Você está na página 1de 21

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

RESUMO

A água é a substância mais abundante na superfície do planeta, participando de


todos os seus processos modeladores, desde as profundezas da Terra no sistema geodínamo
até a sua superfície, no sistema clima.
Ela é vital para toda a vida do planeta, os humanos não podem sobreviver mais do
que poucos dias sem ela e, mesmo nos desertos mais secos, as plantas e os animais precisam
um pouco desse liquido.
Porém com o aumento da demanda e um estoque de água doce limitado, a
engenharia tem se aperfeiçoado cada vez mais para a sua retirada em subsuperfície.
O presente trabalho abordará a relevância e a caracterização do estudo das águas
subterrâneas com a engenharia.

ABSTRACT

Water is the most abundant substance on the surface of the planet, participating in
all its processes modelers, from the depths of the earth in geodynamo system until its surface,
the climate system.
It is vital for all life on the planet, humans can not survive more than a few days
without it, and even in the driest deserts, plants and animals need a little of that liquid.
But with increasing demand and limited supply of fresh water, the engineering has
been increasingly optimized for withdrawal in the subsurface.
This paper will discuss the relevance of the study and characterization of
groundwater engineering.

Palavras-chave: Aquífero, Água Subterrânea.

1. INTRODUÇÃO
1
Águas Subterrâneas
Podemos ver a água fluindo nos rios superficiais, e também observa-la em lagos e
oceanos. Mas é mais difícil observar as imensas quantidades de água armazenada na
atmosfera e no subsolo e os mecanismos pelos quais ela flui para esses locais de
armazenamento e depois sai deles. Quando a água evapora, ela desaparece na atmosfera como
vapor. Quando a água da chuva infiltra-se no subsolo, torna-se subterrânea – a massa de água
armazenada sob a superfície terrestre.
Cada lugar onde a água é armazenada constitui um reservatório, e os principais
reservatórios naturais de Terra são os oceanos, as geleiras e o gelo polar, os aquíferos, lagos,
rios, atmosfera e a biosfera. A quantidade de água disponível no mundo é imensa, cerca de
1,46 bilhão de quilômetros cúbicos distribuídos entre os vários reservatórios e desse total,
95,96% é água salgada e apenas 4,04% é água doce. A figura 1 mostra a distribuição da água
nesses reservatórios.
Os reservatórios ganham água pelos influxos, como o pluvial e o fluvial, e a
perdem pelos defluxos, como a evaporação e o defluxo fluvial. Se o influxo é igual ao
defluxo, o tamanho do reservatório permanece constante.

Figura 1. A distribuição de água na Terra.

2. O CICLO HIDROLÓGICO
2
Águas Subterrâneas
A água na superfície terrestre e abaixo dela circula entre os diversos reservatórios:
dos oceanos, da atmosfera e dos continentes; fazendo um movimento cíclico. Para estudar o
ciclo hidrológico faz-se necessário comentar a respeito da origem da água.
A água se originou da liberação de grandes quantidades dos gases hidrogênio e
oxigênio na atmosfera, que se combinaram e deram origem aos vapores de água, único estado
permitido devido às intensas erupções vulcânicas ocorridas na época.
Com o processo de condensação, o ciclo hidrológico se inicia.
Quando o vapor de água chega a certa altura, a temperatura cai e a águacondensa,
passando para o estado líquido em pequenas gotículas. Estas se agregam devido aos
movimentos causados pela ação dos ventos e das correntes atmosféricas, formando as nuvens.
Com isso, precipitam-se em forma de chuva e, ao cair, a água escorre para os rios, mares e
oceanos ou infiltra-se no solo, formando os lençóissubterrâneos, para depois desaguar nos
primeiros, novamente.
Assim, a água fica exposta, mais uma vez, à ação do sol que a
esquentatransformando-a novamente através do processo de evaporação.
Pode acontecer também da água da chuva ser absorvida pelas plantas. Nessecaso
ela irá evaporar por um processo conhecido como evapotranspiração: transpiraçãomais
evaporação.
Os principais componentes do ciclo hidrológico rápido são:
precipitação,interceptação vegetal, infiltração, retenção superficial, detenção
superficial,evapotranspiração e escoamento superficial ou enxurrada. Alguns destes
estãoapresentados na figura abaixo.

