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Se a República encontrou na morte a melhor imagem para o seu pro- e a figuração geométrica, os fonemas constantes que constituiriam como
grama de regeneração da indústria popular, com a consolidação do Estado que um alfabeto simbólico puro: “a arte popular é sobretudo ornamental; é
Novo, novos caminhos ideológicos encontram na Arte Popular o berço da antes de mais uma alegoria de cores ou de tons vivos, que enche a configu-
linguagem plástica, e nessa origem o caminho de regeneração da arte mo- ração geométrica dos símbolos” (VIDA E ARTE DO POVO PORTUGUÊS, 1940: 70).
derna. Assim como as artes plásticas eruditas eram o espelho da civilização Símbolos da história da nacionalidade, com um profundo potencial peda-
moderna, não havia na cultura popular manifestação que não implicasse gógico, já que ao contrário da linguagem erudita, era por definição espon-
8 um carácter plástico, onde era possível ler os traços da alma do Povo Portu- tânea, popular e imediatamente compreensível a todos.
guês. Na sugestiva imagem de António Ferro, poderia se construir, a partir Entre os eventos e exposições organizadas pelo Secretariado de Propa-
da Arte Popular, o “alfabeto de imagens” da História de Portugal. ganda Nacional destaca-se a Exposição de Arte Popular Portuguesa que,
A Etnografia da época lia a História como um longo processo evolutivo, e em 1935, se realizou em Genebra, e no ano seguinte em Lisboa, colecção
via nas tradições mantidas pelo povo uma cultura primitiva, marcada pela que estaria na origem do Museu de Arte Popular, inaugurado em 1948.
sobrevivência de costumes ancestrais. Assim, por exemplo, a decoração ge- Pelo meio editou-se, em ano de duplo centenário da fundação e restaura-
ométrica dos objectos da cultura pastorícia, nos polvorinhos, nas cornas, ção da nacionalidade, a obra Vida e Arte do Povo Português, onde a ilus-
nos tarros de cortiça, são uma decoração comum aos artefactos campone- tração, mais que um documento de registo etnográfico, é uma forma de lei-
ses em toda a Europa e Ásia, provável fruto de uma mesma origem com ra- tura e interpretação dos valores plásticos da arte popular.
ízes na pré-história, aos primórdios da civilização agrária. Entre apelos pela conservação da verdadeira arte popular contra a escra-
Ao primitivo associava-se também a ideia de simplicidade, pureza e es- vização do artesão pelo mercado, a incorporação de elementos da plásti-
pontaneidade. Ao traje popular se associam as qualidades de estável, con- ca popular tem os seus resultados mais conhecidos nas artes decorativas
tínuo, natural e espontâneo, que evidentemente se opõem ao instável, arti- do Estado Novo, com especial impacto na ligação com o Turismo e na cria-
ficial e estudado das modas eruditas. E onde encontrar maior pureza senão ção das Pousadas de Portugal, sediadas em edifícios históricos decorados
na linguagem plástica? Concebida num tempo anterior à escrita era uma com estilizações das artes regionais. No caso de Évora, essa estilização mo-
linguagem simbólica e universal que continuava a ser trabalhada de manei- derna está particularmente presente na pintura de móveis alentejanos que
ra intuitiva pelos artesãos. passaram a adoptar uma decoração apoiada na estilização de motivos flo-
Nessa ordem de ideias, os estudos sobre as diversas expressões mate- rais e em formas geométricas de cores puras, opções também que foram
riais da arte popular deveriam identificar a forma da combinação das cores acrescentadas ao repertório dos tapetes de Arraiolos.
