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CENTRO UNIVERSITÁRIO BRASILEIRO

NÚCLEO DE SAÚDE
CURSO DE NUTRIÇÃO

EDUARDO DAVID DA SILVA


TAYNÁ AGNES DE SOUZA

O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA BULIMIA


NERVOSA

RECIFE/2020
EDUARDO DAVID DA SILVA
TAYNÁ AGNES DE SOUZA

O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA BULIMIA


NERVOSA

Projeto de Pesquisa apresentado como requisito parcial, para


obtenção do título de Bacharel em Nutrição do Centro
Universitário Brasileiro, sob a orientação Da MSc. Helen Maria
Lima da Silva

RECIFE/2020
EDUARDO DAVID DA SILVA
TAYNÁ AGNES DE SOUZA

O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA BULIMIA


NERVOSA

Artigo aprovado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em


Nutrição, pelo Centro Universitário Brasileiro – UNIBRA, por uma comissão
examinadora formada pelos seguintes professores:

____________________________________________________________
Prof.º MSc. Helen Lima
MSc. Em Ciência e Tecnologia de Alimentos
Professor(a) Orientador(a)

_____________________________________________________________
Emerson Santiago
Professor(a) Examinador(a)

______________________________________________________________
Diego Ricardo
Professor(a) Examinador(a)

Recife, _____ de _____________ de 2020.


NOTA: ___________
Dedicamos esse trabalho primeiramente a Deus, por permitir ultrapassarmos todos
os obstáculos encontrados ao longo da realização deste trabalho e por ter permitido
força e determinação para não desanimar durante todos os nossos anos de estudos.
AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer, em primeiro lugar, а Deus, qυе fez com que nossos
objetivos fossem alcançados, durante todos os anos de estudos.
Aos nossos familiares que nos incentivaram nos momentos difíceis e deram total
apoio para realizarmos nossos sonhos profissionais.
Aos professores, por todos os conselhos, pela ajuda e pela paciência com a qual
guiaram o nosso aprendizado.
À instituição de ensino UNIBRA, que foi essencial para nosso processo de formação
profissional, pela dedicação, e por tudo o que aprendemos ao longo dos anos do
curso.
“O verdadeiro conhecimento vem de dentro”.
(Sócrates)

“Tentar não significa conseguir, mas certamente quem conseguiu tentou.”


(Aristóteles)

“O segredo do sucesso é saber algo que ninguém mais sabe.”


(Aristóteles)
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO 11
21 BULIMIA NERVOSA 11
22 BULIMIA NERVOSA: FREQUÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 12
23 ASPECTOS NUTRICIONAIS DOS INDIVÍDUOS COM BULIMIA NERVOSA 13
24 TRATAMENTO E ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL DA BULIMIA 13
NERVOSA
25 ATITUDES ALIMENTARES NA BULIMIA NERVOSA E A TERAPIA 14
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO 15
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 16
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 21
6 REFERÊNCIAS 22

O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA BULIMIA NERVOSA


EDUARDO DAVID DA SILVA 1
TAYNÁ AGNES DE SOUZA 2
HELEN MARIA LIMA DA SILVA 3

RESUMO

A bulimia nervosa (BN) é um transtorno alimentar caracterizado por


compulsões periódicas, baseadas na ingestão exacerbada de alimentos. O
tratamento da bulimia nervosa deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, sendo
o tratamento feito pelo nutricionista fundamental. Desta forma, o nutricionista deve
auxiliar no tratamento com métodos de intervenção e educação nutricional. A
pesquisa tem como objetivo compreender o papel do nutricionista no tratamento e
acompanhamento da Bulimia nervosa, caracterizá-la e apontar a finalidade da
terapia cognitivo-comportamental no manejo desta. As informações foram obtidas
através de levantamento bibliográfico por meio de revisão integrativa em endereços
virtuais científicos, trabalhos científicos e teses, através de artigos nas bases
Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed e Bireme. Os estudos
realizados demonstraram a importância do nutricionista no tratamento da BN, a
ocorrência da doença a nível mundial, entre outros resultados. E aponta para a
relevância de um acompanhamento nutricional para pacientes com a BN, pois por
ser uma doença complexa, o tratamento efetivo deve contar com uma equipe
multiprofissional de especialistas, visando a aplicação de uma alimentação saudável,
a remoção de comportamentos inadequados e a melhora na relação paciente-
alimento-corpo.

