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Patrimônio Cultural

Ana Paula Rezende Macedo


Maria Clara Tomaz Machado
Valéria Maria Queiroz Cavalcante Lopes
2020
EDIÇÃO ATUALIZADA
Prefeitura de Uberlândia | Secretaria Municipal de Cultura
Diretoria de Memória e Patrimônio Histórico
Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio (inclusive digital) sem a autorização
dos autores.
Proibida a venda dos exemplares, conforme art. 14, II, do Decreto nº10.693, de 23/05/2007.

Projeto Gráfico:
Núcleo de Programação Visual - Secretaria Municipal de Cultura
Impressão:
Gráfica
Endereço
CEP - Cidade - UF
Fone/Fax:
e-mail:
Registro no ISBN 978-65-993319-0-9
Revisão: Secretaria Municipal de Cultura
Capa: Foto: Sandra Freitas - fotografia digital 2018
Tiragem: 2.000 exemplares
Ano da publicação: 2020

Ficha Catalográfica

Elaborado pela Biblioteca Municipal de Uberlândia


Dielle Monique Garrido de Moraes – Bibliotecária CRB6/2662

Patrimônio Cultural: que bicho é esse? / Ana Paula Rezende Macedo,


Maria Clara Tomaz Machado, Valéria Maria Queiroz Cavalcante Lopes – 4
ed. Uberlândia, Secretaria Municipal de Cultura/ Diretoria de Memória e
Patrimônio Histórico, 2020. 76p.: il.

ISBN nº 978-65-993319-0-9

1. Patrimônio Cultural 2. Uberlândia I. Título

CDD – 363.69
Patrimônio Cultural
que bicho é esse?

2020
EDIÇÃO ATUALIZADA
4
fotos:
***
Sumário Sumário dos Bens Tombados e Registrados 06
Apresentação 07
Mapa 08
Patrimônio Cultural 10
A preservação do patrimônio cultural 17
Legislação do tombamento 18
Triângulo Mineiro 21
Uberabinha: A semiologia de um passado 23
Conhecendo o nosso patrimônio tombado e registrado 26
Vamos exercitar 68
Brincando também se aprende 69
Saiba que 70
Saiba quantos e quais foram os prefeitos de Uberlândia 71
Bibliografia 74
Créditos das imagens 74

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Sumário
Patrimônio Tombado e Registrado
Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Miraporanga 26
Conjunto Praça Clarimundo Carneiro, Museu Municipal e Coreto 27
O Museu Municipal 28
O Coreto 28
Casa da Cultura 29
Oficina Cultural 31
Igreja Nossa Senhora do Rosário 32
Mercado Municipal 33
Residência Chacur 35
Praça Tubal Vilela 36
Prédio da Escola Estadual de Uberlândia 38
Prédio da Escola Estadual Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa 40
Edifício Uberlândia Clube Sociedade Recreativa e Mobiliário 41
Estação Ferroviária Sobradinho 43
Palacete Ângelo Naghettini 45
Imagem de Nossa Senhora do Carmo 46
Festa em Louvor à Nossa Senhora do Rosário e São Benedito 47
Prédio da Reserva Técnica do Museu Municipal (antiga Biblioteca Municipal) 48
Igreja Nossa Senhora das Dores 49
Sede do Círculo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia 51
Painel Cena Portuguesa 54
Painel Ciranda de Crianças 55
Painel Ambiente Rural 56
Painel Indígena Brasileiro 57
Prédio da Escola Estadual Enéas Oliveira Guimarães 58
Folia de Reis de Uberlândia 60
Capela da Saudade 61
Praça do Rosário 63
Teatro Grande Otelo 64
Centro Municipal de Cultura (Antigo Fórum) 65
Centro de Fiação e Tecelagem 66
Igreja do Espírito Santo do Cerrado 67
6
Patrimônio Cultural
Apresentação

que bicho é esse?


Pelo próprio nome quer dizer que patrimônio cultural não é “bicho de sete cabeças”. Está ao alcance
de qualquer um. Por isto, a pretensão primeira desta publicação é desmistificar e simplificar conceitos de
patrimônio cultural e acentuar a importância das diversas maneiras e instrumentos disponíveis para
preservação.
A primeira edição da Cartilha foi em 2007. Nos anos de 2010 e 2014 esse importante instrumento de
educação patrimonial foi revisto, atualizado e ampliado. Tendo em vista ações desenvolvidas, além de
sugestões recebidas, estamos publicando a nova edição da cartilha que foi revista e atualizada a fim de se
consolidar como material de referência para que professores, alunos e comunidade em geral possam
usufruir de seu conteúdo, experimentando ações que valorizem a informação/formação como dimensão
necessária à defesa e preservação dos bens materiais e imateriais.
Para quem trabalha com educação patrimonial e preservação de bens culturais existe uma
preocupação recorrente com relação às ações que promovem a descaracterização ou agressão às diversas
categorias de bens culturais, sejam eles arquitetônicos, arquivístico, natural ou das tradições culturais, num
processo frenético e, por vezes, irreversível de destruição da memória histórica e cultural.
A falta de conhecimento sobre o que é patrimônio, por que e como preservá-lo talvez seja uma das
maiores dificuldades encontradas para garantir a sua proteção. A preservação de um bem cultural está
diretamente vinculada à importância que a comunidade lhe atribui. Conhecer o patrimônio cultural e
apropriar-se dele são caminhos possíveis que viabilizarão a sua proteção, seja através de instrumentos legais
como o inventário, tombamento, registro, ou com ações que objetivam a sua promoção e valorização.
Neste esforço para promover meios de se trabalhar a educação patrimonial em Uberlândia, divulgar
o patrimônio local e esclarecer dúvidas frequentes de professores e alunos é que a Prefeitura de Uberlândia,
por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Universidade Federal de Uberlândia uniram esforços para
publicar este instrumento de trabalho, partindo do conceito de que o patrimônio cultural de uma
sociedade, seu passado, história e memória formam um espaço de sentido múltiplo, onde diferentes versões se
contrariam porque saídas (oriundas) de uma cultura plural e conflitante. A noção de “patrimônio histórico” deveria
evocar estas dimensões múltiplas da cultura como imagens de um passado vivo: acontecimentos e coisas que merecem
ser preservadas porque são coletivamente significativas em sua diversidade1.
Esperamos que este material seja aproveitado no sentido ampliado da reflexão e aprendizagem,
porque a política de preservação não será eficaz sem a contribuição relevante do cidadão, principal sujeito e
agente das transformações culturais.

Secretaria Municipal de Cultura

1 - PAOLI, Maria Célia. Memória , História e Cidadania: O direito ao Passado. In: O Direito à Memória – Patrimônio Histórico e Cidadania/
Departamento do Patrimônio Histórico São Paulo. São Paulo: DPH, 1992, pag. 25
7
8
9
Patrimônio Cultural
Seja bem-vindo, caro leitor, a esta nossa conversa que vem tratar de nosso
Patrimônio Cultural.
Patrimônio são os bens pertencentes a uma pessoa, a uma família ou a uma
comunidade. Patrimônio é sinônimo de riqueza desde que entendida como
expressão de uma tradição, de uma identidade cultural, das crenças e valores
cultivados coletivamente.

Cozinha Mineira - exposição Museu Municipal de Uberlândia

O patrimônio pessoal é a sua riqueza e constitui-se de bens materiais e imateriais


que você e sua família acumularam; diz respeito a suas raízes culturais, independente
de ser apenas um cobertor ou uma grande fazenda. Faz parte de seu patrimônio
aquilo que lhe é precioso, que tem um significado e que o faz relembrar do seu
passado ou de seus descendentes.

O Patrimônio Histórico-Cultural tem que representar um passado e, ao mesmo


tempo, um aspecto de uma determinada cultura.

10
fotos:
***
Mas, o que é cultura?
Cultura são os costumes, as tradições de um lugar. Cultura é sinônimo de produção, diz respeito às artes
de fazer que estão entranhadas no cotidiano de uma comunidade. É como uma colcha de crochê, no
vaivém da linha se estabelecem as relações humanas. Ao tecer a sua trama, os homens tecem
simultaneamente a sua cultura, lugar onde estão as suas experiências de vida, os seus sentimentos e tudo
aquilo que fazem e constroem e têm significado para a sua comunidade. Todavia, a cultura não é uma ação
estática, ela se reinventa, porque é parte de um processo histórico em transformação.

Se nossa identidade pessoal são as referências às coisas que dão significado para nossas vidas, a
identidade cultural refere-se a todos os aspectos que caracterizam uma comunidade, como a língua, as
religiões e suas manifestações, a organização educacional, familiar, religiosa...
As nossas amizades, os nossos parentes são indispensáveis para que gostemos ou não de um lugar.
Nossa identificação com o lugar vem também de nossas relações pessoais.

Patrimônio Cultural diz respeito à identidade cultural de um povo e da humanidade. Ele é o conjunto
de todas as expressões e manifestações culturais. Nesse sentido, as peças de acervos em museus,
documentos guardados em arquivos, bens antigos, casas, prédios, monumentos, objetos, hábitos
alimentares, vestimentas, modos de vida, fazeres e saberes manuais, artesanais, crenças, dentre outras
tradições, constituem e constroem nossa identidade cultural.
Da mesma forma que um indivíduo seleciona e acumula bens para doá-los à família, a sociedade elege
alguns exemplos como os mais representativos da sua cultura, de sua história, de sua arte e de sua
memória. Mas lembrem-se, todos os bens particulares e públicos e as manifestações culturais dessa
sociedade são seu patrimônio cultural, pois trazem quase sempre suas características.

Acervo é o conjunto de bens em posse de particulares, de museus, arquivos, ou de outras instituições


públicas ou privadas, podendo estar em exposição ou guardado.
Monumentos são estátuas, esculturas, grandes construções feitas com o objetivo de se tornarem marcos
de uma época.
Doação, aqui se refere a deixar algo como herança em arquivos, museus públicos ou outras instituições
que simbolize marcos, raízes de seu passado.

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Eu viajei pra muito longe atrás de um mundo novo e me realizar.
E quanto mais distante eu fui mais perto eu me encontrei aqui do meu lugar.
Se deita na minha lembrança, correnteza mansa, águas do meu riacho.
Espelhos nos igarapés quando lavava os pés e a sombra por debaixo.
Progresso eu sei é necessário, mas não há salário que pague o que eu tenho.
Indústria que tudo refina, mas só me fascina o doce do engenho.
Inconscientemente o povo corre atrás do novo e perde o endereço.
Ninguém trará de volta a feira, a roça e a cachoeira, tudo tem seu preço.
(Apreço ao meu lugar – Paulo Matricó)

Toda comunidade possui um tesouro que é o seu patrimônio cultural e que também
pode ser reconhecido como tesouro da humanidade. Por isto deve ser preservado.

A sociedade é como uma árvore: quanto mais forte e profundamente


estiverem suas raízes cravadas no passado, tanto mais poderá
desenvolver no presente a copa e o tronco, permitindo que o futuro seja
florescente e frutífero. (Tesouros do Brasil)

Damos o nome de Patrimônio Cultural ao conjunto de bens mais caros à


sociedade, aqueles que constituem a herança recebida de gerações anteriores.
Você já parou para pensar que uma lembrança, para ser inesquecível, deve ser boa?
O conhecimento de uma receita culinária, passada de geração em geração, é um
conhecimento precioso. Conhecer os cânticos da Folia de Reis, saber tocar um
instrumento, compreender e respeitar essa prática cultural, do capitão ao palhaço,
ou seja, o que eles representam, também é uma riqueza, uma forma de preservar
sua tradição.
Mas aqui estamos falando de uma riqueza que não são os bens materiais. É abstrata,
é imaterial. O Patrimônio Cultural Imaterial.

O galo cantou no Oriente


Surgiu a estrela da guia
Anunciando à humanidade
Que o Menino Deus nascia
Em uma estrebaria.
(Folia dos Santos Reis
Autor desconhecido)
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Um bem imaterial é um bem abstrato, não é uma matéria ou um objeto, é um valor, um conhecimento, um
sentimento. A cultura de um local se constitui de bens materiais e imateriais.

Patrimônio Cultural Imaterial são as formas de expressão de um povo, aquilo


que é intangível, que não se pode tocar. São saberes e fazeres transmitidos de
geração para geração, como as tradições, a língua, os modos de ser e de viver, o
conhecimento culinário, as celebrações, as manifestações culturais e religiosas.

Folia de Reis - Uberlândia|MG - Foto: Jorge H. Paul

Os “modos de fazer” devem ser preservados como pequenas pedras preciosas e divulgados para que o
povo brasileiro possa recordar-se de aspectos de sua vida que tendem a desaparecer. Sem eles ficamos órfãos de
memória, de história, sem nossas raízes culturais.

Preservar um bem imaterial não significa impedir o seu desaparecimento concretamente, porque a
cultura é dinâmica. Preservar é, antes de tudo, impedir o seu esquecimento. Contudo, não basta guardar este
bem na memória. Por isto, a necessidade das imagens, de gravar as histórias orais dos nossos avós, as amostras,
os repasses ou receitas de saberes e fazeres de tempos imemoriais.

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O Patrimônio Cultural representa a memória do E as boiadas vêm descendo do sertão!
Safra, entressafra...
lugar. Mato Grosso. Minas. Goiás.
Os lugares em que vivemos são cheios de significados Caminhos recruzados. Pousos espalhados.
para nós, para a comunidade, para o bairro e para a cidade na Estradas boiadeiras. Aguada...
qual moramos. São construções, árvores, praças, fotografias, Pastos e gerais.
Cerrados. Cerradões. (...)
costumes, sabores e saberes. No seu todo ou em cada detalhe Cercados. Aramados. (...)
existe uma história que se expressa como um significado, Boiadeiros. Fazendeiros (...)
uma explicação de um lugar ou de um objeto que faz sentido Trem de gado ronceiro...
Jogando, gingando,
para a comunidade. Nos cilindros, nos pistões, nas bielas, e nos truques.
Rangendo, chocalhando,
Essas histórias, muitas vezes, não foram vividas por nós, Estrondando nas ferragens.(...)
Trem de gado engaiolado, parado,
mas assim mesmo as conhecemos, e quando as recontamos é Na plataforma, na esplanada.
como se delas participássemos, aproximando-nos daquele Gente que passa – pára.(...)
tempo por meio do conhecimento de outras memórias. ...e o boi se deita exausto...
(Trem de Gado – Cora Coralina)

Patrimônio Arqueológico é constituído por todos os


vestígios, bens e outros indícios da evolução do planeta, da vida e
dos seres humanos, cuja preservação e estudo permitam traçar a
história da humanidade e a sua relação com o ambiente. O
patrimônio arqueológico integra depósitos estratificados,
estruturas, construções, agrupamentos arquitetônicos, sítios
valorizados, bens móveis e monumentos de outra natureza, bem
como o respectivo contexto, quer estejam localizados em meio
rural ou urbano, no solo, subsolo ou em meio submerso, no mar
territorial ou na plataforma continental.
BARÃO DE COCAIS (MG) - SÍTIO ARQUEOLÓGICO PEDRA PINTADA
https://www.eaiferias.com/2016/12/sitio-arqueologico-pedra-pintada.html?m=0

A memória é a capacidade que temos de lembrar ou esquecer (às vezes independentemente de nossa
vontade) as experiências vividas, apreendidas, percebidas, captadas, observadas ou com as quais, por diversas
maneiras, temos contato.
Um objeto, um aroma, uma imagem, um som, uma pessoa pode avivar a nossa memória. Na verdade, há
uma infinidade de fatores que podem trazer à tona uma lembrança. Uma mesma paisagem pode trazer
diferentes lembranças para diferentes pessoas, mas também pode ter o mesmo significado para um mesmo
grupo.
O respeito à memória é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Os lugares comuns, uma praça, um coreto, um cinema, uma rua, uma casa são também patrimônios
histórico-culturais. Mesmo não sendo institucionalizados ou legitimados como tal, são lugares de memórias,
cheios de valores, de significados e de lembranças.
Patrimônio Histórico Cultural não são apenas peças de museus, documentos reconhecidos como tal
ou grandes e antigas construções, ele também pode ser identificado por paisagens, lugares aparentemente
banais, mas cheios de significados e experiências sociais. São “lugares de memória”, compreendidos pelas mais
diversas formas da atividade humana.
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O Patrimônio Cultural Material pode ser classificado de acordo
com as seguintes definições:

Patrimônio edificado Patrimônio natural


São os locais que os homens, transformam a São os relevos naturais, os rios, nascentes, as
natureza para construir espaços para morar, para cachoeiras, os parques, as reservas, etc. Locais
se divertir, para rezar, tornam significativos, nos quais podemos contemplar a beleza, o
como, por exemplo: prédios, casas, igrejas, esplendor ou a força da natureza, que podem ser
escolas, construções arquitetônicas, públicas, etc. valorizados ou não pelo homem.
Foto: Jorge . Paul

Foto: Gabriela Vasconcelos Souza


Uberlândia Clube - Rampa de acesso Cachoeira da Rocinha - Distrito de Tapuirama

Patrimônio urbanístico
Diz respeito à dinâmica de organização e constituição de um município ou de um centro urbano. As cidades têm
histórias: umas nascem da doação de terras (sesmarias) à Igreja Católica, outras foram pontos de passagens ou
registro para as minas de ouro e diamante e, outras, ainda foram planejadas e construídas tal como Goiana ou
Brasília. E a sua, como nasceu?
No cenário das cidades se delimita o urbano, constituído de ruas, avenidas, lojas, centros de diversão, templos,
praças, jardins, escolas. No mundo rural se evidenciam as terras cultivadas, as fazendas, os currais, o paiol, o
chiqueiro, a casinha de queijo, o quintal, a horta, todos espaços extensivos ao cotidiano do campo.

Nesses dois universos – o rural e o urbano – encontramos os bens imóveis. Eles podem ser uma data, um
terreno, uma casa, uma fazenda, que podem ser adquiridos, comprados ou mesmo herdados. E os bens móveis
são os objetos de uso pessoal, utensílios domésticos, ferramentas de trabalho, um instrumento musical...
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Patrimônio documental
Pode ser escrito, sonoro, audiovisual, eletrônico, digital ou imagético. Registra um
tempo, uma época. Os escritos são geralmente confeccionados em papéis, como
certidões, livros, cartas e guardam parte da memória de uma pessoa ou de uma
comunidade. Os imagéticos são aqueles que revelam por meio de fotografias, filmes,
folders, obras de arte, a história de um lugar, de uma família, de um país, de uma
festa, de comemorações ou mesmo de eventos marcantes para uma sociedade.

Lei nº 5, de 15 de
setembro de 1898, que
regulamenta a criação de
cabras, cabritos e
carneiros no município
de Uberabinha.
Lei nº 13, de 13 de janeiro
de 1899, que regulamenta
o comércio de “carne
verde” no Município.
acervo: Arquivo Público

Bandeira do Terno
Catupé Azul e Branco
Bens integrados
São os bens associados a outros bens, como o altar de uma
igreja, o pomar de uma fazenda, o quintal ou jardim de uma
casa, uma viela de uma cidade, o coreto de uma praça, ou até
mesmo o mobiliário de uma instituição ou residência,
compondo o ambiente

Meu verso é como a semente


que nasce arriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obras da Criação.
Patativa do Assaré
16 Oratório em madeira
fotos:
Fazenda do Letreiro
***
A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL:
O CONHECIMENTO É O PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO

Preservar é toda ação empreendida no sentido de proteger e, portanto, impedir a


degradação do bem cultural de uma comunidade. A preservação deve incluir alguns
métodos, tais como: classificação, identificação, conservação, proteção, restauração,
renovação, manutenção, revitalização e o próprio uso consciente do bem, independente de
lei ou método.

Hoje, a falta de conhecimento sobre o que é patrimônio, por que e como preservá-lo talvez seja uma das
maiores dificuldades encontradas no processo que busca resgatar e proteger os nossos bens culturais.
Nossa sociedade valoriza o que é novo, e a pressa do dia a dia, a correria devido às inúmeras tarefas que
temos a fazer contribui para que valorizemos em demasia o descartável, as celebridades instantâneas, das quais
no próximo ano não nos lembraremos mais. Esta emergência do imediato ressalta a importância da educação
patrimonial. A crescente desvalorização da memória em nossa sociedade, na qual o moderno, o novo, o
“tecnológico” ocupam o lugar da história, nos leva a jogar no “cesto do lixo” as nossas raízes culturais e
tradições como coisas arcaicas, ultrapassadas e antigas.
Essas atitudes se evidenciam no descaso aos idosos, na predominância dos bens descartáveis, na
derrubada de arquiteturas antigas e até mesmo na demasiada exploração da natureza e no descaso e ignorância
em relação as culturas indígenas ou dos descendentes africanos no Brasil. A memória histórica é desvalorizada
porque muitas vezes não é considerada uma atividade essencial para o conhecimento. O antigo é visto como
dispensável ou apenas objeto de decoração, o que contribui para o desconhecimento do processo histórico
do qual é parte essencial. Tal fato impede que valorizemos o saber fazer do passado, o seu significado e a sua
beleza. É necessário cultivar na infância o gosto pelos bens de nossa cultura, perceber como eram ou como os
modos de vida ocorriam, permite não só visualizar o processo histórico, como também encontrar nossas
raízes identitárias.

A educação patrimonial nos ensina a valorizar o que é nosso a partir da localidade onde moramos e das
pessoas com as quais convivemos, estendendo-se tal ação em nível estadual e nacional. As culturas locais e
regionais encontram-se entranhadas no cotidiano dos moradores e são parte constituinte da diversidade de
nossa cultura nacional. Ao conhecer a nossa história e a nossa cultura, somos capazes de reconhecer as
semelhanças e diferenças entre as práticas culturais deste Brasil tão rico, tão igual e, ao mesmo tempo, tão
diverso. Mas para começar é necessário primeiro saber reconhecer e valorizar o que é característico de cada
ambiente, de cada região, de cada município. Além disso, é importante perceber que o patrimônio cultural
material ou imaterial é vivo e dinâmico. Nem tudo o que é velho é patrimônio cultural, e patrimônio cultural
não é só o que é antigo e velho.
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LEGISLAÇÃO DO TOMBAMENTO
Tombar é inventariar (levantamento de dados relativos aos bens), registrar e
classificar os bens culturais, reconhecendo-os como integrantes do patrimônio
nacional, estadual ou municipal. O tombamento é um instrumento legal de
preservação, um ato de reconhecimento do valor cultural de um bem, realizado
pelo poder público por meio de leis.