Figura 2. O ciclo Hidrológico.

3
Águas Subterrâneas
3. A ÁGUA SUBTERRÂNEA:

A água subterrânea forma-se quando as gotas de chuva se infiltram no solo e em


outros materiais superficiais não consolidados, penetrando até mesmo em rachaduras e fendas
do substrato rochoso. Ela é extraída pela perfuração de poços e bombeamento para a
superfície.
Os imensos reservatórios de água subterrânea armazenam cerca de 25,9% de toda
a água doce, sendo o restante acumulada em lagos, rios, geleiras, gelo polar e atmosfera.

4. RECARGA DA ÁGUA

A infiltração é o processo mais importante de recarga de água no subsolo. O


volume de água de infiltração depende de vários fatores, são eles: tipo e condições dos
materiais terrestres, cobertura vegetal, topografia, precipitação e ocupação do solo.

4.1Tipo e condições dos materiais terrestres:


Naturalmente, a infiltração é favorecida pela presença de minerais porosos e
permeáveis. Isso significa que, quanto maior a porosidade do material e quão maior sua
permeabilidade, maior será a infiltração. Além disso, rochas expostas e fraturadas também
contribuem para maior infiltração, como por exemplo, aquelas presentes em solos arenosos e
rochas cristalinas com fraturamento.
Outro fator que influencia decisivamente na infiltração é a capacidade de campo,
que representa o volume de água absorvido pelo solo antes de atingir a saturação. Este
participa do solo, mas não contribui com a recarga da água subterrânea, sendo aproveitada
somente pela vegetação.

4.2Cobertura vegetal:
A presença de vegetação favorece a infiltração, pois as raízes das árvores tendem
a abrir caminho para a água. Por outro lado, as folhas impedem o choque direto da água
precipitada com o solo, retardando seu contato com o mesmo, impedindo o escoamento
superficial mais intenso e evitando o processo de erosão.

4
Águas Subterrâneas
4.3 Topografia:
De modo geral, declives mais acentuados diminuem a infiltração, visto que
provocam escoamento superficial mais intenso. Superfícies suavemente onduladas, ao
contrário, provocam escoamento superficial menos veloz, o que favorece a infiltração.

4.4Precipitação:
Chuvas regularmente distribuídas ao longo do ano favorecem a infiltração, que
ocorrem em ritmo lento, de modo que a velocidade de infiltração acompanha o rimo de
precipitação. Chuvas torrenciais, porém, favorecem o escoamento superficial, já que a taxa de
infiltração é menor que o volume de água precipitada em um intervalo muito curto.

4.5 Ocupação do solo:


Os solos urbanizados reduzem significativamente a infiltração de água,sobretudo
devido às pavimentações intensas da cobertura do solo. Nas áreas ruraisexploradas a
infiltração também é diminuída devido ao desmatamento em geral, queexpõe o solo à erosão,
em áreas cultivadas indevidamente, por exemplo, e acompactação pelo pisoteamento dos
animais, como em áreas de criação de gado.

5. MEDINDO A INFILTRAÇÃO

No campo, a infiltração pode ser medida por infiltrômetro de anel duplo, cujo
esquema é mostrado nas figuras abaixo. É um equipamento composto por dois anéis (50 e 25
cm de diâmetro e 30 cm de altura), que são instalados de forma concêntrica (Vista superior)
enterrados 15 cm.
As medidas de infiltração serão feitas no anel interno, pois o anel externo tem a
finalidade de bordadura, impedindo que a infiltração se processe no sentido lateral do solo.
Depois de instalados os anéis colocam-se uma régua graduada na parede do anel
interno e acrescenta-se agua até uma altura de 5 cm. Indicando-se a infiltração devemos ir
repondo a agua permitindo uma variação máxima de 2 cm na régua e marcando o tempo e o
abaixamento do nível da agua.
O teste é finalizando quando o gasto de agua em função do tempo estabilizar,
nesse ponto diz que o solo atingiu a VIB.

