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FACULDADE DE TECNOLOGIA EQUIPE DARWIN

DEPARTAMENTO DE PÓS- GRADUAÇÃO E PESQUISA


PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO, ORIENTAÇÃO,
SUPERVISÃO ESCOLAR.

IRANILDE BRITO LIMA


MARIA IRANILDA DA SILVA BRITO
VALQUIRIA RODRIGUES DE ALMEIDA

A GESTÃO ESCOLAR E SUA PARTICIPAÇÃO NA


CONSTRUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
POLÍTICO-PEDAGÓGICO

BRASÍLIA-DF
2011
IRANILDE BRITO LIMA
MARIA IRANILDA DA SILVA BRITO
VALQUIRIA RODRIGUES DE ALMEIDA

A GESTÃO ESCOLAR E SUA PARTICIPAÇÃO NA


CONSTRUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
POLÍTICO-PEDAGÓGICO
Artigo apresentado, à Faculdade de Tecnologia
Equipe Darwin, como requisito parcial para
conclusão do curso de Pós Graduação em Gestão,
Orientação e Supervisão Escolar.
Orientadora: Prof. Esp. Ana Cristina Gomes
Albuquerque

BRASÍLIA-DF
2011
IRANILDE BRITO LIMA
MARIA IRANILDA DA SILVA BRITO
VALQUIRIA RODRIGUES DE ALMEIDA

A GESTÃO ESCOLAR E SUA PARTICIPAÇÃO NA


CONSTRUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Artigo apresentado à Banca Examinadora da Faculdade de Tecnologia Equipe


Darwin, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão,
Orientação e Supervisão Escolar.
Orientadora: Prof. Esp. Ana Cristina Gomes Albuquerque

Aprovada em: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
Professor Esp. Ana Cristina Gomes Albuquerque
Orientador

_____________________________________________
2º Membro da Banca Examinadora

_____________________________________________
2º Membro da Banca Examinadora
4

A GESTÃO ESCOLAR E SUA IMPORTANCIA NA CONSTRUÇÃO E


IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Iranilde Brito Lima1


Maria Iranilda da Silva Brito2
Valquíria Rodrigues de Almeida3

FACULDADE DE TECNOLOGIA EQUIPE DARWIN


___________________________________________________________________

RESUMO
O presente estudo apresenta como principal objetivo analisar a importância das
ações executadas pela gestão escolar na construção e implementação do
projeto político-pedagógico. Abordam-se contextos voltados para as atuais
concepções de escola descentralizada e os modelos de Projetos Político-
Pedagógicos (PPP) apresentados como cumprimento da legislação
educacional. Através de uma pesquisa bibliográfica relaciona-se a gestão
escolar ao processo de construção do PPP, dando ênfase ao gestor enquanto
protagonista do processo. Como resultados firmam-se propostas de
democratização do ensino, distribuição de funções entre os “atores sociais”,
análise e estudo da realidade da comunidade escolar.

Palavras-Chave: Gestão Escolar; Projeto Político-Pedagógico;


Democratização do Ensino.

ABSTRACT
The present study has as main objective to analyze the importance of the
actions taken by the school management in the construction and
implementation of political-pedagogical project. It addresses the context for
current conceptions of school and decentralized models of political-pedagogical
projects (PPP) presented in fulfillment of educational legislation. Through a
literature search related to school management to the construction process of
the PPP, with an emphasis on managing the process as an actor. As a result
signed up proposals for the democratization of education, distribution of
functions between the "social actors", and investigating the reality of the school
community.

Keywords: School Management; Political-Pedagogical Project;


Democratization of Education.