O Artesão-Artista e o Mercado
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ESGRAFITO DA ERMIDA DE SÃO BRÁS 15
(CÓPIA)
Os mais antigos exemplares de esgrafitos que co- manteve-se no século XVII, sendo agora utilizada
nhecemos datam dos finais do século XV e prin- também para a decoração dos interiores, como
cípios do XVI, associados ao gosto mudéjar da no magnífico tecto da Igreja do Convento da Sau-
arquitectura manuelina, como no magnífico fri- dação em Montemor, datado de 1642. Nas últi-
so da Ermida de São Brás, em Évora construí- mas décadas do século XIX, os esgrafitos serão
da por iniciativa de D. João II entre os anos de uma componente importante da arquitectura ec-
1482 e 1485, talvez com a participação de artí- léctica, diferenciando a fisionomia urbana das vi-
fices moçárabes. las alentejanas. Contrariamente ao que sucedeu Cópia do esgrafito da Ermida de São Brás, Évora
Trata-se de uma técnica bastante simples mas de mais a Norte, o azulejo ficou relegado a segundo MATERIAL Argamassa de cal e areia sobre painel de fibra de vi-
grande eficácia decorativa, normalmente realiza- plano, sendo curioso que os mesmos padrões de- dro e poliéster
da com o auxílio de um molde de metal ou ma- corativos fossem aqui traduzidos em superfícies AUTOR Atelier Mural da História, 2005
deira, que delimita o desenho dos motivos que murais coloridas, ou em suaves relevos como é o PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 3.MAC
serão raspados sobre a argamassa. O relevo as- caso da fachada do edifício da Rua de Avis, n.º DIMENSÕES Alt. 45,5 x Larg. 180 cm
sim criado é acentuado pelo contraste da pintu- 90, actual sede da Região de Turismo de Évora. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
ra de cal branca sobre a argamassa cinzenta de Desse período conhecem-se apenas alguns ca-
preparação, realizada com cal parda. sos, em parte devido as posturas municipais de Ermida de São Brás, Évora
A tradição técnica, no que pode ser considera- 1937, que condicionaram a pintura das facha- (pág. anterior)
da uma marca regional das artes decorativas, das ao branco da cal. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
16 CABECEIRA DE CAMA
Os “móveis pintados de Évora” ou, como talvez posição de urnas com flores, circundada por uma
seja mais justo denominar-se, em função da ac- barra de caracóis de folhas de acanto. A cabecei-
tual dispersão geográfica das oficinas, os móveis ra de cama da colecção de António Charrua Faus-
pintados do Alentejo, surgem num processo de tino, que aqui se expõe, decorada com ramos de
continuidade dos móveis eruditos neoclássicos, rosas sobre o fundo vermelho, e sublinhada pelo
herdando as linhas convexas e torneadas, os as- contorno de um filete amarelo que termina em
sentos de palhinha e as decorações vegetalistas. grega, é uma reminiscência da moda do móvel
Antes de se fixarem exclusivamente na decoração lacado importado do Oriente, e da produção por- Cabeceira de cama
floral, os pintores acompanharam, nas últimas tuguesa setecentista dos móveis de charão, com MATERIAL Pintura a óleo sobre madeira de casquinha
décadas do século XIX, as sugestões revivalistas, o fundo em vermelho ou verde, e pintura figurati- LOCAL Évora (?), primeira metade do século XIX
como podemos observar na interessante cabecei- va em dourado, uma vertente importante do mo- PROPRIETÁRIO Colecção António Charrua Faustino
ra de cama actualmente em exposição no Museu biliário nacional no século XVIII, quando não rea- DIMENSÕES Alt. 82 x Larg. 118 cm
Municipal de Estremoz, decorada com uma com- lizado com as nobres madeiras exóticas. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
ENCOSTO DE CADEIRA 17
Em 1927, quando Raul Proença publica o Guia regional realizada pelos decoradores e arquitec-
de Portugal, os visitantes de Évora eram convida- tos do Estado Novo.