O tombamento, embora não prive o dono do bem do direito à propriedade,


restringe a sua ação, pois ele não poderá realizar qualquer ato que possa degradar,
desfigurar ou alterar a integridade ou autenticidade desse bem. Após o
tombamento, o bem pode ser alugado ou mesmo vendido, porém o órgão
municipal responsável deverá ser comunicado. O tombamento não impede que o
bem passe por projetos de modernização, desde que sejam respeitados os motivos
que justificaram o tombamento e resguardadas as suas características originais.
No entorno ou vizinhança de um bem tombado fica restrita qualquer construção
que impeça ou reduza a visibilidade do bem, ou ainda, que altere a harmonia de
sua ambiência, conforme definido pela Legislação de Preservação Patrimonial. O
Dossiê de Tombamento especificará os perímetros da proteção, bem como as
restrições específicas.
A comunidade sempre será a principal guardiã do seu Patrimônio Cultural.
As ações de proteção e valorização de bens culturais se relacionam aos interesses
da própria comunidade. Quem conhece seus valores não permite que eles sejam
destruídos.
Em Uberlândia, a obrigação no âmbito do poder público, no que diz respeito
a preservação e valorização do seu patrimônio cultural, cabe a Secretaria
Municipal de Cultura, auxiliada pelo COMPHAC - Conselho Municipal do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural. Tem ainda o
Ministério Público a função de fiscalizar as ações relacionadas à preservação do
patrimônio cultural que pertence à comunidade, portanto, é também de
responsabilidade de todos.
A Secretaria Municipal de Cultura elaborou um plano de inventário para
a cidade que é ao mesmo tempo um instrumento legal e um programa dinâmico
e sistemático que fornece bases para definição de políticas públicas locais e, nesse
sentido, busca identificar, dentro do Município, os bens culturais de natureza
material e imaterial. O principal objetivo do Inventário é compor um banco de
dados que revelará o patrimônio cultural existente em Uberlândia, possibilitando
valorizar e salvaguardá-lo por meio do planejamento e pesquisa, conhecimento
de potencialidades e educação patrimonial.
Para a proteção de bens imateriais usa-se o registro, pois o tombamento é
utilizado apenas na proteção de bens de natureza material e esse é apenas o
reconhecimento de sua importância e valor cultural. Como exemplo, podemos
Vista do Palacete Naguettini citar a produção de queijo mineiro, reconhecido internacionalmente.
Década de 1930
18
foto:
*
A HISTÓRIA
No Brasil, os esforços de preservação de bens tiveram início entre os anos de 1910 e 1925, quando
surgiram as primeiras ideias neste sentido. Logo depois surgiram vários projetos que tinham como objetivo salvar
bens culturais da destruição decorrente da expansão urbana, como forma de exaltar o passado materializado pelos
monumentos históricos.
A implantação da lei de tombamento foi feita na Constituição de 1934, no governo de Getúlio Vargas, que
subordinou o direito de propriedade privada ao interesse social e coletivo. O que quer dizer que a preservação da
história, da arquitetura de uma casa histórica pode ser mais importante que o valor financeiro desta casa para seu
dono. Além disso, era necessário mostrar que as autoridades nacionais começavam a perceber a importância do
patrimônio na construção de uma nova identidade para o Brasil.
Assim, em 12 de julho de 1933 Vargas decretou a cidade de Ouro Preto como monumento nacional, o
primeiro a ser legitimado como tal. Este fato reconhecia a cidade pelos seus aspectos arquitetônicos neocoloniais
e pelos acontecimentos de alto valor histórico, como a mineração no período colonial e, principalmente, a
Inconfidência Mineira que, para alguns, se consolidava como a primeira luta pela instituição do governo
republicano no Brasil.
O primeiro órgão de preservação foi criado em 1937, pelo Decreto Lei nº 25, o Serviço do Patrimônio
Histórico Nacional – SPHAN - que sofreu inúmeras reestruturações no que diz respeito às suas concepções,
conceitos e condições financeiras. Hoje não se tomba um bem apenas considerando sua beleza arquitetônica, mas
antes de tudo sua relevância social, o significado que o lugar tem para a sociedade onde se encontra inserido. Por
exemplo, parte do Complexo do Carandiru está sendo preservada para nos lembrar das violências ali perpetradas.
Esses esforços de preservação não ocorreram apenas no Brasil. O próprio modelo brasileiro se deu sob a
influência da experiência francesa instituída em 1793. Atualmente a Unesco exerce um papel importante na
mundialização das referências ocidentais para a preservação do patrimônio histórico. Um exemplo disso foi a
criação, em 1972, da categoria de “patrimônio cultural da humanidade” com o objetivo de consagrar
internacionalmente bens, cujo valor cultural é reconhecido pelo poder público nacional e ou internacional. Como
modelo, a cidade de “Goiás Velho”, antiga capital do Estado, que possui um conjunto arquitetônico colonial
relevante para a história do país.
No Brasil, a lei de tombamento é muito democrática: qualquer pessoa pode pedir a proteção de qualquer
bem. Avaliar este pedido é um dever do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN que é a
instituição responsável pela legislação sobre o patrimônio histórico cultural no País. No Estado, existe o Instituto
Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico - IEPHA - e no Município existe o Conselho Municipal de
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia - COMPHAC - que desempenha as
funções de fiscalizar, orientar e aprovar tombamentos de bens culturais em nível municipal em consonância com a
Secretaria Municipal de Cultura. Todavia, este procedimento democrático não é tão acessível aos bens de
natureza imaterial. O Decreto do Patrimônio Imaterial, criado no ano de 2000, tem a função de documentar e não
de proteger, ele não pode impedir que determinada manifestação cultural desapareça, pois não há mecanismos
legais que assegurem a permanência de fazeres, saberes e mesmo de outras atividades de interesse coletivo.

IPHAN – é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo e orienta as ações relativas à
preservação do patrimônio cultural no país. O município e o Estado devem se responsabilizar pela
preservação de seus bens culturais, formando técnicos e incentivando as escolas a discutir essa questão. Um
bem patrimonial tombado é atração turística de uma cidade, podendo, inclusive, atrair visitantes e trazer
rendimento financeiro ao município.
19
A proteção efetiva dos bens históricos culturais exige a ação fiscalizadora
dos órgãos públicos.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – é o
órgão federal que centraliza as ações de avaliação, catalogação, organização e de
preservação dos bens patrimonializados. Também coordena a ação das
superintendências regionais e estaduais. Em Minas Gerais, é a Superintendência
Regional do IEPHA a responsável em nível estadual, contando com o apoio das
Secretarias ou outros orgãos de cultura dos municípios para a preservação local.
O órgão internacional responsável pela preservação do patrimônio histórico
nacional é a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura –
UNESCO –, mas a grande responsável, porque interessada, tem de ser a sociedade.

As leis não bastam


Os lírios não nascem das leis.
Carlos Drummond de Andrade

A sociedade sempre será a principal guardiã de seu Patrimônio Cultural. A


comunidade deve ficar atenta a situações que ameacem esse patrimônio, seja ele
material ou imaterial. Preservar é mais que um dever, é um direito de cidadania e é
uma ação importante na afirmação de nossa identidade. Devemos lembrar que
nenhum bem tombado hoje pode ficar estático, apenas como lugar de "coisas
mortas" para visitação pública. Qualquer bem tombado deve e pode ser
utilizado pela comunidade como lugar de lazer, sociabilidade e aprendizagem.

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Balé Folclórico da Bahia - Praça Rui Barbosa | Igreja do Rosário fotos:
**
TRIÂNGULO MINEIRO
Triângulo Mineiro2 foi o nome dado, desde o final do século XIX, ao território compreendido entre os
rios Paranaíba e Grande. Apesar de serem terras habitadas por povos indígenas, a região foi designada nos
documentos cartográficos do final do século XVIII como “grande vazio sem denominação”. O Barreiro do
Araxá e Desemboque eram os últimos núcleos de povoamento à oeste do atual Estado de Minas Gerais.

Este sertão começou a ser ocupado pelo homem branco após o ano de 1722 quando a expedição do
sertanista Bartolomeu Bueno da Silva, o segundo Anhanguera, atravessou esta região à procura das minas de
ouro de Goiás, se constituindo, desde então, como local de passagem para tropeiros e viajantes.

A partir da segunda metade deste século XVIII existiu nestas terras um intenso processo de expropriação
dos nativos e quilombolas. Houve uma política de extermínio dos quilombos existentes na região, ao mesmo
tempo em que os povos indígenas foram expulsos e/ou submetidos aos aldeamentos que margeavam o
caminho régio que ligava a Vila de São Paulo aos povoados do interior que foram se constituindo.

Entre meados do século XVIII e início do século XIX, numerosas famílias de migrantes começaram a
formar fazendas nas terras reconhecidas como “campo titulado sem moradores”, possibilitando a constituição
dos primeiros Arraiais no Sertão da Farinha Podre. Em 1760 formou-se o Arraial de Nossa Senhora do
Desterro do Desemboque (Desemboque), posteriormente, Dores do Campo Formoso (Campo Florido),
Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos (Prata), São Francisco das Chagas do Monte Alegre (Monte Alegre),
Santa Maria (Miraporanga), São José do Tejuco (Ituiutaba), São Pedro de Uberabinha (Uberlândia), dentre
tantos outros.

Neste processo de conquista e ocupação do sertão, Lourenço corrobora no entendimento argumentando


que o Triângulo Mineiro nasceu paulista em 1725, quando então era, para aquela província, apenas uma área de passagem
rumo às minas goianas. Tornou-se parte da então recém-criada capitania de Goiás, em 1736, permanecendo como corredor
para o tráfego de tropas para São Paulo por quase um século, quando finalmente se integrou a Minas Gerais em 1816.4

2 Segundo LOURENÇO, Luís Augusto Bustamante. DAS FRONTEIRAS DO IMPÉRIO AO CORAÇÃO DA REPÚBLICA: O TERRITÓRIO
DO TRIÂNGULO MINEIRO NA TRANSIÇÃO PARA A FORMAÇÃO SÓCIO ESPACIAL CAPITALISTA NA SEGUNDA METADE DO
SÉCULO XIX. Universidade de São Paulo. Tese. São Paulo, 2007, pág. 101. A região aparece com indicações vagas no final do século XVIII como
parte da Caiapônia de Casal e, finalmente, como Sertão da Farinha Podre de 1807 em diante.
3 Idem, pag 99.

4 LOURENÇO, Luis Augusto Bustamante. A oeste das Minas: escravos, índios e homens livres numa fronteira oitocentista: Triângulo Mineiro
(1750-1861) Uberlândia/2002 Dissertação Mestrado pag. 14 21
Julgado das Cabeceiras do Rio das Velhas e Parte da Capitania de Minas Gerais, 1780.
Fonte: José Joaquim da Rocha (detalhe) (COSTA et al, 2002)3

22
UBERABINHA: A SEMIOLOGIA DE UM PASSADO

Maquete exposta no Museu Municipal de Uberlândia

A fazenda São Francisco foi a sede da Sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro entrante (entradas e
bandeiras) a fixar residência nesta região.
A cidade de Uberlândia se formou em terras desmembradas desta família, que aportou por essas plagas no
início do século XIX, aproximadamente em 1818. Naqueles anos, este sertão era um espaço ermo que os
tropeiros denominaram de “O Sertão da Farinha Podre”.
Por volta de 1835, vieram os irmãos Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto Carrejo, que compraram de
João Pereira, parte de suas terras para formar as respectivas propriedades de Olhos D'Água, Lage, Marimbondo
e Tenda; ainda hoje elas permanecem na zona rural do Município.
Felisberto Alves Carrejo tornou-se proprietário da Fazenda da Tenda e lá abrigou as suas atividades
profissionais. Apesar das benfeitorias feitas no local, Felisberto transferiu sua residência para 10 alqueires de
terra de cultura, nas imediações do Córrego Das Galinhas (Avenida Getúlio Vargas), adquiridos de D. Francisca
Alves Rabelo, então viúva de João Pereira da Rocha. Naquela ocasião, esta porção de terra já era habitada por um
pequeno número de pessoas, este local, atualmente, corresponde ao Bairro Tabajaras.
Como símbolo de uma comunidade que se pretendia organizada e civilizada, os moradores pediram ao
Bispado a permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada à Nossa Senhora do Carmo. Ela 23
foto:
***
foi idealizada em 1846 e construída em adobe e barro, nas formas mais simples em
termos arquitetônicos. Para viabilizar a sua construção, os procuradores da obra
entraram em entendimento com D. Francisca Alves Rabelo e dela adquiriram, pela
quantia de quatrocentos mil réis, cem alqueires de terras de cultura e campo, entre os
Córregos Das Galinhas e São Pedro (atual Avenida Rondon Pacheco).
Todo o Patrimônio foi doado a Nossa Senhora do Carmo e, atualmente,
corresponde à parte central da cidade de Uberlândia. O Arraial recebeu, então, o
nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de
Uberabinha. Como o cotidiano das pessoas era pontuado pela vida religiosa, a Capela
abrigava a sua volta uma faixa de terreno que ficou conhecido como “Campo Santo”,
nele foram sepultados os primeiros habitantes da Vila.
A cidade de Uberlândia nasceu pequena, acanhada, no entorno de uma capela, às
margens de um caminho conhecido no século XIX como Estrada Salineira. Quando o
Arraial passou à sede do Distrito, esta estrada recebeu o nome de Rua Sertãozinho,
posteriormente Rua Tupinambás e, atualmente denomina-se Rua José Ayube. Foi nas
imediações deste caminho que a comunidade edificou a pequenina e tosca capelinha,
dando início à formação do Município que, em 1929, passou a se chamar Uberlândia.
As raízes da cidade estão em um bairro conhecido hoje por Fundinho.
O pequeno burgo era despertado pelo insistente sino da igreja, que determinava
o amanhecer..., o ranger do carro de boi e das carroças marcando a rotina do dia...., o
arrebol do entardecer..., as noites que se arrastavam em silêncio..., em um espaço que,
de forma pragmática, foi sendo moldado segundo uma intencionalidade estética da
urbanística moderna, aliado às necessidades dos modos de viver que iam se impondo.
Quando os braços da moderna Estrada de Ferro Mogiana alcançaram estas
plagas em 1895, o espaço urbano sofreu grandes transformações. Uma “cidade nova”
foi desenhada em 1898 pelo engenheiro da Mogiana, o inglês James John Mellor. Em
oposição às pequenas e tortuosas ruas do Fundinho, foram traçadas seis largas e
simétricas avenidas, avançando o cerrado e indo ao encontro da Estação. Estas
avenidas foram abertas a partir do ponto onde terminavam as construções da “cidade
velha”, sendo que os terrenos da Praça Clarimundo Carneiro delimitavam este
espaço.
O “Patrimônio da Santa” foi sendo continuamente remodelado, racionalizado,
impregnado de sinais que foram conferindo significados à paisagem. A Praça da
Matriz, a cartografia dos primitivos caminhos e trilhas do Arraial, a construção de
casas comerciais ou residenciais, os códigos de postura regulamentando as questões de
ordem social e econômica do Município, são todos testemunhos de um passado
inscrito no território urbano. As pequenas e tortuosas ruas que entrecortavam o
Município se formaram ladeadas pela sequência das casas, quintais e antigos muros
que emprestaram à geografia urbana o seu sentido.
Pelos idos de 1861, pouco tempo após sua inauguração, a capelinha foi ampliada
e transformou-se na Matriz de Nossa Senhora do Carmo, abrigando até 1941 as
Detalhe da Maquete
principais atividades religiosas da cidade.
Museu Municipal de Uberlândia Em 1943, após a inauguração da imponente Matriz de Santa Terezinha na Praça
Tubal Vilela, ela foi demolida e em seu lugar foi construído um prédio para abrigar a
Estação Rodoviária, eram novos tempos....
24
foto:
***
Buscar este passado é andar por caminhos diversos, pois a história da cidade está diluída, em fragmentos de
documentos, na literatura, na poesia, nas lembranças, nos relatos e imagens que se transformam em ferramentas
de trabalho para que o historiador entenda o presente. Na medida em que estes testemunhos vão sendo
revestidos de significados, o passado se dá a conhecer.
Os hábitos, costumes e tradições são vestígios de sociabilidades envoltas nas brumas do tempo, nos
revelando os sujeitos sociais das épocas. Os documentos nos remetem a um lugar, no qual os testemunhos
parecem congelados na arquitetura, nas ruas de terra marcadas com as rodas de carro de boi, nas formas de trajar,
nos pés descalços, em uma cartografia que esconde e revela a história econômica e a história das estruturas
sociais desta comunidade.
Os primeiros registros históricos da cidade de Uberlândia nos ajudam a entender como o seu espaço
urbano foi sendo cotidianamente pensado, inventado e construído. Uma história que, desde o início, foi escrita
com os símbolos da ordem, progresso e modernidade.
A cidade de Uberlândia foi emancipada no último ano do Brasil Império e recebeu toda a carga simbólica
daquele momento. Com a República, novos nomes foram escolhidos para nomear ruas e praças. Era o grande
desafio das reformas, da liberdade e independência.
Naquele contexto histórico, o Município foi se mostrando entre praças ladeadas por imponentes casarões,
antigos quintais e pequenos casebres, em um movimento contínuo de construção, pois é na urdidura do
cotidiano que se realiza o sonho.
Do passado, emerge uma cidade pautada na simetria e linearidade que escondem comportamentos,
costumes, fazeres e saberes que adormecem no tempo; cidades invisíveis que escondem passados. Viajando no
tempo, é possível caminhar pelas ruas da antiga São Pedro de Uberabinha e ler, a partir de uma rede de símbolos
e significados, a existência de retalhos de histórias reveladoras de sentimentos, sociabilidades e formas de
convivência que se faziam também pelos gestos, pela cortesia e pelo caminhar. Também é possível vislumbrar os
conflitos sociais, as disputas políticas, os instrumentos da ordem que instituíam o controle social, deixando a
imagem de uma sociedade harmoniosa.
Um lugar que tinha nos nomes das ruas a marcação do sentido de suas vidas. Rua das Pitangas, Rua do
Pasto, Rua Direita, Rua da Chapada, Rua do Rosário, Rua São Pedro, Rua Boa Vista, Largo da Cavalhada, entre
outras, são exemplos que nos permitem pensar a história desta sociedade atrelada às questões relativas à
memória e ao esquecimento.
São Pedro de Uberabinha não era um lugar conhecido, nem o maior ou o mais antigo, mas se tornou, em
pouco tempo, ponto de referência na região. Uberabinha era um lugar que, a cada dia, se dedicava de forma mais
intensa ao comércio. Através dos documentos, escritos e imagéticos, é possível ler, nos vestígios da cidade, os
símbolos e sinais desta história.
Nos primórdios da construção do Município, a atividade comercial ocupou um lugar de destaque no
cenário urbano. O Largo do Comércio, hoje denominado praça Dr. Duarte, era um ponto estratégico para as
trocas comerciais. No Largo das Cavalhadas, hoje praça Coronel Carneiro, também existiram casas comerciais
que abasteciam a cidade e a região com artigos locais ou vindos de outras paragens. Velhos tempos!
Os indícios desta história sobrevivem em ruínas. Na cadência dos passos, os lugares se apresentam
significativos e possuidores de registros escondidos. É impossível pensar que não houvesse transformações,
porém necessário se faz conhecer as múltiplas histórias que foram, ao longo do tempo, sendo apagadas,
esquecidas, demolidas e (re)escritas.

25
CONHECENDO O NOSSO PATRIMÔNIO Igreja Nossa Senhora do
Rosário de Miraporanga
Distrito de Miraporanga

Tombada como Patrimônio


Histórico Municipal pela
Lei nº 1.650 de 14/10/1968
TOMBADO E REGISTRADO

Registrado no Livro do Tombo


Histórico, Inscrição I, pág. 03.

A Igreja Nossa Senhora do Rosário de Miraporanga é uma construção do período


compreendido entre os anos de 1850 a 1852, quando foi construída a primeira capela no Distrito
de Santa Maria, hoje Miraporanga.
Recebeu primeiramente o nome de Capela de Nossa Senhora das Neves, construída sob o
oráculo de Nossa Senhora do Carmo e Santa Maria Maior, sendo a 15º Capela edificada no
Sertão da Farinha Podre e a única remanescente nos dias atuais.
O início da construção contou com a orientação do então vigário da cidade do Prata, o
Padre Antônio Dias de Gouvêia. O Padre Gouveia era uma figura irrequieta, proprietário de
enormes fazendas, com uma intensa atuação política, foi vítima, dentro de sua própria Igreja, na
cidade do Prata, de um atentado a tiros, no qual saiu ileso.
Abandonou desgostoso a sua paróquia, retirando-se para sua fazenda do Espraiado. A
construção da "Capelinha de Santa Maria" foi finalizada em 1852, sob orientação do Padre
Jerônimo Gonçalves Macedo. No ano de 1865, a Capela construída por escravos, serviu como
lugar de repouso para os integrantes da Coluna do Mato Grosso, composta de cerca de 3.000
homens, que seguiam rumo à Guerra do Paraguai.
Em 30 de julho de 1986, houve a alteração no nome da Capela Nossa Senhora das Neves,
que passou a denominar-se Igreja Nossa Senhora do Rosário. A mudança foi feita devido às
discussões acerca das várias padroeiras da Capela e realizada através de uma votação do
Conselho Comunitário de Miraporanga.
Devido ao seu valor histórico e sua importância arquitetônica como referência do estilo
colonial primitivo, hoje raridade no Brasil, é que foi tombada como Patrimônio local no ano de
1968.

26
foto:
**
Conjunto Praça Clarimundo Carneiro,
Museu Municipal e Coreto

Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 3.190 de 22/09/1980, alterada pela Lei nº 4.209 de
25/09/1985 - Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição II, pág. 04.

