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82 Revisão de Literatura

Estudos sobre a memória na


depressão: achados e implicações
para a terapia cognitiva
Studies on Memory in Depression: Findings and Implications for Cognitive
Therapy

GIOVANNI KUCKARTZ PERGHER1 Resumo


LILIAN MILNITSKY STEIN2
RICARDO WAINER3 O presente trabalho tem como objetivo apontar os benefícios decorrentes de uma integração
entre pesquisa básica e psicoterapia. Enfatizaram-se as memórias autobiográficas de
pacientes depressivos, as quais se caracterizam por serem supergeneralizadas (i. e.,
demasiadamente genéricas e inespecíficas). Dentre as conseqüências de uma tendência de
processamento mnemônico supergeneralizado, estão a dificuldade para imaginar o fu-
turo, déficits na habilidade de resolução de problemas, favorecimento da perpetuação de
processos ruminativos e atos suicidas. As implicações para terapia cognitiva da depressão
giram em torno da necessidade de se enfatizarem as especificidades, sejam elas a respeito
de situações passadas ou de circunstâncias vindouras desejadas.
P a l a v r a s - c h a v e : Depressão, memória, terapia cognitiva.

Abstract
The present study intends to point out the benefits of the integration between basic re-
search and psychotherapy. Autobiographic memories of depressed patients were empha-
sized, which are characterized by being overgeneral (i. e., extremely generic and
unespecific). Among the consequences of the tendency for overgeneral mnemonic pro-
cessing there are the difficulties to ima-gine the future, deficits in problem solving skills,
facilitation of the perpetuation of ruminative processes and suicidal acts. Implications for
cognitive therapy on depression turns around the need to emphasize the specificity, whether
they are related to past situations or to future desired circumstances.
K e y w o r d s : Depression, memory, cognitive therapy.

Recebido: 27/10/2003 - Aceito: 09/03/2004

1 Psicólogo mestrando em psicologia social e da personalidade pela Pontifícia Universidade Católica


do Rio Grande Do Sul - Programa de Pós-graduação em Psicologia

2 Psicólogo, mestre e doutor em psicologia

3 PhD em psicologia

O presente trabalho recebeu apoio do CNPq.

Endereço para correspondência: Giovanni Kuckartz Pergher, Rua Ramiro Barcelos, 1450/403.
90035-002, Porto Alegre - RS, Brasil. Telefone: (51) 92462492, e-mail: gio@portoweb.com.br

