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ATENÇÃO!
A teoria do concurso de pessoas só tem interesse nos delitos unissubjetivos1, pois nos
plurissubjetivos a reunião de pessoas emana do próprio tipo penal.
REQUISITOS
a) Pluralidade de agentes e de condutas;
ATENÇÃO!
Embora todos se dediquem ao sucesso da empreitada, nem sempre o fazem em condições
idênticas, sendo possível, até mesmo que instigue ou induza outrem a ser o executor material.
c) Liame subjetivo entre os agentes: todos os agentes atuam conscientes de que estão reunidos
para a prática da mesma infração. Faltando o vínculo psicológico, desnatura-se o concurso de
pessoas.
ATENÇÃO!
Liame subjetivo é indispensável, mas o prévio ajuste é dispensável. Para a caracterização
do vínculo subjetivo é suficiente a atuação consciente do partícipe no sentido de contribuir para
a conduta do autor, ainda que este desconheça a colaboração.
d) Identidade de infração penal: todos os concorrentes devem contribuir para o mesmo evento.
b) Teoria pluralista: a cada um dos agentes se atribuí conduta, elemento psicológico e resultado
específico. Haverá tantos crimes quantos sejam os agentes2.
1 Os delitos unissubjetivos ou de concurso eventual são aqueles que podem ser executados por uma ou várias
pessoas, constituindo a regras dos delitos.
2 Embora não seja adotada como regra, a teoria pluralista é excepcionalmente prevista no Código Penal. Como por
exemplo os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa (arts. 317, e 333) eaborto praticado por terceiro com o
c) Teoria dualista: tem-se um crime para os executores do núcleo do tipo (autores) e outro aos que
não o realizam, mas que concorrem para a sua execução (partícipes).
A teoria adotada pelo Código Penal foi a monista, estabelecendo-se a existência de apenas
um crime e a responsabilidade de todos os que concorrem para a sua prática. Todavia, a pena
aplicada aos agentes será na medida de sua culpabilidade.
Art. 29 Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.
b) Teoria extensiva: também não distingue autor e partícipe, mas permite o estabelecimento de
graus diversos de autoria, prevendo causas de diminuição conforma a relevância da contribuição.
c) Teoria objetiva ou dualista: estabelece distinção entre autor e partícipe, subdividindo-se em:
c.1) Objetivo-formal: o autor é quem realiza a ação nuclear típica e partícipe quem concorre
de qualquer forma para o crime.
c.2) Objetivo-material: autor é quem contribui objetivamente de forma mais efetiva para a
ocorrência do resultado, não necessariamente praticando a ação nuclear típica. Partícipe é o
concorrente menos relevante para o desdobramento causal, ainda que sua conduta consista na
realização do núcleo do tipo.
d) Teoria do domínio do fato (Hans Welzel): diferencia o autor do executor do crime, conciliando
as teorias objetiva e subjetiva. O autor é que controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide
a sua forma de execução, seu início, cessação e demais condições. Partícipe será aquele quem
embora colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação.
a) aquele que, por sua vontade, executa o núcleo do tipo (autor propriamente dito);
b) aquele que planeja a empreitada criminosa para ser executada por outras pessoas (autor
intelectual);
ATENÇÃO!
A teoria do domínio do fato aplica-se apenas aos crimes dolosos, onde admite-se o
controle finalístico. Nos crimes culposos, o resultado é involuntário, logo, impossível de ser
dominado finalisticamente pelo agente.
O Código Penal adota a teoria objetivo-formal (art. 29), contudo, a doutrina tem adotado
cada vez mais a teoria do domínio do fato (seguida pelos Tribunais Superiores).
AUTORIA MEDIATA
Autor mediato é aquele que, sem realizar diretamente a conduta descrita no tipo penal,
comete o fato típico por ato de outra pessoa, utilizada como seu instrumento. Não se confundindo
com o partícipe, pois sua conduta não é acessória, mas principal, detendo o domínio do fato.
O autor mediato utiliza, como instrumento, pessoa não culpável (não imputável, sem
potencial consciência da ilicitude ou inexigível dele conduta diversa) ou que atua sem dolo ou
culpa. Esse instituto é aplicado nas seguintes hipóteses:
ATENÇÃO!
► É dominante o entendimento de que não é possível a autoria mediata nos crimes culposos,
pois o resultado, nestes, é involuntário.
► A autoria mediata é possível nos crimes próprios3, desde que o autor mediato reúna as
condições pessoais exigidas pelo tipo do autor imediato.
► De acordo com o entendimento majoritário, a autoria mediata não é possível nos crime de
mão própria.
► Autoria de escritório, mediata especial ou particular: é o caso do agente que emite a
ordem para que outro indivíduo, igualmente culpável, pratique o fato criminoso. Esta espécie de
3 Aqueles em que o tipo penal exige certos requisitos (elemento diferenciador) por parte do agente.
autoria é comumente identificada no âmbito das organizações criminosas. Há, no caso, autoria,
porque o domínio do fato por parte de quem determina a prática do crime é bastante relevante,
não podendo ser considerado mera instigação.