dos a adquirir as famosas cadeiras pintadas de As composições passam a ser marcadas pelo equi- Arca
Évora, e os principais estabelecimentos estavam líbrio formal, com os ornatos distribuídos em cor- MATERIAL Pintura a óleo sobre madeira de casquinha
situados na Rua de Serpa Pinto, onde se destaca- respondência geométrica, enquadrados ou separa- AUTOR Évora, Manuel Silva, c.1970
vam as oficinas do Barbas, do Bicho, do Galhoz dos por traços rectos e figuras geométricas. As no- PROPRIETÁRIO Colecção António Charrua Faustino
e do Boleto. O sucesso dessa arte regional era vas tintas, cada vez mais homogéneas, acrescen- DIMENSÕES Alt. 91 x Larg. 46 cm
partilhado pelos artesãos de outros concelhos do tam um toque moderno, reforçando a represen- FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
distrito e vendiam-se também em Estremoz, mó- tação estilizada das flores de aloendro. Em fun-
veis pintados em fundo vermelho, azul ou amare- ção de novas necessidades de uma clientela urba- Reprodução de quarto infantil do Hospital da Misericórdia
lo, esse último fabricado sob encomenda. na, produzem-se conjuntos completos de mobília do Museu de Montemor-o-Novo
A partir dos anos 30 do século XX, inicia-se na para a sala de jantar e para o quarto, com guarda- (pág. seguinte)
produção de Évora uma redução da carga deco- fatos, mesinhas de cabeceira e a tradicional arca MATERIAL Madeira pintada
rativa e uma estilização dos motivos vegetais, em para roupa, nesse caso realizada por Manuel Sil- AUTOR Isabel Ourives, 2003
parte sugerida pelo movimento Art-Deco, e em va, um dos mais importantes pintores de móveis PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 290/1-4.MAD
parte definida pelo processo de releitura da arte de Évora, da segunda metade do século XX. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
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20 BILHA ÁRABE
Bilha árabe
(pág. seguinte)
MATERIAL Estanho moldado e polido
AUTOR Vila Viçosa, Apeles Coelho, c. 1962.
PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 203.MET
DIMENSÕES Alt. 42,5 x Larg. 26,5 cm
A fixação de profissionais com domínio da técni- los XVII, XVIII e XIX. Esta revisitação, ao gosto do FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
ca de fundição e moldagem de estanho desen- Estado Novo, dos principais períodos da arte em
volve-se, no século XVII e principalmente no sé- Portugal, inclui também peças de suposta ins- Caixa de molde
culo XVIII, junto aos maiores centros urbanos do piração mourisca, como forma de reatamento MATERIAL Madeira e ferro
Distrito de Évora. É muito provável também que, com uma tradição cultural, tantas vezes invoca- PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 289.MAD
à semelhança das cidades do Porto e Lisboa, te- da como marca de identidade do Alentejo. Doação do autor
nham realizado, para uma clientela burguesa, a A técnica que utiliza, de “molde perdido”, através DIMENSÕES Alt. 11,5 x Larg. 24,5 x Comp. 32 cm
produção de peças como pratos, travessas, cas- da impressão do negativo na areia molhada, é FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
tiçais, bacias e gomis, aproveitando o caracterís- bastante simples, exigindo posteriormente muitas
tico brilho do estanho polido, semelhante ao da horas de desbaste e polimento. Ao longo da sua Marca do artesão Apeles C. Coelho
prata das baixelas de aparato da aristocracia. já longa carreira de quarenta anos, reconhecida MATERIAL Estanho
Apeles Caetano Coelho, com oficina em Vila Vi- internacionalmente, foi reunindo uma importante PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 293.MET
çosa, começou por trabalhar com o restauro de colecção de peças de estanho, que utiliza como Doação do autor
peças antigas, progressivamente enveredando protótipos, e lhe permitem um vasto repertório, DIMENSÕES Larg. 2 x Comp. 4,3 cm
para a reprodução de peças eruditas dos sécu- sem equivalente entre as restantes oficinas. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
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22 CONJUNTO DE TAPETE
E DUAS PASSADEIRAS
Para Sebastião Pessanha, autor dos primeiros es- disso testemunha os tapetes bordados em Ar-
tudos sobre o tapete bordado de Arraiolos, o iní- raiolos, informados pelas linguagens ornamen-
cio da decadência da produção regional situava- tais do Maneirismo, do Barroco e, como nesse
se nas últimas décadas do século XVIII, e assina- caso em particular, do Neoclássico. Conjunto de Tapete de duas Passadeiras
lava-se por um afastamento dos modelos orien- Se os vestígios arqueológicos parecem confirmar MATERIAL Lã tingida e bordada sobre tela de juta
tais, por uma maior preponderância do vocabulá- a existência em Arraiolos de uma importante in- LOCAL Arraiolos, finais do século XVIII, inícios do século XIX.
