Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
BACHARELADO EM PSICOLOGIA

JESSICA CAVALCANTI FARIAS

RELAÇÃO SAÚDE E TRABALHO DE PSICÓLOGOS


HOSPITALARES

João Pessoa
2020
F224r Farias, Jessica Cavalcanti.
RELAÇÃO SAÚDE E TRABALHO DE PSICÓLOGOS HOSPITALARES /
Jessica Cavalcanti Farias. - João Pessoa, 2020.
19 f.

Orientação: Thaís Augusta Cunha de Oliveira Máximo


Máximo.
TCC (Especialização) - UFPB/CCHLA.

1. Saúde. Trabalho. Psicólogos Hospitalares. I. Máximo,


Thaís Augusta Cunha de Oliveira Máximo. II. Título.

UFPB/CCHLA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES-CCHLA
BIBLIOTECA SETORIAL VANILDO BRITO

Termo de autorização para publicação no Repositório Eletrônico


Institucional da UFPB
1. Identificação do autor e documento
Nome completo do autor : Jessica Cavalcanti Farias
RG: 2269663
CPF:007.588.494-19

E-mail: jessicafarias_@hotmail.com Telefone: (083) 988818457


Curso de graduação: Psicologia
Coordenação do curso: Psicologia
Título do documento: Relação saúde e trabalho de psicólogos hospitalares
Nome do orientador: Thaís Augusta Cunha de Oliveira Máximo
Data de aprovação: 13/04/2020 Data de entrega 08/05/2020

2. Disponibilização no REI - Repositório Eletrônico Institucional da UFPB


Autorizo a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) a disponibilizar, gratuitamente, o documento de
minha autoria, acima intitulado, sem o ressarcimento dos direitos autorais, no Repositório Eletrônico
Institucional (REI) da UFPB para fins de divulgação na World Wide Web, permitindo-se, dessa forma, o
download para leitura, citação e impressão.

____De imediato ____ A partir de 08/05/2020(no máximo até dois anos após a data da apresentação)

João Pessoa 08/05/2020


Local Data

Assinatura do(a) autor(a) ou seu representante legal


RESUMO

Considerando que o trabalho tem representações subjetivas para cada indivíduo e que
este por sua vez se encontra inserido no contexto social e em suas implicações humanas,
o presente estudo foi desenvolvido com Psicólogos hospitalares. Este teve como
objetivo geral, analisar a relação entre saúde e trabalho desta categoria profissional,
tendo em vista que este se trata de um campo relativamente novo da psicologia e,
portanto, pouco explorado. Considerando que essa categoria profissional também atua
em um contexto de vulnerabilidade assim como os outros profissionais da saúde,
buscou-se investigar sobre as vivências de trabalho desta categoria. Para o
desenvolvimento de tal investigação foi utilizada como referencial teórico, a
“Psicodinâmica do Trabalho”, teoria desenvolvida por Christopher Dejours, pois essa
abordagem possibilita compreender as nuances existentes na relação saúde e trabalho.
Com abordagem metodológica qualitativa, foram utilizados como instrumentos de
coleta de dados, um roteiro de entrevista semi-estruturada e um questionário sócio-
demográfico, As entrevistas foram analisadas por meio da análise de conteúdo. A partir
dos resultados foi possível identificar na fala dos entrevistados que o trabalho influencia
diretamente na dinâmica de sofrimento e prazer, o que corrobora com a teoria
anteriormente explicitada. No que se refere à temática das relações referentes à saúde,
se destacau a relevância do autocuidado e a necessidade de se desenvolver mais estudos
e pesquisas, bem como políticas públicas voltados para essa área, na medida em que os
mesmos são escassos. E por fim é perceptível a urgência em trazer uma maior
visibilidade e reconhecimento para esses profissionais com a complexidade que a
dinâmica do trabalho no ambiente hospitalar se apresenta.

