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por prerrogativa de função, ou foro privilegiado, na interpretação até aqui


adotada pelo Supremo Tribunal Federal, alcança todos os crimes de que são
acusados os agentes públicos previstos no art. 102, I, b e c da Constuição,
inclusive os praticados antes da investidura no cargo e os que não guardam
qualquer relação com o seu exercício. 2. Impõe-se, todavia, a alteração desta
linha de entendimento, para restringir o foro privilegiado aos crimes praticados
no cargo e em razão do cargo. É que a prática atual não realiza adequadamente
princípios constucionais estruturantes, como igualdade e república, por impedir,
em grande número de casos, a responsabilização de agentes públicos por crimes
de naturezas diversas. Além disso, a falta de efevidade mínima do sistema
penal, nesses casos, frustra valores constitucionais importantes, como a
probidade e a moralidade administrativa.
3. Para assegurar que a prerrogativa de foro sirva ao seu papel constitucional de
garantir o livre exercício das funções – e não ao m ilegímo de assegurar
impunidade – é indispensável que haja relação de causalidade entre o crime
imputado e o exercício do cargo. A experiência e as estatísticas revelam a
manifesta disfuncionalidade do sistema, causando indignação à sociedade e
trazendo despresgio para o Supremo. 4. A orientação aqui preconizada
encontra-se em harmonia com diversos precedentes do STF. De fato, o Tribunal
adotou idêntica lógica ao condicionar a imunidade parlamentar material – i.e., a
que os protege por 2 suas opiniões, palavras e votos – à exigência de que a
manifestação vesse relação com o exercício do mandato. Ademais, em inúmeros
casos, o STF realizou interpretação restriva de suas competências
constucionais, para adequá-las às suas nalidades. Precedentes. II. Quanto ao
momento da xação deniva da competência do STF 5. A parr do nal da
instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações
penais – do STF ou de qualquer outro órgão – não será mais afetada em razão de
o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava,
qualquer que seja o movo. A jurisprudência desta Corte admite a possibilidade
de prorrogação de competências constitucionais quando necessária para
preservar a efevidade e a racionalidade da prestação jurisdicional. Precedentes.
III. Conclusão 6. Resolução da questão de ordem com a xação das seguintes
teses: “(i) O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes
comedos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas; e (ii) Após o final da instrução processual, com a publicação do
despacho de inmação para apresentação de alegações finais, a competência
para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente
público vir a ocupar cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o
movo”. 7. áplicação da nova linha interpretava aos processos em curso.
Ressalva de todos os atos praticados e decisões proferidas pelo STF e demais
juízos com base na jurisprudência anterior. 8. Como resultado, determinação de
baixa da ação penal ao Juízo da 256ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, em razão
de o réu ter renunciado ao cargo de Deputado Federal e tendo em vista que a
instrução processual já havia sido nalizada perante a 1ª instância. (AP 937 QO,
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno,

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julgado em 03/05/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-265 DIVULG 10-12-2018


PUBLIC 11-12-2018)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 13.


ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. pp. 114-115; 118-120.

DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 – UFG

Segundo o Código de Processo Penal (Decreto-Lei n. 3.689/1941), no que se


refere ao inquérito, incumbe à autoridade policial, quando do conhecimento da
práca de infração penal, realizar determinados atos e diligências nele previstos.
Assim, disserte a respeito de tais determinações, incluindo a inspirada pelas
Regras de Bangkok.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

Dentre as determinação destinadas à autoridade policial pelo CPP quando


da ocorrência de crime ou contravenção, o art. 6º traz um rol exemplicativo: se
dirigir ao local, apreender objetos, colher provas, ouvir o ofendido e o indiciado,
proceder ao reconhecimento de pessoas e coisas, realizar a acareação, proceder
ao exame de corpo de delito e quaisquer outras perícias, ordenar a identificação
do indiciado, fazer juntar a folha de antecedentes, averiguar a vida pregressa do
indiciado e colher informações sobre a existência de lhos e a idade de cada um,
se possuem alguma deciência e o contato de eventual(is) responsável(is) pelo
cuidado deles, a ser indicado pela pessoa presa.