rio neoclássico e por uma restrição da paleta cro- dústria artesanal de tintagens de lã, que remon- PROPRIETÁRIO Museu de Évora
mática - ainda assim suficiente para fazer vibrar taria ao século XV, não nos deve fazer esquecer FOTOGRAFIA Foto © IMC/DDF. José Pessoa
o viajante inglês William Beckford que admirava o papel que foi certamente desempenhado pelo
“as cores retumbantes” e a decoração marcada trabalho feminino nos conventos, tanto mais que • Tapete
por um “flamejante exotismo”. os tapetes foram muitas vezes bordados para o (pág. seguinte)
Pelo contrário, a peça do Museu de Évora, um ornamento do pavimento de igrejas e capelas, e DIMENSÕES Comp. 537 x Larg. 437 cm
monumental conjunto de tapetes e duas passa- por mais essa razão deveriam estar em concor- Museu de Évora ME 565
deiras, proveniente do Seminário de Évora, de- dância com o restante vocabulário ornamental • Passadeiras
monstra a vitalidade duma manufactura que sou- que informava as constantes campanhas deco- DIMENSÕES Comp. 577 x Larg. 109 cm
be sempre adaptar-se às correntes de gosto. São rativas. Museu de Évora ME 842/1-2
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24 TAPETE
As características tradicionais do tapete bordado tos dos motivos dos tapetes produzidos na casa,
de Arraiolos estão definidas como a realização de que funcionou com uma verdadeira escola, fo-
um bordado em ponto cruzado oblíquo – tradicio- ram concebidos por Jacinta Leal Rosado, uma
nal na Península Ibérica sob o domínio árabe -, das grandes bordadeiras da década de 40, que
realizado em lã tingida sobre uma tela de linho no seu labor acompanhou o movimento de esti-
ou juta com motivos inspirados pelos tapetes im- lização moderna do vocabulário ornamental eru-
portados do Oriente ou por criações de inspira- dito e histórico – uma proposta conservadora do
ção erudita dos séculos XVI, XVII e XVIII. A Kali- Estado Novo, que congelou qualquer iniciativa
fa, a mais antiga casa de Tapetes de Arraiolos, foi importante de adaptação dos bordados à lingua- Tapete de Arraiolos
fundada em 1916, e a sua actividade confunde- gem contemporânea. Repertório de motivos que, MATERIAL Lã tingida e bordada sobre tela de juta
se com a história moderna da preservação e di- apesar dos sinais de desgaste, continua a ser, até AUTOR Arraiolos, Casa Kalifa, 1980
vulgação do tapete de Arraiolos. Alfredo Barbeiro os dias de hoje, uma imagem de marca do tapete PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 115.TEX
(n.1948) dirige a empresa desde 1995, depois bordado de Arraiolos. DIMENSÕES Comp. 70 x Larg. 95 cm
do falecimento do pai, Agostinho Barbeiro. Mui- FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
MANTA 25
Os chocalhos são também uma forma de iden- Marca de Propriedade para Chocalho
tificar o proprietário dos rebanhos, e as grandes MATERIAL Chapa de metal recortada
explorações possuíam marcas próprias, normal- AUTOR Alcáçovas. António Augusto Sim Sim, c.1970-1980
mente associando as iniciais do nome da herda- PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 300.MET
de, que, recortadas em metal eram adicionadas DIMENSÕES Alt. 7 x Larg. 5 cm
ao corpo dos chocalhos e fundidas. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
MARCA DO ARTESÃO DE CHOCALHOS 33
As esculturas em barro de Estremoz são uma das veio dar visibilidade ao trabalho de Mariano da
mais fecundas manifestações artísticas do Distrito Conceição e alimentar uma longa tradição fami-
de Évora, onde se estabeleceu uma ligação qua- liar, que se estende até os dias de hoje. No labor
se directa com os presépios em terracota da se- de Sabina Santos é patente a continuidade da ga-
gunda metade do século XVIII. O tratamento na- leria de personagens representadas pelo irmão, e
turalista de um vasto leque de personagens que também um aprofundar na estilização dos perso-
incluía músicos, camponeses em todas as lides nagens. Desse largo repertório fazem parte ima-