1
Professor da Rede Pública de Ensino. Graduado em Matemática pela Universidade Estadual do
Maranhão – UEMA e especializando do curso de Gestão Orientação e Supervisão Escolar pela
Faculdade de Tecnologia Equipe Darwin
2
Professora da Rede Pública de Ensino. Graduada em Matemática pela Universidade Estadual do
Maranhão – UEMA e especializanda do curso de Gestão Orientação e Supervisão Escolar pela
Faculdade de Tecnologia Equipe Darwin
3
Professora da Rede Pública de Ensino. Graduada em Matemática pela Universidade Estadual do
Maranhão – UEMA e especializanda do curso de Gestão Orientação e Supervisão Escolar pela
Faculdade de Tecnologia Equipe Darwin
5

INTRODUÇÃO

Atualmente, a discussões sobre educação têm apontado fortes tendências


para a democratização das ações escolares. A ideia de escola centralizada “caíra
por terra” em detrimento a uma proposta de descentralização, ou seja, o cenário
educacional que outrora fora construído por relações de poder e hierarquias têm
dado lugar aos ideais de intervenção político-social.
Nesse contexto, a gestão escolar, que outrora atendia as exigências da
escola autoritária, passa a atender os preceitos da escola democrática,
preconizando a participação como busca pela qualidade da educação, tornando-se
foco de atenção da comunidade educacional, enquanto enfoque novo, desafiador,
superador das limitações administrativas arraigadas nas instituições de ensino, uma
instituição agregadora de valores, um espaço de construção de identidades, onde os
indivíduos participantes sistematizam vivências e experiências relacionando à outras
tantas e usufruindo dos fatores proporcionados por tais.
No entanto, nota-se que a realidade das escolas brasileiras está distante de
tais concepções. Existem ainda, diversas variáveis que dificultam o correto
direcionamento das ações desenvolvidas pela gestão escolar. Em um sentido mais
amplo, afirma-se que os objetivos almejados pelos diversos atores educacionais são
dispersos, ou apontam para sentidos variados dificultando o desenvolvimento de
ações ou propostas, dentre estas o projeto político-pedagógico.
De acordo com Malheiro (2005, p.81),
Percebe-se, por outro lado, na prática quotidiana dentro das escolas, que
existem várias “forças educacionais” atuando em diversos lados e parece
difícil alcançar uma “resultante” que permita a todos caminharem numa
direção só, quando se procura alcançar contextos maiores de autonomia.
Talvez, por isso, algumas escolas, muitas vezes, não se sintam
esperançosas e animadas a fazer seus Projetos Político-Pedagógicos ou
ainda, se os fazem, não conseguem realizá-los na prática. Nota-se que,
apesar de estar contemplada na lei, a comunidade escolar parece que ainda
está um pouco imatura e com dificuldades em achar o próprio caminho de
sua autonomia e em driblar outros fatores que a dificultam.

Sabe-se ainda que a realidade dos alunos, principais sujeitos da


aprendizagem encontra-se distante das metas traçadas e descritas em tal
instrumento. Muitas escolas constroem seu PPP, simplesmente para cumprir a
legislação o que acaba por negar ao currículo construído nas vivencias escolares.
Dentro desse “invólucro” de proposições, encontra-se o gestor, que, dentro
dessa suposta escola democrática, deve agir como articulador dos “atores
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educacionais” propondo à escola uma autonomia pautada na descentralização, onde


a família, os docentes, supervisores e orientadores educacionais, coordenadores
pedagógicos, alunos e toda a comunidade escolar encontram-se envolvidos e
procuram intervir nas ações escolares.
Segundo Monfredini (2002, p.47),
Atribui-se à própria unidade escolar, aos profissionais que nela atuam, aos
alunos e à comunidade à qual a escola faz parte, via implementação do
projeto pedagógico, o poder e a responsabilidade pela transformação. Os
resultados são responsabilidade da unidade escolar.