Acerca das Regras de Bangkok, Durante a 65ª Assembleia Geral da


Organização das Nações Unidas, realizada em dezembro de 2010, foram
aprovadas as Regras Mínimas para Mulheres Presas, por meio das quais os
Estados-membros, incluindo-se o Brasil, reconhecem a necessidade de
estabelecer regras de alcance mundial em relação a considerações especícas
que deveriam ser aplicadas a mulheres presas e infratoras. Elas foram elaboradas
para complementar, se for adequado, as Regras Mínimas para o Tratamento dos
Reclusos e as Regras Mínimas das Nações Unidas para Elaboração de Medidas
Não Privativas de Liberdade (Regras de Tóquio), em conexão com o tratamento
a mulheres presas ou alternativas ao cárcere para mulheres infratoras.

Nesse diapasão, deve-se asseverar que tais regras são inspiradas por
princípios contidos em várias convenções e resoluções das Nações Unidas e estão,
portanto, de acordo com as provisões do direito internacional em vigor. Elas são
dirigidas às autoridades penitenciárias e agentes de justiça criminal,

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incluindo os responsáveis por formular polícas públicas, legisladores, o


ministério público, o judiciário e os funcionários encarregados de scalizar a
liberdade condicional envolvidos na administração de penas não privativas de
liberdade e de medidas em meio comunitário.

DELEGADO DE POLÍCIA – PCBA – 2018 – VUNESP

Considere a seguinte situação hipotética. O Tribunal de Contas dos Municípios


do Estado da Bahia encaminha cópia de acórdão ao Ministério Público Estadual,
que, por sua vez, remete os autos à Polícia Civil do Estado da Bahia, que
nalmente distribui o documento para análise da 1ª Delegacia de Polícia de
Salvador. Segundo o acórdão, que foi trazido ao conhecimento do Delegado de
Polícia, a Corte de Contas julgou, por decisão unânime, irregular o contrato
rmado entre a Prefeitura Municipal de Salvador e a Fundação Instituto de
Pesquisas em Diagnóscos por Imagem, aos 6 de junho de 2016, cujo objeto era
a realização de exames de imagem em geral, como Raios-X e Ultrassonograas,
para a população atendida pelas unidades de saúde municipais, em especial nas
Unidades de Pronto Atendimento – UPAs e nos Mulcentros. Consta do processo
administravo, cuja cópia também foi encaminhada, que a dispensa de licitação
fundou-se no art. 24, inciso XIII, que arma ser dispensável a licitação “na
contratação de instuição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente
da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento instucional, ou de instituição
dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha
inquestionável reputação éco- prossional e não tenha ns lucravos”.
“egundo o Tribunal de Contas, a infringência estaria na dispensa de licitação,
posto que esta não seria aplicável ao caso em tela, por falta de juscava, em
razão do objeto contratado ser comum. Ainda segundo a Corte de Contas, cou
demonstrado que os exames contratados são realizados por outros
estabelecimentos particulares por preços 30% mais baratos, em média. Se você
recebesse a documentação referida na qualidade de Delegado de Polícia, caberia
a instauração de Inquérito Policial? Justifique sua resposta, levando em conta os
aspectos procedimentais e materiais envolvidos no caso.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

O inquérito deve ser instaurado, já que a autoridade possui a obrigação


de instaurá-lo, independentemente de provocação, sempre que tomar
conhecimento imediato e direto do fato criminoso.

