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A1, 2020.1, Isadora Tolentino de Souza, 820112827, DIR1AN-BUA.

Questão 1: De acordo com Alysson Mascaro (Texto 1), as relações entre


direito e justiça podem ser paradoxais, sendo que o fenômeno jurídico
contemporâneo pode assumir tanto a face da técnica quanto da ideologia.
Laerte (Figura - Tirinha), por exemplo, satiriza os desencontros entre o ideário
da justiça e a aplicação concreta do direito. Levando isso em consideração,
explique (a) como o direito enquanto técnica pode afastar o direito da justiça,
(b) como o direito enquanto técnica pode aproximar o direito da justiça e (c)
como o direito enquanto ideologia pode moldar as relações entre direito e
justiça.

Quando se pensa em Direito, logo vem-se a ideia de justiça em mente. Um aluno ao


iniciar uma graduação em Direito, ingressa com a ideia de ‘’querer fazer justiça’’,
mas infelizmente no decorrer do curso e no decorrer de algumas aulas, se depara
com a verdadeira realidade do Direito, e logo percebe que ‘’querer fazer justiça’’ não
é tão simples como parece.

O Direito é definido como conjunto de normas jurídicas de um país, aquilo que é


justo e reto perante a lei. Quando o Direito é aplicado em determinada situação, nem
sempre será aplicado justamente, pois o que é justo ou injusto depende do momento
ou local em que o julgado está inserido.

Por exemplo, um cidadão que estava com muita fome e sem mais soluções para
acabar com esta situação, não teve outra alternativa no momento e acabou furtando
dois pacotes de bolacha de um mercado. Uma outra situação seria um cidadão que
intencionalmente roubou algo/alguém. Os dois cidadãos serão julgados, cada um
com uma sentença diferente determinada por um Juiz, mas independente de
qualquer situação, sendo intencional ou não, eles serão julgados e punidos assim
como a lei rege.

Por mais que o Direito não esteja tão próximo da justiça quanto necessário,
depende da justiça, pois o Direito sem justiça não serve para nada e não consegue
atingir seu objetivo final. Para a justiça ser aplicada, precisa de normas que a regem
para poder julgar corretamente.

Quando parece que o Direito está muito afastado da justiça, é aí que estão mais
próximos. Por mais que o Direito não seja tão justo quanto parece, as normas são
seguidas de maneira correta, mas infelizmente não são julgadas da melhor maneira.

Eduardo Juan Couture, é autor de uma frase muito interessante: ‘’Teu dever é lutar
pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a justiça, luta pela
justiça’’. Por mais que o Direito seja o ponto de partida para reger uma sociedade,
ele não deve ser exclusivo e o mais vangloriado. O Direito sem justiça não pode ser
aplicado, pois não serve para nada. O Direito não é maior que a justiça, e nem a
justiça maior que o Direito, ambos precisam caminhar lado a lado.

A definição de ideologia é, conjunto de ideias ou pensamentos de um indivíduo ou


de uma sociedade. O Filósofo Karl Marx, define ideologia de uma maneira diferente,
pode-se dizer que ele não acredita que a ideologia seja para toda massa
populacional, mas sim para a massa populacional burguesa. Todos os interesses
vão a favor da burguesia.

Pode-se dizer que sim, o Direito é ideológico a partir do momento em que cria as
normas levando em consideração os pensamentos de uma sociedade. E para poder
agir em cima desta ideologia e normas criadas, há a necessidade de justiça. É um
ciclo, desde o momento em que são criadas todas as bases para uma sociedade,
até o momento em que tudo é colocado em prática.

Justiça seria uma dimensão da racionalidade humana que encara nas relações
entre as pessoas o que é devido a cada um, dependendo do contexto.
Diferentemente do Direito que estabelece o tempo todo uma relação com esta
dimensão, mas que diz respeito a um produto social encarnado muitas vezes na
figura do estado.

Existe uma relação muito tensa no que as pessoas acham que é justo, e o que na
verdade é lícito e direito. Ideologia é baseada na sociedade, mas nem tudo o que a
sociedade acredita que seja justo e lícito é, perante a lei.

Referências:

- https://elfacchi.jusbrasil.com.br/artigos/184075346/direito-e-justica-ou-o-direito-e-
justo

- Mascaro, Alysson Leandro. Introdução ao estudo do Direito. Capítulo XV. São


Paulo: Editora Atlas, 2019, p.266-277.
Questão 2: A partir dos textos acima, elabore um texto na forma dissertativa
sobre as divergências e convergências acerca da concepção de “Estado de
Direito” na visão do juspositivismo estrito e ético.

O juspositivismo estrito que se iniciou no século XX, ficou conhecido como uma
corrente que explica que o Direito é o próprio Direito, ou seja, não importa o
conteúdo da norma e sim o estudo e a análise da norma jurídica. Neste período,
houve o conhecimento e desenvolvimento de uma nova compreensão em relação ao
juspositivismo pleno, na qual há uma identificação estrita do fenômeno do Direito à
forma estatal.

Hans Kelsen, Filósofo e Jurista, foi responsável pela criação da ‘’Teoria pura do
Direito’’. Trata-se da teoria geral do Direito e não de interpretações individualistas de
normas jurídicas. Essa teoria vem dos valores, considerações morais, cultura e
ideologia. O método de Kelsen em relação ao juspositivismo estrito é analítico, pois
em sua análise ele faz comparações, sistematizações, estabelece as diferenças e as
semelhanças. Assim, examina a norma parte por parte.

Alf Ross e Herbert Hart foram outros dois filósofos de muita importância no
juspositivismo estrito. Para eles era de maior importância conhecer a análise do
juspositivismo a partir de quadrantes realistas. Eles acreditavam que as normas
tinham que ser analisadas sim, mas sempre com um fundo de realidade. A norma
nunca será como a ciência quer, mas sim como o Juíz deseja, na prática concreta.

O juspositivismo ético começou a influenciar com mais força no final do século XX e


em início do século XXI, em tempos de neoliberalismo (doutrina socioeconômica que
retoma os antigos ideais do liberalismo clássico ao preconizar a mínima intervenção
do Estado na economia, através de sua retirada do mercado). Este juspositivismo
ficou conhecido como uma corrente jurídica que se importa com os valores,
princípios e éticas, mas não deixando de lado ordens estatais e nem o Direito
positivo, e são todos extraídos do consenso social.

Este juspositivismo não refere-se à religiosidade só poque fala de ética, mas refere-
se à histórias socialmente construídas. Este juspositivismo não busca a verdade,
mas sim os princípios e costumes construídos por uma sociedade.

Jürgen Habermas, Filósofo e Sociólogo, propôs uma reflexão de princípios éticos a


partir do consenso social. Habermas diz que, ‘’Os homens agem comunicativamente
em busca de consenso’’ (1970). Ele tem por base sua obra, que é a ‘’Teoria do agir
comunicativa’’, que se iguala ao consenso e não a verdade.

Referências:
- Mascaro, Alysson Leandro. Introdução ao estudo do Direito. Capítulo V. São Paulo:
Editora Atlas, 2019, p.84-87.

- Kelsen, Hans. Teoria pura do Direito. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2006, p.1.

- Mascaro, Alysson Leandro. Introdução ao estudo do Direito. Capítulo V. São Paulo:


Editora Atlas, 2019, p.87-88.

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