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MÓDULO 2

CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES


DE CONSUMO NO CDC
2020 © Secretaria Nacional do Consumidor
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio,
salvo com autorização por escrito da Secretaria Nacional do Consumidor.
Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar, Sala 542 –
Brasília, DF, CEP 70.964-900.

Curso Crimes contra as relações de consumo

Edição
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Autoria
Este curso tem como subsídio a obra “Crimes contra as relações de Consumo”, de Marco Antonio Zanellato e Edgar
Moreira da Silva.O texto foi revisado por José Augusto Peres.

Dado a relevância do tema, os autores cederam o texto da obra para este curso. O texto foi adaptado para a
educação a distância.

EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA - MJ

Ministro de Estado da Justiça


André Luiz de Almeida Mendonça

Secretária Nacional do Consumidor


Juliana Oliveira Domingues

Escola Nacional de Defesa do Consumidor - ENDC

Coordenação
Andiara Maria Braga Maranhão

Supervisão
Ana Cláudia Sant’Ana Menezes
Marcus Iahn de Souza

EQUIPE TÉCNICA DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - FUB

Coordenação Apoio ao Núcleo Pedagógico Ilustração e Animação


Prof. Dr. Ugo Silva Dias Danielle Xabregas Pamplona Nogueira Cristiano Silva Gomes
Laryssa Rosa da Silva Slavov Cristiano Alves de Oliveira
Pesquisadores Sêniores Natália Rodrigues Faria
Daniel Benevides da Costa Nayara Gomes Lima Diagramação
Daniel Guerreiro e Silva Simone Lucas de Oliveira Aguiar Israel Silvino Batista Neto
Patrícia Fernandes Faria
Coordenação Pedagógica Núcleo de Pesquisas Sanny Caroline Saraiva de Sousa
Janaína Angelina Teixeira Danielle Xabregas Pamplona Nogueira
Janaína Angelina Teixeira Gestão Moodle
Gestão Pedagógica do Curso Gabriel Tormin Alves José Wilson da Costa
Janaína Angelina Teixeira Moisés Silva de Sousa
Revisão
Designer Instrucional Angélica Magalhães Neves
Janaína Angelina Teixeira
Angélica Magalhães Neves
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Apresentação do Módulo 2

Olá,

Vamos continuar nosso percurso de aprendizagem?

Você conheceu, no módulo anterior, alguns conceitos básicos que irão


lhe acompanhar ao longo de toda a trajetória deste estudo sobre os
crimes contra as relações de consumo.

Neste módulo 2, você irá fazer uma análise de como se constituem as


infrações penais previstas no CDC.

Vamos lá?

Objetivos de aprendizagem do Módulo 2


Ao final deste módulo espera-se que você seja capaz de:

reconhecer os tipos de crimes contra as relações de consumo previstos no CDC;

identificar os sujeitos nos crimes contra as relações de consumo;

compreender o tipo de ilícito apresentado;

conhecer as jurisprudências sobre crimes contra as relações de consumo previstos no


CDC.

Não se esqueça de realizar a atividade de estudo


proposta ao final do módulo. Ela não irá compor sua
nota, mas irá ajudar muito na retenção do conteúdo
do módulo. Vamos juntos?

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Crimes de omissão no cumprimento do dever de informar


sobre a periculosidade ou nocividade de produtos ou serviços
Art. 63 - Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade
ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros,
recipientes ou publicidade.

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.

§ 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante


recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do
serviço a ser prestado.

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena - Detenção de um a seis meses ou multa.

Exemplo Art. 63

Veja o infográfico, para conhecer algumas características


do crime de omissão previstas no Art. 63.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

1. Omissão de informações sobre riscos conhecidos previamente pelo fornecedor (antes da colocação
no mercado do produto ou serviço).

2. Tutela-se a relação de consumo com vistas à prevenção de dano à vida, à saúde ou à integridade
física do consumidor.

3. No caput, pune-se o fornecedor de produtos e, no § 1°, o fornecedor de serviços.

4. No caso de produtos postos no mercado de consumo, o sujeito passivo é a coletividade de


consumidores, normalmente difusa, ou seja, indeterminada.

No caso de serviços, a ação delituosa não se dirige a um número indeterminável de pessoas, pois o
serviço é prestado para uma ou algumas pessoas.

5. Trata-se de crime omissivo puro ou de mera conduta (não é necessária a ocorrência de qualquer
dano, bastando a simples conduta omissiva, pois que essa põe em risco os bens jurídicos tutelados).

Pode apresentar-se sob duas formas: omissão dolosa (art. 63, caput e parágrafo 1º) e omissão
culposa (art. 63, parágrafo 2º). Na segunda hipótese, a pena é menor do que a estabelecida na
primeira, em razão de um menor desvalor da conduta culposa em relação à conduta dolosa.

Observe que a informação exigida pelo CDC refere-se à periculosidade inerente ao produto ou serviço,
ou seja, aos seus “riscos normais e previsíveis” (ex.: fogos de artifício, agrotóxicos, inseticidas, cola
de sapateiro, medicamentos, serviço de dedetização, etc.).

Lembre-se de que os produtos e serviços que apresentam riscos anormais e imprevisíveis não podem
sequer ser introduzidos no mercado de consumo, conforme o caput do art. 8º do CDC.
6. A conduta é punível a título de dolo e culpa.

Dolo (art. 63, caput, e parágrafo 1º): a forma dolosa ocorre quando o fornecedor, estando plenamente
consciente da periculosidade ou nocividade – riscos normais e previsíveis – de seu produto ou
serviço, coloca-o no mercado omitindo deliberadamente (intencionalmente) informação a respeito
dos riscos que apresenta.

Culpa (art. 63, parágrafo 2º): a forma culposa verifica-se quando a informação sobre os riscos não é
transmitida ao consumidor por negligência. Há o descumprimento de uma obrigação imposta pela
lei ou simplesmente o descumprimento de um dever geral de cuidado.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Saiba mais
As formas dolosa e culposa justificam-se porque a gravidade subjetiva da
conduta (desvalor da ação) dolosa é diversa da culposa, embora a gravidade
objetiva de ambas (desvalor do resultado) seja de igual teor.

Observações Importantes!

Conheça informações importantes sobre o crime de


omissão.

1. O fornecedor de produtos ou serviços que apresentam riscos normais e previsíveis à saúde ou


à segurança dos consumidores é obrigado a informar, de maneira ostensiva (de modo visível) e
adequada (de forma eficiente), a respeito da periculosidade ou nocividade do produto ou serviço,
conforme descrevem os artigos 8°, 9° e 31 do CDC.

2. O art. 63, no seu caput (no tocante aos produtos) e no § 1º (no que respeita aos serviços), pune a
conduta do fornecedor que se omite no cumprimento desse dever, pois há a probabilidade de dano
à saúde ou à vida do consumidor.

3. No que tange aos produtos industriais (ou manufaturados), a informação deve ser dada por meio de
“impressos apropriados que devam acompanhar o produto”, segundo dispõe a norma do parágrafo
único do art. 8º do CDC. A nosso ver, se a aludida informação constar da rotulagem ou embalagem
do produto, de maneira ostensiva e adequada, não haverá que se cogitar do descumprimento do
dever em pauta e, por conseguinte, do ilícito-típico sub examine.

4. A violação desse dever manifesta-se antes da introdução do produto no mercado de consumo,


porque o fornecedor já tinha conhecimento dos riscos que o produto ensejava antes de o colocar
no mercado. O fornecedor só incidirá no tipo de ilícito em questão se omitir a informação exigida.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Crimes de omissão no cumprimento do dever de informar


sobre a periculosidade ou nocividade de produtos ou serviços
Art. 64 - Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou
periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado.

Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.

Veja o infográfico, para conhecer algumas características


do crime de omissão previstas no Art. 64.

1. Crime de omissão de informações sobre riscos conhecidos posteriormente à introdução do


produto no mercado.

2. Tutela-se a relação de consumo com vistas à prevenção de dano à vida, à saúde ou à integridade
física do consumidor.

3. O fornecedor de produtos.

4. No caso de produtos postos no mercado de consumo, o sujeito passivo é a coletividade de


consumidores, normalmente difusa, ou seja, indeterminada.

No caso de serviços, a ação delituosa não se dirige a um número indeterminável de pessoas, pois o
serviço é prestado para uma ou algumas pessoas.

5. O caput do art. 64 pune a conduta do fornecedor que se omite no cumprimento do dever legal
de comunicar à autoridade competente e aos consumidores sobre da nocividade ou periculosidade
de produto que colocou no mercado, de que se deu conta a posteriori, quando o produto já fora
introduzido no mercado de consumo.

Esse é um dever previsto também no art. 10, §1º, do Código de Defesa do Consumidor.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Embora o tipo não especifique como deve ser feita a comunicação dos riscos do produto aos
consumidores, entende-se que ela deve ser operada mediante anúncios publicitários, veiculados na
imprensa, rádio e televisão, conforme se observa no art. 10, §§ 1º e 2º, do CDC.

6. A conduta só é punível a título de dolo.

Veja um exemplo prático de sujeito ativo e passivo quanto


a produtos:

O sujeito ativo é o fornecedor que entregou o veículo com defeito no sistema de freios e o sujeito
passivo é a coletividade de consumidores, normalmente indeterminada.

Veja que ao contrário do que ocorre com relação ao crime do artigo 63, no artigo 64 a violação do
mencionado dever ocorre a posteriori, ou seja, após a introdução do produto perigoso ou nocivo
no mercado, pois somente após ele ter sido colocado no mercado é que o fornecedor vem a tomar
conhecimento de sua periculosidade ou nocividade.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

EDIFÍCIO CONSTRUÍDO ANTES DA VIGÊNCIA DO CDC – RESPONSABILIDADE PENAL DO SÍNDICO QUE,


JÁ NO REGIME DO CDC, TOMA CONHECIMENTO DE LAUDO INDICANDO RISCO DE VIDA PARA OS
CONSUMIDORES E DEIXA DE INFORMÁ-LOS

Ementa: Processual penal – Código de Defesa do Consumidor (art. 64) e Código Penal (art. 132) –
Prescrição – Inexistência.

Embora concluída a construção do prédio anteriormente à edição do Código de Defesa do Consumidor,


os crimes previstos no art. 64 deste instituto e no art. 132 do Código Penal somente se consumaram
com a omissão do síndico em comunicar aos condôminos o risco de vida a que estariam expostos,
por falhas estruturais detectas em laudo pericial realizado pela Caixa Econômica Federal, quando já
em vigor a lei protecionista em apreço. Tendo os delitos se verificado em tal data, é daí que começa
a fluir o lapso prescricional, que, não completado, não há como ser decretada a prescrição. Recurso
conhecido para, reformado o acórdão recorrido, determinar se prossiga com a ação penal (STJ – 5º
T – Resp 46187 – rel. Min. Cid Flaquer Scartezzini – j. 08.11.1995 – RT 729/512).

Fonte: MARQUES, Cláudia Lima. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: RT,
2010.

Crimes de omissão de retirada do mercado de produto nocivo


ou perigoso
Art. 64 –

Parágrafo único

Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente, quando
determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste
artigo.

Exemplo Art. 64 - parágrafo único

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Saiba mais
O conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais normas incriminadoras
descrevendo o mesmo fato. Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma pretende regular
o fato, mas é aparente, porque apenas uma norma é aplicada ao fato concreto.

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do


crime de omissão previstas no parágrafo único do Art. 64.

1. Crime de omissão de retirada do mercado de produto nocivo ou perigoso.

2. Tutela-se a relação de consumo com vistas à prevenção de dano à vida, à saúde ou à integridade
física do consumidor.

3. É o fornecedor que recebeu a determinação da autoridade competente para retirar o produto do


mercado. Pode ser o fabricante ou o revendedor.

4. No caso de produtos postos no mercado de consumo, o sujeito passivo é a coletividade de


consumidores, normalmente difusa, ou seja, indeterminada.

No caso de serviços, a ação delituosa não se dirige a um número indeterminável de pessoas, pois o
serviço é prestado para uma ou algumas pessoas.

5. O tipo se aperfeiçoa com o descumprimento de ordem de retirada (recall) do produto (perigoso


ou nocivo) do mercado. A retirada significa excluir a exposição ou a oferta do produto, impondo-se,
também, a imediata cessação de eventual publicidade. No projeto do CDC, havia um dispositivo (art.
11), que impunha ao fornecedor o dever de retirada do mercado do produto que apresentasse alto
grau de nocividade ou periculosidade, dispositivo esse que restou vetado.

6. A conduta só é punível a título de dolo.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Crime de execução de serviço altamente perigoso em


desobediência ao estabelecido pela autoridade competente
Art. 65 – Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade
competente.

Exemplo Art. 65

Saiba mais
A alta periculosidade é um elemento normativo do tipo (o seu conceito deve ser buscado fora
do campo do direito penal, em normas editadas pela Administração). A autoridade competente,
reconhecendo a grande periculosidade do serviço, para prevenir danos à vida ou à incolumidade dos
usuários, estabelece normas relativas à sua execução, de natureza imperativa. A alta periculosidade
não deve ser confundida com serviço de “alto grau de nocividade ou periculosidade” constante
do art. 10, caput, do CDC. Esta regra impede a colocação no mercado de serviço de alto grau de
periculosidade. Contudo, esse serviço é permitido, quando, para a sua execução, existirem normas
do Poder Público e elas são respeitadas pelo fornecedor executor do serviço.

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de execução de serviços previstas no parágrafo único do Art. 65.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

1. Crime de execução de serviço altamente perigoso em desobediência ao estabelecido pela


autoridade competente.

2. Protege, primordialmente, a relação de consumo sanitária, um bem jurídico coletivo.


Consequentemente, tutela bens jurídicos individuais do consumidor (saúde, integridade física e
vida).

3. Somente o fornecedor do serviço.

4. No caso de produtos postos no mercado de consumo, o sujeito passivo é a coletividade de


consumidores, normalmente difusa, ou seja, indeterminada.

No caso de serviços, a ação delituosa não se dirige a um número indeterminável de pessoas, pois o
serviço é prestado para uma ou algumas pessoas.

5. O crime é comissivo. A conduta típica verifica-se com a realização de uma conduta positiva do
sujeito ativo. Esse artigo estabelece punição àquele que executa serviço proibido pela autoridade
competente, em virtude de seu acentuado grau de periculosidade à saúde, à vida ou à segurança do
consumidor. Como é um crime de perigo, se dele resultar lesão corporal ou morte, o agente sofrerá
as penas cumulativamente. Ou seja, se, em razão desse ilícito houver morte ou lesão corporal de
pessoas expostas ao serviço, ocorre concurso de crimes (veja art. 65 do CDC e art. 121 ou art. 129
do CP).

É uma norma penal em branco, pois, para se aperfeiçoar, necessita de complementação de outra
norma legal, em que estejam estabelecidos os parâmetros a serem respeitados pelo fornecedor do
serviço. Como, por exemplo, o fornecedor que utiliza, no serviço de dedetização, inseticida de uso
proibido pela autoridade competente.