Palavras-chave: Saúde. Trabalho. Psicólogos Hospitalares


.
1- INTRODUÇÃO

É notável em nossa contemporaneidade o crescimento das discussões referentes ao


modo como o trabalho se caracteriza, na medida em que, pode vir a ser, a maior parcela
da vida de um indivíduo, pois é na atividade profissional que o trabalhador projeta seus
desejos e objetivos, influenciando diretamente nos aspectos sociais e na formação da
identidade, bem como na realização pessoal de cada indivíduo. O trabalho surge como
aspecto central na história da humanidade e é por meio dele que o sujeito se depara com
a dicotomia entre a satisfação da atividade exercida, e as frustrações diante das
exigências e condições de trabalho dentro de uma organização. Essa contradição tem
como referência direta as atuais mudanças no âmbito do trabalho, ao novo paradigma
econômico, político e social que afeta diretamente a saúde e a vida dos trabalhadores.
(Dejours, 2004).
No que se refere à saúde a OMS - Organização Mundial de Saúde conceituou, na
década de 1940, que esta, se define pelo estado completo de bem-estar físico, mental e
social e não caracterizada apenas como ausência de doenças. Esta perspectiva sobre o
que vem a ser saúde repercute como objeto de reflexão de diversos teóricos. Sobre o
conceito defendido pela OMS, Dejours (1986) aponta para uma impossibilidade de
alcançar o completo estado de bem-estar, na medida em que este pode dar margem a
diversos significados e interpretações o que torna essa afirmação insustentável. O autor
ainda aponta que este estado pleno de bem-estar não se caracteriza como algo atingível,
o que está dentro do campo de possibilidades é a compreensão da saúde como um fator
que o sujeito pode se aproximar.
Diante dos aspectos apresentados, Simonetti (2015) afirma que a relação saúde e
doença, considerada um enigma, constitui-se de diversos aspectos que vão além do
biológico. Este pensamento traz à tona no campo da psicologia a necessidade da
inserção do psicólogo em áreas distintas da psicologia clínica.
Segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP) o Brasil possui um total de
365.883 psicólogos. Na Paraíba são 5.645 profissionais da psicologia sendo 4.605 do
sexo feminino e 791 do sexo masculino. Nos últimos anos, uma das áreas que mais
cresceu no Brasil foi a Psicologia da Saúde. O reflexo se deu nas experiências e
intervenções profissionais na Psicologia Hospitalar, que tiveram início em meados do
século XX e nas décadas seguintes (Neder, 2005; Speroni, 2006). A inserção do
psicólogo no hospital consolida-se nas primeiras décadas do século XXI, destacando-se
a prática profissional no ambiente hospitalar (Romano, 2008). As áreas de atuação nos
hospitais propostas por Romano (2008) em geral são amplas e referem-se a: assistência
ao paciente; pesquisa – extensão e ensino. Sendo exercidas a partir das atividades do
psicólogo hospitalar em três níveis essenciais: pedagógico ou educativo; preventivo e
psicoterapêutico.
Sebastiani & Maia (2005) apontam que foi a partir das AIS - Ações Integradas
em saúde que foi possível a entrada do psicólogo em equipes de saúde de maneira
legítima. Sendo assim, a Psicologia Hospitalar passa a ser uma especialização
regularizada em dezembro de 2000 pelo CFP – Conselho Federal de Psicologia. Essa
categoria profissional do Psicólogo que se encontra inserido no âmbito hospitalar tem
como atribuição desenvolver diversas competências que estão definidas pelo referido
conselho.
Simonetti (2015) compreende e conceitua “A Psicologia Hospitalar como campo
de entendimento e tratamento de aspectos psicológicos atrelados ao adoecimento” e
afirma ainda que essa especialidade não trata apenas de doenças referentes a causas
psíquicas, mas de todos os aspectos psicológicos que estão diretamente relacionados
com a doença, destacando então, que toda doença possui aspectos psicológicos e de
cunho subjetivo. O Conselho Federal De Psicologia também aponta que
o psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar tem sua função
centrada nos âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde,
atuando em instituições de saúde e realizando atividades como:
atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de
psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia
intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade
no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico;
consultoria e interconsultoria (CFP, 2003, p. 50).