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O amplo impacto que a Terapia Cognitiva (TC) cau- Dessa forma, historicamente, houve desenvolvi-
sou no campo da psicologia clínica não se deu por mentos praticamente independentes da TC, por um lado,
acaso. Na mesma proporção em que foram sendo apre- e da psicologia cognitiva, por outro – muito embora
sentados estudos empíricos comprobatórios de sua houvesse plena compatibilidade entre conhecimentos
eficácia no tratamento de uma gama cada vez maior construídos em cada um desses dois âmbitos (Wainer et
de transtornos mentais, esta modalidade psicoterápica al., no prelo). Em diversos momentos, foi apontada uma
foi conquistando seu espaço entre os profissionais da carência de integração entre o campo da pesquisa bási-
área da saúde mental (Beck e Freeman, 1990/1993). ca (i. e., pesquisas que visam a construir conhecimentos
Os resultados efetivos na terapêutica dos mais sobre um objeto de estudo específico, sem quaisquer
diferentes transtornos psiquiátricos, contudo, não se comprometimentos com áreas aplicadas) e a
constituiu o único aspecto facilitador da ascensão da psicoterapia. (Eysenck e Keane, 1989/1994).
TC no cenário mundial. Além de eficácia comprovada, Atualmente, existe um movimento de integração
a TC conta com uma base teórica bastante consistente, entre psicologia e TC, em que se busca unificar, na
caracterizando a prática desta abordagem de prática psicoterápica, refinamentos em termos expli-
psicoterapia como uma atividade calcada em sólidos cativos acerca do funcionamento cognitivo nos mais
fundamentos. Os axiomas da teoria que sustenta a TC diversos transtornos psiquiátricos (Eich e Schooler,
são robustos a ponto de possibilitar, no que se refere à 2000; Wainer, 1997, 2002). Tais sofisticações teóri-
aplicação, a implementação de técnicas oriundas ori- cas - construídas usualmente a partir de pesquisas
ginalmente de outras modalidades psicoterápicas, sem experimentais - apresentam implicações no que tan-
que se engendrem contradições, tanto em termos teó- ge a estratégias de intervenção, revelando um impor-
ricos como epistemológicos (Beck e Alford, 1996/2000). tante ganho que se obtém quando há uma prática de
As teorizações que originalmente deram sustenta- psicoterapia com sólidos fundamentos empíricos
ção à TC foram sendo gradativamente construídas por (Bootzin e McKnight, 1998).
seu idealizador, Aaron T. Beck, por volta do final dos Muitos seriam os transtornos mentais e os pro-
anos 1950 e início dos anos 1960. Nessa época, Beck cessos cognitivos que poderiam ser abordados em uma
tinha como objetivo investigar os mecanismos incons- discussão acerca das contribuições de pesquisas ex-
cientes propostos pela psicanálise para explicação da perimentais para a prática psicoterápica (para uma
depressão a partir de estudos empíricos e observações revisão mais ampla veja Williams et al., 1997). No pre-
clínicas sistemáticas. Os resultados de suas investiga- sente trabalho, entretanto, optou-se por focar deter-
ções não se mostraram compatíveis com as pressuposi- minadas relações existentes entre funcionamento
ções psicanalíticas, levando-o a buscar outros constructos mnemônico e depressão, bem como algumas implica-
que explicassem mais satisfatoriamente os dados ções para TC desse transtorno psiquiátrico. Em espe-
empíricos observados (Beck e Alford, 1996/2000). cial, daremos ênfase às memórias autobiográficas
Beck, contudo, não estava inicialmente interes- (i. e., memórias que a pessoa possui sobre sua própria
sado em contemplar, em suas teorizações, explicações vida) de pacientes depressivos, área de investigação
baseadas em achados experimentais que dessem con- que tem atraído a atenção dos pesquisadores em fun-
ta dos diferentes processos cognitivos envolvidos nos ção de suas implicações teóricas e terapêuticas.
transtornos psiquiátricos. Suas preocupações, ao in- Uma das características mais marcantes da me-
vés disso, residiam em oferecer um modelo abrangente mória autobiográfica de indivíduos com depressão é
do funcionamento cognitivo (inicialmente de depres- a de ser supergeneralizada, ou seja, uma recordação
sivos) como um todo, o qual apresentasse coerência do próprio passado demasiadamente genérica,
interna e compatibilidade com as observações clíni- inespecífica e difusa (Williams et al., 1997). Pacien-
cas, possibilitando que novas intervenções psico- tes com esse transtorno de humor, portanto, apre-
terápicas pudessem ser desenvolvidas (Beck, 1996). sentam dificuldades para se lembrar de eventos es-
Para tanto, valeu-se de um método fundamentalmen- pecíficos de sua história de vida, temporal e espa-
te abdutivo na construção de sua teoria, em que fo- cialmente localizados. As conseqüências desse modo
ram lançadas hipóteses mais gerais acerca do funcio- de processamento mnemônico são discutidas a se-
namento cognitivo humano, cuja validade seria guir, após apresentarmos os métodos experimentais
verificada através do sucesso terapêutico obtido pela utilizados em sua investigação, bem como algumas
implementação das estratégias construídas com base questões relativas à especificidade da supergenerali-
nas heurísticas clínicas formuladas. zação nos transtornos depressivos.

