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Multiculturalismo, pesquisa e formação

de professores: o caso das Diretrizes


Curriculares para a Formação Docente1
Ana Canen
Giseli Pereli de Moura Xavier

Resumo permitam superar binômios tais como o que


separa pesquisa acadêmica de pesquisa
O presente artigo discute possibilidades
prática nessa formação.
de articulação de uma perspectiva multi-
Palavras-chave: Multiculturalismo. Pes-
cultural ao componente de pesquisa na for-
quisa. Formação de professores. Diretrizes
mação docente, analisando implicações de
curriculares de formação de professores.
tal articulação e discutin-
do a extensão em que está
presente no discurso das Ana Canen Abstract
Diretrizes Curriculares de PhD em Educação, Multiculturalism,
Formação de Professores University of Glasgow, UK
(BRASIL, 2000b). Em um Profª da Faculdade de research and
primeiro momento, discute Educação/UFRJ teacher
o multiculturalismo e a pes- Pesquisadora do CNPq
quisa, como componentes acanen@globo.com training: the
da formação de professo- Giseli Pereli de Moura Xavier
Mestre em Educação, Faculdade
case of teacher
res, levantando tensões e
possibilidades em sua arti- de Educação da UFRJ education
culação; em seguida, relata Profª da Escola de Ciência da The present article
o contexto em que emer- Educação, Centro Universitário discusses possibilities of
da Cidade, RJ interconnecting a
gem as recentes políticas
titogigi@uol.com.br multicultural perspective
educacionais e analisa ên-
fases e silêncios das dire- and a research dimension
trizes curriculares nacionais within teacher education. It
de formação de professores, com relação analyses implications of such an
ao papel da pesquisa e do multiculturalis- intertwinement and discusses the extent to
mo em suas formulações. Conclui, indican- which those components are present within
do a necessidade de se concretizar estraté- the discourse of the Brazilian National
gias multiculturais na formação docente que Curricular Guidelines for Teacher Education

1
Texto baseado na apresentação preparada para: Formação de Professores: uma discussão em curso; Curso de Extensão, Fórum
de Cultura, CFCH, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2002.

Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.48, p. 333-344, jul./set. 2005
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(BRASIL, 2000b). Firstly, it discusses analiza énfasis y silencios de las directrices


multiculturalism and research as curriculares nacionales de formación de
components of teacher education, raising profesores, con relación al papel de la
tensions and possibilities of articulating both; pesquisa y del multiculturalismo en sus
afterwards, it discusses the context in which formulaciones. Concluye, señalando la
recent educational policies emerge and necesidad de concretizar estrategias
analyses emphases and silences in the multiculturales en la formación docente que
national curricular guidelines as related to permitan superar binomios tales como el que
the role of research and of multiculturalism separa la pesquisa académica de la pesquisa
in its proposals. It concludes, indicating práctica en esta formación.
possible multicultural ways by which Palabras clave: Multiculturalismo. Pesquisa.
research could be worked out in teacher Formación de profesores. Directrices
education so as to challenge dichotomies, curriculares de formación de profesores.
such as the one that separates academic
and practical research in teacher education. Introdução
Keywords: Multiculturalism. Research.
O fato de que vivemos em sociedades
Teacher education. Brazilian National
multiculturais, desiguais, tem sido reconhe-
Curricular Guidelines for Teacher Education.
cido, cada vez mais, no novo milênio. Con-
forme atestam conferências internacionais
Resumen como a recentemente conduzida em Dur-
Multiculturalismo, ban, África do Sul, a necessidade de valori-
zação das identidades plurais de gênero,
pesquisa y formación de raça, padrões lingüísticos, étnicos, culturais
profesores: el caso de las e outros, passa a emergir com força, resul-
tante particularmente dos movimentos soci-
directrices curriculares ais e organizações não governamentais em
para la formación todo o mundo. Nesse contexto, preparar
professores para atuarem em sociedades
docente multiculturais, constituídas na pluralidade,
Este artículo discute las posibilidades de na multiplicidade e nas diferenças, é ressal-
articulación de la perspectiva multicultural tado na literatura nacional e internacional
al componente de pesquisa en la formación (CANEN, 1997, 2000, 2001a, 2001b;
docente, analizando implicaciones de tal 2002; GRANT, 2000; McLAREN, 2000; PIN-
articulación y discutiendo la extensión en que TO, 1999). Em contraposição a modelos de
está presente en el discurso de las Directrices formação docente assentados em uma pre-
Curriculares de Formación de Profesores tensa homogeneidade social, a perspectiva
(BRASIL, 2000b). En un primer momento, multicultural focaliza caminhos teóricos e
discute el multiculturalismo y la pesquisa, estratégias pedagógicas para a preparação
como componentes de la formación de de professores aptos a atuarem no contexto
profesores, levantando tensiones y multicultural e desigual em que se insere a
posibilidades en su articulación; a educação, de forma a valorizar a pluralida-
continuación, relata el contexto en que de cultural e desafiar estereótipos e precon-
emergen las recientes políticas educativas y ceitos a ela relacionados.

