Dentro do conceito de tipo, nós sabemos que lá está a conduta, resultado,
nexo de casualidade e adequação típica (tipicidade). Vamos começar com a conduta. Bom, não existe crime sem conduta ou uma ação, mas que fique claro que há exceção quanto ao tipo penal omissivo. Essa conduta não é desprovida de elemento psicológico. Além disso, durante muito tempo só tínhamos a imputação subjetiva, só se trabalhava o conceito de dolo e culpa, sobretudo por conta do funcionalismo da década de 70 na Alemanha. Hoje, ao lado da imputação subjetiva, nós temos a imputação objetiva para auxiliar nas decisões. 2- ESTUDO DO DOLO: De modo geral, o código penal nem conceitua dolo, mas vamos entender que o código penal de 40 (atual) que sofreu uma reforma em 1984 bastante emblemática na parte geral e que teria como objetivo adaptar a legislação a teoria finalista da ação, porque até então era causalista, e partir de 84 passamos a ser finalistas. Desse modo, nesse contexto, o legislador conceituou dolo e está no código (Art.18) , INCISO 1º “Diz-se crime doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. Nesse sentido, através desse ponto especifico ele faz uma presunção (equiparação) autoritária, de modo que ele equipara o dolo como algo além do que querer, contudo, dolo é consciência e vontade. A vontade é elemento por excelência do dolo. Quando o legislador diz em “assumir o risco”, ele faz uma presunção, seria algo como “tanto faz”. Nesse sentido, isso é o que se chama Dolo Eventual, alguém que não queria, mas assume o risco de um resultado. Quanto mais grave for o dolo, mais grave pode ser a pena. Quanto menor for o dolo, menor será a pena. 3- ELEMENTOS DO DOLO: O dolo tem dois elementos, um se chama intelectivo ou cognitivo e o outro é o volitivo. Dolo é conhecimento e vontade, toda conduta é uma conduta final, mas é evidente que vou ter casos em que não vou ter conduta, pode ser reflexo. Os elementos reflexos eliminam as próprias condutas. Voluntariedade é diferente de vontade: uma conduta voluntária é aquela que não é viciada, forçada. A conduta é pressuposta por qualquer crime, seja ele culposo ou doloso. 2º elemento: a vontade.
Do momento que eu sei o que estou fazendo, eu escolho se quero ou
não quero, esse é o elemento da vontade (elemento volitivo).
Elemento volitivo é a vontade de realizar a conduta proibida (o tipo).
O elemento intelectivo é o conhecimento atual sobre a situação fática,
porque ele compreende elementos descritivos que são realidades concretas perceptíveis pelos sentidos (ex: homem, coisa), e elementos normativos que são significados comuns e não jurídicos (ex: coisa alheia, documento).
Por que isso é importante? Quando estudamos neokantismo e falamos
sobre os elementos normativos do tipo, sabemos que os elementos normativos do tipo são elementos de valoração descritivos. (Ex: homem, coisa, mulher). Eu consigo perceber esses elementos pelos sentidos, porém, existem outros elementos normativos do tipo que eu preciso de um juízo de valor ex: documento; preciso saber o conhecimento do conteúdo. Portanto, no dolo, eu preciso ter conhecimento dos elementos descritivos (ex: arma, coisa) e também dos elementos normativos (ex: proibida, alheia).
A grande dificuldade do dolo é essa, é provar que a coisa estava na
cabeça do sujeito, é comprovar a vontade do agente (pois não se tem dolômetro).
ESPÉCIES DE DOLO: Existe três categorias de dolo.
Dolo direto de primeiro grau: é exatamente o crime doloso por
excelência, aquela situação onde sujeito queria que ocorresse o ato e usou toda sua energia psíquica para acontecer. É a vontade consciente que dirige a ação, é o que o autor pretende realizar. É um ato integral. Dolo direto de segundo grau: Ele surge de uma identificação de um caso concreto, da jurisprudência alemã. O caso concreto que a professora cita é o caso em que um sujeito era dono de uma embarcação e ele pretendia fazer uma fraude contra uma seguradora e a vontade dele era fazer o crime de estelionato simulando o naufrágio dessa embarcação para obter uma indenização milionária. Além disso, se soube que no ato houve pessoas que poderiam perecer, e os danos provocados as pessoas não era a vontade originária do fato. A vontade era a obtenção do valor por meio da fraude.
Nesse sentido, eu tenho duas situações, uma situação de vontade
voltada para um primeiro resultado que é referente ao estelionato e o segundo o crime contra as pessoas. No caso do estelionato, se tem um dolo direto de primeiro grau. Porém, em relação as mortes das pessoas, afogamento ou lesão corporal existe uma redução na intensidade do querer, é um desejo caracterizado como necessário para a obtenção de outra coisa. Isso recebeu o nome na doutrina de dolo direto de segundo grau, que é quando se assume condições necessárias para a realização de um outro fim proposto.
São situações secundárias que estão relacionadas com a causa primária.
Dolo eventual: É a aceitação da conformação com as consequências
típicas do ato. Aqui não há vontade, mas há aceitação. O sujeito não admite uma possibilidade como necessária, ele simplesmente se conforma.
EX: Furar o sinal e correr o risco de matar alguém. Não se tem o desejo que aconteça, mas se corre o risco e se assume o risco da produção de um resultado.
Do ponto de vista legal, não há diferença entre os três, os três são
dolosos. A diferença se dá na categoria da aplicação da pena. Os casos concretos nem sempre vão trazer a clareza dos exemplos dados na sala de aula.