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Em termos experimentais, as memórias autobio- Também restam dúvidas no que diz respeito à
gráficas supergeneralizadas são usualmente testadas estabilidade da supergeneralização. Em outras pa-
através do Teste da Memória Autobiográfica (TMA), lavras, não se sabe ao certo se o processamento
utilizado pela primeira vez em pacientes suicidas por mnemônico supergeneralizado é dependente do hu-
Williams e Broadbent (1986). Nesse teste, são ofereci- mor atual ou se é uma característica presente tan-
das dez palavras-estímulo para o participante, sendo to durante os episódios depressivos quanto nos pe-
cinco delas positivas (feliz, seguro, interessado, suce- ríodos de remissão. Estudos de follow-up e pesqui-
dido e surpreso) e cinco negativas (triste, irritado, sas que comparam pacientes deprimidos com pa-
desajeitado, ferido e solitário). As palavras são apre- cientes em remissão de episódio depressivo não
sentadas uma de cada vez, alternando entre positivas apresentam resultados consistentes. Os estudos de
e negativas. Os sujeitos são instruídos a se lembrarem follow-up, por um lado, apontam que a recupera-
de eventos específicos de sua vida que tenham rela- ção de memórias inespecíficas ocorre tanto duran-
ção com cada uma das palavras apresentadas. É te o episódio depressivo quanto na remissão deste
explicitado que uma recordação específica é que aque- (Brittlebank et al., 1993; Peeters et al., 2002), dado
la que possui localização temporal e espacial. que apóia a hipótese de que a supergeneralização
As respostas oferecidas para cada palavra-estímu- é uma característica estável nos transtornos depres-
lo são então codificadas de acordo com três categorias, sivos. Por outro lado, existem evidências de que a
sendo que duas delas dizem respeito às memórias ge- supergeneralização ocorre apenas na presença do
neralizadas e a outra concerne a memórias específicas. humor deprimido. Wessel et al. (2001), ao compa-
O primeiro tipo de memória generalizada é a categóri- rarem grupos de pacientes em episódio depressivo
ca, que se refere a eventos repetidos, sem qualquer maior e pacientes em remissão, verificaram a su-
referência a um tempo específico. Como exemplos, pergeneralização apenas no primeiro grupo, suges-
poderíamos citar “jantares românticos” ou “caminha- tivo de que esse é processo dependente do humor.
das na beira da praia”. O segundo tipo de recuperação Embora os dados da literatura indiquem com maior
generalizada é a estendida, na qual a lembrança reme- consistência que a tendência de processamento
te a um determinado período de tempo, com início e mnemônico supergeneralizado é estável nos trans-
fim determinados, porém com uma duração superior tornos depressivos, esta ainda é uma questão que
a um dia. “Minhas férias no Nordeste no ano passado” carece de investigação.
e “quando eu vivia no interior” poderiam ser exem- Um dado interessante apontado na literatura
plos deste tipo de memória estendida. Na terceira ca- diz respeito à particularidade do processo de su-
tegoria para a classificação das memórias autobiográ- pergeneralização nos transtornos depressivos. Es-
ficas específicas, encontram-se as lembranças que pos- tudos que utilizaram o TMA para investigar a qua-
suem uma localização temporal específica com dura- lidade da memória em outros transtornos, como
ção máxima de um dia. Exemplos deste tipo de recupe- transtorno de ansiedade generalizada (Burke e
ração poderiam ser “minha festa de formatura” ou “o Mathews, 1992), transtorno obsessivo-compulsivo
dia em que conheci minha namorada”. (Wilhelm et al., 1997) e transtorno de personali-
Embora a observação de que indivíduos deprimi- dade borderline (Arntz et al ., 2002) não detecta-
dos apresentam uma tendência a processar a memória ram com sistematização uma propensão à recupe-
de maneira supergeneralizada venha sendo sistemati- ração de memórias inespecíficas, a não ser que
camente relatada na literatura (Healy e Williams, 1999), houvesse sintomas depressivos comórbidos (Wessel
existem estudos em que tal tendência não é verificada et al., 2001). Uma exceção é verificada apenas para
(Dalgleish et al., 2001). A não-observação da superge- o transtorno de estresse pós-traumático e transtor-
neralização em estudos que investigam transtornos no de estresse agudo, nos quais a supergeneraliza-
específicos do humor - como o transtorno depressivo ção é verificada mais consistentemente (Harvey et
com padrão sazonal - sugere que o processamento al., 1998; McNally et al., 1994; McNally et al., 1995).
mnemônico supergeneralizado não é uma característi- Possivelmente, um mecanismo de evitação de me-
ca universal dos transtornos afetivos. A literatura dis- mórias dolorosas esteja envolvido tanto nos trans-
ponível no momento, entretanto, ainda não apresenta tornos depressivos quanto nos transtornos desen-
evidências suficientes que permitam distinguir os trans- cadeados por traumas. Uma discussão mais apro-
tornos do humor em que a supergeneralização se mos- fundada sobre esse tema, contudo, foge aos objeti-
tra como uma característica mais marcante. vos do presente artigo.

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Memória e imaginação do futuro rios futuros, envolvia os mesmos princípios gerais do