A Praça Clarimundo Carneiro ocupa a área onde foi construído o segundo cemitério da cidade. Esse
cemitério foi desativado em 1898 e, a partir de 1908, iniciou-se o processo de regulamentação da área junto ao
Bispado objetivando desapropriar terrenos no seu entorno para a construção de um Jardim Público no local,
assim como de um prédio para abrigar o Paço Municipal.
O primeiro nome que a praça recebeu foi Praça da Liberdade. Esta denominação talvez esteja em sintonia
com o momento histórico nacional tendo em vista que o país estava vivendo os primeiros anos da Proclamação
da República. Posteriormente, o local passou a ser denominado Praça Antônio Carlos (1929) e, novamente,
podemos relacionar ao momento político que o país passava, pois este era o nome do Interventor do Estado
daquele período, que ficou conhecido também como “Era Vargas”. Passados aqueles anos, em 1961, a praça
passou a se chamar Praça Clarimundo Carneiro, em homenagem a um importante empresário local que
desenvolveu suas atividades em Uberlândia nos primeiros anos do século XX.
A praça foi projetada pelo construtor Cipriano Del Fávero e tinha como finalidade oferecer ornamentação
paisagística ao edifício do Paço Municipal, cujo projeto também foi de sua autoria. Inicialmente estava previsto,
além do Paço, a construção de dois coretos. Na década de 1920 foi cogitada a ideia de se construir o edifício do
Fórum na praça, em lugar desses coretos. Entretanto, optou-se pelo Coreto, sendo construído apenas um, entre
os anos de 1925 e 1927.
Ao longo dos anos, devido às questões relacionadas ao tráfego urbano, a Praça sofreu várias interferências
no seu contorno e em seu paisagismo. A alteração mais significativa foi a modificação de seus canteiros originais,
com troca das espécies de médio porte para plantas de pequeno porte. O argumento para tal reforma, feita
também em outras praças da cidade, foi diminuir a violência que ocorria no interior dos jardins escuros, cuja
vegetação obstruía a visibilidade de quem andava ao seu redor.
Esse conjunto - Praça, Coreto e Edifício da antiga Câmara (Palácio dos Leões – Museu Municipal) - é um
espaço muito importante e significativo da cidade, pois representa o esforço de se construir uma cidade pautada
nos atributos da urbanística moderna. Em 22 de setembro de 1980, a Lei Municipal de nº 3190 tombou o prédio
que abriga o Museu Municipal com o Coreto. Posteriormente, em 25 de setembro de 1985, a Lei Municipal de
nº 4209 alterou o tombamento incluindo a Praça Clarimundo Carneiro. Este conjunto foi oficialmente
nomeado Patrimônio da cidade. 27
foto:
**
O Museu Municipal ocupa o prédio que foi construído para abrigar o Paço
Municipal da cidade que até 1929 era conhecida pelo nome de Uberabinha.
O município de Uberlândia foi criado pela Lei nº 3.643 de 31 de agosto de 1888,
sua instalação se deu em 14 de março de 1891, tendo como sede um casarão alugado,
no qual funcionava o Poder Judiciário, o Legislativo e o Executivo, pois naquela época
o Presidente da Câmara era também o Agente Executivo.
Nos últimos anos do século XIX, após a Proclamação da República, decidiu-se
que a cidade deveria ter um prédio imponente, que correspondesse aos ideais de
beleza e modernidade que o momento exigia. Assim, em 1898 foi elaborada a Lei
Municipal nº 7, que determinou a construção de um edifício para abrigar o Paço
Municipal.
O local escolhido, atual Praça Clarimundo Carneiro, criou polêmica porque,
parte do terreno havia sido ocupado por um cemitério. O projeto e a construção
ficaram a cargo de Cipriano Del Fávero, e a sua inauguração se deu em 1917. Foi o
primeiro edifício de dois pavimentos na cidade e, durante algum tempo, o único.
Com o crescimento das atividades administrativas do Município, o espaço
físico do prédio tornou-se insuficiente. Por isso, as atividades foram transferidas e, em
1993, quando o Poder Legislativo ocupou as novas instalações do Centro
Administrativo, o prédio passou a abrigar o Museu Municipal. O estilo arquitetônico
do prédio é conhecido como eclético, pela mistura de diversos outros que compõem
sua construção, característica do século XIX no Brasil.
O Coreto integra o conjunto urbanístico formado pela Praça Clarimundo
Carneiro, constituído pela própria Praça e o Palácio dos Leões – Museu Municipal.
A obra foi inaugurada em julho de 1925, durante a administração do Agente
Executivo Sr. Eduardo Marquez (1923–1927). Este administrador tinha uma atenção
especial com os jardins públicos e, desta forma, sua gestão ficou conhecida pela
população como o “Governo das Flores”.
Em uma de suas visitas a São Paulo, Eduardo Marquez se encantou com o
coreto de um jardim público. Decidiu então construir aqui, em Uberabinha, uma
obra parecida. Trouxe consigo fotografias e plantas que o ajudariam na execução do
projeto. Chegando aqui, procurou o construtor Américo Zardo que o informou que a
obra ficaria em cinco contos de réis. Achou muito caro e, por falta de recursos,
desistiu.
José Andraus Gassani, um empresário sírio-libanês local, não aceitando o
desânimo do amigo, resolveu abraçar a causa e fez uma relação das pessoas que
poderiam colaborar. Ele e o Agente Executivo foram os primeiros nomes da lista
doando cinquenta mil réis cada um.
A construção foi feita em frente ao Paço Municipal que já havia sido inaugurado
em 1917, quando a praça ainda se chamava Praça da Liberdade. Em 1929, o lugar
passou a se denominar Praça Antônio Carlos e, em 1961, Clarimundo Carneiro.
O Coreto sofreu poucas alterações ao longo dos anos. As mais significativas, em
épocas não determinadas, foram a instalação de banheiros no térreo, a redução dos
pilares de alvenaria que tinham prolongamentos decorativos no nível do solo e
delimitavam espaços entre os quais eram colocados bancos, a alteração das portas do
primeiro pavimento e a retirada do forro de madeira.
A restauração de 1986 preservou os elementos originais, com exceção das portas
28
do pavimento térreo, que foram substituídas por portas metálicas. Sistematicamente o
foto:
Coreto é revitalizado através de ações de preservação como limpeza e pintura.
***
Casa da Cultura
Praça Coronel Carneiro, 89 - Fundinho

Tombada como Patrimônio Histórico


Municipal pela Lei nº 4.217 de
15/10/1985 - alteradas pelas Leis nº
12.299 de 19/11/2015 e nº 12.593 de
28/12/2016
Registrado no Livro do Tombo
Histórico, Inscrição III, pág. 05.

A Casa da Cultura foi construída entre os anos de 1920 a 1924 pelo Sr. Eduardo Marquez, Agente
Executivo do Município nos anos de 1923 a 1926. O projeto arquitetônico da residência foi inspirado em um
palacete paulista que o Sr. Marquez conheceu em uma de suas viagens a São Paulo, de onde trouxe fotografias e
desenhos.
O projeto foi confiado ao engenheiro Fernando Paes Lemes, e a construção ficou a cargo do
empreendedor Américo Zardo. Esta foi uma edificação muito imponente para a época, pois empregava
materiais oriundos do exterior e de outros estados, tornando-se destaque no cenário urbano.
O edifício tem características do estilo eclético agrupando em sua linguagem elementos de estilos
historicistas, em voga nos grandes estados brasileiros como o clássico frontão e ornamentos que remetem ao
bucolismo romântico, possuindo o corredor alpendrado que faz alusão à tradicional varanda colonial. O porão
apresenta um pavimento térreo com alicerces de pedra moída e alvenaria estrutural de tijolos maciços,
acompanhando quase totalmente o volume da casa, com esquadrias de madeiras aliadas ao vidro, cujo gradil
aparece apenas no porão.
As esquadrias do primeiro piso são constituídas por portas e janelas em madeira e vidro, compostas de
duas folhas. Neste pavimento, o piso em parquete apresenta madeira trabalhada em tons claro e escuro; no salão
lateral direito e no salão principal, tanto o piso como o forro possuem tratamento diferenciado, observado pelo
primor na colocação das peças, originando desenhos simétricos. As paredes internas são revestidas por pintura
em tom pastel, apresentando um tom ocre nos barrados e alguns cômodos são ornados com pinturas
decorativas.
No ano de 1932 o Coronel Eduardo Marquez vendeu o imponente imóvel ao Senhor João de Oliveira
Guimarães que logo o repassou, no ano de 1937, ao Dr. Laerte Vieira Gonçalves que realizou algumas
intervenções na arquitetura.
Dr. Laerte pretendia transformar parte do imóvel em Casa de Saúde e Maternidade, desta forma, ele
mandou construir um anexo na lateral voltada para a Rua XV de Novembro, destinado a ser sala de cirurgia e de
esterilização. Apesar das críticas recebidas pela intervenção, as alterações não descaracterizaram o imóvel, pois
foram realizadas acompanhando o estilo arquitetônico e também conservou os elementos decorativos da
fachada. No imóvel foram desenvolvidas atividades médico-hospitalares até o ano de 1961, quando foi alugado
29
foto:
**
pelo Estado para ser uma Delegacia
Regional de Polícia.
Por aproximadamente 20 anos a
edificação foi utilizada pelo governo
estadual para fins diversos até no ano de
1983. Foi Delegacia de Polícia, Centro
Regional de Saúde, Superintendência
Regional da Fazenda e, finalmente, por não
ter nenhuma função definida, serviu
também para depósito de material roubado
ou inutilizado. Em 1975, através do Decreto
16.985, o Estado desapropriou o imóvel dos
herdeiros do Dr. Laerte.
O palacete resistiu de pé às mazelas
daquele período conturbado da história do
país, ao desgaste do tempo e às intervenções
humanas, entretanto, as marcas deste
passado ficaram simbolizadas no descaso
com a sua preservação.
No início da década de 1980
aconteceu a criação da Secretaria Municipal
de Cultura e também a assinatura de um
contrato de comodato entre o Estado com o
Município, segundo o qual a edificação
deveria se tornar a Casa da Cultura. Após
entendimentos políticos, o imóvel foi
definitivamente doado à cidade de
Uberlândia, em maio de 1984, sob as
mesmas condições.
A Casa da Cultura resiste e se
impõe agarrada às reminiscências do ontem
e antenada ao processo interativo do hoje.

30
foto:
***
Oficina Cultural
Praça Clarimundo Carneiro,
204 - Fundinho

Tombada como
Patrimônio Histórico
Municipal pela Lei nº
4.217 de 15/10/1985 -
alteradas pelas Leis nº
12.299 de 19/11/2015 e nº
12.593 de 28/12/2016.
Registrado no Livro do
Tombo Histórico,
Inscrição IV, pág. 06.
foto:
**

A Oficina Cultural é formada por um complexo de prédios datados do início


do século XX, ligados à história da energia elétrica da cidade. No Natal do ano de
1909, a energia foi inaugurada em Uberabinha pelas mãos do Coronel Carneiro e seus
filhos.
Em 1912, foi implantada a primeira companhia de energia elétrica da cidade, a
Companhia de Força e Luz de Uberabinha. Clarimundo Carneiro foi o diretor-gerente
da companhia e, em 1926, mandou construir o escritório na praça, uma edificação
imponente de dois andares. Posteriormente, edificou a sua residência no mesmo
terreno, separada dos escritórios por jardins internos. Os relatos dão conta de que os
construtores Cipriano Del Fávero e o Fernando Vilela contribuíram nesta obra. Em
1929, foi criada a Companhia Prada de Eletricidade, que comprou o patrimônio da
Cia. de Força e Luz. Os gerentes da Prada passaram a residir nas dependências onde
morou Clarimundo Carneiro.
Entre os anos de 1936 a 1973, no pátio formado pelo restante do terreno,
funcionou um posto de abastecimento dos veículos da firma e, no anexo construído
nos fundos, foram instaladas uma oficina mecânica, uma marcenaria e uma
carpintaria.
Em 1973, a CEMIG encampou a Prada Eletricidade. Com essa incorporação, a
casa deixou de ter uso residencial para abrigar funções administrativas. Em 1993,
todos os terrenos que compunham o conjunto foram retificados com relação às suas
medidas e confrontações, passando a se constituir num único imóvel.
O imóvel foi adquirido em 1995, pela Prefeitura Municipal, para ser ocupado
com as instalações da Oficina Cultural de Uberlândia, com programações gratuitas de
atividades de ensino/aprendizagem e artes, além de projetos de difusão cultural, tais
como shows, teatro, exibições de filmes, dentre outras. Para melhor abrigar as
oficinas desenvolvidas na edificação, as salas da lateral direita do pátio foram
adequadas para abrigar o Projeto Usinas Culturais.
31
foto:
***
Igreja Nossa Senhora
do Rosário
Pça do Rosário - Centro

Tombada como Patrimônio


Histórico Municipal pela Lei nº
4.263 de 09/12/1985 - alterada
pela Lei nº 13.069 de 01/04/2019.
Registrado no Livro do Tombo
Histórico, Inscrição V, pág. 07.

A Igreja Nossa Senhora do Rosário se constitui referência para a cultura local não só porque abriga a
Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito mas, também, por ser o prédio religioso mais
antigo no espaço urbano de Uberlândia.
A primeira edificação de uma Igreja do Rosário na cidade foi pensada em 1876, para ser executada na
atual Praça Doutor Duarte, por isto, o lugar ficou conhecido na época como Largo do Rosário. Em 1891, o Sr.
Arlindo Teixeira, membro da Comissão Procuradora da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, propôs uma
mudança de endereço para a construção da Igreja. Desta forma, ela foi iniciada em 1893 em um terreno vago
que atualmente se denomina Praça do Rosário que, naquela época, eram lotes que estavam afastados do centro
urbano.
Era uma construção modesta, com estrutura autônoma de madeira e fechamento em tijolos de adobe,
frontispício voltado para o antigo Ribeirão São Pedro (atualmente Avenida Rondon Pacheco). Contava com
três portas, sendo uma central mais larga e duas laterais, além das janelas com balaústre de madeira recortadas
no nível do coro.
Nos anos seguintes, o centro urbano cresceu geograficamente e as imediações da Igreja do Rosário
tornaram-se um lugar no qual as famílias tradicionais começaram a edificar suas residências. Existia um
descontentamento da população com aquela construção que era considerada acanhada. Desta forma, por
iniciativa de Cícero Macedo, formou-se uma comissão encarregada da construção de uma nova igreja que
fosse “mais condizente com a época”. A comissão conseguiu recursos da população local e viabilizaram entre
os anos de 1928-1931 a construção da nova Igreja que foi inaugurada em maio de 1931.
Anualmente é celebrada a Festa do Congado, que reúne centenas de membros da Irmandade de Nossa
Senhora do Rosário. Nesses dias, as imagens de São Benedito e de Nossa Senhora do Rosário são preparadas
em seus andores para que possam abençoar a Festa, que é uma das mais representativas da cultura
32 afrodescendente de Uberlândia.
foto:
**
Mercado Municipal
Rua Olegário Maciel, 255 - Centro

Tombado como
Patrimônio Histórico
Municipal pela Lei nº
8.130 de
29/10/2002.
Registrado no Livro
do Tombo Histórico,
Inscrição VII, pág.
09.

(Conjunto das edificações


que compõem o Mercado,
seu calçamento de pedras e
a árvore Figueira Branca)

A construção do prédio do Mercado Municipal de Uberlândia está diretamente


relacionada com a história política do País, pois esta obra faz parte de um tempo em
que as decisões sobre a construção de prédios públicos estavam diretamente
relacionadas às deliberações de Interventores Estaduais e Municipais.
Naqueles anos, final da década de 1930, em Uberlândia era hábito e costume da
população o comércio ambulante feito por chacareiros que colocavam sobre os
ombros as gamelas com a “carne verde” ou empurravam pelas ruas seus carrinhos de
mão com frutas e verdura. O pão e o leite eram colocados pelo charreteiro sobre os
muros das residências. Um cotidiano pautado pela cadência de passos que permitiam a
convivência, a cortesia dos gestos e o sonho de construção de uma cidade moderna.
Na urdidura deste cotidiano, o Interventor Municipal solicitou em 1939 que a
Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado enviasse projetos para a construção
de um prédio para abrigar o Mercado Municipal de Uberlândia, procurando
regulamentar as questões relacionadas às exigências sanitárias na cidade, ao mesmo
tempo em que atendia a uma antiga aspiração local, pois desde o ano de 1923 a
comunidade já havia aprovado uma Lei Municipal que autorizava a sua construção. A
inauguração deste prédio, onde ainda hoje funciona o Mercado Municipal, ocorreu dia
25 de dezembro de 1944.
O Mercado foi construído para abrigar o comércio local de hortifrutigranjeiro e,
desta forma, funcionou por mais de seis décadas. Neste período, passou por algumas
adequações e ampliações, mas permanece como representação da arquitetura
moderna. O artista local Geraldo Queiroz pintou em algumas paredes externas do
prédio representações dos comerciantes e trabalhadores comuns que utilizavam este
espaço para as suas atividades.
Sendo este o único estabelecimento do gênero, à medida que a cidade crescia, a
sua ampliação tornou-se necessária. Na administração do Prefeito Tubal Vilela da
Croqui de gravura Silva (1951-1955), foi construído um prédio anexo, voltado para a Av. Getúlio Vargas
exposta nas paredes do para abrigar um restaurante popular e uma estufa para o amadurecimento de verduras.
Mercado Municipal 33
foto:
**
Este local se constituía em um pavimento térreo encimado por um terraço aberto que dava acesso à três salas
cobertas com laje, situadas na extremidade esquerda da fachada voltada para a Avenida Getúlio Vargas. O
acesso ao segundo pavimento se dava pela rampa lateral ao prédio.
O projeto de extensão não foi concluído e o lugar foi transformado em novas lojas no pavimento térreo.
O pavimento superior foi cedido à UESU (União dos Estudantes Secundaristas de Uberlândia) até o ano de
1964. Posteriormente, foi ocupado por outras atividades como Banda Municipal que ali ensaiava seu
repertório, Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas.
Em 1959, na gestão do Prefeito Geraldo Ladeira, foram construídos seis cômodos, na lateral esquerda do
prédio principal, destinados à instalação de açougues, além de novos sanitários localizados no pátio. Em 1972,
no governo do Prefeito Virgílio Galassi foi construído um cômodo para o depósito de frutas anexo às lojas do
fundo.
Com a criação da Central de Abastecimento Regional do Triângulo - CEART, em 1977, o Mercado
Municipal perdeu sua função de concentrador do comércio atacadista hortifrutigranjeiro, ficando apenas com
o comércio varejista.
Em 1985, foi criado mais um anexo em seu pátio, destinado a receber a administração, o PRONAV -
Programa Nacional de Voluntários e um cômodo para depósito. A partir de 1995, nas gestões dos Prefeitos
Paulo Ferolla da Silva e Virgílio Galassi os prédios centrais, laterais direito e dos fundos foram restaurados.
No ano de 2009, o prédio passou por um processo de restauração e em 2013 foi realizada a troca do
telhado, troca do forro e a manutenção da pintura. Hoje, além do comércio com frutas, verduras e produtos
artesanais, os frequentadores do Mercado também consomem Cultura e Arte. Parte do prédio que, por muito
tempo, era utilizado para fins diversos foi destinado a abrigar uma Galeria de Arte e um Teatro de Bolso para
100 pessoas e outras atividades culturais.
As obras de arte, que foram feitas nas paredes externas do prédio quando construído, foram restauradas e
são motivos de admiração por parte da população que as conheceram no passado, como também daquelas
pessoas que não as conheciam e que passaram a admirá-las.
Para a realização desse trabalho, os profissionais se preocuparam em recuperar a originalidade dos
elementos da fachada porque perceberam o sentimento de pertencimento e a memória da população local que,
cotidianamente, paravam frente as obras e recordavam os tempos de quando brincavam naquele lugar ou
acompanhavam seus pais ou avós nas compras, ou mesmo quando simplesmente ficavam olhando o artista
trabalhar os desenhos nas paredes. Lembranças vivas de muitos transeuntes que passam pelo Mercado!
A restauração e recuperação do prédio do Mercado é parte de um esforço contínuo de mostrar à
população seu passado, suas histórias e a determinação em construir uma cidade pautada no futuro,
considerando a importância de nosso passado.
A inauguração do Mercado nos anos 1944 deu início a um processo de substituição de um sistema de
vendas itinerante e informal por um sistema organizado em espaço institucional. A sua arquitetura marcou
também a mudança que a paisagem urbana começava a sofrer, com a introdução de novas técnicas construtivas
e formas mais lineares e simplificadas, em substituição aos edifícios ornamentados que caracterizavam as
construções anteriores.
O Mercado tornou-se referência para um comércio regular que acontecia em seu interior ao lado daquele
informal que se espalhava em sua área externa, evidenciando ser um lugar de atração econômica e social para a
população local.

34
Residência Chacur
Rua Vigário Dantas esquina com
Rua Marechal Deodoro da Fonseca
B. Fundinho

Tombada como Patrimônio


Histórico Municipal pelo Decreto
nº 9.183 de 02/06/2003 alterada
pelo Decreto nº 15.407, de
13/01/2015
Registrado no Livro do Tombo
Histórico, Inscrição VIII, pág. 11

Não há documentação que informe a data exata da construção do imóvel. No


entanto, suas características arquitetônicas e o fato de sua primeira transferência de
venda datar de 1927 indicam que sua construção se deu no início da década de 1920.
Os primeiros proprietários foram o Sr. Francisco Moyulba e sua esposa. Os
proprietários seguintes foram o Sr. Setrack Naccachi e sua esposa e, em 1927, passou
para Salomão Attiê & Cia. Em 1932, em consequência da dissolução da firma Salomão
Attiê e Cia. e para o saldo de uma hipoteca, a residência foi vendida ao Sr. Aníbal
Guimarães e sua mulher que, em 1934, a transferiram para o Sr. Miguel Jacob.
Posteriormente, em 1936, a residência voltou às mãos da família Attiê, uma vez que o
Sr. Jacob a vendeu aos filhos do Sr. Salomão Attiê, Jorge Salomão e Adib Salomão,
ainda menores de idade.
Em 1944, o imóvel foi vendido para o Sr. Aladim José Bernardes, que a
transferiu, em 1962, a Adel Elias El Rassi e Abrahim Elias Rassi. Neste período,
efetivou-se uma divisão no imóvel, ficando uma parte com nove cômodos e a outra com
sete. Enfim, em 1966, as duas partes do imóvel passaram para o Sr. Said Chacur e sua
esposa, Sra. Albertina Chacur.
Com a morte do Sr. Said, seus herdeiros Sra. Albertina e seus filhos Bacima,
Nádia, Nazira e Marco Antônio tornaram-se os responsáveis pelo imóvel. Em 1984, a
residência passou por uma reforma, em que se acrescentou ao volume da cozinha uma
varanda e uma garagem, e parte do piso foi trocado. Em uma das salas, o forro,
anteriormente de madeira, foi substituído por um de gesso e algumas esquadrias
também foram substituídas.
O imóvel situa-se em um terreno de aproximadamente 428 m2, nas esquinas das
Ruas Vigário Dantas e Marechal Deodoro da Fonseca, no Fundinho. A residência
possui, em sua fachada, características neoclássicas expressas pela clareza construtiva
e por uma simplicidade formal. O ritmo mantido pela disposição das janelas e de outros
elementos afirma tal peculiaridade.
O edifício foi construído no alinhamento do lote, tanto em relação à Rua Vigário
Dantas como em relação à Rua Marechal Deodoro, sem afastamento frontal. Estão
distribuídas nas fachadas nove janelas ornadas por arcos plenos, cujas bandeiras
constituem-se de vidro pintado. Este mesmo ornamento aparece na porta principal da
casa. Este imóvel, tendo e vista as suas particularidades se constitui importante
exemplo de construção no século XX.
No ano de 2015 o imóvel foi vendido, passou por um processo de restauração de
telhado, alvenarias e esquadrias para abrigar uma clínica de fisioterapia. 35
fotos:
**
Praça Tubal Vilela
Praça Tubal Vilela – Centro

Tombada como Patrimônio


Histórico Municipal pelo
Decreto nº 9.676, de
22/11/2004.
Registrado no Livro do Tombo
Histórico, Inscrição IX, pág. 12.