6. O delito só é punível a título de dolo.

EXECUÇÃO DE SERVIÇOS PERIGOSOS

Ementa: Execução de serviços perigosos – Descaracterização – Norma penal em branco que exige
complementação - Interpretação do art. 65 da Lei 8.078/90 - TAMG – RT 757/651.

ATUALIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA:

DIREITO PENAL. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. Tendo em vista que o crime de uso de documento

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

falso não é definido como uma etapa necessária do crime do artigo 65 do CDC, bem como que
foi cometido a posteriori, não podendo ser considerado crime-meio, não é aplicável o princípio
da consunção. (TRF-4 - ENUL: 50049174220174047207 SC 5004917-42.2017.4.04.7207, Relator:
Revisora, Data de Julgamento: 16/05/2019, QUARTA SEÇÃO).

Crimes relacionados com a oferta de produtos e serviços


Art. 66 – Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza,
característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de
produtos ou serviços.

Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.

§ 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena - Detenção de um a seis meses ou multa.

Exemplo Art. 66

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de oferta de produtos e serviços previstas no artigo 66.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

1. Crime de oferta não-publicitária enganosa.

2. Tutela-se a relação de consumo com vistas à proteção do patrimônio (primeira parte do tipo) e
da segurança do consumidor (segunda parte do tipo). Dessa forma, se protege um direito subjetivo
(básico) do consumidor “à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como
sobre os riscos que apresentam”, previsto no art. 6°, inc. III, do CDC.

3. É o fornecedor fabricante, importador, comerciante ou o profissional que oferece ou apresenta o


produto ou o serviço no mercado de consumo, nas condições descritas no ilícito-típico.

4. É o consumidor ou grupo de consumidores a quem é dirigida a oferta não-publicitária enganosa.

5. O art. 66, no seu caput, pune a conduta daquele que descumpre o dever de informar previsto no
art. 31 do CDC, por ação ou omissão. Trata-se, assim, de infração penal intimamente relacionada
com a oferta e apresentação de produtos ou serviços. Não se trata de crime material, com resultado
de dano, em que a consumação somente se verifica com a lesão do bem jurídico tutelado. Trata-se,
sim, de crime de perigo, com possibilidade de resultado de dano. Para a sua consumação basta que,
na oferta, seja feita afirmação falsa ou enganosa sobre o produto ou serviço, ou que seja omitida
informação relevante quanto a algum dos aspectos previstos no tipo de ilícito.

6. As condutas típicas são punidas a título de dolo (art. 66, caput) ou de culpa (art. 66, § 2°).

Patrocinar a oferta significa favorecer, beneficiar, auxiliar, amparar, do ponto de vista financeiro,
aquele que oferta o produto ou serviço. O patrocinador subsidia a oferta, o que se dá, normalmente,
quando o fornecedor não pode arcar com os custos decorrentes da colocação do produto ou serviço
à disposição do público consumidor. O patrocinador só incorrerá na prática desse delito se agir com
dolo, ou seja, com a vontade livre e consciente de patrocinar a oferta que sabe ser falsa ou enganosa.
Se agir com culpa, será passível de enquadramento no § 2º do art. 66.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

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1. Afirmação falsa é a afirmação mendaz, mentirosa, que não condiz com a realidade dos fatos.
Induz o destinatário ao erro.

2. Omissão de informação relevante corresponde à ausência de informação essencial sobre a


natureza, característica, qualidade, quantidade (abrange o tamanho, peso, volume, área, dimensão
e outras medidas), segurança, desempenho, durabilidade (prazo de validade), preço (inclui juros,
encargos, etc.) ou garantia (ausência de informação).

3. Afirmação enganosa é aquela que, mesmo não sendo falsa, também é suscetível de induzir o
consumidor ao erro, como se dá com a afirmação ambígua ou dúbia ou com a informação deficiente.

FALSIDADE DE INFORMAÇÃO SOBRE SERVIÇOS

Ementa: Código do Consumidor - Propaganda – Engano em informações sobre serviços.

Se o agente, gerente de posto de gasolina, a quem cabia sua administração, com o objetivo
promocional, afixa faixa com o objetivo de atrair clientela, se compromete conceder benefício ao
consumidor se atendido por este o requisito exigido para tal e, ao depois, se nega a assim proceder,
apesar de satisfeita a exigência, com esse agir, realiza o tipo incriminado previsto no Código do
Consumidor, face à falsidade da informação sobre serviços, induzindo o consumidor a engano.

Ac. un. da 3ª Câm. do TACrimRJ – Ap. 52.682 – j. 04.08.1994 – Rel. Juiz Oscar Silvares - apud Revista

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

de Direito do Consumidor n.18 – abril/junho de 1996, p.196.

• AGENTE QUE PATROCINA A OFERTA DE COSMÉTICOS CUJAS EMBALAGENS NÃO TRAZEM AS


INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS SOBRE O PRODUTO

Ementa: Tipifica o delito previsto no art. 66, § 1º, da Lei 8.078/90, a conduta do agente que
patrocina a oferta de produtos cosméticos que não contêm em suas embalagens as especificações
exigidas por lei, omitindo, assim, informações relevantes sobre a natureza, característica, qualidade,
segurança, desempenho e durabilidade destes produtos, sendo irrelevante a alegação de distração
na conferência dos mesmos.

Ac. da 8ª Câm. Crim do TACrimSP – Ap. Civ. 896.375/7 – Rel. Juiz Bento Mascarenhas - j. 24.11.1994
– v.u. - apud Revista de Direito do Consumidor n. 20 - outubro/dezembro de 1996, p. 213.

• AGENTE QUE VENDE VIDEOCASSETE COM SISTEMA “BETAMAX” SEM ESCLARECER À VÍTIMA
SOBRE ESSA PARTICULARIDADE

Ementa: Pratica o ato do art. 66 da Lei 8.078/90, o agente que, por ocasião da venda de videocassete,
não esclarece o comprador sobre característica relevante do produto, qual seja, que aparelho somente
usa fitas do sistema “Betamax”, não aceitando aquelas do sistema “VHS”, que é o normalmente
encontrado no mercado.

Ac. da 6ª Câm. Crim. do TACrimSP – Ap. 857.221/5 – Rel. Juiz Rubens Gonçalves – j. 14.10.1994 – v.u.
- apud Revista de Direito do Consumidor n. 20 - outubro/dezembro de 1996, p. 214.

• VENDEDORA QUE FAZ AFIRMAÇÕES FALSAS PARA CONSEGUIR VENDER LIVROS

Ementa: Incorre nas penas do art. 66, caput, da Lei 8.078/90, a agente que, na qualidade de
vendedora, faz afirmações falsas para conseguir vender livros, tanto em relação aos autores quanto
a respeito da qualidade da mercadoria vendida, vez que tal procedimento não se trata de mera
técnica comercial de venda, mas de comportamento falso e mentiroso, com o intuito de enganar as
vítimas, que de boa-fé acabam por adquirir o produto.

Ac. da 2ª Câm. Crim. do TACrimSP – Ap. 888.013/0 – rel. Juiz Rulli Junior – j. 20.10.1994 – v.u. - apud
Revista de Direito do Consumidor n. 20 - outubro/dezembro de 1996, p. 216.

• DESCARACTERIZAÇÃO - PRODUTOS IMPORTADOS SEM A DEVIDA ESPECIFICAÇÃO EM PORTUGUÊS

Falta de tradução pode constituir infração administrativa, e não crime - Trancamento do inquérito
policial determinado - Voto vencido.

