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Curso: Doutorado
SALVADOR
2016
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Sugestão de orientadores:
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INTRODUÇÃO
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Disponível em http://www.metododerose.org/blogdoderose/tag/vale-do-indo/ “Essa eliminação de evidências
foi tão eficiente que ninguém na Índia e no mundo inteiro sabia da existência da Civilização do Vale do Indo,
até o final do século XIX, quando o arqueólogo inglês Alexander Cunningham decidiu investigar umas ruínas
em 1873. Por isso, as Escrituras hindus ignoram o Yôga Primitivo e começam a História no meio do caminho,
quando esse nobre sistema já havia sido arianizado.Tudo o que fosse dravídico era considerado inferior, assim
como o fizeram nossos antepassados europeus ao dizimar os aborígenes das Américas e usurpar suas terras. O
que era da cultura indígena passou a ser considerado selvagem, inferior, primitivo, indigno e, até mesmo,
pecaminoso e sacrilege”. Acesso em 08 de dezembro de 2015
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Disponível em http://www.metododerosecampinas.com.br/blog/bate-papo-sobre-aprofundamento-filosofico/.
Acesso em 13 de dezembro de 2015.
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PROBLEMA
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OBJETIVO GERAL
Pesquisar o Método De Rose enquanto uma instituição de ensino particular
que oferece o aprendizado do Swàsthya Yôga, filosofia pragmática oriental cujas
técnicas de si e conceitos prometem levar o praticante a um estado de consciência
expandida e maior qualidade de vida. Queremos identificar os procedimentos
pedagógicos utilizados pelo Método De Rose junto aos seus alunos, a fim de levá-
los a alcançar o que a rede promete, além de verificar os resultados observáveis a
partir disso.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Analisar a proposta pedagógica da rede de escolas e a formação de
instrutores credenciados.
2. Avaliar se o objetivo proposto é atingido e como se dá à adequação do
praticante ao sistema, conduzido por um código de ética que constitui uma
moral própria do grupo.
3. Avaliar o nível de escolhas que conduz o praticante a graus mais elevados
na escala evolutiva, uma vez que é necessário aderir ao vegetarianismo e
abandonar o consumo de álcool, fumo e demais drogas para ascender de
categoria e ter acesso a conhecimentos iniciáticos, como a meditação tantra
dhyána.
4. Refletir sobre os limites entre disciplina e liberdade, já que o preceito
principal do grupo é a liberdade acima de todas as coisas. Avaliar como essa
liberdade é possível dentro da senda iniciática, própria da cultura oriental.
5. Refletir como os valores matriarcais e desrepressores dessa linha de yôga
praticada no Método De Rose interferem na visão de mundo desse grupo.
6. Mensurar os efeitos das práticas regulares do SwàSthya Yôga nos
praticantes, inclusive no que diz respeito ao despertamento da Kundalini.
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JUSTIFICATIVA
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“O cuidado de si é uma espécie de aguilhão que deve ser implantado na carne dos homens, cravado na sua
existência e constitui um princípio de agitação, um princípio de movimento, um princípio de permanente
inquietude no curso da existência”(FOUCAULT, 2006, 11)
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“A oitava norma ética do Yôga é tapas, autossuperação. O yôgin deve observar constante esforço sobre si
mesmo em todos os momentos. Esse esforço de auto-superação consiste numa atenção constante no sentido de
fazer-se melhor a cada dia e aplica-se a todas as circunstâncias.” (DE ROSE, 2009, 31)
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Um dos graus da escala evolutiva do SwàSthya yoga.
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“Este livro é a contribuição monumental ao Yôga deste século e a mais inestimável dádiva ao do século
vindouro. Definitivamente, você produziu uma master-piece no ensinamento do Yôga”.
M.S. VISWANATH. Depoimento do Presidente da Yôga Federation of India a respeito do livro Tratado de
Yôga
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Pertencente à linha tântrica, a meditação tântrica é um dos conhecimentos disponibilizados apenas para
aqueles que chegarem ao grau de instrutor.