do campo, e animais, como vacas, cabras, patos gens de culto e personagens citadinos explicita- Sargento no Jardim
e galinhas, expostos com grande solenidade nas mente associados à festa como esse Sargento no MATERIAL Cerâmica pintada a óleo
igrejas estimulou as oficinas da região a satisfaze- Jardim, uma criação que julgamos uma associa- AUTOR Estremoz. Olaria Alfacinha. Sabina Santos, c.1970
rem encomendas que rapidamente conquistaram ção das fardas da Banda de Música e os coretos PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 152.CER
um lugar obrigatório na festa popular. A exposi- da praça, tornada irreverente pela da escala dife- DIMENSÕES Alt. 18,5 x Larg. 9,7 cm
ção do Mundo Português, celebrada em 1940, renciada na representação dos dois elementos. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
ASSOBIO GALO NO PINHEIRO 43
Tigela
MATERIAL Cerâmica vidrada
AUTOR Redondo. Olaria São João. Álvaro Chalana, c. 1970-1980
PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 84.CER
DIMENSÕES Alt. 8 x Diâmetro 23 cm
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
54 MULHER SENTADA ESCOLHENDO AZEITONA
Presépio
MATERIAL Cerâmica Vidrada
AUTOR Viana do Alentejo. João Pacheco, c.1962-1965
PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 630.CER
DIMENSÕES Alt. 18 x Larg. 12 x Comp. 20 cm
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
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Placa de Cerâmica
MATERIAL Cerâmica Vidrada
AUTOR Viana do Alentejo, João Pacheco, c.1962-1965
PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 643.CER
DIMENSÕES Alt. 31 x Larg. 31 x Prof. 3,1 cm
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
TALHA 57
Nenhuma vertente da arte popular contribui tanto Objectos de uso pessoal, de cuidadosa estima,
para definir a identidade rural do Alentejo quanto geralmente encontram-se marcados com o nome
a chamada arte pastoril, um conceito vago onde ou as iniciais do proprietário, ou fazem parte das
se agrupam, entre outros, as célebres colheres vestes quotidianas, das ferramentas de trabalho,
bordadas, os chavões ou pintadeiras utilizados como as protecções anelares, “os canudos”, que
para identificar os pães e bolos no forno comuni- se adaptam à anatomia do utilizador. A mudan-
tário, os polvorinhos e as cornas para transporte ça de registo operada, com artesãos especializa- Corna
de pólvora e alimentos. Dos polvorinhos e cornas dos para um mercado citadino de objectos de- MATERIAL Chifre
datados dos finais do século XIX, e princípios do corativos, criou objectos de acabamento perfei- LOCAL Évora, 1962
século XX, que se acredita inspiradas em exem- to, como motivos que reproduzem um conjunto PROPRIETÁRIO Celeiro Comum
plares africanos, resulta uma grande variedade de ornamentos - flores radiais, linhas em zigue- CAT 61.CHI - corna com desenhos de animais
de fontes e motivos decorativos, sejam geométri- zague, quadrados cortados por diagonais – asso- CAT 62.CHI - corna com motivos geométricos
cos ou figurativos, que derivam da particularida- ciados a uma cultura camponesa. DIMENSÕES Comp. 44 x Diâmetro 9 cm
de destes objectos, na maior parte dos casos, se- DIMENSÕES Comp. 35 x Diâmetro 9 cm
rem realizados pelos próprios proprietários. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
62 MOSTRUÁRIO DE TALHERES
A extensa obra de Ambrósio Portalegre caracte- ver à sociedade a imagem ideal de uma ruralida-
riza-se pela utilização de um único material, a de pacífica, bucólica e trabalhadora - em conso-
cortiça, submetida a um processo prévio de co- nância com os ideais veiculados pelo Secretaria-
zedura, minuciosamente trabalhada com o auxí- do de Propaganda Nacional. O interesse suscita-
lio de facas e navalhas. As miniaturas recriam os do pela cultura popular, nos ideais pós-revolucio-
mais variados aspectos do mundo rural, seja do nários do 25 de Abril, promoveu uma releitura do
trabalho ou das actividades de lazer e denotam trabalho de Ambrósio Portalegre, mas, desta vez,