Ementa da redação: A falta de informações em língua portuguesa nos produtos importados pode
constituir infração administrativa, jamais o crime do artigo 66 do C.D.C., e também não se enquadra
em quaisquer das outras normas penais da Lei 8078/90.

Ementa do voto vencido pela redação: É evidente que o fornecedor que traz a informação de seu
produto em língua estrangeira não acessível ao público em geral, acaba por produzir os mesmos efeitos
que produz o fornecedor que omite informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade,
quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos e serviços.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Dessa forma, ainda que em tese, vislumbra-se a configuração do delito previsto no artigo 66 da Lei
8078/90.

• fornecedor de serviços que deixa de esclarecer minudentemente o consumidor sobre as variáveis


envolvidas no cálculo de custo

Ementa: Incorre nas penas do art. 66 da Lei 8.078/90 o fornecedor de serviços que deixa de esclarecer
minudentemente o consumidor sobre as variáveis envolvidas no cálculo de custo, apresentando-lhe
estimativa que ao final se mostra completamente defasada.

Ap. 295.002.042-RS – 3ª Câm. do TACr do RS - j. 18.04.95 – Rel. Juiz Fernando Mottola - apud Revista
de Direito do Consumidor n.16 - outubro/dezembro de 1995, p.192.

• AGENTE QUE VENDE PRODUTO DIVERSO DO ANUNCIADO EM JORNAL, INDUZINDO A VÍTIMA EM


ERRO

Ementa: Incorre nas sanções do art. 66 da Lei 8.078/90, o agente que vende produto diverso do
anunciado em jornal, induzindo a vítima, que pensa estar comprando coisa de qualidade superior a
que realmente adquire.

Ac. da 2ª Câm. Crim. do TACrimSP – Ap. 876.867/5 – Rel. Juiz Silvério Ribeiro – j. 17.11.1994 – v.u. -
apud Revista de Direito do Consumidor n. 20 - outubro/dezembro de 1996, p. 209.

• PRODUTO EM PROMOÇÃO – OMISSÃO DE INFORMAÇÃO QUANTO À QUANTIDADE – TIPICIDADE;


SONEGAÇÃO DE ESTOQUES – AUSÊNCIA DO “ANIMUS” DE ESPECULAÇÃO – ATIPICIDADE

Ementa: Código de Defesa do Consumidor – Omissão de informação relevante sobre a quantidade


de produto em preço promocional – Caracterização. Incide no art. 66, da Lei 8.078/90, o comerciante
que, ao anunciar através de cartazes o preço promocional do produto, omite informação relevante
quanto à quantidade e a destinação a fregueses habituais. Restou descumprida a obrigação de
fornecer informação ao consumidor, que tem direito a esclarecimentos completos e exatos sobre
os produtos ou serviços que deseja adquirir. Crime contra as relações de consumo – Sonegação de
estoques – Hipótese. A sonegação de estoques, agora prevista como delito contra as relações de
consumo, pressupõe o “animus” da especulação, elemento subjetivo do injusto, sem o qual não há
de falar-se em crime.

Ac. un. da 11ª Câm. do TACrimSP – ACR 954.451/3 – Rel. Juiz Wilson Barreira – j. 31.07.95 – DJ SP,
29.08.95, p. 22.

• FAZER AFIRMAÇÃO FALSA OU ENGANOSA AO CONSUMIDOR A RESPEITO DA QUALIDADE DE


SERVIÇO DE TURISMO, PROMETENDO, NA ASSINATURA DO CONTRATO, EXCURSÃO COM ÔNIBUS DE
LUXO, COM AR CONDICIONADO, FRIGOBAR, TV, VÍDEO E SOM, MAS OFERECENDO, NO MOMENTO
DA VIAGEM, ÔNIBUS CONVENCIONAL, DESPROVIDO DAQUELE SERVIÇO

Ementa: Crime de afirmação falsa ou enganosa sobre serviço de turismo. Substituição da pena
privativa de liberdade por multa. Possibilidade. Operação obrigatória, mas que só poderá ser efetuada
em grau de recurso se requerida. Proibição da reformatio in pejus em nulidade, havendo recurso
exclusivo da defesa. Valor da multa. Compatibilidade com as condições econômicas do acusado.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

I – Configura-se crime previsto no art. 66 da Lei n.º 8.078, de 11.9.90 (CPDC), fazer afirmação falsa ou
enganosa ao consumidor a respeito da qualidade de serviço de turismo, prometendo, na assinatura
do contrato, excursão com ônibus de luxo, com ar condicionado, frigobar, TV, vídeo e som, mas
oferecendo, no momento da viagem, ônibus convencional, desprovido daquele serviço. II – (...).

Ac. da Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Distrito Federal – Apelação
Criminal no Juizado Especial n.º 130/99 – Rel. Juiz Roberval Casemiro Belinati – Publicado no DJU de
20.09.1999, p. 25.

• OFERECER NO MERCADO PRODUTOS OU SERVIÇOS DIFERENTES DE SUA REAIS CARACTERÍSTICAS


OU FINALIDADES

CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR – TIPO PENAL DO ART. 66 – PRESENÇA DE DOLO PARA


CONFIGURAÇÃO – NECESSIDADE.

Ementa: O tipo referido no art. 66 do Código do Consumidor é doloso e o dolo consiste na consciência
e vontade de oferecer no mercado produtos ou serviços diferentes de sua reais características ou
finalidades.

Ac. da 14ª Câmara do TACrimSP – Apelação n.º 831.353/2 – Rel. Juiz Carlos Bonchristiano - J. em
31.05.1994 – Apud RJDTACRIM 22/125.

• RECEPTAÇÃO QUALIFICADA E CRIME DO ART. 66 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO QUALIFICADA E CRIME DO ART. 66 DO


CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO DE
ATIPICIDADE DA CONDUTA. FALTA DE JUSTA CAUSA NÃO EVIDENCIADA DE PLANO. TRANCAMENTO.
NECESSIDADE DE EXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. O trancamento
da ação penal pela via do habeas corpus é medida de exceção, que só é admissível quando emerge
dos autos, de forma inequívoca, a autoria e materialidade do acusado, a atipicidade da conduta ou a
incidência de causa extintiva da punibilidade. 2. Cotejando os tipos penais incriminadores indicados
na denúncia com as condutas supostamente atribuíveis aos Recorrentes, vê-se que a acusação
atende aos requisitos legais do art. 41 do Código de Processo Penal, descrevendo fatos típicos de
forma suficiente para a deflagração da ação penal, e para o pleno exercício da Defesa. 3. A simples
leitura da denúncia permite concluir que a conduta imputada aos Recorrentes consiste na aquisição
de veículos de origem ilícita, provenientes do Rio de Janeiro, por preços abaixo do valor de mercado,
e sem exigir do vendedor os documentos de praxe, mesmo sendo os Recorrentes empresários
do ramo de compra e venda de veículos. 4. A ausência de especificação, na denúncia, de quais
documentos deixaram de ser exigidos não torna a peça inicial acusatória inepta, pois, conforme
ressaltado pelo Tribunal de origem, “ficou bem claro, pelo contexto da peça, que o documento é
aquele necessário para formalizar a transferência dos automóveis junto ao órgão administrativo
competente, ou seja, o CRV - Certificado de Registro de Veículo”. 5. Acolher a alegação de falta de
justa causa, por ausência de dolo na conduta dos Recorrentes, demanda exame acurado da prova,
próprio da fase instrutória da ação penal. Quando a versão de inocência apresentada é contraposta
pelos elementos de prova apresentados pela acusação, incabível o deslinde da controvérsia na
via estreita do habeas corpus. 6. A receptação qualificada, prevista no § 1.º do art. 180 do Código
Penal, não exige, para sua configuração, que haja habitualidade na prática do delito, sendo mais
severamente apenada que a forma simples do mesmo crime pelo fato de o agente receptar a coisa
no exercício de atividade comercial ou industrial. 7. Para a configuração do delito de receptação,

18
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

exige-se apenas que o objeto material do delito seja produto de crime e que isso seja de ciência do
agente, não havendo necessidade de se indagar acerca do momento consumativo do crime tido por
“antecedente”. 8. Recurso desprovido.

