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Adolescer com deficiência mental: a ótica dos pais

ARTIGO ARTICLE
Being adolescent with mental disability:
the point of view of the parents

Olga Maria Bastos 1


Suely Ferreira Deslandes 1

Abstract The purpose of this paper was to unders- Resumo Este trabalho tem como objetivo conhecer
tand the meaning adolescence has for parents of ad- a representação da adolescência para os responsáveis
olescents with mental disability. The methodology por adolescentes com deficiência mental. Como me-
used was the narrative analysis according to the todologia, utilizamos a análise de narrativas de pais
guidelines of Thompson (1998) and Byron-Good de adolescentes com deficiência mental. Baseamo-
(1996). Although the parents identified some typi- nos, principalmente, nas orientações de Thompson
cal characteristics of adolescence in their children, (1998) e Byron-Good (1996). Embora os pais reco-
not always they did in fact consider them adoles- nhecessem nos filhos algumas características própri-
cents due to their lack of autonomy. Quite often the as da adolescência, nem sempre os consideravam como
parents did not meet the family life education needs adolescentes, devido à pouca autonomia que possuí-
of their disabled children helping them to become am. Muito freqüentemente, não propiciavam uma
more independent. The lack of information about educação que contribuísse para uma maior autono-
how to act in face of the behavioral changes in- mia dos filhos, ressentindo-se da falta de referências
volved in adolescence was a source of resentment. In de como se comportar diante das mudanças de com-
view of the importance of greater autonomy, ac- portamento deles. Tendo em vista a constatação da
tions should be developed to help these adolescents importância da aquisição de uma maior autonomia
recognize this stage of human development and to para que os adolescentes tenham o reconhecimento
live this period the best way possible. When- men- deste período do desenvolvimento humano e possam
tally disabled adolescents are given the opportunity vivenciá-lo da melhor forma possível, é neste sentido
to improve their competences and abilities and to que algumas ações devem se desenvolver. Se forem
expand their “horizon”, they will be able to become apresentadas novas oportunidades de aprimoramento
more autonomous and able to live all stages of life in das competências e habilidades dos adolescentes com
a satisfactory way. deficiência mental que ampliem seus “horizontes”,
Key words Adolescent, Family, Mental disability, muitos poderão alcançar uma melhor autonomia
Narratives que possibilite sua participação nas tomadas de deci-
são sobre seu destino e a vivência satisfatória de to-
das as etapas do seu ciclo de vida.
1
Instituto Fernandes Palavras-chave Adolescente, Família, Deficiência
Figueira, Fiocruz. Av. Rui
Barbosa 716, Flamengo.
mental, Narrativas
22250-020 Rio de Janeiro
RJ. olgab@iff.fiocruz.br
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Bastos OM, Deslandes S

Introdução não apresentem alguma doença concomitante que


possa dificultar o seu início, a puberdade se dará
A adolescência é parte de um fenômeno cultural da mesma forma que nos adolescentes sem defici-
muito mais amplo que as variações de idade esta- ência6. O que geralmente encontra-se comprome-
belecidas tanto pela Organização Mundial de Saú- tido é o desenvolvimento psicossocial, pois sofre
de1 (OMS), quanto pelo Estatuto da Criança e do influências de vários fatores, e o meio ambiente e a
Adolescente2 (ECA), e não apresenta característi- cultura são fundamentais na predição do sucesso
cas muito evidentes de início e término. Todavia, da transição da criança ao adolescente7. E, de uma
alegando a necessidade de delimitações para plani- maneira geral, nos adolescentes com deficiência
ficação, ela é definida pela OMS como o período mental, existe um comprometimento da partici-
de vida compreendido entre 10 e 19 anos e, pelo pação nas atividades comuns do dia-a-dia, tão
ECA, de 12 a 18 anos. Na adolescência, acontecem importantes para o seu desenvolvimento.