Todo esse cenário propicia à construção de diversas interrogações e


interpretações das mesmas no que diz respeito às funções exercidas pelos diversos
“atores educacionais”, entre estas, destaca-se a pergunta que norteia o presente
estudo: Qual a importância da gestão escolar na construção e implementação do
projeto político-pedagógico?
Para que se possa entender e consequentemente responder a tal
questionamento, faz-se uma abordagem voltada para a gestão escolar e os
conceitos de descentralização, bem como, observa-se a questão da construção do
PPP em escolas públicas, ressaltado em obras como o estudo de Monfredini (2002)
e Malheiro (2005). Faz-se também menção à diversas obras que tratam da temática
“gestão” o que classifica o presente estudo como um artigo de revisão.
Tem-se como principais objetivos: Analisar a construção dos projetos políticos
pedagógicos dentro das escolas brasileiras, além de relacionar a gestão escolar ao
processo de construção e implementação do PPP na escola. Para tanto, fazem-se
como sujeitos envolvidos no estudo, os autores citados referenciados, gestores
escolares e docentes com os quais tivemos contato durante a nossa produção.

1 A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: UM


ESTUDO DE VIVÊNCIAS OU O CUMPRIMENTO DE UM DEVER?

As escolas do Brasil, desde o início da educação sistematizada no país têm


obedecido às imposições feitas pelas legislações e políticas educacionais, no que
diz respeito às normas, condutas e procedimentos administrativos. Observa-se que
os padrões fornecidos para a escola brasileira, geralmente são frutos de estudos e
discussões prolongadas entre educadores e representantes da política brasileira, o
que à primeira vista parece bom. No entanto, na maioria das vezes, esses debates e
7

discussões são influenciados por políticas monetárias internacionais, causando certa


disparidade entre o real e o proposto para a escola.
Silva (2003, p.289), corrobora com tais concepções quando afirma que:
No Brasil, as instituições sociais, em especial as educacionais, são
alcançadas pela ingerência das organizações financeiras internacionais que
pressionam e manipulam indicadores econômicos e insistem na redução de
recursos para saúde, educação, cultura, produção científica e tecnológica, a
fim de que possa sobrar uma parte de dinheiro para pagar os banqueiros e
credores.

Dessa forma, a escola passa a ter que incorporar novas metodologias e a


responder diversas propostas que se fazem frutos das decisões político-econômicas.
De acordo com Silva (2003, p.290)
É verdadeiro que a escola pública tem de responder a novas situações
vividas, seja no ato de ensinar e de aprender, integrados no processo de
criação do conhecimento, seja no tratamento das questões de ordem
política, econômica, científica e tecnológica, a fim de ser uma instituição co-
responsável pelas questões de seu tempo, questões vivas.

Dentro desse contexto observa-se a construção do Projeto Político-


pedagógico das escolas do Brasil e os efeitos que estas políticas educacionais
causam sobre a estrutura escolar. Os alunos a cada dia sentem-se distantes de sua
realidade ao adentrar no ambiente escolar o que geralmente resulta em um
desinteresse geral que engloba desde a família até a sociedade. Estas ultimas
parecem fadadas ao determinismo político que geralmente fragmenta as ações
sociais e transforma a escola em um setor à parte da sociedade.
Para que se possa entender a construção do PPP é necessário analisar o seu
significado além de entender quais pressupostos estão nesse invólucro de projeção.
Segundo Vasconcellos (2005, p. 169), o PPP:
Pode ser entendido como a sistematização, nunca definida, de um processo
de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na
caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer
realizar. É um instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mu-
dança da realidade.

De acordo com Alberto e Balzan (2008, p.752)


[...] o PPP tem uma intenção educativa e é dialético (vive o conflito entre
formar e instruir), é um processo (linear versus contraditório, complexidade
versus reducionista, regulação versus emancipação, inclusão versus
exclusão), que tem resultados (fruto de sua própria concepção: aprender
versus apreender, manter versus transformar, consumidor versus cidadão).