5
Águas Subterrâneas
É um método de baixo custo e prático porem deve-se ter o cuidado de sincronizar
a leitura de lâmina e o intervalo de tempo (fonte de erro).

Figura 3. Infiltrômetro de Anel Duplo.

Os termos importantes utilizados são os seguintes:


I: Infiltração acumulada (mm ou cm)
VI: Velocidade de Infiltração instantânea (mm/h ou cm/h)
VI = dI/dT
Via: Velocidade de Infiltração instantânea aproximada (mm/h ou cm/h)

∆I
Via = ∆T

6. DISTRIBUIÇÃO E ÁGUA NO SUBSOLO

O movimento da água no subsolo decorre não somente da força gravitacional,mas


também das características dos solos, sedimentos, rochas, forças de atraçãomolecular e tensão
superficial. Em conseqüência destas forças, a infiltração e acúmulode água no subsolo
provocam fluxos em profundidade, que por sua vez modelam adisposição das águas nesses
locais.
A ocorrência de água sob a superfície é distribuída nas zonas de saturação e de
aeração. Em profundidades pequenas no solo, o material não é saturado, ou seja, partes dos
poros contem ar e não é completamente preenchida com água, apresentando pouca umidade.
Esse intervalo é chamado de Zona não saturada ou zona de aeração. Abaixo dela está a Zona
saturada, onde os poros do solo ou da rocha estão completamente preenchidos com água sob

6
Águas Subterrâneas
pressãohidrostática; e o limite entre essas duas zonas é chamado de superfície freática ou
nível d’água, e é definido como a superfície de pressão atmosférica e pode ser revelada pelo
nível no qual permanece a água em um poço que penetre o aquífero(Figura 4).

Figura 4. Distribuição da água no subsolo.

O nível freático acompanha razoavelmente as irregularidades da superfície


doterreno, sendo sua profundidade função da quantidade de recarga e dos materiaisterrestres
do subsolo. Ele também tem estreita relação com os rios, que podem seralimentados pela água
subterrânea ou alimentarem o lençol freático.
O primeiro casoconsiste em rios de regiões úmidas que apresentam vazões
crescentes próximo à foz (ajusante), pois estão sendo alimentados pelas águas subterrâneas,
sendo assimdenominados rios efluentes. O segundo caso, comum em regiões áridas e semi-
áridas,consiste em rios cuja vazão diminui à jusante, rios influentes, visto que eles
participamda recarga da água subterrânea pelo escoamento superficial.

Figura 5. Rios efluentes e influentes.

7
Águas Subterrâneas
Uma exceção a estes processos ocorre em regiões áridas, cuja taxa deevaporação
suplanta a taxa de precipitação. A fim de manter o equilíbrio, o sistemaencaminha uma parte
da água subterrânea para alimentar a evaporação na superfícieatravés de movimento
ascendente por capilaridade. Este processo é responsável pelamineralização dos horizontes
superficiais do solo, sendo também conhecido comosalinização.
Às vezes, a zona saturada é limitada no topo por estratos impermeáveis
sobrejacentes. Neste caso, a pressão da água nesse limite é superior à atmosférica e esta
pressão é expressa em termos de nível piezométrico.
A água que ocorre na zona de saturação é denominada de água subterrânea. Na
zona de aeração, ocorre água suspensa ou vadosa.
Devia a força da gravidade, parte da água da zona não saturada pode se mover
para níveis inferiores, até atingir a superfície freática. Parte da água permanecerá na zona não
saturada devido a tensão superficial e a atração capilar. Esta faixa é conhecida como franja de
capilaridade (Figura 6).
Experiências de laboratório, em canais de areia, demonstram que ocorrem fluxos
paralelos ao nível da água, na zona capilar. Em barragem, a vazão total que passa pelo maciço
de terra corresponde a soma da vazão através da zona saturada com aquela da franja capilar.