modificações rápidas e importantes nos corpos A elaboração da identidade pessoal recebe in-
infantis, assim como também no estilo de vida. fluências da identidade social e o pequeno contato
Porém, quando o indivíduo tem deficiência men- com pessoas da mesma faixa etária pode ter como
tal, esta etapa do ciclo de vida quase não é levada conseqüência uma “ausência de representações” que
em consideração. repercutirá em determinadas áreas do desenvolvi-
A AAMR (Associação Americana de Retardo mento mental, interferindo neste processo. O con-
Mental) e o DSM-IV definem deficiência mental vívio social, tão importante neste período, muitas
como um estado de funcionamento intelectual sig- vezes não é estimulado pelos familiares, que têm
nificativamente inferior à média, associado a pre- dificuldades para lidar com esta nova etapa de vida
juízos em pelo menos dois dos fatores envolvidos dos filhos. Conseqüentemente, os adolescentes com
no funcionamento adaptativo: comunicação, cui- deficiência mental utilizam menos os recursos co-
dados pessoais, competência doméstica, habilida- munitários disponíveis, resultando em uma falên-
des sociais, utilização de recursos comunitários, cia das habilidades sociais, importantes para o seu
autonomia, saúde, segurança, aptidões escolares, desenvolvimento e a sua integração social6.
trabalho e lazer. Estas instituições consideram que A literatura8,9 aponta que famílias que têm fi-
a avaliação deve ser feita de acordo com padroni- lhos com deficiência mental estão em pior situação
zações de testes psicométricos ou por uma defasa- socioeconômica que as que não os têm, e que isto,
gem cognitiva em relação às respostas adequadas associado a outros fatores, resulta em maior im-
para a idade e a realidade sociocultural, de acordo pacto social e psicológico às famílias, dificultando
com provas, roteiros e escalas baseados nas teori- ainda mais a inserção social destes adolescentes.
as psicogenéticas. Para que seja confirmado que a Em relação a estes fatores, assume relevância o fato
pessoa tem deficiência mental, este comprometi- dos pais morarem juntos e dividirem os cuidados
mento teria que ocorrer durante o período de de- com o filho, ou não, e a mãe estar empregada , o
senvolvimento, que se dá até os 18 anos3. que geraria maior bem-estar e, portanto, uma
O imaginário social constrói a adolescência de melhor adaptação familiar9,10 .
tal forma que algumas características desta etapa Existem poucas publicações sobre o tema e este
do desenvolvimento passam a ser consideradas trabalho objetivou conhecer a construção da re-
fundamentais para que o indivíduo possa ser con- presentação da adolescência para quem tem defi-
siderado um adolescente. Além das mudanças no ciência mental sob a ótica dos seus pais, contri-
seu corpo, por causa da puberdade, são descritos buindo para o entendimento desta questão.
estados mentais e particulares relacionados ao seu
comportamento. Entre outros atributos, Greyda-
nus et al.4 dizem que se espera que os adolescentes Metodologia
tenham um maior cuidado com seu corpo, tor-
nem-se mais preocupados com sua saúde e que O método utilizado foi o de análise de narrativas
contestem os valores dos pais e da sociedade. A dos responsáveis pelos adolescentes com deficiên-
irritabilidade, o mau humor e a impulsividade tam- cia mental, por considerarmos que poderiam con-
bém são atributos descritos pelos autores. Erick- tribuir para o entendimento da questão proposta
son5, que também atribui características para de- neste estudo, ou seja, o reconhecimento dos signi-
terminadas etapas do desenvolvimento dos indi- ficados atribuídos às modificações puberais e com-
víduos, considera que a principal tarefa da adoles- portamentais, refletindo suas expectativas e com-
cência é a aquisição da identidade adulta. preensões sobre a adolescência do filho.
Nos adolescentes com deficiência mental, caso Para Garro e Mattingly11, partindo de uma lei-
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tura antropológica, narrativa é um meio funda- Este autor compreende que o enredo é o que orde-
mental de dar significado à experiência humana, na o relato de forma significativa, estabelecendo a
servindo a narração como mediadora da intimi- associação entre as experiências e os eventos de
dade das pessoas e o mundo externo. As narrati- modo que componham uma história. Identifica-
vas também sugerem o curso da ação futura, além mos os enredos sobre as experiências de reconhe-
de oferecerem um modo fundamental de dar sen- cimento nos filhos, de sinais e atitudes considera-
tido às experiências. De acordo com estes autores, das como “típicas” da adolescência.
as histórias relacionam-se a ações humanas, prin- Finalmente, na última fase proposta por
cipalmente às interações sociais. Thompson, chegamos ao processo de interpreta-
Para o antropólogo Byron-Good12, a narrati- ção/reinterpretação, no qual as interpretações fo-
va é uma forma na qual a experiência é representada ram debatidas com a literatura pesquisada.
e recontada, na qual os eventos são apresentados como Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo
tendo uma ordem coerente e significativa; na qual Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Fernan-
atividades e eventos são descritos conjuntamente às des Figueira, de acordo com orientação da Comis-
experiências, sendo associados com os significados são Nacional de Ética em Pesquisa.
que lhes emprestam as pessoas envolvidas.