TMA, porém os participantes deveriam utilizar as pa-
Quando se fala em memória, a maioria das pessoas lavras-estímulo para figurarem eventos vindouros que
faz associações com questões relacionadas ao passa- ainda não haviam acontecido com eles.
do - pensam no sistema mnemônico humano como Conforme o esperado, os resultados indicaram
um armazenador que grava experiências anteriores que, quanto mais genéricas eram as memórias auto-
no intuito de utilizá-las no presente. Poucos se dão biográficas recuperadas pelos participantes, menos
conta, contudo, do papel essencial que a memória tem específicos eram os cenários futuros imaginados. Os
na construção de expectativas com relação ao futuro resultados também apontaram que tais cenários po-
(Neufeld e Stein, 2001). Em outras palavras, aquilo deriam tornar-se mais específicos se os participantes
que esperamos por vir possui íntima relação com o fossem estimulados a buscar lembranças episódicas
que já experenciamos, uma vez que as memórias a mais detalhadas (Williams et al., 1996).
respeito de nosso próprio passado constituem-se um Na terapia cognitiva da depressão, grande parte
fundamento para elaborarmos uma visão de nosso do trabalho psicoterápico é norteado por metas que
futuro (Tulving e Lepage, 2000). são conjuntamente estabelecidas entre paciente e
Considere perguntas como: “a que horas você vai terapeuta. Essas metas, para otimização da terapia,
chegar em casa hoje?”, ou então “semana que vem você devem ser elaboradas em termos mais objetivos pos-
tem um tempo para irmos ao cinema?”. Para respondê- síveis, de modo que possam ser determinados passos
las, é preciso que cenários futuros sejam elaborados para sua consecução e que os progressos possam ser
em nossas mentes e, para isso, a recuperação de even- avaliados com critérios mais precisos (Beck et al.,
tos anteriores é imprescindível. A lembrança de situa- 1979/1997). Nesse sentido, os psicoterapeutas devem
ções passadas será responsável pela disponibilização estar atentos para a qualidade da memória autobio-
de dados objetivos que servirão como base para cons- gráfica de seus pacientes, pois, caso esta se caracteri-
trução dos cenários vindouros (Williams et al., 1996). ze por ser supergeneralizada, há um obstáculo em
O fato de as lembranças de nosso passado influen- potencial para o estabelecimento de metas para o tra-
ciarem diretamente uma projeção daquilo que está tamento.
por vir possui uma série de implicações. Uma delas – Além disso, é consenso entre os terapeutas
e talvez uma das mais importantes – concerne aos ob- cognitivos que o suicídio está fortemente relacionado
jetivos que traçamos para nossas vidas. Ao estabele- com uma visão negativa do futuro, também chamada
cermos planos e metas, sejam elas na esfera profissio- de desesperança. Se pensarmos nessa falta de pers-
nal, interpessoal, familiar etc., usualmente o fazemos pectivas quanto ao futuro como tendo parte de seus
no intuito de efetivamente alcançá-las e, para tanto, fundamentos em uma recuperação nebulosa do pas-
nos valemos de experiências anteriores, as quais for- sado, seria atribuído aos terapeutas desconsiderar o
necem as bases para pensarmos naquilo que pode- papel exercido pelas memórias autobiográficas super-
mos ou não esperar (Schacter, 2001). generalizadas na abordagem do comportamento e
Quando as memórias da pessoa a respeito de seu ideação suicida de seus pacientes. Voltaremos mais
próprio passado são genéricas e inespecíficas em de- adiante à questão do suicídio após analisarmos ou-
masia – tal qual ocorre na depressão – a visualização tras implicações do processamento mnemônico super-
de eventos vindouros pode ser comprometida. A hi- generalizado na depressão.
pótese de que as memórias autobiográficas superge-
neralizadas dificultam a elaboração de cenários futu-
ros foi testada por Williams et al. (1996). Em uma sé- Memória e resolução de problemas
rie de três experimentos, os autores compararam o
desempenho de indivíduos com história de tentativa Uma das mais importantes funções cognitivas afeta-
de suicídio (dos 24 participantes que compunham este das pela depressão é a resolução de problemas (Nezu
grupo, 20 satisfaziam critérios para transtorno depres- e Nezu, 2001; Wainer, 1997). Isso tem uma série de
sivo) com indivíduos-controle sem diagnóstico de de- conseqüências negativas para o indivíduo acometido
pressão em dois tipos de testes. O primeiro deles era por esse transtorno de humor, principalmente se con-
o TMA, havendo apenas algumas modificações expe- siderarmos a enorme gama de problemas com os quais
rimentais dependendo do experimento. O segundo, nos defrontamos em nosso cotidiano. Questões tais
utilizado para investigação da imaginação de cená- como “qual ônibus devo pegar para chegar àquele