Figura 6. Divisão do subsolo.

7. POROSIDADE

A porosidade é uma propriedade física definida como a relação percentual entre o volume de
poros e o volume total de um material.

8
Águas Subterrâneas
VV
n= ×100
V

Em que:
Vv= volume dos poros ou volume de vazios
V= volume dos poros somado com o volume dos sólidos

O volume dos sólidos (Vs) é obtido através do ensaio de massa específica real dos
grãos, o volume total da amostra (V) é calculado, por exemplo, pelo método dabalança
hidrostática e por consequência, o volume de vazio (Vv) é a diferença entre osdois.
Quanto à classificação da porosidade dos materiais terrestres, esta pode ser
primária ou secundária. A porosidade primária é gerada juntamente com o sedimento ou
rocha, correspondendo aos espaços entre os clastos ou grãos (intergranular). Já a porosidade
secundária se desenvolve após a formação de rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares,
por fraturamento ou falhamento (porosidade de fraturas). Um casoparticular de porosidade
secundária é a porosidade cárstica, característica de rochassolúveis, como os calcários.

8. PERMEABILIDADE:

Apesar de porosidade esta relacionada à permeabilidade, elas não são sinônimos,


pois pode haver casos por exemplo, de argilas que depois de saturadas tornarem-se
impermeáveis.
Permeabilidade é a capacidade que o solo ou rocha tem de permitir a passagem de
um fluido qualquer pelos seus vazios ou interstícios.
A permeabilidade pode-se dar em razão da existência de poros e também de
fraturas (permeabilidade fissural) em rochas duras. Figura 7, classes de permeabilidade.

9
Águas Subterrâneas
Figura 7. Tabela de classes de permeabilidade.

A determinação da permeabilidade pode ser obtida através de ensaios de


laboratórios e ensaios de campos. Em laboratórios, são usados basicamente, dois métodos
para a determinação da permeabilidade, o de carga constante e o de carga variável.

9. ESTADOS DE TENSÃO:

A força atuante na água que se encontra na zona não saturada é a força de tração.
Esta força pode ser medida pelos ensaios de sucção. Na zona saturada a água esta sob pressão
neutra, que pode ser medida multiplicando-se a distancia vertical entre o nível freático e o
ponto analisado pelo peso especifico de água. Um esquema dessas zonas e tensões pode ser
visto na figura 8.
P=γa × H

Figura 8. Forças atuantes na água.

10
Águas Subterrâneas
O instrumento mais utilizado para determinar o nívelfreático ou piezométrico é o
piezômetro. Um dos mais usados é o de tubo aberto ou de Casagrande (figura 9). Caso uma
camada inferior tenha uma pressão diferente da superficial, o nível freático é determinado
pela profundidade ou altura do nível da água no bulbo.

Figura 9. Pizômetro de tubo aberto.

10. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO

10.1Condutividade térmica:
Um método confiável de se estimar a tensão da água no solo é através do
acompanhamento da condutividade térmica de cápsulas porosas de acordo com sua
impregnação com água. Neste caso, a variação da massa de água na cápsula porosa é
acompanhada através dos seus efeitos diretos sobre a condutividade térmica. O sensor de
tensão de água por condutividade térmica é constituído de uma fonte de calor, com dissipação
térmica ajustada e estável, usualmente uma resistência elétrica centralizada, e de um sensor
para acompanhar a diferença de temperatura entre dois pontos, ao longo do raio de cápsulas
porosas cilíndricas. Neste sistema, cada cápsula porosa precisa ser calibrada, individualmente,
e a relação entre a tensão de água e a diferença de temperatura medida não é linear e aumenta
conforme o solo seca.
Mesmo necessitando calibração individualizada, o sensor por condutividade
elétrica é um sistema estável que pode ser utilizado na automação de sistemas não-assistidos.
A faixa de tensões água de trabalho depende da porosidade e da distribuição das dimensões

11
Águas Subterrâneas
dos poros na cápsula porosa do sensor. Desse modo, pode operar vir a operar tanto em tensões
inferiores a 100 kPa, como também em tensões muito superiores a este valor.