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Nesse sentido, temos argumentado que que medida tem sido contemplada nas polí-
o modelo de professor pesquisador, como ticas de formação docente, conforme ilus-
um profissional reflexivo que assume a pos- trado nas Diretrizes Curriculares de Forma-
tura de constante reflexão crítica sobre a ção de Professores (BRASIL, 2000b, p. 6)2 –
prática pedagógica, atuando ativamente na documento produzido com a intenção de
construção de seu conhecimento pedagógi- rever os modelos de formação docente, ob-
co, poderia articular-se a posturas multicul- jetivando “a proposição de orientações ge-
turais, de forma a promover a formação do rais que apontam na direção da profissio-
professor-pesquisador multiculturalmente nalização do professor e do atendimento às
comprometido. Tal articulação poderia ofe- necessidades atuais da educação básica na
recer um caminho possível no sentido da sociedade brasileira?” Essas questões mo-
superação daquilo que Hoover (1994) de- bilizam o presente texto, que está estrutura-
nominou de redução da reflexão do profes- do do seguinte modo: em um primeiro mo-
sor-pesquisador a aspectos imediatamente mento, discute o multiculturalismo e a pes-
relacionados à sua prática imediata, em quisa, como componentes da formação de
detrimento de uma postura crítica que situe professores, levantando tensões e possibili-
esta prática no contexto social e cultural dades em sua articulação; em um segundo
maior que a informa. Nesse sentido, argu- momento, relata o contexto em que emer-
mentamos que o modelo do professor-pes- gem as recentes políticas educacionais, den-
quisador multiculturalmente comprometido tre as quais aquelas referentes à formação
pode representar um via pela qual conexões de professores, analisando criticamente suas
entre o universo microssocial da sala de aula ênfases e silêncios; em um terceiro momen-
e a realidade cultural e social mais ampla to, mergulha sobre o discurso das diretrizes
possa se efetuar, com vistas a possibilitar curriculares nacionais de formação de pro-
desafios a discursos que congelam identi- fessores, focalizando particularmente o pa-
dades e reforçam preconceitos. Desse modo, pel da pesquisa e do multiculturalismo em
o modelo do professor-pesquisador multi- suas formulações.
culturalmente comprometido pode represen-
tar um possível caminho de transformação Multiculturalismo e
da desigualdade educacional que atinge,
justamente, grupos culturais e étnicos cujos Pesquisa na Formação
padrões não estão contemplados nos dis- de Professores: o desafio
cursos curriculares abraçados pela escola.
da polissemia
Entretanto, como tem sido pensada a Vivemos em sociedades multiculturais,
articulação ensino-pesquisa e multicultura- marcadas pela pluralidade e também pela
lismo na formação de professores, na litera- desigualdade. Nesse contexto, ganha rele-
tura na área? Que significados pode assu- vância o multiculturalismo – cujo conceito
mir e que desafios e potenciais apresenta é normalmente definido como o de um cam-
para esta formação? Ao mesmo tempo, em po teórico, prático e político, voltado à va-

2
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, foram oficialmente instituídas em 18/
02/2002 por meio da Resolução CNE/CP 1/2002. Este artigo se refere à “Proposta de Diretrizes para a Formação Inicial de
Professores da Educação Básica, em Cursos de Nível Superior”, de maio de 2000.