No caso em tela, a informação enviada pelo Tribunal de Contas dos


Municípios da Bahia consiste em uma notia criminis, que provocou o
conhecimento do fato por parte da autoridade policial (art. 5º, I, do CPP). Do
ponto de vista material, o art. 89 da Lei nº 8.666/93 prevê que é crime dispensar
ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de

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observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, punido


com pena de detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

A situação do enunciado demonstra que a dispensa não está juscada,


pois muito embora seja possível a dispensa da licitação para contratação de
instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente de pesquisa,
ensino ou desenvolvimento institucional, nos termos do art. 24, XIII, da Lei nº
8.666/93, a contratação não possui tal objeto. A contratação tem como objeto
uma prestação de serviços comum, de exames de imagem, logo, não se relaciona
com pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional das unidades da
Secretaria Municipal de Saúde.

Isso faz com que a contratação por dispensa seja injusticada, por
inexistir a razão que lhe movaria. Como prescreve o art. 26, caput, e parágrafo
único, II, da Lei nº 8.666/93, a dispensa deve ser necessariamente justicada,
devendo constar as razões de escolha do fornecedor ou executante. Só haveria
sentido em contratar uma instituição de pesquisa, ensino ou desenvolvimento
institucional se a Secretaria Municipal buscasse obter com a contratação uma
pesquisa, o ensino de algo ou, ainda, o aperfeiçoamento de suas ações.

Assim, um mero contrato de prestação de serviços de imagem não


justica a dispensa, porque qualquer prestador da área poderia fornecer os
serviços, não sendo necessário que uma instituição de pesquisa o zesse. Há que
se considerar, ainda, que conforme a jurisprudência do STF e do STJ, para a
caracterização do delito previsto no art. 89 da Lei de Licitações, demanda-se a
comprovação de efevo prejuízo ao Poder Público e que, com a conclusão do
Tribunal de Contas de que os preços praticados pela Fundação foram cerca de
30% superiores àqueles praticados pelo mercado, há fortes indícios de ocorrência
dano ao Erário no sobrepreço praticado.

Havendo, assim, elementos que apontam para a materialidade do crime,


certamente cabe a instauração de inquérito policial para apuração da autoria e
consolidação das provas da materialidade. Por tais razões, a resposta deve ser
armativa, no sentido de que inexiste justicativa para a dispensa, o que, em
tese, implica na possibilidade de comemento do crime do art. 89 da Lei Geral de
Licitações, cuja ação penal é pública e incondicionada.

Por fim, importante mencionar que os Tribunais de Contas não analisam


tais aspectos sob a ótica do Direito Penal, de modo que seria necessária a
instauração de inquérito exatamente para apurar se estão, ou não, presentes ao
menos de forma indiciária, os requisitos necessários à propositura da ação penal.
Com isso, um arquivamento ou uma oferta de denúncia, na forma como o caso
foi exposto, seria uma conduta inadequada, por prematura ou açodada, pois
haveria que se perquirir da intenção do agente e da ocorrência do prejuízo.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

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SIM, pois a autoridade tem a obrigação de instaurar o inquérito policial,