(STJ - RHC: 37548 ES 2013/0142035-3, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento:
03/04/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/04/2014).

Crimes relacionados com a oferta de produtos e serviços


Art. 67 – Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva.

Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.

Exemplo Art. 67

Observe um aspecto importante referente ao Art. 67.

Dica!
A norma do artigo 67 é um caso típico das chamadas leis penais em branco ou leis penais abertas.
São aquelas em que o preceito estabelece uma proibição genérica, que se completará por definições
da mesma lei, ou de outra, de um regulamento ou uma ordem de autoridade administrativa.

Nesse caso, as definições de publicidade enganosa – inclusive por omissão – e abusiva (esta
meramente exemplificativa) são dadas pela mesma lei (CDC), respectivamente, nos §§ 1º e 2º e 3°
do artigo 37.

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de oferta de produtos e serviços previstas no Art. 67.

19
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

1. Crime de oferta publicitária enganosa ou abusiva.

2. Tutela-se a relação de consumo com vistas à prevenção de dano à vida, à saúde ou à integridade
física do consumidor.

3. Na modalidade de fazer publicidade enganosa ou abusiva, normalmente incrimina-se o


responsável pela agência publicitária, e, na de promover as mesmas espécies de publicidade ilícita,
a incriminação recai sobre o fornecedor-anunciante e/ou sobre o responsável pelo veículo de
divulgação da publicidade ao público consumidor (mídia: imprensa, rádio, televisão, Internet, etc.).

4. O sujeito passivo não é o consumidor eventualmente enganado pelo anúncio, mas sim toda a
coletividade de consumidores exposta à mensagem publicitária (enganosa ou abusiva) divulgada
pelo veículo de comunicação de massa.

5. O crime é de mera conduta (ou de mera atividade), com antecipação do resultado, que é um perigo
presumido (abstrato, hipotético). É um tipo penal de perigo de lesão a bens jurídicos do consumidor
difusamente considerado. Para a consumação do tipo basta, portanto, a simples realização da
conduta, presumida, pelo legislador, como suscetível de pôr em perigo bens jurídico-penais.

A enganosidade ou abusividade da publicidade pode manifestar-se de modo comissivo (conduta


positiva) ou omissivo (conduta negativa). Na forma comissiva, a publicidade é suscetível de enganar
ou porque é falsa (contém informações contrárias à verdade, mendazes), ou porque é ambígua
(conjunto de dados imprecisos que compõem a mensagem e são capazes de induzir o consumidor
ao erro). De outra parte, a publicidade pode omitir informação essencial ao consumidor a respeito
de dados do produto, de modo a ser suscetível de induzi-lo ao erro.

6. Para a figura da primeira parte do artigo (sabe) o tipo subjetivo é o dolo direto, enquanto para
a figura da segunda parte do mesmo artigo (deveria saber) é o dolo eventual. Quando o sujeito
ativo sabe que a publicidade é enganosa ou abusiva, ele dirige a sua vontade conscientemente
para o resultado de perigo de dano a indeterminado número de consumidores. O crime é de mera
conduta, com antecipação do resultado, que é um perigo presumido. Por outro lado, quando o
agente deveria saber que a publicidade é enganosa ou abusiva, ele age com dolo eventual.

20
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Fique atento!
Tanto o anunciante, a agência de publicidade ou o veículo podem
ser responsabilizados pela divulgação da publicidade enganosa
ou abusiva. Ademais, até mesmo o protagonista da publicidade
criminosa pode por ela responder, desde que fique demonstrado que
tinha conhecimento de sua ilicitude (enganosidade ou abusividade)
e, mesmo assim, aceitou dela tomar parte, no mínimo assumindo o
risco de pôr em perigo bens jurídicos particulares dos consumidores
(responde por dolo direto ou eventual).

• PROPAGANDA ENGANOSA - AGENTE QUE, ATRAVÉS DE PROSPECTOS, OFERECE CURSOS DE


CORRESPONDÊNCIA - AUSÊNCIA DE VERACIDADE DO CONTEÚDO DA PUBLICIDADE

Crime contra o consumidor - Propaganda enganosa - Agente que, através de prospectos, oferece
cursos de correspondência - Ausência de veracidade do conteúdo da publicidade - Configuração.
Ementa: Enquadramento da conduta no tipo penal adequado - Incompatibilidade com o princípio
da res in judicium deducta - Inocorrência:

O agente que, usando nome semelhante ao de instituição tradicional de ensino, faz publicidade de
cursos por correspondência, sugerindo através de prospectos que os mesmos se tratam de cursos
oficiais promovidos por aquela escola, incorre nas penas do artigo 67 da Lei 8078/90, pois presente
o intuito de enganar pessoas.

A emendatio libelli, quando se trata de enquadramento da conduta ao tipo legal adequado, mesmo
no Segundo Grau de Jurisdição e no âmbito de recurso exclusivo do réu , não é incompatível com o
princípio da res in judicium deducta, já que o acusado não se defende da capitulação delituosa da
denúncia, mas do fato nela descrito.

RJTACRIM - SP - 28/73 - dezembro/ 1995

• AGENTE QUE, APÓS ADQUIRIR VEÍCULO SINISTRADO EM LEILÃO E CONSERTÁ-LO, PROMOVE


PUBLICIDADE NO JORNAL PARA SUA VENDA, FAZENDO CONSTAR QUE O CARRO TEVE “ÚNICO DONO”
Código do Consumidor - Crime contra as relações de consumo - Agente que, após adquirir veículo
sinistrado em leilão e consertá-lo, promove publicidade no jornal para sua venda, fazendo constar
que o carro teve “único dono” - Caracterização.

21
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Ementa: Incorre nas sanções dos arts. 66 e 67, da Lei 8.078/90, o agente que, após mandar consertar
o veículo sinistrado e tido como perda total, adquirido em leilão, promove publicidade no jornal
para sua venda, fazendo constar a afirmação enganosa de que o carro teve “único dono”.

Ac. da 1ª Câm. Crim. do TACrimSP – Ap. 899.883/8 – Rel. Juiz Eduardo Goulart – j. 22.12.1994 – v.u.
- apud Revista de Direito do Consumidor n. 20 - outubro/dezembro - 1996, p. 211.

• DESCARACTERIZAÇÃO – PRODUTO EM PROMOÇÃO

CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR – Propaganda enganosa – Descaracterização – Produto em


promoção.

Ementa: Não caracteriza crime de propaganda enganosa a conduta daquele que realça, para atrair
consumidores, o preço de produto em promoção, e que realmente encontrava-se à venda no local,
embora, ali também existissem outros tipos do mesmo produto com preços mais elevados.

RT – 731/600 – setembro/1996.

• VEICULAÇÃO DE PROPAGANDA ENGANOSA

Propaganda enganosa – Veiculação – Consumação do delito. Veiculação de propaganda enganosa


– Art. 67 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) – Consumação – Simples veiculação.

Ementa: A consumação do delito de propaganda enganosa aperfeiçoa-se com a simples veiculação


desta, independentemente do resultado danoso que venha a ocorrer, pois é crime de natureza
formal. Recurso desprovido.