Por meio desse apontamento é possível compreender o campo de atuação dos


psicólogos hospitalares, bem como o vasto campo de atividades executadas por esses
profissionais. É através dessa delimitação, que o psicólogo se assegura das ações pelas
quais é de sua responsabilidade dentro do âmbito do trabalho, como também o que é
responsabilidade de outras categorias profissionais.
No que se refere, a relação trabalho e saúde dos Psicólogos Hospitalares
retomamos a perspectiva de Dejours (1994), este afirma que nenhuma atividade do
campo do trabalho é isenta do sofrimento gerado pelo confronto entre o trabalho
prescrito e o trabalho real. O sujeito diante desta dicotomia deve desenvolver suas
próprias estratégias, que permitam transformar sofrimento em prazer, de modo que
possa assim se aproximar do que é considerado saúde e bem-estar.
As questões norteadoras que inquietaram a pesquisadora para esse trabalho
foram: como se dá a atuação do psicólogo hospitalar em sua rotina de trabalho? Qual a
percepção do psicólogo acerca de seu trabalho no hospital? Quais são as estratégias
utilizadas por esses profissionais para o desenvolvimento de suas atividades? Como se
dá o processo trabalho- saúde – doença para esses trabalhadores?
Concernente com o que foi anteriormente exposto, e considerando o objeto de
estudo aqui apresentado – A relação saúde e trabalho na perspectiva dos psicólogos
hospitalares – estabelecemos, para a realização desta pesquisa, o aporte teórico, bem
como método de análise, a Psicodinâmica do Trabalho, perspectiva teórica desenvolvida
pelo psicanalista Christophe Dejours. Este realiza seus estudos com o objetivo de
compreender a relação entre saúde-doença, o sofrimento e o prazer no trabalho. O
principal intuito do autor é compreender o impacto psíquico que a atividade realizada no
contexto laboral, pode causar no trabalhador. Dejours (1994), afirma que quando não há
possibilidades de adaptação do indivíduo para conciliar trabalho e desejo na
organização a qual ele pertence, então surge o sofrimento. Sendo assim, o sofrimento
psíquico no trabalho surge como uma estratégia do sujeito para suportar a atividade
realizada, como também o espaço de trabalho ao qual pertence.
A perspectiva da psicodinâmica do trabalho, desenvolvida pelo francês,
compreende que o trabalho se caracteriza como elemento que promove uma mediação
entre o indivíduo e o meio social no qual está inserido, de modo que o sujeito possa ter
acesso ao exercício da cidadania. Segundo Dejours (1993) o trabalho se caracteriza
como uma atividade de fundamental importância no que diz respeito à completude da
vida de um indivíduo, esta diz respeito ao modo como o sujeito ganha sua vida, ao
status social pertencente, aos bens materiais adquiridos por meio da atividade exercida,
qual o lugar ocupa no mundo e sua responsabilidade diante de sua ação. O trabalho ou
atividade profissional engloba o maior tempo útil da vida de um sujeito “é também parte
do dia ou da noite, da semana do ano (...) da família das férias. É também, um “ofício”
ou um “emprego” é uma atividade, uma reflexão, um savior-faire, uma fonte de
interesse, uma causa de fadiga, mas também um meio de desenvolvimento.” (Dejours,
1993). Sendo assim, compreende-se o trabalho como algo central na vida do sujeito,
que faz parte da sua formação de identidade, bem como da sua subjetividade, que pode
vir a gerar conseqüências negativas como o sofrimento, bem como pode ser promotor de
saúde e prazer.
Neste sentido, tem-se como objetivo desta pesquisa analisar a relação entre
saúde e trabalho dos psicólogos hospitalares na metodologia, com abordagem
qualitativa, foram utilizados como instrumentos de coleta de dados, as entrevistas semi-
estruturadas e a aplicação de um questionário sócio-demográfico, com 10 psicólogos
hospitalares escolhidos por conveniência, de modo que foi possível analisar a
diversidade das condições de vida e trabalho dos sujeitos entrevistados.
Por fim, tem-se como pretensão conhecer a complexidade em relação à atividade
dos psicólogos hospitalares, buscando compreender alternativas encontradas por esses
trabalhadores a fim de enfrentar o sofrimento ocasionado pelo ambiente laboral, bem
como, descobrir os aspectos salutares e provedores de prazer diante de tal atuação.