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shopping na zona norte da cidade?” ou “meu telefone situação é o seguinte: “Você percebe que seus amigos
está mudo e hoje tenho que ligar para clientes impor- parecem estar evitando-o. Você quer ter amigos e ser
tantes – o que fazer?” revelam as constantes demandas benquisto. A história termina quando seus amigos
do dia-a-dia por nossas habilidades de resolver pro- voltam a gostar de você. Portanto, a situação inicia
blemas. Quando essas habilidades apresentam déficits quando você percebe pela primeira vez que seus ami-
– tal qual comumente ocorre com pessoas que sofrem gos o estão evitando”.
de depressão – são grandes as chances de o indivíduo As respostas dos sujeitos concernentes às ações
tornar-se desadaptado ao meio no qual está inserido. que tomariam para o alcance dos objetivos foram en-
Os déficits na capacidade de resolver problemas tão classificadas de acordo com a sua efetividade. Para
acabam por contribuir com a perpetuação da depres- tanto, foi utilizada uma escala Likert de oito pontos,
são, pois muitas vezes a pessoa apresenta fracassos que variava de “nada efetiva” (0) até “muito efetiva”
reais no manejo de situações cotidianas, que acabam (7). Além disso, no experimento de Goddard et al.
por reforçar suas idéias de incapacidade e menos va- (1996), os participantes foram instruídos a relatar
lia (Young et al., 1993/1999). A resolução de proble- quaisquer memórias e/ou pensamentos que lhes vies-
mas, portanto, tem se mostrado como importante foco sem à cabeça durante o processo de construção de es-
a ser trabalhado na terapia cognitiva da depressão tratégias de solução. Desta forma, havia dois momen-
(Beck, 1995/1997). tos em que os participantes tinham a tarefa de recupe-
No âmbito da psicologia cognitiva, esforços têm rar memórias: uma no início do experimento através
sido realizados na geração de modelos explicativos que do TMA e outra no decorrer da realização do SPMF.
auxiliem na compreensão dos mecanismos psicológi- Genericamente falando, os resultados de
cos envolvidos no processo de resolução de problemas. Goddard et al. (1996) indicaram que a habilidade para
Um desses modelos, proposto por Sternberg (1996/ recuperar memórias específicas no TMA estava posi-
2000), sugere que o ciclo de resolução de problemas tivamente relacionada com a performance no proce-
envolve sete etapas, quais sejam: 1) identificação do dimento de solução de problemas meios-fim, ou seja,
problema; 2) definição do problema; 3) construção de quanto mais memórias específicas eram recuperadas
uma estratégia para resolução do problema; 4) organi- no TMA, mais soluções possíveis eram relatadas no
zação de informação sobre o problema; 5) alocação de SPMF. Contudo, foi encontrada uma relação muito fra-
recursos; 6) monitorização da resolução do problema ca entre a recuperação de memórias autobiográficas
e 7) avaliação da resolução do problema. Os processos supergeneralizadas no TMA (no início do experimen-
mnemônicos desempenham seu mais importante pa- to) e a geração de respostas efetivas no procedimento
pel nas primeiras etapas do ciclo, referentes à defini- de resolução de problemas. Por outro lado, especial-
ção do problema e formulação de estratégias (Evans et mente para o grupo de depressivos, foi encontrada
al., 1992). Desta forma, se os mecanismos de codificação uma significativa associação entre a recuperação de
e recuperação de memória envolvidos nessas etapas memórias genéricas durante a geração de soluções e
iniciais se mostrarem enviesados, é razoável supor que a inefetividade destas.
todo o restante do ciclo de resolução de problemas A ausência de associação significativa entre a re-
acaba comprometido. cuperação categórica no TMA e o mau desempenho
A hipótese de que uma tendência de processa- no SPMF sugere que a inabilidade em recuperar me-
mento mnemônico supergeneralizada dificulta uma mórias específicas, em si, não é a única responsável
resolução efetiva de problemas em pacientes depres- pelos déficits de resolução de problemas. Se este fos-
sivos foi avaliada por Goddard et al. (1996). Em seu se o caso, aqueles que geraram memórias autobiográ-
estudo, participantes com diagnóstico de transtorno ficas supergeneralizadas por ocasião do TMA neces-
depressivo maior e participantes-controle sem este sariamente deveriam apresentar pior performance no
diagnóstico realizaram o TMA e, posteriormente, fo- SPMF. A recuperação categórica, entretanto, parece
ram submetidos a um procedimento denominado “So- exercer sua influência através de outros mecanismos,
lução de Problemas Meios-Fim” (SPMF). pois o processo de resolução de problemas fica com-
No SPMF, foi apresentada uma situação-proble- prometido somente quando o estilo de recuperação
ma que possuía um estado inicial e um estado final supergeneralizado faz-se presente no momento da
desejado. A tarefa do participante consistia em des- definição do problema e busca de soluções.
crever os meios pelos quais ele seguiria para chegar Tomados em conjunto, os resultados de Goddard
ao estado final desejado. Um exemplo desse tipo de et al. (1996) indicam que os processos mnemônicos