independentemente de provocação, sempre que tomar conhecimento imediato
e direto do fato criminoso. No caso em tela, a informação enviada pelo Tribunal
de Contas dos Municípios da Bahia consiste em uma noa criminis, que
provocou o conhecimento do fato por parte da autoridade policial (Código de
Processo Penal, art. 5.º, inciso I). Do ponto de vista material, o art. 89 da Lei
Federal n.º 8.666/93 prevê que é crime dispensar ou inexigir licitação fora das
hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pernentes à
dispensa ou à inexigibilidade, punido com pena de detenção, de 3 (três) a 5
(cinco) anos, e multa. No caso em tela, a dispensa não está juscada, pois muito
embora seja possível a dispensa da licitação para contratação de instuição
brasileira incumbida regimental ou estatutariamente de pesquisa, ensino ou
desenvolvimento instucional, nos termos do art. 24, inciso XIII, da Lei Federal
n.º 8.666/93, a contratação não possui tal objeto. A contratação tem como
objeto uma prestação de serviços comum, de exames de imagem, logo, não se
relaciona com pesquisa, ensino ou desenvolvimento instucional das unidades
da Secretaria Municipal de Saúde. Isso faz com que a contratação por dispensa
seja injuscada, por inexistir a razão que lhe motivaria. Como prescreve o art.
26, caput, e parágrafo único, inciso II, da Lei de Licitações, a dispensa deve ser
necessariamente juscada, devendo constar as razões de escolha do
fornecedor ou executante. Ora, só haveria sendo em contratar uma instuição
de pesquisa, ensino ou desenvolvimento instucional, se a Secretária Municipal
visasse a obter com a contratação uma pesquisa, o ensino de algo ou, ainda, o
aperfeiçoamento de suas ações. Assim, um mero contrato de prestação de
serviços de imagem não jusca a dispensa, porque qualquer prestador da área
poderia fornecer os serviços, não sendo necessário que uma instuição de
pesquisa o zesse. Há que se considerar, ainda, que conforme a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Jusça, para a
caracterização do delito previsto no art. 89 da Lei de Licitações, é necessária
comprovação de efevo prejuízo ao Poder Público e que, com a conclusão do
Tribunal de Contas de que os preços pracados pela Fundação foram cerca de
30% superiores àqueles pracados pelo mercado, há fortes indícios de
ocorrência dano ao Erário no sobrepreço praticado. Havendo, assim, elementos
que apontam para a materialidade do crime, certamente cabe a instauração de
inquérito policial para apuração da autoria e consolidação das provas da
materialidade. Por tais razões, a resposta deve ser armativa, no sentido de que
inexiste juscava para a dispensa, o que, em tese, implica na possibilidade de
cometimento do crime do art. 89 da Lei Geral de Licitações, cuja ação penal é
pública e incondicionada. CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE Descrição
Pontuação Máxima N1 - Obrigação de instaurar diante da noa criminis 6 N2 -
Crime previsto na Lei de Licitações (dispensa irregular) 6 N3 - Dispensa realizada
não obedece às previsões legais e o preço foi 30% superior ao pracado pelo
mercado 6,5 N4 - Ausência de justificava para dispensa 6,5 N5 – Descontos -1
TOTAL 25 Observações: 1. Problemas relacionados à falta de objevidade,
clareza, ortografia e ao não emprego da norma culta da língua portuguesa
implicarão em prejuízo da nota atribuída, descontando-se até 1

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ponto da nota total da questão. 2. Se a resposta for negava ou omissa ao