Foram realizadas catorze entrevistas igualmen-
te distribuídas entre responsáveis por adolescentes Resultados e discussão
com deficiência mental do sexo feminino e masculi-
no atendidos nos ambulatórios de Genética e de O contexto da produção das narrativas
Neurologia de uma unidade de saúde de nível terciá-
rio. Dentre os entrevistados, havia sete mães de ado- Os filhos dos catorze entrevistados freqüenta-
lescentes do sexo feminino e cinco mães, uma avó e vam a rede pública de saúde e de educação do
um pai de adolescentes do sexo masculino, todos município ou do estado do Rio de Janeiro, com
responsáveis pelos cuidados com o adolescente. renda familiar de um a dez salários mínimos (SM),
Para analisar o conteúdo das narrativas dos sendo que a maioria se situava entre dois a seis
cuidadores de adolescentes com deficiência men- SM. Para duas famílias, a maior fonte de renda
tal, nos apoiamos, principalmente, nas orientações provinha do Benefício de Prestação Continuada
de Thompson13 e Byron- Good12 . Thompson, ao (Lei Federal no 8.742)16, que corresponde a um SM
se referir às formas simbólicas presentes nos dis- dado pelo governo federal às famílias de baixa ren-
cursos, propõe um referencial metodológico apli- da, sob determinadas condições, incluindo as que
cável às narrativas. Baseados neste autor, inicial- têm filho com deficiência.
mente procuramos reconstruir o contexto sócio- Os adolescentes tinham entre 11 a 19 anos, mas
histórico em que as narrativas foram produzidas, com predomínio da faixa etária de 12 a 14 anos
para em um segundo momento fazermos a análise (nove adolescentes). Oito apresentavam autonomia
formal ou discursiva, que permite identificar as para algumas atividades, como para a higiene cor-
construções simbólicas que circulam nos campos poral e a alimentação, e os demais eram dependen-
sociais, para finalmente realizarmos a interpreta- tes dos pais a maior parte da rotina da vida diária.
ção/reinterpretação do material. A época da constatação da deficiência nos fi-
Dentre os métodos para a análise formal pro- lhos variou do nascimento, ao serem detectadas
postos por Thompson13 , utilizamos a análise de determinadas patologias que cursam com defici-
estrutura de narrativas proposta pelo sociolingüís- ência mental, ao final da primeira infância, por
ta Labov14 , que considera como narrativas os re- atraso no desenvolvimento cognitivo ou compor-
latos que tenham pelo menos dois enunciados nar- tamental. Ou seja, ao chegarem à adolescência, mo-
rativos (ou orações) em seqüência temporal. Este mento em que os responsáveis foram entrevista-
autor, na análise das narrativas, prioriza a dimen- dos, seus filhos já tinham esta condição definida.
são avaliativa das mesmas, permitindo antever os A longa história destes pais, tendo em vista a
efeitos morais que busca produzir. Charlotte Lin- idade dos filhos, foi elaborada com o que foi in-
de15 também considera a avaliação como a parte corporado das relações familiares e sociais, muitas
mais importante da narrativa, por representar o vezes revelando o modo como lidaram com os es-
recurso que o narrador utiliza para transmitir por- tigmas e preconceitos. As narrativas também mos-
que a história é importante, além de revelar parti- tram-se fortemente influenciadas pelos discursos
cularidades do narrador. médicos, já que faz parte da rotina destas famílias
A partir da adoção das orientações de Byron- as consultas freqüentes aos serviços de saúde, em
Good12, buscamos identificar os enredos típicos. diversas especialidades.