11. AQUÍFEROS, AQUICLUDOS E AQUITARDOS

Aquíferos são rochas ou solos saturados de água e permeáveis, que permitem o


fluxo de agua. Tem uma estrutura com capacidade suficiente de armazenamento e libertação
de agua subterrânea para ser retirada em poços.
Os aquíferos são alimentados, normalmente, por água da chuva infiltrada no solo.
A descarga natural se processa através de fontes que são surgencias do nível freático na
superfície topográfica. Este ponto marca a passagem da agua de escoamento subterrâneo para
escoamento superficial.
Aquicludos são rochas ou solos impermeáveis que podem ou não conter água, e
quando apresentam água não transmite um volume significativo capaz de abastecer poços ou
nascentes. Aquitardos são estratos semipermeáveis que permite a acumulação de água em
falhas e a sua extração só ocorre quando o furo se localiza sobre a falha.
Aquifero livre, não confinado, freático ou não artesiano é aquele em que o nível
da agua serve como limite superior da zona de saturação, ou seja, é limitado pelo nível
freático. O aquifero livre corresponde a zona saturada da figura 10, se esta for permeável.
Aquíferos confinado, artesiano ou sob pressão é aquele em que o nível superior da
agua esta confinado, sob pressão maior que a atmosférica, por estratos sobrejacentes
relativamente impermeáveis (figura 10).Ao perfurar a camada impermeável por uma sonda
nessas regiões baixas, a água contida no aqüífero eleva-se dentro da tubulação da sondagem,
buscando o equilíbrio de pressão e jorrando até nível equivalente a altura da zona de recarga.

12
Águas Subterrâneas
Figura 10. Aquífero confinado e livre.

Aquífero suspenso é um caso especial de aquífero não confinado que ocorre


quando o volume de agua subterrânea está separado da agua subterrânea principal por um
estrato relativamente impermeável, normalmente em pequena extensão de área, e por uma
zona de aeração acima do corpo principal da agua subterrânea. Geralmente, ocorre em encosta
de serra (figura 11).
Quando ocorre a conexão entre um aquífero confinado em condições artesianas ea
superfície, através de descontinuidades, como fraturamentos, falhas ou fissuras,formam-se
nascentes artesianas.

Figura 11. Aquífero suspenso.

13
Águas Subterrâneas
12. MOVIMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA

12.1 Balanço de recarga e descarga:


Quando a recarga e a descarga estão equilibradas, o reservatório de água
permanece constante, mesmo quando a água está continuamente percolando através do
aquífero. Para que a recarga se equilibre com a descarga, a chuva deve ser frequente o
suficiente para igualar-se à soma do escoamento para os rios e para as nascentes e poços. Um
aumento na descarga, geralmente a partir do aumento do bombeamento no poço, pode
produzir um desequilíbrio. Poços rasos podem terminar secando, tornando-se uma zona não
saturada. Quando o bombeamento e água de um poço é mais rápido que a sua recarga, o nível
d’agua do aquífero é rebaixado sob a forma de um cone que se localiza numa área no entrono
do poço, chamada de cone de depressão (figura 12).

Figura 12. Excesso de bombeamento intenso em relação a recarga.

A extração excessiva de água não apenas reduz o aquífero, mas também pode
causar outros efeitos ambientais indesejáveis. Quando a pressão da água no espaço poroso cai,
a superfície do solo sobre o aquífero pode afundar, criando depressões semelhantes a crateras
a crateras de abatimento ou dolinas (figura 13). Quando a água em alguns sedimentos é
removida, os sedimentos se compactam e a perda de volume é manifestada pelo abatimento da
superfície.

14
Águas Subterrâneas
Figura 13. Vale Antelope, Califórnia (EUA).