apontar na resposta uma decisão sobre o cabimento ou não da instauração de
Inquérito Policial, a nota da questão será ZERO. Tal conduta – arquivamento –
não se jusca perante os elementos constantes do caso proposto e nem diante
da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
Isso porque os julgados dos Tribunais Superiores indicam a predominância do
entendimento de que para a Concurso Público consumação do crime previsto no
art. 89 da Lei Federal n.º 8.666/93 é necessário o dolo específico (ou elemento
subjetivo do po) de causar lesão ao Erário e a comprovação do efevo prejuízo
(ver, no Supremo Tribunal Federal, Inq. 2.482/MG e no Superior Tribunal de
Jusça, APn 480-MG e AgRg no REsp 1499915/PR). Pois bem, os Tribunais de
Contas não analisam tais aspectos sob a óca do direito penal, de modo que seria
necessária a instauração de inquérito exatamente para apurar se estão, ou não,
presentes ao menos de forma indiciária, os requisitos necessários à propositura
da ação penal. Assim, um arquivamento ou uma oferta de denúncia, na forma
como o caso foi exposto, seria uma conduta inadequada, por prematura ou
açodada, pois haveria que se perquirir da intenção do agente e da ocorrência do
prejuízo. Da mesma forma, a armação da apicidade da conduta ensejar a não
instauração de inquérito, por se tratar de um serviço, também não mereceu
pontuação, pois o po penal de dispensa irregular de licitação não faz qualquer
menção a uma espécie de objeto. Ou seja, independentemente se o objeto é
aquisição de bens ou prestação de serviços, a dispensa seria ilícita. 3. CRITÉRIOS
DE N1 – Foram aceitas como corretas as respostas que apontaram que o
recebimento da decisão do Tribunal de Contas caracteriza-se como notitia
criminis, bem como as respostas que consideraram que o Inquérito Policial teria
que ser instaurado em razão de a remessa da decisão do Tribunal de Contas, pelo
Ministério Público caracterizar uma requisição, considerando as hipóteses dos
incisos I e II do art. 5.º do Código de Processo Penal. 4. CRITÉRIOS DE N2 – Para
pontuar no item N2 era necessária a correta idencação do delito, qual seja, o
crime de dispensar irregularmente licitação, conforme previsto no art. 89 da Lei
Federal n.º 8.666/93. Não foram consideradas corretas as respostas que
afirmaram a ocorrência do crime de fraude à licitação, pois este é o tipo penal
previsto no art. 90 da referida Lei de Licitações, em que ocorrer ajuste,
combinação ou qualquer outro expediente, que tenham por nalidade suprimir
o caráter compevo do procedimento licitatório. 5. CRITÉRIOS DE N3 – Neste
item foram considerados dois elementos para a atribuição de nota máxima: a
impernência da dispensa para um serviço comum que não precisaria ser
realizado por uma instuição de pesquisa; o valor pracado estar
signicavamente acima daquele pracado pelo mercado, o que indicaria
possível prejuízo ao Erário, cuja comprovação é exigida para a conguração do
crime, de acordo com a já citada jurisprudência do Superior Tribunal de Jusça e
do Supremo Tribunal Federal. Na falta de um dos dois elementos, a nota
atribuída foi parcial. 6. CRITÉRIOS DE N4 – As respostas que fizeram alusão a um
suposto foro de prerrogava de função do Prefeito também foram consideradas
incorretas no critério de correção, já que o enunciado, em

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momento algum, arma que o Prefeito parcipou da dispensa de licitação. Muito


pelo contrário, o enunciado é omisso, propositadamente, no quesito autoria,
para que houvesse fundamento para instauração de inquérito já que haveria
indícios de materialidade, mas nenhuma informação sobre a autoria. DIREITO
PENAL: Lei Federal nº 8.666/1993 (crimes nas licitações e contratos da
administração pública). DIREITO ADMINISTRATIVO: Licitações. Objeto e
nalidade. Destinatários. Princípios. Contratação direta: dispensa e
inexigibilidade. Controle e responsabilização da administração: controle
administravo, controle judicial, controle legislavo.

DELEGADO DE POLÍCIA - PCRN - 2008 – CESPE

Considerando que a Constuição da República Federava do Brasil (CF) prevê a


independência e harmonia entre os seus três poderes (art. 2.º da CF), assim como
a adoção do chamado sistema acusatório, surgem indagações jurídicas a respeito
da possibilidade de a invesgação criminal ser levada a efeito por órgãos diversos
do aparato componente da segurança pública (art. 144 da CF). Nesse contexto, a
ciência processual vem aceitando a perquirição pré- processual por órgãos
diversos do policial, mas sempre procurando aclarar e minudenciar limites legais.
Considerando as argumentações condas acima, redija, objetivamente, um texto
dissertavo acerca do seguinte tema. - LIMITES DA INVESTIGAÇÃO NO BRASIL
POR ORGANISMOS ESTRANHOS À POLÍCIA - Ao
elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: 1-
existência de previsão, no Código de Processo Penal, a respeito da possibilidade
de invesgação por outras autoridades administravas mediante previsão legal
para tanto; 2- função invesgava das comissões parlamentares de inquérito:
abrangência, previsão constitucional e limites; 3- possibilidade de invesgação
levada a efeito por membro do Poder Judiciário; 4- invesgação por membro do
Ministério Público.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A carta maior brasileira estabeleceu, no seu art. 144, um rol taxativo dos
órgãos responsáveis pela preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio. A doutrina costuma entender que as atribuições dos
órgãos públicos que atuam na persecução penal são elencadas na Constituição
Federal, sendo também conrmadas pela legislação infraconstitucional. Com
isso, não há margens para dúvidas sobre qual é o papel de cada agente público
na tarefa de prevenir ou reprimir infrações penais.