Segundo Rostirola e Schneider (2010, p.73)


O PPP é um instrumento que a escola possui para melhorar o seu
desempenho educativo, já que este, além de instituir a dinâmica de
organização e funcionamento da escola, procura considerar o
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desenvolvimento sociopolítico dos educandos. Esse é o desafio do cotidiano


escolar, de forma refletida, sistematizada e científica, é a oportunidade que
as escolas têm de fazer o seu próprio destino de acordo com suas
especificidades, necessidades e seu perfil de aluno.

Sabe-se que o PPP é o documento que norteia todas as “ambiências” da


escola; foi instituído a partir da promulgação da LDB 9.394, no artigo 12. “Os
estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de
ensino, terão a incumbência de: I – elaborar e executar sua proposta pedagógica”
(BRASIL 1996, p.16).
Segundo as proposições da LDB o PPP deve ser instituído na escola dentro
dos princípios da democratização do ensino, portanto, é um documento a ser
construído a partir das intervenções dos participantes do processo.
De acordo com Rostirola e Schneider (2010, p.74)
O PPP foi proposto com o intuito de descentralizar e democratizar as
decisões pedagógicas, organizacionais e financeiras da escola, ou seja,
uma estratégia para todos os envolvidos no ato educativo tornarem-se
responsáveis pelo sucesso da escola. Deve estar em constante
aperfeiçoamento e modificações devido à escola ser o meio primordial de
construção e difusão do conhecimento.

No entanto, percebe-se uma infeliz realidade nas escolas brasileiras. Os


protagonistas do processo educacional (família, escola e sociedade) não possuem
uma relação de parceria para a condução do processo, na maioria das vezes, os
docentes sequer conhecem os pais dos alunos os quais lecionam muito menos a
realidade destas famílias. A gestão da escola ainda trabalha com a ideia de que
deve se ater a um panorama políticoadministrativo, delegando funções,
estabelecendo normas e regras.
Dentro desse contexto, o PPP passa a ter caráter obrigatório, pois, atrela-se
aos modelos pré-elaborados, um projeto no qual o que menos importa é a realidade
da comunidade escolar, as vivências do aluno.
[...] está atrelado a uma multiplicidade de mecanismos operacionais, de
técnicas e estratégias que visam à qualidade total, concretizada por meios
de normas, modelos e de práticas definidas em manuais pré-moldados.
Essa visão valoriza o burocrático “sem nenhuma reflexão mais substantiva a
respeito do ideal de sociedade e de homem que se pretende formar. (VEIGA
2001 apud PENTEADO; GUZZO, 2010, p.572)

De acordo com essa concepção, a escola tem se tornado totalmente


dependente de estratégias externas e seu “corpo” renega a possibilidade de
participar das decisões para corresponder às políticas externas, viabilizá-las e as
reproduzir.
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O contexto reproduzido dentro das escolas é o oposto dos ideais


democráticos sob os quais fora escrita a LDB. De acordo com tais, a participação da
família nos processos educativos dar-se-á quando a escola realmente for autônoma,
para tanto, o PPP deve ser construído a partir de estudos minuciosos das vivencias
da comunidade escolar, da ambiência escolar, do currículo que é construído a cada
dia dentro dos movimentos realizados pelos alunos.
Segundo Penteado e Guzzo (2010, p.573)
Nessa visão, o projeto se constitui como um documento teórico-prático
elaborado coletivamente pelos sujeitos da escola, o qual define os valores e
princípios norteadores das ações educativas e sinaliza os indicadores de
uma boa formação, qualificando as funções sociais e históricas que são de
responsabilidade da escola.

Desta forma, o projeto político-pedagógico da escola não consistirá apenas


em um documento escrito, pautado em um modelo comum, mas na consolidação de
um processo de ação-reflexão-ação que exige o esforço conjunto e a vontade
política do coletivo escolar, um processo que observa as tendências seguidas pela
sociedade, bem como, as vivencias trazidas pelos alunos do seu grupo social.

