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1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Colocar foto
Elementos constituintes
Concreto armado
Aço
Calda de injeção
Tirantes
Anexar foto
Cortina
Perfuração
De acordo com Dutra (2013), os tirantes podem ser posicionados aos furos
antes ou após a injeção da calda de cimento. Em ambos os casos, o correto
posicionamento é fundamental para garantir o funcionamento pleno da estrutura.
Caso a introdução dos tirantes seja feita após o preenchimento dos furos, esta deve
ser realizada imediatamente após a inserção da calda de injeção. Salienta-se que
para utilização dos tirantes, os mesmos devem passar por ensaios preconizados
pela ABNT NBR 5629:2006.
A ABNT NBR 5629:2006 elucida que a aplicação das cargas deve ser
realizada através do conjunto manômetro-macaco-bomba hidráulico e que as forças
de tração devem coincidir com a direção dos eixos dos tirantes.
A Figura 9 ilustra o processo executivo da técnica de cortina atirantada.
Porto (2017),
Dutra (2013),
ABNt NBR 5629:2006
REFERÊNCIAS
de tirantes
ancorados no terreno. Rio de Janeiro: ABNT, 2006. abr.
CINTRA, José Carlos A.; AOKI, Nelson. Fundações por estacas: Projeto
geotécnico. São Paulo: Oficina de textos, 2010.
MOLITERNO, A. Caderno de muros de arrimo. 2. ed. São Paulo, SP: Edgar Blucher,
1994.
SOLOTRAT. Manual de serviços geotécnicos Solotrat. 5. ed. São Paulo, SP, 2015. 26 p.
1 DIRETRIZES DA PESQUISA
QUESTÃO DE PESQUISA
OBJETIVOS DA PESQUISA
Objetivo principal
Objetivo secundário
2 PAREDES DE CONTENÇÃO
f) o tipo de escoramento;
i) o
tempo de construção (tanto de escavação, quanto de instalação
do escoramento);
l) disponibilidade financeira.
Tacitano (2006) explica que palavras como paramento, parede e cortina são
palavras análogas, e se referem à parte da estrutura de contenção que está em
contato direto com o solo a ser contido. Essas partes da estrutura de contenção são
geralmente verticais, sendo compostas, usualmente, de madeira, aço ou concreto
ou, inclusive, combinações dos três materiais. Tais paredes podem ser contínuas ou
descontínuas, de modo que são as condições de campo e o julgamento do projetista
Cortinas Atirantadas: estudo de patologias e suas causas
17
que influenciarão na escolha.
CORTINA DE CONCRETO ARMADO ATIRANTADA
Tirantes
Onde:
σadm é igual à tensão admissível, em MPa;
fyk é a resistência característica do aço à tração, em MPa.
Onde:
σadm é igual à tensão admissível, em MPa;
fyké a resistência característica do aço à tração, em MPa.
T = σ’z*U*Lb*kf (fórmula 3)
Onde:
T é igual à força resistente à tração da ancoragem, em kN;
σ’z é a tensão efetiva no ponto médio da ancoragem, em
kN/cm²; U é o perímetro médio da seção transversal da
ancoragem, em cm; Lb é o comprimento ancorado, cm;
kf é igual ao coeficiente de ancoragem indicado na tabela 1.
Compacidade
Solo Muito
Fofa Compact
compact
a
a
Silte 0,1 0,4 1,0
Areia fina 0,2 0,6 1,5
Areia
média 0,5 1,2 2,0
Areia
grossa 1,0 2,0 3,0
T = α*U*Lb*Su (fórmula 4)
Onde:
T é igual à força resistente à tração da ancoragem, em kN;
α é igual ao coeficiente redutor ao cisalhamento (para Su ≤ 40 kPa, α = 0,75 e para
Su ≥ 100 kPa, α = 0,35. Entre os dois valores, interpolar linearmente);
U é o perímetro médio da seção transversal da ancoragem,
em cm; Lb é o comprimento ancorado,em cm;
Su é igual à resistência ao cisalhamento não drenado do solo argiloso, em kN/cm².
O mesmo texto afirma que o trecho de ancoragem do tirante não pode ser
executado nas seguintes situações:
c) aterros sanitários.
Onde:
N é igual ao número médio de golpes obtidos no ensaio SPT (SCHNAID;
ODEBRECHT, 2012).
Ranzini e Negro Junior (1998) descrevem essa estrutura como contenções que, por
estarem ancoradas a estruturas mais rígidas, apresentam menor deslocabilidade, o
que pode acarretar em comportamento elastoplástico do maciço contido. Dessa
maneira, a rigidez relativa é um conceito de extrema importância, visto que influencia
na distribuição e na intensidade dos empuxos na estrutura supracitada.
Cortinas de concreto armado podem ser diferenciadas quanto à rigidez, uma vez que
há a subdivisão dessa estrutura em cortinas Rígidas e em cortinas Flexíveis. Ranzini
e Negro Junior (1998) relatam que uma cortina ou parede é flexível quando seus
Cortinas Atirantadas: estudo de patologias e suas causas
25
deslocamentos,
De acordo com Tacitano (2006), para alturas entre dois níveis de escoramento,
classificam-se como paredes de contenção rígidas aquelas constituídas por
paredes-diafragma, paredes de estacas justapostas, etc. Diferentemente, paredes
de contenção constituídas por perfis metálicos com pranchões de madeira ou de
concreto e por estacas-prancha são consideradas como paredes flexíveis, haja vista
que é menor o produto de rigidez (EI), ocasionando, dessa maneira, maiores
deslocamentos horizontais se empregadas nas mesmas condições.
Segundo Ranzini e Negro Junior (1998), a principal dificuldade comum aos vários
tipos de escoramento é a impossibilidade de se obter ficha (parte da estrutura
embutida no solo) suficiente, ocasionando a necessidade de mais estroncas
provisórias para conter os empuxos
atuantes. Outra dificuldade é a fuga de solos finos abaixo do nível do lençol freático,
que ocorre devido à falta de estanqueidade. Tal problema pode ser resolvido se for
executado o rebaixamento do lençol freático, em que um sistema de filtros impede o
transporte das partículas sólidas. Uma vez que o carreamento de partículas sólidas
não é impedido, podem ocorrer vazios, que geram o perigo de colapso da estrutura
ou grandes recalques não previstos no projeto.
Preparo e montagem
Dado atenção aos itens acima, é indicada a proteção anticorrosiva do aço, conforme
a NBR 5629 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006). Essa
norma explica
que o grau de agressividade do meio em que é instalado o tirante irá orientar a
escolha do tipo de cimento adequado para a injeção e a classe de proteção
anticorrosiva a ser empregada, objetivando-se atender a vida útil de projeto. Tal
agressividade do meio é apresentada conforme a tabela 2.
Yassuda e Dias (1998) afirmam que as peças podem ser montadas em oficina ou
em canteiro de obras. Devem ser tomadas as providências necessárias para que
não seja danificada a proteção anticorrosiva durante o transporte e a instalação dos
tirantes.