À Polícia Militar e à Polícia Rodoviária Federal são incumbidas da missão de


policiamento ostensivo e preservação da ordem pública, e de patrulhamento
ostensivo das rodovias federais, respectivamente (argo 144, §§ 12º e 5º, da
CRFB).

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Já à Polícia Civil e à Polícia Federal incumbem as funções de polícia judiciária


e apuração de infrações penais (argo 144, §§ 1º e 4º, da CRFB). Portanto,
estabeleceu o Poder Constuinte Originário que as polícias civis e a polícia federal
desempenham a função de polícia judiciária e investigativa.

Verica-se que a função investigativa (repressiva) pertence à polícia civil ou


à polícia federal. Já a função de polícia administrava, preventiva e ostensiva,
cuja razão de ser é evitar a ocorrência de um fato criminoso, é desempenhada
pela polícia militar, polícia rodoviária federal e, excepcionalmente, pela polícia
federal, quando exerce a função de polícia maríma, aeroportuária e de
fronteira.

No entanto, apesar de, em regra, a atribuição investigativa pertencer à


polícia judiciária, não signica dizer que esta tem exclusividade. O próprio Código
de Processo Penal estabelece, em seu art. 4º, parágrafo único, que a referida
competência não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja
comeda a mesma função. Significa dizer que outros órgãos, desde que
autorizados por lei, poderão exercer função invesgativa.

Nesse sendo, dentre os órgãos autorizados por lei a conduzirem investiga-


ções estão a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), o Conselho de Atividades
Financeiras (COAF) e, no caso de crime militar, as polícias militares, forças
armadas e o corpo de bombeiros, através do Inquérito Penal Militar. As
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) possuem autorização constucional
para desempenharem avidades investigativas.

A doutrina ensina que a CPI só pode investigar fatos precisos e determina-


dos, desde que sejam de interesse público. Além disso, com relação aos poderes
da CPI, não obstante constar do texto constitucional que terão poderes próprios
das autoridades judiciais, é pacíco o entendimento de que eles não alcançam as
chamadas “cláusulas de reserva de jurisdição”.

Estas apenas podem ser decretadas pelo Judiciário, com total exclusão de
qualquer outro órgão estatal acerca da práca de determinadas restrições a di-
reitos e garantias individuais, como a violação ao domicílio durante o dia (art.5º,
XI, da CRFB), prisão, salvo o agrante delito (art. 5º, LXI, da CRFB), interceptação
telefônica (art. 5º, XII, da CRFB) e afastamento de sigilo de processos judiciais.

No entanto, a doutrina e Jurisprudência majoritárias entendem que o


princípio constitucional da reserva de jurisdição não alcança a quebra de sigilo,
já que a própria CRFB determina competência à CPI para decretar, sempre de
forma motivada, a excepcional ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas.
Por isso, é possível à CPI decretar a quebra de sigilo bancário, scal e telefônico
(refere-se ao registro das ligações efetuadas e recebidas por determinado
terminal telefônico – extrato das ligações -, o que não se confunde com a
interceptação telefônica, que é a captação da comunicação telefônica

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alheia por um terceiro, em tempo real, sem o conhecimento de nenhum dos


comunicadores).

Tema que causa bastante debate na doutrina e na Jurisprudência é a


possibilidade (ou não) de o membro do Ministério Público desempenhar função
invesgatória.