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lorização da diversidade cultural e ao de- ca de reserva de cotas para negros e alunos


safio aos preconceitos (CANEN, 1997, de escolas públicas para o ingresso nas uni-
1999, 2000, 2001a, 2001b, 2002; CA- versidades tem tido destaque na mídia, ain-
NEN; MOREIRA, 2001; GRANT, 2000; da que seja objeto de problematização no
McLAREN, 2000). Na educação, o multi- âmbito do próprio pensamento multicultural,
culturalismo informa, por exemplo, perspec- polarizado entre percepções que consideram
tivas curriculares que articulam conteúdos tal medida como multiculturalmente orienta-
específicos a questionamentos sobre a cons- da e outras que a percebem, tão somente,
trução de preconceitos e à valorização da como uma ação de homogeneização cultu-
pluralidade cultural. Canen e Oliveira ral, na medida em que se volta à inserção
(2002) ilustram essa articulação, ao anali- das identidades em pauta num sistema “uni-
sarem os dados de um estudo de caso de versal” de ensino. Ainda que tais políticas não
cunho etnográfico que acompanhou o co- sejam objeto do presente artigo, vale desta-
tidiano da prática pedagógica de uma pro- car que, pari passu às mesmas, o multicultu-
fessora de Ciências, em que tópicos tais ralismo aponta para a necessidade de ações
como “pele” eram tratados não apenas do preventivas, mais do que reparadoras, que
ponto de vista biológico, mas também a atinjam os cotidianos das instituições educa-
partir de textos de outras áreas que questi- cionais no sentido de fomentar o diálogo en-
onavam a discriminação baseada na cor tre as diferenças e questionar discursos que
desse órgão do corpo, mostrando sua ina- congelam as identidades e que reforçam as
dequação e insustentabilidade científica. discriminações e os estereótipos.

Influências do pensamento multicultu- Formar o professor multiculturalmente ori-


ral têm sido sentidas em movimentos que entado implica, conforme temos argumenta-
buscam a valorização dos padrões plurais do, em trabalhar em prol de um modelo de
e, ao mesmo tempo, enfatizam a necessi- professor apto a compreender o conhecimento
dade da adoção de medidas de reparação e o currículo como processos discursivos,
a injustiças e preconceitos com relação a marcados por relações de poder desiguais,
identidades culturais, raciais, étnicas, de que participam da formação das identida-
gênero e outras marginalizadas nos pro- des. Implica em tensionar conteúdos pré-es-
cessos sociais, nos quais se inclui a educa- tabelecidos e pretensões a verdades únicas,
ção. É neste contexto que surgem propos- procurando detectar vozes silenciadas e re-
tas curriculares que incluem a diversidade presentadas nesses discursos curriculares, de
cultural em seus eixos, como, exemplo, os forma a mobilizar a construção de identida-
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, des docentes sensíveis à diversidade cultural
em que um dos temas transversais é a di- e aptas a formular alternativas discursivas
versidade cultural e a ética. transformadoras, desafiadoras do congela-
mento de identidades e dos estereótipos.
Ao mesmo tempo, em nome do multicul-
turalismo, ações afirmativas são desenvolvi- Entretanto, argumentamos que a di-
das, que buscam a representação das identi- versidade cultural não representa a anu-
dades culturais plurais nos espaços educaci- lação da ciência. Contrapondo-nos a um
onais e nos currículos. Dentre essas, a políti- relativismo total, sustentamos que, ainda

