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AO JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE JOÃO

MONLEVADE – MG

Maria Bonita, brasileira, casada, Advogada, portador da Carteira de


identidade de nº MG- 8.754.697 e CPF 837.653.956-68, residente e domiciliado
na Rua Israel Pinheiro, nº 4928, Bairro de Lourdes, CEP 35.032-150, Ipatinga
/MG, por sua advogada infra-assinada, mandato anexo, vem perante V. Exa.,
propor AÇÃO DE COBRANÇA em face de Grandioso Hotel, pessoa jurídica de
direito privado, que deverá ser citado na pessoa do seu Advogado, pelos motivos
de fato e de direito seguir aduzidos.

AÇÃO DE COBRANÇA

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

De acordo com o art. 5º LXXIV da constituição “o Estado prestará


assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência”.
O art. 98 do Código de Processo Civil, versa que “a pessoa natural ou
jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as
custas, as despesas processuais e honorários advocatícios terão direito à
gratuidade da justiça”.
Nesse contexto, declara o Requerente conforme documento em anexo, que
não tem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do próprio
sustento, razão pela qual faz jus ao benefício da gratuidade da justiça nos termos
da lei 1.060/50.

DAS PRELIMINARES
Da ineficácia da audiência de conciliação

Tendo em vista a o insucesso na audiência na tentativa de conciliação,


haja vista o não acordo entre as partes.
Visando o respeito ao Princípio da Celeridade Processual, o requerente
solicita a dispensa da Audiência de Conciliação e imediata citação do requerido
para apresentação de sua defesa, evitando assim a morosidade nos atos
processuais.

DOS FATOS
A requerente, no dia 10.03.2018, por volta das 20:00h, Maria Bonita
acompanhada de sua amiga Severina Chique Chique, retornando de um
compromisso profissional que aconteceu na cidade de Juiz de Fora/MG, durante
os dias 08 a 10 de março de 2018, pararam na cidade de Ubá/MG para dormir. A
parada em Ubá se deve ao fato de que, quando estavam retornando de Juiz de
Fora, nesse pedaço da estrada, foram surpreendidas por uma forte chuva e não
era possível o prosseguimento da viagem até a cidade de Ipatinga/MG em razão
da chuva, do horário e do risco de duas mulheres prosseguirem viagem nessas
condições, sendo que Maria Bonita estava grávida.
Assim, as amigas buscaram referências na cidade e com amigos próximos
e optaram pela hospedagem no hotel GRANDIOSO HOTEL, por ser uma rede de
hotéis já conhecida no Brasil. Deste modo, a Maria Bonita realizou uma busca
através da internet das locações do hotel, tendo em vista as indicações para
estadia no mesmo. Insta salientar que a Maria Bonita e sua acompanhante, antes
de realizarem a compra da estadia no hotel GRANDIOSO HOTEL, procuraram
por outros hotéis na cidade de Ubá, mas não encontraram vaga em hotéis de
estrutura parecida. Conforme ficha de registro de hóspede, foi locado em nome da
OAB/MG, pela Maria Bonita 01 (quarto) Standart Solteiro para 2 pessoas, com
internet Wi Fi, estacionamento e café da manhã no GRANDIOSO HOTEL.
Quando do check in no referido hotel, o funcionário responsável pela
recepção dos hóspedes (mensageiro), bem como a recepcionista, informaram que
a garagem do hotel estava lotada, motivo pelo qual o carro deveria permanecer
durante a hospedagem no estacionamento do hotel localizado sobre o passeio da
frente do estabelecimento. Conforme ficha de registro de hóspede, o carro de
propriedade da Maria Bonita ficou sob a responsabilidade do estabelecimento.
Quando questionado por Maria Bonita sobre a contratação da hospedagem, o
recepcionista informou que tinham vagas de apartamento, contudo, não tinham
vagas de garagem. Replicado pela mesma e sua acompanhante sobre como seria
possível ter o quarto, mas não ter a respectiva vaga de garagem, o recepcionista
reiterou que não tinha e que estacionar o veículo na vaga em frente ao hotel não
traria nenhum problema, considerando que o estabelecimento se responsabilizava
da mesma forma, inclusive, tendo vigia o tempo todo no referido local.
Aproximadamente após 30 (trinta) minutos do check in, o rio que corta da
cidade de Ubá/MG transbordou e o carro da requerente foi totalmente alagado,
ocasionando na “perda total” do mesmo, tendo o recepcionista do
estabelecimento GRANDIOSO HOTEL interfonado no quarto da Maria Bonita e
Severina Chique Chique para informar do ocorrido. Diante da informação, Maria
Bonita e Severina Chique Chique desceram pelo elevador e ao chegarem no hall
principal do hotel se depararam com o local totalmente alagado e a cada minuto,
alagando ainda mais aumentando o nível da água, não sendo possível mais
acessar o quarto pelos elevadores e sequer ir até o carro da peticionária. Sendo
assim, Maria Bonita e Severina Chique Chique subiram os andares pelas escadas
de serviço, oportunidade em que viram que o hotel contava com dois andares
inteiros de garagem, sendo certo que somente uma vaga no G1 estava
preenchida.
Diante dessa constatação, Maria Bonita chamou o recepcionista e o
questionou sobre o motivo pelo qual o mesmo não permitiu que a mesma
adentrasse na garagem do hotel, considerando que a mesma possuía vaga e o
mesmo informou que a rampa de acesso à garagem não é adequada para a
subida de carros maiores, sendo certo que o mesmo informa que na inauguração
do Hotel, vários carros de hóspedes com carros altos não conseguiram subir na
garagem, e, por esse motivo, a informação pelo funcionário prestada era a de que
as vagas de garagem do hotel estavam preenchidas. Percebe-se que diante da
falsa informação prestada pelo hotel requerido e diante do quadro
visualizado por Maria Bonita, a mesma tirou fotografias do local e fez vídeos
que demonstram o constatado in loco, documentos esses os quais ela
apresentou a você enquanto advogado (a) na oportunidade da consulta.
Maria Bonita explica no atendimento que embora tenha contratado vaga de
hospedagem em quarto Standard Solteiro para duas pessoas, com ar
condicionado, wi-fi, café da manhã e garagem, não usou dos serviços contratados
e ainda, suportou dano material em seu veículo, tendo que acionar o seguro de
seu carro que concluiu pela perda total do veículo, teve que pagar a franquia de
R$2.101,68 (dois mil, cento e um reais e sessenta e oito centavos) e ainda
perdeu os bônus de sua seguradora, tendo que pagar um valor de seguro para
seu novo veículo, muito maior do que o que normalmente pagaria, haja vista a
perda de bônus a que teria direito. Fato é que além da perda total do veículo de
Maria Bonita, todos os objetos que se encontravam dentro do carro se perderam,
dentre eles uma caixa com 1000 (um mil) jornais, avaliados em R$ 640,00; livros
adquiridos no congresso, avaliados em R$ 500,00; bolsas, ferro de passar roupa
e escova giratória da marca Polishop, avaliados em R$ 350,00; sapatos e outros
objetos de uso pessoal.

