VICE-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO
ESCOLA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO DOCENTE: ALEXANDRE DOS SANTOS PRIESS
ACADÊMICO: MÁRCIO RIBEIRO BORGES
SISTEMA DE PROTEÇÃO E FOMENTO DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE – COLAGEM DE NORMAS Ressalvada a própria Lei Complementar nº 123, também chamada de Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e que dispõe, em sua integralidade, acerca da proteção às microempresas e empresas de pequeno porte, trazendo como um de seus principais benefícios o regime tributário conhecido como “Simples”, que facilita em muito o recolhimento dos tributos devidos por empresas que se enquadram nas definições legais de microempresas e empresa de pequeno porte, outras normas esparsas igualmente trazem benefícios a pessoa jurídicas de porte diminuto. Cabe aqui, pois, sem que haja a pretensão de esgotar a matéria, promover a colagem de uma série de dispositivos legais que contemplem benefícios inseridos dentro do mesmo sistema de proteção instaurado pela Lei Complementar nº 123. Deixa-se de colacionar dispositivos daquela norma porque ela contempla a matéria na integralidade de seus artigos, pouco sentido havendo em pinçar uma ou outra regra em meio a tão extensa lei. Realizo, ainda, pequenos comentários após a reprodução de algumas disposições específicas, como forma de melhor delinear os respectivos conteúdos. 1) Lei nº 8.666/93 – Lei de Licitações a) Art. 3º, § 14º: § 14. As preferências definidas neste artigo e nas demais normas de licitação e contratos devem privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) - Vale registrar que o art. 3º prevê os critérios de desempate das licitações, bem como institui margens de preferência de acordo com peculiaridades previstas em lei, ressaltando a lei o favorecimento que deve ser outorgado às microempresas e empresas de pequeno porte. b) Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) c) Art. 33, inciso III: III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva participação, podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas assim definidas em lei - Ressalte-se, nesse ponto, que o art. 33 disciplina a formação de consórcios para a participação em licitações, com o trecho final de seu inciso III estabelecendo favorecimento no tocante à desnecessidade de acréscimo na qualificação econômico-financeira.
2) Lei nº 13.709/2018 – Lei Geral de Proteção de Dados
a) Art. 55-J, inciso XVIII:
XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplificados e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que microempresas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas empresariais de caráter incremental ou disruptivo que se autodeclarem startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a esta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) - A LGPD é uma norma recente e ainda não muito conhecida dos operadores do Direito, sendo que modificação ulterior ressaltou a competência de um órgão ali criado para a edição de regras específicas às pessoas jurídicas aqui analisadas. 3) Lei nº 13.105/2015 – Código de Processo Civil
(a) Art. 246-A, § 1º:
§ 1º Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. - No artigo da norma processual civil que aborda a citação, tem-se aqui uma disposição favorável às pessoas jurídicas em enfoque, que ficam desobrigadas de manter cadastro nos diversos sistemas eletrônicos mantidos pelo Poder Judiciário. Dita facilidade é completada pelo parágrafo único do art. 1.051, que expressamente as exclui do prazo assinalado para que as demais empresas promovam seu devido cadastro nos referidos sistemas. 4) Lei nº 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais (a) Art. 8º, § 1º, inciso II: § 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009) (...). II - as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006 ; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) - Seguindo no regramento processual civil, é de se ver que também a Lei dos Juizados Especiais favorece as microempresas e empresas de pequeno porte ao permitir-lhes, a despeito da condição de pessoas jurídicas, a promoção de litígios regidos pela sistemática da Lei nº 9.099/95. 5) Lei de Falências – Lei nº 11.101/2005: (a) Art. 24, § 5º: § 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) - Considerando o limite genérico de 5%, a lei faculta às empresas em tela um limite mais reduzido e adequado ao seu porte. (b) Art. 26, inciso IV: IV - 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas e empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) - Dito dispositivo assegura a presença, no Conselho de Credores, de um representante dos credores de menor porte, minorando os riscos de que sejam prejudicados na divisão dos créditos. É ele completado pelo art. 41, inciso IV, que assegura a participação de um representante de tais credores na Assembleia Geral. (c) Art. 68, parágrafo único: Parágrafo único. As microempresas e empresas de pequeno porte farão jus a prazos 20% (vinte por cento) superiores àqueles regularmente concedidos às demais empresas. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) - Outorga prazos superiores para o parcelamento de créditos tributários. (d) Seção V do Capítulo III - Os arts. 70 a 72, que deixo de transcrever por sua longa extensão, assegura um regime próprio para a recuperação judicial das microempresas e empresas de pequeno porte. (e) Art. 83, inciso IV, alínea “d”: Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: (...). IV – créditos com privilégio especial, a saber: (...). d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) - Nesse dispositivo, há previsão de preferência para os créditos de tais empresas no caso de concurso de credores, ficando atrás apenas de créditos trabalhistas, tributários e daqueles com garantia real.