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Direito civil

Direito obrigacional
1) Teoria geral do direito obrigacional
a) Conceito:
i) Obrigação
(1) Definição clássica (século XXIV)
(a) É o vínculo jurídico que uni credor, permitindo que o primeiro
exija do segundo uma prestação economicamente
apreciada.
(i) Carácter individualista
(ii) Esse conceito clássico privilegia a proteção do crédito
(iii) Cunho patrimonial
(2) Contemporâneo
(a) Direito Civil Constitucionalizado;
(i) O direito civil constitucional é um movimento de releitura
de todo Direito Civil a partir da Constituição que não é
mais apenas um mero limite a legislação ordinária
(fundamento de validade). A Constituição contém
princípios éticos que impõem uma adequação
axiológica do sistema – passando a ser vetor axiológico
de todo o sistema.
(ii) Interpretar é buscar o real sentido e alcance da norma.
1. Exemplo: art. 1º, da Lei 8.009/90 - Súmula n. 364. O
conceito de impenhorabilidade de bem de família
abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas.
(b) Direito Civil Despatrimonializado
(i) Direitos existenciais
1. Direitos à personalidade
(c) Doutrina
(i) Professor Antunes Varela
1. Obrigação é o processo intersubjetivo que envolve
direito e deveres de natureza patrimonial e
extrapatrimonial nucleado na solidariedade
constitucional em que o credor pode exigir o
cumprimento da obrigação a partir da cooperação do
devedor
b) Classificação das obrigações
i) A classificação ocorre a partir do número de objetos / prestações
(1) Simples
(a) É aquela que tem apenas uma prestação
(b) O que é uma obrigação facultativa?
(i) É aquela em que o devedor tem a faculdade de substituir a
prestação devida por uma outra.
(ii) Não está na lei. Ou seja, depende de uma relação
contratual.
(c) Qual é a diferença entre a obrigação facultativa e a dação
em pagamento?
(i) Enquanto a obrigação facultativa é uma modalidade de
obrigação, sendo essa obrigação facultativa prevista desde
o momento da celebração do contrato.
(ii) A dação em pagamento é uma modalidade de pagamento,
contudo, é aquela que ocorre após o vencimento o
CREDOR aceita coisa diversa daquela que foi
originalmente pactuada.
(d) Obrigação alternativa?
(i) O devedor (regra) deve escolher qual prestação irá
escolher. Contudo, nada impede dessa obrigação de
concentração do débito ser acordada em contrato como
uma obrigação do credor.
(ii) Nome da escolha é concentração do débito;
(iii) Em até quanto o tempo antes do vencimento o devedor
tem que concentrar o débito?
1. Até 10 dias antes do vencimento, art. 800 do CPC.
(iv) Diferença entre obrigação facultativa e a alternativa:
1. Simples  obrigação facultativa
2. Composta  obrigação alternativa
(2) Composta
(a) É aquela que tem duas prestações ou mais
c) Teoria dualista das obrigações
i) O débito é a obrigação propriamente dita
ii) A responsabilidade é uma obrigação sucessiva decorrente do
descumprimento do débito
iii) Obrigação natural
(1) As obrigações naturais são irrepetíveis.
(a) Qual a exceção das irrepetibilidades das obrigações
naturais?
(i) É possível para proteger terceiro de boa-fé
(b) É possível compensar obrigação natural?
(i) A compensação se dá entre dividas líquidas, vencidas e de
coisas fungíveis entre si.
(ii) As obrigações naturais não são exigíveis  logo, não será
possível a compensação.
(c) É possível a novação de obrigação natural?
(i) A novação é a extinção de uma obrigação, com a criação
de uma nova obrigação
(ii) Quando você faz novação de dívida prescrita, você está
tornando a dívida prescrita exigível novamente.
(iii) Sim, é possível. Art. 191 do CC.
1. A novação de dívida prescrita é uma renúncia da
prescrição.
a. A renúncia pode ser tácita ou expressa
2. A interrupção da prescrição só pode ser exigível uma
vez, art. 202 do CC. Consequentemente, a novação de
dívida prescrita só pode ocorrer uma vez. (Tese
excelente para complementar uma resposta para
Defensorias).