Palavras-chave: Transtorno Alimentar. Equipe Multidisciplinar. Tratamento


Nutricional.

ABSTRACT

1 Graduando em Nutrição. E-mail:eduardodavd3@gmail.com


2 Graduanda em Nutrição. E-mail: agnesnutri801@gmail.com
3 Professora da UNIBRA. MSc em Tecnologia de Alimentos. E-mail: helen.unibra@gmail.com
Bulimia nervosa (BN) is an eating disorder characterized by periodic compulsions,
based on exacerbated food intake. The treatment of bulimia nervosa must be done
by a multidisciplinary team, with the treatment being done by a fundamental
nutritionist. Thus, the nutritionist must assist in the treatment with intervention
methods and nutritional education. The research aims to understand the role of the
nutritionist in the treatment and monitoring of Bulimia nervosa, characterize it and
point out the purpose of cognitive-behavioral therapy in its management. The
information was obtained through bibliographic survey through integrative review in
virtual scientific addresses, scientific papers and theses, through articles in the
Scientific Electronic Library Online (SciELO)01, PubMed and Bireme databases. The
studies carried out demonstrated the importance of the nutritionist in the treatment of
BN, the occurrence of the disease worldwide, among other results. And it points to
the relevance of nutritional monitoring for patients with BN, as it is a complex
disease, effective treatment must rely on a multidisciplinary team of specialists,
aiming at the application of a healthy diet, the removal of inappropriate behaviors and
the improvement in the patient-food-body relationship.

Keywords: Eating disorder. Multidisciplinary team. Nutritional Treatment.


1. INTRODUÇÃO
Os ideais de corpo vêm sendo um dos pontos frequentemente vinculados às
reproduções midiáticas nos tempos atuais. É notório o poder que a mídia tem em
persuadir o seu público. Com esse poder de persuasão, a mídia e seus veículos de
transmissão, impõem padrões de comportamento que podem impulsionar o desejo
das pessoas em conquistarem o “corpo perfeito” e transmitem a mensagem que
magreza é sinônimo de beleza (BITTENCOURT, 2013).
Acredita-se que o resultado da estimulação da mídia ao culto ao corpo tem
tido efeitos extremamente negativos nas pessoas, as quais ignoram suas
individualidades e ferem os princípios de práticas saudáveis e tende a desenvolver
comportamentos e atitudes não saudáveis, alinhados ao aparecimento de
transtornos alimentares graves, como a bulimia nervosa (SILVA; APRÍGIO; LIMA,
2019).
Segundo Alvarenga e Scagliusi (2010), a bulimia nervosa (BN) é um
transtorno alimentar caracterizado por compulsões periódicas, baseadas na ingestão
exacerbada de alimentos, em um curto período de tempo, acompanhado de um
sentimento de falta de controle com relação a variável alimentar. Ela leva o indivíduo
a comportamentos compensatórios inadequados, tais como o uso indevido de
laxantes e diuréticos, jejuns e exercícios excessivos que comprometem o estado
nutricional do mesmo.
O tratamento da bulimia nervosa deve ser feito por uma equipe
multidisciplinar, envolvendo nutricionistas, psicólogos e médicos (SILVA E SANTOS,
2006). Sendo o tratamento feito pelo nutricionista fundamental, pois os pacientes
com esses transtornos possuem um quadro nutricional debilitado, devido às
“inadequações profundas no consumo, padrão e comportamento alimentar, além de
diversas crenças equivocadas sobre alimentação” (LATTERZA et al., 2004, p. 174).
Segundo Alvarenga e Larino (2002), é importante que a intervenção e
educação nutricionais sejam integradas ao tratamento, com um nutricionista na
equipe multiprofissional. Nesse feito, o nutricionista deve trabalhar de forma que o
paciente consiga acompanhar, com metas individuais estabelecidas juntamente com
o mesmo, a fim de que as mudanças sejam de forma gradual e que seja evitado o
reforço de sentimento de frustração e de incapacidade (ALVARENGA, SCAGLIUSI E
PHILIPPI, 2011).
O profissional de nutrição deve auxiliar inicialmente no tratamento com métodos
de intervenção e educação nutricional, melhorar os comportamentos alimentares,
extinguir crenças alimentares distorcidas e incluir programas nutricionais como uma
10
alimentação balanceada, pirâmide dos alimentos, necessidades nutricionais, entre
outros (ALVARENGA; SCAGLIUSI, 2010). Nesse sentido a pesquisa tem como
objetivo geral, compreender o papel do nutricionista no tratamento e no
acompanhamento de pacientes com o Transtorno Alimentar (TA) da BN.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Bulimia nervosa


