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Nome do Aluno: JORGE ANDRÉ SANTOS Matrícula: 21037048

Nome do Curso: MESTRADO EM PSICANALISE


Nome e Número do Módulo: Psicanalise Existencial MODULO 10
AVALIAÇÃO DE CURSOS DE FORMAÇÃO E MESTRADO
Configurações: Fonte Arial 12 e espaçamento 1.5 – Min. 1 Pagina.

Desenvolva abaixo a resenha do módulo Estudado.

INTRODUÇÃO

“A psicanálise existencial nada reconhece antes do surgimento original da


liberdade humana; a psicanálise empírica postula que a afetividade primordial
do indivíduo é uma cera virgem antes de sua história” . Aqui também aparece a
primeira diferença, a saber, a psicanálise existencial parte da liberdade
humana, a empírica tem a história individual como ponto de partida. Seguem
mais semelhanças, conforme podemos notar na seguinte passagem: Ambas
consideram o ser humano como uma historização perpétua e procuram
descobrir, mais do que dados estáticos e constantes, o sentido, a orientação e
os avatares desta história. Por isso, ambas consideram o homem no mundo e
não aceitam a possibilidade de questionar aquilo que um homem é sem levar
em conta, antes de tudo, sua situação. As investigações psicanalíticas visam
reconstituir a vida do sujeito desde o nascimento até o momento da cura;
utilizam todos os documentos objetivos que possam encontrar: cartas,
testemunhos, diários íntimos, informações “sociais” de todo tipo. E o que visam
restaurar é menos um puro acontecimento psíquico do que uma estrutura dual:
o acontecimento crucial da infância e a cristalização psíquica em torno dele.
Ainda aqui, trata–se de uma situação. Cada fato “histórico”, por esse ponto de
vista, será considerado ao mesmo tempo como fator da evolução psíquica e
como símbolo desta evolução (SARTRE, 1997, p. 697). A psicanálise
existencial trata de determinar a escolha original, e a empírica, por sua vez,
procura determinar o complexo de Édipo como o fundamento da realidade
humana. Assim, tanto uma como outra buscam uma atitude fundamental, que
não se expressa por definições simples e lógicas, pois antecede a toda lógica.
Vol. 3, nº 1, 2010. www.marilia.unesp.br/filogenese 80 Até aqui listamos
brevemente as semelhanças, e agora podemos apresentar a psicanálise
existencial propriamente dita. Em primeiro lugar, a escolha original não é um
fundamento determinado, dado que ela se faz de maneira contingente, de
forma que a mesma está dada sem nenhuma justificação; diferentemente da
psicanálise empírica, que determinou o complexo de Édipo como o fundamento
da realidade humana, sendo a libido uma característica essencial deste
complexo. Assim, é perfeitamente possível conceber uma realidade humana
que não tivesse o complexo de Édipo como seu fundamento, pois sendo esta
realidade humana contingente, é necessário analisar seu fundamento que não
tem justificação, visto que é gratuito, a saber, a escolha original. Segundo, a
escolha original não é procedente de coisa alguma nem causa da realidade
humana; ao contrário, a libido parece ser a causa do complexo de Édipo ou
nela este tem sua origem. Por fim, a psicanálise existencial renuncia, destaca

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Sartre (1997, 701): [...] a todas as interpretações genéricas do simbolismo
considerado. Uma vez que nosso objetivo não poderia ser o de estabelecer leis
empíricas de sucessão, não podemos constituir uma simbólica universal. Mas o
psicanalista, a cada vez, terá de reinventar uma simbólica, em função do caso
particular sob consideração [...] Assim, a psicanálise existencial deverá ser
inteiramente flexível e adaptável às menores mudanças observáveis no sujeito:
trata–se de compreender aqui o individual e, muitas vezes, até mesmo o
instantâneo. O método que serviu a um sujeito, por essa razão, não poderá ser
empregado em outro sujeito ou no mesmo sujeito em uma época posterior..
A busca por um fundamento ontológico da realidade humana é um absurdo,
visto que ele não existe. A realidade humana existe contingentemente, ela
simplesmente está aí, lançada no mundo sem que haja uma dependência
ontológica, ou seja, ela não deriva de um princípio ou essência, pois por
contingência ela se faz. Assim, o homem não é, mas se faz, à medida que
escolhe uma possibilidade de ser, sendo esta escolha indeterminada, pois ela é
transitória, muda a todo instante, a cada vez que a liberdade é exercida. Assim,
Sartre inverte a ontologia tradicional, pois a existência é o princípio ontológico
da realidade humana, não sendo a causa desta, uma vez que ambas se
confundem, pois a realidade humana existe, ela se faz, não havendo uma
relação causal. A realidade humana existe simplesmente, sem que haja uma
justificação por uma causa que a anteceda e a sustente. A análise psicológica
de Flaubert está baseada no princípio de causalidade, frontalmente criticado
por Sartre, pois contrapõe–se à idéia de contingência. As inclinações de
juventude de Flaubert justificam a razão dele ser escritor, elas determinam
Flaubert como escritor. O postulado da causalidade opõe–se à liberdade, pois
o ato intencional visa uma finalidade, que é o motivo da ação, não sendo assim
um efeito de uma determinada ação. Assim, a liberdade enquanto ação
intencional, que visa uma finalidade, que é o motivo da ação, não nega o
motivo desta, pois caso contrário, comprometeria a própria estrutura da
consciência, que é consciência de algo e é intencional. A intencionalidade da
consciência estrutura a própria liberdade, à medida que esta é uma ação
intencional, o que não quer dizer que ela tenha uma causa, mas tem um motivo
que aparece em todo o processo do ato, não sendo antecedente. Conforme
ressalta Silva (2003, p. 137): Só existe motivo quando a consciência aceita um
motivo na intencionalidade do ato, isto é, quando algo é vivido como motivação
da ação. Aí está a diferença entre causa determinante de um fenômeno e
motivo de um ato. A causa é exterior ao efeito, e o processo se dá numa
trajetória temporal linear antes/depois; o motivo aparece na constituição do ato
tanto como o seu início quanto como o seu fim. Essa ausência de uma
anterioridade determinada deriva do não–ser da consciência, o que a faz, por
sua vez, origem radical do ato, uma vez que não há na consciência ser ao qual
o ato e o motivo possam ser vinculados como num encadeamento causal
natural. Vol. 3, nº 1, 2010. www.marilia.unesp.br/filogenese 79 Após criticar a
psicologia empírica, Sartre compara as duas psicanálises, a existencial e a
empírica, apontando as semelhanças e, sobretudo, as diferenças. Em linhas

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gerais elas utilizam o método psicanalítico, sendo a psicanálise existencial
inspirada na teoria psicanalítica instituída por Freud. Ambas, segundo Sartre
(1997, p. 696): “consideram todas as manifestações objetivamente discerníveis
da “vida psíquica” como sustentando relações de simbolização a símbolo com
as estruturas fundamentais e globais que constituem propriamente a pessoa”.
Isto significa que o método psicanalítico analisa a vida psíquica relacionando as
suas relações simbólicas com as estruturas fundamentais que constituem a
pessoa enquanto indivíduo. As duas psicanálises rejeitam a existência de
dados primordiais, como inclinações hereditárias, caráter etc.

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