Após serem executados os serviços iniciais citados acima, deve-se executar o furo
no qual este será instalado, conforme se apresenta em 3.3.2.
Nota: álem do que prescreve a norma, é recomendado o uso de um dispositivo que assegure a
continuidade da proteção na transição do trecho livre para a cabeça do tirante. Este dispositivo
pode ser um tubo de PVC, engastado na estrutura de concreto, com comprimento sobressaindo
do concreto e penetrando no terreno, em cerca de 40 cm, à semelhança da recomendação da
norma francesa TA 77 (TA. 1977)
Perfuração
Instalação do tirante
Injeção
A injeção da peça pode ser feita com a utilização de calda de cimento ou outro
aglutinante, conforme especificado em projeto. Essa fase pode ser realizada em um
único estágio ou em múltiplos, sendo o projetista o responsável por tal escolha, uma
vez que a tomada de decisão será feita segundo critérios de campo. A escolha não
deve afetar a capacidade de carga do elemento e deve ser garantido o total
preenchimento do furo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2006).
Protensão
máxima a ser utilizada em qualquer tipo de ensaio não pode atingir 90% da carga
teórica de escoamento do material. Com o objetivo de se calcular a carga máxima,
deve ser considerada a menor seção da peça, que sofrerá os esforços de tração. No
caso de tirantes com barras rosqueadas, essa localização é na rosca (YASSUDA;
DIAS, 1998).
O mesmo texto enfatiza que os ensaios podem ser executados reagindo contra a
estrutura, ou contra o solo. Os procedimentos só podem ser executados após um
tempo mínimo de cura, que varia conforme o cimento utilizado, sendo, para cimento
Portland comum, sete dias e, para cimento da alta resistência inicial, três dias. As
cargas devem ser aplicadas através do conjunto macaco hidráulico-bomba-
manômetro. Inicialmente a força de tração aplicada deve ser obtida através da
fórmula 4.
Fo =0,1*fyk*S (fórmula 4)
Onde:
Fo = força inicial de tração, em kN;
fyk = resistência característica à tração do tirante, em
kN/cm²; S = área da menor seção transversal do tirante,
em cm².
Ensaio básico
Ensaio de qualificação
a) o ensaio começa com a carga inicial (Fo) e segue pelos estágios 0,4 F t;
0,75 Ft; 1,0 Ft; 1,25 Ft; 1,5 Ft e 1,75 Ft. Para tirantes provisórios a carga
máxima de ensaio é 1,5 F t, enquanto que para tirantes permanentes, é
1,75 Ft;
b) após cada estágio, a partir de 1,75 Ft, deve ser procedido o alívio até Fo;
c) a carga máxima do ensaio deve ser correspondente à carga de trabalho
(Ft), multiplicada pelo fator de segurança adotado, jamais ultrapassando
a 0,9*fyk*S.
Ensaio de recebimento
Ensaio de fluência
Yassuda e Dias (1998, p. 635) dizem que “O ensaio de fluência é executado para
ancoragens permanentes, com o objetivo de se avaliar o desempenho das mesmas
sob cargas de longa duração.”.
Estágio Critério
Fo início do ensaio: Fo ~0,1*fyk*S ou 0,1*fyk*S
0,75*Ft 10, 20, 30, 40, 50 e 60 minutos.
1,00*Ft A partir de 60 min., os deslocamentos
1,25*Ft medidos nos últimos 30 min. Devem ser
1,50*Ft inferiores a 5
% do deslocamento total do ensaio. Caso
1,75*Ft contrário, prosseguir com medições de
mais 30
min.
Nesse ínterim, serão abordadas considerações gerais sobre o tema proposto, bem
como a diferenciação dos tipos de patologias nas etapas de um projeto. Finalmente,
serão abordadas as causas e os modos de deterioração das estruturas.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Cortinas
a) não-ancoradas;
b) ancoradas;
c) estroncadas.
Elas ainda podem ser classificadas como rígidas ou flexíveis. Conforme Ranzini e
Negro Junior (1998, p. 509):
4 CORTINAS ATIRANTADAS
TIRANTES
Segundo More (2003) em uma cortina atirantada, os tirantes devem equilibrar as forças
horizontais geradas pela pressão do contato entre solo e estrutura.
a) cabeça;
b) trecho ancorado;
c) trecho livre.
Cabeça
Segundo More (2003, p. 21), “A placa de apoio tem como função à distribuição da
carga do tirante [...] e é normalmente formado por chapas metálicas (uma ou mais)
de tamanho conveniente para transmissão de tensões de compressão aceitáveis
sobre a estrutura de contenção.”.
Trecho ancorado
Trecho livre
Tipos de tirantes
a) vida útil;
b) forma de trabalho;
c) constituição;
d) injeção.
Vida útil
Dividem-se em provisórios, quando a obra tem duração menor que dois anos e
permanentes, duração superior a dois anos. O conhecimento do tipo de tirante
conforme a vida útil é importante pois muda algumas características, como
coeficiente de segurança, proteção anticorrosiva e precauções construtivas
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006; MORE, 2003;
YASSUDA; DIAS, 1998).
Forma de
trabalho
Segundo
More (2003,
p. 28):
Constituição
Injeção
No processo de injeção por estágio único, inicia-se lavando o furo com água para
Cortinas atirantadas: o caso da obra de um subsolo em Florianópolis
57
remover os detritos. Após é preenchido o furo com a calda de cimento e
posteriormente, instala-se o tirante no furo (YASSUDA; DIAS, 1998).
Segundo Matos (1990), o ideal seria que os tirantes fossem instalados na horizontal.
Porém problemas com a introdução da calda de cimento e a execução dos furos
tornam problemática a instalação de tirantes com inclinação menor que 10° com a
horizontal. Existem casos, devido a presença de obras vizinhas (fundações, dutos
enterrados) ou devido ao fato da camada de solo resistente estar muito abaixo da
cabeça do tirante, que a inclinação do tirante é 30°.
Segundo Silva (2014, p. 27), “A fim de que a cortina trabalhe como elemento único,
após a concretagem de cada módulo horizontal da cortina, devem ser deixadas
esperas de armadura para serem vinculadas ao módulo seguinte.”.
armado. Hanna18 (1982, apud SILVA, 2014, p. 41) indica que essas falhas podem
ocorrer:
a) na aderência argamassa-tirante;
b) na aderência solo-argamassa;
SEQUÊNCIA EXECUTIVA
Avaliador:
Porto Alegre
dezembro
2015
Mateus Picoli Bernardi. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2015
KAUÊ PEREIRA GUIMARÃES
Porto Alegre
dezembro
2015
Prof. Lucas
Festugato Dr.
pela UFRGS
Orientador
BANCA EXAMINADORA
Agradeço ao Eng. Jarbas Milititsky, pelo empenho demonstrado para com a nova
geração de engenheiros geotécnicos, disponibilizando tempo e material bibliográfico.