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Nas entrevistas realizadas, buscou-se conhecer pessoal, mais capacidade de ir e vir sem o acompa-
que fatores simbolizavam a adolescência para os nhamento constante de um adulto e mais desen-
pais e se eles conseguiam identificá-los em seus fi- voltura para realizar as atividades de vida diária.
lhos. Procurou-se identificar nas narrativas as As modificações que estão impressas nas mu-
ambivalências com relação ao crescimento físico e danças do corpo e no comportamento fizeram com
outras questões que se relacionassem com o de- que alguns responsáveis percebessem a necessida-
senvolvimento e o caminho para a vida adulta. de de tratar o filho de forma diferente, embora
O número de entrevistas realizadas permitiu nem sempre sabendo como lidar com as questões
atingir o ponto de saturação necessário à identifi- que se apresentavam durante esta etapa do desen-
cação de enredos recorrentes. volvimento. Na adolescência, principalmente para
os que têm deficiência mental, geralmente predo-
Os sinais do adolescer sob a ótica dos pais mina o medo do desconhecido e do novo, e estudi-
(ou a construção da imagem do adolescente) osos da área reconhecem a importância de uma
educação que propicie alguma autonomia como
Bom, eu no começo ORIENTAÇÃO fundamental para favorecer o desenvolvimento da
eu achei que o Tiago mudou muito, de repente, identidade, abrindo-se a novas potencialidades18,19.
SUMÁRIO Alguns significados atribuídos do que é ser um
Começou a nascer barba, cabelo no peito [...] adolescente estavam presentes nas narrativas, em-
AÇÃO COMPLICADORA bora nem todos os entrevistados percebessem o
Até hoje eu acho isso muito engraçado AVALIA- filho como tal, isto é, não reconheciam neles as ca-
ÇÃO racterísticas consideradas como típicas desta etapa
Hoje mesmo ele estava deitado aqui, eu com ele, do desenvolvimento. As mudanças físicas decor-
ORIENTAÇÃO rentes do desenvolvimento puberal, como o apa-
eu falei: nego, tu ficou homem rapidinho, não é? recimento das mamas nas meninas e o desenvolvi-
AÇÃO COMPLICADORA mento dos órgãos sexuais externos e a distribuição
Neste enredo, como o de alguns outros pais, de pêlos nos meninos, assim como determinadas
apareceu a valorização de determinados aspectos mudanças de comportamento, foram facilmente
que identificavam os filhos como adolescentes, tal identificadas como próprias da adolescência.
como as transformações do corpo, em uma tenta- Por sua vez, a presença da autonomia, por
tiva de aproximá-los dos demais adolescentes sem muitos considerada como característica desta eta-
deficiência. Entretanto, outros pais não consegui- pa, revelou-se especialmente comprometida. Estes
ram observar nenhuma característica considerada adolescentes tinham dificuldade de se equilibrar
como própria desta etapa da vida e por isto não na balança na qual, de um lado, existe a aventura,
reconheciam a adolescência nos filhos, como evi- a busca pelo novo e, do outro, o cuidado consigo.
denciado na fala desta mãe: Se tiver que sair assim Eles tinham poucas condições de sustentar atitu-
nua, ela sai. Ela não se toca que não pode. Então eu des próprias que fizessem confronto com as deci-
acho ela assim, tão infantil, tão infantilzinha, tão sões parentais, não podendo dessa forma respon-
infantil. sabilizar-se por sua própria vida.
O espanto diante do crescimento do filho, su- Por outro lado, as modificações do corpo tor-
gerindo que isto não seria o esperado, como obser- nam um pouco mais visíveis os estigmas que não
vado na primeira narrativa, assim como a negação tinham grande visibilidade na infância e podem ter
na segunda, mostram que a adolescência na pessoa contribuído para que alguns pais não tenham re-
com deficiência mental precisa ser ressignificada conhecido a adolescência no filho. Entretanto, ou-
pelos adultos que a cerca. Como atesta Schneider tros entrevistados se apropriaram das mudanças
et al.17, a deficiência dos adolescentes, independente físicas e das modificações comportamentais, por
do nível de comprometimento intelectual, se so- pequenas que fossem, para alçar o filho à condi-
brepõe às características tidas como próprias desta ção de adolescente, em uma correspondência às
etapa do ciclo de vida, como emancipação, ativida- expectativas sociais.