AUTORIA COLATERAL
Ocorre quando dois ou mais agente, um ignorando a contribuição do outro, concentram suas
condutas para o cometimento da mesma infração penal. É ausente o vínculo subjetivo entre os
agentes, que se presente faria existir o concurso de pessoas.
ATENÇÃO!
A autoria colateral dá origem a autoria incerta, quando não é possível determinar qual
dos autores foi responsável pelo resultado. Se por exemplo, João e Antônio, se colocam de
tocaia, no mesmo local, ignorando-se mutuamente, para matar José. Ambos disparam, mas não é
possível determinar qual deles efetivamente causou a morte. Nessa hipótese, o resultado, cuja
autoria é desconhecida, será abstraído. Respondendo, ambos os agentes por tentativa de
homicídio.
Outra situação interessante á a perpetração de crime impossível por um dos agentes, sem
que seja possível determinar quem causou o resultado. Nessa hipótese deverá ser aplicada a
máxima do in dubio pro reo em favor dos autores.
MULTIDÃO DELINQUENTE
Ocorre nas hipóteses em que, afastada a associação criminosa ou outra forma de
delinquência organizada, o fato ocorre por influência de indivíduos reunidos, que, em clima de
tumulto ou manipulação, tornam-se desprovidos de limites éticos e morais. Haverá, nessa hipótese,
liame subjetivo, configurando o concurso de pessoas. E, em razão da impossibilidade de
individualização das condutas, está será dispensada, bastando a demonstração de contribuição de
cada indivíduo para o resultado. No entanto, apenas será atenuada para todos, com exceção daquele
que promoveu, organizou ou dirigiu a atividade dos demais agentes, sujeito a agravante.
► A coautoria é compatível com os crimes próprios quando todos os autores dorem dotados da
característica necessária para incidência da norma específica ou se apenas um deles o for e esta
característica for conhecida pelos demais.
►Em regra, os crimes de mão própria não comportam a coautoria, mas a doutrina aponta uma
exceção: a falsa perícia firmada dolosamente por dois ou mais expertos conluiados.
► Coautoria sucessiva: ocorre quando a conduta for iniciada em autoria exclusiva e a
consumação se dá com a colaboração de outro indivíduo, sem que há prévia combinação.
► O executor de reserva, indivíduo que permanece a disposição para intervir caso necessário,
será considerado participe se não intervir, mas se o fizer, será coautor.
PARTICIPAÇÃO
O partícipe não comete a conduta descrita pelo preceito primário da norma, mas pratica uma
atividade que contribui para a realização do delito. A participação pode ocorrer:
a.1) instigação: o partícipe reforça ideia já existente na mente do autor, ocorrendo na fase de
cogitação; ou
a.2) induzimento: o partícipe faz nascer no agente o propósito, até então inexistente, de
cometer o crime. O induzimento pode ocorre na cogitação, nos atos preparatórios e até durante a
execução.
ATENÇÃO!
Tanto a instigação quanto o induzimento devem se referir a fato determinado e
direcionados a pessoa certa, sob pena de configurar incitação ao crime (CP, art. 286).
b) por via material, que ocorre por meio do auxilio do autor do crime. O partícipe facilita a
execução do delito, prestando adequada assistência ao autor principal, sem, contudo, tomar parte na
execução da ação nuclear típica. O auxilio pode ser prestado durante os atos preparatórios ou
executórios, mas, se consumado o delito, somente se considera eventual assistência se previamente
acordada entre os agentes.
ATENÇÃO!
Se João comete um crime de roubo, e antônio rebe o produto da subtração para assegurar o
proveito, somente será partícipe do crime de roubo se o recebimento houver sido combinado
antes da prática criminosa, pois, do contrário, será autor de favorecimento real (CP, art. 349).
Quanto aos crimes omissivos impróprios é possível a coautoria, desde que os vários
garantes, com dever jurídico de evitar aquele determinado resultado, de comum acordo, deixam de
agir. Bem como também é possível a participação em crime omissivo impróprio.
Art. 29, § 1º. Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
ATENÇÃO!
► Para Mirabete a redução da pena é facultativa. Contudo, Sanchez e Bitencourt afirmam que a
faculdade resume-se ao grau de redução, reconhecida a participação de menor importância, a
redução se impõe.
► A participação de menor importância não se confunde com a participação inócua ou
desnecessária, que é aquela destituída de qualquer relevância, em nada contribuindo para o
alcance do resultado, e que, portanto, não é punível.
Art. 29, § 2º - Se algum dos concorrentes5 quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.
► Condições: são elementos inerentes ao indivíduo, considerados em sua relação com os demais, e
existentes independentemente da prática do crime.
PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL