Você está na página 1de 3

“A VIDA sempre caminhará para a VIDA”

Mirtzi Lima Ribeiro


mirtzi@gmail.com
Publicado em: https://pt.scribd.com

A sentença de que “A vida sempre caminhará para a vida”, eu pronuncio há muito tempo, desde que
comecei a observar o comportamento da sociedade ao longo dos séculos.
Entendo que as sociedades caminham para uma ascensão lenta, porém, cadenciada.
Compararia a uma escadaria em formato de uma rosca em helicoide (helicoidal é uma forma
geométrica que gira e se descola continuamente em torno de seu próprio eixo).
Ou seja, vamos sempre em frente, subindo cíclica e continuamente, agregando conhecimento e
aprendizados.
Essa é a imagem e a noção de evolução e aprimoramento constante que perpassa em minha mente.
Lembro que das vezes que me falavam ou que eu lia no Antigo Testamento Bíblico a contundente
frase “olho por olho e dente por dente” (Nota 01), e, muitos alegavam que isso era a vontade Divina,
eu argumentava que essa era a compreensão da sociedade diante da injustiça que era comum à época
de barbárie e de conquistas do que seria de outros: as invasões, as tomadas de terras, a matança
injustificada para possuir mais e mais, à custa de vidas e de povos menos armados que os vencedores.
Numa época que a lei era escassa e as regras postas favoreciam ao absolutismo, aquela “Lei do
Talião” poderia ser considerada um “avanço” na compreensão humana, pela incorporação ao senso
de “justiça”, mesmo que de modo pesado e muito duro.
Entretanto, com o aprimoramento no nível de consciência coletivo, foram surgindo leis menos
desumanizadas ao longo dos séculos. O advento do Cristo, trouxe as noções da “Graça Divina”, do
perdão, de penas mais voltadas à educação do infrator. Ainda assim, os conceitos crísticos não foram
até hoje absorvidas pela sociedade, pelo campo coletivo de consciências. Vários pensadores e sábios
também contribuíram para elevar o quociente de consciência das massas, entretanto, esse processo
educativo tem sido lento e sua multiplicação ainda carece de uma alavancagem para que prospere
entre a coletividade.
Por esse motivo, ainda encontramos leis que ferem as normas das corretas relações e da própria
justiça social, que favorecem apenas uma fatia da sociedade alijando outra parcela social. Observamos
também, leis casuísticas, que são como luvas para mãos previamente escolhidas.
O avanço da sociedade e de seu cone de percepção e nível de consciência precisam ocorrer
simultaneamente.
A história humana demonstra que um ciclo segue em ascensão até começar um descenso que resulta
em um período de trevas e renúncia a todos os avanços até então alcançados.
Depois dessa queda nos valores e conceitos racionais, a sociedade decai a tal ponto de surgir um
clamor de pessoas mais equilibradas e ansiosas por melhores dias, que culmina em alavancar um
novo processo de ascensão. Entre declínios e ascensão, a sociedade vai caminhando a passo lento
para uma melhoria geral em sua compreensão.
Tínhamos antes, nas décadas precedentes, inúmeras injustiças que foram sendo saneadas de modo
vagaroso porque esbarravam em mentalidades minúsculas e conceitos não apenas autoritários, mas,
absolutistas, segregadores, antiquados e mesquinhos.
As classes dominantes se apegam demasiadamente ao seu status quo e não admitem, de modo
algum, que outras pessoas possam desfrutar do que elas auferiram em benesses e boa vida.
A queda das monarquias absolutistas se deu a esse fato, ao passo que as poucas monarquias que se
mantiveram estáveis tiveram que ceder à constituição de parlamentos e de regras mais democráticas.
Ainda temos monarquias absolutistas sobre o planeta, mas, atualmente são minoria e
coincidentemente, adotam critérios rígidos de teocracia dentro de crenças peculiares.
A democracia decorreu desse avanço nas consciências e de que TODOS precisam ser contemplados
pela governança, em especial, nos países em desenvolvimento, que aprendem a duras penas que é
preciso abandonar seu histórico de apoio a “caudilhos” (Nota 02), e, a falsos “salvadores da pátria”.
O mundo atual não precisa disso, mas, necessita de pessoas capazes de se sentar em uma mesa de
negociações em condição de igualdade de pronunciamento e de serem ouvidos (democracia), de modo
a chegarem juntos a consensos envolvendo as demandas da sociedade em geral (desassistidos,
abastados, raças, crenças, necessidades, infraestrutura, investimentos, e, condições de vida e
oportunidades condizentes para todos os cidadãos).