A Praça Tubal Vilela é parte dos projetos urbanísticos elaborados no final do século XIX objetivando a
construção de uma cidade moderna. No ano de 1898, o engenheiro da Mogiana, o inglês, James John Mellor, que
estava na cidade para implantação da Estrada de Ferro Mogiana, foi contratado pela comunidade para desenhar a
planta do espaço urbano que ficou conhecido como a “Cidade Nova”.
O projeto previa a abertura de seis avenidas entre a parte mais antiga da cidade e a Estação da Mogiana. O
quarteirão mais central dessa expansão, atual Praça Tubal Vilela, foi destinado à construção de um jardim, que
recebeu o nome de Praça da República. Este local era usado, anualmente, para encontro de grupos de congado que
se dirigiam à Igreja do Rosário, situada nas proximidades e, nos anos de 1915, fora utilizado como campo de
futebol.
Entre os anos 1912 – 1922, a cidade teve como administrador o Sr. João Severiano Rodrigues da Cunha
que, para embelezá-la plantou de oito a dez moitas de bambu gigante que cresceram espantosamente e davam
sombra magnífica em qualquer hora do dia e agasalho a milhares de passarinhos que sonorizavam as madrugadas
da primavera e do verão. A praça continuou a ser oficialmente Praça da República, mas o povo passou a
denominá-la de “Praça dos Bambus".
Em 1925, uma lei municipal determinou que a praça e as ruas circundantes: as avenidas Afonso Pena e
Floriano Peixoto, as ruas Visconde de Rio Branco (atual Duque de Caxias) e Luziânia (atual Olegário Maciel)
fossem destinadas à construção de um parque municipal.
Em 1938, o Interventor Municipal Vasco Giffoni confiou ao técnico de Belo Horizonte Júlio Steinmetz, o
trabalho de execução de uma planta para a construção de um novo projeto de jardim, com características
classicizantes. Este projeto apresentava uma organização parcelada em canteiros ordenados em quadrículas, com
tratamento paisagístico elaborado a partir do conceito de jardins europeus e o uso de plantas exóticas, porém com
algumas espécies nativas. A proposta contemplava vários passeios internos, com uma fonte localizada em seu
centro, nas extremidades de um lado alguns bustos e de outro um coreto. O jardim ficou pronto e, em plena era
Getuliana, a Praça recebeu o batismo de Praça Benedito Valadares como tributo ao Interventor.
A sucessão dos acontecimentos nos leva ao ano de 1945 e ao fim do governo de Vargas, quando a Praça
volta a se chamar Praça da República. No ano de 1958, o lugar recebeu o nome de Praça Tubal Vilela, em
homenagem ao ex-prefeito de Uberlândia.
36 foto:
***
Em janeiro de 1959, o prefeito Geraldo Ladeira levantou problemas referentes
à remodelação urbana e convidou o arquiteto João Jorge Coury para trabalhar na
configuração desse espaço. Neste projeto, ele teve como colaboradores o arquiteto
Ivan Rodrigues Cupertino, os irmãos engenheiros Rodolfo e Roberto Ochôa e
Sebastião da Silva Almeida. Entre o desenvolvimento do projeto e a construção da
praça, executada pelo próprio escritório de João Jorge Coury e Rodolfo Ochôa, foram
dois anos de trabalho.
A praça foi inaugurada no aniversário da cidade, em 31 de agosto de 1962. Está
localizada no centro da cidade, em um quarteirão de forma retangular (102 x 142 m),
com uma área de 14.484 m2 e inserida na malha urbana de traçado xadrez, com uma
topografia plana e suave. João Jorge Coury concebeu a praça como um espaço de
convivência e manifestação pública, onde o centro livre sobressai na sua organização,
que é enfatizado através da forte paginação de piso e dos acessos em “X”, diagonais
que convergem das esquinas para este centro.
Possui um programa diversificado, com equipamentos comunitários tais
como: concha acústica, fonte sonoro-luminosa, espelhos d'água, instalações
sanitárias, grandes bancos contínuos e estacionamentos. A organização determina
setorizações que podem ser definidas pelos elementos construídos ou pelo
paisagismo, buscando tirar partido dos aspectos visuais ou explorando a visibilidade,
permitida com o uso de espécies vegetais em três níveis de abordagem: forrações,
arbustos e árvores, que sugerem as possibilidades cênicas e volumétricas entre piso,
barreiras e coberturas.
O projeto dispõe os equipamentos comunitários em ambientes, sem obstruir as
linhas de comunicação espontâneas ou o centro livre. A concha acústica frontal ao
centro livre está colocada no eixo central da Avenida Afonso Pena. Sua volumetria
destaca-se por sua proporção e por sua elevação em relação ao solo. A consequente
leveza é reforçada pelo espelho d'água, que separa a plateia do palco; o acesso ao palco
é feito pelo lado posterior da concha e por duas rampas externas, laterais ao palco, que
se apresentam totalmente integradas ao conjunto. A fonte sonoro-luminosa é o
elemento plástico mais audacioso: um volume em forma de um prato de concreto
iluminado, assentado sobre um outro de forma triangular envolvido por um espelho
d'água.
Esses volumes destacam-se por suas superfícies tecnicamente trabalhadas. A
utilização de bancos contínuos e coletivos, executados em concreto, com moderno
despojamento, sem ornato, em substituição aos tradicionais, inova ao propor
dimensões de até 50 metros. Quanto à sua implantação, estão associados ao próprio
traçado urbano: a maioria penetra nos grandes canteiros, exceção feita aos bancos
centrais, que auxiliam na delimitação física do centro livre, direcionando o fluxo do
caminhante. A pavimentação emprega a pedra portuguesa, trabalhando a superfície
em faixas brancas e pretas dispostas paralelas e longitudinalmente à Praça acentuando
sua horizontalidade, que só é rompida pelos grandes canteiros e pelos bancos
contínuos.
Várias modificações em seu projeto original foram realizadas desde então.
Entretanto, a Praça nunca deixou de ser o “cartão-postal” da cidade de Uberlândia e,
Detalhe chafariz além de ser espaço urbano de lazer e convivência, tem sido também ao longo dos anos
Praça Tubal Vilela – Centro
palco para múltiplas manifestações políticas e culturais.
37
foto:
***
Prédio da Escola
Estadual de Uberlândia
Praça Adolfo Fonseca, 141 - Centro

Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto


nº 9.904 de 13/06/2005
Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição X, pág. 15.

A Escola Estadual de Uberlândia tem sua história


iniciada em 1915 com a instalação do Ginásio de
Uberabinha, instituição particular que funcionava de
forma provisória em uma casa alugada, em condições
precárias em local inadequado, sob a direção de Antônio
Luiz da Silveira. Esta Instituição preparava os estudantes
de Uberabinha para irem à cidade de Ribeirão Preto
prestarem exames educacionais em outro colégio que era
equiparado ao Colégio D. Pedro II, considerado referência nacional.
Naqueles anos, algumas pessoas de grande influência política e econômica da cidade decidiram que era
necessário a construção de um prédio novo, comprometido com a arquitetura moderna, com as questões
relacionadas à higiene, com os ideais de progresso e modernidade, que fosse amplo, arejado, adequado às
necessidades de um Gymnasio.
Assim sendo, se organizaram e criaram a Sociedade Anonima “Progresso de Uberabinha”, com o objetivo
de construir uma edificação destinada exclusivamente a abrigar uma escola, no caso, o Gymnasio de Uberabinha.
O primeiro grande desafio da empreitada era a elaboração de um projeto que atendesse aos interesses do grupo.
Desta forma, o Sr. Carmo Giffone, acompanhado de outros, encomendou, pelo valor de 1$000:000 (um
conto de réis), em São Paulo, a referida planta que era de autoria do Sr. J. Sachetti. Quando chegou à Uberabinha o
trabalho ficou exposto nas vitrines da famosa casa comercial “Casa Americana”.
Para administrar a obra foi contratado, em novembro de 1919, o construtor Sr. Ernesto Giovanini.
Posteriormente, um segundo empreiteiro, o Sr. Eduardo Boroni, assumiu os trabalhos e, finalmente, nos anos de
1920 o empreiteiro Hermenegildo Ribas foi contratado pela Sociedade e concluiu a obra.
Em agosto de 1921 a edificação estava pronta e custou oficialmente 235:796$000 (duzentos e trinta e
cinco contos e setecentos e noventa e seis mil réis) à Sociedade Anonima “Progresso de Uberabinha” e ocupou a
área de 935 m2 dos 4.150 m2 da área total do terreno.
O colégio funcionou até 1929 em regime particular. Nos primeiros anos sob a administração do Sr.
Antônio Luiz Silveira que deixou o empreendimento nos anos de 1925. Desta data até nos anos de 1927 o Ginásio
foi administrado pelo Sr. José Avelino e, posteriormente, de 1927 até final do ano de 1928, pelo Sr. José Ignácio de
Souza. Esta sucessão de administradores se deve às dificuldades financeiras da instituição.
No início dos anos de 1929 o prédio foi doado ao Estado de Minas Gerais, sem ônus para o Governo, para a
instalação do Gymnásio Mineiro de Uberabinha. O Ginásio foi criado em 03 de janeiro de 1929 pelo Decreto
Estadual nº. 8.958 e ofereceu internato para 120 alunos com capacidade para atender também alunos externos.
O prédio da Escola Estadual de Uberlândia pode ser considerado o melhor exemplar da arquitetura
institucional eclética, com forte presença de estilemas neoclássicos. Sua fachada é marcada pela presença da porta
central com verga de arco pleno encimada por duas janelas no nível do segundo pavimento, também com verga
em arco-pleno, que se abrem para um pequeno balcão. De cada lado das aberturas centrais, há seis janelas, de
vergas de arco abatido, distribuídas em dois panos marcados por pilastras, no centro, apresenta-se um frontão de
perfil recortado, tendo na parte superior a Estrela da República e, abaixo, o ano de inauguração do prédio (1921).
Sua planta organiza-se em um volume horizontal que constitui a fachada frontal e três pavilhões iguais,
dispostos paralelamente, que se articulam em posição ortogonal ao volume frontal, formando um “E” deitado.
38 Sua construção emprega estrutura autoportante de tijolos maciços, alicerces de pedra.
foto:
**
A instalação se deu em 30 de março de 1930. Ainda em 1930, durante a
Revolução Constitucionalista, o prédio foi transformado em quartel-general das Forças
Revolucionárias do Triângulo Mineiro. Em 1942, na administração do Prof. Osvaldo
Vieira Gonçalves, foram construídos um galpão com palco e um campo de basquete
iluminado para uso noturno, calçou-se os pátios e foram feitos pintura e reparos gerais
no prédio.
Em 1973, o edifício passou por uma reforma geral, dentro do programa CARPE,
do Estado de Minas Gerais, quando o assoalho de madeira foi retirado e substituído por
cerâmica, a escada de acesso do primeiro ao segundo pavimento, de madeira, foi
substituída por outra, de concreto.
Em 1980 foram feitas várias intervenções: pintura geral, colocação de guarda-
corpo de metal na escada interna, grades de proteção na portaria, o patamar de acesso à
porta lateral esquerda do prédio foi fechado com alvenaria para instalação de uma
copiadora, alteração nos usos de salas, colocação de grades nas janelas da fachada
frontal do primeiro pavimento.
Em 1992 o prédio foi novamente pintado. No terreno dos fundos, foram
construídos vários anexos ao longo dos anos: cozinha, depósito, casa do zelador,
marcenaria, uma quadra poliesportiva coberta com estrutura metálica (1974) e salas
para laboratórios (1981). A fachada ainda conserva todos os elementos decorativos
originais.
Em 2006 o prédio passou por uma reforma geral. Nesta ocasião, os profissionais
responsáveis tiveram a sensibilidade de fazer as intervenções respeitando a
originalidade do bem. Durante as obras foram encontradas pinturas no roda teto da
entrada principal, porém, como não estava previsto trabalho de restauro, os
responsáveis pela obra, aconselhados pelo Conselho Municipal de Patrimônio
Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia - COMPHAC - optaram
por não realizar nenhuma intervenção para que, futuramente, pudesse ser elaborado um
projeto com profissionais qualificados para fazerem a prospecção e restauração,
identificando, se possível, o artista.
Na trajetória histórica, o primeiro diretor do colégio, no regime estadual, foi
Mário Guimarães Porto, seguido por Luiz da Rocha e Silva, Aniceto Maccheroni, João
Siqueira, Osvaldo Vieira Gonçalves (Prof. Vadico), Saint-Clair Netto, Celso Correa dos
Santos, Gláucia Santos Monteiro, Sâmia Mameri Ferreira, Arlete Lopes Buiatti, Dilma
de Paula Sagatto, Yolanda de Leva Bernardes e a atual diretora Kátia Alves de Melo
Tostes.
A construção da Escola Estadual de Uberlândia faz parte de um momento
histórico em que a comunidade uberlandense estava empenhada na edificação de obras
públicas que representassem os ícones de uma cidade progressista e moderna. Nos anos
de 1917, havia sido inaugurado o prédio do Paço Municipal suntuosamente erguido na
Praça da Liberdade (atual Praça Clarimundo Carneiro). Na década de 1920 foi erguida a
da Casa da Cultura, a Oficina Cultural e o Fórum, construído no entorno da Praça Tubal
Vilela e demolido nos anos 1970 e ainda a alteração do nome da cidade para Uberlândia.
Todas as obras edificadas, assim como os projetos urbanísticos implementados
na cidade, são vestígios que nos possibilitam perceber a importância dessas
construções. Este prédio, construído com a única finalidade de abrigar uma instituição
de ensino na cidade, denota o momento histórico no qual a cidade estava alicerçando o
discurso para se tornar referência entre as cidades mineiras.
(As informações sobre a historicidade da Sociedade Anonima “Progresso de Uberabinha” assim como as informações referentes à
construção do edifício da Escola Estadual de Uberlândia foram retiradas da dissertação de Mestrado: EDUCAÇÃO E O PROGRESSO: O 39
GYMNASIO DE UBERABINHA E A SOCIEDADE ANONYMA PROGRESSO DE UBERABINHA (1919 – 1929) - Willian Douglas
foto:
** Guilherme).
Prédio da Escola Estadual
Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa
Av. Vasconcelos Costa, 78
B. Martins

Tombado como Patrimônio Histórico Municipal


pelo Decreto nº 10.216, de 27/03/2006.
Registrado no Livro do Tombo Histórico,
Inscrição XI, pág. 16.

A Escola Estadual Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa teve sua construção iniciada em 1926 com verba do
Governo Estadual, durante a gestão de Antônio Carlos de Andrade e a obra foi concluída em 1930, mas só entrou
em funcionamento em 1932 com o nome de “Grupo Escolar Minas Gerais”. Em 1934, passou a chamar-se Grupo
Escolar Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa, em homenagem ao Juiz de Direito da Comarca de Uberlândia.
A escola foi construída com uma arquitetura também presente em outras cidades do Estado. No padrão das
construções escolares da época, sua planta desenvolve-se em “U”, com um pátio na área central. A fachada tem
como característica principal a simetria e a regularidade é marcada por um frontão neoclássico sobreposto a um
frontão recortado e este elemento central arremata e recebe a escadaria de acesso principal ao hall de entrada. A
partir desse hall, desenvolvem-se, para cada lado, dois corredores abertos voltados para a rua, que sustentam
cinco colunas e fazem a ligação com os corredores laterais que dão acesso às cinco salas e um banheiro disposto
em cada uma das duas extremidades formando as alas perpendiculares. Essas alas definem o partido da planta em
formato de “U”.
Em 1963, foi construído um anexo para abrigar a cantina, composta de um galpão e uma cozinha e ainda
uma residência para o zelador. Em 1974, em decorrência da Resolução 269 de 04/09/73, a escola passou a
oferecer as oito séries do ensino fundamental. Foi, então, construído um novo anexo que ocupou o fundo do
terreno paralelo à fachada principal, promovendo o fechamento do pátio central. Em 1984, a escola recebeu novo
acréscimo com a construção de um galpão para abrigar novas salas de aula e a biblioteca, paralelamente ao anexo
anterior.
Em 1987, a escola contava com 1.200 alunos quando, no dia 4 de outubro, sofreu um grande incêndio
decorrente de um curto circuito na fiação precária, provocando grave destruição. No mesmo mês, no dia 28, o
então Governo do Estado liberou recursos para a reconstrução do prédio. As atividades escolares foram
retomadas em 1989.
A Escola Estadual Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa foi construída segundo projeto oferecido pelo Governo
Estadual e apresenta o mesmo padrão arquitetônico de outras escolas construídas nas cidades vizinhas, no
mesmo período em que se destacam o porão alto e as tendências neoclassizantes.
40
foto:
**
Edifício Uberlândia Clube Sociedade
Recreativa e Mobiliário
Rua Santos Dumont, 517 - Centro

Tombado como Patrimônio


Histórico Municipal pelo
Decreto nº 10.223 de
29/03/2006.
Registrado no Livro do Tombo
Histórico, Inscrição XIII, pág. 20

O Uberlândia Clube Sociedade Recreativa é um clube privado com o quadro


de sócios constituído por famílias representativas da elite social uberlandense. A atual
sede foi inaugurada em 26 de janeiro de 1957, na gestão do Sr. José Rezende Ribeiro –
sócio proprietário e diretor do Clube.
Esta edificação foi construída para substituir a primeira sede, localizada na
Avenida Afonso Pena esquina com Olegário Maciel, que se tornara pequena para as
atividades do clube com o número crescente de sócios. A construção se deu com capital
dos sócios proprietários, em terreno doado pelo Estado de Minas Gerais.
O projeto é de autoria do engenheiro Almôr da Cunha, escolhido através de
concurso. A decoração ficou por conta do decorador e artista plástico Sérgio de Freitas,
indicado por Almôr. O edifício possui linhas arrojadas de tendência moderna,
associadas a elementos do art déco.
O corpo do edifício é um volume regular de três pavimentos, construído nos
limites frontal e laterais do terreno. O térreo apresenta pilotis altos, de seção circular,
revestidos de pastilhas azuis que ampliam o passeio, rompendo com a linearidade da
elevação e criando uma área diferenciada no centro da cidade para a qual se abrem uma
galeria de lojas dispostas em dois corredores que adentram o terreno. Seu piso é
revestido por pedras portuguesas, branca e preta, que formam desenhos de formas
ameboides.
A fachada frontal do segundo pavimento é marcada pela presença de um pano
de vidro em toda sua extensão, protegido por brise-soleis azuis. No centro, dividindo-a
simetricamente, encontra-se um grande vitral côncavo de vidro jateado. No térreo, há
uma grande porta de vidro central que serve de acesso ao interior do Clube
propriamente dito; esta porta é marcada por uma cobertura rebaixada que chega até a
fachada, abre-se para um hall que possui um painel de pastilha, um pequeno espelho
d'água e uma suntuosa rampa circular que leva a outro hall no segundo pavimento, no
qual se distribuem os ambientes: dois salões de festas, sanitários, restaurante, bar e
boate. 41
fotos:
*
O terceiro pavimento é acessado por uma escada que parte do bar. Nele encontram-se a sala da diretoria, a
biblioteca, dois sanitários e um segundo salão de festas, resultado de uma adaptação posterior a sua inauguração,
no lugar do terraço jardim original.
A decoração do edifício é minuciosa, com grande variedade de materiais e acessórios, possuindo, no
entanto, uma forte e agradável unidade estilística. Chama a atenção, sobretudo, a decoração do salão nobre em
tons de azul e branco com detalhes que se espalham pelos pilares, em um interessante jogo com o forro rebaixado
em gesso, trabalhado também nas mesmas cores, com sancas que escondem a luz indireta, também presente em
outros espaços.
Tanto no projeto arquitetônico quanto nos detalhes da decoração ficam evidenciados os propósitos de uma
representação da modernidade e sofisticação pelas quais as elites de Uberlândia ansiavam. O Clube ainda
conserva um acervo original de mobiliário, luminárias e adornos da época de sua inauguração, sendo uma
importante referência da arquitetura e da ambientação dos anos 1960, bem como da própria sociedade local.
Hoje o edifício não mais é restrito aos sócios, seus salões são alugados para diversas festas, assim como o
restaurante, o bar e a boate. Vale lembrar que o Uberlândia Clube trouxe como consequência mais próxima para a
história social da cidade, a desativação da zona boêmia que existia no seu entorno, promovendo a transformação
da ocupação do espaço físico. Nessa ocasião, a zona de boemia foi transferida para as imediações das avenidas
Cesário Alvim com João Naves de Ávila e Rondon Pacheco, em uma rua que era chamada de “Rua Uberaba”.
Todavia, frente a valorização imobiliária, a partir da década de 1970, aquele espaço urbano foi reformulado.
Foram tombados como Bens Móveis Integrados ao Edifício do Uberlândia Clube e estão registrados no
Livro Artes Aplicadas os seguintes bens:

Inscrição II: Balcão - Móvel de apoio, página 05


Inscrição III: Sofá – Móvel de descanso, página 06
Inscrição IV: Sofá – Móvel de descanso, página 07
Inscrição V: Poltrona - Móvel de descanso, página 08
Inscrição VI: Cadeira – Móvel de descanso, página 09
Inscrição VII: Sofá – Cadeira – Móvel de descanso, página 11
Inscrição VIII: Cadeira – Móvel de descanso, página 12
Inscrição IX: Cadeira com braços, página 13
Inscrição X: Poltrona - Móvel de descanso, página 14
Inscrição XI: Poltrona - Móvel de descanso, página15
Inscrição XII: Poltrona - Móvel de descanso, página 16
Inscrição XII: Bar – Móvel de apoio – balcão e prateleiras para apoio, página 17
Inscrição XIII: Balcão – Hall - Móvel de apoio, página18
Inscrição XIV: Mesa – compõe o conjunto de mesas e cadeiras do piano bar
restaurante, página19
Inscrição XV: Mesa – compõe o conjunto de mesas e cadeiras do Salão Nobre,
página 20
Inscrição XVI: Luminária – material de iluminação, página21
Inscrição XVII: Painel Parietal “Arlequim e Colombina”, página 22
Inscrição XVIII: Vitral, página 23
42
foto:
*
Estação Ferroviária Sobradinho
(Companhia Mogiana
de Estradas de Ferro)
Fazenda Sobradinho,
Km 662,358
Linha Catalão

Tombada como Patrimônio


Histórico Municipal pelo
Decreto nº 10.228 de
31/03/2006.
Registrada no Livro do
Tombo Histórico, Inscrição
XII, pág. 18

As ferrovias começaram a ser implantadas no Brasil em meados de 1852,


quando Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, uniu esforços para
melhorar a ligação da produção do interior do país com o Porto de Mauá, na Bahia de
Guanabara. Na mesma data, foi implantado o primeiro ramal férreo do país, a
Companhia Paulista de Estradas de Ferro. O período áureo das lavouras cafeeiras,
entre as décadas de 1890 e 1920, correspondeu ao apogeu das construções de
ferrovias no Brasil, quando milhares de quilômetros de ramais férreos foram
instalados.
A Companhia Mogiana, criada em 1872, assinou contrato com estado de
Goiás, em 1890, para estender sua linha até Catalão, passando por Nova Ponte/Estrela
do Sul ou Miraporanga/Monte Alegre de Minas. O projeto original foi alterado e a
cidade de São Pedro de Uberabinha foi privilegiada com a construção de uma estação
de trem no seu espaço urbano e outras na zona rural. Uma delas foi a Estação
Sobradinho, inaugurada em 15 de novembro de 1896 integrando o ramal de Catalão,
da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que partia de Campinas passando por
Delta, Uberaba, Uberlândia e Araguari.
A definição deste percurso deveu-se ao Coronel José Teófilo Carneiro que,
através de sua influência política, conseguiu fazer com que a Cia. Mogiana passasse
esta linha por Uberlândia e Araguari. A inauguração da Estação Ferroviária
Sobradinho data de 15 de novembro de 1896, época que marca o período áureo das
Estradas de Ferro no Brasil.
Dentre as estações que compunham a Linha de Catalão, entre Uberlândia e
Araguari, podemos citar Stevenson, Sobradinho, Giló, Preá, sendo que destas
somente as estações Stevenson e Sobradinho ainda existem. Durante muitos anos,
este ramal foi uma das principais fontes de deslocamento, tanto de passageiros quanto
de mercadorias entre o Centro-Oeste brasileiro e o Sudeste do país, tornando-se rota
indispensável de bens de consumo e matérias primas.
43
fotos:
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A estação ferroviária localizada na zona urbana e a Estação Ferroviária Sobradinho localizada na zona
rural de Uberlândia foram as grandes responsáveis pela ascensão do Município no mercado regional e nacional,
porém, após o declínio do café e do crescente aumento dos veículos automotores, o transporte ferroviário de
passageiros entrou em colapso, forçando as empresas a diminuírem suas linhas e otimizarem seus serviços.
Assim sendo, em 1971, a Estação Sobradinho foi desativada. Os trilhos da estação, no entanto, só foram
retirados no período de 1981 a 1983, sendo recolocados na Casemg de Uberaba, MG, de acordo com o relato de
Onírio Reis Barbosa, ex-chefe de setor da Fepasa.
A Estação Sobradinho ainda resguarda muitas de suas características originais, constituindo um dos
principais exemplares da arquitetura típica das estações ferroviárias da Mogiana, construídas no século XIX. O
conjunto arquitetônico da Estação Sobradinho era composto, originalmente, da edificação principal da Estação,
por um depósito de areia e uma caixa d'água do lado esquerdo da construção principal e pela casa do telégrafo,
situada ao lado direito da mesma.
A Estação Sobradinho e a caixa d'água preservam as características originais de sua construção,
apresentando apenas algumas intervenções pontuais. No entorno existe uma construção denominada de “Casa
do Portador” que também é parte do complexo da Estação Sobradinho. No entanto, são encontrados apenas
vestígios do depósito de areia e nenhuma evidência da existência da casa do telégrafo.
A Estação é uma construção típica das estações da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro,
apresentando esquema construtivo simples, com tijolos aparentes vindos diretamente da Inglaterra e cobertura
de telhas francesas, apoiada em estruturas de madeira.
Na parte esquerda do conjunto há um pátio com muro arrematado com o mesmo trabalho de tijolos
aparentes. Nesse pátio encontra-se um anexo construído aproximadamente na década de 1960. A caixa d'água
possui o tanque de ferro fundido com placas importadas da Inglaterra, suportado por estrutura de tijolos
aparentes.
A edificação sofreu algumas modificações ao longo dos anos, sendo que a mais significativa foi a
construção do banheiro em anexo. A estação passou por reforma de sua parte elétrica, o piso foi substituído por
cerâmica e o forro original por madeira. Atualmente, o bem necessita de intervenções que garantam a sua
preservação.
A estação ferroviária é um importante referencial que mantém viva na memória dos habitantes de
Uberlândia a sua relação com o passado, tendo em vista que a Mogiana se constituiu um dos elementos que
propiciaram o desenvolvimento do Município e criou a possibilidade para que se transformasse, desde o século
XIX, em ponto privilegiado no interior das Gerais.

44
Palacete
Ângelo Naghettini
Av. Afonso Pena, 56 - Centro

Tombado como Patrimônio


Histórico Municipal pelo
Decreto nº 10.230 de
03/04/2006 alterado pelo
Decreto nº 16.661 de
15/07/2016
Registrado no Livro do Tombo
Histórico, Inscrição XIV, pág. 21

foto:
**

O Palacete Ângelo Naghettini foi construído entre os anos de 1925 e 1927 por
um construtor alemão que se encontrava na cidade a serviço da Prefeitura Municipal,
cujo nome não pôde ser identificado.
O edifício, com três pavimentos, era o mais alto da cidade na época de sua
construção e um dos mais requintados. Empregou tecnologia inovadora utilizando
cimento importado, novos materiais nos acabamentos, mobiliários e ornamentos
também importados.
Foi projetado para abrigar a residência da família Naghettini e o estúdio de
fotografia, que ocupavam o primeiro pavimento. Alguns cômodos comerciais no
térreo foram usados para outros empreendimentos do proprietário, tais como empresa
funerária, ótica (a primeira da cidade), loja de jóias e fábrica de molduras de quadros e
espelhos (também a primeira da cidade). O terceiro pavimento constituía-se de um
mirante e sótão, que durante algum tempo foi utilizado como estúdio fotográfico.
Depois da morte do Sr. Naghettini, em 1970, a divisão dos cômodos do térreo
foi alterada e alugados para estabelecimentos comerciais. O primeiro e o segundo
pavimentos permaneceram desocupados até 1983, quando o imóvel foi arrematado
em leilão pelo Sr. Victório Siquieroli. Após esta data, o primeiro e segundo
pavimentos também foram redivididos e passaram a ser alugados para lojas. O
proprietário do imóvel adquiriu o terreno da lateral esquerda e o transformou em
estacionamento para as lojas. Em 2000, todo o edifício foi reformado.
O edifício de três pavimentos possui planta regular, é alinhado à calçada, tem
acesso pela avenida Afonso Pena, através do pavimento térreo. Possui uma escada
lateral nos fundos, datada da época da construção, que leva ao segundo pavimento
onde se localizavam as demais dependências da residência.
Esse edifício marca o início das construções no espaço urbano de Uberlândia
que ficou conhecido como “Cidade Nova”. Sua beleza e excentricidade nos dão
mostra dos projetos arquitetônicos que estavam sendo incorporados e implementados
em Uberabinha no início do século XX.
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foto:
***
Imagem de Nossa Senhora do Carmo
Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 10.775
de 23/07/2007.
Registrado no Livro do Tombo Belas Artes, Inscrição I, pág. 03

A imagem de Nossa Senhora do Carmo é procedente da Igreja


de Nossa Senhora do Carmo de São Pedro de Uberabinha (Uberlândia)
e esteve, desde o ano de 1943, quando a Matriz de Nossa Senhora do
Carmo de Uberlândia foi demolida, em Miraporanga, Distrito do
município de Uberlândia, na Capela de Nossa Senhora do Rosário.
A história da origem desta imagem nos leva à Espanha pois existe
nela uma inscrição que, provavelmente, indica sua procedência. São as
marcas: Artes Religiosas/Olot. Olot é uma cidade da Espanha e sua
história é marcada pela presença de ateliês de arte especializados em
elaboração de imagens de santos e criação de novas técnicas de
escultura e moldagem em pasta de madeira, resina e, atualmente, fibra
de vidro. Não se sabe ao certo quando esta imagem chegou à
“Uberabinha”. O ateliê que a desenvolveu foi Las Artes Religiosas,
fundado em 1902. Assim, as evidências nos levam a crer que ela tenha
chegado aqui nos primeiros anos do século XX. É uma imagem
confeccionada em resina, com técnica de modelagem em pasta de
madeira. Apresenta como atributos o hábito carmelita e dois bentinhos,
segurados por ela e pelo Menino Jesus.
Em 2001, a imagem passou por sua primeira intervenção de
conservação e restauração que alterou irreversivelmente suas
características originais, através da remoção quase total de sua
policromia, além da supressão de materiais presentes em sua técnica
construtiva, como o tecido que foi encontrado em sua mão direita e em
sua base. Nesta ocasião, constatou-se que se tratava de uma técnica
diferente de fabricação de imagens. Desta forma, foram encaminhadas
amostras e documentação fotográfica ao Museu da Inconfidência em
Ouro Preto, para análise do material que verificou tratar-se de uma
técnica que utilizava resina de cartilagem de peixe com breu.
Um ano depois, em 2002, foi novamente encaminhada para
tratamento de conservação e restauro. Desta vez para o Instituto
Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-
MG), em Belo Horizonte. Após o último tratamento, ela foi recolhida ao
prédio da Cúria Diocesana de Uberlândia, sob a responsabilidade do
Bispo da época, Dom José Alberto Moura. Atualmente a imagem está sob a guarda do Museu de Arte Sacra,
localizado na Igreja Divino Espírito Santo do Cerrado.
No ano de 2007 a imagem de Nossa Senhora do Carmo foi tombada pelo Conselho Municipal de
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia, tornando-se o primeiro bem móvel não
integrado a ser elevado a categoria de patrimônio cultural protegido.
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foto:
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Festa em Louvor à
Nossa Senhora do Rosário e São Benedito
Registrada como
Patrimônio Imaterial
Municipal pelo Decreto
nº 11.321 de 29/08/2008.

Revalidação no ano de
2018, publicado no
Diário Oficial do
Município de nº 5.514 de
14/12/2018.

Registrado no Livro das


Celebrações, Inscrição I,
pág. 03.

A Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de


Uberlândia começa em meados do mês de agosto, quando são iniciadas as campanhas
e ensaios para a realização da Festa. Nesta ocasião, até o início do mês de outubro, os
Ternos de Congado visitam devotos, rezam terços e fazem leilões em vários locais da
cidade. Os grupos de Marinheiros realizam ensaios de trançar fitas durante o dia,
possibilitando uma perfeita sincronia nos momentos de apresentações durante a Festa.
Os novenários acontecem, no início do mês de outubro. Os ternos de Congado se
encontram na Igreja do Rosário participando das novenas e dos leilões, cujos recursos
arrecadados são para ajudar a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São
Benedito na preparação da Festa. No primeiro dia do novenário são erguidos os
mastros.
No segundo domingo de outubro, a Festa em Louvor à Nossa Senhora do Rosário
e São Benedito tem seu início às 6h com salvas de foguetes, anunciando que os
tambores estão chegando. Os grupos de Congado saem de seus quartéis, localizados em
vinte e cinco pontos diferentes da cidade. Os desfiles dos grupos acorrem na parte da
manhã, a partir da Rua Prata, da casa do Presidente da Irmandade, descendo pela
avenida Floriano Peixoto até o seu início, quando ocupam a Praça do Rosário e todo o
largo e entorno da Igreja do Rosário.
Cada grupo se apresenta para o público presente com a realização do trança-fitas
dos Marinheiros que é um espetáculo. No período da tarde, os grupos retornam à Igreja
do Rosário a partir das 15h levando Reis e Rainhas, festeiros de Nossa Senhora do
Rosário de diversas partes da cidade. Com a chegada dos grupos à Igreja, tem-se a
procissão que percorre as ruas do centro da cidade e retornam à Igreja do Rosário para a
Coroação dos Reis e Rainhas do ano seguinte, a coroação de Nossa Senhora do Rosário
e o retorno dos grupos de Congados para seus respectivos quartéis.
Na segunda feira, durante o dia, há visitas recíprocas entre Ternos e a residências
de devotos. No período da noite iniciam seus desfiles de despedidas diante da Igreja do
Rosário. Esta celebração por seu valor cultural e histórico foi registrada no Livro das
Celebrações como patrimônio cultural e histórico de Uberlândia. 47
fotos:
**
Prédio da Reserva Técnica do Museu Municipal
(Antiga Biblioteca Municipal)
Pça Cícero Macedo, s/n - Fundinho

Tombada como Patrimônio


Histórico Municipal pelo Decreto
nº 11.632 de 13/04/2009
Registrado no Livro do Tombo
Histórico, Inscrição XV, pág. 23.

O Prédio que abrigou a


Biblioteca Municipal Juscelino
Kubitschek de Oliveira ocupa um
espaço urbano que é referência para
a história da cidade pois ali foi
construída a primeira Capela que
deu origem à formação da cidade de
Uberlândia.
A construção da primitiva Capela teve início nos anos de 1846. Posteriormente, foi ampliada se transformando em
Matriz de Nossa Senhora do Carmo. Em suas proximidades surgiram as primeiras ruas e casas do Arraial que ficou conhecido
como Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha, popularmente chamado de São Pedro
de Uberabinha. No ano de 1929 a cidade, por sugestão de João de Deus, passou a se chamar Uberlândia.
Passados quase um século de sua edificação, a igreja foi demolida com a autorização da Cúria, no ano de 1943 e, no local,
teve início a construção de um prédio para abrigar a Estação Rodoviária da cidade, em estilo neocolonial, de planta regular,
alongada no sentido norte-sul, de dois pavimentos, possuindo platibanda arrematadas com telhas cerâmicas tipo capa-e-canal.
O andar do térreo foi construído nos limites do terreno e, hoje, seus vãos originais estão emparedados, o andar superior,
possui planta em forma de “T”. Ambos os andares possuem platibanda, sendo que a fachada norte do andar superior é coroada
com um frontão arqueado na maneira corrente da época. Os interiores não apresentam a configuração original, possuem
divisórias provisórias em ambos os andares.
O piso é parte cerâmico e vinílico em alguns trechos. O teto do térreo é a laje piso do andar superior, sendo que o último
pavimento é forrado em gesso. As janelas são metálicas do tipo basculante, com vedações em vidro. A estrutura é de concreto
com vedações em tijolo cerâmico. A decoração externa é composta de pequenas colunas torsas adossadas e frontões arqueados
coroados com telhas tipo capa-e-canal. O jogo de volumes entre os andares, também, é evidente, mas foi prejudicado pelas
descaracterizações do térreo.
No ano de 1976, a Estação Rodoviária foi transferida para o Bairro Martins, em uma edificação construída para abrigá-
la sob a denominação de Estação Rodoviária Presidente Castelo Branco. Com a transferência da Estação para este novo
endereço, o antigo prédio localizado na Praça Cícero Macedo foi destinado a ser Biblioteca Pública Municipal. Após ser
reformado, o acervo foi para ali transferido e no dia 31 de agosto de 1976, dia do aniversário da cidade, a Biblioteca foi entregue
à comunidade recebendo a denominação de “Juscelino Kubitschek de Oliveria“ . No ano de 2020 a Biblioteca Municipal foi
transferida para novo endereço e a edificação histórica recebeu nova função social.
Este espaço no qual surgiu o primitivo núcleo urbano de Uberlândia é referência para a história e memória local, pois,
esconde e revela histórias que permanecem diluídas na sua arquitetura e geografia.

48
foto:
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Igreja
Nossa Senhora das Dores
Rua Dom Barreto nº 60 - Fundinho

Tombada como Patrimônio


Histórico Municipal pelo Decreto
nº 11.995, de 08/12/2009 .
Registrado no Livro do Tombo
Histórico, Inscrição XVI , pág. 24.

A Igreja de Nossa Senhora


das Dores tem sua história vinculada
à criação do Colégio Ressurreição
Nossa Senhora, a primeira instituição
religiosa de ensino do município de
Uberlândia.
Sua construção se deu na
primeira metade do século XX, pela
Madre Maria Villac, uma jovem
campineira de 19 anos que tinha como
propósito para sua vida servir a Deus
em uma congregação na Bélgica. Com
o advento da primeira Guerra Mundial, Maria Villac não pôde sair do país,
permanecendo em Campinas. Desta forma, reuniu um grupo de moças da cidade
que inicialmente a procurava para receber orientações espirituais, mas também
com o mesmo propósito de servir a Deus e ao próximo. O trabalho das
Missionárias iniciou-se com os centros de catequese nos bairros periféricos de
Campinas, onde trabalhavam com as famílias pobres.
No início da década de 1930, o Cônego Pe. Albino Figueiredo Martins
Miranda sentindo a necessidade da instalação de uma instituição educacional
religiosa na localidade dirigiu-se a Uberaba e apresentou ao Bispo da Diocese Frei
Luiz Maria de Santana um projeto para a criação de uma escola católica. Este,
sabendo que Dom Francisco Barreto tinha fundado há três anos o Instituto das
Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, fez um convite às responsáveis para que
estas visitassem Uberlândia a fim de estudar a possibilidade de ali fundar um
colégio.
Com o convite feito pelo Bispo Dom Luiz Maria de Santana, a
Congregação tinha a oportunidade de expandir o propósito da evangelização para
o âmbito escolar. Em novembro de 1931, chegam a Uberlândia a Madre Maria
Villac, fundadora da Congregação e as Irmãs Josefina Maria do Coração Chagado
de Jesus e Amália de Jesus Flagelado, conhecida no âmbito religioso por ter
vislumbrado Nossa Senhora das Lágrimas. As irmãs ficaram hospedadas na
Detalhe dos vitrais residência do Sr. Arlindo Teixeira. 49
fotos:
**
Após uma criteriosa avaliação do local e atendendo às solicitações das famílias católicas, as irmãs
consideraram a ideia de abrir um colégio religioso na localidade como um projeto viável e que deveria se
realizar o mais breve possível.
Em 3 de fevereiro de 1932, as irmãs chegam à cidade para fundarem o colégio e foram recebidas com
grande festividade na Estação Mogiana. Instalaram-se numa casa que ficava na esquina da Rua Vigário
Dantas com a Rua Marechal Deodoro e sete dias depois da chegada das Irmãs, na data que a igreja católica
comemora o dia de Nossa Senhora de Lourdes, foi fundado, então, o Colégio Nossa Senhora das Lágrimas.
A Igreja de Nossa Senhora das Dores foi construída inicialmente para abrigar a Capela do Colégio
Nossa Senhora das Lágrimas que funcionava de forma improvisada no auditório da instituição. Em 1935,
houve o reconhecimento oficial do Colégio como instituição de ensino e o lançamento da pedra
fundamental da Capela que ocorreu em 17 de julho de 1936. Em outubro do mesmo ano, foram demarcados
os alicerces e, a partir daí, foram intensos os trabalhos e esforços das irmãs para a construção da Capela.
A edificação é um exemplar de arquitetura eclética onde podem ser observadas características da
arquitetura românica e paleocristã-carolíngia. Construída, em 1936, meados do século XX, apresenta
partido arquitetônico retangular com três volumes.
Internamente, a igreja possui três pavimentos com utilização distinta: no primeiro localizam-se as
naves definidas pelas arcadas, capela-mor e sacristia. No “mezanino”, localiza-se o coro e no segundo
pavimento, o dormitório das freiras com banheiros e cozinha e um balcão com arcada localizado sobre o coro
de onde as freiras assistem às missas reunidas. Na nave lateral direita, encontra-se uma escada helicoidal com
acesso ao coro. Aos fundos do altar mor, localiza-se a sacristia. No lado direito da sacristia existe uma escada
que dá acesso ao pavimento superior que possui uma cozinha e dois banheiros.
A igreja não apresenta retábulos e sua decoração interna é realizada através de ornamentos em
argamassa localizados no intradorso dos arcos plenos e capitéis dos pilares e mísulas com imagens dos santos
de devoção da comunidade. Na nave direita, encontra-se a imagem de São José e, na esquerda, a imagem do
Cristo Redentor. Todas as imagens estão pintadas de branco, apenas com as partes de carnação e cabelos
coloridas e douramentos nas bordas dos mantos. Isto se deve à exigência por parte da irmandade que
administra a igreja. No altar-mor encontram-se as imagens de Cristo Crucificado fixada no altar, e de Nossa
Senhora das Dores. Ambas também seguem o mesmo padrão de pintura das demais imagens. A mesa do altar
é em granito preto.
A Igreja, além de suas características arquitetônicas ecléticas, constitui um elemento que se torna um
marco no contexto do bairro Fundinho fazendo parte da história e características do local, onde tinha a
predominância de casarões ecléticos construídos no início do século XX, aos poucos substituídos em sua
maioria por arranha-céus.
A comunidade sempre teve uma relação muito forte com a mesma, tendo inclusive participado
ativamente das campanhas promovidas pelas irmãs para arrecadação de verbas para sua construção. Prova
desta interação está no interior da capela onde nos vitrais que ornamentam suas paredes laterais encontram-
se registrado os nomes de algumas famílias que contribuíram de alguma forma para a sua construção.
Quando em 1969, a Capela foi elevada à condição de Paróquia de Nossa Senhora das Dores esta
relação com a comunidade ficou mais forte, uma vez que as atividades religiosas antes destinadas em sua
maioria aos estudantes do colégio foram extensivas a toda comunidade local. Atualmente, a Paróquia
promove atividades religiosas diariamente com a realização de missas, novenas, terços, dentre outras, além
da festa de Nossa Senhora das Dores comemorada no mês de setembro quando são realizadas procissões,
novenas, quermesses e a coroação de Nossa Senhora, envolvendo toda comunidade católica.
Este imóvel, exemplar de arquitetura eclética, foi um marco na história educacional e religiosa do
Município, além de ser um testemunho de sua história e desenvolvimento. Portanto, preservar este imóvel é
50 preservar a memória de Uberlândia.
Sede do Círculo de Trabalhadores Cristãos
de Uberlândia
R. Bernardo Guimarães, 344 - Fundinho

Tombada como Patrimônio Histórico


Municipal pelo Decreto nº 12.556 de
02/12/2010. Registrado no Livro do
Tombo, Inscrição XVII, pag. 26.