Agradeço a instituição de ensino UFRGS, por fazer parte da minha vida acadêmica,
por contribuir para moldar o meu caráter, por disponibilizar ótimos professores, por
ter sido, muitas vezes, desafiado a ultrapassar os meus limites, conferindo dessa
forma, mais segurança e a certeza do sucesso.
Agradeço ao meu avô, Paulo da Silva Pereira, por ser um exemplo de vida, por me
apoiar nas grandes decisões da minha vida, por me aconselhar em momentos de
dificuldade e por contribuir com os valores necessários para o meu desenvolvimento
como cidadão.
Este trabalho versa sobre cortinas atirantadas e o estudo de patologias nas mesmas,
abordando as causas desses fenômenos. Primeiramente, é exposto o conceito de
parede de contenção, uma vez que a estrutura em estudo faz parte desse conjunto
estrutural. Posteriormente, é apresentada a estrutura em estudo segundo os
elementos constituintes e a tipologia de elementos de protensão utilizados. Com
objetivo de entender os problemas que afetam esse tipo de estrutura, a etapa
seguinte de estudo é o método executivo da cortina como um todo e a execução dos
tirantes, uma vez que é de conhecimento dos engenheiros que esses elementos
serão responsáveis por suportar grandes cargas. Dessa maneira, o método
executivo dos tirantes é uma etapa muito importante para a qualidade da estrutura e
irá ditar algumas das principais patologias futuras. Posteriormente, são abordados os
diferentes tipos de ensaios que objetivam conferir qualidade a essas peças. Uma vez
que o trabalho disserta sobre patologias, é estudado o modo de degradação de
estruturas construídas em concreto armando, abordando as causas de tais
fenômenos patológicos e os processos de degradação das mesmas. Finalmente,
são averiguados os tipos de patologias encontradas na estrutura de estudo segundo
a análise de relatórios cedidos por uma empresa atuante no ramo da engenharia
geotécnica com larga experiência no assunto pesquisado.
(MPa)
(kN)
Lb-comprimento ancorado
(cm)
(cm) Lle-comprimentolivreefetivo
(cm)
(cm²) Su-resistênciaaocisalhamentonão
da ancoragem (kN)
3 INTRODUÇÃO
O Brasil foi palco de grandes catástrofes nos últimos anos devido à instabilidade de
encostas. Por ser um País em desenvolvimento e apresentar uma parcela
significativa da população com baixos recursos financeiros e carente de informação,
o crescimento desordenado atinge grande parte dos estados do País. Dessa forma,
configura-se o panorama atual, em que, infelizmente, grandes acidentes ocorrem
devido a ocupações irregulares em áreas de encostas, que aliadas à falta de
conhecimento e à necessidade de moradia, culminam em acidentes fatais com
frequência.
4 DIRETRIZES DA PESQUISA
QUESTÃO DE PESQUISA
OBJETIVOS DA PESQUISA
Objetivo principal
Objetivo secundário
PREMISSA
O trabalho tem por premissa que são recorrentes patologias em tais estruturas e
há pouco material na literatura nacional abordando tal tema, justificando o estudo
proposto.
DELIMITAÇÕES
LIMITAÇÕES
DELINEAMENTO
O trabalho será realizado através das etapas apresentadas a seguir, que estão
representadas na figura 1, e são descritas nos próximos parágrafos:
a) pesquisa bibliográfica;
b) conceituação de estruturas de contenção;
c) caracterização dos elementos que constituem a estrutura;
d) verificação de patologias de estruturas de concreto;
e) verificação de patologias em cortinas atirantadas;
f) conclusões.
Figura 2 - Cronograma
An 201
o 5
Descrição das etapas mai jun. jul. ago set out.
o . .
Pesquisa Bibliográfica x x x x X x
Estruturas de contenção/elementos x x
Verificação de patologias das estruturas de x x
concreto
Verificação de patologias de paredes de x x x x
contenção
Conclusões x
(fonte: elaborada pelo autor)
5 PAREDES DE CONTENÇÃO
r) o tipo de escoramento;
x) disponibilidade financeira.
Tacitano (2006) explica que palavras como paramento, parede e cortina são
palavras análogas, e se referem à parte da estrutura de contenção que está em
contato direto com o solo a ser contido. Essas partes da estrutura de contenção são
geralmente verticais, sendo compostas, usualmente, de madeira, aço ou concreto
Kauê Pereira Guimarães. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2015
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ou, inclusive, combinações dos três materiais. Tais paredes podem ser contínuas ou
descontínuas, de modo que são as condições de campo e o julgamento do projetista
que influenciarão na escolha.
Ranzini e Negro Junior (1998) dizem que escoramentos são estruturas, que têm o
objetivo de possibilitar a execução de outras obras. Destinam-se, geralmente, à
execução de obras enterradas ou ao assentamento de tubulações embutidas no
terreno. Tais estruturas são compostas, usualmente, dos seguintes elementos:
Tirantes
Onde:
σadm é igual à tensão admissível, em MPa;
fyk é a resistência característica do aço à tração, em MPa.
Onde:
σadm é igual à tensão admissível, em MPa;
fyké a resistência característica do aço à tração, em MPa.
T = σ’z*U*Lb*kf (fórmula 3)
Onde:
T é igual à força resistente à tração da ancoragem, em kN;
σ’z é a tensão efetiva no ponto médio da ancoragem, em
kN/cm²; U é o perímetro médio da seção transversal da
ancoragem, em cm; Lb é o comprimento ancorado, cm;
kf é igual ao coeficiente de ancoragem indicado na tabela 1.
Compacidade
Solo Muito
Fofa Compact
compact
a
a
Silte 0,1 0,4 1,0
Areia fina 0,2 0,6 1,5
Areia
média 0,5 1,2 2,0
Areia
grossa 1,0 2,0 3,0
T = α*U*Lb*Su (fórmula 4)
Onde:
T é igual à força resistente à tração da ancoragem, em kN;
α é igual ao coeficiente redutor ao cisalhamento (para Su ≤ 40 kPa, α = 0,75 e para
Su ≥ 100 kPa, α = 0,35. Entre os dois valores, interpolar linearmente);
U é o perímetro médio da seção transversal da ancoragem,
em cm; Lb é o comprimento ancorado,em cm;
Su é igual à resistência ao cisalhamento não drenado do solo argiloso, em kN/cm².
O mesmo texto afirma que o trecho de ancoragem do tirante não pode ser
executado nas seguintes situações:
f) aterros sanitários.
Onde:
N é igual ao número médio de golpes obtidos no ensaio SPT (SCHNAID;
ODEBRECHT, 2012).
Ranzini e Negro Junior (1998) descrevem essa estrutura como contenções que, por
estarem ancoradas a estruturas mais rígidas, apresentam menor deslocabilidade, o
que pode acarretar em comportamento elastoplástico do maciço contido. Dessa
maneira, a rigidez relativa é um conceito de extrema importância, visto que influencia
na distribuição e na intensidade dos empuxos na estrutura supracitada.