uma certa nostalgia de ordem e harmonia, na são entendidos como a visão particular de uma
perfeita distribuição espacial dos objectos, nas classe social, e o interesse centra-se preferencial-
referências perfeitamente correctas da utilização mente na biografia do artesão, ponto de partida
de cada um dos utensílios, nos trajes comple- fundamental para a elaboração das suas escul-
tos e adequados do trabalhador rural, do pastor, turas, sublinhadas como representações do tra- Coro Alentejano
da ceifeira, do moleiro. São a reprodução de um balho rural, realizadas em condições adversas, MATERIAL Cortiça
tempo abstracto e intemporal, idealizado a par- numa ordem social injusta. Vê-se na obra de Am- AUTOR Arraiolos, Ambrósio José Portalegre, c. 1962-1970
tir de um olhar etnográfico, e também a explici- brósio Portalegre um trabalho de memória e re- PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 6.COR
tação de um lugar definido para o trabalho do ar- sistência cultural, de reapropriação da capacida- DIMENSÕES Alt. 10,5 x Larg. 13,5 x Comp. 22,5 cm
tista popular, a quem cumpre reproduzir e devol- de de funcionar como agente de cultura. FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
PRESÉPIO 71
Amolador
MATERIAL Cortiça
AUTOR Évora, Isidro Manuel Verdasca, 2005
PROPRIETÁRIO Celeiro Comum. CAT 161.COR
DIMENSÕES Alt. 17 x Larg. 10 x Comp. 14 cm
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
POLAROID DA BODA 73
Joaquim Rolo
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
João Penetra
(N. 1926)
João Penetra
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
José Vinagre
(N. 1929)
José Vinagre
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
Quirina Marmelo
(N. 1922)
Quirina Marmelo
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro
FICHA TÉCNICA
GUIÃO Celso Mangucci Etelvina Santos, Montemor-o-Novo
Catálogo REALIZAÇÃO Francisco Manso Fábrica Alentejana de Lanifícios, Reguengos de Monsaraz
TEXTOS Celso Mangucci COORDENAÇÃO DA PESQUISA Hortense Santos Franklim e Francisco Sim-Sim, Alcáçovas
COORDENAÇÃO EXECUTIVA Hortense Santos IMAGEM José António Manso, Ricardo Fernandes e João Santinho Inácio Gaspar e António Ramalho, São Pedro do Corval
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro EDIÇÃO Luís Sobral Irmãos Ginja, Estremoz
TRADUÇÃO Richard Trewinnard SOM C. A. Som Irmãs Flores, Estremoz
REVISÃO PARA INGLÊS David Alan Prescott LOCUÇÃO Rogério Silva, António Lobo, Olivier Bonamici, Tho- Isidro Manuel Verdasca, Évora
CONCEPÇÃO GRÁFICA Milideias – Comunicação Visual, Lda. mas Behrens, Roberto Rogai, Philip Town Joana Ferreira, Mora
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Miguel Faria João Anselmo, Rio de Moinhos
EDIÇÃO Região de Turismo de Évora
João Chibeles Penetra, Alcáçovas
IMPRESSÃO
Roteiros temáticos João Chilrito Farias, Luz
DEPÓSITO LEGAL
Arte pastoril, Esculturas, Brinquedos em madeira, Cabaças; João Carlos Pereira, Mora
ISBN 978-989-95496-0-9
Bonecos de Estremoz. Tradicionais e contemporâneos; Joaquim Carriço “Rolo”, Glória
Chocalhos, Ferro forjado, Latoaria, peças em Cobre e Estanho; Joaquina Simões, Pavia
Exposição Permanente | Marcas de Identidade
Olaria do Redondo; José Ambrósio, Redondo
COMISSARIADO Celso Mangucci
Tapetes Bordados de Arraiolos; José Sandes Silva, Vimieiro
COORDENAÇÃO EXECUTIVA José Santos e Hortense Santos
80 Utensílios e esculturas em cortiça. Manuel e Judite Martins, Évora
ARQUITECTURA Jorge Fragoso Pires e Ana Timóteo
Lúcio Zagalo, Estremoz
LUMINOTECNIA Vítor Vajão
CONCEPÇÃO E TEXTOS Celso Mangucci Manuel Francisco Ribeiro, Hortinhas - Terena
EXECUÇÃO Anselmar, António Serra Construções, Construções
PLANIFICAÇÃO Hortense Santos Maria do Carmo Grilo, Redondo
Sampaio, Equimuseus, Gaspar Vidros, MNB e Nautilus
FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro Maria Isabel Pires, Estremoz
CONSERVAÇÃO E RESTAURO Ícone, Conservação e Restauro, Lda.