A Casa do Operário foi idealizada na década de 1940, para ser sede da


organização social então denominada Circulo Operário de Uberlândia. Os Círculos
Operários compõem um projeto originário de setores da Igreja Católica Apostólica
Romana que desde meados do século XIX preocupam-se com o papel da instituição
religiosa como agente social. Em resposta aos dilemas sociais e políticos que
envolviam, sobretudo as relações entre trabalhadores e patrões, mediadas pelo Estado,
o projeto traçou estratégias para conservar e ampliar a abrangência do ideário cristão
sem incitar rompimentos com o Estado ou com a organização capitalista da sociedade.
Na prática, isso foi feito com a difusão da ação católica entre os trabalhadores,
diretamente por meio do movimento circulista, que se tornou expressivo, sobretudo
no período entre as décadas de 1930 e 1970 e foi responsável pela criação de centenas
de Círculos Operários, muitos deles ativos na atualidade.
A Sede do Círculo dos Trabalhadores Cristãos de Uberlândia compreende um
conjunto de edifícios que foram construídos em distintos momentos ao longo do
tempo, com diferentes graus de qualidade técnica e construtiva.
O imóvel, adquirido em 1948, compreendia o terreno, um barracão e uma casa
e foi vendido pelo Senhor Joaquim Marquez Póvoa e adquirido pelo Senhor Caio
Lima Santa Cecília, representante do Círculo Operário. Logo após a aquisição teve
início a mobilização para a construção da sede que, segundo depoimentos teria
começado em 1948, entretanto, os projetos encontrados no arquivo da Instituição,
referentes a este imóvel, trazem datas de aprovação junto ao Município no ano de
1951.
O imóvel preserva quase integralmente suas características originais, é um dos
exemplares da arquitetura Art Déco na cidade que representa um movimento de
renovação da arquitetura local, incorporando novas tecnologias e expressões estéticas
vinculadas aos ideais de modernidade.
Neste sentido, esta edificação é uma importante referência para memória do
movimento operário da cidade, assim como, para a história da arquitetura de
Uberlândia, revelando-se portadora de valores sociais, históricos e simbólicos que
contribuem para o enriquecimento e valorização do patrimônio histórico cultural
local. 51
fotos:
**
Painéis em Mosaico de vidro Artista Geraldo Queiroz:
Cena Portuguesa, Ciranda de Crianças, Ambiente Rural
e Indígena Brasileiro
No Brasil, a arquitetura moderna se inicia a partir do final da década de 1920, mas seu auge nos grandes
centros ocorre a partir de 1950. Os arquitetos brasileiros tiveram influência, principalmente europeia, na imagem de
Le Corbusier, mas rapidamente seguiram um caminho próprio e, com isso, a arquitetura adquiriu um caráter
nacional.
A produção moderna brasileira recebeu destaque internacional, principalmente pelo desenvolvimento de
inovadora técnica de controle de luz e calor, através do brise-soleil. Sua particularidade também estava no
desenvolvido uso do concreto armado e na incorporação de outras manifestações artísticas, valorizando inclusive
tradições da arquitetura colonial, como o uso de painéis de azulejos de autoria de importantes artistas, como por
exemplo, Cândido Portinari. Vários autores nacionais e internacionais consideram que a Arquitetura Moderna
produzida no Brasil foi, sem dúvidas, nacional, refletindo os artistas que a lançaram e recorrendo aos materiais
disponíveis, assim como se ajustando ao clima.
Nas regiões interioranas, a introdução da nova linguagem moderna se fortaleceu tardiamente, na década de
1960, sendo este o caso do Triângulo Mineiro, região em que se encontra a cidade de Uberlândia. A região se
beneficiou da construção de Brasília (1957-60) para seu desenvolvimento. A nova Capital Federal trouxe a
modernidade e o progresso que o governo apregoava, incorporados tanto no planejamento urbano e na arquitetura
como no imaginário cultural da população. Novas técnicas construtivas, nova plástica, novos usos do espaço, novos
modos de morar. Essa arquitetura moderna produzida participou e foi consequência do rápido desenvolvimento
urbano das cidades interioranas, as quais receberam edifícios residenciais, clubes, instituições públicas e privadas,
indústrias, praças, vilas que se implantaram no espaço e foram incorporados fortemente à identidade visual e
histórica da região. É o caso do edifício Uberlândia Clube e da Praça Tubal Vilela, ambos situados na cidade de
Uberlândia.
Especificamente em Uberlândia, a linguagem moderna foi introduzida na década de 1950, época em que
ocorreram transformações urbanas de grande importância, decorrência do grande crescimento do município e da
inauguração de novos empreendimentos, resultando num processo de urbanização periférica, marcada pela
especulação imobiliária e por interesses políticos. Foi ainda nesta década que a área central da cidade sofreu fortes
modificações, passando por uma série de melhorias na infraestrutura e iniciando seu processo de verticalização.
O arquiteto João Jorge Coury foi uma figura de essencial importância dentro deste contexto, considerado
difusor da linguagem moderna na região. Em 1940, dirigiu-se para Uberlândia onde se fixou e traçou uma bela
produção em tipologias residenciais, comerciais, urbanísticas, hospitalares e industriais. Sua arquitetura associava os
elementos modernos ao caráter regional, com uso de lajes planas, brises, cobogós conciliados à fitocerâmica, os
seixos rolados, a granitina, a pedra portuguesa, etc. Era em seu atelier que intelectuais de diversos ramos
profissionais se reuniam, valendo-se de discussões dentro do contexto político e dos fatos da época. Coury foi uma
espécie de arquiteto mestre, estimulando o interesse de jovens arquitetos e artistas como foi o caso de Geraldo
52
Queiroz.
Queiroz trabalhou em conjunto com Coury em diversos projetos como o painel parietal extinto na
residência Benedito Modesto (1954), demolida em 2009 e que se localizava a Rua Machado de Assis entre as
Avenidas João Pinheiro e Afonso Pena, residência Waldemar Silva (1957), dentre outras, onde uma das características
mais significativas da arquitetura moderna brasileira – o uso de painéis decorativos – pôde ser mais facilmente
realizada pela colaboração deste artista local, dentre outros. O trabalho em conjunto era importante para destacar as
produções, tanto artísticas quanto arquitetônicas, foi muito empregado nos projetos modernistas, principalmente
dos arquitetos cariocas, como grandes afrescos confiados a artistas de renome. Uberlândia e região, por meio de
atuações de artistas e arquitetos como Geraldo Queiroz e Jorge Coury, insere-se no debate internacional acerca da
síntese das artes, discutida por Le Corbusier, Lúcio Costa, dentre outros.
Geraldo Queiroz, que era autodidata e fundador da primeira escola de arte da cidade, é conhecido por sua
habilidade em trabalhar com as cores, característica forte em suas obras, reconhecido pela sua sensibilidade de se
relacionar com as cores, as formas, as linhas e os volumes. Sem nenhuma formação artística, Geraldo Queiroz,
desenvolveu trabalhos em diversas técnicas, como modelagem de bustos em cera com posterior fundição em
bronze; cenários para peças de teatro; óleo sobre tela e aquarela; além de painéis em mosaico de pastilhas de vidro.
Muitas vezes, o artista era contratado por uberlandenses para retratar, através da técnica do mosaico, as raízes das
famílias uberlandenses, muito comum naquela época, como exemplo, tem-se o painel parietal feito na casa de
Oswaldo Garcia, Rua Santos Dumont nº 174, nesse painel ele retratou mulheres portuguesas em trajes típicos e
colunas que aferiam a um teatro em Portugal.
Na década de 1950, Geraldo Queiroz fundou, com o apoio da administração municipal de Afrânio
Rodrigues da Cunha, a primeira escola de arte da cidade. O artista deixou trabalhos em Uberlândia e região, São
Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Além de artista, Queiroz também era um crítico e mesmo um autocrítico e
escreveu artigos sobre críticas de arte.
Queiroz dedicou grande parte de sua vida às causas políticas, sendo atuante dentro do Partido Comunista e,
por isso, chegou a ser preso inúmeras vezes. Por muitos anos ele trabalhou como jornalista do jornal comunista “A
Voz do Povo”, praticamente como voluntário, pois ganhava muito pouco (salário mínimo). Geraldo praticava artes
plásticas apenas como um “passatempo”, até que seu potencial artístico foi reconhecido e valorizado por José de
Morais, que o convidou para confeccionar o mural do
Uberlândia Clube.
Segundo depoimentos, Geraldo conheceu
José de Moraes através do partido comunista, do qual
ambos faziam parte. Quando Moraes veio à
Uberlândia, contratado para fazer o painel do
Uberlândia Clube, procurou no partido alguém que
pudesse ajudá-lo, e conheceu então Geraldo Queiroz
que até então desenvolvia as atividades de jornalista.
Moraes pediu que ele fosse dispensado do partido para
dedicar-se somente às artes, podendo então, nos seus
últimos anos de vida (1955, 1956 e 1957), produzir um
considerável acervo de importantes obras, dentre elas,
os seguintes painéis:

53
foto:
**
Painel Cena Portuguesa
Rua Santos Dumont, 174.
Tombado como Patrimônio Histórico
Municipal pelo Decreto nº 12.904 de
30/06/2011. Registrado no Livro do Tombo
Belas Artes, Inscrição II, pág. 04 (verso).

Análise Iconográfica:
O painel possui formato retangular, porém
na construção da imagem observa-se delineamento
da mesma em formato ameboide. Ocupa
aproximadamente 27,5 m2 medindo 3,55 m de
altura por 7,80 m de largura. A técnica utilizada pelo
autor foi o mosaico em pastilhas de vidro coloridas,
de 2 x 2 cm, assentadas sobre cimento branco. O
painel figurativo é composto por três cenas à frente e
fundos variados. No primeiro plano, à esquerda,
tem-se a figura de um jovem sobre um conjunto de
pedras marrons, com o corpo frontal levemente
inclinado, cabeça em perfil voltada para a direita e mão direita segurando um jequi, com o cesto para cima e a haste
apoiada sobre as pedras. O jovem está de chapéu escuro e veste casaco claro que se estende até os joelhos. O cenário
ao fundo é composto pela linha do horizonte, dividindo-o em plano inferior com colorações de verde-água e
branco, induzindo movimento do mar, e plano superior com coloração gradativa do branco ao azul anil. A imagem
central apresenta, em primeiro plano, uma figura masculina de meia-idade, inclinada para direita, com a cabeça na
posição frontal e rosto arredondado. Está vestido com camisa branca, colete e chapéu pretos. Suas mãos estão
apoiadas num balcão volumétrico nas cores azul e branco, sobre o qual estão algumas frutas. Ao fundo nota-se uma
edificação de estilo clássico, emoldurada por um arco pleno que se estende até a extrema direita.
Na lateral direita, um casal com roupas típicas de Portugal, sob a continuação da arcada, com uma vegetação
densa verde ao fundo e flores à frente. Ao fundo, céu azul. A figura feminina de meia-idade está na posição frontal e
com a cabeça voltada para a figura masculina. A mulher apresenta rosto com formato oval e chama atenção à sua boca
de contorno vermelho. Suas mãos estão na cintura, traja uma saia preta com detalhes florais coloridos, um colete
preto com camisa de manga longa branca e na cabeça um lenço vermelho. A figura masculina, também de meia
idade, tem o corpo e cabeça voltados para a mulher. Ele veste calça preta, casaco curto, também preto, com detalhes
vermelhos. Seu braço direito está passado na cintura da mulher. O casal repousa sobre piso quadriculado nas cores
amarelo e marrom.

Análise Iconológica:
O painel ilustra o desejo de ser evidenciada a ascendência europeia, já que possui 3,55 x 7,80 m e está
estampado na fachada frontal da residência, portanto, aberto e exposto para a rua. De herança portuguesa, o
proprietário encomendou um mural que retratasse suas origens. Foram representados o Teatro de São Carlos, o
casal da região do Minho, as colunas da região de Leiria, o sargaçeiro, pescador de algas com suas roupas típicas e o
comerciante português que remete à importância do comércio para a família.
54 foto:
**
Painel Ciranda de Crianças
Avenida João Pinheiro, 646.

Tombado como Patrimônio Histórico Municipal


pelo Decreto nº 12.905 de 30/06/2011. Registrado
no Livro de Tombo Belas Artes, Inscrição III, folha
05 (verso).

Análise Iconográfica:
O painel é composto por imagens de
ciranda de roda na sua maior parte, à direita,
motivo junino, e ao fundo, motivos
geométricos. Na cena principal, a primeira
menina na parte mais central da roda está de frente, com rosto redondo, cabelos escuros, usa vestido azul com bainha
branca, sapatos brancos e meias verdes. À sua esquerda, menina de perfil, com rosto redondo inclinado à sua direita,
com cabelo castanho e curto, preso com “rabo de cavalo” e fita branca. Usa vestido branco, gola em decote em “V”,
com manga e bainha azuis, laço na cintura, sapatos vermelhos e meias brancas. À sua esquerda, uma menina de
costas, com a cabeça voltada no mesmo sentido. Ela tem os cabelos claros no ombro, veste blusa vermelha, saia verde
com listra vermelha acima da bainha, sapatos pretos e meias brancas. À sua esquerda um menino de costas, com o pé
direito apoiado no chão e o esquerdo no ar. Ele usa camisa azul e bermuda preta com suspensórios preto, sapato
preto e meias brancas. À sua esquerda, outro garoto, também de costas, mas com a cabeça levemente inclinada. Suas
roupas são iguais ao anterior, com os suspensórios verde. À sua esquerda uma menina de perfil, com rosto inclinado,
cabelos pretos amarrados, vestido branco com detalhes azuis, sapatos vermelhos e meias brancas. À sua esquerda,
fechando a roda, uma garota com o corpo e cabeça voltados para sua esquerda. Ela tem os cabelos claros, amarrados,
usa vestido azul de detalhes vermelhos e botas brancas. Ao fundo da ciranda, na porção superior, a composição
geométrica é definida por uma faixa verde e na porção inferior, por uma faixa azul escuro. Entre as faixas, geometria
assimétrica maciça composta com tonalidades azul claro, verde e bege.

Análise Iconológica:
O painel remonta à tradicional festa junina muito celebrada na região. Este mural pode ser enquadrado
dentro de uma vertente de criação espontânea do artista, já que era hábito do mesmo retratar os filhos em situações
cotidianas como as brincadeiras. Assim, buscou-se retratar o cotidiano como a ciranda de roda e o regionalismo
representado pela festa junina. O regionalismo como tema marca o desejo de criação de uma arte nacional, que,
segundo Tadeu Chiarelli (2002), até o final da II Grande Guerra, a arte brasileira mais valorizada era aquela
preocupada em caracterizar as peculiaridades locais, já num momento tardio, neste caso, que data da segunda
metade da década de 1950. Os símbolos representados como a fogueira, fazem alusão a proteção e purificação do
local onde está instalada e o mastro referência à devoção e agradecimentos ao santo.
A ciranda também tem uma conotação importante, pois se trata de uma dança infantil popular que não
requer muita destreza e seu ritmo permite a participação de pessoas de várias idades.

55
foto:
**
Painel Sahtten - Ambiente Rural
Avenida João Pinheiro, 220.

Tombado como Patrimônio


Histórico Municipal pelo Decreto
nº 12.913 de 04/07/2011 -
Alterado pelo Decreto nº 16.354,
09/03/2016. Registrado no Livro
de Tombo Belas Artes, Inscrição
IV, folha 06 (verso).

Análise Iconográfica:
O painel figurativo em
perspectiva apresenta como tema
o campo, ou seja, o ambiente
rural. Compreende uma
fazenda, com relevo ao
horizonte, as edificações e
animais. Podem–se configurar
três planos representativos: o
plano de fundo (ou terceiro
plano), que se alinha à visão do
observador e onde se encontra as
casas, o curral e alguma
vegetação de entorno; o primeiro
plano onde as estão figuras de gado, sendo estes dois bois malhados que repousam sobre o pasto, à esquerda, e dois,
mais ao longe, à direita. A harmonia das cores se dá pela utilização do azul, verde, amarelo e rosa em várias
tonalidades, além da cor preta e branca, estas últimas, usadas como valores. Predominantemente, encontram-se os
tons de azul e verde no plano de fundo, azul, rosa e amarelo no plano intermediário e tons de verde, ocre e branco no
primeiro plano. O preto está inserido nos galhos de árvores, cercas e em alguns contornos.

Análise Iconológica:
O painel envolve a questão relacionada ao ruralismo, ainda marcante na economia local da época,
caracterizando também o poder respaldado pelos fazendeiros e coronéis. A cena representada remonta ao
bucolismo e calmaria da natureza. Essa percepção se dá principalmente pelo plano de fundo, com montanhas na cor
ocre, mata na cor verde claro e o céu que mistura tons claros e escuros de azul, além de nuvens brancas. Na parte
central, demonstrando maior importância, localiza-se um casarão, sem muitos detalhes de fachada, nas cores azul,
cinza e telhado mesclando o rosa claro e o marrom. Provavelmente, esta é a casa do fazendeiro Naves, pois é evidente
sua hierarquização em face dos outros elementos, como a casa menor à esquerda, com o telhado nos mesmos tons,
mas diferenciando a fachada com uma maior mistura de cores, diminuindo sua harmonia e beleza e nos indicando
sua menor importância. Neste mesmo plano, ainda vemos uma cerca na cor preta, árvores de fundo e o chão na cor
ocre, que faz nítida separação entre o pasto, na cor verde em tons claros e escuros, do primeiro plano. Neste,
encontram-se quatro bois malhados. Os dois primeiros em destaque repousam sobre o pasto e são coloridos em
tons de marrom, rosa e contorno preto. Mais ao lado e distante, à direita, encontram-se outros dois bois em pé e
pastando.
56
foto:
**
Painel Indígena Brasileiro
Rua XV de Novembro, 743.

Tombado como Patrimônio


Histórico Municipal pelo
Decreto nº 13.203 de 21/12/2011.
Registrado no Livro de Tombo
Belas Artes, Inscrição V, folha
07 (verso).

Análise Iconográfica:
No primeiro plano de
composição do painel destaca-
se o casal indígena, composto
por pastilhas nas cores ocre,
tons de vermelho e preto. Essas
figuras se apoiam sobre um
tronco de pastilhas nas cores
azul, preto, ocre e amarelo, e o
índio, à esquerda, carrega nas
mãos uma flecha com um par
de aves e um arco,
representando um ato comum
do seu cotidiano: a caça. Este segura a índia pelo braço. Neste ponto, foram aplicadas pastilhas pretas, definindo o
contorno da mão, não permitindo que esta se misturasse ao braço dela. Neste mesmo plano a vegetação é detalhada
em tons de ocre, verde e vermelho, permitindo serem identificadas árvores de grande porte, pequenas plantas, flores
tropicais, a terra, cipós, as raízes das árvores sobre a água e um caminho, que ali se inicia e se estende até o terceiro
plano. Já o segundo plano é menos detalhado, a massa vegetal é retratada por uma camada verde-claro uniforme e se
mistura à água, em um tom de azul que vai se tornando mais claro até assumir a posição de céu. Este último plano só
se torna perceptível devido à representação de dois pássaros brancos e à presença de duas árvores menores, que dão a
sensação de profundidade e demarcam o limite entre a terra e o céu.

Análise Iconológica:
Mesmo, de acordo com Tadeu Chiarelli (2002), com uma parcela considerável de artistas que vão deixando,
a partir da década 1950, de lado a necessidade preconcebida de criação de uma arte nacional, a favor de uma produção
disposta a se constituir através de um diálogo direto com as questões da arte contemporânea internacional, percebe-
se nesta obra, ainda, a influência do ideal nacionalista. O tema indígena e a natureza tropical representam um ideal,
até romântico, de valorização do nacionalismo, que na arte brasileira direcionou vários artistas. Ainda, conforme
Chiarelli (2002), preocupados em constituir aprioristicamente uma arte brasileira com características próprias,
vários deles deixaram de dar vazão as suas personalidades às questões inerentes à arte para se engajarem naquele
programa.

(Informações retiradas e adaptadas do Dossiê de Tombamento elaborado por Juscelino Machado)


57
foto:
**
Prédio da Escola Estadual
Enéas Oliveira Guimarães
Praça Dr. Duarte, 44.

Tombada como Patrimônio Histórico


Municipal pelo Decreto nº 13.585, de
21/08/2012, alterado pelo Decreto 13.792,
de 03/12/2012. Registrado no Livro do
Tombo Histórico, Inscrição XVIII, pág. 27.