(d) É possível novação de dívida de jogo?
(i) É expressamente proibido.
(e) É possível constituir garantia real ou pessoal para
cumprimento de obrigação natural?
(i) Dívida prescrita
1. Sim, é possível porque a garantia real ou pessoal nada
mais é do que uma renúncia tácita da prescrição.
Contudo, essa renúncia se dá no limite do bem dado
em garantia.
(ii) Dívida de jogo
1. Art. 814, do CC – fiança ou qualquer garantia?
a. 1.c) Norma restritiva não pode sofrer interpretação
extensiva
b. 2. C) não tem sentido proteger só a fiança, já que o
Estado proibiu a dívida de jogo.
(f) Dívida prescrita
(g) Dívida de jogo – socialmente aceitos que o Estado optou por
não regulamentar.
(i) Exemplo: poker, sueca etc.
(2) Obrigações que tenham responsabilidade sem o débito
(a) É possível. A doutrina chama de responsabilidade executiva
secundária.
(i) Exemplo:
1. Fiança
2. Dinamarco – quando ocorre uma desconsideração da
personalidade jurídica
(3) Obrigação mista
(a) Para entender as obrigações mistas, se faz necessário
pontuar as principais diferenças entre os direitos subjetivos:
pessoais e reais
(i) Direitos pessoais vs. Direitos reais
1. Quanto a tipicidade
a. Pessoais
i. Atipicidade, art. 405 do CC
ii. É possível celebrar obrigações e contratos que
não estejam previstos em lei.
b. Reais
i. Tipicidade – o rol do 1225 do CC é um rol
exemplificativo, contudo, isso não significa dizer
que os direitos reais não são típicos. Visto que,
não é possível criar um direito real que não
esteja previsto em lei.
2. Quanto aos destinatários
a. Pessoais
i. Certos e determinados
b. Reais
i. Incertos e indeterminados – exigir que toda a
coletividade se abstenha de violar o seu direito.
ii. Dever geral de abstenção
3. Quanto aos efeitos
a. Pessoais
i. Inter partes
b. Reais
i. Erga omnes
4. Quanto ao objeto
a. Pessoais
i. Coisa
b. Reais
5. Quanto a perpetuidade
a. Pessoais
i. Aqui ocorre prescrição ou decadência
b. Reais
i. Não são extintos pelo não uso
ii. Às vezes, o não uso é a forma de exercício de
alguns direitos reais
6. Quanto a aderência
a. Pessoais
b. Reais
i. Aderem ao patrimônio do titular
ii. Caráter ambulatorial – sequela
(b) As obrigações mistas estão numa “zona cinzenta” entre os
direitos subjetivos pessoais e reais
(i) Obrigação com eficácia real
1. Oponibilidade erga omnes
a. Exemplos: art. 586 do CC – Cláusula de vigência –
Contrato de locação
i. Só irá produzir efeitos em face de terceiro:
 Caso essa cláusula esteja expressa no
contrato;
 E, o contrato foi devidamente registrado
ii. Efeitos
 Impedirá a denúncia do contrato de
locação
2. Obrigação propter rem
a. Obrigações ambulatoriais - aderência: sequela e
ambulatoriedade.
i. Ex.: Digamos que “C” é proprietário de um
apartamento (IPTU, condomínio, taxa de
incêndio). E, está devendo 20k de condomínio. O
“D” comprou o apartamento, ou seja, se tornou
proprietário do apartamento e devedor das cotas
condominiais (até mesmo da dívida de 20k).