2- MÉTODO:
2.1 Participantes
O presente estudo caracterizou-se como qualitativo descritivo. O universo da pesquisa
foi composto de um número de 9 (nove) psicólogos hospitalares.
2.2 Instrumentos
Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário sociodemográfico,
bem como, uma entrevista semi-estruturada individual, tendo no total 13 perguntas
abertas. A elaboração do instrumento se deu a partir de pesquisas teóricas que serviram
de base para o estudo. O que o instrumento trazia eram temas vinculados ao sofrimento
e prazer, saúde e reconhecimento do psicólogo hospitalar em seu ambiente de trabalho.
2.3 Procedimento
O projeto foi submetido ao comitê de ética do Centro de Ciências da Saúde
(CCS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), por meio do Certificado de
Apresentação para a Apreciação Ética.
A estratégia utilizada para articular os participantes foi do tipo “bola de neve” na
qual os primeiros contatos foram feitos por meio de indicação, que por sua vez, se
desdobraram em outras indicações. As entrevistas foram realizadas de modo voluntário
com os participantes, com duração média de 40 minutos, onde foi solicitado, a partir da
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorização para gravação
da entrevista, como forma de obter uma melhor apreensão dos dados e uma análise mais
objetiva do discurso dos entrevistados.
As entrevistas foram realizadas no local escolhido pelos participantes, com
horário determinado a partir da preferência dos mesmos, de maneira previamente
acordada com a pesquisadora, de modo que o entrevistado pudesse se sentir à vontade
durante a entrevista para falar a respeito de suas vivências, além de permitir a
pesquisadora ter uma noção das condições objetivas e organizacionais presentes no seu
processo de trabalho. Em um momento posterior, foi realizada a transcrição das
entrevistas e a categorização dos dados observando a forma como estas condições
impactam no modo de viver, trabalhar, pensar e agir e quais as estratégias adotadas
como forma de enfrentamento a essas questões.
2.4 Análise de dados.
O procedimento de análise dos dados foi realizado através do processo de análise de
conteúdo, temática na qual a estrutura dos elementos do discurso dos participantes é
decomposta, visando compreender os significados existentes na fala. A partir desse
entendimento foi possível realizar deduções sobre o conteúdo registrado. Após a
transcrição das entrevistas foram selecionados trechos das falas dos participantes de
modo associativo as unidades de conteúdo que foram previamente estabelecidas.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Caracterização dos participantes


Participaram desse estudo nove entrevistados, todos psicólogos hospitalares
entre os quais sete atuavam em instituições públicas e dois em instituições privadas.
Desse universo oito eram do sexo feminino e apenas um do sexo masculino. As idades
variavam entre 28 e 51 anos. No que diz respeito ao grau de escolaridade todos são
graduados em psicologia, entre os quais 7 possuem especialização e 2 mestrado. Dentre
eles 1 participante tinha especialização em psicologia hospitalar, e outro estava com a
mesma em andamento, 3 tinham especialização em psicologia da saúde, área na qual se
considera, a partir da literatura, que a psicologia hospitalar está inserida e os demais
tinham especialização em outras áreas da psicologia. Em se tratando do tempo
desempenhando a função houve variação entre 6 meses e 22 anos.
3.2 Categorias temáticas
No que diz respeito ao discurso dos profissionais, ao serem questionados sobre
sua relação subjetiva com a profissão e atuação como psicólogo hospitalar, é possível
notar a importância do trabalho na vida, bem como na satisfação pessoal dos sujeitos.
Para tal identificação foram selecionadas três categorias: Sofrimento e prazer, Saúde e
Reconhecimento sob as quais buscou-se identificar a relação entre trabalho e saúde.
Sobre esta relação Alves (2014) afirma que há uma relação próxima e complexa por ser
o trabalho algo central na vida de qualquer individuo.

3.3 - Sofrimento e prazer


No que se refere ás vivências que geram prazer, o que mais se destacou foi a
possibilidade ter uma utilidade diante do cuidar do outro, da possibilidade de enxergar a
melhora do quadro clínico do paciente. O reconhecimento do paciente diante da atuação
do profissional também foi visto como algo que implica no prazer da atuação.

(...) o que me dá mais prazer é me sentir útil, me senti útil e


levar um pouco de conforto de afetividade mesmo de carinho de
cuidado de respeito às pessoas e eu senti esse retorno de
alguma forma sabe muitas vezes a gente não precisa dizer nada,
mas eu vi no olhar eu sei (...) (P1)

(...) o que me traz prazer é quando eu vejo o paciente aderir ao


tratamento né? se recuperando conseguindo autonomia,
conseguindo vir para o hospital somente para fazer os exames
regulares. E vivendo bem né? Com saúde na medida do possível
eu acho que é uma das coisas que mais me deixa feliz, assim
realizada é que apesar de serem poucos, porque enfim, existem
outras dificuldades que nós não temos como abarcar né? Até
onde podemos ir, eu acho que eu fico bem satisfeita né? quando
eu vejo paciente se recuperando que já é o primeiro passo (...)
(P7)

Quanto às demandas que geram sofrimento, observou-se a alta demanda psíquica, no


que se refere a lidar com o sofrimento dos pacientes e as questões próprias da atuação
profissional. Surgiu também falas que traziam a sensação de impotência diante dos
lacunas existentes na dinâmica de trabalho, como por exemplo a falta de assistência em
outros setores para o tratamento adequado, sendo caracterizado como algo que foge do
domínio do psicólogo hospitalar.