O prédio que abriga a Escola Estadual Enéas Oliveira Guimarães foi construído no final do século
XIX por Antônio de Rezende Costa, conhecido em seu tempo como Tonico Rezende, natural de Paracatu, que
se estabeleceu como comerciante em São Pedro de Uberabinha no final do século XIX.
A empresa Antônio de Rezende & Companhia foi instalada em uma região da cidade que, entre o final do
século XIX e início do XX, possuiu três nomes: Largo do Rosário, Largo do Comércio e Praça Dr. Duarte. O
local passou a ser denominado Largo do Comércio, devido a concentração de várias casas comerciais em seu
entorno que comercializavam grande variedade de produtos, no atacado e no varejo como ferramentas,
implementos e suplementos agrícolas, cereais, algodão, borracha, couro, material de construção, apetrechos
domésticos, armarinhos, querosene, sal, dentre outros.
Estabelecida a casa comercial e vislumbrando a possibilidade de expansão dos seus negócios, Antônio de
Rezende procurou ampliá-los construindo um galpão que serviria de depósito para o seu comércio. Optou
também por construir ali mesmo, ao lado, a sua residência.
A residência foi construída no alinhamento das ruas XV de Novembro e o Largo do Comércio, com sua
entrada voltada para o Largo. O primeiro bloco que compõem a residência é uma edificação retangular que
apresenta influências arquitetônicas do estilo neoclássico (ainda que de forma discreta e incipiente). A
organização interna obedece à lógica desse estilo, aplicado à arquitetura residencial: a porta principal dá acesso a
um corredor ao longo do qual, quase simetricamente, distribuem-se os cômodos. São três cômodos à direita do
corredor (o primeiro a sala de estar e os dois demais dormitórios) e três cômodos à esquerda (um dormitório, o
escritório e, no fundo, já incorporando a área que seria a continuidade do corredor, a sala de jantar).
A Sala de Estar apresenta forro decorado (pinturas sobre tecido) e paredes também decoradas. Tanto as
pinturas do forro quanto das paredes foram atribuídas ao construtor e pintor Cipriano Del Fávero. Esse bloco
foi todo construído em alvenaria estrutural de tijolos maciços. Apresenta porão baixo não habitável. O piso é
todo de estrutura de barrotes de madeira sobre a qual foram assentadas tábuas.
Também nas fachadas externas há elementos decorativos condizentes com as aspirações do estilo
neoclássico. São elementos sóbrios e que buscam um equilíbrio visual. Colunas feitas na própria alvenaria
estrutural de tijolos maciços aparecem nos cantos da construção, com dois capitéis cada e acabamento também
decorado nas suas partes inferiores. Dos capitéis mais baixos sai uma moldura que envolve toda a casa, e dos
mais altos saem as cimalhas sobre as quais se apoiam visualmente as quatro águas do telhado.
As janelas e porta principal apresentam molduras decoradas em massa, e cada esquadria apresenta
58
foto:
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Detalhe do teto da sala
também um elemento decorativo horizontal superior (sobreverga). A porta principal
possui uma bandeira com arco pleno fechada com uma grade de metal. Todas as janelas
possuem bandeiras e folhas de veneziana de madeira e de vidro. Os vidros, como
também pode-se constatar nas fotos de época, eram decorados. Verifica-se também nas
fachadas laterais e de fundos pequenas grades nos vãos de ventilação do porão. As
portas internas do bloco eram altas, com bandeiras de vidro. O telhado desse bloco é
em estrutura de madeira com tesouras, em quatro águas, e com fechamento em telhas
cerâmicas tipo francesa. Sob a estrutura foi instalado forro de madeira.
Um segundo bloco (ligado ao primeiro pela sala de jantar) abrigava
originalmente cozinha e banheiros. Esse bloco liga morfologicamente a residência e o
armazém comercial, existindo entre eles o pátio frontal do conjunto, pelo qual
também se acessava a residência. Sua saída posterior dava para o quintal. Tem as
características construtivas similares às do primeiro bloco. O telhado também em
estrutura de madeira apresenta quatro águas com três calhas ao longo delas, uma no
centro e uma em cada lateral. Sob a estrutura também foi instalado o forro de madeira.
As telhas também eram de cerâmicas do tipo francesas. A fachada frontal apresenta dois
frontões triangulares que emolduram essas quatro águas do telhado.
O armazém foi construído perpendicularmente ao então Largo do Comércio e
consolidava o conjunto arquitetônico original. Tinha entrada original para o Largo
com três portas. Tinha na fachada lateral voltada para o pátio central elementos
decorativos e também janelas redondas. O estilo segue a inspiração neoclássica do
restante do imóvel. O telhado do bloco é em estrutura de madeira, em 4 águas, e
coberto com telhas cerâmicas tipo francesa.
O pátio frontal era um acesso alternativo à residência. O fechamento é
constituído de duas pilastras, muro baixo e grade metálica. Sobre as pilastras havia dois
grandes vasos ornamentais. Havia também no seu interior canteiros para o cultivo de
um jardim.
Com as reminiscências de sua infância, passada na casa, Luiz Antônio fez uma
detalhada descrição de seus espaços internos e externos e relatou que “para a construção
da residência, meu avô, já exercendo atividades pioneiras de importador e exportador, importou
grande parte do material de construção, pois se fazia necessário: assim, adquiriu as telhas de
Marselha, na França, os vidros da Bélgica, as ferramentas e ferragens, da Inglaterra, as madeiras de
pinho de Riga da Lituânia, e as portas e janelas de Portugal. Para pintar e decorar a casa chamou de
Franca (S.P.) o pintor Cipriano Del Fávero. Nas paredes ele usou painéis e padrões artísticos que
inspiraram posteriormente a pintura de outras casas e também iniciou aqui as técnicas adotadas por
outros pintores como o falecido Ido Finotti. Cipriano Del Fávero, mais tarde projetou o prédio da
antiga prefeitura, construída no antigo cemitério, hoje praça Clarimundo Carneiro. Essa casa, hoje
centenária, foi a primeira a ter tubulação de água quente no banheiro e cozinha que era, de início,
aquecida por serpentinas e, posteriormente, por caixa térmica.
Em depoimento informa ainda que “para a inauguração de sua residência em 06 de
outubro de 1897, comprou da França para sua sala de visita, pintada por Cipriano Del Fávero, o
primeiro conjunto estofado da cidade que constava de sofá, duas poltronas, e duas cadeiras estofadas e
importou um piano marca G. Schwechten de Berlim – Alemanha...”
Essas são reminiscências que, assim como outras, preservam a história dessa
cidade.
59
foto:
***
Folia de Reis de Uberlândia
Registrada como Patrimônio Imaterial Municipal
elo Decreto nº 16.836 – 23/11/2016. Registro no Livro
das Celebrações, Inscrição II, pág. 04.

A Folia de Reis é uma homenagem aos Três


Reis Magos, anunciadores do nascimento do
Menino Jesus. Ela é composta por grupos de
cantadores e instrumentistas que representam a
jornada cumprida pelos Três Reis Magos, ou
simplesmente Santos Reis para seus devotos, do
Oriente a Belém, até o encontro com Menino Deus
para saudá-lo.
A origem da Folia de Reis não é precisa.
Sabe-se que se trata de uma manifestação já Folia de Reis - Uberlândia|MG - Foto: Jorge H. Paul
existente na Europa e trazida para o Brasil pelos
portugueses e fundamenta-se na passagem Bíblica do evangelho de Mateus (2: 1-12) que narra a saída de magos
do Oriente para visitarem o Menino Jesus, quando do seu nascimento.
Guiados pela Estrela do Oriente, os magos chegaram à Belém levando ouro, mirra e incenso, como
presente para Aquele que seria o Salvador do povo judeu. Referenciados como astrólogos por terem lido no céu
o sinal da chegada de Jesus, os magos citados no trecho bíblico foram apropriados pelo imaginário popular e
denominados como Gaspar, Belchior e Baltasar.
No processo de consolidação da religiosidade popular incrementada por elementos festivos, a Folia de
Reis está inserida nas comemorações do ciclo natalino e é representada por jornadas de grupos de cantores e
instrumentistas que visitam as casas de fiéis, com a bandeira que simboliza o encontro dos Reis Magos com
Jesus, Maria e José e abençoam, por meio dos cantos, as famílias que os recebem em seus lares.
Nesse contexto, os Reis Magos foram transformados em Santos Reis por seus devotos e são louvados em
várias regiões do Brasil. Assim, a Folia de Reis se mostra uma das expressões mais consistentes do catolicismo
popular brasileiro, que se caracteriza pela utilização de símbolos, práticas e adoração a santos nem sempre
oficiais, mas sem se desvincular da sua religião de origem. Essas manifestações do catolicismo popular
desenvolveram características próprias, como o forte misticismo, em busca de proteção e bênçãos; a alegria
presente nos cultos em forma de festas destinadas aos santos padroeiros; uma espontaneidade que se mostra na
junção entre sagrado e profano, ao se contrapor à erudição do catolicismo oficial; e possui manifestações
marcadamente regidas pelo calendário, em que a vida da comunidade também se organiza em torno de tais
eventos.
Em Uberlândia, as celebrações realizadas pelas Folias de Reis são feitas nas casas dos devotos, nas
igrejas/capelas, nos galpões, dentre outros espaços, por meio de cantos e objetos sagrados que compõem os
rituais da manifestação. Sem a presença de padres ou qualquer autoridade formal pertencente à Igreja, as casas
dos devotos se transformam em santuários sagrados nas jornadas dos giros, ou nas festas, recebendo as bênçãos
dos foliões. A proteção propagada pelas Folias de Reis vem da fé e devoção compartilhadas entre foliões e
devotos.
Os foliões são divulgadores dessa tradição religiosa que se realiza durante todo ano em Uberlândia.
Juntos os devotos divulgam o “saber da devoção” em Santos Reis, transmitindo, por meio de práticas e saberes, a
fé que é renovada a cada ano pelo cumprimento de votos por todo o município.
As Folias são responsáveis por intermediar os pedidos de graças, assim como os agradecimentos dos
devotos pelos milagres alcançados. Essa tradição religiosa é um dos elementos que moldaram e formaram a
60 identidade da comunidade local e, portanto, merecedora de Registro como Patrimônio Imaterial do Município.
Capela da Saudade
Estrada Municipal 371
Km 30 - Cruz Branca

Tombada como Patrimônio Histórico


Municipal pelo Decreto nº 17.091, de
08/05/2017. Registrado no Livro do
Tombo Histórico, Inscrição XIX, pág.
28.

A região onde está situada a


Capela da Saudade é conhecida
como Cruz Branca, área rural de
Uberlândia. A Capela está localizada
em terras pertencentes à família
Pereira, descendentes de João Pereira da Rocha, sesmeiro que aqui chegou no início século XIX, sendo o
primeiro entrante a fixar residência nessa região.
Em meados do século XIX as terras da família Pereira foram subdivididas em diversas fazendas, dentre
elas, surgiu à Fazenda da Saudade. O primeiro proprietário foi Francisco Pereira Resende e sua esposa
Genoveva Alves de Resende. Com o tempo deixa-a em herança para o filho João Resende, que por sua vez passa
a propriedade para a filha Ana Pádua de Resende e o genro, Francisco Fernandes de Resende. Em 2016, a
fazenda pertence ao casal Edésio Vieira de Pádua e Darci Eurípedes de Pádua, sendo Darci filha de Ana e
Francisco.
A Capela da Saudade foi erguida no ponto mais alto da Fazenda da Saudade, em um local onde havia um
cruzeiro erguido no início do século XIX, pelos proprietários, para cumprir uma promessa de um membro da
família Pereira que faleceu sem realizar o prometido.
Os relatos dão conta de que havia um monjolo que tocava à noite sem que ninguém estivesse por perto.
Outro motivo relatado para a fixação do cruzeiro foi em cumprimento de um voto feito por um membro da
família que pretendia a cura de um parente que estava doente. Seja por um motivo ou por outro, o lugar estava
impregnado de simbolismo e religiosidade, com uma profunda relação com o sobrenatural.
Assim sendo, permeado por estes sentimentos relacionados ao sagrado, foi que a família Pereira
construiu na segunda metade do século XIX, nas imediações do Cruzeiro, um rancho para abrigar os fiéis que
faziam penitências no pé do Cruzeiro, peregrinavam pedindo chuva na época da seca ou rezavam pelas almas.
Posteriormente, no final do século XIX, construiu-se a primeira Capela no ano de 1899. Em 1954 ela foi
totalmente reconstruída e no final dos anos de 1990 o cruzeiro de madeira, com deterioração avançada, foi
substituído por um cruzeiro de alvenaria. A cruz antiga de madeira foi enterrada no adro da Capela.
Os símbolos do cruzeiro são: o galo de São Pedro, que representa a luz da aurora, a luta e a vitória de
Cristo ressuscitado, vitória da qual participava São Pedro mártir, a escada, simbolizando descimento do corpo
de Cristo da cruz, os instrumentos do martírio o martelo e duas lanças, o cálice da amargura oferecido a Jesus
61
foto:
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por um anjo no horto das Oliveiras, o véu de Verônica, que representa o pano que Verônica enxugou o
rosto de Jesus na subida do calvário, a coroa símbolo da soberania. Segundo um dito popular acima de
Deus, só a sua coroa e uma placa com a inscrição INRI - Iesus Nazarenum Rex Ideorum (Jesus Nazareno
Rei dos Judeus).
No ano 2014 ocorreu à última reforma na Capela da Saudade com a troca do telhado, do forro
interno e pintura interna e externa. Atualmente, acontecem na Capela a Festa da Santa Cruz de Todos os
Santos no mês de maio, celebração de missa uma vez ao mês, Procissão e a Cavalgada da Saudade.
A festa na Capela da Saudade cria um momento especial no cotidiano da população rural,
revelando-se como um espaço vivo, constituído pela convivência de várias gerações das famílias das
fazendas próximas, que demonstram grande interesse no tombamento do bem.
A Capela da Saudade não possui relevante valor arquitetônico, entretanto, exerce grande valor
simbólico e sagrado para as comunidades do entorno, além de grande importância para a religiosidade
rural.
Esse foi o alicerce no qual surgiu a cidade de Uberlândia, pois, no interior do Sertão da Farinha
Podre, no início do século XIX, os pequenos povoados que salpicavam esta região, se formaram no entorno
de pequenas Capelas, em um cotidiano permeado pelo valor simbólico dos ritos religiosos que atribuíam
sentido à vida. As festas, os ritos religiosas, as procissões e devoções que ocorrem na Capela da Saudade
recuperam um passado no qual a celebração se torna um fragmento das histórias de formação deste povo.

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Praça do Rosário
Registrada como Patrimônio
Imaterial Municipal pelo
Decreto nº 17.903 –
07/01/2019. Registro no Livro
de Lugares, Inscrição I, pág. 66.

O Patrimônio Cultural
é elemento fundamental na
formação da identidade cultural
de um povo, portador de
expressivo valor simbólico e
social, que se manifesta através
dos bens materiais e imateriais representativos para a comunidade.
Uberlândia é uma cidade que se formou em meados do século XIX e, naqueles anos a religiosidade
ditava a cadência do cotidiano em São Pedro de Uberabinha. O Arraial se estabeleceu a partir da construção de
uma Capela dedicada à Nossa Senhora do Carmo, demolida nos anos de 1940, local atualmente conhecido
como Bairro Fundinho e que abrigou as principais manifestações religiosas daqueles anos. No entorno da
pequenina Capela as primeiras famílias se aglomeraram e construíram o primitivo núcleo urbano da cidade. A
legislação municipal organizou o espaço urbano e a Igreja instituiu os hábitos, costumes e tradições de um
Arraial que, desde o início, se sustentou nos alicerces da modernidade e progresso.
A Praça do Rosário foi criada de forma adversa! Este espaço urbano se formou nos arrabaldes do
Arraial em terreno contíguo ao cerrado, localizado depois do cemitério e cercado por chácaras, caminhos,
trilhos e estradas de saída da cidade. Local de pouca importância na cartografia urbana, se constituindo a partir
dos usos e celebrações, passando a ter importância como espaço urbano somente nas primeiras décadas do
século XX.
Esta praça, e seu entorno, abrigou as práticas sociais e manifestações artísticas da comunidade negra,
forjada pelas práticas culturais e religiosas, pelos ritos e cânticos que ecoavam a grande distância das famílias dos
coronéis e comerciantes que habitavam no primitivo núcleo urbano.
A Praça do Rosário é o entorno da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, erguida nos anos
de 1891, por descendentes de escravos, que moravam na sua grande maioria no Bairro Patrimônio de Nossa
Senhora da Abadia, localizado a grande distância da Igreja do Rosário. Desta forma, se constitui como
importante ponto de referência para a comunidade local, pois, além de ser reconhecidamente um local de
sociabilidade ela abriga desde o século XIX a Festa em Louvor à Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, uma
das maiores expressões culturais do município, Registrada como Patrimônio Cultural da cidade no ano de 2008.
Este espaço urbano expressa a diversidade cultural do Município, lugar representativo por excelência
das ambiguidades e das trocas culturais. Seus alicerces sustentam a rigidez de um tempo em que as tradições
culturais de matriz africanas não recebiam o merecido reconhecimento de sua importância para a formação da
identidade local.
Atualmente, o ecoar dos tambores ressoam alto as identidades culturais locais. Desta relação de fé,
celebração e diversidade cultural a cidade se formou e se constituiu como referência na região.
Destacadamente, reiteramos a importância da Praça do Rosário como referência na formação da
cartografia urbana e como espaço de (re) significações culturais, abrigando comunidades diversas que se
apropriaram dela como lugar de devoção, fé e múltiplas sociabilidades.
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foto:
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Teatro Grande Otelo
Av. João Pinheiro, 1789 - B. Aparecida

Registrado como Patrimônio Imaterial Municipal pelo Decreto nº 17.902 – 07/01/2019.


Registro no Livro dos Lugares, Inscrição II, pág. 67.
Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 18.035, de 01/04/2019.
Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição XX, pág. 29.

O Teatro Grande Otelo, construído no ano de 1966, é elemento fundamental na formação da


identidade cultural da cidade de Uberlândia. Manifesta expressivo valor simbólico e social e possui o atributo
de despertar o sentimento de pertencimento na comunidade local. Quando foi construído, então um cinema
chamado Cine Vera Cruz, ele representou um fomento às relações sociais de Uberlândia, tendo em vista que
todos os espaços de sociabilidade e lazer estavam circunscritos ao centro da cidade.
A construção deste cineteatro na Vila Operária, associada às intervenções urbanas e paisagísticas em seu
entorno, simbolizou o progresso e a sofisticação na cidade em crescimento. Foi transformado em teatro em
1985 e, 1992, passou a receber o nome atual em homenagem ao famoso artista uberlandense Grande Otelo.
Atualmente, apesar de ser de arquitetura modesta, o Teatro Grande Otelo é uma referência importante no
espaço urbano e também para a comunidade artística local que reivindica a sua ocupação.
Atrelado à sua materialidade, existem valores, sensações, significados sociais e elementos subjetivos
indissociáveis das tradições e memórias da comunidade local que reconhece seu valor histórico, cultural e
simbólico enquanto um Teatro que é parte da construção da cidade e da identidade de seu povo.
Tendo em vista a sua importância e o arraigado sentimento de pertencimento da comunidade o Teatro
Grande Otelo foi merecedor da aplicação do instrumento de Registro, como forma de garantir sua
preservação, reconhecimento e valorização para esta e futuras gerações uberlandenses.
Aliado ao instrumento do Registro, foi acatada a Ordem Judicial do Processo de nº 0389161-
56.2011.8.13.0702 no qual o Excelentíssimo Juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública determinou o Tombamento
64 do prédio conhecido como Teatro Grande Otelo.
foto:
**
Centro Municipal
de Cultura
(Antigo Fórum)
Pça. Professor Jacy de Assis s/nº
Centro

Tombamento Provisório
aprovado pelo COMPHAC,
em 10/04/2018.

O C e n t r o
Municipal de Cultura
ocupa o prédio que foi
construído na década de 1970, para ser o Fórum de Uberlândia. As obras da construção foram iniciadas em 25 de
dezembro de 1972 e finalizadas em 02 de maio de 1977. No ano de 2017, o Fórum transferiu suas atividades para
novas e modernas instalações e cedeu a edificação ao município para abrigar um Centro Municipal de Cultura.
O projeto desta edificação é de estilo “brutalista”, de autoria dos arquitetos mineiros Roberto Pinto
Manata e José Carlos Laerder de Castro e está localizado em local de grande relevância para a história da cidade.
No final século XIX, foi construída nestas imediações, a Estação da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro.
Todo este espaço urbano e seu entorno compunham o complexo do pátio da estação. Para além da importância
histórica do local, o prédio do antigo Fórum representou, nos últimos quarenta anos, uma centralidade social e
política, adquirindo grande valor simbólico para a comunidade em geral.
Esta importante edificação para a cidade, que abriga hoje o Centro Municipal de Cultura, está sendo
apropriada de forma efetiva pela comunidade local, pois as atividades próprias do Fórum impediam que a
população tivesse acesso às dependências na sua integralidade.
As memórias deste passado precisam ser preservadas. Entretanto, a edificação contará uma nova história.
Acolherá novos sonhos que serão encenados no palco do antigo tribunal do júri; nos corredores e vãos; nos
futuros espaços de arte que no passado eram as celas dos réus. Em toda a extensão do prédio os visitantes serão
surpreendidos com a arte; com a plasticidade de obras que valorizarão a edificação, ao mesmo tempo em que
viabilizará a compreensão dos transeuntes para a importância da sua preservação e da sua apropriação pela
comunidade local.
Os passados se reinventam através dos múltiplos relatos. As histórias, contadas, vivenciadas e/ou
silenciadas estarão diluídas nas entrelinhas de inúmeras expressões artísticas possibilitando o conhecimento de
narrativas que contam a história de formação desta cidade e seu povo.
65
foto:
**
Centro de
Tecelagem
Fios do Cerrado
Av. Francisco Galassi, 855
B. Patrimônio

Tombamento Provisório
aprovado pelo COMPHAC,
em 07/05/2019.