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que sofram influência ideológica, os cur- Nesse sentido, articular ensino e pes-
rículos podem representar espaços discur- quisa na formação docente representa um
sivos em que o global e o local se arti- caminho possível para se pensar em trans-
culam, em sínteses e hibridizações criati- formar essa realidade no sentido de valori-
vas. Trata-se, no nosso entender, de bus- zar a pluralidade cultural e a formação de
car a articulação de conhecimentos per- identidades docentes e discentes multicul-
cebidos como “universalmente” aceitos, turalmente comprometidas. Entretanto, ain-
incluindo as últimas conquistas da tec- da que multiculturalismo e pesquisa pos-
nologia, de um lado, e o olhar sobre a sam ser dimensões relativamente bem acei-
diversidade cultural com a qual propos- tas como horizontes para o trabalho com a
tas curriculares irão interagir, de outro. formação de professores, desafios surgem
ao se pensar nos fatores envolvidos no re-
Buscando avançar em tais reflexões, finamento de suas propostas e na sua con-
argumentamos que tal modelo implica em cretização. Questões surgem relativas ao
um papel central para a pesquisa, na me- que realmente se entende por multicultura-
dida em que, ao ressaltar o contingente, o lismo e pesquisa, que tipos de abordagens
plural, o local, rejeitam-se narrativas mes- devem ser abraçadas com relação a am-
tras e aposta-se na construção de alterna- bos os conceitos e que desdobramentos
tivas novas, criativas e críticas. Tais alter- possuem no cotidiano da formação de pro-
nativas não emergem senão pela via da fessores. No que se refere ao multicultura-
pesquisa que, em uma perspectiva multi- lismo, temos apontado vertentes desde as
cultural, propicia a problematização da mais folclóricas e pouco problematizado-
realidade e a busca de caminhos teóricos ras (que se limitam a tratar da diversidade
e metodológicos viabilizadores de discur- cultural em termos de festas, receitas, cos-
sos desafiadores da homogeneização cul- tumes e ritos) até outras mais críticas (que
tural e dos preconceitos com relação a questionam relações desiguais de poder e
grupos percebidos como “diferentes”. É preconceitos, buscando desafiá-los), pas-
importante salientar que, ainda que o pre- sando, também, por posturas multiculturais
sente artigo focalize o ensino e a pesquisa críticas pós-modernizadas (que alertam para
na formação docente, tais categorias não os impactos dos discursos na formação das
esgotam o campo de reflexões nessa área, identidades plurais, buscando construir dis-
que deveria incidir sobre uma problemati- cursos alternativos que levem em conta o
zação sobre o próprio conceito de educa- hibridismo identitário) (CANEN, 2002).
ção, de modo que não se caia em subje-
tivismos e olhares relativistas, de um lado, No horizonte dessa polissemia, contra-
e, de outro, que não se proceda a um en- dições e posturas problemáticas surgem nos
gessamento em propostas tidas como uni- debates multiculturais. Certos autores, como
versais que informam práticas reproduto- Glazer (1997), por exemplo, crêem que o
ras. A articulação entre o respeito pelas ideal multicultural não deveria fomentar pos-
diversas culturas a uma visão voltada ao turas sectárias, que abalassem a “harmo-
permanente aprimoramento humano, com nia social”, particularmente no âmbito das
todas as tensões inerentes a esta dialética, escolas e da formação de professores. Nes-
informa nossa argumentação. se caso, tais autores propõem deixar de lado