(...) Tem situações que demandam bastante, que tem uma carga
de sofrimento. E aí atuar no trabalho mental com que tipo de
intervenção? Que tipo de ação adotar para ajudar aquele
paciente? aquela família? lidar também com os próprios
sentimentos para que eles possam entender? Qual é o seu limite
de atuação o que é que é possível ser feito? E aí deve ser feito e
o que está fora do meu controle né? e então lidar com isso. E aí
muitas vezes sair daqui ou de algum plantão lá no hospital além
da hora, envolvido ali naquela situação, o que é meu
compromisso ético (...) (P3)

(...) Então o que me traz sofrimento é quando existe uma série


de dificuldades e você não consegue dar andamento ao
acompanhamento e principalmente quando o paciente não tem
essa assistência fora e o seu trabalho acaba que ficando aqui
né? limitado (...) (P7)

Cabe aqui ressaltar que o sofrer recai sobre as impressões subjetivas de cada individuo,
bem como o modo criativo de prosseguir na realização das tarefas que lhe são
demandadas.
O sofrimento não é apenas uma conseqüência última da relação
com o real, é ainda proteção da subjetividade rumo ao mundo
em busca de meios para agir no mundo, para transformar este
sofrimento encontrado em meios de superação da resistência do
real. Assim, o sofrimento será ao mesmo tempo impressão
subjetiva do mundo e origem do movimento de conquista do
mundo. O sofrimento, enquanto é afetividade absoluta, está na
origem desta inteligência que parte em busca do mundo para
experimentar-se a si próprio, para transformar-se, para ampliar-
se. (Dejours, 2012, p.26)
A partir dessa relação entre a execução do trabalho e o sofrimento eminente, que a
subjetividade desponta em busca de uma transformação da atividade de trabalho
buscando formas de resistir e existir aquela realidade. Essas observações se configuram
como base da análise da psicodinâmica do trabalho, à medida, em que é possível
compreender que o trabalho não pode ser encarado como uma atividade neutra em
relação à saúde, tendo em vista que este pode ser gerador de sofrimento e também de
prazer.
Os entrevistados trazem em suas falas relativas as questões de relativas ao prazer
e ao sofrimento apontando para a dualidade do trabalho, este pode ser fruto de situações
benéficas ou maléficas a depender das condições e do momento de trabalho que cada
profissional enfrenta. Essas pontuações se referem diretamente a psicodinâmica do
trabalho, sob essa perspectiva é possível compreender que a atividade do trabalho não
pode ser encarada como neutra e sim como um ambiente dual.

3.4 – Saúde
A partir dos relatos, pode se observar as implicações que o exercício da atividade traz
para aspectos que se relacionam com a saúde e a subjetividade de cada trabalhador e na
sua realização pessoal e profissional. Destacou-se então o elevado número de conflitos
com os quais o psicólogo hospitalar se depara, como pode ser visto a seguir:

(...) Sim, a gente demanda as nossas demandas e são enormes, a


gente trabalha com questões de conflitos familiares sociais de
saúde de forma muito devastadora, e isso interfere no nosso dia
a dia, no nosso emocional e é necessário que a gente tenha esse
cuidado também dentro da nossa saúde para que a gente possa
prestar uma assistência digna e satisfatória (...) (P3)

Foi possível identificar nos relatos a importância do cuidado com a saúde individual do
profissional, bem como um tempo exclusivo para a prática de atividade física, bem
como de convivência com familiares e amigos, observado como extremamente
relevante para a saúde física e psíquica.

(...) é importante o profissional que ele busque espaço também


de autocuidado (...) da minha caminhada de fazer yoga que
antes eu não tinha esse tempo, tempo de conversar com amiga
de tomar café né? De estar mais tempo com a família, então a
saúde mental é para gente buscar também equilibrar esses
vários espaços de vida, então hoje eu considero que ele está
muito mais equilibrado né? e eu estou me considero também
realizada (...) (P9)