Cortinas de concreto armado podem ser diferenciadas quanto à rigidez, uma vez que
há a subdivisão dessa estrutura em cortinas Rígidas e em cortinas Flexíveis. Ranzini
e Negro Junior (1998) relatam que uma cortina ou parede é flexível quando seus
Cortinas Atirantadas: estudo de patologias e suas causas
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deslocamentos,
De acordo com Tacitano (2006), para alturas entre dois níveis de escoramento,
classificam-se como paredes de contenção rígidas aquelas constituídas por
paredes-diafragma, paredes de estacas justapostas, etc. Diferentemente, paredes
de contenção constituídas por perfis metálicos com pranchões de madeira ou de
concreto e por estacas-prancha são consideradas como paredes flexíveis, haja vista
que é menor o produto de rigidez (EI), ocasionando, dessa maneira, maiores
deslocamentos horizontais se empregadas nas mesmas condições.
Segundo Ranzini e Negro Junior (1998), a principal dificuldade comum aos vários
tipos de escoramento é a impossibilidade de se obter ficha (parte da estrutura
embutida no solo) suficiente, ocasionando a necessidade de mais estroncas
provisórias para conter os empuxos
atuantes. Outra dificuldade é a fuga de solos finos abaixo do nível do lençol freático,
que ocorre devido à falta de estanqueidade. Tal problema pode ser resolvido se for
executado o rebaixamento do lençol freático, em que um sistema de filtros impede o
transporte das partículas sólidas. Uma vez que o carreamento de partículas sólidas
não é impedido, podem ocorrer vazios, que geram o perigo de colapso da estrutura
ou grandes recalques não previstos no projeto.
Preparo e montagem
Dado atenção aos itens acima, é indicada a proteção anticorrosiva do aço, conforme
a NBR 5629 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006). Essa
norma explica
que o grau de agressividade do meio em que é instalado o tirante irá orientar a
escolha do tipo de cimento adequado para a injeção e a classe de proteção
anticorrosiva a ser empregada, objetivando-se atender a vida útil de projeto. Tal
agressividade do meio é apresentada conforme a tabela 2.
Yassuda e Dias (1998) afirmam que as peças podem ser montadas em oficina ou
em canteiro de obras. Devem ser tomadas as providências necessárias para que
não seja danificada a proteção anticorrosiva durante o transporte e a instalação dos
tirantes.
Após serem executados os serviços iniciais citados acima, deve-se executar o furo
no qual este será instalado, conforme se apresenta em 3.3.2.
Nota: álem do que prescreve a norma, é recomendado o uso de um dispositivo que assegure a
continuidade da proteção na transição do trecho livre para a cabeça do tirante. Este dispositivo
pode ser um tubo de PVC, engastado na estrutura de concreto, com comprimento sobressaindo
do concreto e penetrando no terreno, em cerca de 40 cm, à semelhança da recomendação da
norma francesa TA 77 (TA. 1977)
Perfuração
Instalação do tirante
Injeção
A injeção da peça pode ser feita com a utilização de calda de cimento ou outro
aglutinante, conforme especificado em projeto. Essa fase pode ser realizada em um
único estágio ou em múltiplos, sendo o projetista o responsável por tal escolha, uma
vez que a tomada de decisão será feita segundo critérios de campo. A escolha não
deve afetar a capacidade de carga do elemento e deve ser garantido o total
preenchimento do furo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2006).
Protensão
máxima a ser utilizada em qualquer tipo de ensaio não pode atingir 90% da carga
teórica de escoamento do material. Com o objetivo de se calcular a carga máxima,
deve ser considerada a menor seção da peça, que sofrerá os esforços de tração. No
caso de tirantes com barras rosqueadas, essa localização é na rosca (YASSUDA;
DIAS, 1998).
O mesmo texto enfatiza que os ensaios podem ser executados reagindo contra a
estrutura, ou contra o solo. Os procedimentos só podem ser executados após um
tempo mínimo de cura, que varia conforme o cimento utilizado, sendo, para cimento
Portland comum, sete dias e, para cimento da alta resistência inicial, três dias. As
cargas devem ser aplicadas através do conjunto macaco hidráulico-bomba-
manômetro. Inicialmente a força de tração aplicada deve ser obtida através da
fórmula 4.
Fo =0,1*fyk*S (fórmula 4)
Onde:
Fo = força inicial de tração, em kN;
fyk = resistência característica à tração do tirante, em
kN/cm²; S = área da menor seção transversal do tirante,
em cm².
Ensaio básico
Ensaio de qualificação
a) o ensaio começa com a carga inicial (Fo) e segue pelos estágios 0,4 F t;
0,75 Ft; 1,0 Ft; 1,25 Ft; 1,5 Ft e 1,75 Ft. Para tirantes provisórios a carga
máxima de ensaio é 1,5 F t, enquanto que para tirantes permanentes, é
1,75 Ft;
b) após cada estágio, a partir de 1,75 Ft, deve ser procedido o alívio até Fo;
c) a carga máxima do ensaio deve ser correspondente à carga de trabalho
(Ft), multiplicada pelo fator de segurança adotado, jamais ultrapassando
a 0,9*fyk*S.
Ensaio de recebimento
Ensaio de fluência
Yassuda e Dias (1998, p. 635) dizem que “O ensaio de fluência é executado para
ancoragens permanentes, com o objetivo de se avaliar o desempenho das mesmas
sob cargas de longa duração.”.
Estágio Critério
Fo início do ensaio: Fo ~0,1*fyk*S ou 0,1*fyk*S
0,75*Ft 10, 20, 30, 40, 50 e 60 minutos.
1,00*Ft A partir de 60 min., os deslocamentos
1,25*Ft medidos nos últimos 30 min. Devem ser
1,50*Ft inferiores a 5
% do deslocamento total do ensaio. Caso
1,75*Ft contrário, prosseguir com medições de
mais 30
min.
Nesse ínterim, serão abordadas considerações gerais sobre o tema proposto, bem
como a diferenciação dos tipos de patologias nas etapas de um projeto. Finalmente,
serão abordadas as causas e os modos de deterioração das estruturas.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Diferentemente das falhas anteriores, o concreto, por si só, possui falhas naturais
inerentes ao material de que é composto, à sua sensibilidade ao ambiente e aos
esforços a que o mesmo é solicitado. Dessa maneira, as patologias apresentadas
não resultam de falhas humanas, contudo podem ser mitigadas pelos os mesmos.