CONCEPÇÃO GRÁFICA Milideias – Comunicação Visual, Lda. Maria Luísa Conceição, Estremoz
e Luís Filipe Pedro
TRADUÇÃO David Alan Prescott Modas à Margem do Tempo
IMPRESSÃO Diana Litográfica do Alentejo Serafim Parrulas, Vendas Novas
Programa audiovisual
Tiago Cabeça e Magda Ventura, Évora
Marcas de Identidade | Os Artesãos do Distrito de Évora|
Roteiros em preparação “Xico Tarefa”, Redondo
21:13 m
Cestaria;
Mobiliário pintado; Agradecimento pelo empréstimo das peças
CURTAS METRAGENS
Olaria de São Pedro do Corval. António Faustino Charrua
Como se decora uma cabaça | 3:15 m;
Instituto Português de Museus
Como se decora um móvel pintado | 3:12 m;
Website | Celeiro Comum Tiago Cabeça e Magda Ventura
Como se entrança uma cadeira | 3:38 m;
TEXTOS Celso Mangucci
Como se faz uma bota | 7:00 m;
COORDENADORA DA PESQUISA Hortense Santos A RTE AGRADECE A COLABORAÇÃO: do Instituto de Turismo de Por-
Como se faz um boneco de Estremoz | 5:11 m;
IMAGENS Ana Bugio, Cremilde Lopes, Carla Abreu, Dulce Cor- tugal, da Direcção Regional de Economia do Alentejo e Pro-
Como se faz um carro de cortiça | 3:13 m;
reia, Hortense Santos e Susana Nogueira grama Operacional Regional do Alentejo
Como se faz um cesto | 3:21 m;
ELABORAÇÃO Novabit
Como se faz um chocalho | 6:41 m;
A Região de Turismo de Évora agradece ainda aos membros
Como se faz uma colher bordada | 6:25 m;
Base de dados | Os Artesãos do Distrito de Évora da Comissão de Acompanhamento do Projecto de reabertura
Como se faz uma escultura em cortiça | 3:29 m;
COORDENAÇÃO Hortense Santos do Antigo Museu do Artesanato:
Como se faz um escultura em mármore | 3:41 m;
ENTREVISTAS Carolina Barrocas Prof. Doutor Eduardo Esperança, Universidade de Évora
Como se faz um esgrafitado | 6:38 m;
IMAGENS Ana Bugio e Cremilde Lopes Prof. Doutor Francisco Ramos, Universidade de Évora
Como se faz uma peça de estanho | 4:14 m;
ELABORAÇÃO Novabit Dr. José Monterroso Teixeira e Dr. Joaquim Caetano,
Como se faz um prato | 3:29 m;
Museu de Évora
Como se faz um soprador de lume | 2:34 m;
Agradecimentos Dra. Clara Vaz Pinto, P.P.A.R.T.
Como se faz uma talha | 5:21 m;
António Gradier Cartaxo, Estremoz
Como se faz um tapete de Arraiolos | 3:14;
António Correia, Monte do Trigo Centro de Artes Tradicionais | Antigo Museu do Artesanato
Como se faz um tarro de cortiça | 4:28 m;
Apeles Coelho, Vila Viçosa Largo 1º de Maio, nº7 | 7000-650 Évora | T 266 771 212
Como se tece uma manta | 5:16 m.
Casa de Tapetes Califa, Arraiolos rtevora@mail.telepac.pt | www.visitevora.pt