Assim como foi apresentado anteriormente, na introdução deste artigo, trabalho e saúde
são duas categorias indissociáveis, na medida em que o primeiro se constitui como
elemento central na vida de um indivíduo; e a saúde por sua vez, diz respeito tanto ao
bem-estar quanto aos processos de adoecimento, que estão relacionadas diretamente ao
trabalho.
O conceito de saúde faz referência direta ao sujeito, pois, diz respeito às pessoas
e a sua individualidade. Sendo assim, esta não se limita a definição de um bem-estar
total do individuo, a saúde diz respeito também a outros aspectos de uma vida, na
medida que, em sua subjetividade, o homem é um ser que deseja, e que promove uma
constante mudança como afirma Dejours (1986) “A saúde mental não é certamente bem
estar psíquico. A saúde é quando ter esperança é permitido. Vê-se que isso faz mudar
um pouco as coisas. O que faz as pessoas viverem é, antes de tudo, seu desejo.” Essas
pontuações culminam na busca por uma compreensão mais profunda sobre a relação
trabalho e saúde, esta se destina a reconhecer o trabalho como meio de construção de
identidade de um sujeito.
A partir da análise é perceptível que os participantes apontam para a necessidade
de promover ações de bem-estar no ambiente de trabalho, o que corrobora com a análise
realizada por Schneider e Moreira (2017) na qual observou-se também neste estudo a
importância de que o psicólogo reserve um tempo para preservar a própria saúde
contemplando os aspectos físicos e emocionais. Compreende-se que por lidar
diretamente com conteúdos emocionais de diversos pacientes o psicólogo hospitalar
deve manter a sua higiene mental a fim que possa executar seu trabalho da melhor
forma, o espaço de autocuidado do profissional da psicologia implica diretamente em
melhores condições de atuação, bem como um atendimento ao paciente realizado com
primor.
3.5 – Reconhecimento
Sendo assim, foi possível observar nas falas dos participantes que se sentiram
reconhecidos por seus pacientes. Os profissionais recebiam esse reconhecimento sob
duas perspectivas, tanto a atuação enquanto psicólogo hospitalar era valorizada pelos
outros profissionais atuantes em sua área, como também recebiam o reconhecimento
dos usuários de seus serviços.

(...) e a gente tem o reconhecimento dos usuários de lá, de fazer


elogios de chamar para resolução de conflitos de participar
amenizadores de integrar a equipe multiprofissional dentro de
uma UTI para fazer estudo de caso isso é muito gratificante é
esse reconhecimento da categoria da profissão da Psicologia
enquanto uma ciência isso é muito gratificante e (... ) (P3)

Por meio da análise é possível observar que o reconhecimento dos profissionais da


psicologia diante da equipe multiprofissional tem aumentado gradativamente, no
entanto o estudo realizado por Araújo e Arraes (2000) aponta que profissionais de
outras áreas tem uma percepção limitada do potencial de atuação do psicólogo
hospitalar, desse modo compreende-se que a medida que a categoria expande seu campo
de trabalho o reconhecimento também aumenta por parte da equipe multiprofissional

“Você nasceu para isso não é?” os próprios pacientes e


profissionais que chegam e quem dizem: “Ai que bom que você
está aqui hoje né?” que tem esse retorno nesse sentido, estamos
aqui para enfrentar juntos esse problema né? então eu,
realmente assim eu me envolvo com as situações né? procuro
dar o melhor de mim e enfim eu estou colhendo acho que o
resultado tem sido positivo (P4)