Souza e Ripper (1998) afirmam que as causas naturais de falhas desse material
são:
Onde:
Ca(OH)2 = hidróxido de
cálcio; CO2 = anidrido
carbônico; CaCO3 =
carbonato de cálcio; H2O =
monóxido de hidrogênio.
armadura
(fonte: SOUZA; RIPPER, 1998,
p. 62)
METODOLOGIA DE ANÁLISE
a) painéis (Pn);
b) juntas de dilatação (verticais) (Jn/n-1);
c) juntas de construção (horizontais) (Nn);
d) capacetes de proteção das cabeças dos tirantes.
Obs.:
Obs.:
Cabeça projetada
Cabeça contraída
Obs.:
ESTUDO DE PATOLOGIAS
a) nos painéis,
- fissuração;
- desagregação;
- segregação;
- corrosão;
- surgência d’água;
b) nas juntas horizontais construtivas,
- fissuras;
- desagregação;
- segregação;
- presença de liquens;
- surgência d’água;
Kauê Pereira Guimarães. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2015
c) nas juntas de dilatação,
- deslocamentos ou giros;
Patologias em tirantes
proteção
(fonte: empresa atuante no ramo de engenharia
geotécnica, 2011)
a) fissuração;
b) surgência d’água;
c) segregação;
d) desagregação;
e) liquens;
horizontais
(fonte: empresa atuante no ramo de engenharia
geotécnica, 2011)
A gravidade dos problemas nessas regiões, geralmente, não é crítica, visto que são
complicações que não comprometem a estabilidade da estrutura, apresentando a
possibilidade de reparos com maior facilidade se comparados com adversidades
localizadas nos tirantes. Uma vez que as placas são elementos de espessura
considerável e que é possível um maior controle de concretagem ao se utilizar
concretos com alto teor de cimento para a proteção das armaduras, as patologias
graves nessas regiões são decorrentes de erros de projeto no que refere ao
dimensionamento das armaduras, visto que tais elementos estão sob esforços de
empuxos de terra e água no tardoz e sofrem grandes esforços aplicados pelos
tirantes na face oposta. Desse modo, o dimensionamento das armaduras é o fator
que irá ditar o comportamento do painel, visto que o mesmo tende a contrapor
grandes deformações. Uma vez que as patologias presentes nessa região são as
mesmas citadas anteriormente, será mencionado apenas o tipo de patologia, sendo
o diferencial a localização das mesmas. As patologias presentes nessas peças são:
a) fissuração;
b) desagregação;
c) segregação;
d) corrosão;
e) surgência d’água.
Abaixo, segue o quadro 9 que abrange o resumo das principais patologias contendo
suas causas e conseqüências segundo sua localização na estrutura.
Patologias nesse tipo de estrutura são mais frequentes que o esperado. Ao analisar
o material fornecido pela empresa, é possível concluir que grande parte dos
problemas existentes na estrutura em estudo são decorrentes de erros na etapa de
execução, sejam eles provocados por carência de capacidade técnica da equipe
responsável pela realização da obra, sejam eles causados pelo pela deficiência ou
inexistência de controle de qualidade. Quando existe um correto controle de
qualidade não é possível tolerar erros graves na execução, uma vez que essa etapa
tem o dever de relacionar tais problemas e corrigi-los ou, no mínimo, mitigá-los.
Dessa maneira, o presente trabalho contribui com informações que visam a melhora
da qualidade desse tipo de estrutura, objetivando a obtenção de maior durabilidade
da mesma, justificando o meu estudo, uma vez que o assunto abordado é carente
de informação na literatura nacional.
YASSUDA, C. T.; DIAS, P. H. V. Tirantes. In: HACHICH, W.; FALCONI, F. F.; SAES,
J.
L.; FROTA, R. G. Q.; CARVALHO, C. S.; NIYAMA, S. (Ed.). Fundações: teoria
e prática. 2. ed. São Paulo: Pini, 1998. p. 603-640.
Avaliador:
Porto Alegre
dezembro
2015
Porto Alegre
dezembro
2015
Prof. Lucas
Festugato Dr. pelo
PPGEC/UFRGS
Orientador
BANCA EXAMINADORA
Agradeço aos meus pais, meus exemplos de vida, sem os quais nada seria possível,
pelo apoio, pela compreensão, pela educação e pelos valores transmitidos ao longo
dos anos. Vocês são a razão do meu esforço e da minha dedicação.
Agradeço a minha irmã Raquel, pelo apoio, por sempre estar presente e pela ajuda
nos momentos difíceis.
E por fim, agradeço a todos os meus amigos pelo companheirismo e pelos momentos
vividos.
Este trabalho versa sobre o cálculo de uma cortina atirantada. A cortina estudada
está localizada na Avenida Mauro Ramos, no centro do município de Florianópolis,
SC, Brasil. A partir da revisão da literatura que aborda as estruturas de contenção,
foram realizadas três simulações para esse caso, utilizando apenas estruturas
delgadas, afim se obter uma otimização do espaço do terreno. Dentre as três
soluções adotada, uma foi a originalmente proposta e outras duas alternativas para o
caso em questão. A partir dos ensaios realizados no terreno, através de correlações,
obteve-se os parâmetros do solo, sendo assim possível caracterizar o solo e calcular
as estruturas. Para a realização desses cálculos, utilizou-se os princípios dos
cálculos de empuxo através da teoria de Rankine e softwares para as análises das
estabilidades e segurança das estruturas. Através dos cálculos e simulações
realizadas, foi verificado que o projeto proposto originalmente foi bem escolhido e
bem dimensionado para o problema em questão.
FS – Fator de segurança
corrigidos
(graus) Ka = coeficiente de
ativo (kPa)
Kp = coeficiente de empuxo
(kPa)
solo (kPa)
solo (kN)
q = sobrecarga (kPa)
1 17
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................
.
2 DIRETRIZES DA 18
PESQUISA ..................................................................................
2.1 QUESTÃO DE 18
PESQUISA .......................................................................................
2.2 OBJETIVOS DA 18
PESQUISA ...................................................................................
2.2.1 Objetivo 18
principal .................................................................................................
2.2.2 Objetivo 18
secundário ..............................................................................................
2.3 18
PRESSUPOSTO .......................................................................................................
..
2.4 19
DELIMITAÇÃO ........................................................................................................
2.5 19
LIMITAÇÕES ............................................................................................................
2.6 19
DELINEAMENTO ....................................................................................................
3 ESTABILIDADE DE 21
TALUDES ..............................................................................
3.1 FATORES CONDICIONANTES E 21
CAUSAS ..........................................................
3.2 PROCESSOS DE 22
INSTABILIZAÇÕES ...................................................................
3.3 MOVIMENTOS DE 22
MASSAS .................................................................................
3.3.1 Quanto à forma ou tipo de 23
movimento ................................................................
3.3.1.1 23
Rastejos ................................................................................................................
3.3.1.2 24
Escorregamentos ..................................................................................................
3.3.1.3 26
Quedas ..................................................................................................................
3.3.1.4 26
Corridas ................................................................................................................
3.3.2 Quanto ao amolgamento do 27
solo ..........................................................................
3.3.3 Quanto às condições de 27
drenagem .......................................................................