Pessoas que vivem próximas à orla oceânica podem enfrentar problemas


diferentes quando as taxas de bombeamento são altas em relação à recarga: a incursão de água
salgada para o poço. Próximo a linha da costa ou um pouco mais deslocado em direção ao
mar, um limite subterrâneo separa a água salgada sob o leito do mar da água doce sob a
superfície da costa (figura 13.14). Esse limite dar-se-á devido a diferença de densidades entre
a água salgada e a doce, onde uma lente de água doce flutua sobre o nível de água salgada.
Normalmente, a pressão da água doce mantém a margem com a água salgada um pouco
afastada da costa.
Como já foi mencionado, o balaço entre a recarga e a descarga em aquíferos de
água doce mantem estável esse limite entre a água doce e a salgada, e se a extração de água é
mais rápida que a recarga, um cone de depressão desenvolve-se no aquífero. Entretanto, na
base do reservatório de água doce, forma-se outro cone simetricamente invertido, que leva o
limite inferior entre a água doce e a salgada, permitindo a entrada de água salgada no fundo
do poço (figura14).

15
Águas Subterrâneas
Figura 14. Balanço entre recarga e descarga na orla.

12.2 Velocidade do fluxo:


A velocidade na qual a água se move no solo afeta intensamente o balanço entre
descarga e recarga, embora todo o fluxo de água através dos aquíferos seja lento, alguns são
mais demorados que outros.Em 1856, Henry Darcy enunciou como resultados de
experimentos a lei fundamental do movimento da água subterrânea, conhecida atualmente
como a Lei de Darcy, e é expressa pela equação:

K ×(h1−h 2) × A
Q= OUQ=K × i× A
L

Em que:
Q: É a vazão de líquido que passa pelo meio poroso por unidade de tempo;
K: coeficiente de permeabilidade, o qual depende da natureza do meio poroso;
h1 e h 2: níveis piezométricos de entrada e saída;
L: comprimento do meio poroso atravessado pela água;
A: área transversal ao fluxo e ocupada pela água.

Obtém-se a velocidade média da água no meio poroso, ou a velocidade de Darcy,


dividindo-se Q por A,

16
Águas Subterrâneas
Q dh
V= ; V =K × ; V =K × i
A dl

Uma das aplicações da Lei de Darcy é determinar o fluxo da água


subterrâneanuma certa região, pela condutividade hidráulica medida em laboratório ou,
aocontrário, medindo a velocidade média do fluxo, determinar a condutividade hidráulicados
materiais.

13. PROPRIEDADES DOS AQUÍFEROS

Os aquíferos, ou mesmo maciços rochosos pouco permeáveis, possuem


propriedades que são importantes para a geotecnia. Essas propriedades são determinadas por
ensaios de bombeamento, ensaios de permeabilidade em furos de sondagens e ensaios de
perda d água sob pressão.
Os ensaios de bombeamento são, normalmente executados em poços para a
produção de agua, mas também podem ser executados em furos de sondagens, desde que estes
ofereçam condições para a introdução de uma bomba tipo submersa. Para corretas medições
das propriedades, devem ser instalados piezômetros nas proximidades do poço ensaiado para
medidas de variação do nível d água.
As propriedades determinadas são a transmissividade, o coeficiente de
permeabilidade e o coeficiente de armazenamento.
Há uma relação entre vazão, rebaixamento do nível da água e tempo necessário
para esse rebaixamento.
Ensaios de permeabilidade em furos de sondagem são de dois tipos: ensaios de
carga e vazão constante e ensaios de carga variável. Nos ensaios de carga e vazão constante, é
necessário manter constante a vazão do furo para o solo ou do solo para o furo, até que as
condições de escoamento se estabilizem, e a carga (altura de agua no furo) se torne constante.
Nessas condições, medem-se a vazão e a carga para a aplicação na formula apropriada.
Nos ensaios de carga variável, deixa-se descer ou subir a agua no furo, medindo-
se o tempo necessário para uma determinada variação de carga. Estes últimos tem a vantagem
de ser de execução simples e rápida, porem somente podem ser usados para solos que se
situem abaixo do nível da água estático. O esquema desse ensaio é apresentado na figura 15.

