Você está na página 1de 7

Globalização

A década de 90 foi uma década de grandes transformações. Essas transformações vão


desde as questões econômicas até as sociais, passando pelas transformações políticas e
comportamentais que transfiguraram radicalmente a "cara" do planeta em que vivemos. O mundo
(todas as nações, quase sem exceção) passou por experiências significativas, na maioria das vezes
traumáticas e, pior do que isso, no caso das experiências traumáticas, irreversíveis.
Particularmente, 1996 foi um ano muito difícil. Talvez por ser um ano bissexto, tenha carregado
nas cores dramáticas com que pintou a vida de todos nós.

De 1986 a 1996, tivemos profundas mudanças no campo político, com o fim do Império
Soviético, foi o maior, se não o mais espantoso e inacreditável acontecimento do fim do século
XX. A revolução bolchevique, que buscou mudar a face econômico-social do planeta chegava ao
fim de forma um tanto melancólica, com seus dois principais dirigentes tentando, em frente às
câmeras de televisão do mundo inteiro, engolir um ao outro, como forma de se manterem no
poder, independentemente de a própria estrutura da qual os dois eram os supremos guardiões não
mais existir. Com o fim do bloco soviético, e do modelo socioeconômico que o socialismo tentou
implantar, na Rússia e em todas as nações do mundo, o que restou foi o modelo oposto,
patrocinado pelo grande rival, os Estados Unidos, modelo este conhecido como capitalismo.

O capitalismo passou então a receber uma série de adjetivos e versões diferentes. Na


Rússia, por exemplo, ele assumiu uma forma bastante selvagem. Como praticamente a mudança
impingida deu-se de forma abrupta, o Estado não estava preparado para assumir uma série de
tarefas nem para passar para a iniciativa privada outras tantas, por isso o preço pago ainda hoje é
alto. Na China, transformou-se num capitalismo socializado, com as estruturas políticas mantidas
sob a mesma ditadura do partido comunista de antes, mas com a economia de livre mercado
implantada, o que na prática a coloca como um país capitalista de regime político ditatorial. Algo
semelhante ao que acontece na Malásia e em Cingapura, que compõem o bloco chamado de
Tigres Asiáticos.

Com o fim da divisão das nações, pelo tipo de modelo político praticado, surge uma nova
forma de classificá-las e de agrupá-las, o regionalismo. Aqui temos a primeira estrutura diferente
com a qual temos que saber interagir: os blocos econômicos. O mundo agora tem uma nova
forma, mas não se preocupe em decorá-la, pois o dinamismo desta estrutura é uma das forças
propulsoras do desenvolvimento dela. Isso quer dizer que neste novo tipo de organização, as
nações entram e saem, movidas por interesses que muitas vezes não conseguimos entender
rapidamente à primeira vista. Algumas vezes, mesmo fazendo parte formal de um grupo
econômico, esta ou aquela nação tem interesses comuns com outras nações que não fazem parte
de seu grupo, gerando expectativas e atritos com alguns parceiros.

Esta nova forma de interação das nações fez com que alguns comentaristas passassem a
defender o fim dos diplomatas, substituindo-os por homens de negócios. Como os antigos
mercadores, que eram negociantes e diplomatas ao mesmo tempo. Seria, no mínimo, uma
tremenda economia.

Ao fenômeno de divisão por blocos, deu-se o nome de globalização. De agora por


diante, os mercados não terão mais fronteiras, nem barreiras alfandegárias, nem qualquer outro
tipo de entrave que dificulte a integração das nações em blocos de interesse comum.
Para muitos, a globalização passou a ser o grande flagelo da humanidade neste final de
século, entretanto, ela trouxe algumas vantagens, que chamaremos de efeitos positivos, e algumas
desvantagens, que vamos chamar de efeitos negativos.

A globalização pode ser financeira, com o fluxo de capitais de todas as espécies circulando
livremente entre os países através de redes de computadores de uso exclusivo do mercado de
capitais; pode ser econômica, com o capital de investimento procurando ao redor do mundo os
países mais atraentes, tanto em matéria de segurança, quanto de remuneração, para se investir e
ter lucro; pode ser também comercial, com um volume de mercadorias de mais ou menos 6,1
trilhões de dólares transitando ao redor do mundo.