2 A INTERVENÇÃO DA GESTÃO DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO E


IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Como fora dito à priori o PPP deve “garantir o respeito à diversidade de sua
comunidade (local, social e cultural) e considerar o aluno como sujeito concreto, real,
histórico, social e ético do processo educativo”. (PENTEADO; GUZZO, 2010, p.573)
A escola passa a ter autonomia nas suas decisões e o processo democrático pode
assumir um caráter existencial.
Desta forma, o rompimento com os ideais de gestão com característica de
reprodução da hierarquia do sistema capitalista, onde vê-se o diretor (gestor) como
figura máxima, responsável pela tomada de decisões, bem como, pelo andamento
dos processos, e nos demais, indivíduos com funções precisas para permitir o
controle e a cobrança no cumprimento das tarefas é preciso e inevitável.
À escola, não cabe mais a “manutenção” de atividades e à figura do gestor, o
controle de tais. Aponta-se hoje para uma “administração escolar articulada com os
interesses da maioria da população e voltada à outra ordem social”. (PENTEADO;
GUZZO, 2010, p.573)
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Esse “modelo” de gestão a qual nos referimos, está voltado para os ideais de
democratização, um modelo de gestão democrática, que deve ser fator determinante
na construção e implementação do projeto político-pedagógico.
De acordo com Rostirola e Schneider (2010, p.76)
A gestão democrática também deve ser um dos princípios norteadores do
PPP, esta foi sancionada pela Constituição vigente e abrange dimensões
pedagógicas, financeiras e administrativas. Ela exige uma compreensão dos
problemas postos pela prática pedagógica e visa romper a distância entre o
pensar e o fazer, entre a criação e a execução, entre a teoria e a prática.

Dentro desse contexto, o gestor passa a perceber o ambiente escolar de


maneira diferente, não como um administrador, mas, como provedor de relações,
refazendo sua própria prática, a partir das relações estabelecidas entre família,
escola e sociedade.
Segundo Wittmann (2000, p.88)
[...] o gestor da escola defronta-se com novas demandas, oriundas da
evolução da sociedade e da base material das relações sociais. Neste
contexto, a educação e sua administração, como origem e destino da
relação entre teoria e prática, engendram novas bases teóricas e
(re)constroem práticas. Esta renovação teórico-prática da administração
educacional enseja demandas para o gestor, tanto para sua atuação quanto
para sua formação.

A partir dessas concepções, o PPP deve expressar a reflexão e o trabalho de


todos os sujeitos envolvidos no ato educativo (pais, professores, gestores,
funcionários e comunidade escolar). Deve assegurar o comprometimento, a respon-
sabilidade e as formas de organização da escola. A socialização de ações, a
combinação de diferentes concepções, a explicitação de oposições e até a
superação de metodologias educativas.
Dessa forma, o gestor passa a trabalhar com os ideais de gestão participativa,
um modelo onde os “atores sociais” se fazem tão importantes quanto o grupo
escolar, pois trazem consigo os anseios e necessidades da sociedade. Uma
proposta onde fica definida a função da escola dentro de sua comunidade,
melhorando a ambiência escolar e proporcionando a construção coletiva de um novo
padrão social.
A esse respeito, Rostirola e Schneider (2010, p.76) enfatizam que:
O PPP, ao mesmo tempo em que exige dos educadores, funcionários,
alunos e pais a definição clara do tipo de escola que entendam, requer a
delimitação de fins para que a relação ensino-aprendizagem aconteça.
Escolas com mais autonomia administrativa e financeira, um bom PPP e
uma equipe de profissionais estáveis funcionam melhor.
A autonomia escolar conferida às escolas pela LDB permite que estas
escolham suas diretrizes no intuito de melhorar o ambiente escolar, a
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aquisição de valores e conhecimentos. É uma forma de efetuar o que


precisa, realizar sonhos, definir necessidades e construir coletivamente.