17
Águas Subterrâneas
Figura 15. Esquema dos ensaios de carga variável em solos.

14. CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA

Na maior parte dos casos, a água subterrânea é menos contaminada do que


asuperficial. No entanto, o aumento da população humana, as modificações do uso daterra e a
industrialização acelerada, colocam o lençol freático em risco de contaminação.
Os principais agentes contaminantes são: o nitrato, metais
pesados,hidrocarbonetos, microorganismos patogênicos e compostos halogenados.
Dentre estes, pode-se verificar que os compostos halogenados constituem umdos
principais contaminantes, devido a sua ação persistente em subsuperfície.
A preocupação ambiental é ainda maior quando se verifica que
pequenasquantidades desses líquidos podem gerar grandes volumes de aquíferos
contaminados,conhecidos como plumas contaminantes.
É o que se verifica no aquífero Guarani, que sofre um sério problema de
contaminação devido à incidência de flúor em suas águas.

18
Águas Subterrâneas
15. ÁQUIFERO ALTER DO CHÃO

Localizado sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá, o aquífero Alter do Chão


representa, possivelmente, o maior aquífero do mundo, já que está sob a maior bacia
hidrográfica do mundo, a bacia do Amazonas/Solimões.
Segundo estudos preliminares da Universidade Federal do Pará (UFPA), o
aqüífero apresenta uma reserva de água doce estimada em mais de 86 mil km3, cerca de duas
vezes maior que o volume do aquífero Guarani, estimado em 45 mil km3. Para melhor
entendimento destes valores, a reserva do Alter do Chão seria capaz de abastecer o mundo ao
longo de 400 anos.
Além disso, o terreno sobre o aquífero é arenoso, garantindo uma maior filtração
das águas e, consequentemente, uma água mais potável que a localizada no aquífero Guarani,
que está sob rochas basálticas e susceptível ao acúmulo de flúor, metais pesados e inseticidas
usados na agricultura. Portanto, é mais rápido e mais barato explorar as águas do Alter do
Chão do que as do aquífero Guarani.
A população de Manaus já utiliza cerca de dez mil poços particulares e 130 da
rede pública para o abastecimento de 40 % da população. A água desse aquífero propicia água
limpa no lugar das águas superficiais já poluídas.
O estudo da UFPA necessita ainda de apoio da Agência Nacional de Águas e
financiamento do Banco Mundial para a conclusão do estudo. O aquífero do Alter do Chão
servirá para implementação de estratégias de interesse nacional, desde que o Brasil saiba
aproveitar e gerir da melhor maneira.

19
Águas Subterrâneas
16. CONCLUSÃO

Vimos que a baixo da terra contem grandes reservatórios de água potável, e que
para a sua retirada e utilização, a geologia e a engenharia andam juntas. Através de
experimentos simples podemos estimar os locais onde essa água é presente em abundância
para suprir as necessidades de uma sociedade em pleno desenvolvimento e expansão.

20
Águas Subterrâneas
17. REFERÊNCIAS

FAIRCHILD RICH THOMAS, TAIOLI FABIO, TEIXEIRA WILSON, TOLEDO


CRISTINA M. Decifrando a Terra. Editora Oficina de Textos, São Paulo, 2000.

FEITOSA, F.A.C. et al. Hidrogeologia Conceitos e Aplicações. 3ª Edição, Rio de Janeiro,


2008.

GROTZINGER JOHN, JORDAN THOMAS, PRESS FRANK, SIEVER RAYMOND. Para


Entender a Terra. 4ª Edição; Editora Bookman, Porto Alegre, 2006.

YOUNG DONALD, MUNSON BRUCE, OKIISHI THEODORE. Fundamentos da


Mecânica dos Fluídos. 4ª Edição; Editora Edgard Blucher, São Paulo, 2004.

VILLAR J. Mecânica dos Fluídos, Curso Básico. PUC RS, 2011.

21
Águas Subterrâneas

Você também pode gostar