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temas “polêmicos” como racismo, xenofo- presença de argumentos que defendem tal
bia e outras questões caras ao multicultu- articulação, mas que acreditam que a pes-
ralismo em sua vertente mais crítica, ou en- quisa na formação de professores deveria
tão, se necessário, trazê-los à tona em uma ter um caráter prático (ou seja, ser ligada
ótica positiva, otimista, indicando avanços diretamente à prática pedagógica do pro-
da sociedade em seu enfrentamento, de fessor), até outras posturas de autores que
modo a não recair em “polarizações” e/ou afirmam que justamente a pesquisa, tida
radicalizações de posturas. Por outro lado, como mais “tradicional” ou “acadêmica”,
no entanto, autores como McLaren (2000) seria a que poderia conferir um distancia-
e Gilroy (2000) acreditam que o multicul- mento crítico do professor com relação a
turalismo deveria, justamente, partir da de- seu cotidiano, possibilitando-lhe maiores
núncia das assimetrias de poder para bus- probabilidades de agir de forma transfor-
car alternativas de ações revolucionárias, madora sobre essa mesma prática.
transformadoras, no âmbito da educação
e da formação de professores. Nesse caso, Concordando com autores tais como Quei-
temas como racismo, xenofobia, homofo- roz (1998) e Wilson (1998), temos argumen-
bia e outros deveriam, no entender de tais tado que o confronto pesquisa científica (teóri-
autores, constituir o cerne dos discursos de ca) - pesquisa pedagógica (ligada diretamen-
formação docente, de modo a desafiar sua te à prática docente) pouco tem contribuído
gênese e pensar em discursos alternativos, para se avançar na formulação de caminhos
híbridos, transformadores. A partir da po- que viabilizem a pesquisa como dimensão
lissemia do multiculturalismo brevemente es- necessária à formação docente (CANEN;
boçada, revela-se a complexidade da tra- ANDRADE, 2001). Em uma perspectiva mul-
dução do ideal multicultural para propos- ticultural, temos reforçado que a superação de
tas teórico-metodológicos que o incorpo- binômios tais como preto-branco, pesquisa
rem no cotidiano da formação docente. quantitativa-pesquisa qualitativa e assim por
diante, significa visualizar a pesquisa enquan-
Da mesma forma que o multicultura- to fruto de argumentação construída a partir
lismo, a dimensão da pesquisa como ine- dos universos culturais e dos paradigmas dos
rente a um preparo de professores como pesquisadores, admitindo-se possibilidades de
autores de seus projetos profissionais e não ressignificações e hibridizações plurais. Nesse
como meros “consumidores” de produtos sentido, teoria e prática não podem ser vistas
desenvolvidos por outros parece ser con- como pólos, binômios irreconciliáveis, mas
sensual, quando interpretada a nível mais como partes constitutivas do espectro da pes-
genérico. Entretanto, tal como no multi- quisa em educação.
culturalismo, uma vez analisado em suas
dimensões mais concretas, o binômio en- Entretanto, em que medida tal modelo
sino-pesquisa também suscita desafios e de formação de professores encontra eco nas
questionamentos. Autores como Lüdke políticas educacionais brasileiras? Em que
(2001) e André (2001) têm traçado um medida as questões e desafios surgidos na
panorama dos dilemas e problemas apon- articulação multiculturalismo – pesquisa são
tados com relação a esse binômio. Tais levantados no âmbito de seus discursos cur-
autoras mapearam, por exemplo, desde a riculares? É o que discutiremos a seguir.

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Multiculturalismo x “universais” e cruciais para a inserção dos su-


jeitos no mercado de trabalho.
Formação de Professores
para o Mercado: um É nesta última perspectiva que, ao final
da década de 80 e no início da década de
quadro contraditório nas 90, toma novo “fôlego” e se consolida, na
políticas educacionais pauta das políticas e discussões educacio-
Apontamos, na última sessão, que a nais, o debate em torno do campo da forma-
valorização da diversidade cultural tem sido ção de professores. A partir da promulgação
trazida à tona em conferências mundiais e da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
em políticas de ações afirmativas. Da mes- ção em 1996 – LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996),
ma forma, a presença da diversidade cultu- várias medidas passam a ratificar um con-
ral foi apontada no contexto de políticas junto de reformas propostas pelo governo
curriculares, como os Parâmetros Curricu- anterior e que ainda não foram questionadas
lares Nacionais (1998), que apresentam-na ou modificadas pelo governo atual, dentre
como tema transversal a ser trabalhado pe- as quais destacam-se: os Referenciais para
las escolas3. A tendência de se incorporar Formação de Professores (BRASIL, 1999), o
sensibilidades multiculturais em políticas edu- Projeto de Estruturação do Curso Normal
cacionais, no entanto, parece tensionada por Superior (BRASIL, 2000a) e a instituição de
ações que visam à homogeneização da edu- Diretrizes para a Formação Inicial de Profes-
cação nesse mesmo quadro, revelada no sores da Educação Básica em Cursos de Ní-
ímpeto, registrado nos últimos anos, em le- vel Superior (CONSELHO NACIONAL DE
gislar diretrizes e parâmetros nacionais co- EDUCAÇÃO, 2002) – foco do presente tra-
muns para todo o território nacional. balho, a ser analisado a seguir.