Ac. da 3ª Câm. Crim. do TAPR – Ap. 78716-6 – rel. Juiz Lopes de Noronha – j. 08.08.1995 – v.u. - apud
Revista de Direito do Consumidor n. 19 – julho/setembro 1996, p. 278.

Crimes relacionados com a oferta de produtos e serviços


Art. 68 – Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria
saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.

22
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Exemplo Art. 68

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de oferta de produtos e serviços previstas no Art. 68.

1. Crime de oferta publicitária abusiva (modalidade que induz o consumidor a se comportar de


forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou à segurança).

2. A objetividade recai em punir quem realiza publicidade abusiva capaz de induzir o consumidor a
se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou à segurança. O bem jurídico tutelado
é a incolumidade física, a vida, a segurança, enfim, desse indefinido número de consumidores
destinatários do anúncio publicitário.

3. Publicidade abusiva, normalmente incrimina-se o responsável pela agência publicitária, e, na

23
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

de promover as mesmas espécies de publicidade ilícita, a incriminação recai sobre o fornecedor-


anunciante e/ou sobre o responsável pelo veículo de divulgação da publicidade ao público
consumidor.

Tanto o anunciante, a agência de publicidade ou o veículo podem ser responsabilizados


pela divulgação da publicidade abusiva. Pode acrescentar-se que até mesmo o protagonista
da publicidade criminosa pode por ela responder, desde que fique demonstrado que tinha
conhecimento de sua ilicitude (abusividade) e, mesmo assim, aceitou dela tomar parte, no mínimo
assumindo o risco de pôr em perigo bens jurídicos particulares dos consumidores (responde por
dolo direto ou eventual).

4. O sujeito passivo não é o consumidor eventualmente enganado pelo anúncio, mas sim toda
a coletividade de consumidores exposta à mensagem publicitária divulgada pelo veículo de
comunicação de massa.

5. Trata-se de crime de mera conduta. Para a sua consumação basta que se demonstre o perigo
de dano ao público-alvo. É indiferente, para tal infração, o resultado danoso ou a efetivação do
prejuízo, como se dá nos crimes de perigo abstrato. Se o dano, porém, ocorrer, estar-se-á diante
de concurso material de infrações, aplicando-se ao agente as penas de ambos os delitos (art. 121
do CP e art. 68 do Código de Defesa do Consumidor).

6. Dolo direto, pois quando o sujeito ativo sabe que a publicidade é abusiva, ele dirige a sua vontade
conscientemente para o resultado de perigo de dano a indeterminado número de consumidores.
O crime é de mera conduta, com antecipação do resultado, que é um perigo presumido.

PRODUTOS IMPRÓPRIOS PARA O CONSUMO

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ARTS. 7º, IX, DA LEI 8.137/90 E 68
DA LEI 8.078/90. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.

AUTORIA. SÓCIOS-PROPRIETÁRIOS. MATERIALIDADE DELITIVA. PERÍCIA TÉCNICA. CRIME MATERIAL.


TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.

EXCEPCIONALIDADE. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS IDÔNEOS DA MATERIALIDADE DELITIVA QUE


AUTORIZAM A PERSECUÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE PERÍCIA TÉCNICA. RECURSO PROVIDO.

1. Nos denominados crimes de autoria coletiva ou societários, admite-se o recebimento da


denúncia sem que haja uma descrição pormenorizada da conduta de cada agente, desde que

24
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

esteja demonstrado vínculo entre o denunciado e a conduta a ele imputada.

2. A mera constatação de que os produtos se mostram impróprios para o consumo não é suficiente
para a configuração do delito previsto no art. 7º, IX, da Lei 8.137/80, sendo necessário laudo pericial
para sua comprovação.

3. Recurso provido para trancar a Ação Penal 00220060128630, em curso na 2ª Vara Criminal de
Ariquemes/RO.

(RHC 24.516/RO, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 06/04/2010,
DJe 03/05/2010)

Crimes relacionados com a oferta de produtos e serviços


Art. 69 – Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à mensagem.

Pena - Detenção de um a seis meses ou multa.

Exemplo Art. 69

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de oferta de produtos e serviços previstas no Art. 69.

25
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

1. Crime de descumprimento do dever de organização de dados relativos à fundamentação da


publicidade.

2. Referido dispositivo é de molde a garantir o cumprimento da obrigação estabelecida no parágrafo


único do art. 36 do mesmo codex, in verbis: “o fornecedor, na publicidade de seus produtos ou
serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos,
técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem”.

3. O sujeito ativo dessa infração penal é o fornecedor-anunciante, tendo em vista que a ele é imposta
legalmente essa obrigação (CDC, art. 36).

4. A não-observância desse dever de cautela, imposto pelo CDC e pelo aludido código de auto-
regulamentação publicitária, gera a probabilidade de dano ao público-alvo da publicidade, à
medida que será ele destinatário de mensagem que, por ausência de suporte fático, técnico e
científico, poderá ser enganosa ou falsa. Esse público-alvo, representado por um sem-número de
consumidores, é o sujeito passivo da infração penal em estudo.

5. Trata-se de crime de mera conduta (ou de perigo abstrato), com antecipação do resultado, que é
um eventus periculi, presumido.

A exigência legal da organização desses dados é justamente para assegurar a respeitabilidade, a


decência, a honestidade, a veracidade, a idoneidade, enfim, do anúncio. O anunciante deve manter
esses elementos em seu poder para poder comprovar, quando consultado, as descrições, alegações
e comparações feitas na mensagem e que se relacionam com fatos ou dados objetivos, e assim
demonstrar a idoneidade da propaganda.

Esse dever, aliás, está previsto, também, no Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária
(v. art. 27, § 2º), que, embora concebido essencialmente como instrumento de autodisciplina
da atividade publicitária, deve ser objeto de consulta dos operadores do direito, como texto de
referência e fonte subsidiária no contexto da legislação sobre a publicidade.

6. O agente responde a título de dolo: direto ou eventual.

Crimes de utilização de peças e componentes usados, sem


autorização do consumidor
Art. 70 – Empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes
de reposição usados, sem autorização do consumidor.

Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.

26
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Exemplo Art. 70

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de de utilização de peças e componentes usados, sem autorização
do consumidor previstas no Art. 70.

1. Crime de utilização de peças e componentes usados, sem autorização do consumidor.

2. Pune a conduta de quem “empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes de reposição


usados, sem autorização do consumidor”. Trata-se de uma modalidade de fraude, cujo resultado é
objetivamente a efetiva obtenção de vantagem patrimonial pelo agente e no consequente dano à
vítima.

3. É o fornecedor responsável pela prestação do serviço de reparação do produto. Normalmente, é


o dono, gerente ou encarregado do estabelecimento onde o produto foi entregue para reparo (ex.:
uma empresa autorizada pelo fabricante do produto para repará-lo ou qualquer outra empresa que
preste serviço de conserto de produtos).

4. É o consumidor que contratou o serviço de reparação.

5. A consumação desse delito ocorre com o mero emprego de peças ou componentes de reposição
usados na reparação de qualquer produto, sem o expresso consentimento do consumidor que
contratou o serviço. É, assim, um crime de mera conduta ou atividade, que é punida porque é

27
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

suscetível de pôr em perigo abstrato bens jurídicos individuais do consumidor contratante.

6. Só se pune a forma dolosa (dolo direto ou eventual).

Saiba mais
Quando o fornecedor emprega peças usadas ou recondicionadas e afirma
ao consumidor que utilizou peças novas, originais, ludibriando-o, e resulta
demonstrado que o consumidor sofreu prejuízo efetivo, disso se beneficiando
patrimonialmente o fornecedor, estar-se-á diante da figura capitulada no
art. 171, caput, do Código Penal.

