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LIÇÕES ATUAIS DA FÁBULA: “A REVOLUÇÃO DOS BICHOS”.

1 – Introdução:
De início, parece razoável fazer uma breve exposição histórica da evolução no uso das fábul
a Grécia Antiga, a fábula tinha o fito de entreter à polis; na idade medieval e modern
a, o de transmitir lições morais rudes relativas ao cotidiano; já, na atualidade, coub
e à George Orwell, através da obra “A Revolução dos Bichos” (1945), o aprimoramento na util
zação desse gênero literário, estendendo sua lição a um ente superior ao indivíduo, isto é,
tado.
Em outras palavras, a singularidade dessa fábula consiste nela priorizar uma temátic
a de cunho jurídico-sociológica pertinente à coletividade social, tais como: a necessi
dade de qualificação do ensino e, a representação política equânime, a título de, efetivaçã
ireitos naturais de cada cidadão - ao contrário, de antanho, quando o indivíduo era o
cerne da questão
Daí, lançar mão desse clássico, para dissecarmos à problemática do sistema jurídico pátrio
ositivismo contemporâneo), juntamente com suas respectivas soluções. Antes, porém, uma sín
tese da obra.

2 – Síntese da fábula: “A Revolução dos Bichos”.


A trama de Orwell gira em torno do sonho que tivera um porco ancião (velho Major),
reputado como o mais sábio dentre todos animais. A natureza desse sonho consistia
numa revolução contra a opressão humana, com o intuito de, assenhorar-se dos meios e
frutos de produção, bem como, formarem uma irmandade. Para tanto, os animais não dever
ia incorrer nos mesmos vícios do homem, a saber: dormir em camas, usar roupas, beb
er álcool, ou fazer comércio, sob pena de, verem malograda à revolução.
Ao final, o vetusto porcino, admoestou-os a que jamais tiranizassem outro animal
, pois todos eram iguais. Esse sermão, constitui-se na base da doutrina que mais t
arde viria a ser chamada de animalismo.
Todavia, o velho suíno, não viveu para ver concretizado o sonho; falece, três noites,
após, contá-lo aos seus “camaradas”. Então, eis que recai o comando da causa, a dois outro
s porcos: “Bola-de-neve” e “Napoleão”. Este era “ um cachaço (...), de aparência ameaçadora
pouco falante, mas com reputação de possuir grande força de vontade ”; já, aquele, era “ m
is ativo (...) de palavra mais fácil...” contudo, “não gozava da mesma reputação quanto à s
dez de carácter...” ( A REVOLUÇÃO DOS BICHOS. 1945, pg. 18,19).
Ocorre que, enquanto “Bola-de-Neve” granjeava respeito e admiração nas reuniões, com seus
discursos eloquentes e visionários sobre as mais variadas técnicas; “Napoleão”, semeava o
medo, o terror, e a mentira nos bastidores – buscava ele explorar à ignorância dos ani
mais incautos.
Em consequência, “Napoleão” retira, com facilidade, “Bola-de-Neve” de cena, e apossa-se do
oder. Então, inicia-se uma nova forma de opressão: de animal para animal. Rapidamen
te, o que prometia ser uma sociedade solidária e dinâmica, transforma-se, agora, num
a autocracia hiperestratificada.
Vale destacar a sagacidade do barrão ditador (napoleão) para manipular as “massas”. Ele
se utilizava de dados estatísticos falsos, a título de, reforçar à idéia de melhoria de vi
da aos animais. Como fosse todos animais iletrados, essas artimanhas obtiveram êxi
to (depois, do banimento de “Branca-de-Neve”, cessaram-se as aulas de alfabetização).
Até mesmo os sete mandamentos, aprovado por maioria absoluta na primeira assembléia
e, que sintetizavam a doutrina do animalismo idealizada pelo “velho Major”: foram a
lterados no sentido, exatamente, oposto; o que, somente, foi possível - friso -, g
raças à ignorância dos outros animais.
3 – Lições ao ordenamento positivista brasileiro.

Todos hemos de convir que a legislação vigente em nosso país, por vezes, entra em rota
de colisão com os interesses da sociedade a quem deveria, ao contrário, beneficiar.
Haja vistas, expressões do tipo: “ isso são brechas da lei”, “ essa lei é injusta”, ou “es
i é muito branda”. Daí, inferir que o modelo jurídico brasileiro, isto é, o Juspositivismo
1 contemporâneo (ou Pós-positivismo) vem sofrendo sensível desgaste, senão, falência, em d
etrimento de sua proposta inicial.
Visto que, o Positivismo Jurídico surgiu no afã de impor à sociedade uma convivência pacíf
ica e ordeira, seguindo padrões da razão humana ou de uma entidade metafísica cosmológic
a, contanto que, representasse à vontade popular (SABADELL, 2002). Em outras palav
ra, Cícero, Jurista romano, ao elaborar à norma positivista, fê-lo admitindo a possibi
lidade da co-existência entre o Direito Posto e o Direito Natural2 (Jusnaturalismo
), independente de suas fontes (REALE, 1984).
Diante dessas explanações é válido aduzir que o Brasil, sob a égide desse sistema oligárqui
o Pós-positivista, afastado dos ideais de Cícero, fatalmente, tornar-se-á, na fazenda
de Napoleão – isto é, num lugar, onde a representação das minorias é nula. No entanto, exis
em três remédios em nossa Constituição contra esse processo corrosivo à democracia, a sabe
r: Plebiscito, Lei de Iniciativa Popular e/ou Comissões de legislação Participativas (
CLP). Essa última, permite que, inclusive, a população por meio de associações ou entidade
s civis, proponha, interfira ou altere projetos de leis apresentadas por deputa
dos. Logo, falta-nos consciência política para querer se utilizar de tais dispositiv
os, pois, nesse caso: querer é poder.

O Juspositivismo é uma uma corrente filosófica do Direito, segundo, a qual


, os indivíduos necessitam de um ente máximo, o Estato, a fim de, dirimir suas demad
as e conflitos sociais. Essa teoria se estriba no Contratualismo Social de Thoma
s Hobbes (Século XVII).
O Direito Natural ou Jusnaturalismo tivera seu nascedouro na Grécia Antiga e, cons
iste na crença de leis universais, permanentes e estáveis advindas do cosmos, respon
sáveis por condicionar a existência humana; porteriormente, filósofos como Kant, Grócio
e Leibniz, deram um aspecto racional a essa teoria, contribuindo, assim, para f
ormação do Jusnaturalismo Antropológico.

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