinção do usufruto, é facultado ao nu proprietário a denúncia do
contrato de locação, com prazo de 90 (noventa) dias para a desocupação, salvo se tiver
havido aquiescência escrita do nu-proprietário, ou se a propriedade estiver consolidada
em mãos do usufrutuário.
c) Na hipótese de o imóvel ser alienado durante a locação, o adquirente poderá
denunciar o contrato, com prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação, salvo se a
locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso
de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel.
d) Na hipótese de extinção do usufruto, é facultado ao nu-proprietário a denúncia do
contrato de locação, com prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação, salvo se tiver
havido aquiescência escrita do nu-proprietário, ou se a propriedade estiver consolidada
em mãos do usufrutuário.

6) O contrato de locação não-residencial pode estipular, licitamente, que o(a):


a) pagamento de todas as despesas condominiais e, ainda, do imposto predial caberá ao
locatário.
b) aluguel deverá ser pago até o último dia útil do mês vincendo.
c) exercício do direito à renovação do contrato submeterse- á ao pagamento prévio, pelo
locatário, do triplo do valor do aluguel vigente.
d) locatário não fará jus a indenização por quaisquer benfeitorias realizadas no imóvel,
mesmo que necessárias.
e) locação será garantida por caução equivalente ao triplo do valor do aluguel pactuado,
bem como por fiança prestada, em caráter solidário, pelos sócios do locatário, sendo
este pessoa jurídica.

7) Se, no contrato de locação, houver cláusula expressa de que há


responsabilidade dos fiadores até a efetiva entrega das chaves do imóvel
objeto da locação, essa responsabilidade perdura ainda que o contrato seja
prorrogado por prazo indeterminado.
a) Verdadeiro
b) Falso

8) O ordenamento jurídico pátrio possui como regra a impenhorabilidade do


bem de família. Essa impenhorabilidade é oponível em qualquer ação de
execução movida por descumprimento de obrigação assumida pelo devedor,
ainda que decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
a) Verdadeiro
b) Falso

9) Só um destes enunciados a respeito de locação de imóvel urbano é correto.


Aponte-o.
a) Finda a locação e morto o locador, os herdeiros podem reaver o prédio por meio de
ação possessória.
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b) Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da
sociedade concubinária, a locação permanecerá com o primitivo locatário.
c) Para dar em locação imóvel urbano, é preciso ser dele o proprietário.
d) Silente o contrato, é do locador a obrigação de pagar os impostos, taxas e o prêmio
de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel.

GABARITO:
1-B
2-D
3-A
4-C
5-D
6-D
7-V
8-F

CONTRATO DE MÚTUO (ARTIGOS 586 –592 DO Código Civil):

Trata-se de negócio jurídico unilateral, por meio do qual o mutuante transfere a


propriedade de um objeto móvel fungível ao mutuário, que se obriga à devolução, em
coisa do mesmo gênero e quantidade.

Risco da coisa emprestada.


Artigo 587 do CC.

Características.
Contrato típico, nominado, real, unilateral (apenas o mutuário assume obrigações).
Gratuito ou oneroso.
Temporário: prazo determinado (artigo 592 do CC).
Contrato utilizado nas relações civis, comerciais e consumeristas, não sendo comum nas
administrativas e inaplicável nas trabalhistas, sendo sempre contrato individual,
referindo-se a uma estipulação entre pessoas determinadas.

Prazo do contrato.
Contrato com prazo determinado.
Ver: artigo 592 do CC.

Partes e objeto.
Partes: mutuante (cedente da coisa) e mutuário (tomador do empréstimo).
Obs. As instituições de crédito freqüentemente figuram no pólo da relação,
emprestando dinheiro, segundo as normas definidas pelo Banco Central do
Brasil.

Mútuo feneratício: As instituições financeiras acima citadas, não se submetem ao teto


legal de juros, estabelecido pelo Código Civil ou pela Lei da Usura (Dec. n. 22.626/33),
embora se encontrem no âmbito de incidência do Código de Defesa do Consumidor.
Ver: Súmula 297 do STJ.
Ver: artigo 591 do CC.
Taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia.

Mútuo feito a menor: artigos 588 e 589 do CC.

Garantia de restituição ao mutuante: artigo 590 do CC.

1
Extinção.
Como se trata de um contrato temporário, o mútuo extingue-se como o advento de seu
termo, ou, antes dele, se o mutuário efetuar o pagamento. No entanto, uma vez vencida
a dívida e não havendo o pagamento, a dissolução se dará por meio da resolução de
contrato, podendo o mutuante exigir a devida compensação pelo prejuízo,
eventualmente, sofrido, incluindo-se os juros de mora.

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (ARTIGOS 593 – 609 DO CC):

O contrato de prestação de serviços é negócio jurídico por meio do qual uma das
partes, chamada prestador, se obriga a realizar uma atividade em benefício de outra,
denominada tomador, mediante remuneração.
Diferenças com o contrato de emprego: o contrato estudado não se confunde com a
relação de emprego trabalhista, pois nesta há uma hierarquia entre empregador e
empregado, dependência econômica e os serviços prestados não são de natureza
eventual.
Ver: artigo 593 do CC.