DO DIREITO

a) Dano material e dano moral

No âmbito constitucional, não se pode olvidar que a Constituição Federal


de 1988, no artigo 5º, inciso X, normatizou, de forma expressa, que são
invioláveis a intimidade, a vida privada e a honra e a imagem das pessoas,
assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação.

Art. 5º (...) X –São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e


a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
dano material ou moral de corrente de sua violação;

No caso sub judice, a atitude promovida pela instituição de Grandioso hotel


vetoriza-se em um ato ilícito, visto que praticou ato ilícito na modalidade de abuso
de direito, ao expor a autora ao dano material e moral. Oferecendo informações
falsas e garantias ao patrimônio da requerente.

Neste sentido, vejamos o magistério do inolvidável Orlando Gomes: “Ato


ilícito é a ação ou omissão culposa com a qual se infringe direta e imediatamente
um preceito jurídico do direito privado, causando-se dano a outrem” (GOMES,
Orlando. Introdução ao direito civil. Rio de Janeiro, Forense, 1987, pág. 314).

Assim, quando alguém comete um ato ilícito, há infração de um dever e a


imputação de um resultado. E a consequência do ato ilícito é a obrigação de
indenizar, de reparar o dano, nos termos da parte final do artigo 927 do NCCB, in
verbis:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
O conceito legal de ato ilícito, por sua vez, está insculpido no artigo 186 do
NCCB, senão vejamos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Desse modo, o Réu cometeu ato ilícito ao violar os direitos da requerente
seja pelos danos material inerentes ao veículos e pertences, seja pelo transtorno
causado pelo erros no atendimento do Grandioso Hotel
No âmbito do código de defesa do consumidor, LEI Nº 8.078, DE 11 DE
SETEMBRO DE 1990, artigo 6, inciso III e IV, temos:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
 III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, tributos incidentes e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
 IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva,
métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
Situações demostradas no fato ocorrido com a requerente.
DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa. determinar:

a) A concessão a Requerente dos benefícios da Justiça Gratuita, em


concordância com o art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e art. 98 do
CPC e da lei 1060/50, por ser pessoa pobre na acepção jurídica do termo e não
reunir condições de arcar com as despesas e custas processuais sem prejuízo de
sua própria subsistência;

b) A citação do Requerido, na pessoa do seu procurador, para, querendo,


apresentar sua defesa;

c) A total reparação dos danos causados pelo Grandioso Hotel face a requente.

d) A condenação do Requerido em custas judiciais e honorários advocatícios, na


forma do artigo 85 do Código de Processo Civil.

e) A condenação da Ré ao pagamento dos danos morais em valor


correspondente a 10 (dez) salários mínimos, pelo fato de ter cometido prática
abusiva ao violar o direito constitucional da autora e negar-lhe acesso e
permanência na instituição de ensino, causando lhe transtornos em sua vida
profissional;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas


e cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos e depoimentos acostados
nos autos.

Atribui à causa o valor de R$ 60.795,95 (sessenta mil, setecentos e


noventa e cinco reais e noventa e cinco centavos)

Nestes termos;

Pede Deferimento.

Nome Nome
OAB XXXXXX OAB XXXXXX

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