Longe de ser limitada ao Brasil, a tensão Pesquisa,


homogeneização e multiculturalismo tem sido
destacada como aquela que caracteriza o pa-
Multiculturalismo e
radigma do novo milênio. De fato, conforme Diretrizes Curriculares
discutido na seção anterior, se a multiculturali- Nacionais para a
dade tem assumido discussões de ponta em
conferências e tem sido o mote de candidatos a Formação Docente: que
cargos políticos (nas últimas eleições brasileiras possibilidades? Que
para presidente, ambos os candidatos que per-
maneceram para o turno final defendiam a omissões?
política de cotas raciais nas universidades), ao Interessa-nos, no limite do presente ar-
mesmo tempo tem sido tensionada por outras tigo, apontar a extensão em que preten-
perspectivas que tendem a ver a globalização sões de valorização da diversidade cultural
como sinônimo de homogeneização cultural, e da pesquisa na formação de professores,
embasando propostas e políticas educacionais que emergem esporadicamente no âmbito
assentadas na listagem de atributos tidos como das políticas educacionais acima citadas,

3
Para uma análise das potencialidades e contradições desse discurso curricular com relação ao multiculturalismo, vide Canen (2000).

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tensionam-se com discursos que homoge- cognitiva longe de ser problematizada, ou


neizam esta formação. De fato, o primeiro como um aspecto folclórico, exótico, até mes-
aspecto que chama a atenção ao se anali- mo “interessante”, a ser trabalhado pelo fu-
sarem as diretrizes curriculares em pauta é turo professor para enriquecer sua prática
o foco sobre a categoria “competências”, (mas não como eixo configurador de refle-
percebida como base de uma profissiona- xões críticas que permitam o questionamento
lização docente. Embora a discussão deste sobre processos de construção de diferenças
conceito não seja foco do presente traba- e preconceitos, como preconizado por pos-
lho, é importante assinalar que, ao apre- turas críticas multiculturais).
sentar a categoria “competências” como o
eixo de uma prática docente dentro de uma No que se refere ao item a, ao qual nos
perspectiva profissional, as diretrizes con- voltamos agora, é importante ressaltar que,
trapõem-se a modelos de formação docente ao falar da “inadequação do tratamento
que tomam a categoria pesquisa como o da pesquisa” dado por cursos de forma-
centro desta mesma formação e da profis- ção de professores, o documento explicita
sionalização do “ser professor”. claramente a visão de pesquisa entendida
como reflexão direta e imediata sobre a prá-
Além de secundarizar a pesquisa na vi- tica docente, como se percebe a seguir:
são profissional do professor, o discurso das A preocupação de que o professor de-
Diretrizes ainda apresenta reduções quanto à senvolva uma postura investigativa so-
interpretação de sua função na formação de bre sua área de atuação e que aprenda
professores. De fato, ao apontar “problemas” a usar procedimentos de pesquisa como
com relação à formação docente efetuada instrumentos de trabalho é um aspecto
no Brasil, tal discurso destaca, dentre outros, em geral ausente na formação de pro-
a “inadequação do tratamento da pesqui- fessores [...] embora muitos formado-
sa”4 e a “desconsideração das especificida- res se preocupem em apresentar algu-
des próprias dos níveis e/ou modalidades de mas pesquisas desenvolvidas na área
ensino em que são atendidos os alunos da educacional a seus alunos – como, por
educação básica”5. Uma investigação sobre exemplo, os trabalhos de Piaget e Vi-
as tendências na análise de tais “problemas”, gotsky – geralmente, não há um traba-
no âmbito das diretrizes, revela duas tendên- lho de interpretação e uso dessas pes-
cias que parecem persistir em toda a narrati- quisas na prática pedagógica, o que leva
va do documento, quais sejam: a) uma se- o futuro professor a criar representa-
paração entre pesquisa sobre a prática do- ções de que a ‘teoria na prática é outra’
cente e pesquisa dita acadêmica, com forte (BRASIL, 2000b, p. 30).
ênfase na primeira como componente neces-
sário para a formação de professores, em de- Conforme argumentamos, a articulação
trimento da segunda; b) uma compreensão das reflexões teóricas à prática pedagógica
das “especificidades” e da diversidade cul- é relevante, sob risco de se isolar ambas em
tural de alunos da educação básica ora como compartimentos estanques. Entretanto, se a
“desvio” com relação a uma normalidade ênfase na teoria – como sutilmente aponta-