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estão envolvidos direta e indiretamente com a capa- óbvias, a ideação suicida, quando detectada, requer ava-
cidade para resolver problemas. Diretamente, foram liação e intervenção imediata. Para que esta seja a mais
evidenciadas relações significativas entre a habilida- precisa e eficaz possível, o terapeuta deve conhecer os
de em gerar recordações específicas no TMA e o de- complexos mecanismos envolvidos nas intenções em pôr
sempenho no SPMF. Teoricamente, esse resultado su- fim à própria vida. Dentre os diversos fatores associa-
gere que a disponibilidade de um “banco de dados” dos ao suicídio, as memórias autobiográficas superge-
com informações precisas e detalhadas constitui-se um neralizadas têm sido consideradas como exercendo pa-
importante componente para a produção de soluções pel relevante (Williams e Wells, 1992,1994).
efetivas aos problemas apresentados. O estudo clássico de Williams e Broadbent (1986)
Um efeito indireto dos processos mnemônicos so- sobre as memórias autobiográficas supergeneraliza-
bre a resolução também foi verificado, pois não foi das, que impulsionou grande parte dos estudos sub-
detectada uma associação relevante entre um padrão seqüentes na área, investigou justamente o processo
de recuperação supergeneralizado em si (mensurado de recuperação categórica em pacientes suicidas. Em
através do TMA) e a inefetividade das soluções apre- seus experimentos, participantes com história de ten-
sentadas. Conforme sugerido pelas autoras, um estilo tativa de suicídio e participantes-controle foram sub-
de recuperação categórico durante o processo de re- metidos ao TMA e a outros testes para mensuração de
solução de problemas pode favorecer o estabelecimen- sintomas depressivos e desesperança. Conforme o es-
to de um padrão ruminativo, que maximiza a preocu- perado, aqueles pacientes que haviam tido tentativas
pação com fracassos passados e reduz os recursos de suicídio prévias apresentaram maiores níveis de
cognitivos necessários para o engajamento em um pen- desesperança e maiores índices de recuperação cate-
samento mais produtivo. górica de memórias autobiográficas. Um entendimento
A ruminação pode ser entendida como pensamen- mais aprofundado acerca da relação entre uma ten-
tos e comportamentos que tornam a atenção da pes- dência de processamento mnemônico supergenerali-
soa focada em seus próprios sintomas depressivos, bem zado e suicídio foi se constituindo nos anos seguintes,
como nas conseqüências indesejáveis destes (Nolen- de modo que procuraremos abordar alguns dos me-
Hoeksema, 1991). Em decorrência desse estilo de pen- canismos sugeridos como mediadores dessa relação.
samento analítico (i. é., que faz julgamentos) e Já foi colocado anteriormente que é com base
autocentrado, com foco incidindo fundamentalmente no passado que fazemos nossas interpretações e
sobre emoções negativas, diminui a propensão da pes- inferências acerca do futuro, bem como que a visão
soa em engajar-se em pensamentos e comportamentos negativa de futuro (desesperança) está intimamente
mais adaptativos que possam efetivamente auxiliar no relacionada com a ideação e comportamento suicida.
enfrentamento dos incapacitantes sintomas depressi- Se a recuperação de nosso passado for específica, po-
vos (Lyubomirsky e Nolen-Hoeksema, 1995). deremos imaginar um futuro também em termos es-
Em termos de implicações para a terapia pecíficos. Considere o caso de uma pessoa que está
cognitiva da depressão, reforça-se a necessidade de saindo do colégio para ingressar na faculdade. Ela pode
ser considerada a inespecificidade da memória auto- ter muitas lembranças de maus desempenhos ante-
biográfica de pacientes depressivos ao trabalhar-se riores, tais como: “naquela prova trimestral de mate-
com técnicas de resolução de problemas (Pollock e mática no final do segundo ano tive uma péssima nota,
Williams, 2001). Estratégias objetivas para lidar com mas lembro que o rompimento de um namoro na épo-
uma tendência de processamento mnemônico super- ca me dificultou bastante o engajamento nos estudos.
generalizado serão abordadas na sessão final, ao dis- Depois disso, consegui fazer a prova de recuperação e
cutirmos a utilização dos conhecimentos advindos de passei de ano, com direito a festa de comemoração
pesquisas experimentais sobre o funcionamento mne- com meus colegas”. Nesta descrição, evidencia-se bas-
mônico depressivo no âmbito da psicoterapia. tante especificidade da recordação, o que possivel-
mente contribuiria para que os tempos vindouros de
faculdade fossem concebidos em termos de potenciais

Memória e suicídio dificuldades, as quais, contudo, não são insuperáveis


e podem oferecer saborosas recompensas.
O risco de suicídio iminente é sem dúvida uma das Suponha, por outro lado, que a pessoa que está
situações mais delicadas com que o psicoterapeuta para entrar no ensino superior recupere seu passado
pode se deparar em sua prática clínica. Por razões da seguinte forma: “sempre fui um fracasso e os estu-