Parte da doutrina defende o poder investigatório do parquet com base na


teoria dos poderes implícitos, importada do direito Norte Americano. Tal teoria
versa que a Constituição, ao conceder uma avid ade-m a determinado órgão
ou instituição, culmina implicitamente a ele também conceder todos os meios
necessários para a consecução daquele objetivo.

Logo, se a CRFB atribuiu ao Ministério Público a tularidade de promover a


ação penal pública, implicitamente deu a possibilidade de realizar investigações
criminais. No entanto, cabe destacar que não há lei em sendo estrito, bem como
mandamento constucional expresso possibilitando que seus membros
promovam investigações criminais.

O STF e o STJ enfrentaram o tema por diversas vezes. Prevalece a ideia de


que o Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade
própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que res-
peitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou pessoa sob
invesgação do Estado.

Somado a isso, devem ser observadas, sempre, por seus agentes, as hipó-
teses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogavas pros-
sionais de que se acham investidos os advogados, sem prejuízo da possibilidade
– sempre presente no Estado democráco de Direito – do permanente controle
jurisdicional dos atos, necessariamente documentados.

Por m, cabe destacar que o Judiciário deve abster-se de promover atos


invesgatórios. Isso porque a investigação promovida por ele é incompatível com
o sistema acusatório, que se caracteriza pela presença de partes distintas,
contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, e a ambas se
sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial.

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MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

ANALISTA JUDICIÁRIO - CNJ – CESPE - 2013

A Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro


(ENCCLA) visa à arculação e à atuação conjunta de órgãos públicos que
trabalham com scalização, controle e inteligência como forma de aperfeiçoar a
prevenção e o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro. O Conselho
Nacional de Jusça (CNJ) integra o grupo de instuições públicas comprometidas
com a ENCCLA, que hoje reúne cerca de setenta órgãos dos Poderes Executivo,
Legislavo e Judiciário, tanto no âmbito federal quanto no estadual, além do
Ministério Público. Esses órgãos se encontram anualmente para estabelecer
metas para o desenvolvimento de políca pública ecaz na coibição de crimes
de corrupção e lavagem de dinheiro. Entre as metas da ENCCLA, o CNJ
regulamentou a criação do Sistema Nacional de Bens Apreendidos, ferramenta
que concentra em um único banco de dados as informações a respeito dos bens
apreendidos em procedimentos criminais em todo o território nacional. Internet:
(com adaptações). Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter
unicamente motivador, redija texto dissertativo a respeito das medidas
assecuratórias da apreensão de bens que podem ser determinadas durante a
persecução penal. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes
aspectos: 1- medidas assecuratórias de apreensão de bens previstas no Código
de Processo Penal; [valor: 6,00 pontos] 2- diferenças entre as medidas
assecuratórias de apreensão de bens; [valor: 12,00 pontos]3- hipóteses legais de
levantamento/cancelamento da medida especíca para bens adquiridos com os
proventos da infração. [valor: 10,50 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:
O Código de Processo Penal prevê, em seus arts. 125 a 144-A, as seguintes
medidas assecuratórias de apreensão de bens: sequestro, especialização e
registro da hipoteca legal, arresto prévio, arresto subsidiário de bens móveis e
alienação antecipada.

O sequestro é uma medida cautelar de natureza patrimonial, consistente


no ulterior perdimento de bens como efeito da condenação (consco) ou no
interesse privado do ofendido na reparação do dano causado pela infração penal,
que recai sobre bens ou valores adquiridos pelo investigado ou acusado com os
proventos da infração. Os bens sequestrados, entretanto, podem ser levantados
caso a ação penal não seja intentada em 60 dias, ou ainda: se admida caução
prestada por terceiro; se exnta a punibilidade ou se o acusado for absolvido; e,
por m, caso eventuais embargos sejam procedentes.

De outro lado, a especialização e registro da hipoteca legal se darão para


a satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais, em
favor do ofendido ou de seus herdeiros. Já o arresto prévio de bem imóvel é uma
medida preparatória da inscrição da hipoteca legal, de natureza

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