de sexual, preparação profissional e a busca por Para alguns narradores, a puberdade dos fi-
uma vida independente. lhos funcionou como uma metáfora da saúde. Se
Os enredos contemplavam observações quanto eles estavam apresentando as características pu-
às modificações corporais, poucas vezes associadas bertárias, como deve acontecer aos meninos da sua
às correspondentes alterações comportamentais. Os idade, é porque eles eram saudáveis e a partir desta
entrevistados tinham a expectativa de que esses ado- constatação puderam inferir que seus cuidados
lescentes adquirissem maior destreza para a higiene foram recompensados. Para estes, ficou patente o
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orgulho em perceber as mudanças físicas no filho, futuro. Ele não tem noção de nada, não tem noção
satisfação que também se observou ao falarem do do perigo. Muito mal ele sabe assinar o nome. A
comportamento dele. Dentre as características única mudança que teve dele é que ele está crescendo
comportamentais da adolescência, destacaram o Mas o resto, nada, nada.
interesse pela TV e por música. Este enredo, assim como outros do nosso acer-
De um modo geral, os entrevistados observa- vo, transmite a angústia materna diante da lacuna
ram nos adolescentes um comportamento ambí- criada entre o crescimento físico e o desenvolvi-
guo, ora com ações que os identificavam com as mento intelectual do adolescente. Por isto, esta mãe
crianças pequenas, ora com os meninos da mesma não vislumbra perspectivas futuras para o filho,
idade. Um enredo expôs este dilema e, se aparente- gerando frustração e estresse, porque prevê a ma-
mente o narrador deu pouco valor aos fatos que nutenção da dependência.
aproximavam o filho dos demais meninos da sua Outras narrativas, principalmente dos respon-
idade, a seleção dos eventos que narra fazem parte sáveis pelas meninas, foram reveladoras da dificul-
de uma pré-seleção cultural do que se evidencia dade em transportar as modificações físicas pró-
como adolescência. Esta constatação está presente prias da puberdade para os demais aspectos do
na seguinte narrativa, que demonstra algumas desenvolvimento. Conseqüentemente, evidencia-
mudanças, como um maior cuidado com o corpo, ram a manutenção de um tratamento que reforça-
algumas vezes representado pela vaidade: va a infantilização dos filhos, talvez como uma for-
Porque o modo dele agir, às vezes ele aparenta ter ma de proteção das “maldades” e da autonomia
doze anos em certas atitudes, mas na maioria das exigida pela vida adulta. Parece que para os pais das
vezes ele é uma criança. É o modo dele, dele ter pedi- adolescentes, mais do que para os do sexo masculi-
do para furar a orelha, eu acho que isso aí já é uma no, a saída deste mundo idílico e protegido da in-
parte de um pré-adolescente. fância tornar-se-ia mais ameaçadora pela violência
Esta narradora, como outras, também revela de um mundo adulto perturbador e ameaçador20.
que nem sempre a idade cronológica encontra cor- A adolescência é um tempo de oportunidades
respondência nas atitudes dos filhos, embora te- aumentadas, mas também de novos riscos, princi-
nham identificado atitudes consideradas como tí- palmente para os que têm deficiência mental, que
picas da idade. Esta inadequação, que colide com por causa de sua maior vulnerabilidade freqüente-
as normas sociais, muitas vezes foi motivo de in- mente são coibidos de usufruir de qualquer ativi-
satisfação dos responsáveis. dade que demande alguma independência, mesmo
Para uns poucos pais, particularmente os das quando têm competência para tal, dependendo do
meninas, esta desarmonia não trazia angústia e seu nível de comprometimento intelectual7.
frustração. Mas mesmo assim, pudemos observar Eu não estou conseguindo educar ele. Eu não
que algumas mães, percebendo as mudanças pu- estou conseguindo. Essa é a grande verdade. Eu já
berais das filhas, as estimulavam para que tives- estou ficando uma pilha de nervos, estou num es-
sem um comportamento correspondente às me- tresse puro.
ninas da mesma idade, contribuindo para a cons- As inquietações frente as alterações corporais
trução da adolescência delas. foram alvo de elaboração de narrativas como esta e
Olha só, devido ela ser uma criança, para mim os enredos apontam a dificuldade dos pais de não
ela ainda não entrou nessa fase de adolescente, saber como se comportar diante das cobranças de
entendeu?Ela teve uma mudança de corpo - você mudanças de comportamento que são impostas
agora é uma mocinha, quando tiver nessa fase da pela sociedade a partir de então, tornando-os alvos
menstruação, você não pode sentar de qualquer ma- de preconceitos e de outras formas de violência.
neira, minha filha, você tem que sentar com modos,
não é? Para você usar uma roupa decotada, você tem O desabrochar da sexualidade
que ter postura, não é?
