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INTRODUÇÃO
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Sartre (1997, 701): [...] a todas as interpretações genéricas do simbolismo
considerado. Uma vez que nosso objetivo não poderia ser o de estabelecer leis
empíricas de sucessão, não podemos constituir uma simbólica universal. Mas o
psicanalista, a cada vez, terá de reinventar uma simbólica, em função do caso
particular sob consideração [...] Assim, a psicanálise existencial deverá ser
inteiramente flexível e adaptável às menores mudanças observáveis no sujeito:
trata–se de compreender aqui o individual e, muitas vezes, até mesmo o
instantâneo. O método que serviu a um sujeito, por essa razão, não poderá ser
empregado em outro sujeito ou no mesmo sujeito em uma época posterior..
A busca por um fundamento ontológico da realidade humana é um absurdo,
visto que ele não existe. A realidade humana existe contingentemente, ela
simplesmente está aí, lançada no mundo sem que haja uma dependência
ontológica, ou seja, ela não deriva de um princípio ou essência, pois por
contingência ela se faz. Assim, o homem não é, mas se faz, à medida que
escolhe uma possibilidade de ser, sendo esta escolha indeterminada, pois ela é
transitória, muda a todo instante, a cada vez que a liberdade é exercida. Assim,
Sartre inverte a ontologia tradicional, pois a existência é o princípio ontológico
da realidade humana, não sendo a causa desta, uma vez que ambas se
confundem, pois a realidade humana existe, ela se faz, não havendo uma
relação causal. A realidade humana existe simplesmente, sem que haja uma
justificação por uma causa que a anteceda e a sustente. A análise psicológica
de Flaubert está baseada no princípio de causalidade, frontalmente criticado
por Sartre, pois contrapõe–se à idéia de contingência. As inclinações de
juventude de Flaubert justificam a razão dele ser escritor, elas determinam
Flaubert como escritor. O postulado da causalidade opõe–se à liberdade, pois
o ato intencional visa uma finalidade, que é o motivo da ação, não sendo assim
um efeito de uma determinada ação. Assim, a liberdade enquanto ação
intencional, que visa uma finalidade, que é o motivo da ação, não nega o
motivo desta, pois caso contrário, comprometeria a própria estrutura da
consciência, que é consciência de algo e é intencional. A intencionalidade da
consciência estrutura a própria liberdade, à medida que esta é uma ação
intencional, o que não quer dizer que ela tenha uma causa, mas tem um motivo
que aparece em todo o processo do ato, não sendo antecedente. Conforme
ressalta Silva (2003, p. 137): Só existe motivo quando a consciência aceita um
motivo na intencionalidade do ato, isto é, quando algo é vivido como motivação
da ação. Aí está a diferença entre causa determinante de um fenômeno e
motivo de um ato. A causa é exterior ao efeito, e o processo se dá numa
trajetória temporal linear antes/depois; o motivo aparece na constituição do ato
tanto como o seu início quanto como o seu fim. Essa ausência de uma
anterioridade determinada deriva do não–ser da consciência, o que a faz, por
sua vez, origem radical do ato, uma vez que não há na consciência ser ao qual
o ato e o motivo possam ser vinculados como num encadeamento causal
natural. Vol. 3, nº 1, 2010. www.marilia.unesp.br/filogenese 79 Após criticar a
psicologia empírica, Sartre compara as duas psicanálises, a existencial e a
empírica, apontando as semelhanças e, sobretudo, as diferenças. Em linhas
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gerais elas utilizam o método psicanalítico, sendo a psicanálise existencial
inspirada na teoria psicanalítica instituída por Freud. Ambas, segundo Sartre
(1997, p. 696): “consideram todas as manifestações objetivamente discerníveis
da “vida psíquica” como sustentando relações de simbolização a símbolo com
as estruturas fundamentais e globais que constituem propriamente a pessoa”.
Isto significa que o método psicanalítico analisa a vida psíquica relacionando as
suas relações simbólicas com as estruturas fundamentais que constituem a
pessoa enquanto indivíduo. As duas psicanálises rejeitam a existência de
dados primordiais, como inclinações hereditárias, caráter etc.
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