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SwáSthya significa auto-suficiência, saúde, bem-estar, conforto, satisfação. É baseado em raízes muito antigas
(Tantra-Sámkhya) e por isso pois possui o gérmen do que, séculos mais tarde, deu origem aos oito ramos mais
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REFERENCIAL TEÓRICO
antigos (Ásana Yôga, Rája Yôga, Bhakti Yôga, Karma Yôga, Jñána Yôga, Layá
Yôga, Mantra Yôga e Tantra
Yôga). Trata-se da sistematização do Dakshinacharatantrika-Niríshwarasámkhya Yôga, um proto-Yôga
integrado de origens dravídicas com mais de 5.000 anos. (DE ROSE, 2007)
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Pátañjali é o codificador do Yôga Clássico e viveu provavelmente no século III a.C. Em seu livro Yôga
Sútra, afirma que a meta do Yôga é o samádhi. Samádhi é o estado de hiperconsciência e megalucidez que gera
autoconhecimento. Segundo Shivánanda, o mais expressivo Mestre hindu do século XX, médico
oftalmologista, autor de mais de 300 livros sobre Yôga, "nenhum samádhi é possível sem kundaliní. (DE
ROSE, 2006)
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“Há mais de dois mil anos, a glândula pineal, ou epífise, é tida como a sede da alma. Para os praticantes do
ioga, a pineal é o ajna chakra, ou o "terceiro olho", que leva ao autoconhecimento. O filósofo e matemático
francês Renê Descartes, em Carta a Mersenne, de 1640, afirma que "existiria no cérebro uma glândula que seria
o local onde a alma se fixaria mais intensamente". Disponível em
http://www.ippb.org.br/textos/especiais/mythos-editora/pineal-a-uniao-do-corpo-e-da-alma Acesso em 13 de
dezembro de 2015.
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[…] origem e finalidade são naturais, mas cujas virtualidades, devido à sua
energia própria, levam à revolta e ao excesso. Só se pode usar dessas
forças com a moderação que convém quando se é capaz de opor-se a
elas, de lhes resistir e dominá-las. (Ibdem, 62).
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O conceito do cuidado de si é uma tentative de traduzir a noção grega de Epiméleia Heautoû. “Com a noção
de Epimeleia Heautoû, temos todo um corpus definindo uma maneira de ser, uma attitude, uma reflexão,
práticas que constituem uma espécie de fenômeno extremamente importante não somente na história das
noções e teorias, mas na própria história da subjetividade ou, se quisermos, na história das práticas da
subjetividade” (FOUCAULT, 2006, 15)
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“é a condição da sophrosune, a forma de trabalho e de controle que o indivíduo deve exercer sobre si para
tornar-se temperante ( sophron)”(FAOUCAULT, 1984, 62)
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próprio ato sexual, “associado ao mal, ao pecado, à queda, à morte” (Ibdem, p.17),
aceito apenas no casamento monogâmico com finalidade restrita à procriação, na
qual o papel da mulher estaria subjugado ao da maternidade, lugar que esse ser
misterioso, capaz de gerar vida, deveria ocupar, sendo assim uma experiência de
adestramento do corpo feminino. ''A mulher parecia-se com a ponta de um
continente submerso do qual nada se sabia. Ao mesmo tempo capaz de atrair e
seduzir os homens, ela os repelia através de seu ciclo menstrual, seus cheiros,
secreções e sucos, as expulsões do parto” (PRIORE, 1990, p.36).
Assim, na Grécia antiga, ao invés da imposição de uma conduta com
interdições relativas à fidelidade monogâmica, relações homossexuais e castidade,
estavam à disposição “textos ‘práticos’ que são eles próprios objeto de prática na
medida em que eram feitos para serem lidos, aprendidos, meditados, utilizados,
postos à prova, e visavam, no final das contas, constituir a armadura da conduta
cotidiana”. (FOUCAULT, 1984, p.16). O corpo, mais do que “casa do pecado” seria
alvo de uma experiência da Somaestética, que proporcionaria “uma consciência
corporal mais aprimorada”, capaz de aumentar o “conhecimento, a performance e o
prazer” (SHUSTERMAN in PICHININE, 2012, p.75). Shusterman a define como “um
arcabouço disciplinar para o qual convergem práticas e saberes que se propõem a
um uso prático (...)o estudo crítico e o cultivo melhorativo de como experenciamos e
usamos o corpo vivo (soma) como lugar de apreciação sensorial (estesia) e de
autoestilização criativa” (SHUSTERMAN, 2012, p.44). Desse modo, teríamos, ao
mesmo tempo, uma experiência e uma proposta desse tipo nas escolas do Método
De Rose, que ensinam o SwàSthya yôga, um tipo de yôga ancestral codificado por
De Rose e aplicado em sua rede. O Swásthya são técnicas e conceitos que
prometem melhorar a qualidade de vida do aluno .