Entretanto, as obrigações propter rem que
apesar de serem ambulatoriais, não impedem
que o “D” exerça seu direito de regresso em face
do “C”.
b. O promitente comprador responde pelas obrigações
propter rem?
i. STJ (Recurso Repetitivo): o divisor de aguas
para transferências propter rem é a (tradição =
entrega das chaves) imissão na posse. Ciência
inequívoca do condomínio.
c. As obrigações que decorrem das normas de
proteção ao meio ambiente são obrigações propter
rem?
i. STJ  Sim. Legitimidade passiva é do novo
proprietário.
ii. Art. 18 §2º e 3º da lei 12.651/2012
d. As obrigações que decorrem do direito de
vizinhança são obrigações propter rem?
i. Conjunto de regras e princípios que regulam a
convivência entre vizinhos.
ii. STJ  Sim, são obrigações propter rem.
e. As obrigações propter rem se transferem nas
aquisições realizadas em hasta pública?
i. Hasta pública (adjudicação ou arrematação) 
aquisição originária.
ii. Adjudicação – obrigação propter rem pode ser
extinta pela confusão. Contudo, não há isenção
das demais obrigações.
iii. Arrematação – Em regra, o valor da venda se
sub-roga no valor da dívida.
3. Teoria do adimplemento
a. Em regra, decorre do pagamento.
b. Pagamento é o cumprimento voluntário da
obrigação independentemente de sua natureza.
c. Modalidades de pagamento – art. 304 ao 359
d. Formas de extinção
i. Novação
ii. Compreensão
iii. Remissão
iv. Confusão
v. Transação e Compromisso – Natureza de
contratos em espécie
e. Pagamento direto – art. 304 ao 333
i. Aquele realizado nos moldes contratados.
(Tempo, lugar e modo).
ii. Quem deve pagar?
 Terceiro interessado
o É aquele de quem o credor pode
exigir diretamente o
cumprimento da obrigação
(avalista e fiador) e também
aquele sofre as consequências
do inadimplemento (sublocatário
e cônjuge).
o Pode pagar? Sim.
o O que acontece quando um
terceiro interessado paga?
 Ocorre a sub-rogação (legal
ou convencional – art.
346/347 do CC)
 Efeitos translativos = faz
com que o terceiro
interessado assuma todas
as garantias e privilégios
que eram do credor.
o O terceiro interessado pode
consignar o pagamento?
 Art. 304, caput, do CC c/c
334 do CC.
o O devedor pode se opor ao
pagamento feito por terceiro
interessado?
 Sim, desde que comprove
que tem meios para ilidir a
obrigação do credor. Art.
306 do CC.
 Despatrimonialização do
direito civil.
 O terceiro tem que informar
ao devedor que pretende
pagar, permitindo que o
devedor se oponha ao
pagamento de forma
fundamentada.
 Terceiro não interessado
o Regra gera: Ato de liberalidade –
natureza de doação.
o Pagamento em nome e em conta
do devedor.
o É possível que as partes
convencionem a sub-rogação?
 Sim.
o Pode consignar o pagamento?
 Parágrafo único do art. 304
do CC. É possível consignar.
o No pagamento feito por terceiro
não interessado o devedor pode se
opor?
 O devedor pode se opor ao
pagamento sem a
necessidade de comprovar
que tem meios para ilidir as
obrigações 304, parágrafo
único c/c 187 ambos do CC.
o O terceiro não interessado que
paga em nome próprio tem direito
ao reembolso (direito de regresso),
mas não se sub-roga.
 Extingue a obrigação e tem
direito de regresso.
iii. Compra e venda – Obrigação de dar coisa certa
 Obrigação do vendedor é de transferir a
propriedade.
o Aquisição superveniente da
propriedade produz efeitos ex tunc
(pós eficacização do pagamento)
iv. A quem se deve pagar?
 Ao credor
 Representantes do credor
 Até mesmo quem não representa o credor
condicionada a ratificação do próprio
credor
o Quem é o credor putativo?
 Aquele que aparenta ser
credor, mas não é.
 O pagamento de boa-fé feito
a credor putativo extingue a
obrigação.
o Mandatário putativo?
 Aquele que aparenta ser um
representante do credor.
 Direito a quitação  direito do devedor.
 Objeto do pagamento:
o Dívida em dinheiro
 Valor nominal vs. Valor real
 Nominal – valor
estampado na moeda
 Real – poder de
compra

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