Art. 171, caput, do Código Penal: estelionato, punido de forma mais severa que a
do delito do art. 70.

Crime de cobrança irregular de dívida de consumo


Art. 71 – Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer.

Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.

Exemplo Art. 71

28
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de de utilização de peças e componentes usados, sem autorização
do consumidor previstas no Art. 71.

1. Crime de cobrança irregular de dívida de consumo.

2. Essa infração foi concebida com a finalidade de evitar práticas abusivas na cobrança de dívidas de
consumo, que se têm tornado comum na vida em sociedade, principalmente por parte de agências
“especializadas” que são contratadas por fornecedores para procederem ao recebimento de seus
créditos de consumidores inadimplentes. Essas práticas compelem os devedores a saldarem suas
dívidas, com prejuízo ao seu trabalho, lazer, descanso e, até mesmo, às vezes, a sua saúde psicofísica.

3. O sujeito ativo do crime em estudo é o credor (sempre fornecedor) ou a pessoa que ele contrata
para realizar a cobrança de forma profissional.

4. O sujeito passivo é sempre o consumidor-devedor submetido aos comportamentos abusivos


descritos no tipo.

5. É crime de mera conduta. Se da sua prática resultar dano ao consumidor (como lesão corporal,
morte etc.), o agente responderá por ele também. Se o dano configurar crime (homicídio, lesão
corporal, por exemplo), por ele responderá em concurso com aquele delito.

A regra do art. 71 refere-se à restrita à satisfação de pretensão de recebimento de crédito, por parte
de um fornecedor, de um consumidor inadimplente.

6. O tipo só admite a modalidade dolosa.

29
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

• AGENTE QUE SUBMETE SEU DEVEDOR A RIDÍCULO E O CONSTRANGE PERANTE EMPREGADOS E


CLIENTES

Crime contra o consumidor - Agente que submete seu devedor a ridículo e o constrange perante
empregados e clientes - Configuração.

Ementa: Incorre nas penas do artigo 71 do C.D.C. o agente que submete seu devedor ao ridículo,
perante toda a população de determinada cidade e, ainda, procura interferir em seu trabalho, cons-
trangendo-o moralmente perante empregados e clientes, excedendo-se na forma de cobrar seu
crédito.

RJDTACRIM - SP - 23/120 - julho a setembro/1994

• LOCADOR QUE EXPÕE O INQUILINO AO RIDÍCULO, NA TENTATIVA DE RECEBER O SEU CRÉDITO

Crime contra o consumidor- Locatário devedor de alugueres - Locador que expõe o inquilino ao
ridículo, na tentativa de receber o seu crédito - Crime caracterizado - Aplicação do art. 71 do CDC.

Ementa: É certo que o apelante agiu de forma injustificada, pois havia outros meios de cobrar a
dívida inclusive a via judicial.

Crime contra o consumidor - Locatário - Possibilidade de ser sujeito passivo do crime - Admissibili-
dade - Inteligência dos arts. 2 º, 3º, §1º, do CDC.

Locação é o contrato pelo qual alguém cede um bem de sua propriedade a outrem, para que este o
use ou utilize, mediante o pagamento de uma quantia pecuniária, denominada aluguel.

Portanto, o locatário utiliza produto seja móvel (leasing) ou imóvel (locação predial) mediante o
pagamento de aluguel. Assim, enquadra-se na definição do art. 2 º do Código do Consumidor.

Ac. da 15ª Câm. do TACivSP – Ap. 813.383-9 – rel. Juiz Leonel Ferreira – j. 19.09.1994 – v.u. - apud
Revista de Direito do Consumidor n. 19 - julho/setembro de 1996, p.267.

• AVISOS DIRIGIDOS APENAS E EXCLUSIVAMENTE AO DEVEDOR

Código do Consumidor - Delito do art. 71 - Avisos dirigidos apenas e exclusivamente ao devedor -


Inocorrência.

30
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Ementa: Inocorre constrangimento moral, na cobrança de devedor através de cartas lacradas cujo
conteúdo é de conhecimento exclusivo do destinatário, ou telefonemas solicitando o compareci-
mento à firma de cobrança, vez que tais avisos, dirigidos apenas e exclusivamente ao devedor, não
o expõem ao escárnio, nem interferem no seu descanso ou atividade laboral.

Ac. da 14ª Câm. Crim. do TACrimSP – Ap. 901.663/6 – Rel. Renê Ricupero – j. 29.11.1994 – v.u. - apud
Revista de Direito do Consumidor n. 20 - outubro/dezembro de 1996, p. 215.

• AGENTE QUE SUBMETE SEU DEVEDOR A RIDÍCULO E O CONSTRANGE PERANTE EMPREGADOS E


CLIENTES

Crimes contra o consumidor - Agente que submete seu devedor a ridículo e o constrange perante
empregados e clientes - Configuração.

Ementa: Incorre nas penas do art. 71 do CDC, o agente que submete seu devedor ao ridículo, peran-
te toda a população de determinada cidade e, ainda, procura interferir em seu trabalho, constran-
gendo-o moralmente perante empregados e clientes, excedendo-se na forma de cobrar seu crédito.
Ac. da 6ª Câm. Crim. – Ap. 824.759/6 – Rel. Juiz Penteado Navarro – j. 31.08.1994 – v.u. - apud Re-
vista de Direito do Consumidor n. 20 - outubro/dezembro de 1996, p. 217.

• AGENTE QUE REALIZA COBRANÇA EXTRAJUDICIAL SEM SER ADVOGADO

EXERCÍCIO ILEGAL DE PROFISSÃO OU ATIVIDADE – AGENTE QUE REALIZA COBRANÇA EXTRAJUDI-


CIAL SEM SER ADVOGADO – CARACTERIZAÇÃO – INOCORRÊNCIA – UTILIZAÇÃO DE EXPRESSÕES
INTIMIDATIVAS – CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR - CONFIGURAÇÃO

Ementa: Inocorre a infração prevista no art. 47 da LCP na conduta do agente que realiza cobrança
extrajudicial de débitos sem ser advogado habilitado ou autorizado para tanto, vez que a prestação
de serviços desta espécie não é ato privativo desta classe, sendo que a utilização nos documentos
de expressões como “Depto. Jurídico e Depto. de Cobrança E. Judicial”, quando da realização da co-
brança dá a entender que se cuida de questão judicial, configurando o ilícito previsto no art. 71 do
Código de Defesa do Consumidor, pois constitui meio intimidativo para a obtenção do pagamento
devido.

Ac. da 2ª Câmara do TACrimSP – Ap. n.º 935219 – Rel. Juiz Silvério Ribeiro – j. em 10.08.1995 – v. u.

• AGENTE QUE SUBMETE SEU DEVEDOR A RIDÍCULO E O CONSTRANGE PERANTE EMPREGADOS E


CLIENTES

CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR – AGENTE QUE SUBMETE SEU DEVEDOR A RIDÍCULO E O CONS-
TRANGE PERANTE EMPREGADOS E CLIENTES – CONFIGURAÇÃO: Inteligência: art. 42 do Código do
Consumidor, art. 71 do Código do Consumidor – Incorre nas penas do art. 71 do Código de Defesa
do Consumidor o agente que submete seu devedor ao ridículo, perante toda a população de deter-
minada cidade e, ainda, procura interferir em seu trabalho, contrangendo-o moralmente perante
empregados e clientes, excedendo-se na forma de cobrar seu crédito.

Ac. da 6ª Câmara do TACrimSP – Apelação n.º 824.759/6 – Rel. Juiz Penteado Navarro – J. em
31.08.1994 – Apud RJDTACRIM 23/120.