Essa associação é possível por diversos aspectos. Primeiro porque se trata
de uma escola que ensina técnicas corporais que tem por finalidade levar ao estado
de Hiperconsciência. Segundo, porque a noção de experiência estética sugerida
por Foucault como produção da prática de liberdade é uma das características do
yôga praticado no Método, pois é de linha tântrica, portanto prescreve o deleite
como estilo de vida. “Para os tântricos, se a Natureza nos dotou de instintos,
emoções e sentidos, conseqüentemente, tudo o que tenha a ver com isso deve ser
naturalmente utilizado”. (SANTOS, 1995, p.84). A própria característica do
SwàSthya yôga, de ser executado em forma coreográfica, insinua uma dança, em
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Disponível em http://derosealtodaxv.org.br/blog/caracteristicas-yoga. Acesso em 15 de dezembro 2015
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mundo que é sempre subjetivo, pois sua existência depende do sujeito que com ele
se relaciona. Essa relação do sujeito com o mundo se dá através da
intencionalidade que reflete o corpo através da ação, a qual revelaria a interioridade
do ser. Assim, a consciência se enraiza no corpo e se revela na ação. “Eu não
estou diante do meu corpo, estou em meu corpo, ou antes, sou meu
corpo”(MERLEAU-PONTY, 1996, p.207).
Superada a dicotomia entre corpo e mente, herança do cartesianismo que
dividia o mundo entre físico e mental – proposição que foi sendo ultrapassada a
partir de teorias que eram resultado de esforços sucessivos de pensadores como
Benedictus de Spinoza (1632-1677) com sua teoria do duplo aspecto, que defende
uma única substância infinita formando tudo, assim como Leibniz (1646-1716) que
confabula uma sincronia entre alma e corpo funcionando como dois relógios
simultâneos, além do paralelismo psicofísico de Bergson (1859-1941), onde haveria
uma correlação entre mente e cérebro, e a noção de body-mind (corpo-mente) que
“exprimiria de modo mais apto a sua união essencial, deixando ainda espaço para
uma distinção pragmática entre os aspectos mentais e físicos do comportamento e
para o projeto de aumentar a sua unidade experencial” ( SHUSTERMAN, 2000
p.32) – temos por explorar o universo do conhecimento da filosofia do yôga que se
refere a corpos sutis e chackras18. Esse tipo de conhecimento, ainda insipiente em
sua aceitação acadêmica, ganha tons de ciência a partir da física quântica, o que
permitiria refletir positivamente com relação aos campos vibracionais citados nesse
saber oriental19. A seguir, temos uma ilustração dos principais chackras dispostos
ao longo da coluna vertebral (figura 01) :
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Centros de energia
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“Denomina-se Fisiologia Energética, o estudo dos processos sutis que ocorrem em nosso corpo e que se
referem aos nadis, chakras, kundaliní e ao prana. De acordo com tal fisiologia, no corpo humano existem
canais energéticos: os nadis, por onde circula o prana, que nutre órgãos e sistemas. Tais canais assumem várias
rotas diferentes e independentes por onde permitem que a energia circule”. (CAVALARI, 2011,42)
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Figura 1 – Representação dos chakras .
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Imagem retirada do site http://www.occultblogger.com/chakra-balancing-meditation em janeiro de 2016
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(entrevista com H. Becker, R. Fomet-Betancaurt, A. Gomez-Müller, em 20 de janeiro de 1984). Concórdia
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Revista internacional de filosofia. n 6. Julho-dezembro de 1984, ps. 99-116.
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REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
______. Yôga: mitos e verdades. 36a Ed. São Paulo: Editora União Nacional de
Yôga, 1996.
______. Tudo o que você nunca quis saber sobre Yôga (e jamais teve a
intenção de perguntar). Porto Alegre: L&PM Editores, 2003.
EWALD, François. Michel Foucault. In: ESCOBAR, Carlos Henrique de. (Org.).
Michel Foucault: O dossier – últimas entrevistas. Rio de Janeiro: Taurus, 1984.
______. O Uso dos Prazeres e as Técnicas de Si, em: Ditos e Escritos V. Ética,
Sexualidade, Política. 2a edição. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária, 2010.
Tradução de Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa.
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______. História da Sexualidade 3: o cuidado de si. São Paulo, SP: Graal, 2009.
Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque.
______. Sobre a genealogia da ética. Uma revisão do trabalho. In: Rabinow, Paul;
Dreyfus, Hubert. Michel Foucault. Uma trajetória filosófica. Para além do
estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
KHANNA Madhu: The Tantric Symbol of Cosmic Unity, Thames and Hudson
Ltd,London, 1994.
KAHN, Dr. Fritz: A Nossa Vida Sexual - 15a. edição - Ed. Civilização Brasileira, Rio
de Janeiro, 1965.
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Universidade de Yôga. 7a. Ed. São Paulo: Editora União Nacional de Yôga, 1995.