4
BRASIL, 2000b, p. 30.
5
Id., Ibid., 2000b, p. 32.

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o caso das Diretrizes Curriculares para a Formação Docente 341

do no extrato acima, ao referir-se a pesqui- quisa como um fenômeno global, híbrido


sas desenvolvidas por Piaget e Vigotsky – e multicultural (e, portanto, situado acima
em detrimento da reflexão sobre a prática é de tais binômios), poderia comprometer seu
limitadora de uma formação de professores impacto sobre a formação de professores
que se pretende transformadora, da mesma
forma o peso exclusivo à pesquisa sobre a No que se refere ao item b – apontado
prática – detectada também por Lüdke anteriormente, em termos da tendência do
(2001) nos argumentos defendidos por au- documento em visualizar a diversidade cul-
tores como Demo, Elliott e outros, significa, tural como desvio, deficiência ou, simples-
no nosso entender, uma permanência do mente, como algo exótico – observa-se que,
binômio pesquisa prática - pesquisa acadê- quando o mesmo aponta para o problema
mica, como pólos separados. da formação docente, intitulado “Descon-
sideração das especificidades próprias dos
Infelizmente, entretanto, o binômio pes- níveis e/ou modalidades de ensino em que
quisa prática-pesquisa acadêmica persiste são atendidos os alunos da educação bá-
em grande parte do documento, como se sica”, o discurso que define tais “especifi-
verifica no extrato a seguir, retirado das for- cidades” é voltado predominantemente às
mulações contidas em seu discurso, referen- “deficiências dos alunos”, e não à plurali-
tes a princípios orientadores para uma re- dade de saberes e universos culturais dos
forma da formação de professores, também mesmos. Da mesma forma, ao falar de
destacado criticamente por André (2001): “princípios orientadores para uma reforma
A pesquisa (ou investigação) que se de- de formação de professores” – parte esta
senvolve no âmbito do trabalho do pro- citada anteriormente, que vem logo após
fessor não pode ser confundida com a os problemas apontados e seguindo-se às
pesquisa acadêmica ou pesquisa científi- definições de competências – observam-se
ca. Refere-se, antes de mais nada, a uma alguns trechos em que se fala em “reco-
atitude cotidiana de busca de compreen- nhecer e respeitar a diversidade cultural dos
são dos processos de aprendizagem [...] e alunos”6, em “utilizar conhecimentos so-
dos conhecimentos que constituem seus bre a realidade econômica, cultural e
objetos de ensino. (BRASIL, 2000b, p. 45). político-social brasileira”7 e assim por di-
ante. Entretanto, tal discurso permanece a
De fato, o extrato acima parece deixar nível de afirmações gerais, sem que as
clara a ênfase no primeiro “tipo” de pes- polêmicas esboçadas na primeira parte
quisa do binômio em pauta, a saber, a dita deste artigo, relativas a possibilidades de
“pesquisa prática”. Nesse sentido, como concretização do ideal multicultural, se-
temos argumentado, tanto a super-valori- jam levantadas. Da mesma forma, ao fa-
zação da pesquisa dita acadêmica, ou da- lar de identidade8, o discurso do docu-
quela diretamente ligada à prática (como mento trabalha com aspectos individuais,
parece ser o caso do documento em análi- psicológicos envolvidos nessa categoria
se), em detrimento da visualização da pes- (fala-se, por exemplo, em “autonomia”,