Somente na área de telecomunicações e tecnologia de informação, o volume estimado de


negócios é da ordem de 850 bilhões de dólares anuais. A globalização tem inúmeras cabeças, ou
tentáculos, como querem outros, assim como a Hidra da mitologia grega, cada uma delas objeto
de estudo de matérias especialistas para que se possa entendê-las.

É claro que o fenômeno está longe de ser uma unanimidade. Há os que defendem e há os
que atacam. Prefiro ficar com os que defendem, por reconhecer que existe maior número de
pontos positivos, e que os pontos negativos devem, e podem, ser resolvidos dentro de uma nova
abordagem, principalmente com preocupações sociais.

Aos que defendem a globalização alguns setores anacrônicos, juntamente com outros
puramente aproveitadores por quererem manter as velhas oligarquias e feudos cheios de
privilégios, dão o nome de liberais, como se os estivesse xingando, por causa da teoria do
liberalismo econômico. Entretanto, como hoje vivemos uma era em que o radicalismo, quer seja
de direita, quer seja de esquerda, quer seja religioso, ou de outro tipo qualquer, não tem mais
lugar, devemos antes de mais nada sentar à mesa de negociações para juntos aprendermos o que
cada um dos outros participantes tem de melhor e melhorarmos nossas próprias crenças. Isso
vale inclusive para o dia-a-dia das empresas.

Voltando ao fenômeno da globalização, primeiro precisamos entender um pouco seus


efeitos positivos e negativos para então podermos falar das novas estruturas organizacionais.

Efeitos positivos da globalização


O primeiro efeito positivo que nos interessa é o de fazer com que as novas tecnologias
cheguem rapidamente aos mais distantes lugares da Terra. Isso possibilita a uma quantidade
muito grande de pessoas usufruir de coisas que podem melhorar a vida de todos de forma quase
instantânea. Uma nova droga para a cura de alguma doença, cuja propagação, diga-se de
passagem, também se globalizou, computadores, dispositivos de segurança, softwares para os
mais diferentes propósitos, enfim, uma gama interminável de bens e serviços que podem ser
adquiridos como se estivessem sendo produzidos e vendidos no país que os está comprando. Na
verdade, as empresas que os produzem podem estar a milhares de quilômetros, isso vai fazer
pouca ou nenhuma diferença.

O segundo efeito positivo é decorrente direto do primeiro: o preço baixo. Como as


empresas agora têm um mercado muito maior do que o que elas tinham antes, podem produzir
mais e, conseqüentemente, vender mais barato, pois a escala garante custos de produção
extremamente baixos. Isso soa muito bem, termos o que há de melhor e com um preço acessível?
Parece não haver nenhum mal nisso, não é? Infelizmente, há exceções. Existem países (que estão
explorando o ser humano, obrigando-o a trabalhar como escravo, em troca de comida), que
praticam larga escala de produção com preços incrivelmente baixos, e isso não é certo.

Outro efeito positivo da globalização é o de democratizar o conhecimento, gerando uma


massa de informação de valor inestimável. Esse conhecimento garante o aperfeiçoamento do ser
humano, mesmo que em alguns casos esse conhecimento chegue com um pequeníssimo atraso em
algum campo específico do conhecimento. Outro efeito positivo da globalização é a garantia de
democracia como forma de governo, pois as sansões econômicas e comerciais nunca foram tão
fortes como são hoje, fazendo com que haja uma quantidade de países democratizados como
nunca houve na história da humanidade.

Fator positivo é também a diminuição das tensões entre nações, o que gerava um clima de
instabilidade muito grande, com iminente perigo de guerras envolvendo grandes blocos. Hoje, as
guerras, que continuam sendo uma barbárie, estão regionalizadas e um conflito mundial de
grandes proporções parece muito remoto.

Entretanto, como não existe a perfeição, quer absoluta, quer eterna, a globalização tem
também seus efeitos negativos, que, porém, desde que cada um faça sua parte, podem ser
minimizados em alguns casos e extintos em outros.

Efeitos negativos da globalização


O primeiro efeito negativo é o aumento do desemprego mundial. Como a globalização
tomou as fronteiras sem efeito, uma empresa Produzindo algo no interior de São Paulo tem que
competir agora com uma empresa produzindo o mesmo produto no interior da Alemanha e, dessa
forma, quem fizer melhor, mais rápido e mais barato vende, quem não fizer, para pelo menos
competir em pé de igualdade, quebra. Agora, imagine as empresas de um país sendo expostas de
repente a um mercado altamente competitivo como este. Muitas não resistem e demitem grandes
quantidades de empregados, procurando desesperadamente se adaptarem rápido à nova ordem
econômica, outras simplesmente vão à falência.