3.4 SUPERFÍCIES DE 28
RUPTURA .................................................................................
Cortinas Atirantadas: estudo de patologias e suas causas
3.5 MÉTODOS DE ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES .......................... 29
SUMÁRIO
3.5.1 Método de Morgenstern 29
Price ..............................................................................
3.5.2 Método de Bishop 30
Simplificado ...........................................................................
3.6 OBRAS DE 32
ESTABILIZAÇÃO ................................................................................
4 ESTRUTURAS DE 34
CONTENÇÃO ..........................................................................
4.1 34
HISTÓRICO ..............................................................................................................
.
4.2 CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DA ESTRUTURA A SER UTILIZADA .......... 35
4.3 TIPOS DE ESTRUTURAS DE 35
CONTENÇÃO ........................................................
4.3.1 35
Muros ......................................................................................................................
4.3.1.1 Muros de 36
gravidade ..............................................................................................
4.3.1.2 Muros 36
atirantados .................................................................................................
1 INTRODUÇÃO
Graças a esse avanço, cortinas atirantadas é uma técnica muito usual no Brasil.
2 DIRETRIZES DA PESQUISA
QUESTÃO DE PESQUISA
A questão de pesquisa do trabalho foi: o projeto inicial da cortina atirantada foi bem
dimensionado para absorver os empuxos gerados a partir da escavação do terreno?
OBJETIVOS DA PESQUISA
Objetivo principal
Objetivo secundário
PRESSUPOSTO
DELIMITAÇÃO
LIMITAÇÕES
DELINEAMENTO
O trabalho foi realizado através das etapas apresentadas a seguir, que estão
representadas na figura 1, e são descritas nos próximos parágrafos:
a) pesquisa bibliográfica;
b) determinação dos parâmetros geotécnicos do local da obra;
c) determinação dos empuxos atuantes na estrutura;
d) apresentação dos cálculos do projeto somente da cortina, com as
dimensões originais, sem o uso de tirantes;
Por fim, foram feitas as considerações finais com base nos resultados dos cálculos já
citados.
3 ESTABILIDADE DE TALUDES
Augusto Filho e Virgili (1998, p. 243) definem taludes como “[...] superfícies
inclinadas de maciços terrosos, rochosos ou mistos (solo e rocha), originados de
processos geológicos e geomorfológicos diversos.”. Ainda segundo os mesmos
autores, devido a ação do homem, podem sofrer alterações, tais como: cortes,
desmatamentos, introdução de cargas, etc. Caputo (1987) complementa que eles
podem ser naturais (encostas) ou artificiais (taludes de corte e aterro).
Atualmente, segundo Augusto Filho e Virgili (1998), três grandes áreas de aplicação
estão relacionadas ao estudo e controle da estabilidade de taludes:
Segundo Terzaghi3 (1952 apud FIAMONCINI, 2009, p. 23), as causas são divididas
em:
PROCESSOS DE INSTABILIZAÇÕES
Segundo Augusto Filho e Virgili (1998), existem alguns fatores que podem
instabilizar um talude, tais como:
a) movimentos de massa;
b) erosão;
c) desagregação superficial;
d) alivio de tensões;
e) etc.
MOVIMENTOS DE MASSAS
Mateus Picoli Bernardi. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2015
26
a) rastejos;
b) escorregamentos;
c) quedas;
d) corridas.
Rastejos
Escorregamentos
Segundo Infanti Junior e Fornasari Filho (1998), Caputo (1987) e Guidicini e Nieble
(1984), escorregamentos são deslocamentos rápidos, de duração relativamente
curta, de uma massa de solo ou rocha que, rompendo-se do maciço, desloca-se
para baixo e para fora do talude, ao longo de uma ‘superfície de deslizamento’. Com
relação a superfície de deslizamento, pode ser considerada:
Quedas
Corridas
Guidicini e Nieble (1984, p. 21) definem corridas como “[...] formas rápidas de
escoamento, de caráter essencialmente hidrodinâmico, ocasionados pela perda de
atrito interno, em virtude da destruição da estrutura, em presença de excesso de
água.”.
SUPERFÍCIES DE RUPTURA
a) geometria do problema;
b) estratigrafia;
c) características dos matéria envolvidos.
10 HOEK, E.; BRAY, J. W. Rock Slope Engineering. 1.ed. Londres: IMM, 1974.
11 op. cit.
Price
(fonte: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA - RJ12)
12
Disponível em: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8888/8888_3.PDF;. Acesso em out. 2015.
12
Disponível em: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8888/8888_3.PDF;. Acesso em out. 2015.
(fórmula 1)
Onde:
(fórmula 2)
13
Disponível em: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8888/8888_3.PDF;. Acesso em out. 2015.
13
Disponível em: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8888/8888_3.PDF;. Acesso em out. 2015.
Onde:
= fator de
segurança; = peso
da fatia;
= ângulo formado entre a força peso e a força normal
da fatia; = coesão efetiva do solo;
= largura da fatia;
= poropressão media na base da
fatia; = ângulo de atrito efetivo do
solo.
OBRAS DE ESTABILIZAÇÃO
Segundo Augusto Filho e Virgili (1998, p. 264) “o geólogo de engenharia deve ter
conhecimento dos seu principais tipos [obras de estabilização], de sua forma de
atuação e das solicitações que impõem ao terreno, a fim de, conjuntamente com o
engenheiro geotécnico, escolher a melhor solução técnico-econômica [...].”. Ainda
segundo o autor supracitado, “o principal aspecto de um projeto de estabilização
moderno refere-se à escolha da solução mais adequada, dentro de uma relação de
custo/benefício otimizada.”.
Ainda segundo Augusto Filho e Virgili (1998, p. 264), as obras com estruturas de
contenção podem ser classificadas em:
4 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO
HISTÓRICO
Os registros indicam que, entre os anos de 3200 e 2800 a.C., na região sul da
Mesopotâmia (atualmente Iraque), foram construídas as primeiras estruturas de
contenção. Essas estruturas eram simplesmente muros com alvenaria de argila
contendo aterros (RANZINI; NEGRO JUNIOR, 1998).
Saes et al. (1998) indicam que a escolha da estrutura de contenção a ser utilizada
não depende apenas de fatores técnicos ou econômicos, mas também de fatores
externos, como por exemplo, no uso de tirantes, deve haver a aprovação dos
vizinhos para a execução dos mesmos. Devido a esse fator, em alguns casos a
solução mais adequada técnica e economicamente não pode ser adotada.
Ainda segundo Saes et al. (1998), o desempenho de cada opção depende de alguns
fatores, que acabam tornando a escolha da estrutura de contenção um processo
mais complexo:
a) características do solo;
b) condições do N.A.;
c) espaço do terreno para sua implantação;
d) condições das construções vizinhas.
a) muros;
b) escoramentos;
c) reforços de solo;
d) cortinas.