Embora atestando o descompasso entre o de- O desenvolvimento da sexualidade genital está
senvolvimento físico e intelectual, alguns pais iden- fortemente associado com a adolescência. Na pu-
tificavam com um certo prazer atitudes que são berdade, os adolescentes, de uma maneira geral,
consideradas típicas da adolescência, como “não percebem a possibilidade de erotização e da obten-
querer tomar banho” e a “agressividade” e, portan- ção de prazer pelo sexo. Entre aqueles com defici-
to, concluíram pela “normalidade” das atitudes. ência mental, alguns não sabem como lidar com
Na adolescência se acentuam as dúvidas diante estas novas sensações. Deste modo, pode ficar di-
do futuro deste filho ainda tão dependente. fícil o controle de seus impulsos sexuais, por ser
Porque acho que ele não tem futuro. Ele não tem muito tênue a fronteira entre a afetividade, a sen-
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sualidade e a sexualidade21 . O não despertar para Embora este pai acreditasse que o adolescente
os aspectos sexuais ou o não saber se comportar pudesse manter uma relação afetiva, como era seu
diante do “desejo” sexual estão entre os critérios desejo, tem medo de que ele seja discriminado
que interferem na identificação do indivíduo como como conseqüência do preconceito às pessoas com
adolescente, emblemático no encadeamento desta deficiência.
narrativa. Para Rimmerman e Duvdevani23, a puberdade
Mas é isso que eu me preocupo com ele. SUMÁRIO dos adolescentes com deficiência mental agrava a
Porque ele vai crescendo, crescendo e ele não vai. sobrecarga física e mental que os responsáveis por
ORIENTAÇÃO eles já experimentam, especialmente quando têm
Ele fala uma porção de besteira. AÇÃO COM- um comprometimento mais sério.
PLICADORA Compete, principalmente à família, o favoreci-
Que vai comer mulher, que vai fazer. AÇÃO mento do equilíbrio entre a autonomia e a inde-
COMPLICADORA pendência durante a adolescência17. Alguns pais
Mas não, não é uma criança, não é um adoles- avaliaram que a dependência prolongada poderia
cente. AVALIAÇÃO ser conseqüente a suas atitudes e até fizeram uma
Em ocasiões, os pais das adolescentes com de- autocrítica, percebendo que pouco contribuíram
ficiência mental não relacionaram algumas mu- para o desenvolvimento das potencialidades dos
danças comportamentais, como o interesse pelo filhos.
sexo oposto e o auto-erotismo, como parte inte- Neste trecho narrativo, esta mãe atesta que seu
grante do desenvolvimento da sexualidade, deno- cuidado excessivo interferiu de forma negativa para
tando a dificuldade que tinham de vivenciar o fato. o desenvolvimento das potencialidades da filha.
E, quando as filhas demonstravam interesse nos É porque as pessoas costumam falar que a Luzia
meninos, os pais não percebiam qualquer evidên- é uma árvore, e ela quer crescer e eu sempre podan-
cia de erotização, o que caracterizaria a “pureza” do, sempre podando.
das meninas. Por outro lado, entre os pais dos De acordo com Waldman et al. 24, a transição
meninos, encontravam-se aqueles que se orgulha- para a vida adulta pode ser particularmente difícil
vam do interesse dos filhos em querer namorar e para os adolescentes com deficiência mental e para
até mesmo manter relações sexuais, por alguns vis- suas famílias. Os autores acreditam que muitas
to como uma “necessidade” do homem. Deste vezes isto ocorre pela manutenção de intensos cui-
modo, mostravam-se preocupados que a não rea- dados ao filho com deficiência mental. Eles defen-
lização de seus desejos pudesse comprometer sua dem que quando os filhos com deficiência mental
saúde mental, tornando-os agressivos ou mais vul- crescem, seus pais ficam ansiosos com as oportu-
neráveis à exploração sexual. nidades que eles terão no futuro e os cuidados que
Para Giami22, os pais das pessoas com deficiên- irão necessitar. Estas preocupações estiveram pre-
cia mental acreditam que a sexualidade dos filhos é sentes nas narrativas e os pais, principalmente os
revestida somente de afetividade, que seria conside- dos meninos, projetavam o futuro dos filhos, via-
rada “pura” pois estaria separada da genitalidade. bilizando inclusive uma ocupação que pudesse ga-
Entretanto, o autor defende que o senso comum é rantir o seu sustento.