A bulimia nervosa é um Transtorno Alimentar (TA) reconhecido desde sua
descrição por Gerald Russell em 1979 e publicação em 1980, que se caracteriza por
um ciclo de restrição-compulsão-purgação. E o seu quadro tem início com dietas da
moda. A restrição alimentar tem o papel de iniciar e manter o quadro, e embora
muitas vezes seja entendido como uma síndrome compulsiva, a bulimia nervosa na
verdade é caracterizada por ciclos de restrição e compulsão (ALVARENGA;
SCAGLIUSI; PHILIPPI, 2011).
Indivíduos com a BN em geral sentem vergonha de seus problemas e
costumam esconder os sintomas. Normalmente, a compulsão alimentar ocorre em
segredo ou de uma forma discreta e continua até que o indivíduo esteja
desconfortável ou se sentindo cheio. Pacientes com o transtorno da BN apresentam
pensamentos e emoções desadaptativas, nos quais se arrependem ou lamentam ter
feito algo, como comer compulsivamente. Apresentam autoestima oscilante, sendo
comum encontrar aqueles que demonstram preocupação excessiva em perder peso,
fazer dieta e controlar a quantidade de alimento ingerido e, isso também acontece
em outros aspectos da vida como estudos, vida profissional e as relações amorosas.
A bulimia gera uma variedade de estados de humor no indivíduo, incluindo raiva,
culpa, desgosto, medo. Outros gatilhos incluem fatores de estresse, sentimentos
negativos relacionados ao peso e à forma do corpo (FERREIRA, 2018).
No que diz respeito ao perfil dos pacientes com bulimia nervosa, pode-se
mencionar que apresentam pensamentos e emoções desadaptativas, autoestima
flutuante, sendo comum encontrar aqueles que apresentam atitudes caóticas, não
somente no tocante aos hábitos alimentares, mas também em outros aspectos da
vida, como os estudos, a vida profissional e as relações amorosas. Para alguns
autores os aspectos emocionais dos pacientes seriam: baixa autoestima; ansiedade
alta, perfeccionismo, pensamento do tipo “tudo ou nada”, incapacidade de encontrar
formas de satisfação, alta exigência e incapacidade de ser feliz (OLIVEIRA;

11
SANTOS, 2006).

2.2 Bulimia nervosa: Frequência e distribuição


A pesquisa epidemiológica na bulimia nervosa é limitada. As pesquisas de
amostras populacionais indicam uma taxa de prevalência desta de 1 a 4,2% da BN
no Brasil, embora as estimativas sejam mais altas em certos subgrupos de
populações. Uma pesquisa sugere que ela teve sua ocorrência reduzida nos últimos
anos. E dados de um estudo recente sugerem prevalência da doença 1,5% para
mulheres e de 0,5% para homens no Brasil. O início tende a ocorrer no final da
adolescência e início da vida adulta, e pode coincidir com transições importantes ou
com algum estresse psicossocial. As atitudes e comportamentos bulímicos estão
disseminados pelos grupos étnicos e raciais, e parecem ser comuns entre todos
estes (HERZOG; EDDY, 2010).
Quando se trata de distribuição a nível mundial, estima-se que a bulimia
nervosa ocorra entre 1 a 4% da população. Cerca de 90% das pessoas com bulimia
nervosa são do sexo feminino. Originalmente o distúrbio foi diagnosticado na raça
caucasiana normalmente em famílias de classe média alta, mas raparigas
hispânicas e nativas americanas são também afetadas. Esta perturbação é muito
menos comum nas mulheres Africanas e Asiáticas. No entanto estudos
sociodemográficos reportam o aparecimento da bulimia em estratos sociais mais
baixos, sugerindo a democratização da doença a todos os estratos sociais devido ao
progresso e à melhoria da qualidade de vida. Em Portugal, apesar dos dados serem
escassos, estima-se uma prevalência entre 1,1 a 4,2% para bulimia nervosa sendo a
proporção entre sexo feminino e sexo masculino, de um para seis a um para dez
(SILVA, 2011).