Isso tem acontecido com freqüência no mundo todo e no Brasil não podia ser diferente.
As empresas viram-se quase de repente expostas a uma batalha de vida ou morte com empresas
mais bem estruturadas, muito mais bem aparelhadas e o resultado não poderia ser outro. Só em
São Paulo, em dezembro de 1996, antes de mesmo da globalização ser uma unanimidade, já eram
mais de um milhão e trezentos mil os trabalhadores desempregados na indústria. Postos de
trabalho, aliás, que nunca mais existirão.

Além disso, é bom lembrar do atraso tecnológico que sofremos por conta da adoção da
política de substituição das importações. Ou seja, nas décadas de 70 e 80, as empresas apoiadas
pelo governo preferiram importar a desenvolver tecnologia. Com isso, os efeitos perversos estão
sendo sentidos agora. O parque industrial brasileiro não se modernizou quando podia e devia e
hoje está pagando um preço alto e, em muitos casos, injusto, pela ignorância dos nossos
governantes.

Outro fator negativo é que países que não se comportam dentro das regras gerais, ou que
não cumprem as regras do comércio internacional, se beneficiam do abrandamento das barreiras
alfandegárias, para invadir os outros países com mercadorias de má qualidade, com preços baixos
pela prática do dumping, e da exploração de mão-de-obra quase escrava. Como fazem alguns
países asiáticos tão conhecidos dos brasileiros pelas porcarias que muitas vezes tentam vender, e
pelas inúmeras outras que efetivamente conseguem vender em nosso país. Nesses casos, só há
um jeito eficaz de combater esse tipo de desonestidade: sobretaxando os produtos oriundos
desses países.

O Estado falido
Outro fenômeno presente neste final de século é o Estado falido. Os Estados não têm
mais dinheiro para continuarem bancando a orgia promovida pelos maus políticos, pelos partidos
fisiológicos, pelas teorias fora de época, por uma máquina inchada e ineficiente, que exauriram os
cofres públicos até bem pouco tempo. O pouco de dinheiro que resta aos Estados deve ser
investido em segurança, saúde e educação, que são os deveres do Estado.

O Estado falido deu margem ao surgimento de inúmeros negócios em que a iniciativa


privada entra como parceira para resolver o problema da falta de capital de investimento.

A Organização Mundial do Comércio


Após a 2ª Guerra Mundial, vários países decidiram regular as relações econômicas
internacionais, não só com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos, mas
também por entenderem que os problemas econômicos influíam seriamente nas relações entre os
Governos. Para regular aspectos financeiros e monetários, foram criados o BIRD (Banco
Mundial) e o FMI, e no âmbito comercial, foi discutida a criação da Organização Internacional do
Comércio - OIC, que funcionaria como uma agência especializada das Nações Unidas.

Em 1946, visando impulsionar a liberalização comercial, combater práticas protecionistas


adotadas desde a década de 30, 23 países, posteriormente denominados fundadores, iniciaram
negociações tarifárias. Essa primeira rodada de negociações resultou em 45.000 concessões e o
conjunto de normas e concessões tarifárias estabelecido passou a ser denominado Acordo Geral
sobre Tarifas e Comércio – GATT ("General Agreement on Tariffs and Trade").

Os membros fundadores, juntamente com outros países, formaram um grupo que elaborou
o projeto de criação da OIC, sendo os Estados Unidos um dos países mais atuantes no
convencimento da idéia do liberalismo comercial regulamentado em bases multilaterais. O foro de
discussões, que se estendeu de novembro de 1947 a março de 1948, ocorreu em Havana, Cuba, e
culminou com a assinatura da Carta de Havana, na qual constava a criação da OIC. O projeto de
criação da OIC era ambicioso, pois além de estabelecer disciplinas para o comércio de bens,
continha normas sobre emprego, práticas comerciais restritivas, investimentos estrangeiros e
serviços.