de que a sexualidade destes indivíduos parece ser Se a dependência da infância não afligia os pais,
movida por uma “selvageria libidinal”, ou seja, ela na adolescência passa a ser motivo de inquietação.
ficaria fora de seu controle e de seu domínio. Para Nesta etapa, espera-se que o indivíduo adquira sua
ele, essa atitude de considerar que a sexualidade tem identidade sexual, desenvolva relações sociais e que
esse caráter selvagem e irreprimível. adquira independência social e econômica, o que
raramente se observa nos adolescentes com defici-
Entre o desejo e o medo da autonomia ência mental. A manutenção da dependência pode
do filho ser motivo de frustração tanto para os adolescen-
tes quanto para seus pais. Este sentimento é parti-
Uma vez ele me cobrou: ORIENTAÇÃO cularmente mais significativo nos adolescentes com
Pai, eu vou poder casar? AÇÃO COMPLICA- deficiência moderada, que ao perceberem sua dife-
DORA rença desenvolvem sentimentos de inadequação,
Eu falei: você vai poder casar. AÇÃO COMPLI- ficam desapontados por não conseguirem se rela-
CADORA cionar com seus pares17,25.
Só que é aquele negócio. SUMÁRIO O crescimento dos filhos também os remete à
Os pais e as mães das crianças tiram da cabeça. velhice e à morte. Quem cuidará desses filhos tão
AVALIAÇÃO dependentes? Nas narrativas, ficou manifestado o
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medo que sentiam de que o filho crescesse e se cisa ser dividida com a sociedade, segundo opi-
sentisse só, sem a proteção deles. Muito freqüente- nam Mackinley et al.25. Os autores também argu-
mente parecia que não contavam com ninguém mentam que a ausência de um apoio social, associ-
para assumir seu papel e às vezes tinham o apoio ada a uma maior preocupação com o futuro de
dos filhos que não têm deficiência para o cumpri- seus filhos e a qualidade dos cuidados com eles,
mento desta tarefa, apesar de reconhecerem os contribuem para que os pais os isolem, dificultan-
entraves que teriam que enfrentar. do uma melhor integração à sociedade. Este isola-
O adolescer, com a possibilidade de que os fi- mento que os pais podem estar considerando
lhos fiquem mais independentes, suscita nos pais como sendo um fator de proteção aos filhos, na
temores que precisam ser superados e elaborados realidade é um fator de risco e contribui muito
para que a separação possa ser efetivada. Esses pouco para a conquista da autoconfiança.
receios, segundo Waldman et al.24, são conseqüen- A American Academy of Child and Adolescent
tes à constatação de que não poderão cuidar dos Psychiatry27 valoriza uma educação que habilite as
filhos indefinidamente, pois muitos irão sobrevi- pessoas com deficiência mental a se inserirem o
ver a eles. Os pesquisadores argumentam que, en- melhor possível na sociedade e critica os serviços
quanto o tempo que os pais cuidam dos filhos que apresentam como filosofia de trabalho o prin-
mais velhos é em torno de cinco anos, quando ele cípio da normalização, ou seja, na transformação
tem deficiência mental este cuidado se estende por deles em “normais”. Kennedy19 também comparti-
cinco ou seis décadas. Também avaliam que as di- lha deste pensamento, afirmando que o tratamen-
ficuldades se acentuam, porque os pais que têm to de pessoas com deficiência - principalmente as
filhos adolescentes ou adultos com deficiência men- mais comprometidas -, tendo como foco a auto-
tal têm menos apoio, encontram-se mais isolados nomia, possui um forte apelo moral, na medida
e necessitam de uma rede de serviços diferenciada, em que tem a intenção de fazê-las “funcionar” como
nem sempre disponível. as que não têm deficiência. Este autor avalia a im-
Em suas narrativas, alguns pais expuseram seus portância da identificação e valorização de suas
esforços para facilitar a independência dos filhos. potencialidades e, aí sim, defende que elas devem
Mas, ao mesmo tempo, na prática, tinham condu- ser exploradas ao máximo. Contudo, constata que,
tas que não propiciavam o afastamento deles, a partir da década de 1990, a educação vem, cada
como se a dependência fosse mútua. Além disto, vez mais, valorizando igualmente a socialização, a
como atestam Greydanus et al.4, alguns superpro- função cultural, a instrumentalização para o de-
tegem os filhos com deficiência mental, levando- senvolvimento de habilidades e a performance aca-
os a se tornarem extremamente dependente deles. dêmica. A participação nas atividades diárias esta-
Em ocasiões, as mães relataram a dificuldade ria sendo privilegiada em detrimento das interven-
em deixar os filhos conviverem com os outros em ções que focalizariam, principalmente, a promo-
um espaço público, fora da simbiose existente en- ção da independência. Entretanto, para a maior
tre os dois. Elas demonstraram sua grande ligação parte dos adolescentes do nosso país, não é esta a
com eles, não facilitando sua individuação. Ao realidade encontrada; eles precisam se ajustar às
mesmo tempo, os adolescentes ainda se encontra- exigências sociais, em uma sociedade que em nada
vam fortemente ligados ao mundo familiar, aguar- favorece esta adaptação.
