2 Ficha nº 3 - Educação Literária “Bela”

Era uma vez um comerciante muito rico. Tinha seis filhos, três rapazes e três raparigas; e, como era um 1
homem inteligente, nada poupou na educação das crianças, tendo-lhes dado os melhores professores.
As filhas eram muito bonitas; mas a mais nova, em especial, despertava a admiração de todos e, quando
era pequena, só lhe chamavam «a bela menina», de tal modo que o nome lhe ficou, o que causava muita
inveja às irmãs. Além de mais bonita que as irmãs, esta menina era também melhor do que elas. As duas
mais velhas eram muito orgulhosas, por serem ricas: armavam-se em grandes damas e não queriam receber
as visitas das outras filhas de comerciantes; só desejavam para sua companhia gente importante. Iam todos
os dias passear ao baile e ao teatro e troçavam da mais nova, que passava a maior parte do tempo a ler bons
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livros. Como se sabia que estas meninas eram muito ricas, vários foram os grandes comerciantes que as
pediram em casamento; mas as suas irmãs mais velhas respondiam que nunca casariam, a menos que
encontrassem um duque ou, pelo menos, um conde. Bela – que, como lhes disse, era o nome da mais nova –
agradeceu muito sinceramente aos que queriam casar com ela, mas disse-lhes que era muito nova e que
queria fazer companhia ao pai durante mais alguns anos.
Ora o comerciante perdeu de repente a fortuna e só lhe restou uma casinha no campo, bem longe da ci-
dade.
Quando chegaram à casa de campo, o comerciante e os três filhos ocuparam-se a lavrar a terra. Bela
levantava-se às quatro horas da manhã e tratava logo de limpar a casa e de preparar o almoço para a
família. De princípio custou-lhe muito, porque não estava habituada a trabalhar como uma criada; mas,
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ao fim de dois meses, tornou-se mais forte e o trabalho deu-lhe uma saúde perfeita. Depois de fazer as
suas lides, lia, tocava cravo ou cantava enquanto fiava. As irmãs, pelo contrário, aborreciam-se de morte;
levantavam-se às dez horas da manhã, passeavam todo o dia e entretinham-se a recordar as belas roupas
e as companhias perdidas.
«Olha a nossa irmã mais nova», diziam uma à outra, «tem a alma pequena e é tão estúpida que está
contente com a sua infeliz situação.»
O bom comerciante não pensava como as filhas. Sabia que Bela era mais capaz do que as irmãs de
brilhar na sociedade, admirava a virtude dessa menina e, principalmente, a sua paciência; porque as irmãs,
não contentes em deixá-la fazer sozinha todo o trabalho da casa, ainda a insultavam constantemente.
Jeanne-Marie Leprince de BEAUMONT (2005). A Bela e o Monstro (trad. Maria Teresa dos Santos Silva). Porto: Porto Editora 15

Depois de leres o texto responde ao questionário no teu caderno diário.

1. Indica o que distinguia a filha mais nova do comerciante das suas irmãs mais velhas.

1.1 Explicita o que sentiam as irmãs em relação à mais nova.

2. Regista a atividade favorita de Bela.

3. Na tua opinião, as razões para Bela recusar os pedidos de casamento que lhe dirigiam eram
acertadas? Porquê?

4. Enumera as atividades de Bela, quando o pai perdeu a fortuna e a família se mudou para o campo.

5. Explicita como julgavam as irmãs de Bela que ela se sentia.

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6. Seleciona a única afirmação que completa corretamente a frase.

O pai de Bela
a. concordava com a opinião que as filhas mais velhas tinham em relação a ela.
b. discordava da opinião que as filhas mais velhas tinham em relação a ela, porque não tinha uma
boa relação com elas.
c. não era capaz de avaliar o que sentiam as filhas com a sua nova vida.
d. não concordava com a opinião das filhas mais velhas em relação a ela, porque sabia reconhecer
as virtudes da mais nova.

7. Transcreve as expressões que comprovam cada uma das afirmações seguintes.

e. O pai de Bela reconhecia que ela era uma rapariga com muitas qualidades.
f. Bela era a única das irmãs que se dedicava às tarefas domésticas.
g. As irmãs de Bela eram frequentemente ofensivas para ela.

8. Na tua opinião, qual o motivo de as irmãs de Bela a tratarem mal?

9. O que pensas do facto de Bela não se defender nem enfrentar as irmãs?

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