A demanda em países com menor desigualdade social são mais refinadas, aquelas de países com
maior desigualdade social, geralmente, se circunscreve a questões muito básicas. Quanto menor a
desigualdade social, mais oportunidade e melhores condições de vida a sociedade terá.
Quanto maior a desigualdade social, as diferenças são dramaticamente acentuadas e se observa em
um lado abundância de recursos e do outro, a total falta de estrutura e condições de vida decentes e
aceitáveis.
Esses paradoxos, em pleno Século XXI, precisam ser equacionados, suavizados e melhorados.
Ingressamos nesse novo século com apelos para inclusão social (comorbidades; doenças crônicas;
pessoas em situação especial, etnias, sexualidade, idioma, povos indígenas, quilombolas,
desassistidos, etc.); redução da pobreza; eliminação da fome no mundo; corretas relações pessoais;
proteção à maternidade e aos menores de idade que se encontram em situação de vulnerabilidade;
tolerância quanto à raça e à crença; alimentação adequada para todos os povos; favorecimento ao
empoderamento da mulher na sociedade (trabalho e remuneração digna, garantia de integridade ao
corpo e ao seu papel social); desenvolvimento sustentável na economia dos povos; acolhimento e
manutenção dos mananciais naturais do mundo; controle e cuidado com o meio ambiente e a natureza;
etc.
Não se pode abster da defesa a essas questões básicas em se tratando do planeta Terra e de sua
humanidade, ainda tão desigual, tão necessitada de corretas relações entre os povos, e, de um novo
modelo de gestão que favoreça um novo avanço consciencial para todos.
O surgimento de grupos extremistas que pregam o oposto a tudo isso, ou seja: a segregação racial, a
supremacia de raças, a redução do papel feminino na sociedade, o desrespeito à infância e juventude,
ao papel da mulher, a forças de opressão, a redução de direitos dos trabalhadores, etc., fazem parte
do grito nefasto que deseja perpetuar todas as ignomínias, as quais, se deseja de modo consciente,
abandonar em razão do que é melhor ao coletivo.
Lembremos que foi o espírito de supremacia, assim como o desejo de conquista de territórios e de
povos que leva e levou o mundo a todas as guerras que conhecemos.
É preciso aprender com todos os ERROS cometidos ao longo desses séculos de modo a que se
estabeleça novas bases de negociações e novos modelos para a economia e a mobilidade global.
Em todos os rincões do mundo, o apelo que se agiganta nas gargantas dos povos é pela justiça social,
pelo congraçamento entre os povos, pelo direito de se viver em paz, pelas corretas relações, pelas
parcerias e cooperação internacional, pelo livre trânsito entre seus cidadãos e pelo direito a uma vida
digna para todos.
Essas são premissas e são também DIREITOS de todo cidadão sobre a face do Planeta.
Deles não podemos olvidar, e, muito menos abdicar.
Lutar por eles é nosso dever.
Por isso devemos raciocinar, não através dos velhos e obsoletos conceitos, mas, pelos novos
paradigmas que nos chegam fortemente e que devem nos nortear para a construção de um MODELO
de VIDA DIGNO para todos os povos.
Nesse aspecto, todos devem se UNIR para um avanço significativo nas novas demandas e na
construção de novos pressupostos para a vida em sociedade. O apelo do grupo deve se sobrepor aos
anseios individualistas e elitistas. É chegada a hora de MUDAR o PARADIGMA atual para consagrar
um novo modelo. Há muito a ser feito nesse mundo. E tudo começa pela alimentação de um novo
modo de pensar sobre o mundo e sobre os povos.
Sigamos nessa toada! Bons frutos iremos gerar.
Creio nisso: a vida sempre caminhará para a vida.
No momento, é preciso trabalharmos e AGIR na garantia desse nosso direito natural.

-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-

Nota 01: “Lei de Talião” – cujo termo posteriormente foi colocado em latim (“Lex Talionis”): “Olho por
olho, dente por dente”, é uma justiça de reciprocidade quanto ao crime e à pena aplicada, expressão
que originou o termo “retaliação”. Sua origem remonta ao Rei Hamurabi (1º Império da Babilônia, há
1.800 anos antes de Cristo, na Mesopotâmia), em sua compilação de normas, no CÓDIGO de
HAMURABI, com 282 artigos para disciplinar e controlar a sociedade, quanto às relações de trabalho,
família, propriedade, crimes e escravidão. Compondo essas regulações, encontra-se a Lei de Talião;
Nota 02: Caudilho – chefe militar de forças irregulares que lhe são fiéis ou chefe político que possui
força militar pessoal/própria;

Você também pode gostar