dando que os pais os introduzissem no mundo
adulto.Observou-se uma ambivalência em relação
à liberdade, que se manifestou principalmente en- Conclusão
tre a dependência e independência e entre o desejo
e o medo de ver o filho crescer. Como pôde ser constatado, às mudanças corpo-
Os sentimentos ambivalentes estavam presen- rais dos adolescentes com deficiência mental in-
tes e assim como lamentavam a pequena autono- corporaram-se modificações em relação ao meio
mia dos filhos, manifestaram o medo de que esta social, com novos interesses, muitas vezes, sob in-
situação se revertesse e que perdessem o controle fluência dos pares. Os pais, de uma maneira geral,
sobre eles, considerando-os vulneráveis às diver- têm dificuldades de lidar com esta nova etapa do
sas formas de violência. Klaus et al.26 argumentam desenvolvimento, principalmente no estabeleci-
que, por conta das ambigüidades presentes, ficaria mento de limites e na busca de maiores habilida-
muito tênue o limite entre a superproteção e a sa- des que proporcionem uma melhor autonomia.
tisfação das necessidades especiais. Eles ficam sem parâmetros para educar os filhos,
Mesmo desempenhando um papel decisivo na surgindo dúvidas sobre como lidar com esta nova
formação dos filhos, a função de socialização pre- condição, de que modo se conduzir para contri-
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Bastos OM, Deslandes S

buir para que tenham mais independência nas ati- diversos setores da sociedade, de um modo geral.
vidades de vida diária. A adolescência é uma etapa Muitas vezes lhes é negado o direito de crescer.
fundamental do ciclo de vida dos indivíduos, re- Tendo em vista a constatação da importância
presentando muito mais do que um período de da aquisição de uma maior autonomia para que os
transição entre a infância e a vida adulta. Nesta adolescentes tenham o reconhecimento deste perío-
época do desenvolvimento, se adquirem habilida- do do desenvolvimento humano e que possam vi-
des e competências, que propiciarão a autonomia venciá-lo da melhor forma possível, é neste sentido
necessária para a vida na sociedade. Muitos ado- que algumas ações devem se desenvolver. Se forem
lescentes com deficiência mental, mesmo aqueles apresentadas novas oportunidades de aprimora-
que não apresentam um grande comprometimen- mento das competências e habilidades dos adoles-
to intelectual, têm poucas oportunidades de viven- centes com deficiência mental que ampliem seus
ciar esta etapa de forma mais plena e, conseqüen- “horizontes”, muitos poderão alcançar uma me-
temente, menor possibilidade de transpor os ritu- lhor autonomia que possibilite a sua participação
ais de passagem exigidos para a vida adulta. Esta nas tomadas de decisão sobre seu destino e a vivên-
dificuldade, em muitas situações, relaciona-se à cia satisfatória de todas as etapas do seu ciclo de
falta de estímulo que recebem dos familiares e dos vida.

Colaboradores

OM Bastos trabalhou na elaboração do projeto,


trabalho de campo, análise e interpretação dos
dados, concepção e redação final do artigo; SF
Deslandes participou da orientação metodológica,
discussão dos resultados da pesquisa e a revisão
crítica da redação final.
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Ciência & Saúde Coletiva, 14(1):79-87, 2009


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