31
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Crimes de impedimento e dificultação


Art. 72 – Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em
cadastros, banco de dados, fichas e registros.

Pena – Detenção de seis meses a um ano ou multa.

Exemplo Art. 72

Fique atento!
O impedimento ou a dificultação do acesso às informações mencionadas levam o consumidor a fazer
com que ele não saiba do motivo, a razão, que levou à sua inscrição em cadastros, fichas, registros,
etc. da entidade de proteção ao crédito (SERASA, SPC, etc.). Consequentemente, ele não tem como
verificar se as informações negativas sobre sua pessoa são ou não corretas. Isso o impossibilita de
exigir sua imediata correção em caso, evidentemente, de serem os dados inexatos. Dessa forma,
estará prejudicado o seu direito de crédito, com sérios transtornos, como não poder comprar a
prazo, pagar por meio de cheque, obter cartão de crédito, etc.

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime de


impedimento ou dificultação do acesso aos arquivos de consumo
previstas no Art. 72.

32
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

1. Crime de impedimento ou dificultação do acesso aos arquivos de consumo.

2. Visa garantir o direito subjetivo conferido ao consumidor de ter acesso às informações existentes
em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como
sobre suas respectivas fontes (vide art. 43 do CDC). Essa garantia objetiva a proteção do crédito do
consumidor e, também, a proteção da própria integridade das relações de consumo.

3. São as entidades privadas de proteção ao crédito e congêneres que registram, normalmente,


essas informações sobre o consumidor.

4. Esse crime é de mera conduta, com antecipação do resultado de perigo, que coincide com a
própria realização da ação típica.

5. Esse crime é de mera conduta, com antecipação do resultado de perigo, que coincide com a
própria realização da ação típica.

6. Pune-se o agente desse crime somente a título de dolo, direto ou eventual.

Crimes de omissão de correção de informação inexata


constante de arquivo de consumo
Art. 73 – Deixar de corrigir informação sobre consumidor, constante de cadastro, banco de dados,
fichas ou registros, que sabe, ou deveria saber ser inexata.

Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.

Exemplo Art. 73

33
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de de omissão de correção de informação inexata constante de
arquivo de consumo previstas no Art. 73.

1. Crime de omissão de correção de informação inexata constante de arquivo de consumo.

2. Protege-se a relação de consumo econômica na medida em que informações incorretas ou


proibidas podem dificultar o crédito do consumidor.

3. O sujeito ativo não é o fornecedor, apesar de se tratar de crime contra as relações de consumo.
A pessoa que realiza a conduta típica é o responsável pelo arquivo que contém o registro dos dados
do consumidor (SERASA, SPC, etc.). Ela inclui os dados do consumidor em seus cadastros, banco de
dados etc. a pedido de um fornecedor, em cumprimento de obrigação resultante de contrato com
ele celebrado.

Ela não pode ser vista como fornecedor, na acepção do art. 3º do CDC, porque não realiza a conduta
típica como fornecedor de um produto ou serviço.

4. É o consumidor individualmente considerado, que teve os seus dados pessoais indevida ou


incorretamente incluídos no cadastro de consumo e se vê diante da recusa do responsável por esse
cadastro de efetuar a devida correção, por ele solicitada.

5. Com essa tipificação, obriga-se o responsável pela entidade de proteção ao crédito a corrigir
qualquer informação negativa e inexata que exista em seu arquivo sobre a pessoa do consumidor,
que está ameaçando ou causando dano efetivo ao seu direito de crédito.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

O momento consumativo do delito verifica-se, independentemente, de causar dano efetivo ao


consumidor, pois se trata de crime de perigo e de crime de lesão. O resultado de perigo é presumido
pela lei. Se da infração resultar prejuízo ao consumidor, patrimonial ou extrapatrimonial (dano
moral), este pode pleitear em juízo pretensão reparatória.

6. Quando o agente sabe que a informação é inexata, é o dolo direto; quando ele deveria saber da
inexatidão, é o dolo eventual.

Observe a importante dica do especialista Leonardo Bessa.

Dica!

Segundo Leonardo Bessa, capítulo “XIII - Direito Penal do Consumidor”, no livro Manual de Direitos
do Consumidor, p.531: “até a edição da Lei 12.414/2011 (Lei do Cadastro Positivo) não havia um
parâmetro objetivo para a compreensão do significado da elementar “imediatamente”, ensejando
incertezas relativas ao prazo para correção da informação. O art.5°, III, da referida norma, que deve
ser interpretada e aplicada em diálogo com o CDC, para o tratamento de informações positivas como
negativas, estabelece que o prazo para correção é, no máximo, de sete dias.

Crime de omissão de entrega de termo de garantia


adequadamente preenchido e com especificação clara de seu
conteúdo
Art. 74 – Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e
com especificação clara de seu conteúdo.

Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.

Exemplo Art. 74

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Veja o infográfico, para conhecer algumas características do crime


de de omissão de entrega de termo de garantia adequadamente
preenchido e com especificação clara de seu conteúdo previstas no
Art. 74.

1. Crime de omissão de entrega de termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação


clara de seu conteúdo.

2. Assegura o cumprimento do art. 50, parágrafo único, do CDC, que impõe ao fornecedor o dever de,
no ato de fornecimento do produto, entregar ao consumidor o termo de garantia correspondente,
devidamente preenchido. Protege-se, com o cumprimento dessa obrigação legal, a relação de
consumo econômica (relacionada com interesses meramente patrimoniais do consumidor).

3. O sujeito ativo dessa infração é, via de regra, o comerciante (chamado pelo Código de fornecedor)
que vende o produto diretamente ao consumidor. Somente na hipótese de o consumidor adquirir o
produto diretamente do fabricante, é que este será o agente do delito.

4. O sujeito passivo é o consumidor a quem não foi entregue o termo de garantia nas condições
descritas.

5. É prática comum no mercado - às vezes, até por não ter o vendedor recebido orientação prévia
do comerciante -, a entrega do termo de garantia “em branco” (sem o adequado preenchimento).
Esta situação, a posteriori, poderá inviabilizar ou dificultar o uso da garantia dada pelo fabricante,
com prejuízo econômico ao consumidor porque, sem a cobertura da garantia, terá de providenciar
o conserto do produto às suas expensas.

6. Só se pune o fornecedor que agir com dolo, ou seja, com a vontade livre e consciente de não
entregar o termo de garantia ao consumidor.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Saiba mais
É importante que você conheça o que dizem os artigos 75 e 76 do CDC quanto a tipificação de crimes.

Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste
código, incide as penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade,

Art. 75 bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que


promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta,
exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e
prestação de serviços nas condições por ele proibidas.

Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipicados neste código:

Art. 76 I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de


calamidade;

II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;

III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;

IV - quando cometidos:

a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior
à da vítima;

b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de


pessoas portadoras de deciência mental interditadas ou não;

V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros


produtos ou serviços essenciais.

Acesse às telas interativas do curso para realizar a atividade de estudo.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 2

Para relembrar

Encerramos aqui o nosso segundo módulo de aprendizagem e esperamos que você tenha
compreendido a objetividade jurídica, o sujeito ativo, o sujeito passivo, a classificação do tipo de
ilícito e do tipo de culpa dos crimes apresentados. Esperamos ainda que os exemplos concretos
tenham facilitado sua aprendizagem.

No próximo módulo você analisará os crimes contra as relações de consumo, próprios ou


impróprios, da Lei n. 8.137/90.

Vamos continuar?

Avaliação de Aprendizagem
Acesse às telas interativas do curso para realizar a avaliação de aprendizagem.

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