2.3 Aspectos Nutricionais dos indivíduos com Bulimia Nervosa


A BN é caracterizada por um ciclo constituído por dieta, compulsão e
purgação, com padrão alimentar descrito como "caótico e bizarro”. A maioria das
pessoas com BN afirma que primeiro realizaram dieta e que as compulsões vieram
depois. Assim, pode-se dizer que a restrição alimentar é característica essencial do
transtorno alimentar e constitui seu passo inicial. O padrão alimentar dessas
pessoas é muito caótico e, portanto, a ingestão de energia e nutrientes vai depender
da fase da doença. Encontra-se então grande variabilidade na ingestão alimentar,
com refeições também muito irregulares. Essas inadequações de estrutura e de
consumo alimentar devem ser tratadas, mas essas atitudes disfuncionais exigem um
12
tratamento nutricional diferenciado, que acesse as cognições errôneas e que permita
mudança de comportamento, crença e sentimento (ALVARENGA; SCAGLIUSI,
2010).

2.4 Tratamento e Aconselhamento Nutricional da Bulimia Nervosa


Os objetivos do tratamento nutricional na bulimia nervosa (BN) são: diminuir
as compulsões, minimizar as restrições alimentares, definir um padrão regular de
refeições, aumentar a variedade de alimentos consumidos, corrigir deficiências
nutricionais e estabelecer práticas de alimentação saudáveis (LATTERZA; DUNKER;
SCAGLIUSI; KEMEN, 2004).
A principal meta do tratamento para o indivíduo é aprender a comer de modo
"normal", o que não é simples para pessoas que acreditam ter conhecimentos sobre
alimentação. Entretanto, na maioria das vezes, os pacientes têm apenas
conhecimento sobre o valor energético dos alimentos e interpretam tais dados de
maneira distorcida (ALVARENGA; SCAGLIUSI, 2010).
Desta forma, o nutricionista deve planejar o tratamento de modo a ajudar os
pacientes a entenderem e serem aptos a colocar os alimentos e os nutrientes numa
perspectiva apropriada. Além disso, deve pesar o paciente regularmente. Tendo em
vista que é comum ocorrer retenção de fluidos quando o paciente reduz o consumo
de diuréticos e/ou laxantes e a prática de vômitos. O nutricionista também deve
explicar que o aumento de peso é transitório e não corresponde a um aumento da
adiposidade. Também deve ser discutido qual é o peso ideal para o paciente, com
base na sua estrutura física e histórico de peso. É importante que ele compreenda
que o peso ideal é determinado em função da sua saúde, e não de padrões de
beleza ou exigências pessoais (LATTERZA; DUNKER; SCAGLIUSI; KEMEN, 2004).
Já o aconselhamento nutricional é uma técnica a ser aplicada desde o início e
busca uma relação colaborativa com os pacientes, que deve ser mantida para que
haja informação e intervenções corretas. Essa técnica foca a correção dos
comportamentos e crenças alimentares e oferece informação nutricional, dá suporte
para experimentar novos comportamentos e avalia resultados. Além disso, também
foca a restauração e o monitoramento do peso corporal. Dessa forma, o principal
objetivo do aconselhamento nutricional é a troca de padrões alimentares alterados e
não saudáveis por padrões saudáveis e mais organizados. E o papel do nutricionista
é ajudar o paciente a entender suas motivações, analisar as crenças envolvidas e os
benefícios e prejuízos decorrentes dessa crença e desse comportamento
(ALVARENGA; SCAGLIUSI, 2010).

13
2.5 Atitudes Alimentares na BN e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
Uma meta avançada do tratamento é mudar as atitudes dos pacientes para
com o alimento e a sua imagem corporal. A Terapia Cognitivo-Comportamental é
indicada como um método adequado para tratar as atitudes alimentares
inadequadas e as sensações disfuncionais para com o alimento. Acredita-se que os
nutricionistas devem utilizar técnicas de terapia cognitivo-comportamental para
trabalhar as atitudes alimentares (ALVARENGA; SCAGLIUSI, 2010).
Para o transtorno alimentar da bulimia nervosa, os programas de tratamento da TCC
envolvem a junção do nutricionista junto com psicólogo, pois se baseiam-se
principalmente nas técnicas para a redução da ansiedade, auto manejo do
comportamento e modificação de cognições desadaptadas. Comparados com a
terapia para alguns transtornos, como a depressão, os componentes
comportamentais dos transtornos alimentares recebem maior ênfase no tratamento.
Isto acontece porque as inquietações comportamentais, como jejuns ou vômitos, são
fatores centrais desses transtornos que devem ser controlados (OLIVEIRA; DEIRO,
2013)