Fica evidente a função da gestão escolar no processo de construção e


implementação do PPP. É óbvio que não se deve ter a ideia de que a gestão esteja
resumida a um indivíduo ou a um grupo restrito ao gestor, coordenador ou
supervisor educacional, esta seria uma ideia retrógada, no entanto, percebe-se a
gestão como a articulação de um grupo com objetivos comuns, dentro de um
processo de ressignificação da escola, onde os sujeitos da aprendizagem fazem-se
tanto por alunos quanto por professores.
A concepção de da importância do PPP para a escola dá-se pelo fato de que
o mesmo deve refletir as reais necessidades da comunidade escolar, dando aos
alunos e às famílias dos mesmos uma diretriz voltada para a construção de uma
nova sociedade, uma sociedade pautada na intervenção do homem enquanto sujeito
crítico e ativo. Desta forma o aluno, sujeito da aprendizagem, passa a incorporar as
práticas do dia-a-dia ao saber sistematizado, adquirido na escola.

3 CONCLUSÃO

A escola vive um novo momento dentro do contexto social, um momento onde


a responsabilidade pela manutenção das evoluções sociais recai sobre a educação.
A partir dessa concepção, o aluno passa a ser o objetivo final do processo
educacional, no entanto, passa-se a observar com maior cuidado as ações
executadas pelos diversos integrantes desse processo.
Gestores, coordenadores, supervisores, orientadores educacionais,
professores, pais e alunos passaram a integrar a gestão escolar de forma a construir
o que no presente trabalho denominamos de “gestão democrática”. Esse
“movimento” dos atores educacionais proporciona a interpretação de valores e o
aprendizado de vivências que são trazidas do seio familiar e podem servir de
estímulo para o aprendizado sistematizado.
No entanto, o que se constatou no presente estudo, é que a realidade escolar
brasileira está distante desses ideais. A gestão ainda trabalha apenas dentro da
esfera administrativa, determinando funções e estabelecendo regras, dessa forma,
nasce um processo de fragmentação dos diferentes "olhares" sobre a escola, ou
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seja, a escola vista e vivenciada pelo pai, não necessariamente corresponde aquela
analisada e vivenciada pelo professor, sendo que a "escola" do professor pode não
corresponder a do gestor, que por sua vez, pouco tem a ver com aquela ditada pela
política educacional elaborada a partir dos órgãos centrais do sistema educacional.
Dentro dessa ótica, o PPP passa a ter objetivos meramente burocráticos e
segue um modelo pré-estabelecido conforme as vigentes políticas educacionais.
Não se estuda a realidade do aluno e desconsidera-se a importância da intervenção
familiar nas ações educativas, faz-se do ambiente escolar um “fragmento” à parte da
sociedade onde os sujeitos apresentam objetivos incomuns.
Em suma, entende-se que a participação de todos os envolvidos no dia-a-dia
da escola nas decisões sobre os seus rumos garante a produção de um
planejamento no qual estejam contemplados os diferentes "olhares" da realidade
escolar, possibilitando assim, a criação de vínculos entre pais, alunos, professores,
funcionários e especialistas. A presença do debate democrático possibilita a
produção de critérios coletivos na orientação do processo de planejamento, que por
sua vez, incorpora significados comuns aos diferentes agentes educacionais,
colaborando com a identificação desses com o trabalho desenvolvido na escola.

___________________________

REFERÊNCIAS

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político-pedagógico pelos funcionários: espaços e representatividade. Avaliação,
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MONFREDINI, Ivanise. O projeto pedagógico em escolas municipais: análise da


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13

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Pedagógico: instrumento de melhoria da qualidade educativa? Unoesc & Ciência
– ACHS, Joaçaba, v. 1, n. 1, p. 73-80, jan./jun. 2010.

SILVA, Maria Abádia da. Do projeto político do banco mundial ao projeto político-
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WITTMANN, Lauro Carlos. Autonomia da Escola e Democratização de sua Gestão:


novas demandas para o gestor. Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 88-96, fev./jun.
2000.

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