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ABUSO DE AUTORIDADE

LEGISLAÇÃO ESPECIAL 1. Objeto e finalidade da lei


Art. 1º O direito de representação e o processo de
responsabilidade, administrativa, civil e penal,
LEI N° 4.898/65 contra as autoridades que, no exercício de suas
funções, cometerem abusos, são regulados pela
presente lei.
(Abuso de Autoridade)
Considerações:

Regula o Direito de Representação e o Objeto – regula o direito de representação,


possibilitando a apuração de infrações administrativa,
processo de Responsabilidade
civil e penal por abuso de autoridade.
Administrativa, Civil e Penal, nos casos de
abuso de autoridade . Finalidade – responsabilizar (punir) o autor da
infração (autoridade) pelo abuso cometido.

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2. Direito de representação
3. Considerações sobre a representação
Art. 2º O direito de representação será exercido por
meio de petição: Natureza jurídica – notitia criminis (notícia de crime),
não se constituindo em condição de procedibilidade para
a) dirigida à autoridade superior que tiver
ajuizamento de ação penal.
competência legal para aplicar, à autoridade civil
ou militar culpada, a respectiva sanção; (infração Ação penal – sempre pública incondicionada (o titular é
administrativa) o MP, prescindindo de representação do ofendido)

b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de
inquérito policial ou justificação, por denúncia do
competência para iniciar processo-crime contra a
Ministério Público, instruída com a representação da
autoridade culpada. (infração penal) vítima do abuso. (se houver)
Parágrafo único. A representação será feita em Lei n° 5.249/67, art. 1°: “A falta de representação do
duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei n 4.898/65,
do abuso de autoridade, com todas as suas não obsta a iniciativa ou o curso da ação penal”.
circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de
testemunhas, no máximo de três, se as houver.
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4. Relação entre as responsabilidades


5. Sujeito ativo
administrativa, civil e penal
Sujeito ativo – é a autoridade pública (crime próprio).
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à
autoridade administrativa ou independentemente dela, Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta
poderá ser promovida pela vítima do abuso, a lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
responsabilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente
culpada. e sem remuneração.
Art. 7º, § 3º - O processo administrativo não poderá ser Obs.: 1. Férias ou licença – há o crime se se valer desta
sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação condição.
penal ou civil.
2. Aposentado ou demitido – não há o crime, por não mais
existir o vínculo funcional.
Obs.: 1. Independentes – tais infrações coexistem
3. Concurso de pessoas – o particular praticará também o
independentemente uma da outra.
crime se em concurso com a autoridade pública, sabendo
2. Cumuláveis – pode um fato ensejar a aplicação das desta condição. (art. 30, CP)
três penalidades ao mesmo tempo.

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6. Sujeito passivo 7. Competência para processo e julgamento


Sujeito passivo – dupla subjetividade passiva. 1. Competência judicial (infração penal) – é a Justiça
a) Sujeito passivo imediato, direto ou eventual – a Comum (federal ou estadual).
pessoa vítima do abuso.
Obs.: 1. Justiça federal – se houver violação de bens ou
b) Sujeito passivo mediato, indireto ou constante – o interesses da União, autarquia federal (INSS, INCRA) ou
Estado, titular da Administração Pública. empresa pública federal (Correios, CEF) (art. 109, IV,
CF/88) ou se praticado por servidor federal.
2. Justiça estadual – nos demais casos.
3. Autoridade militar – cabe à Justiça Comum julgar.
Súmula n° 172 do STJ: “Compete a justiça comum
processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, ainda que praticado em serviço”.

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8. Crimes de abuso de autoridade 9. Sanções aplicáveis


Classificação Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
sanção administrativa, civil e penal.
Crime próprio – praticado por autoridade pública.
Crime doloso – não admite a modalidade culposa.
Obs.:
Crime de atentado – não admite tentativa.
1. Sanções de naturezas diversas – sanção administrativa,
sanção civil e sanção penal, autônomas e cumuláveis (não
implica bis in idem).
2. Competência para a aplicação das sanções – as três sanções
devem ser aplicadas pelos órgãos próprios:
• Sanção administrativa – superior competente (proc. Adm.)
• Sanção civil – juízo cível (proc. Jud, cível)
• Sanção penal – juízo criminal

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10. Sanção administrativa


11. Sanção civil
Art. 6° (...)
Art. 6° (...)
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
com a gravidade do abuso cometido e consistirá em: § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do
a) advertência; dano, consistirá no pagamento de uma indenização de
b) repreensão; quinhentos a dez mil cruzeiros.
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de 5 a
180 dias, com perda de vencimentos e vantagens; Obs.: Valor da indenização – é o juízo cível que deverá aplicar e
d) destituição de função; fixar o valor da indenização, conforme a moeda vigente.
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.

Obs.: 1. Aplicação de sanção administrativa – decorre do poder


hierárquico e do poder disciplinar da Administração.
2. Garantias constitucionais – devem ser respeitados o
devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.

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12. Sanção penal


13. Abuso cometido por agente policial
Art. 6° (...)
Art. 6° (...)
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: § 5º Quando o abuso for cometido por agente de
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; autoridade policial, civil ou militar, de qualquer
b) detenção por 10 dias a 6 meses; categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer acessória, de não poder o acusado exercer funções de
outra função pública por prazo até 3 anos. natureza policial ou militar no município da culpa, por
prazo de um a cinco anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser
aplicadas autônoma ou cumulativamente.

Obs.: 1. Aplicação da Lei n° 9.099/95 (Juizados Especiais) –


aplica-se porque a pena máxima cominada não ultrapassa
2 anos.
2. Prescrição do crime de abuso de autoridade – prescreve
no prazo de 3 anos (arts. 19, 109, VI, e 114 do CP)

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14. Constitui abuso de autoridade 15. Constitui também abuso de autoridade (1)
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio; a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade
c) ao sigilo da correspondência; individual, sem as formalidades legais ou com abuso de
d) à liberdade de consciência e de crença; poder;
e) ao livre exercício do culto religioso; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame
f) à liberdade de associação; ou a constrangimento não autorizado em lei;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao
exercício do voto; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz
h) ao direito de reunião; competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao
exercício profissional.

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16. Constitui também abuso de autoridade (2) 17. Constitui também abuso de autoridade (3)
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:

d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial
detenção ilegal que lhe seja comunicada; recibo de importância recebida a título de carceragem,
custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
prestar fiança, permitida em lei; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial desvio de poder ou sem competência legal;
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra
despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou
quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; de medida de segurança, deixando de expedir em tempo
oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de
liberdade.

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