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Seus temas preferidos têm sido o protecionismo e a política industrial, ou seja, duas coisas que
a economia convencional diz não poder funcionar. Contudo, sua própria terra natal é prova
visível de que elas podem.
E este é apenas o ponto de partida para expor as falhas nas teorias econômicas atualmente em
voga.
Se você não está feliz com a forma pela qual a economia capitalista vem sendo executada, este
microbook é para você.
“23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo” oferece respostas reais de um grande
autor que percebeu que o debate vem sendo nublado por um conjunto de mitos acerca do que
é o capitalismo e como ele funciona.
E aí, se interessou? Então, venha junto conosco desmascarar, em 12 minutos, esses mitos e
obter uma compreensão mais acurada sobre o mundo em que vivemos. Boa leitura!
Não existe sequer um mercado, ao redor do mundo, que seja realmente livre. Todos possuem
limites e regras que coíbem a livre escolha. O mercado dá a impressão de ser livre porque
somos condicionados a concordar com suas restrições e, assim, não as percebemos.
3. Os salários pagos aos trabalhadores dos países ricos deveriam ser menores
A diferença salarial entre as nações ricas e pobres não é causada pelo nível de produtividade,
mas pelo controle imigratório. Se não fosse por isso, a maioria dos assalariados nos países mais
ricos seria substituída pelos seus pares dos países periféricos.
Dito de outra forma, são as decisões políticas que definem os níveis salariais dos
trabalhadores. Para que a sociedade seja justa é preciso rejeitarmos o mito segundo o qual os
cidadãos são pagos segundo algum pretenso valor individual.
Devemos nos lembrar de que tudo o que temos em nossas vidas não é, pura e simplesmente,
resultado direto de nossos esforços: a sociedade a que pertencemos é o verdadeiro fator
determinante para isso.
Tais aparelhos foram decisivos para diminuir a quantidade necessária de trabalho para a
realização de tarefas domésticas, possibilitando que as mulheres entrassem no mercado,
oferecendo sua mão de obra.
Ao analisar o passado, não podemos, de modo algum, ser anacrônicos, desvalorizando o velho
e supervalorizando o novo, pois isso nos faz tomar decisões erradas acerca da política
econômica, das políticas empresariais e de nossas carreiras.
De fato, se o mundo fosse cheio de seres egoístas, tal como encontramos nos livros de
economia, ele seria paralisado, pois, dedicaríamos grande parte do tempo a trapacear, a tentar
prender os trapaceiros e a punir aqueles que fossem capturados.
Nosso mundo é do jeito que é apenas porque os indivíduos não são tão egoístas quanto a
economia de mercado pensa que eles sejam.
Precisamos sistematizar um sistema econômico que, embora reconheça que os indivíduos são,
na maioria das vezes, egoístas, estimule outras motivações humanas e desenvolva o melhor
das pessoas.
A despeito do fato de que a inflação foi subjugada, a economia global se tornou mais instável.
Os economistas afirmam que para crescer é imprescindível manter os preços estáveis, porém,
as políticas de redução inflacionária produziram um crescimento pífio a partir dos anos de
1990, período no qual a inflação foi “superada”.
Diferente do que é propagado pelo senso comum, a performance dos países pobres durante os
períodos nos quais o Estado dirigiu o desenvolvimento foi melhor do que a etapa subsequente
de políticas econômicas voltadas ao mercado.
Grandes fracassos foram ocasionados pela intervenção do Estado, porém, os países cresciam a
um ritmo mais acelerado, com melhor distribuição de renda e uma menor incidência de crises
econômicas.
Não é verdade, também, que as nações mais desenvolvidas tenham alcançado a riqueza graças
a políticas de “Estado mínimo”. Os registros históricos apontam para o cenário exatamente
oposto.
Na realidade, as políticas “neoliberais” não tornaram nenhum país rico até hoje e dificilmente
enriquecerão os países que a adotarem no futuro.
Elas realizam, em seus países originários, grande parte das atividades principais, como a
elaboração de estratégicas e a realização de pesquisas de ponta. A maioria de seus gestores
também pertencem à mesma nacionalidade.
Quando fecham fábricas ou eliminam postos de trabalho, em geral, o último local em que
fazem isso é em seus próprios países, devido a inúmeras motivações políticas e, sobretudo,
econômicas.