3. DELINEAMENTO METODOLÓGICO
O presente estudo foi caracterizado como uma revisão bibliográfica
integrativa. Os critérios utilizados para a utilização dos artigos e, posteriormente
análise do assunto, foram artigos entre 2010 e 2020 no idioma do português que
relatassem com ênfase o papel do nutricionista no transtorno alimentar da Bulimia
Nervosa. Foram excluídos os artigos duplicados e que não atendiam a proposta do
tema. A busca foi realizada por meio das bases de dados eletrônicas PubMed,
Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Bireme, no idioma português,
conforme representada na Figura 1: fluxograma de delineamento metodológico da
pesquisa, mostrada abaixo. Nas buscas, os seguintes descritores em língua
portuguesa, foram considerados: “Bulimia Nervosa”; “Nutricionista”; “Tratamento
Nutricional”.

14
Figura 1: Fluxograma de delineamento metodológico da pesquisa

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a pesquisa identificou-se vários artigos referenciais, totalizando vinte
(20), sendo que apenas onze (11) dos artigos referenciais atendiam aos critérios da
pesquisa, no qual os outros foram excluídos por não possuírem os dados
específicos para o desenvolvimento do trabalho. No total, os artigos escolhidos
relatam sobre o transtorno da bulimia nervosa, sua definição, sintomas e tratamento
e o papel do nutricionista no que diz respeito a esse transtorno alimentar, conforme
o Quadro 1. Caracterização dos estudos da Revisão Integrativa, situado abaixo.

Quadro 1. Caracterização dos estudos da Revisão Integrativa

Periódico (vol, Considerações/


Título do Artigo Autores
nº, pág, ano) Temática
Terapia nutricional ALVARENGA, Revista Brasileira Relata a importância
na anorexia e bulimia M.; LARINO, de Psiquiatria, v. do tratamento e
nervosa. M. A 24, supl. 3, p.39- acompanhamento
43, dez. 2002 nutricional no
desenvolvimento e
manutenção do
transtorno alimentar,

15
esclarecendo e
desmistificando as
crenças inadequadas
e estabelecer uma
adequada relação do
paciente para com o
alimento.
Tratamento ALVARENGA, Revista Descreve a
nutricional da bulimia M. S.; Nutricional, v. 23, importância da terapia
nervosa. SCAGLIUSI, n. 5, p. 907-918, nutricional, com foco
F. B. out. 2010 em educação
nutricional e
aconselhamento
nutricional no
tratamento desse
transtorno, com o
intuito de ter um
atendimento eficaz
para os pacientes no
tratamento nutricional.
Transtornos FERREIRA, T. Revista Uningá , Expõe os principais
alimentares: D. v. 55, n. 2, p. sintomas dos
Principais sintomas e 169-176, jun. transtornos
características 2018. alimentares. Além
psíquicas. ISSN 2318-0579 disso, traz as causas
do aumento da
ocorrência destes
transtornos, assim
como a importância de
um tratamento
específico para cada
caso, a fim de obter
maior êxito na
recuperação dos
pacientes.
Tratamento LATTERZA, A; Revista de Apresenta o
nutricional dos DUNKER, K. Psiquiatria tratamento nutricional,
transtornos L. L.; Clínica, v. 31, n. através da educação
alimentares. SCAGLIUSI, 4, p. 173-176, nutricional e do
F. B.; KEMEN, set. 2004 exercício de melhora
E. na relação do paciente
com o alimento e com
o seu corpo, como
uma forma de reverter
alterações provocadas
pelos transtornos e
promover hábito
16
alimentar saudável.
Terapia cognitivo- OLIVEIRA, L. Revista Brasileira Relata como se dá o
comportamental para L.; DEIRO, C. de Terapia do tratamento dos
transtornos P. Comportamento transtornos
alimentares: a visão Cognitivo, v. 15, alimentares pela
de psicoterapeutas n. 1, p. 36-49, Terapia Cognitivo-
sobre o tratamento. abr. 2013 Comportamental.
Bulimia Nervosa SILVA, Universidade Apresenta a
H.S.G.S. Coimbra, v. 01, p. ocorrência da bulimia
06-07, 2011 nervosa a nível
mundial e as
manifestações clínicas
dos pacientes nos
tipos purgatório e não
purgatório.
O impacto causado SILVA, R.E.S.; Revista Científica Apresenta as
pela influência da APRÍGIO, do Centro consequências
mídia na construção R.F.; LIMA, Universitário de causadas pela
da imagem corporal. D.I.A. Jales, edição X, influência da mídia e
208-218. ISSN: de seus veículos de
1980-8925, 2019. transmissão na
construção da imagem
corporal e nos
padrões de
comportamento,
conduta e beleza.
Construindo pontes: SILVA, L.; Revista de Descreve a vivencia
relato de experiência SANTOS, M. Medicina, v. 39, por uma equipe de
de uma equipe n. 3, p. 415- 424, profissionais de saúde
multidisciplinar em jul./set. 2006 e focaliza uma
transtornos abordagem que
alimentares. caracteriza os
cuidados de saúde,
numa tentativa de
superação no campo
dos trans-
tornos alimentares.