Diferenças com o contrato de empreitada: na empreitada a finalidade é específica,


qual seja, a execução de uma obra, ou a criação de algo novo, como a construção de um
armazém (construção civil).
Observa-se ainda, que na empreitada a responsabilidade é exclusiva do
prestador que atua com independência.

Características:
Contrato típico e nominado.
Contrato não formal: escrito ou verbal.
Bilateral e comutativo.
Pode ser celebrado de forma paritária ou por adesão.
Regra geral: personalíssimo.
Objeto: material ou imaterial (artigo 594 do CC).
Obs. podem figurar como tomador ou prestador tanto a pessoa física quanto a
jurídica.
Natureza dos serviços a serem prestados: definidos no contrato. Na omissão: artigo 601
do CC.

Duração do contrato: prazo máximo contratual: quatro anos.


Prazo indeterminado: artigo 599 do CC – aviso prévio/ Ver: artigo 603 do CC.

Mudanças subjetivas: cláusulas contratuais/Ver: Artigo 605 do CC.


Necessária habilitação do prestador: artigo 606 do CC.
Extinção do contrato: artigo 607 do CC.

Exercícios – Comodato e Mútuo:

1) O cliente que atrasa o pagamento de prestação relativa a contrato de


mútuo firmado com determinado banco deverá pagar ao mutuante a prestação
acrescida de atualização monetária e da taxa referente à comissão de
permanência.
a) Verdadeiro
b) Falso

2) No que concerne aos contratos, assinale a opção correta.

1
a) O contrato preliminar é preparatório para um negócio definitivo e destina-se a dar
segurança às partes que querem celebrar o contrato; por essa razão é vedada a cláusula
de arrependimento.
b) O prazo prescricional para a rescisão do compromisso de compra e venda de imóvel
com base em vício redibitório conta-se a partir da tradição do bem e não da data em
que o adquirente tomar conhecimento do citado vício.
c) Caso ocorra a evicção de uma coisa adquirida por meio de contrato oneroso com
cláusula expressa de exclusão da garantia da evicção, o evicto não poderá recobrar
integralmente o preço que pagou pela coisa, pois a referida cláusula importa em
renúncia ao ressarcimento pelos riscos da evicção.
d) No contrato de mútuo, a propriedade do bem mutuado é transferida ao mutuário
desde o momento de sua tradição. A partir desse momento, é que se estabelece a
responsabilidade do mutuário pelos riscos e pela deterioração ou perda do objeto do
mútuo.
e) Em um contrato firmado entre duas pessoas, não podem ser pactuados benefícios
nem criadas obrigações para uma pessoa estranha à formação do vínculo contratual;
portanto, esse terceiro não se sujeita às condições e normas do contrato, razão por que
não poderá reclamar o cumprimento da obrigação nem ser compelido a executá-la.

3) Assinale a alternativa correta: Das alternativas abaixo, qual delas não é


característica do contrato de comodato?
a) é contrato real;
b) é contrato gratuito;
c) é contrato bilateral;
d) é contrato de execução futura;
e) é contrato típico.

4) A lei veda às instituições financeiras a concessão de empréstimos a seus


diretores, bem como a aquisição de imóveis que não sejam destinados ao
próprio uso da entidade.
a) Verdadeiro
b) Falso

5) Considerando as classificações adotadas por Caio Mário da Silva Pereira


(Instituições de Direito Civil, 12a ed., v. III, Rio de Janeiro: Forense), o contrato
de mútuo com finalidade econômica deve ser classificado como:
a) típico, real, unilateral e aleatório.
b) típico, real, bilateral e comutativo.
c) típico, consensual, unilateral e comutativo.
d) atípico, real, bilateral e comutativo.
e) atípico, consensual, bilateral e aleatório.

6) Como não basta o consenso para seu aperfeiçoamento, o contrato de mútuo


se reveste de natureza real, efetivando-se com a entrega do bem fungível, em
geral o dinheiro, e a sua posterior restituição, no vencimento do prazo
estipulado.
a) Verdadeiro
b) Falso

7) O contrato de mútuo no qual uma parte assume o pagamento excessivo de


juros, por se encontrar com diversas dívidas vencidas e não pagas e, ainda, na
iminência de ser despejado do imóvel onde reside com sua família, constitui
hipótese de contrato eivado de nulidade absoluta, por vício de lesão, pois o
devedor assumiu obrigação excessiva, sob premente necessidade.
a) Verdadeiro
1
b) Falso

8) Considerando que determinada pessoa tenha firmado, com certa instituição


financeira, contrato de mútuo da importância de R$ 5.000,00, com vencimento
superior a 180 dias, assinale a opção correta acerca do contrato de mútuo
bancário.
a) O contrato firmado entre essa pessoa e a instituição financeira é classificado como
consensual, por ter-se tornado perfeito no momento em que as partes entraram em
acordo. b) Como seu prazo de vencimento é inferior a um ano, o mútuo bancário
contraído é considerado um contrato de curto prazo.
c) A avença bancária firmada não se sujeita à limitação das taxas de juros prescritas na
CF.
d) Em regra, o contrato de mútuo bancário deve ser celebrado por instrumento público.
e) A bilateralidade é uma das principais características do mútuo bancário, pois gera
direitos e obrigações para ambas as partes.

GABARITO:
1-F
2-D
3-C
4-V
5-B
6-V
7-F
8-C

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