Dessa forma, seus países de origem se apropriam dos benefícios de uma empresa
multinacional.
A afirmação de que estamos vivendo em uma organização social pós-industrial faz algum
sentido pelo fato de que a maioria dos trabalhadores, hoje em dia, atua em escritórios e lojas e
não em indústrias e fábricas. Porém, mesmo nesse cenário, o setor industrial continua sendo
importante.
O fenômeno da queda da manufatura em relação à produção geral não se explica pela redução
quantitativa de bens e produtos manufaturados, mas ao encolhimento de seus preços em
comparação ao setor de serviços.
Ao obter receitas limitadas em suas balanças comerciais, as nações mais pobres reduzem sua
capacidade de importar tecnologias avançadas. Isso significa, necessariamente, um ritmo mais
lento de crescimento.
10. Os americanos não têm o melhor padrão de vida
Entretanto, se consideramos a enorme desigualdade presente em seu país, essa média não é
tão precisa para representar o nível de vida em comparação a outros países de “primeiro
mundo”.
A profunda desigualdade é, também, um dos elementos que explicam por que os Estados
Unidos possuem péssimos indicadores de saúde e elevadas estatísticas de crimes violentos.
Os mesmos valores em dólares compram mais produtos e bens duráveis nos Estados Unidos
do que nos outros países desenvolvidos. Afinal, a imigração e as terríveis condições laborais de
toda uma massa de imigrantes contribuem decisivamente para o barateamento dos preços por
lá.
Além disso, em comparação ao cidadão europeu, o americano médio trabalha muito mais
horas por dia.
Os países africanos nem sempre estiveram estagnados. Durante os anos de 1960 e 1970, nos
quais todos os supostos bloqueios estruturais ao desenvolvimento já estavam presentes, eles
apresentaram desempenhos satisfatórios.
Tais condições, ao que parece, só impedem o crescimento econômico das nações africanas na
medida que elas não contam com a capacidade organizativa, institucional e tecnológica
necessária para superar consequências adversas.
O argumento segundo o qual as decisões governamentais que afetam a iniciativa privada são
piores do que as tomadas pelos próprios empresários é, no mínimo, injustificável.
Dispor de informações detalhadas não é garantir de tomar decisões melhores; de fato, pode
ser complicado fazer a escolha certa quando estamos muito envolvidos com a situação.
Há formas pelas quais os governos podem obter dados mais precisos e, assim, qualificar suas
decisões. Além disso, escolhas que são benéficas para empresas particulares nem sempre são
vantajosas para a economia de todo o país.
Embora seja bastante difundida a ideia de que as políticas que favorecem a parcela mais rica
da população estimulem o crescimento econômico, essas medidas têm se mostrado
ineficientes ao longo dos últimos trinta anos.
Logo, a primeira sustentação desse argumento, qual seja, a noção de que oferecer um pedaço
maior do bolo aos ricos tornará o bolo maior, não faz sentido.
O segundo pilar do argumento – a afirmação de que a criação de uma riqueza maior no topo
da pirâmide social gotejará e cairá sobre as camadas mais pobres – tampouco se sustenta. Esse
“gotejamento” acontece, porém, de modo geral, seu impacto é insignificante.
Os atuais CEOs norte-americanos recebem, atualmente, até dez vezes mais do que seus
equivalentes dos anos de 1960, embora, naquele tempo, o sucesso das empresas era muito
maior do que hoje em dia.
Eles também são muito caros em comparação a seus pares de outros países desenvolvidos,
recebendo cerca de vinte vezes mais.
Além de serem tão caros, eles também são protegidos, uma vez que não há qualquer tipo de
sanção por mau desempenho.
Ao contrário do que muitos argumentam, isso não é puramente definido pelas forças
“impessoais” do mercado.
Os empresários americanos obtiveram tanto poder ideológico, político e econômico, que são
capazes de controlar os elementos que determinam a própria remuneração.
Para cada individuo ocioso em um país pobre, temos duas crianças a engraxar sapatos e três
pessoas a vender produtos na rua.
O que causa a pobreza de uma nação não é, de modo algum, a falta de empreendedorismo,
mas a falta de tecnologias desenvolvidas e organizações sociais produtivas, sobretudo,
negócios modernos.