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dos só me trouxeram desgosto”. Neste caso, princi- consistentes de que ela é sujeita a modificações, pelo
palmente se o indivíduo estiver com um humor sig- menos em curto prazo (Watkins et al., 2000; Watkins
nificativamente deprimido, suas inferências e inter- e Teasdale, 2001; Williams et al., 2000). Os indícios
pretações sobre o próprio futuro possuem grandes empíricos quanto à possibilidade de haver mudanças
chances de serem catastróficas, caracterizadas por no padrão de processamento mnemônico supergene-
uma inespecificidade e nebulosidade negativamente ralizado são de suma importância, uma vez que ofe-
carregada. Na perspectiva do paciente, o suicídio recem bases sólidas que justificam o engajamento dos
pode ser a única forma de escape do futuro tão psicoterapeutas em técnicas para trabalhar esse me-
desesperador que o espera. canismo cognitivo perpetuador da depressão com seus
As memórias autobiográficas supergeneralizadas pacientes.
também contribuem através de outros mecanismos Uma das premissas básicas da terapia cognitiva
para o surgimento da ideação e atitudes suicidas. Ba- é a de que os indivíduos não sofrem pelos eventos em
sicamente, os déficits reais e percebidos quanto à ca- si, mas sim pela interpretação que fazem desses even-
pacidade de resolução de problemas, associados à tos. Dessa forma, um objetivo básico da terapia
ruminação, acabam por gerar uma perspectiva de cognitiva é o de auxiliar os pacientes a buscarem in-
impossibilidade de mudança (Pollock e Williams, terpretações alternativas para as situações que
1998). Quando o indivíduo falha em acessar memórias vivenciam. Para que interpretações alternativas pos-
específicas, ficam aumentadas as chances de se esta- sam ser satisfatoriamente consideradas, é preciso que
belecerem processos ruminativos (por exemplo, ficar se tenha acesso a especificidades das situações em
repetindo para si mesmo a mesma idéia geral “estou questão. Caso os eventos sejam recuperados de forma
mal, estou mal, estou mal...”) (Jones, 1999), e dimi- demasiadamente genérica, fica dificultada a busca por
nuídos os recursos disponíveis para lançar mão de diferentes interpretações para eles (Williams, 1996).
soluções efetivas para as dificuldades (Pollock e No intuito de recrudescer as habilidades dos
Williams, 2001). A partir disto, o depressivo enxerga pacientes em codificar e recuperar os eventos de ma-
sua degradante condição como intransponível e imu- neira mais específica, uma poderosa ferramenta a ser
tável, a menos, é claro, que ele decrete o final do so- posta em prática pelos terapeutas envolve o emprego
frimento através do fim da própria vida. de diários. A partir do uso de diários, os pacientes são
estimulados a atentarem para uma quantidade maior
de detalhes das situações, favorecendo para que estas

Implicações para terapia cognitiva sejam posteriormente avaliadas de maneira mais ra-
cional. Ao lançar mão da utilização de diários, os
Até o presente momento, focalizamos nossa discus- terapeutas devem ser cuidadosos ao instruírem seus
são nas implicações que uma tendência de processa- pacientes a serem os mais específicos que puderem,
mento mnemônico supergeneralizado possui na gê- pois, caso não façam esta recomendação, corre-se o
nese e manutenção dos estados depressivos. Em li- risco de o diário tornar-se um caderno de anotações
nhas gerais, apontamos que as memórias autobiográ- vagas, baseadas em memórias inespecíficas, as quais
ficas prejudicam a capacidade do indivíduo para ima- possuem pouco valor terapêutico (Williams, 1992).
ginar seu futuro, provocam déficits nas habilidades Os terapeutas também devem atentar para não
de resolução de problemas e favorecem a perpetua- considerar de imediato a não-conclusão dos registros
ção de processos ruminativos, sendo, portanto, um diários como uma forma de resistência ou de boicote
importante componente na ideação e comportamen- ao tratamento. Tendo em vista a quase incapacidade
to suicida. A partir de agora, abordaremos estratégias de indivíduos depressivos de acessar memórias auto-
de intervenção psicoterápica que visam a contornar biográficas específicas, não é de se estranhar que en-
as tendenciosidades negativas da memória de depres- xerguem a utilização do diário como uma tarefa com
sivos. Essas intervenções, vale ressaltar, tiveram seu alto nível de dificuldade. Não conseguir fazer um re-
desenvolvimento e aperfeiçoamento a partir dos co- gistro ao final do dia pode inclusive ser interpretado
nhecimentos advindos de pesquisas experimentais. pelo paciente como mais um indicativo de sua ampla
Embora a propensão para recuperar memórias incompetência. Nesse sentido, os psicoterapeutas po-
autobiográficas de maneira supergeneralizada seja dem contornar esse empecilho ao sugerir a realização
considerada como uma característica estável dos de- das anotações em espaços de tempo menores, como
pressivos (Brittlebank et al., 1993), existem evidências turnos ou até mesmo ao final de cada hora.