O adequado tratamento desse transtorno requer uma equipe multiprofissional


e terapia nutricional especializada. Uma meta avançada do tratamento é mudar as
atitudes dos pacientes para com o alimento e a imagem corporal. Para atingir essa
meta, apenas um programa educacional não é suficiente. Além de usar técnicas
adequadas de abordagem, novos métodos e sessões devem ser também
planejados.

17
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é apontada como uma boa
ferramenta para tratar o comportamento alimentar inadequado e as sensações e
sentimentos disfuncionais para com o alimento, conforme Alvarenga e Scagliusi
(2010). Pois através das técnicas de terapia cognitivo-comportamental os
nutricionistas terapeutas conseguirão trabalhar as atitudes alimentares nos
pacientes sem utilização de crenças alimentares inadequadas e conseguirão prover
educação nutricional baseada em ciência, sem deixar essa tarefa sob
responsabilidade única do psicoterapeuta.
Segundo Ferreira (2018), os transtornos alimentares são caracterizados como
perturbações que persistem na alimentação ou no comportamento alimentar, que
pode começar já na infância. As crianças aprendem desde cedo em seu meio social
a valorizar o corpo magro, devido a um padrão de beleza imposto atualmente e
demonstram insatisfação com o corpo. Isso pode resultar em dietas restritivas para o
emagrecimento, levando a escolhas alimentares que acarretam um consumo
alimentar descontrolado. Sobre este mesmo tema, Silva afirma que se trata de uma
doença frequentemente crônica e debilitante e é caracterizada por padrões
alimentares aberrantes e atitudes obsessivas em relação ao peso e forma corporal.
A Bulimia Nervosa (BN) é um transtorno alimentar caracterizada por um ciclo
constituído por dieta, compulsão e purgação, com padrão alimentar descrito como
"caótico e bizarro". A restrição tem papel fundamental no início e perpetuação do
quadro. Assim, a compulsão pode ser desencadeada pela restrição e por fatores
emocionais; e a purgação é usada pelos pacientes com o objetivo de eliminar o
excesso ingerido, conforme relata Alvarenga e Scagliusi (2011).
Silva (2011), relata que estudos estimam que a bulimia nervosa ocorra entre 1
a 4% da população. E cerca de 90% das pessoas com bulimia nervosa são do sexo
feminino. Além disso, o início da doença tende a ocorrer no final da adolescência e
início da vida adulta, e pode coincidir com transições importantes ou com algum
estresse psicossocial, cujos exemplos não são citados pelo autor.
Herzog e Eddy falam que as pessoas com bulimia nervosa apresentam
fatores psicológicos como perfeccionismo, instabilidade emocional, impulsividade,
autodestruição, autoestima baixa difusa, aversão a conflitos e medo do abandono.
Além desses fatores psicológicos, as pessoas com BN preocupam-se com
alimentação, peso e forma e tendem a ter insatisfação acentuada com o corpo e
humor depressivo. Coutinho (2018) contribui e relata que o perfil dos pacientes
apresenta: ansiedade elevada, perfeccionismo extremo, incapacidade de encontrar
formas de satisfação, acentuada fragilidade. A autora ainda aponta que os pacientes
18
também apresentam humor disfórico, a labilidade e o empobrecimento da precisão
perceptiva, a vivência de sobrecarga emociona, o reduzido interesse por outras
pessoas, e ainda egocentrismo, narcisismo, raiva e negatividade são encontrados
em alguns casos.
Essas inadequações ocasionadas pelo transtorno da bulimia nervosa devem
ser tratadas, por meio de um tratamento nutricional especial e diferenciado. Segundo
Latterza et al, a abordagem de um tratamento nutricional para a BN pode ser
dividida em alguns pontos muito importantes, tais como: a educação sobre a BN,
suas consequências e sobre alimentação e nutrição; a redução da preocupação com
peso e aumento da aceitação de seu próprio corpo; o monitoramento da alimentação
por meio do diário alimentar e o estabelecimento de um plano alimentar regular.
As atividades do nutricionista representam uma parte importante no
tratamento dos transtornos alimentares. A American Dietetic Association (ADA)
indica que "intervenção e educação nutricionais sejam integradas ao tratamento",
tendo um nutricionista na equipe multiprofissional. A ADA ainda propõe um
tratamento nutricional para os transtornos com um processo integrado, no qual o
nutricionista e a equipe trabalham juntos para modificar os comportamentos
negativos relacionados à BN.
Neste feito, vemos o quanto o profissional de nutrição é importante e possui o
papel de auxiliar no tratamento com métodos de intervenção e educação nutricional,
pois este é capacitado para propor modificações do consumo, padrão e
comportamento alimentares, aspectos estes que estão profundamente alterados
nesse transtorno alimentar, conforme Latterza, et. al (2004).
Mas para ser realmente apto para o tratamento nutricional da BN, o
nutricionista deve aprender técnicas terapêuticas que vão além daquelas específicas
de sua profissão e relacionadas à dietoterapia em si, como as técnicas cognitivo-
comportamentais, de entrevista motivacional e aconselhamento educacional e
comportamental. Deve, ainda, rever seus conceitos sobre o que é verdadeiramente
alimentação saudável e também suas crenças pessoais sobre alimentação e peso,
como relatam Alvarenga e Scagliusi (2010).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reflexões esboçadas no presente estudo apontam para a relevância de
um acompanhamento nutricional para pacientes com a Bulimia Nervosa, pois por ser
uma doença complexa e implicar em alterações profundas no consumo, padrão e
comportamento alimentares, o nutricionista é visto como o profissional mais