O Centro Fiação e Tecelagem foi construído com o intuito de preservar o ofício das tecedeiras,
significativa referência cultural de Uberlândia. A edificação foi projetada para abrigar esta relevante arte e se
tornou importante no espaço urbano, tanto pela qualidade e originalidade arquitetônica como pela beleza dos
painéis das fachadas que remontam à trama das tecelãs. A opção construtiva pelo bloco de concreto assentado
em juntas intercaladas inspirou o artista Henrique Lemes a criar três painéis nas fachadas que sugerem tramas e
cores da tradicional produção regional.
A construção é da década de 1990 e composto por áreas administrativas, de produção e de serviço. O
conceito adotado no projeto parte de uma forma hexagonal, formando um jardim interno, circundado pelo
espaço da produção. Os demais espaços estão acoplados no hexágono de forma equidistante. No centro do
jardim interno encontra-se a caixa d'água, com 23,00metros de altura, em anéis pré-moldados, que desempenha
importante papel na intenção projetual, por estar implantada no centro geométrico da edificação.
Externamente, o elemento verticalizador é de crucial importância plástica e de destaque na paisagem urbana.
Internamente, funciona como referencial físico que, circundado pelo espaço de produção, confere a este um
aspecto integrado e não hierarquizado.
No projeto de paisagismo foram incluídas plantas como jambolão, abricó, murici, amora, urucum,
romã, etc., espécies que tradicionalmente tingiam os fios para a tecelagem manual na região.
Os arquitetos autores do projeto arquitetônico são Roberto Andrade, Maria Eliza Guerra e Márcia
Cristina Freitas. O projeto estrutural ficou a cargo do engenheiro Carlos Kaufmann e foi executado mediante
convênio entre o BID, Governo do Estado de Minas e Prefeitura Municipal de Uberlândia, com o objetivo de
regatar essa cultura, trazendo para o local as fiandeiras, que ainda hoje, detém a técnica herdada de mãe para
filha.
O edifício é um lugar que expressa a correspondência entre a integridade do edifício e a preservação do
patrimônio imaterial. O ranger dos teares e a dança das lançadeiras provocam o aparecimento da trama, de
desenhos geométricos, assimétricos, coloridos e únicos. São criações anônimas de aprendizes e mestras que
com a agilidade das mãos nos revelam a sabedoria de um tempo em que fiar, cardar e tecer, eram atividades do
passado vinculadas à sobrevivência familiar.
Na comunhão destes passados, a produção doméstica estava intimamente relacionada ao fio da vida, às
suas necessidades e aos seus sentimentos. As nuances, cores e desenhos criados nos permitem pensar na arte
como um dos fios que compõem a trama do tecido social de Uberlândia.
66 foto:
**
Igreja do Espírito Santo do Cerrado (Tombamento Estadual)
Av. Dos Mognos, 355
B. Jaraguá

Tombamento aprovado
pelo IEPHA em
18/02/1997 e
homologado em
09/05/1997

Lei Municipal nº 5.207,


de 27/02/1991 “Declara
de excepcional valor
artístico cultural, para
fins de preservação, a
Igreja do Espírito Santo
do Cerrado”.

A Igreja do Espírito Santo do Cerrado foi projetada em 1975 pela arquiteta


Lina Bo Bardi a pedido do Frei Egydio Parisi e o Frei Fúlvio.
A Igreja foi construída em um sistema de mutirão, realizando-se, assim, um
trabalho em conjunto entre arquiteto e mão de obra. De 1975 a 1981, Lina Bo Bardi
esteve por diversas vezes em Uberlândia para dar prosseguimento à construção
escolhendo os materiais, fazendo todos os detalhamentos in loco e, principalmente,
trabalhando diretamente com mestres de obras e os operários locais. Na época foi
constituído pelos moradores um “Conselho de Construção” e conseguiu-se uma
ajuda substancial da organização alemã Adveniat, sediada em Essen.
A Igreja Espírito Santo do Cerrado constitui-se de um conjunto formado pelo
espaço de celebração, a igreja propriamente dita, pelo Museu de Arte Sacra e um salão.
A implantação destes foi realizada através da execução de quatro platôs. Na realização
desse projeto, foram utilizados materiais do próprio local, tais como tijolos de barro e a
estrutura portante de madeira, em aroeira da região.
Restringiu-se o emprego do concreto armado apenas às partes essenciais da
estrutura: pilares e vigas dos volumes circulares da igreja e da residência. O volume da
Igreja é localizado na parte mais alta do relevo. Seu acesso se dá frontalmente à Avenida
dos Mognos, por uma porta de madeira treliçada. O volume é constituído por um
círculo, cuja estrutura do telhado é sustentada por oito pilares em madeira, dispostos
regular e ortogonalmente.
A estrutura do volume apresenta vigas e pilares em concreto armado, aparentes na
fachada, com fechamento externo em tijolinho também aparente. Nas paredes
internas é visível massa e pintura na cor branca, aplicadas em uma intervenção
posterior. O piso é realizado em pedra portuguesa, com pintura na cor rosa, com
corredor central com piso com pintura branca e moldura em toda a extensão da
circunferência na cor preta. A Igreja não possui forro, ficando aparentes a estrutura do
telhado em madeira e o revestimento em telhas capa-e-canal.
Pela sua importância arquitetônica a Igreja foi tombada como patrimônio pelo
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico Artístico/ MG – IEPHA. 67
fotos:
**
Vamos exercitar - Proposta para professores e alunos
VOCÊ SABE QUAIS SÃO OS BENS QUE COMPÕEM O PATRIMÔNIO CULTURAL
DO LOCAL ONDE VOCÊ MORA OU DE SEU MUNICÍPIO?
A escola, o prédio onde está instalada a biblioteca, a área de lazer, a caracterização destes lugares, uma árvore,
uma pessoa, uma casa, uma receita de família, alguém que sabe trabalhar com madeira, com alambique, um cruzeiro, um
campo santo.
ŸO que esse bem significa? Qual o seu valor?
ŸQuais as ações necessárias à sua preservação, manutenção, conservação, restauração, uso, administração?
ŸQuais os vestígios que estamos deixando como testemunho de nossa geração? Assim como os povos antigos
deixaram vestígios de seus hábitos e costumes, quais os rastros que estamos deixando para o futuro?
Escolha um objeto que fale sobre o passado de sua família ou comunidade. Faça uma pesquisa sobre ele e
conheça como e do que ele é feito e para o que era utilizado. Converse com as pessoas mais velhas e busque informações
que poderão ser importantes para você compreender como viviam as pessoas no passado. Depois, registre estes objetos
através de desenhos, maquetes, fotografias, descrição ou redação e leve para a sua escola. Mostre para seus colegas,
discuta com o professor e entenda as formas de viver diferentes de cada comunidade ou cultura.
CADA UM TEM UMA HISTÓRIA
1. Peça aos seus alunos que façam um levantamento dos locais, construções, relevo e recursos naturais do bairro
ou da cidade onde moram e, depois, desenhem o que observaram. Proponha que, em grupos, eles montem painéis
contando um pouco da história e da geografia do local.
2. Num outro dia, organize um estudo sobre alguma cidade histórica próxima a sua (se houver) ou leve para a
classe fotos e livros sobre lugares significativos como Ouro Preto (MG), Tiradentes (MG), São João Del Rei, Bichinho,
Congonhas, dentre outras.
3. Compare os dados coletados nos dois trabalhos e levante discussões. Por que as construções utilizavam
determinados materiais? Por que as casas são diferentes de um lugar para outro? O relevo interfere no modo de vida dos
moradores de cada cidade? Os alunos devem pesquisar as respostas. Junto com eles, produza versões, relacionando a
arquitetura com a economia, a sociedade, os costumes, o local e a época dos lugares analisados.
4. Peça aos alunos que conversem com pessoas mais velhas (avós, vizinhos) e perguntem como era a cidade na
época em que eles eram jovens. Oriente-os a tomar notas, gravar, fotografar e depois, em classe, a compartilhar a
experiência com os outros. No final, conclua atentando para a importância da história oral, aquela que não se aprende em
livros, mas pela conversa entre as pessoas de diferentes gerações.
QUE TAL FAZERMOS UM INVENTÁRIO DO
PATRIMÔNIO CULTURAL DO LOCAL ONDE MORAMOS?
Escolha um bem e responda:
ŸÉ um bem material ou imaterial?
ŸTrata-se de um bem integrado a um imóvel?
ŸTrata-se de um bem móvel?
ŸQual a localização do bem?
ŸQuem é o proprietário? Necessita de proteção?
ŸA que se refere o bem imaterial: a saberes, celebrações, rituais e festas, formas de expressão, a lugares onde se
reproduzem práticas culturais?
ŸReproduza em desenho este bem, seja ele uma pessoa, um lugar, um objeto, uma festa ou um conhecimento.
68 ŸFotografe.
ŸRelate os detalhes particulares e entrecruzados do valor deste bem.
BRINCANDO TAMBÉM SE APRENDE
MÃO NA MASSA: DIVULGAR PARA PRESERVAR

Professor, depois de exercitar a valorização do patrimônio cultural através da


leitura da cartilha, da prática do jogo e do debate, que tal construir um Museu
Temporário com seus alunos? Ele poderá ser realizado no dia do aniversário da
escola, por exemplo:

ŸPeça para eles trazerem de casa objetos antigos, fotos de família, receitas
culinárias tradicionais, de chás e remédios caseiros. Os alunos poderão contar para a
turma a história daquele bem material ou imaterial que trouxeram. Ajude-os a fazer
uma ficha de identificação dos objetos e das fotografias, descreva sua utilização, o
nome do proprietário e a provável data de fabricação ou de aquisição. Nas fotografias,
indique a data, o nome das pessoas retratadas, o local e o nome do proprietário, além
do fotógrafo, se possível.
ŸMonte um catálogo com plantas regionais, pegue as partes da planta logo que
forem colhidas e coloque-as entre folhas de jornal para secá-las, ponha sobre elas um
peso que pode ser um livro grosso, por exemplo. Quando já estiverem secas, o que
pode demorar cerca de uma semana, fixe-as em uma folha A4 ou em pedaços de
papelão com gotas de cola ou faça pequenos furos no papel e amarre-as, crie uma
ficha de identificação com o nome popular, o nome científico e sua utilização. Você
poderá dispor essas amostras sobre uma mesa ou em painel. Caso queira arquivar
estas amostras não as coloque dentro de saco plástico, pois podem gerar mofo,
prejudicando sua conservação.
ŸOrganize a mesa dos Quitutes Regionais, selecione uma das receitas e faça-a
com seus alunos. Peça aos demais que expliquem para todos como realizar as demais
receitas que eles trouxeram.
ŸPesquise origem e a história de sua família (dos alunos), da cidade e das
principais festas populares da região, divulgue essas pesquisas. Incentive seus alunos
a escrever poemas sobre o tema e a coletar “causos” da região. Monte um varal de
poemas e “causos”.
ŸSelecione músicas antigas da região, divulgue a data de composição, o
compositor e o cantor. Escute-as enquanto realizam as atividades.
ŸPara realizar esta atividade você poderá mobilizar toda a escola. Peça ajuda
aos outros professores. Cada turma poderá ficar responsável por uma parte do
Museu. Depois do trabalho realizado, converse com seus alunos, peça para eles
falarem e registrarem a experiência. Transforme este trabalho em uma valorização do
local onde você e seus alunos moram. Cultive o seu patrimônio cultural.
69
foto:
***
SAIBA QUE
Ÿ Somente a partir de 19 de outubro de1929, pela Lei n° 1128, a cidade teve o seu nome mudado para
Uberlândia, pois anteriormente chamava-se Uberabinha;
Ÿ O prédio que abrigou a Biblioteca Pública Municipal foi construído para ser a Estação Rodoviária que foi
inaugurada em 1946. Neste local, por volta de 1846 até nos anos de 1940, havia a primitiva Capela do Arraial,
posteriormente Matriz e foi dedicada à Nossa Senhora do Carmo;
Ÿ O pátio da Mogiana, as colônias de casas dos operários e a Estação de Trem ocupavam o lugar onde hoje é a
Praça Sérgio Pacheco, o Centro Municipal de Cultural e o Terminal Central;
Ÿ As avenidas João Naves de Ávila e Monsenhor Eduardo eram o caminho dos trilhos do trem de ferro que
cruzavam a cidade;
Ÿ A avenida Afonso Pena começou a ser asfaltada em 1956;
Ÿ A atual Praça Dr. Duarte, no início do século XX, era conhecida como Largo do Comércio e era ali que os
carros de bois chegavam trazendo mercadorias de outras regiões e adquiriam os artigos que a cidade
comercializava;
Ÿ O Teatro São Pedro era de propriedade do Sr. Custódio da Costa Pereira e situava-se na rua Felisberto
Carrejo. Era na época um dos principais locais de entretenimento da sociedade uberabinhense e foi
inaugurado em 28 de novembro de 1909;
Ÿ A Igreja Matriz de Santa Terezinha foi inaugurada em 25 de novembro de 1941 e quem celebrou o
cerimonial foi Monsenhor Eduardo Santos;
Ÿ A Praça Clarimundo Carneiro foi o segundo cemitério da cidade construído em 1880. Entre os anos de 1892
a 1898 este cemitério ficou interditado para ser construído no lugar um jardim público que se chamou Praça
da Liberdade. Nesta ocasião, outro cemitério foi construído, onde atualmente está a Vila dos Militares na
avenida Afrânio Rodrigues da Cunha;
Ÿ O prédio do Museu Municipal foi construído em 1917 com projeto de Cipriano Del Fávero para abrigar os
poderes Legislativo e Executivo, o Coreto entre os anos 1926 - 1927. Em 1929 aquela praça passou a chamar
Antônio Carlos e somente em 1961, recebeu o nome de Clarimundo Carneiro;
Ÿ Até o ano de 1930 a cidade era administrada pelo Agente Executivo que era também o presidente da Câmara
Municipal;
Ÿ A Praça Tubal Vilela nos primeiros anos do século XX era utilizada como um campo de futebol. Ela era
denominada de Praça da República. Porém, por causa das moitas de bambus que foram plantados para sua
ornamentação ficou conhecida como Praça dos Bambus;
Ÿ O Mercado Municipal foi construído no ano de 1944 e nas suas paredes externas existem pinturas do artista
uberlandense Geraldo Queiroz;
Ÿ A avenida Rondon Pacheco e Getúlio Vargas recobrem os córregos que delimitaram o Patrimônio de Nossa
Senhora do Carmo, santa padroeira da cidade de Uberlândia;
Ÿ A cidade de Uberlândia foi emancipada com o nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra
de São Pedro de Uberabinha;
Ÿ Antes da chegada dos homens brancos a esta região aqui era habitado por índios e quilombolas.
Ÿ O primeiro homem branco que chegou aqui para morar foi João Pereira da Rocha.
Ÿ O edifício Tubal Vilela foi o primeiro da cidade. Antes dele, o maior era o Edifício Drogasil com sete andares,
70
na Avenida Afonso Pena.
NOME GESTÃO CARGO

SAIBA QUANTOS E QUAIS FORAM


Antônio Alves dos Santos 1891 – 1892 Pres. da Intendência

OS PREFEITOS DE UBERLÂNDIA
(Nomeado pelo Gov. do Estado)

Augusto César Ferreira e Souza 1892 – 1894 Agente Executivo


José Lellis França 1895 – 1897 Agente Executivo
Severiano Rodrigues da Cunha 1898 – 1900 Agente Executivo
José Teixeira de Santa´Anna 1901 – 1903 Agente Executivo
Severiano Rodrigues da Cunha 1904 – 1907 Agente Executivo
Alexandre Marquez 1908 – 1912 Agente Executivo
João Severiano Rodrigues da Cunha 1912 – 1922 Agente Executivo
Eduardo Marquez 1923 – 1927 Agente Executivo
Octávio Rodrigues da Cunha 1928 – 1930* Agente Executivo
Lúcio Libânio 1931 – 1932 Prefeito Nomeado
Claudemiro Alves Ferreira 1933 Prefeito Nomeado
Vasco Giffoni 1934 – 1935 Prefeito Nomeado
Vasco Giffoni / Luiz Lisboa 1936 Prefeito Nomeado
Vasco Giffoni 1937 – 1942 Prefeito Nomeado
José Antônio de Vasconcelos Costa 1943 – 1945 Prefeito Nomeado
João Paulo Vasconcelos 1946 Prefeito Nomeado
Euclides Gonzaga de Freitas 1946 – 1947 Prefeito Nomeado
Benjamin M. de Oliveira 1947 Prefeito Nomeado
Luiz Rocha e Silva 1947 Prefeito Nomeado
Cleanto Vieira Gonçalves 1947 Prefeito Nomeado
José Fonseca da Silva 1948 – 1950 Prefeito Eleito
Tubal Vilela da Silva 1951 – 1955 Prefeito Eleito
Afrânio Rodrigues da Cunha 1955 – 1959 Prefeito Eleito
Geraldo Mota Batista 1959 – 1962 Prefeito Eleito
Raul Pereira de Rezende 1963 – 1966 Prefeito Eleito
Renato de Freitas 1967 – 1970 Prefeito Eleito
Virgilio Galassi 1971 – 1972 Prefeito Eleito
Renato de Freitas 1973 – 1976 Prefeito Eleito
Virgilio Galassi 1977 – 1982 Prefeito Eleito
Zaire Resende 1983 – 1988 Prefeito Eleito
Virgilio Galassi 1989 – 1992 Prefeito Eleito
Paulo Ferolla da Silva 1993 – 1996 Prefeito Eleito
Virgilio Galassi 1997 – 2000 Prefeito Eleito
Zaire Rezende 2001 – 2004 Prefeito Eleito
Odelmo Leão Carneiro Sobrinho 2005 – 2012 Prefeito Eleito
Gilmar Machado 2013 – 2016 Prefeito Eleito
Odelmo Leão Carneiro Sobrinho 2017 – 2020 Prefeito Eleito 71
SAIBA QUANTOS E QUAIS FORAM OS SECRETÁRIOS DE CULTURA
NOME GESTÃO
Iolanda de Lima Freitas 1984 - 1988
Terezinha Aparecida Magalhães de Lima 1989 - 1992
Creuza Rezende 1993 - 1996
Myrthes Linhares Lintz 1997 - jun/1998
Manuel Andrada Porto jun - ago/1998
Terezinha Aparecida Magalhães de Lima ago/1998 - 2000
Lidia Maria Meireles 2001 - 2003
Alcides Melo 2004
Mônica Debs Diniz 2005 - 2012
Gilberto Neves 2013 - jul/2016
Iara Magalhães jul/dez - 2016
Mônica Debs Diniz 2017 - 2020

VALE MENCIONAR OUTRAS INSTITUIÇÕES DA


SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA PELO APOIO E
DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE PRESERVAÇÃO E
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL TAIS COMO:
O Arquivo Público de Uberlândia preserva a documentação pública produzida pelo Legislativo e pelo
Executivo. Mantém ainda, sob sua custódia, importantes coleções constituídas por: documentos iconográficos,
cartográficos, manuscritos, jornais, revistas, provenientes de instituições ou pessoas da comunidade como Prof.
Jerônimo Arantes, Osvaldo Naghettini, Jornal o Correio, Roberto Cordeiro dentre outros.
O Arquivo Público desenvolve projetos de Ação Cultural, dentre eles o Identificando o Passado que é uma
parceria com o Jornal Correio no qual é publicada semanalmente uma fotografia antiga da cidade para que a
comunidade a identifique. O projeto visa resgatar a memória e a história local. O projeto Arquivo Escola e
Sociedade realiza uma interação entre o Arquivo Público com as escolas locais através de visitas orientadas no
espaço do Arquivo. Os alunos além de conhecer os documentos históricos e o trabalho realizado para sua
preservação têm a oportunidade de assistir a exibição de um vídeo sobre a história da cidade.

As escolas podem agendar por e-mail: arquivopublico@uberlandia.mg.gov.br


Fone: (34) 3232-4744 - Rua Ceará, 3.105 | Bairro Custódio Pereira
Horário de atendimento ao público: das 8h às 17h de segunda a sexta-feira.
72
Desde sua fundação, em 1987, o Museu Municipal de Uberlândia se dedica à preservação da memória
histórica da cidade. Em 1996, o Museu passou a ocupar o Palácio dos Leões, sede do antigo Paço Municipal,
construído entre 1916 e 1917, o que conferiu à instituição visibilidade e importância no processo de identificação
cultural da população.
O Palácio dos Leões faz parte do importante e significativo conjunto paisagístico e arquitetônico da Praça
Clarimundo Carneiro, tombado como Patrimônio Histórico em 1985.
O Museu mantém espaços destinados a exposições, nos quais realiza ações educativas, acompanhadas de
monitores. Expõe objetos em cenários, permitindo uma viagem no tempo, de forma didática e lúdica, que instrui
enquanto diverte, consolidando-se como importante ponto turístico da cidade e região.
O Museu realiza, ainda, exposições fora de seu espaço e desenvolve projetos de ação educativa em escolas,
faculdades ou grupos interessados.
O espaço do Museu, dentro de suas várias atribuições, disponibiliza uma área destinada a exposições
temporárias, uma sala pedagógica onde são realizadas oficinas, além de uma biblioteca aberta ao pesquisador da
história de Uberlândia.

Visitas orientadas para grupos com mais de 15 pessoas devem ser agendadas com antecedência.

Museu Municipal de Uberlândia


Praça Clarimundo Carneiro, 67, Centro
Fone: (34) 3214-0068
Horário de Atendimento ao público: de segunda à sexta, da 8h às 17h30.
www.museumunicipaldeuberlandia.blogspot.com 73
fotos:
***
BIBLIOGRAFIA ARANTES, Antônio Augusto. Patrimônio cultural: desafios e perspectivas atuais. Brasília, DF: Unesco, IPHAN, Minc, 2008.
BARROS, José D' Assunção. A história da cultura material. O campo da história. especialidades e abordagens. Petrópolis: Vozes, 2004.
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INSTITUTO ESTADUALDO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO. Registro de bens culturais de natureza imaterial do Estado de Minas Gerais. Belo
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Universidade Federal de Uberlândia. Dissertação. Uberlândia, 2002.
LOURENÇO, Luis Augusto Bustamante. DAS FRONTEIRAS DO IMPÉRIO AO CORAÇÃO DA REPÚBLICA: O TERRITÓRIO DO TRIÂNGULO MINEIRO NA
TRANSIÇÃO PARA A FORMAÇÃO SÓCIO ESPACIAL CAPITALISTA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX. Universidade de São Paulo. Tese. São Paulo,
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Iphan: www.iphan.gov.br.
Iepha: www.iepha.mg.gov.br.
Fotos: *Acervo Arquivo Público de Uberlândia - **Acervo SECOM - ***Acervo SMC.
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A Secretaria Municipal de Cultura

agradece ao Conselho de Arquitetura e

Urbanismo CAU/MG pelo patrocínio na

publicação desta Cartilha sobre o

Patrimônio Cultural do Município,

através do Projeto Patrimônio Cultural:

que bicho é esse?

Convênio CAU/MG 009/2019

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