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O encorajamento à codificação e recuperação levantes suficientes que possam efetivamente auxiliar


de maior quantidade de detalhes pode ser feito atra- na resolução do problema em questão. Assim, indaga-
vés de estratégias de anamnese. Na “terapia ções tais como “quais eram as circunstâncias em que
anamnésica” (Williams, 1992), o terapeuta guia uma aquela situação ocorreu?”, “quem estava envolvido?” e
recuperação deliberada de eventos passados “que tempos eram aqueles, e em que eles divergiam
vivenciados por seus pacientes. A partir de pistas dos de hoje?” podem ajudar para que importantes ele-
como atividades, pessoas, lugares etc., o paciente é mentos sejam acessados e utilizados na situação pro-
estimulado a examinar sua memória com maior ve- blemática atual. Além disso, esse processo de busca
emência, procurando por especificidades das cir- incita o paciente a colocar-se em uma postura ativa no
cunstâncias. Essa busca por detalhes, vale ressaltar, tratamento, pois que, com o treino, vai adquirindo ha-
deve ser realizada tanto para eventos positivos quan- bilidades de acessar um “banco de dados” relevante
to negativos. No concernente aos positivos, uma re- por conta própria, passando para uma resolução de
cuperação detalhada pode auxiliar na melhoria do seus problemas cada vez com maior autonomia
estado de humor, ao mesmo tempo em que propicia (D’Zurilla, 1988).
o acesso a um “banco de dados” mais rico para uti- A questão do suicídio também pode ser aborda-
lização na resolução de problemas. No que tange da a partir de intervenções que levam em conta a
aos eventos negativos, a busca por especificidades tendência de processamento mnemônico supergene-
ajuda a evitar que o paciente faça generalizações ralizado. Uma das estratégias utilizadas com pacien-
depreciativas, dificultando o processo comum de tes suicidas consiste na análise de razões para mor-
auto-imposição de rótulos abrangentes, tais como rer versus razões para viver. Quando da utilização
“sou um fracasso” ou “sou indesejável”. desta estratégia, os pacientes usualmente encontram
As estratégias de resolução de problemas – am- maior facilidade no relato das razões pelas quais
plamente utilizadas na terapia cognitiva da depres- desejariam a própria morte. O outro lado, das razões
são – devem levar em consideração a questão da su- para viver, é dificilmente bem desenvolvido pelos
pergeneralização (Pollock e Williams, 2001). No mo- pacientes em função, entre outras coisas, de sua ha-
mento em que se define um problema a ser enfren- bilidade para imaginar o futuro estar prejudicada.
tado, uma meta é estabelecida. Para que esta possa Os terapeutas podem maximizar a eficácia da
ser alcançada, em primeiro lugar, é crucial que a estratégia de análise de razões de morrer versus ra-
meta seja conceitualizada em termos mais precisos zões para viver através de técnicas de imaginação
possíveis. Quando um objetivo é posto de maneira do futuro. Nestas técnicas, os pacientes são convi-
vaga (por exemplo “ser feliz”, “sair dessa”) – que é dados a visualizar, da forma mais detalhada possí-
a tendência natural dos depressivos em função de vel, como seria seu futuro daqui a cinco minutos,
seu padrão de processamento mnemônico superge- cinco horas, cinco dias, cinco semanas, cinco me-
neralizado – os passos para alcançá-lo não podem ses, e assim por diante. Conforme ressaltado por
ser definidos com clareza, impedindo sua consecu- Williams e Wells (1992/1994), o interesse maior não
ção. Nesse sentido, os psicoterapeutas devem estar reside em uma busca de concretização do futuro
atentos para, num primeiro momento do trabalho imaginado, mas sim em dar uma perspectiva de con-
de resolução de problemas, dedicarem o tempo que tinuidade ao paciente. Com isso, há uma redução
for necessário para definirem o problema com a da desesperança e, assim, uma redução da probabi-
maior exatidão possível (Wainer et al., 2003). lidade de ocorrência de um ato suicida.
Quando o trabalho de resolução de problemas já Por fim, ressalta-se a necessidade de os clíni-
estiver na etapa de construção de uma estratégia, os cos considerarem a questão do funcionamento mne-
pacientes igualmente devem ser instigados a serem mônico dos depressivos em suas intervenções, prin-
específicos. Para tanto, o terapeuta pode estimular o cipalmente no que concerne à qualidade das me-
paciente a buscar situações análogas em seu passado, mórias recuperadas dentro e fora do setting tera-
procurando pela maior quantidade possível de infor- pêutico. Em especial, devem atentar não só para o
mações que possam oferecer suporte para a formula- que é lembrado, dando maior ênfase para como é
ção de estratégias de resolução. Novamente, cabe ao lembrado (Williams, 1996).
terapeuta guiar esse processo de procura, pois, se de-
pender única e exclusivamente da memória do pacien-
te depressivo, não serão recuperadas informações re-

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