Apesar do papel preponderante desempenhado pelos Estados Unidos nestas negociações,


questões políticas internas levaram o país a anunciar, em 1950, o não encaminhamento do projeto
ao Congresso para sua ratificação. Sem a participação dos Estados Unidos, a criação da
Organização Internacional do Comércio fracassou. Assim, o GATT, um acordo criado para
regular provisoriamente as relações comerciais internacionais, foi o instrumento que, de fato,
regulamentou por mais de quatro décadas as relações comerciais entre os países.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi criada em janeiro de 1995 como


resultado das negociações da Rodada Uruguai (1986-1993) do GATT. Com novas estruturas,
prerrogativas, funções e instrumentos, a OMC é sucessora do GATT, que nunca foi um
organismo formalmente constituído.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) é a organização internacional que tem por


funções principais facilitar a aplicação das regras de comércio internacional já acordadas
internacionalmente e servir de foro para negociações de novas regras ou temas relacionados ao
comércio. É dotada também de um sistema de solução de controvérsias em matéria de comércio
internacional. Periodicamente revisa as políticas comerciais de cada um dos atuais 140 países
membros. A OMC se baseia em princípios de comércio internacional desenvolvidos ao longo dos
anos e consolidados em acordos comerciais estabelecidos em oito rodadas de negociações
multilaterais no âmbito do GATT, das quais a mais abrangente foi a oitava, a chamada Rodada
Uruguai, iniciada em 1986 e finalizada em 1993 (os acordos foram firmados em cerimônia em
Marraqueche, no Marrocos, em abril de 1994). O objetivo definido para a OMC é garantir o
cumprimento das normas que regulam o comércio internacional. Para tanto, procura assegurar
que as referidas normas sejam estáveis, transparentes e eqüitativas.

Os países em desenvolvimento são, em geral, críticos sobretudo quanto à equanimidade


das normas e sua implementação, embora admitam que a estabilidade e previsibilidade oferecida
pela OMC constitui, até certo ponto, garantia contra decisões unilaterais que lhes seriam ainda
mais adversas.

A OMC está empenhada em reduzir as taxas de importação para produtos de informática


em todos os países participantes do acordo. A iniciativa é dos países produtores deste tipo de
tecnologia, mormente os Estados Unidos, com o qual não se pode "cochilar", devido ao grande
poderio econômico de sua sociedade.

Sistema de solução de controvérsias na OMC


Considerado por muitos especialistas como o resultado mais significativo – do ponto de
vista institucional – da Rodada Uruguai, o sistema de solução de controvérsias da OMC
diferencia-se do mecanismo vigente no âmbito do GATT em vários aspectos. No sistema do
GATT, os "panels" (possível tradução seria "painel", embora esta palavra não tenha, em
português, ao menos por enquanto, exatamente o mesmo significado) constituem referência
obrigatória. Um painel é um grupo de peritos, normalmente em número de três, constituído para
examinar controvérsias específicas quando a controvérsia não é resolvida por meio de consultas
entre as partes em disputa e uma das partes continua insatisfeita. Os relatórios dos painéis, com
recomendações sobre como resolver as controvérsias, são aprovados pelo Órgão de Solução de
Controvérsias (OSC), onde todos os membros são representados. O relatório do painel só não
será aprovado pelo OSC caso haja o chamado "consenso negativo", ou seja, caso todos os
Membros presentes (inclusive o eventual "ganhador" da disputa) desaprovem o relatório. Houve,
assim, uma inversão em relação ao que ocorria sob o GATT, antes da OMC, quando a parte
julgada inadimplente em relação às suas obrigações podia, sozinha, obstaculizar o consenso.
A diferença do mecanismo de solução de controvérsias do GATT, o sistema da OMC é
dotado de um Órgão de Apelação, com a função de verificar, a pedido de qualquer parte em
disputa, os fundamentos legais do relatório do painel e de suas conclusões.

O objetivo do sistema é reforçar a observância das normas comerciais multilaterais e a


adoção de práticas compatíveis com os acordos negociados. Não há o propósito de punir
membros pela adoção de práticas consideradas inconsistentes com as regras da OMC. O sistema
permite, a qualquer momento, a solução do conflito por meio de um acordo entre as partes em
contenda.

Caso um relatório de painel aprovado pelo OSC conclua pela inconformidade da prática
de um Membro com as regras da OMC, a parte afetada deve modificar aquela prática, de modo a
recompor o equilíbrio entre direitos e obrigações. Apenas em caso de recusa por parte do
Membro derrotado em recompor tal equilíbrio é que a OMC poderá autorizar retaliações.