Esse reconhecimento, expresso pelos pacientes e pelos outros colegas de


profissão, reiteram ao psicólogo o sentimento de pertença diante de sua atuação. O
trabalhador quando reconhecido se sente parte do coletivo da profissão na qual está
inserido, o sujeito pode então utilizar o sofrimento advindo do campo do trabalho para
retomar o processo de construção e de desenvolvimento de sua própria identidade. Ele
passa a construir um sentido para o seu trabalho através do reconhecimento, e ao se
sentir valorizado modifica as expectativas em relação a si mesmo.
Para que o reconhecimento e valorização sejam priorizados, se faz necessário
estabelecer de maneira adequada as atividades do psicólogo hospitalar como retoma
Torezan (2013) a qual afirma ser crucial a promoção de políticas públicas com o intuito
de que o psicólogo tenha acesso efetivo ao seu campo de trabalho, garantindo assim a
delimitação do campo de trabalho proporcionando um espaço de trabalho em que o
profissional possa executar suas atividades de maneira adequada, garantindo a qualidade
de sua intervenção.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa teve como objetivo analisar a relação saúde e trabalho dos psicólogos
hospitalares. Desse modo, a fim de alcançar esse objetivo, buscou-se observar os
seguintes aspectos do trabalho dos psicólogos hospitalares: as implicações do processo
de trabalho para saúde e subjetividade dos trabalhadores, os sintomas ou adoecimentos
relacionados ao trabalho do psicólogo hospitalar, as vivências de prazer e sofrimento no
exercício do trabalho e a perspectiva dos psicólogos hospitalares acerca do
reconhecimento no exercício de sua profissão.
Os resultados oriundos desse estudo demonstraram que, no que se refere à
relação sujeito e trabalho é notável a importância do trabalho na vida dos entrevistados,
o processo de identificação e escolha pela profissão bem como na satisfação pessoal dos
sujeitos no exercício de suas atividades. Quanto às questões relacionadas a sofrimento e
prazer, foi observado que em sua maioria os psicólogos hospitalares destacaram que a
maior causa de sofrimento seria a precarização do trabalho e no que se refere ao prazer
o que mais se destacou foi a possibilidade de cuidar do outro. No aspecto referente à
saúde, pode se observar as implicações como exercício da atividade traz aspectos que se
relacionam com a saúde e a subjetividade de cada trabalhador e na sua realização
pessoal e profissional. No que diz respeito ao aspecto de reconhecimento foi possível
notar que os participantes se sentiam reconhecidos por seus pacientes, na medida em
que sua atuação enquanto psicólogo hospitalar era valorizada pelos outros profissionais
atuantes em sua área, como também recebiam o reconhecimento dos usuários de seus
serviços.
Por fim, diante das observações apresentadas se concluiu que o tema não se
esgota em si mesmo, mas pelo contrário, aponta outras perspectivas na continuidade
desse estudo como forma de contribuir com a construção de novas elucidações diante de
sua complexidade.
ANEXOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Roteiro de Entrevista

Dados sócio-demográficos
1. Idade:
2. Sexo:
3. Escolaridade:
4. Possui especialização na área de psicologia hospitalar?
5. Há quanto tempo você atua nessa área?
Questões:
1. Fale sobre sua trajetória profissional e como você se tornou psicólogo hospitalar.
2. O que motivou a seguir um emprego na área da psicologia hospitalar?
3. Quais eram suas expectativas acerca da função e o que de fato você realiza?
4. Quais seriam as principais demandas para a psicologia hospitalar?
5. Quais as condições do ambiente no qual você trabalha?
6. Quais os principais desafios e imprevistos que você enfrenta? E como você lida com
eles?
7. Como você avalia as relações de trabalho? Em quais situações o coletivo viabiliza ou
dificulta a realização do trabalho?
8. Você percebe que o trabalho do psicólogo hospitalar é reconhecido dentro do seu
ambiente de trabalho?
9. Fale sobre o que te traz prazer no exercício da sua profissão e que te traz sofrimento?
10. Em que aspectos você relaciona o trabalho e a saúde mental?
11. Como você avalia essa relação na sua atividade de trabalho?
12. Você acha que o seu trabalho traz implicações para sua saúde e subjetividade?
13. Gostaria de acrescentar algo?
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezada(o) participante,
A Sra. (Sr.) está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa, intitulada “Relação
saúde e trabalho: concepções de psicólogos hospitalares” realizada pela aluna
Jessica Cavalcanti Farias, sob orientação da professora Dra. Thaís Augusta Cunha
de Oliveira Máximo.
Essa pesquisa tem como finalidade analisar as concepções dos psicólogos hospitalares a
respeito de sua atuação, bem como da relação entre saúde, trabalho e doença. A coleta
de dados será realizada por de entrevista não estruturada, com respostas de caráter
individual.
A Sra. (Sr.) será esclarecida(o) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar e é
livre para se recusar a participar, retirar seu consentimento ou interromper a
participação a qualquer momento.
Sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer
penalidade ou perda de benefícios. Sempre que quiser poderá pedir mais informações
sobre a pesquisa por meio do telefone da pesquisadora e, se necessário, através do
telefone do Comitê de Ética em pesquisa - (83) 32167791.
As pesquisadoras irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo e a Sra.
(Sr.) não será identificada(o) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais. Somente as
pesquisadoras e a orientadora terão conhecimento dos dados.
A participação nesta pesquisa não traz complicações legais. A pesquisa obedece às
normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão que regulamenta
as pesquisas com humanos no país.
Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida manifesto
meu consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia deste termo de
consentimento, e autorizo a realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos
neste estudo.
_________________________________________
Assinatura da (o) participante

__________________________________________
Assinatura da pesquisadora

Pesquisadora: Jessica Cavalcanti Farias - (83) 999282550


Orientadora: Thaís Augusta Cunha de Oliveira Máximo - (83) 991221006
REFERÊNCIAS

ALVES, Simone Salviano. A relação trabalho e saúde dos psicólogos hospitalares de


João pessoa-Paraíba. 2014 Dissertação (Mestrado em psicologia) Centro de Ciências
Humanas Letras e Artes, Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, 2014.

