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Jesus Cristo dá a receita completa para ser feliz. Alguns comentaristas dizem
que os dez mandamentos estão para o Velho Testamento assim como as bem-
aventuranças estão para o Novo Testamento. Eu não tenho temor de afirmar que elas
são uma interpretação dos dez mandamentos na perspectiva do coração e não da
razão. Quando nós fazemos a leitura dos dez mandamentos com os olhos do coração,
seremos levados a perceber seu verdadeiro sentido, a grande misericórdia de Deus.
Os grandes erros de Israel através dos tempos foram interpretar literalmente o
cumprimento da lei na perspectiva da razão, ou seja, uma questão de obrigações e
direitos.
Cada bem aventurança é importante e prática para nossa vida espiritual.
Entretanto, eu gostaria de meditar um pouco sobre uma delas que julgo conter quase um
resumo de todo o conjunto: os que têm fome e sede de justiça, v.6.
A interpretação desse texto depende da agenda do pregador. A maioria deles
entendem que a lição aqui é sobre a prática da justiça. Ao reler o texto com atenção
vamos perceber que Jesus Cristo está dizendo que é bem-aventurado aquele que tem
fome e sede de justiça, de buscar a justiça, de praticar a justiça, de ver a injustiça sendo
erradicada.
Quando ouvimos a palavra justiça, somos tomados pela idéia do certo e do
errado, do bem e do mal, do crime e da punição, da dívida e do pagamento. O sentido
da palavra justiça aqui é mais amplo, significa retidão. A gramática grega do Novo
Testamento diz que é um relacionamento correto com Deus e em conformidade com
sua vontade. Esse seria o padrão ideal do crente estabelecido por Jesus Cristo.
Mas Jesus Cristo diz que feliz é aquele que tem fome e sede, não aquele que
pratica a justiça. Ter fome e sede de justiça é muito mais profundo do que praticar a
justiça apenas. Quem tem fome e sede, não só prática a justiça e ponto final, mas
continua na busca constante da realização da justiça. Os Judeus (fariseus, saduceus,
mestres e escribas) praticavam a justiça como algo que faz parte de sua agenda, de sua
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rotina, que mecanicamente praticam na hora certa, na medida certa, nem mais, nem
menos. Mas não têem fome e sede.
Ter fome e sede da justiça de Deus é sentir como a corsa que anseia por água,
como diz o salmo 42.
Alimento e água são o combustível de nossa existência, se faltar nós morremos.
Nossa vida espiritual será abundante se tivermos fome e sede de justiça, de
relacionamento correto com Deus, de buscar entender e cumprir a vontade de Deus.
ação de imitar Cristo, 1 Cor 11:1. Existe uma palavra em Hebráico que resume tudo isso:
Kadosh.
Kadosh significa tornar-se um ser sagrado. Sede santo como eu sou santo (Lev.
19:2 e 1 Pe 1:16). Quando começamos a ter fome e sede de justiça, começamos
desenvolver as atitudes das bem-aventuranças:
1 - A atitude humilde de espírito é não ter solução e reposta para todas as coisas. Há
indivíduos que se julgam auto-suficientes, julgam que não precisam que ninguém que
lhes dêem qualquer direção na vida. “Eu posso passar muito bem sem qualquer padrão
moral de uma fonte divina", diriam. Isso é o contrário daquele que está aberto, receptivo,
sem muitas receitas e fórmulas intelectuais e filosóficas para condução de sua vida. Este é
o espírito moderno do humanismo, do materialismo, o orgulhoso de espírito.
2 - A atitude do quebrantamento, ou seja, os que choram. Quando começamos a olhar
da perspectiva de Deus, através dos olhos da misericórdia, com os olhos da justiça, com
os olhos da humildade e nos sensibilizamos com a falta de misericórdia no mundo, com o
pecado que toma conta das pessoas e amarram até verdadeiros crentes.
3 - A atitude de humildade. Essa é uma das atitudades mais importantes do crente. Há
pessoas que ocupam certas posições, sejam no trabalho, no clube, na associação ou na
igreja, ou até mesmo vivem em melhores condições de vida que outros e seu orgulho
sobe de tal forma que ninguém suporta sua arrogância. A humildade é característica de
servo, e de quem não se deixa dominar pelas coisas passageiras desta vida. Entretanto,
humildade não é ser submisso inconseqüente, a humildade não é escravizante.
4 – A atitude de misericórdia, o compassivo. A misericórdia é o resultado da prática da
lei maior – o amor. Jesus quando via as pessoas em sofrimento se compadecia delas.
5 – A atitude do coração puro, aquele cujos olhos e ouvidos captam o que o mundo
oferece mas não guarda no coração, joga no lixo.
6 – A atitude do pacificador, o que ama a paz.
7 – Atitude de defensores da justiça. É a atitude daqueles que, mesmo sendo
perseguidos, combatidos, zombados, sempre encontrarão uma forma de fazer oposição à
injustiça. Mesmo sendo impotentes para convencer a respeito do que é reto, deixaram
evidente seu repúdio à injustiça.
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