Muros
Ranzini e Negro Junior (1998, p. 503) define muros como “[...] estruturas corridas de
contenção constituídas de parede vertical ou quase vertical apoiada numa fundação
rasa ou profunda. Podem ser construídos em alvenaria (de tijolos ou pedras) ou em
concreto (simples ou armado) ou ainda, de elementos especiais.”. Divide- se em:
a) muros de gravidade;
b) muros atirantados;
c) muros de flexão;
d) muros mistos;
e) muros de contraforte;
f) muros de gabião;
g) crib wall.
Muros de gravidade
São estruturas corridas, com grande volume que usa seu peso próprio para se opor
aos empuxos horizontais. São usadas para conter desníveis médios ou pequenos,
inferiores a cinco metros de altura. São construídos quando se tem espaço no
terreno, pois a largura da base é aproximadamente 40% da sua altura e também
quando o terreno apresenta uma boa capacidade de carga, devido ao seu peso
(RANZINI; NEGRO JUNIOR, 1998).
Muros atirantados
Muros de flexão
Ranzini e Negro Junior (1998, p. 503) definem muros de flexão como “[...] estruturas
mais esbeltas, com seção transversal em forma de ‘L’ que resistem aos empuxos por
flexão, utilizando parte do peso próprio do maciço arrimado, que se apoia sobre a
base do ‘L’, para manter-se em equilíbrio.”. Como usualmente são construídas de
concreto armado, normalmente é usada até cinco metros de altura por fatores
econômicos. Assim como o muro de gravidade, a largura da base corresponde a
aproximadamente 40% de sua altura.
Mateus Picoli Bernardi. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2015
49
Muros mistos
Muros mistos são estruturas que funcionam pelo tanto pelo peso próprio quanto pela
flexão. A largura da base também corresponde a aproximadamente 40% da sua
altura (RANZINI; NEGRO JUNIOR, 1998).
Muros de contrafortes
São muros similares aos muros de flexão, porem possuem elementos verticais de
maior porte, denominados contrafortes. Esses contrafortes são espaçados ao longo
do muro para suportar os esforços de flexão causados pelo engastamento da
fundação. Seu equilíbrio externo é através do peso próprio do maciço arrimado que
se apoia sobre a fundação. A largura da fundação é, em média, 40% da altura a ser
arrimada (RANZINI; NEGRO JUNIOR, 1998).
Muros de gabião
Segundo Ranzini e Negro Junior (1998, p. 504) muros de gabião “[...] são muros de
gravidade construídos pela superposição de ‘gaiolões’ de malhas de arame
galvanizado cheios com pedras cujos diâmetros mínimos devem ser superiores à
abertura de malha das gaiolas.”. Ainda segundo os autores supracitados, suas
principais características são a permeabilidade e a flexibilidade, que faz com que o
muro de gabião se ajeite ao terreno conforme haja recalque diferencial.
Segundo Ranzini e Negro Junior (1998, p. 504), “[Muros de gabião] São construídos
posicionando-se os gabiões no local em que deverão ficar, enchendo-os com pedras
de mão para formar as sucessivas fiadas que formarão um arrimo de gravidade.”.
Crib wall
Ranzini e Negro Junior (1998) indicam que crib wall “[...] são estruturas formadas por
elementos pré-moldados de concreto armado ou de madeira ou aço, que são
montados no local, em forma de ‘fogueiras’ justapostas e interligadas
longitudinalmente, cujo espaço interno é cheio de preferência com material granular
graúdo.”.
Escoramentos
a) paredes;
b) longarinas;
c) estroncas;
d) tirantes.
Parede “[...] é a parte em contato direto com o solo a ser contido. E, mais
comumente, vertical e formada por materiais como madeira, aço ou concreto.
Quando formada por pranchas de madeira, pode ser continua ou descontinua [...]”
(RANZINI; NEGRO JUNIOR, 1998, p. 505).
Segundo Ranzini e Negro Junior (1998, p. 506), “Tirantes são elementos lineares
introduzidos no maciço contido e ancorados em profundidade por meio de um trecho
alargado, denominado bulbo. Trabalhando a tração, podem suportar as longarinas
no lugar das estroncas, quando essa solução for mais adequada ou econômica.”.
Reforços no terreno
Ranzini e Negro Junior (1998) indicam que nesse caso de contenção, procura-se
aumentar a resistência do solo adicionando um ou mais elementos. Com isso, o solo
pode resistir às tensões geradas por um grande desnível. Divide-se em:
a) solo reforçado;
b) terra armada;
Mateus Picoli Bernardi. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2015
51
c) solo grampeado.
Cortinas
a) não-ancoradas;
b) ancoradas;
c) estroncadas.
Elas ainda podem ser classificadas como rígidas ou flexíveis. Conforme Ranzini e
Negro Junior (1998, p. 509):
5 CORTINAS ATIRANTADAS
TIRANTES
Segundo More (2003) em uma cortina atirantada, os tirantes devem equilibrar as forças
horizontais geradas pela pressão do contato entre solo e estrutura.
a) cabeça;
b) trecho ancorado;
c) trecho livre.
Cabeça
Segundo More (2003, p. 21), “A placa de apoio tem como função à distribuição da
carga do tirante [...] e é normalmente formado por chapas metálicas (uma ou mais)
de tamanho conveniente para transmissão de tensões de compressão aceitáveis
sobre a estrutura de contenção.”.
Trecho ancorado
Trecho livre
Tipos de tirantes
a) vida útil;
b) forma de trabalho;
c) constituição;
d) injeção.
Vida útil
Dividem-se em provisórios, quando a obra tem duração menor que dois anos e
permanentes, duração superior a dois anos. O conhecimento do tipo de tirante
conforme a vida útil é importante pois muda algumas características, como
coeficiente de segurança, proteção anticorrosiva e precauções construtivas
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006; MORE, 2003;
YASSUDA; DIAS, 1998).
Forma de
trabalho
Segundo
More (2003,
p. 28):
Constituição
Injeção
No processo de injeção por estágio único, inicia-se lavando o furo com água para
Cortinas atirantadas: o caso da obra de um subsolo em Florianópolis
58
remover os detritos. Após é preenchido o furo com a calda de cimento e
posteriormente, instala-se o tirante no furo (YASSUDA; DIAS, 1998).
Segundo Matos (1990), o ideal seria que os tirantes fossem instalados na horizontal.
Porém problemas com a introdução da calda de cimento e a execução dos furos
tornam problemática a instalação de tirantes com inclinação menor que 10° com a
horizontal. Existem casos, devido a presença de obras vizinhas (fundações, dutos
enterrados) ou devido ao fato da camada de solo resistente estar muito abaixo da
cabeça do tirante, que a inclinação do tirante é 30°.