19
qualificado para implementar um tratamento adequado e bem sucedido. Mas além
do nutricionista, para um tratamento ainda mais eficaz, é necessário contar com uma
equipe multidisciplinar, envolvendo também psicólogos e médicos. E esse
tratamento nutricional instituído para os pacientes deve visar a aplicação de hábitos
alimentares saudáveis, a remoção de comportamentos inadequados e a melhora na
relação do paciente com o alimento e o corpo.

20
REFERÊNCIAS

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Revista Brasileira Psiquiatria. São Paulo, v. 24, supl. 3, p.39-43, dezembro de
2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44462002000700009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01 jun. 2020.

ALVARENGA, M. S.; SCAGLIUSI, F. B. Tratamento nutricional da bulimia nervosa.


Revista Nutrição. Campinas, v. 23, n. 5, p. 907-918, out. 2010a. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S141552732010000500020&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:
29 maio 2020.

ALVARENGA, M., SCAGLIUSI, F.B. e PHILIPPI, S.T. (Org.). Nutrição e


transtornos alimentares. Barueri: Manole, 2011b. 521p.

BITTENCOURT, L.J. Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar


em mulheres negras de Salvador/Bahia. Instituto de Saúde Coletiva, v. 1, n.1,
Salvador, 2013. Disponível em: Tese Liliane Bittencourt. 2013.pdf (ufba.br). Acesso
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COUTINHO, M. A. Comportamentos de risco e fatores associados a bulimia e


anorexia nervosas em adolescentes de imperatriz-MA. Universidade Federal do
Tocantins, Palmas, 2018. Disponível em: Marluce Alves Coutinho - Dissertação.pdf
(uft.edu.br). Acesso em: 29 nov. 2020.

FERREIRA, T. D. Transtornos alimentares: Principais sintomas e características


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transtornos da alimentação. Manual Clínico, São Paulo, v. 01, p. 17, 2010. Acesso
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