Há poucas evidências capazes de comprovar que um povo mais bem educado gera maiores
níveis de prosperidade à sua nação.
A maior parte dos conhecimentos adquiridos na escola, na verdade, não apresenta relevância
alguma para aumentar a produtividade, embora possibilite que os cidadãos tenham vidas mais
independentes e gratificantes.
Na prática, não foi demonstrado qualquer relação entre instrução e crescimento econômico. O
que importa, realmente, para determinar os níveis de prosperidade de um país não é o grau de
instrução dos indivíduos e sim a capacidade do país de organizar as pessoas em projetos e
empreendimentos de alta produtividade.
18. O que é benéfico para as empresas difere do que é benéfico para os países
Na verdade, nem todos os regulamentos são ruins para os ambientes de negócios. Em certas
ocasiões, do ponto de vista da própria iniciativa privada, é interessante coibir a atuação de
empresas, evitando que elas destruam os insumos compartilhados de que todas necessitam,
como a força de trabalho ou os recursos naturais.
As regulamentações podem, inclusive, auxiliar as empresas, levando-as a realizar coisas que,
embora gerem custos a curto prazo, aumentem a produtividade a longo prazo, como fornecer
treinamentos aos seus colaboradores.
Embora seja uma condição necessária para a consolidação da justiça social, a igualdade de
oportunidades não é o suficiente.
Se um aluno, tendo fome, não obtém boas notas na escola, não se pode dizer que seu baixo
desempenho se deve a uma incapacidade inerente.
O Estado de bem-estar social, quando bem planejado, pode encorajar os cidadãos a correrem
mais riscos em relação a seus empregos e serem mais abertos às mudanças.
Esse é um dos motivos pelos quais há na Europa, em comparação com os Estados Unidos, uma
menor procura por proteção empresarial.
Os cidadãos europeus sabem que, ainda que as indústrias fechem por causa da concorrência
externa, eles conseguirão manter o mesmo padrão de vida e receber treinamento para
exercerem outra atividade profissional.
Por outro lado, os norte-americanos estão cientes de que perder o emprego geralmente
implica uma significativa queda em seu padrão de vida, podendo até significar o término de
sua vida produtiva.
É por isso que as nações europeias de Estado forte, como Finlândia, Noruega e Suécia, foram
capazes de crescer a um ritmo mais acelerado do que os EUA, inclusive, durante o “boom”
americano pós-1990.
O principal problema dos atuais mercados financeiros reside em seu excesso de eficiência.
A partir das recentes inovações, uma grande quantidade de novos instrumentos foi produzida
para que o setor financeiro se tornasse capaz de gerar mais lucros a curto prazo.
Todavia, como verificado na crise de 2008, os novos ativos criaram uma maior instabilidade
para a economia global.
Essa diferença de velocidade deve ser reduzida o quanto antes, ou seja, é necessário diminuir a
eficiência do mercado financeiro.
A realização de uma boa política econômica não demanda a atuação de bons economistas.
Basta observar que os burocratas que tem obtido sucesso não são economistas.
Durante os tempos das “vacas gordas”, tanto a política econômica da Coreia do Sul quanto a
do Japão foi comandada por advogados. Na China e em Taiwan, ela tem sido dirigida por
engenheiros.
Isso, por si só, comprova que o êxito econômico não requer profissionais bem treinados em
economia – principalmente se for do tipo neoliberal.
Notas finais
As coisas só não estão tão ruins quanto estiveram durante a Grande Depressão porque os
governos sustentaram a demanda por meio de enormes gastos deficitários e do relaxamento
da oferta de dinheiro.
Os governos também evitaram a corrida aos bancos por intermédio da expansão do seguro de
depósitos e do resgate de muitas instituições financeiras. Sem essas medidas e o aumento
substancial nos gastos com o bem-estar social, estaríamos atravessando uma crise econômica
muito pior do que a da década de 1930.
Elas pressupõem que fazer pequenos ajustes será uma solução suficiente para a nossa situação
— um pouco mais de transparência aqui, um pouquinho mais de regulamentação ali e algumas
pequenas restrições nos salários dos executivos acolá.
Dica do 12’
Leia também “The Industries of the Future” e conheça, por meio de uma análise das alterações
econômicas e sociais que áreas como robótica e big data provocarão -as indústrias que
atingirão maior proeminência nas próximas décadas!