Segundo Silva (2014, p. 27), “A fim de que a cortina trabalhe como elemento único,
após a concretagem de cada módulo horizontal da cortina, devem ser deixadas
esperas de armadura para serem vinculadas ao módulo seguinte.”.
armado. Hanna18 (1982, apud SILVA, 2014, p. 41) indica que essas falhas podem
ocorrer:
g) na aderência argamassa-tirante;
h) na aderência solo-argamassa;
SEQUÊNCIA EXECUTIVA
6 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA
Neste capitulo será abordado o ensaio SPT, suas correlações para determinar
parâmetros do solo e a partir desses parâmetros, determinar o empuxo através da
Teoria de Rankine.
ENSAIO SPT
Equipamentos
Amostrador
Hastes
Martelo
Tripé de sondagem
Cabeça de bater
Sistema de perfuração
Procedimento de ensaio
Execução do ensaio
Perfuração
Onde:
Ka = coeficiente de empuxo ativo;
ø’ = ângulo de atrito efetivo do solo, em graus.
Por conseguinte, o empuxo ativo é calculado pela fórmula 4 para solos granulares e
pela fórmula 5 para solos coesivos (CONSOLI, 1988):
Ea = ½ K a γ H 2 (fórmula 4)
(fórmula 5)
Ea = ½ Ka γ H2 – 2 c’ H
Onde:
Ea = empuxo ativo, em kPa;
Ka = coeficiente de empuxo ativo;
γ = peso específico do solo, em
Onde:
Kp = coeficiente de empuxo passivo;
ø’ = ângulo de atrito efetivo do solo, em graus.
Por conseguinte, o empuxo passivo é calculado pela fórmula 7 para solos granulares e
pela fórmula 8 para solos coesivos (CONSOLI, 1988):
Ep = ½ K p γ H 2 (fórmula 7)
(fórmula 8)
Ep = ½ Kp γ H2 + 2 c’ H
Onde:
Ep = empuxo passivo, em kPa;
Ka = coeficiente de empuxo passivo;
γ = peso específico do solo, em
Onde:
σ' h = tensão horizontal efetiva, em kPa;
definida por:
Onde:
σ' v = tensão vertical efetiva, em kPa;
γ = peso específico do solo, em
Na fórmula 10, deve ser corrigido o valor de sobrecarga, pois ela é tratada como
semi-infinita, ou seja, com uma grande extensão em relação as demais extensões do
carregamento. Para isso, utiliza-se o ábaco proposto por Newmark, apresentada na
figura 13.
(fórmula 11)
ø’ = 15º +
Também é possível determinar o ângulo de atrito por Hatanaka e Uchida 22 (1996 apud
SCHNAID; ODEBRECHT, 2012, p. 42) propõem a fórmula 12:
(fórmula 12)
ø’ = 20º +
Onde:
ø’ = ângulo de atrito efetivo do solo, em
graus; Nspt = número de golpes do ensaio
SPT;
Nspt60 = número de golpes do ensaio SPT corrigido.
Onde:
Su = resistência não drenada, em kN/m2;
Nspt60 = número de golpes do ensaio SPT corrigido.
Para determinar os pesos específicos, Cintra et al. 24 (2003 apud SILVA, 2014, p.
51-52) propõem as correlações apresentadas nas tabelas 2 e 3.
7 CASO
O caso estudado trata-se de uma edificação que será construída na Avenida Mauro
Ramos, no centro do município de Florianópolis, SC, Brasil (figura 14). Esta
edificação caracteriza-se por ter 14 pavimentos tipos e 6 níveis de garagens, sendo
3 no subsolo. Para a realização das obras no subsolo, será necessário fazer um
corte no terreno de, aproximadamente 12 metros. Para conter a instabilização dos
terrenos vizinhos, será necessário a execução de uma estrutura de contenção, que
será o objeto de estudo desse trabalho.
GEOLOGIA LOCAL
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA
Com o resultado dos furos de sondagem, foi feito um perfil de solo típico para cada
um dos trechos onde haverá estrutura de contenção e a partir das correlações
existentes (capítulo 6.3), obteve-se os parâmetros do solo.
Os perfis estão apresentados nas figuras a seguir e os parâmetros do solo nas tabelas
a seguir.
ANÁLISE DE ESTABILIDADE
PROJETO
7.4.1 Caso 1
(fórmula 14)
Onde:
FS = fator de segurança;
Mestabilizante = momentos causados pelo empuxo passivo;
Minstabilizante = momentos causados pelo empuxo ativo.
7.4.2 Caso 2
(fórmula 15)
Onde:
FS = fator de segurança;
Mestabilizante = momentos causados pelo empuxo passivo;
Minstabilizante = momentos causados pelo empuxo ativo.
Caso 3
Com esses dados, foi possível desenhar cada uma das situações do projeto. A partir
dos desenhos, iniciou-se os cálculos para saber se tal situação simulada atingia o
fator de segurança mínimo exigido para projetos de cortina (FS = 1).
Foram realizadas mais duas análises, variando o valor médio de Nspt adotado em
mais e menos cinco devido ao fato do ensaio SPT não ser muito preciso e também
devido ao fato dos parâmetros geotécnicos terem sido calculados a partir das
médias dos valores obtidos nos próprios ensaios SPT.
Os valores dos parâmetros geotécnicos utilizados para essas duas analises estão
apresentados nas tabelas 22 a 28.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso, utilizou-se o projeto original de cortinas atirantadas. Esse projeto estava
de acordo com os critérios descritos por Ostermayer em relação ao comprimento do
trecho livre, ângulo entre solo e ancoragem, etc. e ao critério descrito por Matos em
relação a inclinação dos tirantes.
A partir dessa análise, constatou-se que o projeto foi bem dimensionado e não
apresenta nenhum risco, visto que a simulação só prosseguia caso o item anterior
não apresentasse risco, no caso atingindo, no mínimo, o fator de segurança igual a
1.
Devido ao fato de todo o projeto ter sido realizado em função somente de ensaios
SPT, cujos valores encontrados podem variar conforme a forma de execução, foram
Cortinas atirantadas: o caso da obra de um subsolo em Florianópolis
94
realizadas outras análises variando os valores de Nspt para mais e menos 5, sendo
assim foram feitas três análises em um intervalo de Nspt igual a 10. Com isso,
mesmo havendo erro de execução ou
interpretação do SPT, desde que o erro não fosse grosseiro, se o projeto atingisse o
fator de segurança desejado ele estaria bem dimensionado. E conforme constatou-
se através das análises realizadas pelo software, as cortinas atirantadas foram bem
dimensionadas.
REFERÊNCIAS
atirantada:
estudo de caso. 2009. 110 f. Trabalho de Diplomação (Graduação em
Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Extremo
Sul Catarinense, Criciúma, 2009.
YASSUDA, C. T.; DIAS, P. H. V. Tirantes. In: HACHICH, W.; FALCONI, F. F.; SAES, J.
L.; FROTA, R. G. Q.; CARVALHO, C. S.; NIYAMA, S. (Ed.). Fundações: teoria e
prática. 2. ed. São Paulo: Pini, 1998. p. 603-640.