O sistema de solução de controvérsias contempla várias etapas sucessivas, assim


resumidas:

1. Consultas;

2. Se as Consultas: a) não são realizadas dentro do prazo ou b) não levam a solução


mutuamente aceitável, a parte demandante pode solicitar o Estabelecimento de painel;

3. O painel será estabelecido o mais tardar na reunião do OSC seguinte à reunião em que a
solicitação constou pela primeira vez da agenda do Órgão;

4. O painel será composto, normalmente, por 3 peritos, após consultas às partes em disputa.
As partes em litígio, de comum acordo, podem solicitar que o painel seja integrado por 5
peritos. As deliberações dos painéis serão confidenciais;

5. O painel terá 6, ou, no máximo, 9 meses, em condições habituais, para apresentar seu
relatório, a contar da data de seu estabelecimento e da determinação de seus termos de
referência;

6. A parte demandante poderá solicitar a suspensão dos trabalhos do painel, a qual não
poderá exceder a 12 meses, sob pena de caducar a autoridade para estabelecimento do
painel;

7. Etapa Intermediária de Exame: após a apresentação de réplicas e argumentação oral das


partes, o painel deve submeter as seções descritivas do projeto de relatório, para
comentários das partes. Ultrapassada essa fase, o painel deve elaborar um relatório
provisório, ao qual as partes podem oferecer comentários. O relatório provisório, já com
as conclusões do painel, será considerado o relatório final, pronto para a circulação entre
todos os membros, se não houver comentários;

8. Adoção do relatório do painel: salvo em casos de apelação, o relatório deverá ser adotado
pelo OSC dentro de 60 dias, a contar da data de circulação do documento entre os
membros. Os relatórios não serão examinados para efeito de aceitação pelo OSC até 20
dias após a data de distribuição aos Membros;
9. Apelação: o Órgão de Apelação (OA) – composto por sete integrantes (nomeados para
mandato de quatro anos, renovável), três dos quais atuarão em cada caso – terá, como
regra geral, 60 dias contados a partir da data da notificação formal da decisão de apelar
para distribuir seu relatório. O procedimento não deverá exceder 90 dias. Apenas as partes
em controvérsia, excluindo-se terceiros interessados, poderão recorrer do relatório do
painel;

10. Adoção do relatório do OA: dentro do prazo de 30 dias a contar da distribuição do


documento aos membros, a menos que o OSC decida por consenso não adotar o relatório
do OA;

11. Implementação das Recomendações do OSC: em reunião do OSC dentro de 30 dias após
a data de adoção do relatório do Painel ou do OA, o membro interessado deverá informar
ao OSC suas intenções com relação à implementação das decisões e recomendações
daquele Órgão. Não sendo possível a implementação imediata, o membro interessado
deverá dispor de prazo razoável;

12. Compensações: se a parte afetada não implementar as decisões e recomendações do OSC


dentro do prazo razoável estabelecido, deverá, se solicitada, negociar com a(s) outra(s)
parte(s) compensações mutuamente satisfatórias;

13. Suspensão da Aplicação de Concessões ("retaliação"): Se dentro dos 20 dias seguintes à


data da expiração do prazo razoável determinado não se houver acordado uma
compensação satisfatória, quaisquer das partes que hajam recorrido ao procedimento de
solução de controvérsias poderá solicitar autorização do OSC para suspender a aplicação
de concessões ou de outras obrigações decorrentes dos acordos abrangidos à parte
interessada.

14. Os princípios definidores da suspensão da aplicação de concessões e a determinação de


seu valor são objeto de arbitragem;

15. Após a determinação, pelo comitê de arbitragem, de que maneira e em que valor incidirá a
suspensão da aplicação de concessões, a parte interessada deve solicitar autorização ao
OSC para poder aplicar aquela suspensão.

As regras de solução de controvérsias do DSU são utilizadas em combinação com as


regras e procedimentos do(s) acordo(s) que guardam relação com o contencioso. As regras
específicas dos acordos ou entendimentos prevalecem sobre as regras gerais do DSU. Existe,
ainda, o caminho alternativo de solucionar o contencioso por meio de arbitragem. Tal expediente
deverá resultar de acordo entre as partes em litígio.

Os prazos relacionados à conclusão dos diversos painéis variam muito em função da


dinâmica do processo negociador e da natureza da questão envolvida. Somente a título de
exemplo, o painel sobre a gasolina venezuelana (Brasil e Venezuela x EUA) durou 2 anos e 7
meses desde seu início até a reversão das medidas adotadas pelos EUA.

Você também pode gostar