6
BRASIL, 2000b, p. 49.
7
Id., Ibid., p. 50.
8
Id., Ibid., p. 69.

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“faixa etária” e assim por diante), sem que Conclusões


questões multiculturais relativas à constru-
A análise das diretrizes curriculares para a
ção identitária nas dimensões de gênero,
formação de professores da educação básica
raça e outras sejam mencionadas.
brevemente exposta no presente artigo eviden-
ciou que, ainda que sensibilidades multiculturais
A visão da diversidade cultural como
“deficiência” e, até mesmo, como um e ênfases com relação ao papel da pesquisa
“problema”, emerge com força no extra- possam emergir, esporadicamente, no discurso
to a seguir, não deixando dúvidas quan- em pauta, os sentidos a elas atribuídos suscitam
to ao predomínio desta visão presente no preocupações, na medida em que a diversidade
discurso em pauta: cultural é percebida fundamentalmente em ter-
[A formação docente] deve desenvolver mos de deficiências e a pesquisa como uma di-
atitudes de acolhimento e respeito à di- mensão prática, instrumental nesta formação. Tais
versidade, a partir da informação e co- ênfases diluem as possibilidades de se trabalhar
nhecimento adquiridos pela familiarida- uma formação docente multiculturalmente com-
de com a problemática de grupos dife- prometida, tendo a pesquisa como eixo configu-
renciados existentes na população bra- rador de suas formulações.
sileira: gêneros, etnias, culturas, porta-
dores de necessidades especiais, religi- Entretanto, a denúncia, por si só, não
ões (BRASIL, 2000b, p. 70, grifo nosso). esgota os desafios de um modelo de profes-
sor pesquisador multiculturalmente compro-
As reflexões brevemente esboçadas aci- metido, defendido por nós. Inicialmente, os
ma suscitam, portanto, preocupações desafios e a polissemia do multiculturalismo
quanto ao papel da pesquisa e do multi- e da própria compreensão da articulação
culturalismo na formação docente, princi- pesquisa-ensino remetem à necessidade de
palmente ao se traduzirem intenções - ex- futuras pesquisas, que busquem aprofundar
pressas no discurso da política curricular questões epistemológicas e metodológicas
em pauta - em práticas de formação de envolvidas nesse horizonte. Como exemplos
professores, nos loci diferenciados agora de algumas dessas questões, citamos: O
destinados a essa função. Ao mesmo tem- que, afinal, significa professor pesquisador
po em que registramos aspectos encoraja- multiculturalmente comprometido? Como se
dores, na medida em que pesquisa e diver- pensar em pesquisa, na formação docente,
sidade cultural são temas apontados como que não a “frature” em binômios (tais como
relevantes na formação docente, podendo, pesquisa prática e pesquisa acadêmica),
portanto, representar pontos de partida para mas que a encare como um continuum? O
futuros desenvolvimentos curriculares na que significa a pesquisa como fenômeno mul-
área, apontamos para a necessidade de ticultural? Envolveria temas multiculturalmen-
discussões e trabalhos intensos na forma- te orientados? Estratégias de pesquisa sobre
ção inicial e continuada de modo a evitar formação identitária? Ou, além destas, tam-
que binômios e contradições apontadas a bém envolveria conteúdos específicos de for-
nível discursivo possam se refletir em práti- mação, articulados a perspectivas de ques-
cas de formação docente também elas tionamento da sua constituição, enquanto
ambíguas e pouco transformadoras. seleção cultural?

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o caso das Diretrizes Curriculares para a Formação Docente 343

Se acreditarmos na pesquisa e no multi- que, em tempos de terrorismos e intolerâncias


culturalismo como dimensões relevantes na contra aqueles percebidos como “diferentes”,
formação docente em um mundo plural e a relevância da formação de professores como
desigual, temos que ir além das denúncias e pesquisadores multiculturalmente comprome-
buscar caminhos pelos quais a concretização tidos possa ser reconhecida nas novas agen-
desse ideal possa ser viabilizada. Esperamos das políticas brasileiras que se anunciam.

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Recebido em: 26/06/2004


Aceito para publicação em: 25/04/2005

Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.48, p. 333-344, jul./set. 2005

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