ARAUJO, Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira de; ARRAES, Elaine Lima Machado.
Necessidades e expectativas de atuação do psicólogo em cirurgia e procedimentos
invasivos. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 17, n. 1, p. 64-73, abr. 2000 .
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
166X2000000100006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 02 mar.
2020. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2000000100006.

DEJOURS, C. Addendum: da psicopatologia à psicodinâmica. Em S. Lancman (org),


Cristophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp.47-104).
Brasília: FIOCRUZ/PARALELO 15, 2004.

DEJOURS, C. Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde


Ocupacional, 54 (14), 7-11, 1986.

DEJOURS, C. O trabalho como enigma. Em S. Lacman& L.I. Sznelwar (orgs),


Cristophe Dejours: Cristophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do
trabalho. (pp. 127-147). Rio de Janeiro/Brasília: Fiocruz/paralelo 15, 1994.

DEJOURS, Christophe: DESSORS, Dominique; DESRIAUX, François. Por um


trabalho, fator de equilíbrio. Rev. adm. Empres., São Paulo, v. 33, n. 3, p. 98-104, June
1993. Availablefromhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
75901993000300009&lng=en&nrm=iso.Access on 17 Mar. 2020.
https://doi.org/10.1590/S0034-75901993000300009.

DEJOURS, C. Trabalho Vivo, Trabalho e emancipação. Tomo I. Brasília: Paralelo


15, 2012.

DEJOURS, C. Trabalho Vivo, Trabalho e emancipação. Tomo II. Brasília: Paralelo


15, 2012.

MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-


32, 1999.

NEDER, M.O psicólogo no hospital: o início das atividades psicológicas no


HCFMUSP. O Mundo da Saúde, 27(3), p. 326-336,2005.

CFP – Conselho Federal de Psicologia . Relatório final da pesquisa sobre o perfil do


psicólogo brasileiro.2005. http://www.pol.org.br/
atualidades/materias.cfm?id_area=30E0 (em 21/02/2010).
ORGANIZAÇÃOMUNDIAL DE SAÚDE.Classificação de transtornos mentais e de
comportamento da CID 10- Critérios diagnósticos para pesquisa. Porto Alegre:
artes Médicas, 1998.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Nota descritiva. Transtornos mentais.


2017. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs396/es/>. Acesso
em: 15 ago. 2019.

REIS, J. A. R.; MACHADO, M. A. R.; FERRARI, s. (et. All). Prática e inserção do


psicólogo em instituições hospitalares no Brasil: revisão da literatura. Psicologia
Hospitalarversão On-line, ISSN 2175-3547, vol.14 nº.1,São Paulo jan./jun. 2016.

ROMANO, B. W. Manual de psicologia clínica para hospitais. São Paulo: Casa do


Psicólogo, 2008.

SEBASTIANI, Ricardo Werner; MAIA, Eulália Maria Chaves. Contribuições da


psicologia da saúde-hospitalar na atenção ao paciente cirúrgico. Acta Cir. Bras.,
São Paulo, v.20, supl.1, p.50-55, 2005. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
86502005000700010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 02 jan.
2020. https://doi.org/10.1590/S0102-86502005000700010.

SIMONETTI, A. Manual de Psicologia Hospitalar. São Paulo: Casa do Psicólogo,


2015.

SCHNEIDER, Amanda Mom berger; MOREIRA, Mariana Calesso. Psicólogo


intensivista: reflexões sobre a inserção profissional no âmbito hospitalar, formação e
prática profissional. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 25, n. 3, p. 1225-1239, set.
2017 Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X2017000300015&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 02 mar. 2020.
http://dx.doi.org/10.9788/TP2017.3-15Pt.

SPERONI, A. V. O lugar da psicologia no hospital geral. Revista da SBPH, 9(2), p.


83-97,2006.

TOREZAN, Zeila Facci et al . A graduação em Psicologia prepara para o trabalho no


hospital?. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 33, n. 1, p. 132-145, 2013 . Available
from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932013000100011&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Mar.
2020. https://doi.org/10.1590/S1414-98932013000100011.

Você também pode gostar